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Curso de Medicina Veterinária: Patologia Especial . Relatório de Palestras SAMVET Aluna: Iohana Costa de Paula Torres (03341214). Professor: Paulo Gustavo Marello Manaus - AM Sumário 1. Introdução ………………………………………………………………………………..… 3 2. Ciclo de Palestras ….…………………………………………………………………...…. 4 3.1 Primeiro dia ……………………………………………………………………..……..... 4 3.2 Segundo dia …………………………………………………………….………………. 5 2.3 Terceiro dia ……………………………………………………………………………… 7 3. Conclusão ..…………………………………………………………………………...……. 9 1. Introdução Durante a Semana Acadêmica de Medicina Veterinária, entre os dias 15, 16 e 17 de abril,, onde foi promovido um ciclo de palestras com o objetivo de ampliar o conhecimento dos estudantes e aproximá-los da realidade do mercado de trabalho. O evento contou com a participação de diversas empresas do ramo pet, como fabricantes de rações, além de palestrantes especializados em diferentes áreas da medicina veterinária. Ao longo da programação, foram abordados temas relevantes e diversos, como os principais ramos de atuação na medicina veterinária, primeiros socorros em animais, manejo de grandes animais, o ciclo do elo entre tutores, veterinários e animais, entre muitos outros assuntos de grande importância para a formação acadêmica e profissional dos participantes. As palestras proporcionaram momentos de aprendizado prático e teórico, possibilitando uma visão mais ampla e atualizada da profissão. 2. Ciclo de palestras 2.1 Primeiro dia A primeira palestra do ciclo teve como tema as emergências em peta não convencionais. A apresentado pela Dra. Larissa a palestra abordou de forma clara e objetiva os principais casos atendidos na rotina veterinária envolvendo essas espécies, com destaque para traumas, problemas nutricionais, animais que viviam em cativeiro, choques contra janelas, ataques de cães e gatos, atropelamentos, fraturas, lacerações, queimaduras, traumatismo cranioencefálico (TCE) e hemorragias. No caso do TCE, o palestrante explicou como é feito o diagnóstico, utilizando observação da postura do animal, exames como hemograma, bioquímica, raio-X, além da análise de sinais clínicos como a anisocoria (pupilas de tamanhos diferentes). O tratamento inclui fluidoterapia, suplementação de cálcio (principalmente em aves), e o uso de analgésicos como o tramadol e anti-inflamatórios como a dexametasona. Para os traumas com lacerações, além dos exames já citados, também se pode utilizar a tomografia para avaliar melhor a extensão da lesão. O tratamento envolve fluidoterapia, analgesia, suplementação, desbridamento (remoção do tecido danificado), limpeza da lesão e acompanhamento até a cicatrização completa. A palestra também trouxe à tona a importância dos problemas nutricionais, que são muito comuns e muitas vezes não recebem a devida atenção. Erros na alimentação, como oferecer comida humana ou dietas inadequadas, além da falta de suplementação, podem causar diversos problemas nos animais silvestres, como retenção de ovos, maloclusão dentária, má formação do bico e prolapso cloaca. A segunda palestra teve como foco principal apresentar uma visão ampla e estratégica sobre as possibilidades de atuação do médico veterinário no mercado de trabalho fora do ambiente clínico, especificamente no ramo comercial. O tema trouxe à tona uma vertente ainda pouco explorada por muitos estudantes, mas que tem ganhado cada vez mais espaço e importância dentro do setor. Durante a apresentação, foi destacado o papel do médico veterinário como representante comercial de empresas da área pet e agropecuária, atuando diretamente com a divulgação, apresentação e venda de produtos técnicos, como rações, medicamentos, vacinas, suplementos e equipamentos. Além disso, o palestrante abordou a importância do conhecimento técnico do profissional, que o torna capaz de explicar com propriedade os diferenciais dos produtos e oferecer soluções mais assertivas aos colegas veterinários e estabelecimentos. Outros pontos discutidos incluíram o trabalho de pesquisa de mercado, análise de concorrência, estratégias de marketing e relacionamento com clientes. 2.2 Segundo dia A primeira palestra do segundo dia do ciclo teve como tema Profucao animal. A apresentação ministrada pela Dr. Adriene Núzia de Almeida Santos destacou como a produção animal é um pilar essencial do agronegócio e da segurança alimentar mundial, e mostrou que o médico veterinário tem papel fundamental em todas as etapas dessa cadeia. Durante a palestra, foi reforçado que o trabalho do médico veterinário vai muito além da clínica, sendo indispensável na produção de leite, carne (bovina, suína e de frango), ovos e derivados. Sem a atuação desse profissional, não seria possível manter os animais saudáveis, bem nutridos, nem garantir a qualidade dos produtos de origem animal. Foram detalhadas as principais funções do médico veterinário em diferentes setores da produção animal. Entre elas, o palestrante destacou o papel do Responsável Técnico (RT) ou consultor, que acompanha todo o processo produtivo, desde a criação até o processamento dos produtos, sempre prezando pelo bem-estar animal, higiene, segurança alimentar e cumprimento das normas legais. Um dos pontos mais abordados foi a garantia da qualidade da carne – “do campo ao açougue”. Para que o alimento chegue ao consumidor final com segurança, é necessário um controle sanitário rigoroso em todas as etapas da cadeia produtiva. Nesse contexto, o médico veterinário realiza a inspeção ante mortem, avaliando se os animais estão aptos para o abate, podendo classificá-los como: Aptos (saudáveis e sem sinais clínicos); Condicionais (requerem abate especial); Inaptos (com doenças sistêmicas ou risco de contaminação). Já na inspeção post mortem, o veterinário avalia as carcaças dos animais, podendo classificá-las como: Aproveitamento total; Aproveitamento parcial (com condenação de partes específicas); Condenação total, em casos de doenças generalizadas. Além da inspeção, o médico veterinário atua no processamento industrial, garantindo a higiene do ambiente, a rastreabilidade dos produtos, o controle de temperatura e o cumprimento de normas como o RISPOA (Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal). Como Responsável Técnico (RT), o médico veterinário também atua elaborando e implementando manuais de boas práticas de fabricação (BPF), procedimentos operacionais padronizados (POP), e treinando equipes de trabalho. Sua presença é necessária em frigoríficos, laticínios, açougues, mercados, restaurantes, peixarias, e também em órgãos de fiscalização e certificação.A palestra reforçou a importância da medicina veterinária dentro do agronegócio, mostrando que essa é uma área com muitas oportunidades e grande impacto social, econômico e ambiental. A palestra abordou a importância da alimentação animal dentro dos sistemas de produção de pequenos ruminantes, como ovinos e caprinos. Foi destacado que a alimentação representa a maior parte dos custos operacionais, o que torna essencial a busca por alternativas mais econômicas e sustentáveis. Tradicionalmente, os ingredientes mais utilizados na dieta desses animais muitas vezes competem com a alimentação humana, o que aumenta os custos e limita o acesso a esses insumos, especialmente durante períodos de entressafra. Nesse contexto, os alimentos alternativos surgem como umasolução viável. O que são alimentos alternativos? São ingredientes que normalmente não fazem parte da dieta convencional dos pequenos ruminantes, mas que possuem valor nutricional e podem ser utilizados com segurança. Isso inclui subprodutos agrícolas, forragens não convencionais e resíduos de indústrias alimentícias. