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Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. DECANTADORESDECANTADORES Professor Francisco Mauricio de Sá Barreto, Dr. barreto@ifce.edu.br Curso: Tecnólogo em Saneamento Ambiental Departamento: Construção Civil Disciplina: Saneamento ISaneamento I Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. 1. DECANTADORES � Decantação/Sedimentação • Processo dinâmico de separação de partículas sólidas suspensas nas águas; • Partículas → mais pesadas do que água → caem com um velocidade de sedimentação. � Conceitos � água decantada é aquela que se purificou através de separação, por gravidade, das partículas sólidas trazidas consigo. Tais partículas sólidas separam-se por ação da gravidade, sedimentando-se no interior da água. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. • Assim sendo: - os flocos separam-se da água porque sedimentam-se; - a água, isenta desses flocos, é chamada de água decantada; • Veja!! O floco não decanta, mas sedimenta-se; quem decanta é a água. • As partículas trazidas pela água podem sedimentar-se como partículas discretas ou como partículas floculentas. • O 1º caso aplica-se principalmente, no tratamento da água, aos desarenadores, enquanto que o 2º caso aplica-se aos decantadores instalados após os floculadores. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. � Velocidade de sedimentação: 2 minutos 6 minutos 8 horas 2,4 cm/seg 0,9 cm/seg 0,01 cm/seg 0,2 mm 0,1 mm 0,01 mm Areia Areia fina silte t necessário para cair 3 m Velocidade de sedimentação Tamanho das partículas Partículas • Partículas: ordem de um milésimo de mm e menores, são objeto de movimento browniano contínuo, não sendo sedimentáveis. Para a remoção de partículas coloidais recorre-se à precipitação química (coagulação). Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. � Objetivos da sedimentação - Remoção de areia; - Remoção de partículas sedimentáveis finas (sem coagulação); - Retenção de flocos: decantação após coagulação. � Tipos de decantadores I. em função do escoamento da água: a) escoamento horizontal: Água entra numa extremidade e move-se em sentido longitudinal e sai pela outra extremidade. O comprimento é maior em relação às demais dimensões. A velocidade da água deve ser baixa para impedir o arraste do lodo. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. b) Escoamento vertical - Água: dirigida para a parte inferior, elevando-se a seguir em movimento ascendente até a superfície dos tanques; - Profundidade relativamente grande; - Velocidade ascendente da água dever ser limitada. II. De acordo com as condições de funcionamento a) Clássico/convencional: - Recebem a água já floculada; - Processa apenas a sedimentação; - Mecanizados ou não → em relação a remoção do lodo. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. b) Decantadores com contato de sólido (dinâmico, compacto ou acelerado): • ocorrem, simultaneamente, a agitação, floculação e a decantação. c) Decantadores com escoamento laminar (tubulares ou de placas): • mais recentes e de maior eficiência. � De modo geral, 2 tipos de decantadores são utilizados no Brasil para o tratamento da água: • decantadores clássicos; • decantadores tubulares. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. � Tipos – ver figura. • Mais utilizado - seção retangular. • Algumas ETA’s possuem decantadores de seção circular. • Esse último tipo (Menos utilizado) permite, em determinadas situações, que se crie um manto de lodo em seu interior, capaz de melhorar muito a qualidade da água decantada. � Clássico/Convencional Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. Decantadores clássicos: tipos Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. � Decantadores clássicos de seção retangular � Descrição • Constituem provavelmente o tipo mais numeroso entre os decantadores existentes. • De modo geral, imediatamente após ser admitida no interior do decantador, a água floculada é distribuída em toda sua seção transversal através de uma cortina distribuidora. • Em seguida, ela percorre a extensão do decantador com v muito baixa, até atingir a zona de saída. Nesse local, a água decantada é recolhida, através de calhas coletoras ou tubos perfurados, sendo o 1º tipo o modo mais comum no Brasil. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. • A pequena velocidade média com que a água escoa no interior desses decantadores, em vista do grande valor do raio hidráulico da seção transversal o nº de Reynolds também é grande, tornando turbulento o regime de escoamento da água em tratamento. Decantador clássico de seção retangular: esquema típico Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. Decantador convencional de fluxo horizontal. ETA Gravatá, CAGEPA, Sistema Boqueirão-Campina Grande. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. �Decantadores de fluxo laminar � Descrição e classificação - Comumente denominados decantadores laminares. - Podem ser classificados em, pelo menos, dois tipos: a) decantadores de fluxo ascendente; b) decantadores de fluxo horizontal. • Esses últimos representam uma tendência de projeto, não sendo utilizados com freqüência. