Prévia do material em texto
REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL – RAC André Luiz Braga 2025 SUMÁRIO O Papel da Disciplina do Curso ................................................................................................ 3 Objetivos da Disciplina .............................................................................................................. 3 I Direito Aeronáutico e Autoridade Aeronáutica ................................................................... 4 II Aeronaves, Matrícula E Nacionalidade ............................................................................... 8 III Aplicação do CBA ................................................................................................................ 10 IV Liberdades do Ar ................................................................................................................. 11 V Serviços Aéreos e Transporte Aéreo ................................................................................ 13 VI Condições de Tráfego Aéreo ............................................................................................. 15 VII Aeródromos......................................................................................................................... 18 VIII Documentação no CBA .................................................................................................... 20 IX Licenças e Certificados ...................................................................................................... 22 X Tripulações e Comandante da Aeronave .......................................................................... 24 XI Infrações ao CBA ................................................................................................................. 27 Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 28 3 REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC O PAPEL DA DISCIPLINA NO CURSO A disciplina pretende proporcionar ao aluno o conhecimento dos principais tópicos do Código Brasileiro de Aeronáutica relacionados à função, que pretende desempenhar, fornecendo-lhe embasamento legal em aspectos que farão parte de sua rotina profissional. OBJETIVOS DA DISCIPLINA Compreender as origens do moderno Direito Aeronáutico (Cp); Conceituar Direito Aeronáutico (Cp); Explicar a finalidade e abrangência do Direito Aeronáutico (Cp); Reconhecer o CBA como documento normativo do Direito Aeronáutico Brasileiro (Cn); e Identificar principais tópicos do CBA (Cn). rAc REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL CÓDIGO BRASILEIRO DE AERONÁUTICA - CBA ANDRÉ LUIZ BRAGA 4 I Direito Aeronáutico e Autoridade Aeronáutica Conceito O Direito Aeronáutico, também referido como Direito Aéreo é a junção de normas, preceitos e princípios do direito público e privado que regem as relações domésticas ou internacionais, relativas ao uso de aeronaves como meio de transporte ou lazer. Desta forma, a legislação que regulamenta a atividade aeronáutica brasileira, também chamada direito aeronáutico brasileiro, é composta pelos acordos, tratados e convenções internacionais que o Brasil tenha ratificado, pelo Código Brasileiro de Aeronáutica, disposto pela Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986, e pela legislação complementar. Legislação Complementar Para além da Lei 7.565/86, determinados aspectos do direito aeronáutico terão sua complementação baseada no seguinte arcabouço legal: Anexo 1*/Convenção de Chicago – Licença de Pessoal; RBAC 63 – Mecânico de Voo e Comissários de Voo; RBAC 121 – Transporte Aéreo Regular; RBAC 135 – Transporte Aéreo Não Regular; CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas; e Acordos Coletivos ou Convenções Coletivas de Trabalho. No Brasil, os Comissários de Voo, os pilotos e os Mecânicos de Voo formam uma categoria profissional a parte – os Aeronautas. Esta profissão é tão importante para o Sistema de Aviação Civil brasileiro que possui uma Lei específica para regulamentá-la, a Lei 13.475 de 28 de agosto de 2017. Entretanto, este assunto será tratado em outro momento do curso. O Direito Aeronáutico na Constituição Federal de 1988 A Constituição Federal de 1988 traz em seu Artigo 22 a seguinte definição para o Direito Aeronáutico: “é o ramo do direito que regula o transporte pelo espaço aéreo, por meio de aeronaves, de pessoas e coisas e suas relações jurídicas decorrentes”. O Direito aeronáutico versa sobre os atos e relações envolvendo o uso das aeronaves, limitado a altitude de 80 Km, a partir da qual passa a operar outro tipo de direito, o Direito Aeroespacial. 5 REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC Histórico do Direito Aeronáutico No mundo: Um dos primeiros registros do Direito Aeronáutico está na Primeira Conferência Internacional de Direito Aeronáutico, ocorrida em Paris em 1889, para deliberar justamente sobre o uso dos balões e para traçar os limites sobre o espaço aéreo. Há ainda três destaques sobre o direito aeronáutico internacional, as Convenções e Conferências Internacionais de Aviação Civil, ocorridas em Paris - 1919, Varsóvia - 1929, Roma – 1933 e Chicago – 1944. Efetivamente, nunca houve interrupção nas tratativas sobre o direito aeronáutico internacional. O debate sobre o assunto acompanhou o desenvolvimento do transporte aéreo ao longo dos anos. Cabe aqui apenas ressaltar estes pontos anteriores como mais relevantes. No Brasil: Há também, no acompanhamento do histórico do direito aeronáutico no Brasil, três destaques: A publicação da primeira lei específica para a aviação brasileira (Código Brasileiro do Ar), em 1938; A promulgação do novo Código Brasileiro do Ar – A Política de estímulo à fusão e associação de Empresas e Controle sobre valores das passagens aéreas, em 1966; e a promulgação da Lei 7.565, o Código Brasileiro de Aeronáutica, em 1986, ainda em vigor. A Composição do Direito Aeronáutico Brasileiro O Código Brasileiro de Aeronáutico, o qual será estudado a seguir, traz em seu texto a composição do Direito Aeronáutico Brasileiro, vejamos: ANDRÉ LUIZ BRAGA 6 Art. 1° O Direito Aeronáutico é regulado pelos Tratados, Convenções e Atos Internacionais de que o Brasil seja parte, por este Código e pela legislação complementar. § 3° A legislação complementar é formada pela regulamentação prevista neste Código (Lei 7.565/86 - CBA), pelas leis especiais, decretos e normas sobre matéria aeronáutica. Ex.: Lei do Aeronauta 13.475/2017, Resoluções, Portarias, Regulamentos e etc. Regulamentação da Aviação Civil Em síntese, o Direito Aeronáutico Brasileiro apresenta a seguinte composição: Tratados; Convenções e Atos Internacionais. Código Brasileiro de Aeronáutica (Lei 7.565/86) legislação complementar: leis especiais; Decretos; e Normas sobre matéria aeronáutica. O CBA Um Código é o conjunto sistemático de normas jurídicas sobre determinado assunto e o “sobrenome” de aeronáutica qualifica este código nas atividades vinculadas, direta ou indiretamente, ao uso de aeronaves. Para fins de regular a atividade aérea brasileira, foi promulgada a Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986, denominada Código Brasileiro de Aeronáutica – CBA. Vale ainda ressaltar que o CBA trata das aeronaves civis, conforme seu artigo 107 § 5º: “Salvo disposição em contrário, os preceitos deste código não se aplicam às aeronaves militares, reguladas por legislação especial”. Portanto faz parte do que podemos chamar de direito aeronáutico civil. Segundo o § 3º do Art. 1º do CBA: “A legislação complementar é formada pela regulamentação prevista neste Código, pelas leis especiais, decretos e normas sobre matéria aeronáutica”. Como exemplo desta tem-se a Lei 13.475/2017, que dispõe sobre a Regulamentação da Profissão de Aeronauta – RPA. O CBA estáorganizado segundo as partes a seguir: - Uso do espaço aéreo; - infraestrutura aeronáutica e aeroportuária; - aeronaves; - tripulação; - serviços aéreos; - contrato de transporte aéreo; - responsabilidade civil; e - infrações e sanções. Autoridade Aeronáutica e Autoridade de Aviação Civil Para que não haja confusão em relação à Autoridade de Aviação no Brasil, deve- se observar a legislação que estabelece dois tipos de autoridade, quando o assunto é a aviação: A Autoridade Aeronáutica Brasileira e a Autoridade de Aviação Civil Brasileira. A Autoridade Aeronáutica Brasileira cabe ao Ministério da Defesa e é executada pelo Comando da Aeronáutica, através do DECEA Departamento de Controle do Espaço Aéreo, órgão responsável pelo Controle do 7 REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC Tráfego Aéreo, Meteorologia Aeronáutica e Auxílios à Navegação Aérea entre outros assuntos. A Autoridade de Aviação Civil Brasileira cabe ao Ministério da Infraestrutura e é executada pela Secretaria de Aviação Civil através da ANAC - Agência Nacional de Aviação Civil, órgão responsável pela Regulação do Setor Aéreo, formação de aeronautas, Serviços Aéreos e fiscalização da aviação civil, dentre outros. ANDRÉ LUIZ BRAGA 8 II Aeronaves, Matrícula E Nacionalidade Definição de Aeronave O Artigo 106 do CBA traz a seguinte definição: “Considera-se aeronave todo aparelho manobrável em voo, que possa sustentar-se e circular no espaço aéreo, mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou coisas”. Classificação das Aeronaves O Artigo 107 em seus quatro parágrafos traz uma classificação das aeronaves em militares, civis públicas e civis privadas, que segundo seus parágrafos assim são definidas: § 1º Consideram-se militares as integrantes das Forças Armadas, inclusive as requisitadas na forma da lei, para missões militares. § 2º As aeronaves civis compreendem as aeronaves públicas e as aeronaves privadas. § 3º As aeronaves públicas são as destinadas ao serviço do Poder Público, inclusive as requisitadas na forma da lei; todas as demais são aeronaves privadas. § 4º As aeronaves a serviço de entidades da Administração Indireta Federal, Estadual ou Municipal são consideradas, para os efeitos deste Código, aeronaves privadas. Simplificando: as aeronaves se dividem em civis e militares; as aeronaves civis se dividem em públicas e privadas públicas. 9 REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC Nacionalidade e Matrícula Em seu Art. 109, o CBA estabelece que “O Registro Aeronáutico Brasileiro, no ato da inscrição, após a vistoria técnica, atribuirá as marcas de nacionalidade e matrícula, identificadoras da aeronave”. § 1º: “A matrícula confere nacionalidade brasileira à aeronave e substitui a matrícula anterior, sem prejuízo dos atos jurídicos realizados anteriormente. § 2º Serão expedidos os respectivos certificados de matrícula e nacionalidade e de aeronavegabilidade. Para fins de matrícula a OACI destinou ao Brasil as seguintes famílias de matrículas: PP, PT, PR, PS e PU, todas começando por estas iniciais seguidas de um grupo de três letras por ordem combinatória de AAA à ZZZ. Desta forma sempre que for observada uma aeronave com estas matrículas tratar-se-á de uma aeronave brasileira. Como por exemplo: PP-BRG; PR-WGL e; PT-AND. Registro Aeronáutico Brasileiro, RAB No Brasil, o registro aeronáutico é competência do Governo Federal. O registro