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CONTROLE TÉRMICO DURANTE O EXERCÍCIO Mecanismos de regulação da temperatura Temperatura corporal é uma função do sistema nervoso autônomo, ( hipotálamo ). 36,1 ºC a 37,8 ºC. Nosso organismo adquire calor por fontes internas e externas. As externas são a exposição direta ao sol, a radiação indireta dos raios solares e a temperatura do ambiente. As internas são o metabolismo celular e a atividade muscular, e o metabolismo celular o principal produtor de calor em nosso corpo. Por outro lado, perdemos calor por intermédio de quatro mecanismos: a radiação, a condução, a convecção e a evaporação. Radiação A transferência de calor acontece através da emissão de raios infravermelhos. Essa forma de transferência não exige contato entre os corpos que trocam calor. Ex.:quando entramos na cozinha e, ao passar perto do fogão, percebemos que o forno está ligado, sem precisar encostar nele. Nosso organismo usa esse mecanismo para transferir calor para o ambiente. Para isso, o calor que é produzido no interior dos tecidos precisa se aproximar da superfície corporal, o que pode acontecer de duas maneiras: se propagando pelos tecidos adjacentes ou através do sangue. A transferência por radiação é responsável por cerca de 60% da perda de calor de nosso organismo quando não estamos nos exercitando. Condução Esse mecanismo exige que haja contato entre os corpos para que a transferência de calor aconteça. Ex.: quando encostamos em um objeto quente, o calor dele é transferido para região do corpo em contato com ele. Essa transferência de calor pode ser muito rápida e de grande magnitude, o que provocaria uma queimadura na região de contato, se o objeto estiver com uma temperatura muito alta em relação à do corpo. No entanto, em situações mais comuns, há ocorrência de transferência de calor por condução sem que isso seja danoso para o organismo. O que pode ser observado quando o corpo transfere calor para a roupa que vestimos, pois está em contato com nossa pele. Da mesma maneira, o calor dos tecidos corporais se propaga entre tecidos adjacentes. Como a temperatura interna é maior que a temperatura na superfície da pele, a direção da transferência do calor se dá no sentido dos tecidos mais profundos para os mais superficiais. Convecção A transferência de calor se dá por intermédio do movimento de um fluido, normalmente água ou ar, de forma que o calor de um corpo/objeto é transferido para as moléculas de ar ou de água (fluido). A taxa de transferência de calor (o quanto de calor é transferido num determinado tempo) por esse mecanismo depende da velocidade de movimentação do fluido e da sua temperatura. Ou seja, quanto mais frio estiver o ar ou a água, e quanto maior sua velocidade quando passam pelo corpo/objeto, maior será a transferência de calor, ou seja, maior será o resfriamento que o objeto vai sofrer. É por esse mecanismo que resfriamos nosso corpo quando tomamos banho ou nadamos. Também é por intermédio dele que nos resfriamos quando ligamos um ventilador num dia quente de verão. Evaporação Responsável por cerca de 20% a 25% do calor dissipado pelo nosso organismo quando estamos em repouso. No entanto, passa a ser a principal maneira pela qual nosso corpo perde calor durante o exercício, chegando a ser responsável por cerca de 80% do calor produzido nessa situação. Em nosso organismo, a evaporação ocorre em duas situações distintas. A primeira delas, sem que tenhamos consciência. Esse evento é chamado de perda hídrica insensível, que se dá quando um líquido corporal entra em contato com o ambiente externo, como nos pulmões, na mucosa (revestimento da boca) e na pele. A perda hídrica insensível é um mecanismo de perda de calor constante, por isso quando o corpo precisa aumentar a perda de calor ele não é útil (linha 6 do gráfico anterior). Nessa circunstância, a segunda forma de evaporação é mais eficiente, pois ela ocorre por meio do suor presente na superfície da pele, que tem suas moléculas de água transferidas para o ar. É interessante observar que o mecanismo de evaporação se mostra eficiente para controlar a elevação da temperatura corporal quando somos expostos a exercícios intensos – taxa de trabalho (figura anterior, linha 4). Também cabe salientar que a taxa de transpiração é igualmente elevada conforme aumenta a intensidade do esforço. Isso