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CURSO DE ORATÓRIA AULA 01 Ministrado pelo Professor Ivanildo Alves Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 1 CURSO DE ORATÓRIA AMBIENTAÇÃO À PLATAFORMA 1- INTRODUÇÃO Hoje, iniciamos com vocês, a matéria que intitulamos de “ambientação à plataforma”. Em verdade, pretendemos dentro desta matéria, mais do que a simples ambientação à plataforma e aqui, entendemos como “plataforma”, àquele espaço onde se movimenta o ORADOR frente a seus OUVINTES. Entretanto, neste trabalho específico, realmente, visamos apenas sua familiarização ao grupo, e o início de sua desinibição, quando na plataforma. Você vai perceber, depois de alguns exercícios, que dentro do seu grupo, há afinal, apenas elementos humanos que como você, sofre das mesmas inibições, e que têm os mesmo problemas que você, apesar de manifestarem suas dificuldades de maneiras diferentes, isto porque, sendo o ser humano um ser altamente complexo, cada um em particular, tem formas próprias de reagir a situações idênticas. De qualquer forma, o nosso processo de ambientação à plataforma, nos seus vários TTRABALHOS PRÁTICOS, obterá de você, bem como de todos os demais componentes do grupo, a estimulação da autoconfiança, com a qual vencerão a timidez inicial que é natural e que todos nós sentimos quando somos solicitados a falar em público, especialmente quando não se tem o hábito de fazê-lo. 2 – DESENVOLVIMENTO Você já deve estar percebendo que esta nossa apostila é completamente informal, diferente de todas as outras que já viu o que é feito propositalmente. Assim serão também os nossos exercícios em classe. 10% de teoria e 90% de prática. MUITA PRÁTICA!! Estamos abandonando as normas didáticas convencionais, em atenção à didática moderna, que nos aconselha estimular nesta fase, toda a intimidade e informalismo entre Instrutor e Alunos. Escrevemos esta apostila da mesma forma, como se estivéssemos “batendo um papo” e é assim que procederemos Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 2 CURSO DE ORATÓRIA em classe, durante toda a fase de ambientação à plataforma que hoje iniciamos. Precisamos nos conhecer melhor, para ficarmos íntimos, é claro. Por isso, cada um de nós, hoje, forneceu aos demais, alguns dos seus dados pessoais. Assim, tivemos oportunidade de iniciar um melhor conhecimento do grupo e iremos, aos poucos, nos pondo bem à vontade em relação aos demais, por conhecê-los melhor. Finalmente, estaremos todos à vontade e, realmente, nos sentiremos numa roda de amigos. Certamente você hoje, perceberá facetas do temperamento de cada um dos elementos do seu grupo. Perceberá, também, certamente, algumas formas diferentes de manifestação de inibição dos seus colegas, quando na plataforma. Alguns terão gaguejado, outros terão tido dificuldades de associar idéias ou de encontrar a palavra que queria dizer, outras terão evitado nossos olhares. Alguns terão demonstrado imensa tranqüilidade exterior e poderá ter havido até quem tenha declarado ter sido este nosso exercício simples demais ou até infantil; outros talvez, não terão confessado qualquer reação ou sensação especial de qualquer mal-estar. Enfim, normalmente, ninguém tem ambiente ainda neste primeiro exercício para confessar todas as suas emoções. Alguns negam qualquer sensação, outros confessam apenas algumas; as que julgam mais evidentes. Mas na verdade, um eletrocardiograma, acusaria, em todos, violentas alterações do estado emocional. E explica-se: “havendo excessiva descarga de adrenalina no sangue, o metabolismo de cada um é alterado”, o que provoca alteração sanguínea, que, por sua vez, causa variadas manifestações, tendo cada um uma resposta diferente para esta alteração de estado físico e psíquico. O que vai minimizar tais sensações é, justamente, a continuidade de suas apresentações e a intimidade que você vai tomando com o seu grupo. Suas Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 3 CURSO DE ORATÓRIA próximas apresentações lhe darão, paulatinamente, cada vez mais autoconfiança já que obterá constantes sucessos. O interessante é que sempre que você se ausentar por muito tempo de uma plataforma, no seu retorno sentirá algo semelhante. Mesmo os grandes oradores, depois de longa interrupção de suas atividades profissionais (por motivo de saúde, viagem, cargos públicos, etc), ressentem-se no seu retorno. Naturalmente suas sensações de “medo” (não exageramos, não: queremos dizer MEDO mesmo) da plataforma, ao primeiro contato, com nova turma, é menor do que de um principiante, mas sempre existe. O que a reduz, a um nível desprezível, é a continuidade profissional, nada mais. De qualquer forma, sempre lhe restará, embora em baixo nível, uma sensação inibidora e, em todos os seus primeiros dias de contato, para cada platéia. Por isso, desde já lhe recomendamos que treine muito, por que nossos exercícios de plataforma, embora suficientes para a pretensão deste curso, não são para torná-los PhD na técnica de falar em público. AULA 02 GESTO & GESTITULAÇÃO Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 4 CURSO DE ORATÓRIA Ministrado pelo Professor Ivanildo Alves GESTO & GESTICULAÇÃO A IMPORTÂNCIA DOS OLHOS 1- Olhar para o público antes de iniciar o discurso; Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 5 CURSO DE ORATÓRIA 2- O olhar exerce uma função atraente, não permite que o auditório se desvie do assunto. 3- O orador é o namorado e o auditório a namorada, e o orador tem que ter uma entrega mútua. ATITUDES QUE SE DEVEM EVITAR COM OS OLHOS 1- Fugir com os olhos; é desagradável conversar com uma pessoa que não está olhando para você; 2- Fixar o olhar numa só pessoa, atrapalha a comunicação; 3- Olhar para um ponto fixo, (janela, lâmpada, espaço vazio, no chão, ou teto, etc); 4- Olhar para uma pessoa que está conversando; 5- Correr o olhar rapidamente para a esquerda e para a direita, isto se chama: “olhar pára-brisa”. 6- O olhar perdido, está voltado para dentro de si, só lança o olhar, mas volta ao papel. COMO OLHAR O AUDITÓRIO 1- Quando começar a falar, encarar a última fileira para que você possa condicionar a voz à última fileira. ORADOR, NÃO FAÇA... 1- Mãos atrás da costa; 2- Mãos nos bolsos; 3- Cruzar os braços: nós comunicamos muito mais pelos gestos do que as palavras: 7% conteúdo, 38% tom de voz e 55% gestos e expressões faciais. É a linguagem não verbal. 4- Não fique rígido ou imóvel, como uma estátua; 5- Não faça gestos ridículos (Gestos paralelos); 6- Não ande na plataforma com passos gigantes, nem muito curtos (use o passo de caranguejo); 7- Não coloque as mãos na cintura; Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 6 CURSO DE ORATÓRIA 8- Não fique abotoando e desabotoando o paletó; 9- Não fique brincando com o botão do paletó; 10- Não comece cada frase tossindo; 11- Não dê socos na mesa ou púlpito; 12- Não exagere em tirar e colocar os óculos; 13- Não fique arrumando a gravata; 14- Não fique alisando o cabelo; 15- Não fique olhando o relógio todo o tempo; 16- Não trema (na medida do possível) GESTOS & GESTICULAÇÕES O QUE SÃO GESTOS? É realçar a palavra sublinhando-lhe o sentido, esculpir no ar a imagem. Todo o corpo está envolvido na gesticulação, a mímica não selimita aos braços e sim da cabeça aos pés. Ao gesticular, o orador deve sempre usar de naturalidade e elegância. Deve sempre se lembrar de que o gesto é apenas a essência do que se quer exprimir. Deve, portanto, ter os seguintes cuidados: O gesto deve sempre preceder, isto é, acontecer antes, adiantar-se à palavra, ou então pelo menos, acompanhá-la. Nunca suceder, ou seja, acontecer depois. Por que? Porque se acontecer antes, o gesto prepara o efeito da palavra: se acompanhá-la reforça a palavra, porém, se acontecer depois, faz a palavra perder a sua força. Então, temos: antes – dá força, maior efeito; acompanhado – dá-lhe reforço; depois – tira a força da palavra. Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 7 CURSO DE ORATÓRIA POSTURA, OLHAR E MANEIRISMOS O orador deve sempre evitar a postura displicente, por exemplo, falar sentado na cadeira ou encostado em alguma coisa, bem como, jamais sentar- se sobre a mesa. O olhar do expositor deve percorrer sempre a platéia inteira, não se circunscrevendo, ou mantendo, a sua atenção para este ou aquele lado, em especial. Deve, também, evitar os maneirismos, isto é, torcer os dedos, mexer na roupa, estalar os dedos, esfregar as mãos, bater palmas ou tocar amiudamente objetos sobre a mesa. O orador deve sempre agir com espontaneidade. Não deve prender as mãos tornando-as imóveis, lançando-as para trás, imobilizando-as, nem adotar gesticulação teatral exagerada. A melhor atitude com relação aos próprios gestos, é esquecer as mãos, falando com naturalidade procedendo com elas, da mesma forma como quando conversamos comumente. Uma boa gesticulação deve ser feita com os dedos unidos (evita gestos paralelos), as mãos espalmados, com a ponta dos dedos até a altura dos ombros. GESTOS: COMPLEMENTO DA EXPRESSÃO VERBAL Os gestos são o complemento da expressão verbal. Ao falar, todo o mundo gesticula. Na oratória o orador que não sabe gesticular torna a sua peça fria e inexpressiva. O gesto se compreende como sendo um ato ou uma ação, por meio do qual se procura dar força às palavras, no sentido de se influenciar pessoas. Pode ser produzido pelo corpo todo - veja-se, por exemplo, a mímica tida como arte de dar expressão ao pensamento por meio de gestos, ou seja, da gesticulação. Na oratória, eles, como já foi dito, também se reproduzem pelo corpo todo, porém, mais pelo movimento da cabeça, dos braços e das mãos. Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 8 CURSO DE ORATÓRIA Então temos: os olhos, as mãos, a cabeça, os braços, o modo de andar, enfim, movimentos gerais que também são uma forma de expressão. Agora, o que o orador não pode esquecer é que, ao discursar, os gestos devem ser extremamente comedidos, pois que, os gestos discursivos são algo diferente dos gestos que fazemos ao falar no nosso dia-a-dia, onde as pessoas não estão circunscritas às normas e regras da oratória. Isto quer dizer que se deve gesticular sem exageros porque em oratória os gestos devem ser, apenas, o esboço dos gestos reais. Resumo do significado do gesto em oratória: - O gesto é a ação por meio do qual se dá força às palavras; - Devem ser feitos sem exageros e sem excessos, isto é, com naturalidade e elegância; Lembrar sempre que eles são apenas a essência tão somente do que se quer exprimir. EXEMPLOS Supondo que se queira dizer: "E se foram para lugar distante..." - Estender o braço ligeiramente com o movimento da mão sendo jogada para frente. "Foi lhe dado um sinal para que parasse..." - Mão aberta com a palma voltada para a frente. "Foi lhe pedido para que não fizesse..." - Movimentar a cabeça para os lados ou movimentar a mão para os lados tendo apenas o dedo indicador apontado para cima. Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 9 CURSO DE ORATÓRIA AULA 03 ORATÓRIA & VOZ Ministrado pelo Professor Ivanildo Alves Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 10 CURSO DE ORATÓRIA 1- O MODO COMO FALAMOS É O QUE AS PESSOAS PENSAM QUEM SOMOS Cada pessoa é um “som”. Tem a voz tão peculiar quanto à fisionomia ou impressão digital. Todos têm uma identidade vocal que é chamada de timbre. Você reconhece uma pessoa, sem vê-la, pelo seu timbre. A voz é a ligação entre você, suas idéias e os ouvintes. 2- VOCÊ - VOZ - OUVINTE A voz é o cartão de visita do orador. Os ouvintes podem reagir mais ao modo de como você fala do que àquilo que você diz. As pessoas nos julgam pelo modo como falamos. A voz projeta para o ambiente a personalidade do comunicador. Com a voz você informa, sugestiona, persuade, fascina ou desencanta os ouvintes. Voz de qualidade transmite: segurança, credibilidade, sentimento e emoção. Para educar sua voz, você precisa perceber sua “fraqueza” específica que pode ser uma voz fraca, rouca, fanha, estridente, infantilizada, arrastada, efeminada ou ríspida. Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 11 CURSO DE ORATÓRIA Estes problemas podem passar uma imagem errônea do orador, levando-o a ser considerado tímido, monótono, desajustado, impaciente ou autoritário. RECURSOS DA VOZ 1. INTENSIDADE: forte ou fraca. A intensidade é a força com que o som é produzido. O nível da intensidade vocal deve variar conforme o lugar. Sua voz deve ser ouvida em todo o ambiente. Faça um teste depois que falou por alguns instantes. Pergunte: “Na última fila estão me ouvindo”? Ajuste então a intensidade da sua voz e a mantenha assim durante a palestra. Não fale forte demais o tempo todo. Poderá irritar os ouvintes ou passar a idéia de que é agressivo. Não fale fraco demais o tempo todo. As pessoas não ouvirão e deixarão de prestar atenção. Intensidade excessivamente forte ou fraca provoca monotonia. Voz baixa usada conscientemente, colocada em momentos importantes, chama a atenção dos ouvintes. 2. VELOCIDADE: rápida ou lenta. Não fale muito depressa. Será difícil entendê-lo porque vai atropelar as palavras ou comer sílabas (sons). Poderá passar a mensagem de que está ansioso. O orador deve sentir a velocidade ideal para poder articular de forma clara os sons. Não fale muito devagar. Oradores lentos na fala entediam os ouvintes. Fale no ritmo certo. 3. PAUSA. Pequena parada antes ou depois de um ponto relevante. É um dos mais importantes recursos da voz. A pausa dá tempo ao público para refletir e compreender melhor a mensagem e tempo ao orador para olhar para a platéia. Cria expectativas nos ouvintes. Permite o controle da respiração. Voz de qualidade é voz produzida por boa respiração. Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 12 CURSO DE ORATÓRIA As pausas oferecem oportunidade de ganhar domínio sobre si nos pontos difíceis do discurso. Pausa não é silêncio sem significado. Bem aplicada, mexerá com os sentimentos dos ouvintes. O silêncio planejado é mais eloqüente do que as palavras soltas sem sentido. CUIDADOS AO USAR AS PAUSAS. Evite fazer pausas longas demais, muitas pausas ou não fazer pausa nenhuma. Importante: durante a pausa o orador deve continuar olhando para os ouvintes! Pausar antes de uma idéia importante gera expectativa. Pausar depois, oferece a oportunidade de refletir. Pausa dramática: Pausa mais longa. Usada em declarações muito significativas. Vem depois deuma declaração enfática. Após a pausa o orador deve dizer as palavras com mais ênfase e energia, evidenciará aos ouvintes que não se perdeu ou esqueceu algo, que usou conscientemente o recurso da pausa. 4. SILÊNCIO. A audiência terá tempo para descansar a mente e “tomar fôlego” para assimilar novas idéias. Silêncio deliberado é um forte meio para fazer o público refletir. Silêncio inicial: ficar de pé diante do público, antes de começar o discurso. Serve para olhar a platéia, sorrir, dar um tempo para que se acostume com a sua presença e mostrar que você tem o controle da situação. NECESSIDADE DE SE EDUCAR A VOZ O mérito de um orador não está, como geralmente se pensa, apenas no texto dos seus discursos, ou então, apenas nas palavras, mas, também, na sua voz. Por isso mesmo, todo o orador tem que ter em mente que precisa procurar melhorar sempre a sua voz. Entre os homens, por exemplo, uma voz mal trabalhada, mal exercitada, colocada num resmungo, ou num murmúrio, ou então, colocada com Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 13 CURSO DE ORATÓRIA estridência (alta demais), na maioria das vezes põe a perder o brilho de textos bem estruturados e repletos de informações e citações educativas. Entre as mulheres dá-se o mesmo quando, desavisadas e até por hábito, fala em tom choroso com voz esganiçada (aguda). Geralmente a mulher coloca a sua voz em tom nasal, o que a torna quase inaudível. A BASE DA VOZ: A RESPIRAÇÃO A respiração correta é aquela que enche os pulmões de ar permitindo que uma pessoa, dado certo de exercícios, aumenta o fôlego1. Isto dá ao expositor maior alcance de voz. Porém, é necessário que saiba educar a saída do ar: a garganta e a boca devem se abrir de forma farta e tranquila ao falar. Contudo, de forma discreta, delicada e sem exagero. Todos os músculos faciais e o aparelho de fonação2 precisam estar relaxados ou afrouxados para evitar as mudanças da tonalidade de voz, o que acontece com muita freqüência, principalmente com os novatos, devido ao nervosismo. Tentar também evitar o defeito da hipertonia3 ou a hipotonia vocal4. Por isso mesmo é muito importante que o orador não somente conheça a sua própria voz, em matéria de tonalidade e timbre, como também saiba mantê-la sob controle, consciente de que somente assim estará dando força às suas expressões verbais. Ademais, terá meios de considerar melhor as dimensões do auditório onde fará o seu discurso, quer dizer, projetará a sua voz o suficiente para apenas preencher os espaços ambientais, sem risco de saturá-lo. Exemplo: os cantores profissionais aprendem a manter a língua encostada na parte inferior da boca para que ela não estorve a saída do som. AULA 04 1 Fôlego - Sopro; vento que se faz impelindo o ar com a boca; ação de expelir o ar aspirado. 