deve ser único e centralizado e cabia ao Departamento de Aviação Civil – DAC. Com o advento da ANAC, a administração do RAB Registro Aeronáutico Brasileiro ficou a cargo de sua Superintendência de Aeronavegabilidade. Funções do RAB De acordo com o Art. 72 do CBA são: “O Registro Aeronáutico Brasileiro será público, único e centralizado, destinando-se a ter, em relação à aeronave, as funções de: a) Emitir certificados de matrícula, de aeronavegabilidade e de nacionalidade de aeronaves sujeitas à legislação brasileira; b) Reconhecer a aquisição do domínio na transferência por ato entre vivos e dos direitos reais de gozo e garantia, quando se tratar de matéria regulada por este Código; c) Assegurar a autenticidade, inalterabilidade e conservação de documentos inscritos e arquivados; e d) Promover o cadastramento geral. § 1º É obrigatório o fornecimento de certidão do que constar do Registro; § 2º O Registro Aeronáutico Brasileiro será regulamentado pelo Poder Executivo”. ANDRÉ LUIZ BRAGA 10 III Aplicação do CBA Jurisdição do Brasil De acordo com o Art. 2º da Lei nº8.617, de 4 de janeiro de 1993, “A soberania do Brasil estende-se ao mar territorial, ao espaço aéreo sobrejacente, bem como ao seu leito e subsolo”. E o Art. 1º da Lei nº 8.617, já referida define que: “O mar territorial brasileiro compreende uma faixa de doze milhas marítimas de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular, tal como indicada nas cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente Soberania Nacional Sobre a Soberania Nacional, o Art. 11 do CBA afirma: “O Brasil exerce completa e exclusiva soberania sobre o espaço aéreo acima de seu território e mar territorial”. Lei 7.565/86 – CBA O Código Brasileiro do Ar se aplica a nacionais e estrangeiros, em todo o Território Nacional, assim como, no exterior, até onde for admitida a sua extraterritorialidade. Extraterritorialidade Cabe, então, uma explicação sobre o conceito de extraterritorialidade: pelo instituto da extraterritorialidade reconhece-se a eficácia da legislação, jurisdição e administração de um estado, além das fronteiras de seu território e águas territoriais, ou seja, estar na extraterritorialidade significa ser considerado em território de seu país onde quer que se encontre como no exemplo das embaixadas oficiais. Estão enquadradas neste caso, segundo o CBA: Consideram-se situadas no território do Estado de sua nacionalidade: a) As aeronaves militares, bem como as civis de propriedade ou a serviço do Estado, por este diretamente utilizadas; b) As aeronaves de outra espécie, quando em alto-mar ou região que não pertença a qualquer Estado; Salvo na hipótese de estar a serviço do Estado, Atenção: não prevalece extraterritorialidade em relação à aeronave privada, que se considera sujeita à lei do Estado onde se encontre. Aplicação de Leis sobre aeronaves Nenhuma aeronave governamental, a serviço de um estado ou militar, poderá sobrevoar o território de outro Estado e suas águas territoriais, sem autorização. Em voo no espaço aéreo brasileiro ou em pouso no território de nosso país, a aeronave civil privada estrangeira se sujeita às leis, à jurisdição e às autoridades administrativas brasileiras. Não há que se falar em extraterritorialidade. Entretanto, se estiver em alto mar ou região que não pertença a qualquer Estado, considerar-se-á sujeita à legislação e jurisdição do estado de sua nacionalidade. 11 REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC IV Liberdades do Ar As Liberdades do Ar Para possibilitar o comércio aéreo internacional, os Estados celebram acordos bilaterais ou multilaterais e realizam ações de cooperação entre si. Dentre estas ações estão as chamadas liberdades do ar, que são direitos de tráfego, negociados entre os Estados, que permitem às empresas aéreas de um país operar no território do outro país ou além deste. As liberdades do ar surgem, formalmente, a partir da Conferência de Chicago como aprimoramento das parcerias comerciais, em matéria de serviços aéreos. As duas primeiras liberdades são consideradas como básicas ou elementares, sem as quais o transporte aéreo internacional seria inviável. São elas: 1ª Liberdade - a de sobrevoo dentro do território, tendo o Estado subjacente o direito de proibir certas áreas em nome da segurança, mas em bases nãodiscriminatórias; 2ª Liberdade - direito de pouso técnico para reabastecimento e reparação de pane verificada na aeronave. As demais liberdades são classificadas como Marecantis ou Comerciais, uma vez que envolvem tráfego entre os Estados com movimentação comercial relativa ao transporte de passageiros, mala postal e carga. São elas: 3ª Liberdade - desembarcar passageiros, mercadorias e mala postal provenientes do Estado de matrícula da aeronave; 4ª Liberdade - embarcar passageiros, mercadorias e mala postal com destino ao Estado de matrícula da aeronave; Estas duas liberdades se completam e são tecnicamente o que é reconhecido como direito ao comério direto entre dois estados. 5ª Liberdade - permitir que as aeronaves do outro Estado embarquem e desembarquem, em seu território, passageiros e mercadorias, com destino a – ou provenientes de – outros países membros da OACI. 6ª Liberdade - direito de transportar passageiros e carga, através do território do País de matrícula da aeronave, entre o território de um terceiro Estado e o território do outro Estado contratante. Tomando como exemplo uma empresa brasileira, seria: direito de a empresa brasileira designada transportar passageiros, mala postal e carga entre dois outros países, com pouso intermediário no Brasil. 7ª Liberdade - direito de transportar passageiros, mala postal ou carga comercial de um Estado para outro sem passar pelo Estado de bandeira da aeronave; ANDRÉ LUIZ BRAGA 12 8ª Liberdade - direito de transportar passageiros, mala postal ou carga comercial entre dois pontos do território de um Estado diferente daquele do da bandeira da aeronave; 9ª Liberdade - direito de transportar passageiros, mala postal ou carga comercial entre dois pontos no território do outro Estado. Esta ação é denominada Navegação de Cabotagem e raramente é permitida. 13 REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC V Serviços Aéreos e Transporte Aéreo Conceito de Serviços Aéreos Art 174-A. Os serviços aéreos são considerados atividades econômicas de interesse público submetidas à regulação da autoridade de aviação civil, na forma da legislação específica. Exploração dos Serviços Aéreos Art. 181. A concessão ou a autorização somente será concedida a pessoa jurídica constituída sob as leis brasileiras, com sede e administração no País. Art. 193-A. É aberta a qualquer pessoa, natural ou jurídica, a exploração de serviços aéreos, observadas as disposições deste Código e as normas da autoridade de aviação civil. Transporte Aéreo Os Serviço de transporte aéreo de passageiros, carga ou mala postal serão classificados como: regular ou não regular, doméstico ou internacional. Transporte Aéreo Regular: aquele que tem periodicidade. As empresas receberão da Autoridade Aeronáutica Concessão para explorar o serviço. Transporte Aéreo Não regular: aquele que ocorre por fretamento. As empresas receberão da Autoridade Aeronáutica Autorização para explorar o serviço. Classificação dos transportes Os Serviço de transporte aéreo de passageiros, carga ou mala postal serão classificados como: regular ou não regular, doméstico ou internacional. Transporte Aéreo Internacional: Aeródromos de partida e destino situados em países diferentes; Transporte Aéreo Doméstico: Aeródromos de partida e destino situados em um mesmo país; O Transporte aéreo doméstico pode ser classificado como: a) Transporte Doméstico Nacional: opera em Capitais de estados e cidades com mais que 1 milhão de habitantes; e b) Transporte Doméstico Regional: opera nas demais cidades. Transporte Aéreo Doméstico Todo transporte em que os pontos de partida, intermediários e de destino estejam situados em Território Nacional. Parágrafo único. O transporte não perderá esse caráter se, por motivo de força maior, a aeronave fizer escala em território estrangeiro, estando, porém, em território brasileiro os seus pontos de partida e destino. ANDRÉ LUIZ BRAGA 14 Transporte Aéreo Internacional “Aquele que é realizado tendo como pontos de partida e de destino pertencentes a Estados diferentes”. Art. 203. Os serviços de transporte aéreo internacional podem ser realizados por empresas nacionais ou estrangeiras. Parágrafo único. A exploração desses serviços sujeitar-se-á: a) às disposições dos tratados ou acordos bilaterais vigentes com os respectivos Estados e o Brasil; b) na falta desses, ao disposto neste Código (CBA). 15 REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC VI Condições de Tráfego Aéreo Tráfego Aéreo no Brasil Art. 14. No tráfego de aeronaves no espaço aéreo brasileiro, observam-se as disposições estabelecidas nos Tratados, Convenções e Atos Internacionais de que o Brasil seja parte, neste Código e na legislação complementar. A autoridade para assuntos de tráfego aéreo no Brasil é o Comando da Aeronáutica, que as atividades do setor através do Departamento de Controle de Espaço Aéreo – DECEA. (Autoridade Aeronáutica). Entrada No Espaço Aéreo Brasileiro É livre o tráfego de aeronave dedicada a serviços aéreos privados, mediante informações prévias sobre o voo planejado. A entrada e o tráfego, no espaço aéreo brasileiro, da aeronave dedicada a serviços aéreos públicos, dependem de autorização, ainda que previstos em acordo bilateral. Uso do Espaço Aéreo Brasileiro Art. 20. Salvo permissão especial, nenhuma aeronave poderá voar no espaço aéreo brasileiro, aterrissar no território subjacente ou dele decolar, a não ser que tenha: - Marcas de nacionalidade e matrícula, e esteja munida dos respectivos certificados de matrícula e aeronavegabilidade; - Equipamentos de navegação, de comunicações e de salvamento, instrumentos, cartas e manuais necessários à segurança do voo, pouso e decolagem; - Tripulação habilitada, licenciada e portadora dos respectivos certificados, do Diário de Bordo (artigo 84, parágrafo único) da lista de passageiros, manifesto de carga ou relação de mala postal que, eventualmente, transportar. Transporte de Artigos Perigosos Art. 21. Salvo com autorização especial de órgão competente, nenhuma aeronave poderá transportar explosivos, munições, arma de fogo, material bélico, equipamento destinado a levantamento aerofotogramétrico ou de prospecção, ou ainda quaisquer outros objetos ou substâncias consideradas perigosas para a segurança pública, da própria aeronave ou de seus ocupantes. Porte de Aparelhos Fotográficos O porte de aparelhos fotográficos, cinematográficos, eletrônicos ou nucleares, a bordo de aeronave, poderá ser impedido quando a segurança da navegação aérea ou o interesse público assim o exigir. Tarifação A utilização do espaço aéreo brasileiro, por qualquer aeronave, fica sujeita às normas e condições estabelecidas, assim como às tarifas de uso das comunicações e dos auxílios à navegação aérea em rota. ANDRÉ LUIZ BRAGA 16 Estão isentas das tarifas previstas no parágrafo anterior as aeronaves: pertencentes aos aeroclubes; Aeronaves militares; Aeronaves que retornam em emergência ou condições meteorológicas; e Voo de experiência do produtor. Aeroclubes e Escolas de Aviação (CIAC) Sociedade civil cujos objetivos principais são: formação de pessoal para a aviação civil; o ensino e a prática da aviação civil; recreio e desportos. Os aeroclubes e as demais entidades afins, uma vez autorizadas a funcionar, são considerados como de utilidade pública. Espaços Aéreos Condicionados Art. 15. Por questão de segurança da navegação aérea ou por interesse público, é facultado fixar zonas em que se proíbe ou restringe o tráfego aéreo, estabelecer rotas de entrada ou saída, suspender total ou parcialmente o tráfego, assim como o uso de determinada aeronave, ou a realização de certos serviços aéreos. A Autoridade Aeronáutica para estes assuntos é o DECEA. Aerodesporto A prática de esportes aéreos tais como balonismo, volovelismo,asas voadoras e similares, assim como os voos de treinamento, far-se-ão em áreas delimitadas pela autoridade aeronáutica; A utilização de veículos aéreos desportivos para fins econômicos, tais como a publicidade, submete-se às normas específicas. Sobrevoo de Propriedades Art. 16 Ninguém poderá opor-se, em razão de direito de propriedade na superfície, ao sobrevoo de aeronave, sempre que este se realize de acordo com as normas vigentes. § 1° No caso de pouso de emergência ou forçado, o proprietário ou possuidor do solo não poderá opor-se à retirada ou partida da aeronave, desde que lhe seja dada garantia de reparação do dano. § 2° A falta de garantia autoriza o sequestro da aeronave e a sua retenção até que aquela se efetive. Lançamento de Objetos de Bordo O lançamento de coisas, de bordo de aeronave, dependerá de permissão prévia de autoridade aeronáutica, salvo caso de emergência, devendo o Comandante proceder de acordo com o disposto no artigo 171 do CBA. 17 REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC Acrobacia e Evoluções Art. 17. É proibido efetuar, com qualquer aeronave, voos de acrobacia ou evolução que possam constituir perigo para os ocupantes do aparelho, para o tráfego aéreo, para instalações ou pessoas na superfície. Parágrafo único. Excetuam-se da proibição, os voos de prova, produção e demonstração quando realizados pelo fabricante ou por unidades especiais, com a observância das normas fixadas pela autoridade aeronáutica. Ordem Para Pouso Art. 18. O Comandante de aeronave que receber de órgão controlador de voo ordem para pousar deverá dirigir-se, imediatamente, para o aeródromo que lhe for indicado e nele efetuar o pouso. § 1° Se razões técnicas, a critério do Comandante, impedirem de fazê-lo no aeródromo indicado, deverá ser solicitada ao órgão controlador a determinação de aeródromo alternativo que ofereça melhores condições de segurança; § 2° No caso de manifesta inobservância da ordem recebida, a autoridade aeronáutica poderá requisitar os meios necessários para interceptar ou deter a aeronave; § 3° Na hipótese do parágrafo anterior, efetuado o pouso, será autuada a tripulação e apreendida a aeronave. Operações de Pouso e Decolagem Art. 19. Salvo motivo de força maior, as aeronaves só poderão decolar ou pousar em aeródromo cujas características comportarem suas operações. Entrada e Saída do Espaço Aéreo Brasileiro Art. 22. Toda aeronave proveniente do exterior fará, respectivamente, o primeiro pouso ou a última decolagem em aeroporto internacional. ANDRÉ LUIZ BRAGA 18 VII Aeródromos Definição de Aeródromo Segundo o Art. 27.do CBA, Aeródromo é toda área destinada a pouso, decolagem e movimentação de aeronaves. Há pistas de variados pisos e pavimentos, desde asfalto até água, passando por grama, areia, brita (pedras) e barro. Para a OACI: determinada área de terra ou de água (que inclui todas as edificações, instalações e equipamentos) destinada a chegada, partida e movimento de aeronaves. Classificação e cadastro de Aeródromos Os aeródromos, assim como as aeronaves, são classificados em civis e militares. Aeródromo civil é o destinado ao uso de todas as aeronaves, já um aeródromo militar é o destinado apenas ao uso de aeronaves militares. Os aeródromos militares poderão ser utilizados por aeronaves civis, se previamente permitido pela autoridade militar responsável pelo aeródromo. Os aeródromos civis são classificados em públicos e privados. Nenhum aeródromo civil poderá ser utilizado sem estar devidamente cadastrado. Os aeródromos públicos e privados serão abertos ao tráfego através de processo, respectivamente, de homologação e registro. Os aeródromos privados só poderão ser utilizados com permissão de seu proprietário, vedada sua exploração comercial. Nos aeródromos públicos que forem sede de Unidade Aérea Militar, também denominados aeródromos mistos, as esferas de competência das autoridades civis e militares, quanto à respectiva administração, serão definidas em regulamentação especial. 