nos sugere que o volume de suor transpirado é muito relevante para o funcionamento do mecanismo de evaporação. Contudo, é importante destacar que suar não é suficiente para resfriar o corpo, é necessário que o suor na superfície da pele evapore para que a perda de calor seja significativa. Ou seja, se nosso organismo aumentar a taxa de transpiração, mas o suor não evaporar, o corpo não será suficientemente resfriado. Ex.: Correr com saco plástico enrolado ao corpo. A pessoa que comete esse “desatino” transpira muito, chegando a ficar encharcada. No final do exercício, ela fica contente, porque está mais leve do que quando começou. Mas isso é puro engano! Primeiro, porque o fato dela estar mais leve não quer dizer que tenha emagrecido, mas sim que perdeu muito líquido pela transpiração! Para piorar o quadro, durante o exercício a temperatura corporal dela se elevou, mas o organismo não conseguiu baixá-la, porque o plástico impedia a evaporação do suor. Por essa razão, o organismo continuava a aumentar a taxa de transpiração, o que explica a pessoa sair encharcada após essa situação. Ou seja, desidratar durante o exercício, isto é, nem emagreceu nem controlou a elevação da temperatura corporal, o que pode ser muito perigoso para o organismo. Hipotálamo: nosso termostato corporal No caso do nosso organismo, a temperatura de referência usada pelo hipotálamo gira em torno de 37 ºC (podendo variar, como já dissemos, entre 36 ºC e 37,8 ºC, entre indivíduos). Nosso “termostato corporal” – o hipotálamo – é muito sensível a alterações na temperatura e é capaz de perceber variações de apenas 0,01 ºC. Mesmo frente a desvios tão pequenos quanto este em relação à temperatura ideal, o hipotálamo aciona os mecanismos para produção de calor ou resfriamento do corpo. Os ajustes promovidos pelo hipotálamo usam como base as informações que chegam a ele aferidas por termorreceptores periféricos (instalados na pele, nas vísceras e na medula espinhal) e centrais (localizados no próprio hipotálamo). Essas informações são enviadas simultaneamente ao córtex cerebral e ao centro de controle da temperatura no hipotálamo. A informação que chega ao córtex nos possibilita ter consciência da diferença entre nossa temperatura atual e a programada no hipotálamo. As informação enviada pelos termorreceptores periféricos e centrais ao hipotálamo é integrada e utilizada por ele para ativar os mecanismos reflexos que regulam o aquecimento ou o resfriamento do nosso corpo, concretizando assim o controle involuntário da temperatura. Esses ajustes na temperatura, efetuados pelo hipotálamo, acontecem pela ação de quatro efetores: as glândulas sudoríparas, a musculatura lisa que envolve as arteríolas, os músculos esqueléticos e as glândulas endócrinas. Glândulas sudoríparas As glândulas sudoríparas são ativadas pelo hipotálamo quando há a necessidade de resfriar o corpo. Quanto maior a temperatura corporal, maior a taxa de produção de suor. O calor dos tecidos envolvendo as glândulas sudoríparas é transferido para o suor que está em seu interior. Quando o suor se movimenta pelo ducto da glândula sudorípara para atingir a superfície da pele, o calor é transferido por condução. Em seguida, o suor é evaporado da superfície corporal e o corpo é resfriado. Musculatura lisa das arteríolas Quando nossa temperatura corporal se eleva, o hipotálamo promove o relaxamento da musculatura lisa que envolve as arteríolas que ficam na proximidade da pele. Como consequência, ocorre a vasodilatação que possibilitamaior fluxo de sangue através desses vasos. Como eles estão próximos à pele, esse fluxo aumentado facilita a transferência do calor do sangue para a superfície da pele. Em seguida, o calor na pele é dissipado para o ambiente por radiação. Inversamente, quando nossa temperatura corporal está abaixo do normal, o hipotálamo promove o aumento do tônus da musculatura lisa das arteríolas, o que induz a vasoconstrição periférica. Esse efeito reduz o fluxo sanguíneo para a superfície corporal e assim há uma contenção da perda de calor para o ambiente. Músculo esquelético É ativado quando precisamos produzir calor. Tremores, ciclos breves de contrações e relaxamento dos músculos, induzidos pelo hipotálamo com o intuito de produzir calor. Quando um músculo se contrai, parte da energia liberada na degradação da ATP é utilizada para satisfazer a exigência