2 Fonação - Aparelho responsável pela produção fisiológica da voz. 3 Hipertonia vocal - Falar alto em demasia. 4 Hipotonia vocal - Falar muito baixo. Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 14 CURSO DE ORATÓRIA ORATÓRIA - APRESENTAÇÃO PESSOAL Ministrado pelo Professor Ivanildo Alves APRESENTAÇÃO PESSOAL Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 15 CURSO DE ORATÓRIA Sabemos que a comunicação é importante, sempre foi e sempre será. É através da comunicação verbal que mantemos um número maior de contatos diários: palestras, cursos, reuniões, recados, bate-papo, ordens etc. Muitas pessoas são peritas em seus ramos de trabalho, algumas possuem até especializações, mestrado e doutorado. Mas quando necessitam expor seus conhecimentos, agem com tanta timidez e insegurança, que o público ouvinte fica literalmente decepcionado. Para alguns até pode ser fácil falar em público, mas para a grande maioria não é. Muitos se comunicam razoavelmente bem entre um e dois companheiros, mas quando é necessário falar oficialmente, com seriedade e em pé, para um público maior, seja ele conhecido ou não, se complica. Vocês sabiam que tem gente que tem mais medo de falar em público do que de morrer?. É verdade: uma pesquisa feita pelo Jornal Sunday Times, chegou a esta espantosa conclusão. Segundo os dados do estudo, 41% dos entrevistados disseram ter horror de fazer um discurso. Outra pesquisa feita com 10.000 australianos mostrou que um terço deles preferiria morrer a ter de abrir a boca diante de uma platéia. O problema é que esse fantasma ronda a vida de todo mundo, e mais dia, menos dia, também vai bater à sua porta. Você vai ter de dar uma aula, fazer uma palestra ou simplesmente apresentar os resultados de seu departamento na reunião da diretoria. Seja lá qual for a situação, terá de falar em público. A oratória não se resume em falar, oratória é comunicação, e para comunicar há uma necessidade de um conjunto de elementos: a forma como a pessoa chega ao recinto, o jeito como se acomoda em uma cadeira, a maneira que caminha para a tribuna, a postura que tem em relação aos demais participantes e a sua apresentação pessoal. A roupa é a embalagem da pessoa, o orador não pode descuidar desse aspecto. Sua apresentação pessoal terá reflexo na receptividade e na avaliação da platéia. Este é ponto que trataremos hoje neste artigo. A apresentação pessoal é o primeiro elemento que devemos observar, numa palestra, por exemplo. O palestrante deverá vestir-se bem, com Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 16 CURSO DE ORATÓRIA elegância e de acordo com o ambiente em que irá apresentar-se. Ou seja, é preciso compatibilizar a roupa com o local, o público e a oportunidade. Mesmo fora do tribunal, o advogado deve vestir-se e apresentar-se de forma ajustada ao ambiente, mas sem perder a dignidade do seu ofício. A mulher, igualmente, deve ter cuidados. As pernas e o decote não podem ser atrativos. Precisa vestir-se com elegância e discrição, para sobressair a capacidade da oratória. O orador que for para a tribuna com o paletó terá que suportar até o final. Tirar o paletó, desabotoá-lo, arregaçar as mangas ou soltar a gravata durante um discurso são procedimentos deselegantes. Ele deve estar sempre fechado, apenas o último botão de baixo fica livre. Não se usa paletó aberto em situação formal. E o discurso é a palavra posta em formalidade. A gravata deve combinar, em cores, em padrão, com a camisa e o paletó.Gravatas de cores escandalosas, com gravuras dos personagens de desenhos animados também não podem fazer parte do estilo de um profissional do Direito. O laço precisa ser bem formatado, ajustado e no lugar certo. Nunca, gravatas com o nó solto, passa uma aparência de bêbado, de boêmio. O comprimento certo da gravata é na altura do cinto. Nem mais, nem menos. Os sapatos são referenciais valiosos da personalidade da pessoa. Há mulheres que, ao conhecerem um homem, primeiro olham os sapatos. Elas pensam: se ele cuida dos sapatos, saberá cuidar da amada. Parece que ninguém vê, mas, ao contrário, os sapatos estão sendo observados por muitos. Por isso, mantenha-os sempre amarrados (se de cadarço) e limpos. Para apresentar-se bem não se esqueça também das unhas bem aparadas (para homens) e cabelos alinhados (para homens e mulheres). O orador não brilha apenas no púlpito. Antes, ele já estará a despertar atenção. Será observado por muitos nos momentos que antecedem o evento. Logo, sua postura, a sua forma de andar, os seus trejeitos, tudo será analisado. E, dependendodo que as pessoas perceberem, haverá uma prévia aceitação ou uma reação adversa mesmo antes de pronunciar a primeira palavra. Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 17 CURSO DE ORATÓRIA Concluindo, seja fino, educado e elegante. São valores que estão ficando esquecidos e as pessoas valorizam estes aspectos. DICAS PARA AS MULHERES • Barriga à mostra, tatuagens e piercings em evidência, calças com a cintura baixa demais -- tudo perfeito para seu fim de semana, mas absolutamente inadequado para usar em uma solenidade em que você precisará fazer uso da palavra. • Blusas sem mangas? Nem pensar em trajar-se desse modo em uma solenidade ou compromisso social em que você tenha de falar. Fuja sempre das transparências e dos decotes avassaladores. • O branco é pouco prático porque é uma cor extremamente sensível a qualquer mancha. Bege, cru e manteiga são opções mais acertadas. Mas se mesmo assim você preferir o branco, providencie um conjunto de lingerie nos tons uva ou chocolate, cores à prova de transparência. E você se sentirá mais à vontade. DICAS PARA OS HOMENS • Se a empresa exige que você use gravata, faça a coisa certa: gravatas são acessórios formais e pedem uma camisa social de mangas longas. Em vez de tentar adaptar o uso da gravata às camisas de mangas curtas, o mais coerente è discutir o assunto com o chefe. Porque não sugerir a ele que o pessoal do escritório adote, durante o verão, um estilo mais casual? • Vestir uma camiseta de algodão sob a camisa é a solução perfeita para quem transpira demais. Prefira camisas confeccionadas em puro algodão, que são mais confortáveis. Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 18 CURSO DE ORATÓRIA AULA 05 ORATÓRIA – APRENDER A LER EM PÚBLICO Ministrado pelo Professor Ivanildo Alves Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 19 CURSO DE ORATÓRIA APRENDA A LER EM PÚBLICO Muitas pessoas acham que ler em público é simples, já que basta transmitir o texto que está pronto no papel. Posso garantir, entretanto, que a leitura se constitui na técnica mais difícil e complexa para o orador comunicar uma mensagem. Ao longo dos últimos 30 anos, tenho treinado pessoas das mais diferentes atividades para falar com desembaraço e confiança diante da platéia. Essa experiência me permitiu constatar que é muito raro encontrar alguém que saiba ler em público de maneira correta e eficiente. A maioria não se dá conta de como deverá se dedicar para ter o domínio total da técnica da leitura. A não ser que você já tenha alguma experiência, precisará de pelo menos cinco horas de exercícios para desenvolver uma leitura de boa qualidade. Ao pesquisar os motivos que levam as pessoas a ter tanta dificuldade com essa técnica de comunicação, entre as causas mais relevantes pude observar duas que se destacam: • A primeira é que a maioria teve poucas chances de ler em público. Se você pensar bem, vai concluir que falamos de improviso desde o primeiro ano de vida. Entretanto, as chances de ler em voz alta diante de Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 20 CURSO DE ORATÓRIA um grupo de ouvintes são bem mais reduzidas. Alguns passam a vida toda sem nenhuma oportunidade de ler em público. • A outra causa é que além de, normalmente, as pessoas não terem experiência suficiente para ler em público, quando precisam recorrer a esse recurso de comunicação se apresentam sem critérios técnicos adequados. Embora a técnica seja complexa e exija treinamento, as orientações que você deve seguir para aprender a ler bem em público são bastante simples. Cuidado - comece agora mesmo a se aprimorar na leitura em público. Se você esperar o momento em que tenha necessidade de ler, talvez a circunstância impeça que se prepare de forma conveniente. Observe quais os pontos mais importantes para tornar a leitura em público eficiente: Mantenha contato visual com os ouvintes Tenha em mente que a mensagem deve ser transmitida para os ouvintes. Por isso, não fique olhando para o texto o tempo todo, como se estivesse conversando com o papel. Durante as pausas prolongadas e nos finais de frases, olhe para os ouvintes e demonstre com essa atitude que as informações estão sendo transmitidas para eles. Cuidado também para não olhar sempre para as mesmas pessoas. Distribua a comunicação visual olhando ora para um lado, ora para outro. Assim, todos se sentirão incluídos no ambiente. Uma boa dica para você não se perder, enquanto olha para os ouvintes, é marcar a linha de leitura com o dedo polegar, pois ao voltar para o texto saberá exatamente onde parou. Outro defeito que aparece com freqüência é o de tirar os olhos do texto, mas em vez de olhar para os ouvintes o orador olha para o teto, revirando os olhos como se estivesse em transe. Mantenha o papel na altura correta Se você deixar o papel muito baixo, terá dificuldade para enxergar o texto. Se, entretanto, deixar muito alto, esconderá seu rosto da platéia. Por Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 21 CURSO DE ORATÓRIA isso, procure deixar a folha na parte superior do peito, para ler com mais facilidade e não se esconder do público. Considere também que, se o papel estiver muito baixo, você terá que abaixar muito a cabeça para ler e levará muito tempo para retornar, olhar e ver as pessoas. Deixando a folha na parte superior do peito, bastará levantar um pouco a cabeça para tirar os olhos do texto e já estará mantendo a comunicação visual com os ouvintes. Falando em não abaixar a cabeça, ao digitar o texto procure usar apenas os dois terços superiores da página, deixando o terço inferior em branco. Esse cuidado permitirá um contato visual mais tranqüilo e suave, já que para ver as pessoas bastará apenas levantar os olhos, sem movimentar muito a cabeça. Faça poucos gestos Se a gesticulação na fala de improviso, sem papel nas mãos, deve ser moderada, na leitura, essa moderação dos gestos deve ser ainda maior. Exceto nos casos em que a mensagem exigir expressão corporal mais ativa, como nas circunstâncias de grande emoção, ao ler uma página, de maneira geral, você poderá se limitar a meia dúzia de gestos. É melhor que você faça poucos gestos, que destaquem as informações mais relevantes com convicção e firmeza, do que demonstrar hesitação e insegurança soltando repetidamente a mão do papel e retornando depressa, como se estivesse arrependido de ter feito aquele gesto. Como a falta dos gestos não trará tanto prejuízo ao resultado da apresentação, se você for muito inexperiente e encontrar dificuldade para gesticular, será melhor que não gesticule. Fique o tempo todo segurando a folha com as duas mãos. Aqui você poderia perguntar: mas, se a falta do gesto não prejudica tanto o resultado da leitura, por que gesticular? A falta do gesto não prejudica a apresentação a ponto de comprometer o objetivo da mensagem, mas é evidente que gestos harmoniosos, coerentes e expressivos serão importantes para tornar a leitura ainda mais eficiente. Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 22 CURSO DE ORATÓRIA Em outras palavras. A gesticulação na leitura é boa. Mas, enquanto você não souber gesticular, é melhor não correr riscos. Faça marcações Pequenas marcações no texto podem facilitar a interpretaçãoda mensagem. Use, por exemplo, traços verticais antes das palavras para indicar o momento de fazer pausas mais expressivas, e traços horizontais embaixo das palavras que mereçam maior destaque. Observe que essas marcações não coincidirão necessariamente com a pontuação gramatical. Por exemplo, nessa frase que você acabou de ler, se você fizesse uma pausa depois da palavra "marcações", poderia dar mais expressividade à leitura. E se você tremer? Até oradores muito experientes chegam a temer quando precisam ler diante do público. Se você também costuma sentir tremores nas mãos, uma boa saída é usar folhas de gramatura mais encorpada. Somente pelo fato de saber que, com as folhas mais grossas os pequenos tremores não serão percebidos, você irá se comportar com mais tranqüilidade e, provavelmente, não tremerá. Não se canse de treinar Você não pode ter preguiça para treinar. Para exercitar, selecione textos de jornais ou de revistas, faça marcações para ajudar na interpretação e treine com auxílio de uma câmera de vídeo - na falta desse equipamento, faça os exercícios na frente de um espelho. Dê atenção especial às pausas expressivas, à comunicação visual e aos gestos. Um texto para ser bem lido e interpretado necessita de pelo menos quinze ensaios, pois somente aí é que conseguirá soltar-se do papel com tranqüilidade e se comunicar de forma eficiente com os ouvintes. Não se esqueça, entretanto, de que para você ter domínio total da técnica precisará daquelas cinco horas que comentei no início. Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 23 CURSO DE ORATÓRIA Cuidado também para não ensaiar muito a ponto de decorar a mensagem e se esquecer de olhar para o papel. Se este fato ocorrer, diante da platéia, pelo menos finja que está lendo. Situações em que a leitura é recomendável A leitura deve ser reservada para circunstâncias especiais como: Pronunciamentos oficiais Textos muito técnicos que não possam conter erros Discursos de posse de presidentes de entidades, pois esse é o momento em que apresentam as bases da sua administração e não devem, portanto, improvisar Discursos de despedida de presidentes de entidades, pois ao deixar o cargo, de maneira geral, fazem um levantamento das suas realizações Agradecimentos de homenagens feitas a grupos, especialmente quando a mensagem representar a filosofia das pessoas, ou o discurso tiver de ser distribuído para a imprensa Discursos de oradores de turma, pois nesse momento estão representando a vontade de todos os colegas formandos Além dessas situações e de uma ou outra que poderia ser acrescentada, a leitura deveria ser substituída por outros recursos, que tratarei nesta coluna em outra oportunidade. DICAS Para facilitar a identificação de cifras, misture números com palavras. Por exemplo, fica mais fácil ler 38 milhões, do que 38.000.000, ou trinta e oito milhões Encerre sempre a página com ponto final. Frases incompletas no final da página o obrigarão a se apressar na busca do complemento da informação na página seguinte Numere as folhas com números bem visíveis para não se perder Deixe as folhas soltas, sem clipes ou grampos Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 24 CURSO DE ORATÓRIA Use um corpo de letra de acordo com sua capacidade de enxergar, mesmo que para isso seja obrigado a usar muitas folhas A tipologia minúscula de letras possui desenhos mais fáceis de ler do que a maiúscula. Por isso, use corpo de letra grande com tipologia minúscula AULA 06 ORATÓRIA – COMO USAR O MICROFONE Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 25 CURSO DE ORATÓRIA Ministrado pelo Professor Ivanildo Alves COMO USAR O MICROFONE Seria difícil imaginar os dias de hoje sem a presença do microfone. Sua utilidade é incontestável. Ele permite que a comunicação do orador seja mais Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 26 CURSO DE ORATÓRIA natural e espontânea, possibilitando falar a grandes platéias da mesma forma como se conversa com uma ou duas pessoas. Mesmo possuindo todas essas qualidades, o microfone, muitas vezes, é visto como um terrível inimigo, chegando a provocar pânico em determinados oradores, principalmente naqueles menos habituados com a tribuna. Isso ocorre por não se observar certos procedimentos elementares, mas de capital importância a uma boa apresentação. Vejamos, de forma resumida, o que deve ser feito para o bom uso do microfone: 1. Microfone de lapela Este tipo de microfone praticamente não apresenta grandes problemas quanto à sua utilização; ele é preso na roupa por uma presilha tipo "jacaré", de fácil manuseio. É muito útil quando se pretende liberdade de movimentos na tribuna. Para usá-lo bem, basta atentar aos itens que passaremos a comentar. a. Ao colocá-lo na lapela, na gravata ou na blusa, procure deixá-lo na altura da parte superior do peito, pois ele possui boa sensibilidade e a essa distância poderá captar a voz com perfeição. b. Enquanto estiver falando, não mexa no fio. É comum observar oradores segurando, enrolando, ou torcendo o fio do microfone. Já presenciamos casos que se mostraram cômicos; em um deles, sem perceber, o orador começou a enrolar o fio do microfone e, quando chegou ao final da apresentação, assustou-se ao verificar que esta com mais de dois metros de fio nas mãos. c. Outra precaução importante a ser tomada ao usar o microfone de lapela é a de não bater as mãos ou tocar no peito com força, próximo ao microfone, enquanto estiver falando, porque esses ruídos também são ampliados, prejudicando a concentração e o entendimento dos ouvintes. d. É perigoso fazer comentários alheios ao assunto tratado de qualquer microfone, porque sempre poderão ser ouvidos. No caso do microfone de lapela o problema passa a ser muito mais grave por causa da sua alta Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 27 CURSO DE ORATÓRIA sensibilidade. Ele permite captar ruídos a uma considerável distância. Isto sem conta que, preso na roupa, sempre o acompanhará. e. Talvez não seja necessário fazer este tipo de comentário, mas como já presenciamos inúmeros ocorridos desagradáveis, vale a pena alertar o orador para que não se esqueça de retirar o microfone quando terminar de falar e for sair da tribuna. 2. Microfone de pedestal Este tipo de microfone exige maiores cuidados para sua melhor utilização. É um microfone mais comum e encontrável na maioria dos auditórios. Veja agora o que deverá fazer para evitar problemas e melhorar as condições de sua apresentação. a. Inicialmente verifique como funciona o mecanismo da haste onde o microfone se sustenta e se existe regulagem na parte superior onde ele é fixado. Treine esses movimentos, abaixando e levantando várias vezes a haste, observando atentamente todas as suas peculiaridades. Evidentemente essa tarefa deverá ser realizada bem antes do momento de se apresentar, de preferência sem a presença de nenhum ouvinte. Se isto não for possível, verifique a atuação dos outros oradores mais habituados com o local e como se comportam com o microfone que irá usar. b. Já familiarizado com o mecanismo de regulagem da altura, teste a sensibilidade do microfone para saber a que distância deverá falar. Normalmente a distância indicada é de dez a quinze centímetros, mas cada microfone possui características distintas e é prudenteconhecê-las antecipadamente. Se durante o teste estiver acompanhado de um amigo ou conhecido, peça que ele fique no fundo da sala e diga qual a melhor distância e qual a altura ideal da sua voz. c. Ao acertar a altura do microfone, procure não deixar na frente do rosto, permitindo que o auditório veja o seu semblante. Deixe-o a um ou dois centímetros abaixo do queixo. Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 28 CURSO DE ORATÓRIA d. Ao falar, não segure na haste e fale sempre olhando sobre o microfone; dessa forma o jato da voz será sempre captado: assim, quando falar com as pessoas localizadas nas extremidades da sala, ou sentadas à mesa que dirige a reunião, normalmente posicionada no sentido lateral, gire o corpo de tal maneira que possa sempre continuar falando com os olhos sobre o microfone. e. Fale, não grite, isso mesmo, aja como se estivesse conversando com um pequeno grupo de amigos. Isso não quer dizer que deverá falar baixinho, sem energia; ao contrário, transmita sua mensagem animadamente, com vibração, mas sem gritar. f. Se for preciso segurar o microfone com a mão para se movimentar na tribuna, o cuidado com o jato de voz deverá ser o mesmo; nesse caso não movimente a mão que segura o microfone e deixe-o sempre à mesma distância. 3. Microfone de mesa O microfone de mesa requer os mesmo cuidados já mencionados, com a diferença de normalmente ser apoiado sobre uma haste flexível. Ao acertar a altura não vacile, faça-o com firmeza e só comece a falar quando tiver posicionado da maneira desejada. Se lhe oferecerem um microfone no momento de falar, antes de aceitar ou recusar, analise algumas condições do ambiente. Se os outros falaram sem microfone e se a sala não for muito ampla e permitir que a voz chegue até os últimos ouvinte, sem dificuldade, poderá recusá-lo. Se alguns oradores se apresentaram valendo-se do microfone, ou se sentir que o tamanho da sala e a acústica impedirão sua voz de chegar bem até os últimos elementos da platéia, aceite-o. Se o microfone apresentar problemas e você perceber que eles persistirão, desligue-o e fale sem microfone. Não peça opinião a ninguém sobre essa atitude. A apresentação é sua e você é o responsável pelo seu bom Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 29 CURSO DE ORATÓRIA desempenho. O microfone deve ajudar a exposição. Se, ao contrário, atrapalhar, é preferível ficar sem ele. AULA 07 ORATÓRIA – USO DO VOCATIVO Ministrado pelo Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 30 CURSO DE ORATÓRIA Professor Ivanildo Alves VOCATIVO O vocativo é o cumprimento ao público, uma forma educada de você se dirigir a ele chamando a atenção para sua presença ali na frente das pessoas. Deverá ser adequado à circunstancia em que você se apresenta, principalmente quanto ao grau de formalidade. Diante de ouvintes estranhos ou com posições hierárquicas importantes, os cumprimentos devem ser mais formais e cerimoniosos; já as platéias constituídas de pessoas conhecidas ou de seu relacionamento social ou profissional permitem vocativos mais informais. O vocativo “senhoras e senhores” resolve a maioria das situações, pois é respeitoso para qualquer tipo de público, evita a quebra do ritmo e não cansa o auditório com os intermináveis cumprimentos. Já para um grupo de subordinados ou colegas da mesma empresa, com quem você se relaciona há muitos anos, dificilmente seria indicado um cumprimento que se aproximasse da formalidade, mais apropriado poderia ser, por exemplo: “Alô, pessoal!” ou “Bom dia a todos!”. Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 31 CURSO DE ORATÓRIA Existindo uma mesa composta por pessoas que dirigem a reunião ou a solenidade, cumprimente-as e, em seguida, os demais ouvintes. Os cumprimentos devem seguir uma ordem decrescente de importância, por isso o cuidado de confirmar o nome correto dos que serão mencionados, a função de cada um e a ordem hierárquica precisa estar sempre entre as suas preocupações. Se a mesa for numerosa e não existir um protocolo rigoroso que obrigue o cumprimento a todos os seus componentes, você poderá utilizar alguns recursos que sempre são úteis nessa circunstancia. Veja dois dos mais eficientes: - Cumprimentar todas as pessoas da mesa ao mesmo tempo: “Autoridades que compõem a mesa de honra, senhoras e senhores...”; “componentes da mesa que dirige esta reunião, senhoras e senhores...”