19 REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC Aeroportos Aeroportos são aeródromos públicos dotados de instalações e facilidades para apoio de operações de aeronaves e de embarque e desembarque de pessoas e cargas. Os aeroportos destinados às aeronaves nacionais ou estrangeiras na realização de serviços internacionais, regulares ou não regulares, serão classificados como aeroportos internacionais. O Aeroporto Internacional conta com os seguintes serviços: a) Alfândega - entrada e saída de mercadorias; b) Vigilância Sanitária; c) Polícia Federal; e d) Controle de Fronteiras – Visto. Helipontos e Heliportos Helipontos são aeródromos destinados exclusivamente a helicópteros. Heliportos são helipontos públicos, dotados de instalações e facilidades para apoio de operações de helicópteros e de embarque e desembarque de pessoas e cargas. Helipontos Civis Militares Públicos Privados ANDRÉ LUIZ BRAGA 20 VIII Documentação no CBA Contrato de Transporte Aéreo Art. 222. Pelo contrato de transporte aéreo, obriga-se o empresário a transportar passageiro, bagagem, carga, encomenda ou mala postal, por meio de aeronave, mediante pagamento; São três tipos de contrato: Contrato de transporte de passageiros; Contrato de carga; e Contrato de bagagem. Art. 233. A execução do contrato de transporte aéreo de passageiro compreende as operações de embarque e desembarque, além das efetuadas a bordo da aeronave. Operações de Embarque e Desembarque Considera-se operação de embarque a que se realiza desde quando o passageiro, já despachado no aeroporto, transpõe o limite da área destinada ao público em geral e entra na respectiva aeronave, abrangendo o percurso feito a pé, por meios mecânicos ou com a utilização de viaturas. A operação de desembarque inicia-se com a saída de bordo da aeronave e termina no ponto de intersecção da área interna do aeroporto e da área aberta ao público em geral. Bilhete de Passagem Art. 227. No transporte de pessoas, o transportador é obrigado a entregar o respectivo bilhete individual ou coletivo de passagem, que deverá indicar o lugar e a data da emissão, os pontos de partida e destino, assim como o nome dos transportados. Bilhete de passagem é prova de existência de contrato e deve conter: Lugar e data de emissão Pontos de partida e destino; Os nomes dos transportados. A falta, irregularidade ou perda do bilhete de passagem, nota de bagagem ou conhecimento de carga não prejudica a existência e eficácia do respectivo contrato; Art. 228. O bilhete de passagem terá a validade de 1 (um) ano, a partir da data de sua emissão. Art. 229. O passageiro tem direito ao reembolso do valor já pago do bilhete se o transportador vier a cancelar a viagem. Art. 230. Em caso de atraso da partida por mais de 4 (quatro) horas, o transportador providenciará o embarque do passageiro, em voo que ofereça serviço equivalente para o mesmo destino, se houver, ou restituirá, de imediato, se o passageiro o preferir, o valor do bilhete de passagem. 21 REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC Art. 231. Quando o transporte sofrer interrupção ou atraso em aeroporto de escala por período superior a 4 (quatro) horas, qualquer que seja o motivo, o passageiro poderá optar pelo endosso do bilhete de passagem ou pela imediata devolução do preço. Parágrafo único. Todas as despesas decorrentes da interrupção ou atraso da viagem, inclusive transporte de qualquer espécie, alimentação e hospedagem, correrão por conta do transportador contratual, sem prejuízo da responsabilidade civil. Obrigações dos Passageiros Art. 232. A pessoa transportada deve sujeitar-se às normas legais constantes do bilhete ou afixadas à vista dos usuários, abstendo-se de ato que causeincômodo ou prejuízo aos passageiros, danifique a aeronave, impeça ou dificulte a execução normal do serviço. Contrato de Transporte de Bagagem Nota de bagagem: Documento que comprova contrato de transporte de bagagem. Art. 234. No contrato de transporte de bagagem, o transportador é obrigado a entregar ao passageiro a nota individual ou coletiva correspondente, em 2 (duas) vias, com a indicação do lugar e data de emissão, pontos de partida e destino, número do bilhete de passagem, quantidade, peso e valor declarado dos volumes. Execução do contrato de bagagem Inicia-se com a entrega ao passageiro da respectiva nota e termina com o recebimento da bagagem. Poderá o transportador verificar o conteúdo dos volumes sempre que haja valor declarado pelo passageiro. Além da bagagem registrada, é facultado ao passageiro conduzir objetos de uso pessoal, como bagagem de mão. O recebimento da bagagem, sem protesto, faz presumir o seu bom estado. O protesto se fará mediante ressalva lançada no documento de transporte ou mediante qualquer comunicação escrita, encaminhada ao transportador. Protesto por avaria - será feito dentro do prazo de sete dias a contar do recebimento. Protesto por atraso - será feito dentro do prazo de quinze dias a contar da data em que a carga haja sido posta à disposição do destinatário. ANDRÉ LUIZ BRAGA 22 IX Licenças e Certificados Licenças e Certificados Art. 160. A licença de tripulantes e os certificados de habilitação técnica e o certificado médico aeronáutico serão concedidos pela autoridade de aviação civil, na forma de regulamentação específica. Parágrafo único. A licença terá caráter permanente e os certificados vigorarão pelo período neles estabelecido, podendo ser revalidados. A Autoridade de Aviação Civil para questões de licenças e certificados é a ANAC. Licença Documento emitido pela autoridade de aviação civil, que certifica o detentor, aeronauta ou aeroviário, o cumprimento de certos requisitos de idade, conhecimentos, experiência, instrução de voo, perícia e aptidão psicofísica, bem como estabelece suas prerrogativas. Certificado de Habilitação Técnica – CHT Documento emitido pela Autoridade de Aviação Civil, averbado à respectiva Licença, no qual estão contidas habilitações técnicas de classe, de tipo e de operações que especificam as qualificações, condições especiais, atribuições ou restrições ao exercício das prerrogativas da referida Licença. Obtenção da Licença e dos Certificados Certificado de Habilitação Técnica: Após Curso da Aeronave e Estágio em Voo. Licença: será emitida após o cumprimento das etapas de para obtenção do CHT. Prazos da Licença e Certificados A licença tem caráter permanente e os certificados são temporários e vigorarão pelo período neles estabelecidos, podendo ser revalidados. Cessada a validade do certificado de habilitação técnica ou de capacidade física, o titular ficará impedido do exercício da função nela especificada. Sempre que o titular de licença apresentar indício comprometedor de sua aptidão técnica ou das condições físicas estabelecidas na regulamentação específica, poderá ser submetido a novos exames técnicos ou de capacidade física, ainda que válidos estejam os respectivos certificados. Qualquer dos certificados poderá ser cassado pela autoridade aeronáutica se comprovado, em processo administrativo ou em exame de saúde, que o respectivo titular não possui idoneidade profissional ou não está capacitado para o exercício das funções especificadas em sua licença. Segundo o Art. 72. da Lei 13.475/17 é de responsabilidade do empregador o custeio do certificado médico e de habilitação técnica de seus tripulantes, sendo 23 REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC responsabilidade do tripulante manter em dia seu certificado médico, como estabelecido na legislação em vigor. § 1º Cabe ao empregador o controle de validade do certificado médico e da habilitação técnica para que sejam programadas, na escala de serviço do tripulante, as datas e, quando necessárias, as dispensas para realização dos exames necessários para a revalidação. § 2º É dever do empregador o pagamento ou o reembolso dos valores pagos pelo tripulante para a revalidação do certificado médico e de habilitação técnica, tendo como limite os valores definidos pelos órgãos públicos, bem como dos valores referentes a exames de proficiência linguística e a eventuais taxas relativas a documentos necessários ao exercício de suas funções contratuais. É vedado à empresa escalar tripulante com certificado vencido, ainda que esteja aguardando resultado de exames de revalidação. É vedada a expedição de certificados provisórios, bem como revalidação ou prorrogação aos aeronautas, sem que o resultado da realização dos exames seja publicado pela ANAC. ANDRÉ LUIZ BRAGA 24 X Tripulações e Comandante da Aeronave Tripulantes Art. 156. São tripulantes as pessoas devidamente habilitadas que exercem função a bordo de aeronaves. § 1o A função remunerada a bordo de aeronaves, nacionais ou estrangeiras, quando operadas por empresa brasileira no formato de intercâmbio, é privativa de titulares de licenças específicas emitidas pela autoridade de aviação civil brasileira e reservada a brasileiros natos ou naturalizados. § 2° A função não remunerada, a bordo de aeronave de serviço aéreo privado pode ser exercida por tripulantes habilitados, independentemente de sua nacionalidade. § 3° No serviço aéreo internacional poderão ser empregados comissários estrangeiros, contanto que o número não exceda 1/3 (um terço) dos comissários a bordo da mesma aeronave. Art. 157. Desde que assegurada a admissão de tripulantes brasileiros em serviços aéreos públicos de determinado país, deve-se promover acordo bilateral de reciprocidade. Na falta de tripulantes de voo brasileiros, instrutores estrangeiros poderão ser admitidos em caráter provisório, por período restrito ao da instrução, de acordo com regulamento exarado pela autoridade de aviação civil brasileira Conceito Art. 165. Toda aeronave terá a bordo um Comandante, membro da tripulação, designado pelo proprietário ou explorador e que será seu preposto durante a viagem. Art. 166. O Comandante é responsável pela operação e segurança da aeronave. O Comandante será também responsável pela guarda de valores, mercadorias, bagagens despachadas e mala postal, desde que lhe sejam asseguradas pelo proprietário ou explorador condições de verificar a quantidade e estado das mesmas. Autoridade do Comandante Art. 167. O Comandante exerce autoridade inerente à função desde o momento em que se apresenta para o voo até o momento em que entrega a aeronave, concluída a viagem. No caso de pouso forçado, a autoridade do Comandante persiste até que as autoridades competentes assumam a responsabilidade pela aeronave, pessoas e coisas transportadas. 25 REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC Os demais membros da tripulação ficam subordinados, técnica e disciplinarmente, ao Comandante da aeronave. Durante a viagem, o Comandante é o responsável, no que se refere à tripulação, pelo cumprimento da regulamentação profissional no tocante a: limite da jornada de trabalho; limites de voo; intervalos de repouso; fornecimento de alimentos. Art. 168 Durante o período previsto no artigo 167, o Comandante exerce autoridade sobre as pessoas e coisas que se encontrem a bordo da aeronave e poderá: - Desembarcar qualquer delas, desde que comprometa a boa ordem, a disciplina, ponha em risco a segurança da aeronave ou das pessoas e bens a bordo; - Tomar as medidas necessárias à proteção da aeronave e das pessoas ou bens transportados; - Alijar a carga ou parte dela, quando indispensável à segurança de voo. Adiamento e Suspensão da Partida Art. 169. Poderá o Comandante, sob sua responsabilidade, adiar ou suspender a partida da aeronave,quando julgar indispensável à segurança do voo. Delegação de Atribuições Art. 170. O Comandante poderá delegar a outro membro da tripulação as atribuições que lhe competem, menos as que se relacionem com a segurança do voo. Diário de Bordo É o livro de registro de voo, jornada e ocorrências da aeronave e de seus