do mecanismo da contração muscular, mas outra parte (cerca de 30%) é dissipada na forma de energia térmica. É esse calor dissipado que eleva nossa temperatura corporal. Quanto maior a intensidade do esforço realizado em um exercício, maior a quantidade de energia necessária e, portanto, maior será a quantidade de ATP degradada para satisfazer essa demanda. Consequentemente, quando mais intenso for um exercício, maior será a produção de calor, logo, mais se exigirá dos mecanismos de controle da temperatura. Glândulas endócrinas O metabolismo basal inclui reações complexas que produzem calor, portanto, quando o metabolismo basal é aumentado, também é elevada a produção de calor. A tiroxina (T4), produzida pela glândula tireoide, assim como as catecolaminas (adrenalina e noradrenalina), produzidas pela glândula suprarrenal, são hormônios que atuam aumentando o metabolismo celular. No caso da tiroxina, o aumento da atividade das células pode ser de 100%. As catecolaminas, por sua vez, mimetizam a atividade do sistema nervoso simpático e, desse modo, podem afetar a taxa metabólica em praticamente todas as células do organismo O Hipotálamo integra as informações provenientes dos termorreceptores espalhados pelo nosso corpo e as utiliza para induzir a produção de calor ou o resfriamento corporal, respectivamente. EXERCÍCIOS SOB ALTAS TEMPERATURAS E DISTÚRBIOS INDUZIDOS PELO CALOR Enquanto em condições normais de repouso ou de atividade leve, o controle da temperatura corporal é mantido com bastante eficiência pelo hipotálamo, durante a prática de exercício há um aumento da exigência sobre os mecanismos de termorregulação. Obviamente que, sob essas condições desfavoráveis de estresse térmico, o desempenho é negativamente afetado, mesmo em um sujeito bem treinado, visto que ocorre uma sobrecarga dos mecanismos de controle da temperatura corporal. Os efeitos negativos no desempenho observados nessas condições podem ser atribuídos ao aumento do uso do carboidrato como fonte de energia e a consequente instalação precoce de fadiga, bem como a perda elevada de líquido corporal pela transpiração, o que compromete a contratilidade muscular e leva à sobrecarga cardiovascular. O calor ambiental produz uma diminuição do gradiente térmico entre o ambiente e a superfície do corpo, bem como entre este e os tecidos corporais mais profundos. Dessa forma, há uma diminuição na eficiência da perda de calor pelos mecanismos de condução, convecção e radiação, e a transferência de calor pela evaporação, que já é o mecanismo mais importante durante o exercício e passa a ser ainda mais exigido. Quando o exercício é realizado em temperaturas superiores a 30 ºC, a radiação, a convecção e a condução deixam de ser mecanismos de perda de calor e passam a adicionar calor ao organismo, além daquele produzido pelo exercício. Obviamente, exercitar-se em ambientes ainda mais quentes será mais crítico. No entanto, isso não quer dizer que apenas a temperatura do ambiente seja um fator complicador do controle térmico. Por exemplo, se nos exercitamos em um dia cuja temperatura é de 24 ºC, mas sem vento, o estresse térmico produzido é maior do que se praticamos na mesma temperatura, mas com brisa. O que pode ser bastante preocupante é a combinação de condições ambientais e a prática de exercícios num ambiente quente com umidade do ar elevada. Nessas condições, a temperatura corporal se eleva em decorrência do exercício e da temperatura ambiente. Porém, o mecanismo de evaporação não funciona adequadamente, porque o suor não evapora, já que o ar é muito úmido. Nessa circunstância, o organismo apresenta uma elevada taxa de sudorese, mas o resfriamento corporal não acontece. Se o exercício for prolongado cria-se uma hipertermia, levando ao mal súbito e até a morte. Por que uns suam mais que os outros? Beber muita água me faz suar mais? Treinar sem camisa é melhor do que treinar com camisa? Por que algumas pessoas suam mais que outras? Genética Quantidade de glândulas sudoríparas que uma pessoa tem, que pode variar de 2 a 5 milhões no corpo. Além disso, a atividade dessas glândulas também é influenciada geneticamente. Portanto, algumas pessoas podem simplesmente suar mais devido à sua herança genética. Tipos de Glândulas Sudoríparas Existem dois tipos principais de glândulas sudoríparas: - Ecrinas: Estão distribuídas por todo o corpo