. - Eleger uma pessoa representativa da mesa ou o presidente da reunião, saudá-lo e estender o cumprimento aos demais componentes: “Excelentíssimo Senhor Governador Roberto Andrade da Silva, muita boa noite, e, ao cumprimentá-lo, estendo meus cumprimentos a todos os demais componentes da mesa. Senhoras, senhores...” Há ocasiões, entretanto, em que as pessoas se reúnem sem a mínima preocupação com o tipo de mensagem a ser transmitida; o único objetivo da maioria é estar naquele ambiente devido ao interesse pessoal, e importa muito ouvir seu nome ser pronunciado diante da platéia. Independentemente do esforço que você deva fazer para conquistar o auditório e envolve-lo com sua mensagem, essa aspiração do público não poderá ser desprezada e, em uma circunstancia dessa natureza, você deverá cumprimentar e fazer referência a todos os ouvintes de destaque daquele ambiente. O vocativo deve ser uma espécie de abraço que você dará no auditório, mais ou menos o mesmo comportamento caloroso que tem quando cumprimenta um amigo. Lembre-se de que ele faz parte da introdução, cujo objetivo é conquistar a platéia, e a maneira como você a saúda poderá ter influência decisiva na aceitação da mensagem. Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 32 CURSO DE ORATÓRIA Quando um aluno do nosso curso de oratória, ao fazer o seu exercício na tribuna, inicia a apresentação cumprimentando o público de forma mecânica, pedimos que ele reinicie uma ou mais vezes até que o contato inicial seja mais espontâneo e envolvente. Quando o discurso é lido, percebe-se que alguns oradores, mesmo sabendo bem o nome das pessoas que irão cumprimentar, recorrem ao que está escrito como se não as conhecessem. Verifique se esse fato acontece nas suas apresentações e só leia os nomes se tiver dúvida ou não souber quem são. Nas cerimônias oficiais, onde a precedência deve ser cumprida rigorosamente, siga a ordem estabelecida pelas recomendações oficiais. Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 33 CURSO DE ORATÓRIA AULA 08 ORATÓRIA – DICAS PARA FALAR MELHOR EM PÚBLICO Ministrado pelo Professor Ivanildo Alves Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 34 CURSO DE ORATÓRIA DICAS PARA FALAR MELHOR EM PÚBLICO 1. Seja Você Mesmo Essa é a primeira e maior "dica" de como falar melhor: a naturalidade acima de tudo. Nenhuma técnica poderá ser mais importante que a sua naturalidade. Aprenda, aperfeiçoe, progrida, mas ao falar seja sempre natural. 2. Pronuncie Bem as Palavras Pronuncie completamente todas as palavras. Principalmente não omita a pronúncia dos "s" e "r" finais e dos "i" intermediários. Por exemplo, fale primeiro janeiro, terceiro, precisar, trazer, levamos e não janero, tercero, precisá, trazê, levamo. Pronunciando todos os sons corretamente, a mensagem será melhor compreendida pelos ouvintes e haverá maior valorização da imagem dequem fala. Faça exercícios para melhorar a dicção lendo qualquer texto. 3. Fale com Boa Intensidade Se falar muito baixo, as pessoas que estiverem distantes não entenderão suas palavras e deixarão de prestar atenção. Também não deverá Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 35 CURSO DE ORATÓRIA falar muito alto porque, além de se cansar rapidamente, poderá irritar os ouvintes. Fale numa altura adequada para cada ambiente. Nunca deixe, entretanto, de falar com entusiasmo e vibração. Se não demonstrar interesse por aquilo que transmite, não conseguirá também interessar sua platéia. 4. Fale com Boa Velocidade Não fale rápido demais. Se sua dicção for deficiente será ainda mais grave, já que dificilmente alguém conseguirá entendê-lo. Também não fale muito lentamente, com pausas prolongadas, para não entediar os ouvintes. Use um aparelho gravador para conhecer melhor a velocidade de sua fala e decidir-se pelo melhor estilo. 5. Fale com Bom Ritmo Alterne a altura e a velocidade da fala para construir um ritmo agradável de comunicação. Quem se expressa com velocidade e altura constantes acaba por desinteressar os ouvintes, não pela falta de conteúdo, mas pela maneira "descolorida" como se apresenta. 6. Tenha um Vocabulário Adequado Um bom vocabulário tem de estar isento do excesso de termos pobres e vulgares, como palavrões e gírias. Por outro lado, não se recomenda um vocabulário repleto de palavras difíceis e quase sempre incompreensíveis. Evite também o vocabulário específico da sua profissão diante de pessoas não familiarizadas com esse tipo de palavreado. Evitando o vocabulário pobre e vulgar, não tendo a preocupação de se expressar com palavras difíceis e reservando o vocabulário profissional apenas para aqueles que atuam dentro da mesma área, você estará desenvolvendo um vocabulário simples, objetivo e suficiente para identificar todas as suas idéias e pensamentos. 7. Cuide da Gramática Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 36 CURSO DE ORATÓRIA Um erro gramatical, dependendo da sua gravidade, poderá atrapalhar a apresentação e até mesmo destruir sua imagem. Toda a gramática precisa ser correta, mas principalmente faça uma revisão de concordância e conjugação dos verbos. Muitos hesitam na construção das frases porque têm duvidas sobre a concordância a fazer ou o verbo a conjugar. Além disso, aumente suas leituras de livros de bons autores e observe atentamente a construção das suas frases. A leitura é uma das melhores fontes de aprendizado. 8. Tenha Postura Correta Fique sempre bem posicionado. Ao falar procure não colocar as mãos nos bolsos, nas costas, cruzar os braços, nem se debruce sobre a mesa, cadeira ou tribuna. Deixe os braços naturalmente ao longo do corpo ou acima da linha da cintura e gesticule com moderação. O excesso de gesticulação é mais prejudicial que a falta. Distribua o peso do corpo sobre as duas pernas, evitando o apoio ora sobre uma perna, ora sobre a outra. Essa atitude torna a postura deselegante. Também não fique se movimentando desordenadamente de um lado para outro e quando estiver parado não abra demasiadamente as pernas. Só se movimente se pretender se aproximar dos ouvintes, ou dar ênfase a determinada informação. Não relaxe a postura do tronco com os ombros caídos. Poderá passar uma imagem negligente, ou de excesso de humildade. Cuidado também para não agir de forma contrária não levantando demasiadamente a cabeça nem mantendo rígida a posição do tórax. Poderá passar uma imagem arrogante e prepotente. Deixe o semblante sempre descontraído e, sendo possível, sorridente. Não fale em alegria com a fisionomia fechada nem em tristeza com a face alegre. Lembre-se sempre que é preciso existir coerência entre o que falamos e o que demonstramos na fisionomia. Ao falar olhe para todas as pessoas para Ter certeza de que estão ouvindo e prestando atenção nas suas palavras. Principalmente ao ler, este Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 37 CURSO DE ORATÓRIA cuidado tem de ser redobrado, pois existe sempre a tendência de olhar o tempo todo para o texto, esquecendo a presença dos ouvintes. 9. Tenha Início, Meio e Fim Toda fala, seja simples conversa ou numa apresentação para uma grande platéia, precisa Ter início, meio e fim. 9.1. O Início No início procure conquistar os ouvintes desarmando suas resistências e conquistando seu interesse e atenção. Para isso poderá usar algumas das seguintes "dicas": · Conte uma pequena história que tenha estreita relação com o conteúdo da sua mensagem. Histórias normalmente despertam o interesse · Elogie sinceramente os ouvintes · Use uma frase que provoque impacto · Diga que não irá consumir muito tempo · Faça uma citação de autor respeitado pelos ouvintes · Use um fato bem humorado. Entretanto, evite piadas · Levante uma reflexão · Demonstre sutilmente que conhece o assunto e possui experiência · Aproveite uma circunstância fazendo um comentário sobre alguém presente ou que tenha falado há pouco, ou ainda sobre um acontecimento conhecido dos ouvintes Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 38 CURSO DE ORATÓRIA No início você não deverá: · Pedir desculpas por estar com problemas físicos (gripes, resfriados, dor de cabeça, etc.) ou por não estar devidamente preparado para falar · Contar piadas · Tomar partido sobre assuntos polêmicos · Começar com "chavões" ou frases muito usadas. Por exemplo: A união faz a força, uma andorinha só não faz verão, etc. · Fazer citações de autores muito polêmicos Saiba ainda que o início deverá ser breve, neutro e guardar interdependência com o restante da fala. 9.2. O Meio Na primeira parte do meio, prepare