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. � Decantadores laminares de fluxo ascendente • Introdução A Figura (a) representa a seção longitudinal de um decantador, no interior do qual uma partícula desloca-se com velocidade horizontal vh, enquanto precipita-se com velocidade de sedimentação vs. Observa-se que se esse decantador possuísse uma bandeja intermediária, que não influenciasse as velocidades representadas, seu comprimento poderia ser reduzido à metade, Figura (b), enquanto que, se as bandejas fossem duas, seu comprimento poderia ser reduzido a um terço, Figura (c), e assim sucessivamente. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. Reduzindo o comprimento do decantador Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. � Descrição • A Figura representa um decantador tubular típico, do tipo de fluxo ascendente, com placas paralelas inclinadas. • A água floculada é introduzida sob as placas, ao escoar entre elas, ocorre a sedimentação dos flocos. • A água decantada sai pela parte de cima do decantador, após haver escoado entre as placas paralelas, e é coletada por calhas coletoras. • Observe que as bandejas, ou módulos para decantação laminar (que podem ser placas paralelas ou dutos superpostos, de diversas seções) são dispostos de modo a formarem um ângulo com a horizontal superior a 50 graus. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. • Essa inclinação assegura a auto-limpeza dos módulos, ou seja, à medida que os flocos vão se sedimentando em seu interior, e aglutinando-se uns aos outros, as maiores massas de flocos que vão se formando adquirem peso suficiente para se soltarem dos módulos e se arrastarem em direção ao fundo. • Dessa forma, os flocos removidos pelo decantador acabam por se precipitarem para o poço de lodo, onde permanecem acumulados até serem removidos através da abertura da descarga de fundo. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. Decantador tubular típico, de fluxo ascendente. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. • Em algumas situações, em que se faz necessário ampliar a capacidade de tratamento das ETAs, cujos decantadores são clássicos, e em que não há interesse, ou possibilidade, de se construir novos decantadores desse tipo, eles podem ser convertidos em decantadores tubulares. • A Figura (a) compara esse caso com a configuração típica. • Observe que foram instalados módulos tubulares cobrindo grande parte da superfície do decantadorclássico. • Com isto, é possível, muitas vezes, dobrar a vazão tratada pelo decantador, ou até mais do que isto. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. Decantadores tubulares: tipos. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. Esquema de diferentes tipos de decantadores tubulares. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. �Módulos para a decantação laminar • Nas Figuras (a) e (e), são representados módulos que podem ser adquiridos prontos (existem outros tipos, além desses dois, produzidos por indústrias especializadas). Ambos são construídos de plástico, e são muito leves, especialmente quando imersos na água. São de fácil instalação. • Os módulos representados na Figura (a) são fornecidos em bloco. Para sua utilização, basta apenas cortá-los nas dimensões adequadas ao decantador. • Observe que, no interior do bloco, existem dutos, de seção retangular, inclinados de 60 graus em relação à horizontal, no interior dos quais a água floculada escoará. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. • As inclinações dos dutos são alternadas, de modo a conferir rigidez ao bloco. • É no interior desses dutos que ocorrerá a sedimentação dos flocos. • Já os módulos representados na Figura (e) são dutos individuais, que devem ser colados, uns aos outros, ao longo de seus comprimentos. • Por serem módulos de PVC, o que se faz é aplicar, com o auxílio de uma seringa, a solda de PVC ao longo de cada seção possuidora de uma reentrância nos dutos. Em seguida, cola-se outro duto a esse local. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. • Após montado, tomando-se o cuidado de que os dutos fiquem inclinados de 60 graus em relação à horizontal, os módulos adquirem a configuração de bloco, como representado na Figura. • Outras alternativas têm sido empregadas pelos projetistas, com o objetivo de reduzir os custos de construção. • A Figura (b) mostra como fazer para obter módulos tubulares utilizando placas lisas de cimento-amianto ou PVC. Espaçadores (de madeira ou outro material) são fixados (por exemplo, através de parafusos) a cada uma das placas. Ao se sobrepor uma placa à outra, esses espaçadores asseguram a distância entre as placas. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. • Consegue-se, desse modo, criar dutos através dos quais a água floculada escoará, deixando sedimentados, em seu interior, os flocos que se deseja remover. • Os espaçadores são fixados à placa distantes entre si de uma distância suficiente para evitar a (indesejável) formação de barrigas pelas placas. • A Figura (d) representa como obter a constituição de módulos tubulares sobrepondo telhas onduladas, que podem ser de cimento- amianto, PVC ou fibra de vidro. • Efeito semelhante pode ser obtido sobrepondo-se telhas de seção hexagonal, como representado na Figura (c). Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. Módulos tubulares. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. Decantador de alta taxa. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. �Elementos complementares I. Comportas de acesso aos decantadores • Descrição A Figura ilustra como essas comportas são normalmente dispostas (a) nos decantadores de seção retangular e (b) nos decantadores de seção circular. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. Decantadores clássicos: comportas de acesso. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. II. Canal de acesso aos decantadores • Descrição A distribuição equitativa da água floculada através das comportas de acesso aos decantadores depende da inexistência de curto-circuitos no interior dessas unidades. Decantadores clássicos: melhor forma de assegurar essa distribuição equitativa é fazer com que a v ao longo do canal de acesso aos decantadores se mantenha constante, e sempre superior a 0,10 m/s (evitar sedimentação de flocos em seu interior), embora nunca superior a 0,45 m/s (evitando quebra desses flocos). Assim é que a seção do canal que alimenta as comportas deve ser decrescente de montante para jusante. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. Decantadores e canal de acesso de água floculada. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. III. Cortinas distribuidoras • Descrição Após entrar no decantador, a água atravessa uma cortina distribuidora, com o objetivo de uniformizar o fluxo da água em tratamento. O que se espera dessa cortina é que a vazão seja aproximadamente a mesma em todos os seus orifícios. Cortinas mal dimensionadas poderão distribuir mal as vazões, caso a velocidade de passagem da água através dos orifícios seja muito baixa, ou quebrar os flocos, caso essa velocidade seja muito alta. A quebra de flocos poderá ocorrer também em decantadores sobrecarregados. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. Por isto, ao se aumentar a vazão tratada pelo decantador, é conveniente verificar o dimensionamento da cortina, para ver se os diâmetros de seus orifícios são compatíveis com a vazão que os atravessará. As cortinas distribuidoras podem ser construídas de alvenaria, concreto ou madeira. Muitas ETA’s utilizam cortinas distribuidoras construídas de madeira de lei, sem apresentar qualquer inconveniente por esse motivo. Sabe-se que a madeira de lei, quando completamente submersa, não apodrece. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. Cortinas distribuidoras de água floculada em decantadores Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. IV. Coleta de água decantada • Descrição A água decantada é removida dos decantadores junto à superfície livre nesses tanques. Normalmente são utilizadas calhas coletoras para esse fim. Entretanto, alguns projetistas preferem utilizar tubulações perfuradas para a coleta de água decantada. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. Bordas vertedouras ajustáveis Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. Detalhe da calha coletora de água decantada Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. V. Descarga de decantadores • Tipos Em decantadores clássicos de pequeno porte, a descarga de fundo tem, como principal finalidade, o esvaziamento dessas unidades. Assim sendo, após esvaziados, boa parte do lodo sedimentado em seus interiores precisa ser arrastada até a descarga de fundo para ser removida. Esse arraste é feito manualmente, com o auxílio de jatos d’água e rodos. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. De modo geral, em decantadores clássicos de seção horizontal, a maior parte dos flocos deposita-se no primeiro terço de seus comprimentos. Por essa razão, os projetistas costumam localizar nessa região os dispositivos de descarga de fundo. Em ETA’s de grande porte, podem ser utilizados raspadores de lodo, do tipo de arraste longitudinal ou rotativos. Quando esses equipamentos são utilizados, raramente é necessário esvaziar completamente os decantadores. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. Descarga de fundo de decantadores de seção retangular Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. Descarga de fundo de decantadores de seção circular Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. Esquema da descarga de fundo em decantadores clássicos de seção retangular. Aula 6: Decantadores Prof. Mauricio Barreto, Dr. Operação de limpeza dos decantadores de uma ETA convencional. (a) esgotamento do decantador através de abertura de válvula de fundo; (b) e (c) remoção do lodo; (d) decantador ao final do processo de limpeza.
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