e são responsáveis pela transpiração que ajuda a resfriar o corpo. Elas produzem um suor inodoro e claro. - Apócrinas: Estão localizadas principalmente nas axilas, virilhas e no couro cabeludo, e são ativadas por fatores como o estresse emocional. O suor dessas glândulas é mais espesso e pode ter odor. Nível de Atividade Física Pessoas que se exercitam regularmente costumam suar mais, pois o corpo se torna mais eficiente em resfriar-se através da transpiração. Atletas, por exemplo, desenvolvem um sistema de transpiração mais ativo, que começa a funcionar mais cedo e produz mais suor durante os treinos. Peso Corporal Pessoas com maior peso corporal tendem a suar mais, pois têm mais massa corporal que o corpo precisa manter resfriada. O excesso de gordura age como um isolante, dificultando a regulação da temperatura corporal, o que faz com que o corpo produza mais suor para dissipar o calor. Hormônios Puberdade: o aumento da atividade hormonal estimula as glândulas apócrinas, resultando em mais suor e potencialmente mais odor. Gravidez e Menopausa: Alterações hormonais durante essas fases também podem levar ao aumento da produção de suor. Tireoide: Uma tireoide hiperativa (hipertireoidismo) pode acelerar o metabolismo, resultando em mais calor corporal e, consequentemente, mais suor. Emoções e Estresse O estresse emocional é um dos principais fatores que aumentam o suor, especialmente nas regiões das axilas, palmas das mãos e pés. Quando você está estressado, ansioso ou com medo, o sistema nervoso simpático é ativado, estimulando as glândulas sudoríparas apócrinas, o que leva à transpiração excessiva. Condições Médicas Algumas condições médicas podem causar sudorese excessiva: Hiperidrose: Uma condição em que as glândulas sudoríparas são hiperativas, resultando em sudorese excessiva, mesmo sem a presença de fatores como calor ou atividade física. A hiperidrose pode ser localizada (em regiões como mãos, axilas, rosto) ou generalizada (afetar o corpo todo). Diabetes: Níveis descontrolados de açúcar no sangue podem provocar sudorese excessiva. Infecções e febres: O corpo sua para tentar diminuir a temperatura interna. Doenças cardíacas: Pessoas com problemas cardíacos podem suar mais em resposta ao esforço físico, mesmo que mínimo. Medicamentos Alguns medicamentos, como antidepressivos, analgésicos opioides, e tratamentos hormonais, têm como efeito colateral o aumento da produção de suor. Se você notar que está suando mais após começar um novo medicamento, pode ser um efeito colateral. Alimentos e Bebidas Certos alimentos e bebidas podem aumentara produção de suor. Alimentos picantes ativam receptores que confundem o corpo, fazendo-o pensar que a temperatura aumentou, levando ao suor. Bebidas cafeinadas e o álcool também estimulam o sistema nervoso, podendo aumentar a transpiração. Idade Com o envelhecimento, o corpo tende a suar menos, pois as glândulas sudoríparas se tornam menos ativas. Isso é mais perceptível em idosos, que, muitas vezes, suam muito menos em comparação aos jovens. Beber muita água me faz suar mais? Beber muita água em si não aumenta diretamente a quantidade de suor que o corpo produz. A transpiração está mais relacionada à necessidade de regular a temperatura corporal e outros fatores, como temperatura ambiente, exercício físico e respostas emocionais No entanto, beber muita água mantém o corpo hidratado, o que é essencial para o funcionamento normal das glândulas sudoríparas. Quando estamos bem hidratados, o corpo é mais eficiente ao lidar com o calor, e o suor que produz pode ser mais diluído, mas isso não significa que beber mais água fará com que você suar mais. Treinar sem camisa é melhor do que treinar com camisa? Treinar sem camisa ou com camisa tem suas vantagens e desvantagens, e a escolha entre um ou outro pode depender de várias fatores, como preferências pessoais, ambiente e tipo de treino. A escolha entre treinar sem ou com camisa é pessoal e depende de fatores como o ambiente, tipo de atividade, clima e preferências individuais. Em climas quentes, treinar sem camisa pode ser mais confortável e ajudar na regulação da temperatura. No entanto, é importante considerar a proteção e a adequação ao ambiente em que você está treinando. O mais importante é que você se sinta à vontade e seguro durante seus treinos. Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34