o tema a ser abordado: · Conte numa única frase sobre a matéria que irá abordar. Por exemplo: “Vou falar sobre o lazer do homem moderno" · Em seguida, faça um relato histórico do tema, ou levante um problema para o qual dará solução · Finalmente, fale sobre as etapas do assunto que irá desenvolver. Por exemplo: se o tema fosse lazer, as etapas poderiam ser: o lazer no campo, o lazer na praia e o lazer no clube. Na Segunda parte, desenvolva o assunto principal atendendo ao que foi preparado. Se fez um relato histórico, agora fale do presente; se levantou um Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 39 CURSO DE ORATÓRIA problema, agora dê a solução; se dividiu o tema, agora cumpra as etapas prometidas. Use comparações, exemplos, estatísticas, testemunho, enfim, tudo que puder para confirmar o conteúdo da sua exposição. Se sentir que alguém poderia fazer alguma objeção às suas afirmações, este é o momento de refutá- la. 9.3. O Fim No final, faça uma breve recapitulação. Em apenas uma ou duas frases, faça um resumo do que apresentou. Em seguida, para encerrar, use os mesmos recursos sugeridos para iniciar: elogiar o auditório, fazer uma citação, aproveitar uma circunstância, um fato bem-humorado, levantar uma reflexão, etc. Além disso, poderá pedir que ajam de acordo com suas propostas. Não encerre dizendo "era isso que eu tinha para falar" ou outras formas vazias, sem objetividade. 10. Fale com Emoção Fale com entusiasmo, vibre com a sua mensagem, demonstre emoção e interesse nas suas palavras e ações. Assim, terá autoridade para interessar e envolver os seus ouvintes. AULA 09 Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas nestecurso 40 CURSO DE ORATÓRIA LOCAL E CIRCUNSTÂNCIA DA APRESENTAÇÃO Ministrado pelo Professor Ivanildo Alves VERIFIQUE O LOCAL E AS CIRCUNSTÂNCIAS DA APRESENTAÇÃO Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 41 CURSO DE ORATÓRIA Alguns cuidados com o local e com as circunstancias que cercam a apresentação ajudam a indicar o melhor caminho para você alcançar um bom resultado diante do público. São observações que fazem naturalmente, até de maneira intuitiva, mas, se não se disciplinar com uma lista de itens a serem verificados, correrá o risco de negligenciar o levantamento de informações que, talvez, tenham influência decisiva na qualidade da exposição. Por estranho que possa parecer, oradores com maior experiência são os mais vulneráveis à ocorrência de fatos inesperados. Julgam, geralmente, que por estarem acostumados a fazer apresentações não encontrarão problemas e imaginam que, se eles surgirem, saberão como contorná-los. Esse comportamento poderá trazer resultados desastrosos. Primeiro porque obstáculos aparecem com mais freqüência do que normalmente se supõe; depois, de nada adiantará ser experiente se a solução depender de fatores alheios a sua ação. Portanto – não importa se você é iniciante ou traquejado no uso da palavra em público -, fique sempre atento a todos estes itens que iremos analisar: O tamanho do auditório; O local; Os recursos disponíveis; O apoio da apresentação; Os ambientes abertos; As últimas observações 1. O tamanho do auditório Será que você falará para um auditório numeroso, com mais de duzentas pessoas, ou para um público pequeno, de dez ou quinze ouvintes? Imagine ima circunstancia em que você, despretensiosamente, se dirigisse a uma reunião informal para falar com uma dúzia de pessoas e, então, descobrisse que, na verdade, a exposição seria para uma platéia bastante numerosa, com centenas de ouvintes. Talvez essa surpresa causasse desconforto, porque exigiria um grande esforço de concentração a fim de se adaptar à nova realidade. É provável, também, que os recursos visuais fossem inadequados, pois o uso de um flip chart, que atenderia às necessidades de um pequeno auditório, Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 42 CURSO DE ORATÓRIA não seria próprio para uma grande platéia, e a quantidade de folhetos destinados a um pequeno grupo se tornaria suficiente para um público numeroso. O auditório numeroso permite, e em determinadas circunstancias até exige, gesticulação mais abrangente e volume de voz mais intenso. A platéia pequena possibilita uma comunicação mais informal e intimista, podendo você falar em volume mais baixo de voz e gesticulação mais moderada. 2. O local Faz parte do preparo de uma apresentação saber onde ela será realizada. Descubra se o local é de fácil acesso, se no caminho encontrará transito pesado e vagaroso, quanto tempo será necessário para chegar, se há estacionamento próprio ou não. Se precisar falar em outra cidade, sendo possível, chegue no período anterior ao da apresentação, isto é, se for à tarde, chegue pela manhã; se fora noite, chegue à tarde e, dependendo da distancia, talvez até seja necessário chegar um dia antes do evento. Ainda com relação ao local, você precisará conhecer em que circunstancias a apresentação ocorrerá. Será prudente observar se as cadeiras são confortáveis, como estão dispostas e se o número é suficiente para o público esperado. Quando os ouvintes estão bem acomodados e tendo boa visibilidade do orador, mostram-se mais dóceis e receptivos. Se, ao contrário, precisarem ficar em pé ou sentados em cadeiras desconfortáveis, em salas pouco ventiladas ou com iluminação deficiente, podem se tornar ansiosos, com vontade de sair e até desenvolver algum tipo de hostilidade com relação ao orador ou às idéias apresentadas. Se não puder influir na melhoria das acomodações, a solução é falar o mais rápido possível. Se o auditório for maior do que seria necessário para a quantidade de pessoas presentes, convém colocá-las próximas umas das outras nas primeiras fileiras. Se os ouvintes ficarem distantes, afastados uns dos outros, talvez se sintam alheios ao ambiente e desmotivados a se envolverem com a apresentação. Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 43 CURSO DE ORATÓRIA Se julgar conveniente fazer com que os ouvintes mudem mais para a frente da sala, evite assumir essa tarefa. É preferível pedir ao responsável pelo evento que tome a iniciativa, pois, estando as pessoas já acomodadas, poderão irritar-se por ter de sair das suas cadeiras. É obvio que, se existe o risco de contrariar a platéia, você - que fará a apresentação com a incumbência de conquistar o público – deverá evitar ser o causador do aborrecimento. Por sua vez, para alimentar um provável nervosismo, é prudente não deixar os primeiros ouvintes muito próximos a você, especialmente se estiver atuando ainda como principiante. Posicione-se de três a cinco metros das primeiras cadeiras. Em ambientes grandes, com público numeroso, a distancia pode ser ainda maior. À medida que você for se sentindo mais à vontade, desde que a circunstancia permita, poderá se aproximar mais do público. Entretanto, há pessoas que ficam mais inseguras quando se distanciam da platéia, por se sentirem alvo das atenções. Caberá a você decidir que distancia do público o deixa mais à vontade. 3. Os recursos disponíveis Tudo precisa ser verificado nos menores detalhes para evitar, ao máximo, que algo possa sair errado e atrapalhar o evento. Confira com antecedência os tipos e o funcionamento dos microfones disponíveis; a qualidade do som e a acústica da sala; os projetores multimídia, os aparelhos de retro-projeção, projetores de slides, vídeos e áudios; o local das tomadas, a necessidade de fios de extensão ou lâmpadas de reserva; a existência ou não, na sala, de telefones que poderiam tocar durante a exposição; as folhas de papel do flip chart; os pinceis e o giz; o lugar ideal para a lousa, o quadro magnético ou a tela para projeção. Provavelmente, você nem sempre terá condições de fazer todas essas verificações com muita antecedência. Por isso, ao chegar ao local da apresentação. Peça para falar com o responsável pelo som e pelos equipamentos de projeção e faça com eles os testes para o uso de CDs, DVDs, fita de vídeo e outros recursos que pretenda utilizar. 