tripulantes, em conformidade com estabelecido no CBA, confeccionado de acordo com as instruções contidas na Portaria N°128-2019/SPO/SAR. Registro no Diário de Bordo Art. 171. As decisões tomadas pelo Comandante na forma dos artigos parágrafo único, inclusive em caso de alijamento, serão registradas no Diário de Bordo e, concluída a viagem, imediatamente comunicadas à autoridade aeronáutica. Art. 172. O Diário de Bordo, além de mencionar as marcas de nacionalidade e matrícula, os nomes do proprietário e do explorador, deverá indicar para cada voo a data, natureza do voo (privado aéreo, transporte aéreo regular ou não regular), os nomes dos tripulantes, lugar e hora da saída e da chegada, incidentes e observações, inclusive sobre infraestrutura de proteção ao voo que forem de interesse da segurança em geral. O Diário de Bordo deverá estar assinado pelo piloto Comandante, que é o responsável pelas anotações, aí também incluídos os totais de tempos de voo e de jornada. Art. 173. O Comandante procederá ao assento, no Diário de Bordo, dos nascimentos e óbitos que ocorrerem durante a viagem, e dele extrairá cópia para os fins de direito. ANDRÉ LUIZ BRAGA 26 Parágrafo único. Ocorrendo mal súbito ou óbito de pessoas, o Comandante providenciará, na primeira escala, o comparecimento de médicos ou da autoridade policial local, para que sejam tomadas as medidas cabíveis. 27 REGULAMENTAÇÃO DA AVIAÇÃO CIVIL - RAC XI Infrações ao CBA Infrações Art. 289. Na infração aos preceitos deste Código ou da legislação complementar, a autoridade aeronáutica poderá tomar as seguintes providências administrativas: a) multa; b) suspensão de certificados, licenças, concessões ou autorizações; c) cassação de certificados, licenças, concessões ou autorizações; d) detenção, interdição ou apreensão de aeronave, ou do material transportado; e) intervenção nas empresas concessionárias ou autorizadas. Art. 295. A multa será imposta de acordo com a gravidade da infração, podendo ser acrescida da suspensão de qualquer dos certificados ou da autorização ou permissão. Art. 296. A suspensão será aplicada para período não superior a 180 (cento e oitenta) dias, podendo ser prorrogada uma vez por igual período. Multas Art. 299. Será aplicada multa de até 1.000 (mil) valores de referência, ou de suspensão ou cassação de quaisquer certificados de matrícula, habilitação, concessão, autorização, permissão ou homologação expedidos segundo as regras deste Código, nos seguintes casos: a) procedimento ou prática, no exercício das funções, que revelem falta de idoneidade profissional para o exercício das prerrogativas dos certificados de habilitação técnica; b) fornecimento de dados, informações ou estatísticas inexatas ou adulteradas; c) preencher com dados inexatos documentos exigidos pela fiscalização; d) impedir ou dificultar a ação dos agentes públicos, devidamente credenciados, no exercício de missão oficial; e) tripular aeronave com certificado de habilitação técnica ou de capacidade física vencidos, ou exercer a bordo função para a qual não esteja devidamente licenciado ou cuja licença esteja expirada; f) participar da composição de tripulação em desacordo com o que estabelece este Código e suas regulamentações; g) desobedecer às determinações da autoridade do aeroporto ou prestar-lhe falsas informações; h) inobservar os preceitos da regulamentação sobre o exercício da profissão; i) inobservar as normas sobre assistência e salvamento; j) infringir regras, normas ou cláusulas de Convenções ou atos internacionais; k) infringir as normas e regulamentos que afetem a disciplina a bordo de aeronave ou a segurança de voo; l) exceder, fora dos casos previstos em lei, os limites de horas de trabalho ou de voo; m) operar a aeronave em estado de embriaguez; n) ministrar instruções de voo sem estar habilitado. ANDRÉ LUIZ BRAGA 28 Referências Bibliográficas BRASIL, Agência Nacional de Aviação Civil – RBAC 63. _____, Lei nº 13.475, de 28/08/2017 – dispõe sobre a Regulamentação da Profissão do Aeronauta. _____, Lei nº 7.565, de 19/12/86 – dispõe sobre o Código Brasileiro de Aeronáutica. _____, Agência Nacional de Aviação Civil - Regulamentos Brasileiros de Homologação Aeronáutica (RBHA) 63 (“Mecânico de Voo e Comissário de Voo”). _____, Agência Nacional de Aviação Civil - Regulamentos Brasileiros de Aviação Civil (RBAC) 121 (“Requisitos Operacionais: Operações Domésticas, de Bandeira e Suplementares”) _____, Agência Nacional de Aviação Civil - Regulamentos Brasileiros de Aviação Civil (RBAC) 135 (“Requisitos Operacionais: Operações Complementares e por Demanda”). BRAGA, André Luiz da Cunha. Regulamentação da Aviação Civil – Comissários de Voo Volume I. Editora Bianch Pilot Training – São Paulo: 2013. BRASIL. Instituto Histórico-cultural da Aeronáutica. História Geral da Aeronáutica Brasileira vol 1. Editora Itatiaia Ltda. OLIVEIRA, Fortunato Câmara. Santos-Dumont. Rio de Janeiro: Adler, 2006. BARROS, M.L.; CLARO JÚNIOR, Oswaldo. Acervo Histórico – Museu Aeroespacial. ISBN: 9788589015233. Rio de Janeiro: Adler, 2005. RODEGUERO, Miguel Ângelo e BRANCO, Humberto. Gerenciando o Risco na Aviação Geral. São Paulo: Editora Bianch Pilot Training, 2013. SUMÁRIO O PAPEL DA DISCIPLINA NO CURSO OBJETIVOS DA DISCIPLINA i Direito Aeronáutico e Autoridade Aeronáutica II Aeronaves, Matrícula E Nacionalidade III Aplicação do cba IV Liberdades do Ar V Serviços Aéreos e Transporte Aéreo VI Condições de Tráfego Aéreo VII Aeródromos VIII Documentação no cba IX Licenças e Certificados X Tripulações e Comandante da Aeronave XI Infrações ao CBA Referências Bibliográficas