4. O apoio da apresentação Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 44 CURSO DE ORATÓRIA Se a apresentação for num hotel, saiba quem é a pessoa responsável pela sala que irá ocupar, se possuem um técnico de manutenção e quais os ramais telefônicos que deverão ser acionados no caso de uma emergência. Mesmo que uma pessoa especializada faça a instalação do equipamento a ser utilizado faça a instalação do equipamento a ser utilizado, procure testá-lo pessoalmente e verifique se está de acordo com suas necessidades e apropriado para aquele ambiente. E aqui vai um conselho baseado na minha experiência pessoal: faça tudo o que puder para que o som seja da melhor qualidade possível. Quando o som é de boa qualidade, nós nos sentimos abraçados pela própria voz e falamos com ritmo e cadencia agradáveis, sem esforço. Quando, entretanto, o som é deficiente, nós nos sentimos desamparados, temos que fazer esforço com a voz, deixamos de alternar o volume e a velocidade, e o resultado da apresentação,de maneira geral, é prejudicado. Se você faz apresentações com freqüência e utiliza, na maioria das vezes, os mesmos recursos, como microfones sem fio, câmeras de vídeo, projetores multimídia, computadores, analise a possibilidade de ter os seus próprios equipamentos. Além de nominar com mais segurança os seus instrumentos de apoio, evitará o risco de receber dos organizadores do evento aparelhos defeituosos ou sem condições apropriadas ou sem condições apropriadas para funcionar. 5. Os ambientes abertos São muitos os detalhes que você precisa verificar antes de uma apresentação ser realizada num ambiente aberto. Desde a consulta ao serviço ao serviço de meteorologia, para saber se há previsão de chuvas – e, nesse caso, providenciar um local coberto para proteger as pessoas que compõem a assistência -, até a posição do sol e o sentido do vento, para escolher o melhor lugar para a tribuna. Mas, de todos os cuidados, nessas circunstancias, o mais importante diz respeito à qualidade do som. Em ambientes abertos, se você falar sem microfone, a voz não alcançará mais do que alguns poucos metros, e o público não conseguirá ouvir a mensagem. Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 45 CURSO DE ORATÓRIA Em geral, nessas ocasiões, a platéia é numerosa e permanece em pé, numa posição desconfortável, o que o deixa sem condições para ouvir por tempo prolongado. Também nessa circunstancia, provavelmente, nem sempre você terá condições de verificar pessoalmente todos os detalhes. Entretanto, saiba que a responsabilidade pelo sucesso ou pelo fracasso da apresentação será sempre sua. Por isso, encarregue alguém de sua confiança para observar se todas as providencias foram tomadas. 6. As últimas observações Ao chegar ao local, você deve tomar algumas providencias importantes para o sucesso da apresentação. Estes são alguns dos dados mais importantes que precisam ser confirmados: O nome correto e o cargo ou a posição hierárquica das pessoas a serem mencionadas ou que irão compor a mesa diretora (convém orientar o responsável pelo evento para que avise de imediato a ocorrência de qualquer alteração); Se algum fato relevante ocorreu antes de sua chegada; Se algum fato ou informação deveriam ser evitados, devido à presença de uma pessoa ou de um grupo delas; Quem falará antes e depois; Quais os assuntos sobre os quais as outras pessoas irão discorrer, para ter certeza de que o programa inicialmente proposto não foi alterado; Se irá falar em pé ou sentado, ou se terá liberdade de escolher a maneira de se apresentar; Se usará uma tribuna e, em caso afirmativo, se ela é adequada à sua estatura. No caso no caso de você ser baixo, talvez seja necessário um pequeno tablado (imperceptível aos ouvintes) para não ficar escondido, so com a cabeça aparecendo. Quando a rainha Elizabeth II visitou os EUA, os responsáveis pelo cerimonial negligenciaram esse detalhe e ela praticamente desapareceu atrás da tribuna, preparada para o Presidente Bush, muito mais alto. Sua fala ficou Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 46 CURSO DE ORATÓRIA conhecida como o discurso do chapéu listrado foi a única parte visível da Rainha. AULA 10 O DISCURSO EMOTIVO: A SENSIBILIZAÇÃO DO OUVINTE Ministrado pelo Professor Ivanildo Alves Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 47 CURSO DE ORATÓRIA O DISCURSO EMOTIVO: A SENSIBILIZAÇÃO DO OUVINTE As reações de ordem emotiva, sentimental ou de prazer proporcionadas pelas palavras em um discurso não dependem apenas dos diferentes sentidos que elas evocam; também se originam no inusitado, na musicalidade, na agradabilidade que proporcionam e, em consequência, um discurso impressionará mais ou menos, de acordo com sua capacidade de atingir (e ativar) as paixões do auditório, atraindo seu interesse, prolongando a sua atenção e motivando-o para a adesão. A expressividade, assim, é vista da perspectiva do auditório e não como manifestação da interioridade (da subjetividade) do orador, tal como predominava no espírito romântico. A conquista (pela expressividade) como recurso argumentativo parece estar, duplamente, a serviço do raciocínio: por um lado, prepara o espírito do auditório para que, pelo menos, se disponha positivamente a acompanhar a argumentação desenvolvida e, por outro, procura sensibilizá-lo, convencê-lo, ou para a atitude que o orador pretende alcançar por meio da argumentação, tecnicamente desenvolvida. Assim, para não comprometer o caráter artístico da argumentação, do ponto de vista retórico, as tradicionais figuras da linguagem deixam de ser interpretadas, apenas, como mecanismos que tornam o discurso elegante ou bonito; exercem papel emotivo na medida em que impressionam e se colocam, Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 48 CURSO DE ORATÓRIA também, como condensadoras de determinados valores ao redor dos quais se estabelece a argumentação. Mesmo que a Estilística designe pelo nome de figura "uma maneira de falar mais viva que a linguagem comum e destinada a tornar sensível a audiência por meio de uma imagem, uma comparação ou a chamar melhor a atenção pela sua justeza e originalidade" (GUIRAUD, 1970, p.30), o papel retórico da figura não pode ficar reduzido a isso: também apresenta potencial argumentativo enquanto construção dos sentidos. Seu uso, portanto, vai além do expressar a subjetividade. A estática da comunicação (PARRET, 1997) pode contribuir para a compreensão do papel afetivo que a linguagem verbal e, mais especificamente, determinadas expressões nominais desempenham. Não significa que, necessariamente, fragilizem o interlocutor na sua capacidade intelectual; apenas que lhe solicitam raciocinar com "as razões da paixão", por sua natureza diferentes daquelas que iluminam o raciocínio objetivo, frio, calculista, quase lógico; mas nem por isso, irracionais. Se o ser humano é um misto de razão e de emoção, sua racionalidade não se poderia resumir apenas a primeira, tal como o entendiam os cartesianos. Não parece, portanto, contraditório falar de uma racionalidade emotiva, a qual se dirige o discurso enquanto organização e unidade de sentido, ao mesmo tempo amparado por uma linguagem tecnicamente precisa e pragmaticamente adequada. ALGUMAS EMOÇÕES QUE PODEM SER PROVOCADAS PELO ORADOR NA PLATÉIA: -Piedade, dó, pena (o enterro do vovô Ariosvaldo). -Raiva, indignação (A morte de uma criança vítima de bala perdida) -Alegria, felicidade (O nascimento da pequena Jéssica, filha do casal Arnaldo e Melisse) Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 49 CURSO DE ORATÓRIA -Tristeza, melancolia (A despedida do padre Luciano Alves de nossa paróquia onde deixa muitos amigos) -Confiança, entusiasmo, otimismo (com o novo governo que se instala). -Desencanto, pessimismo, desconfiança (idem). -Temor, medo. ÚLTIMAS OBSERVAÇÕES: 1-Surgem muitas oportunidades na vida para treinar o ato de falar em público tais como: cultos religiosos, missas, leituras em sala de aula, discursar em festas familiares, reuniões de trabalho ou associações, congressos estudantis, seminários e encontros de trabalho ou de estudantes, discursos de boas- vindas, um brinde a alguém. NÃO PERCA ESSAS OPORTUNIDADES!! FALE, PEÇA A PALAVRA!!! 2-FALAR NÃO É UM DOM. É UMA ARTE QUESE APRENDE. Pratique todos os dias as técnicas desenvolvidas neste curso 50
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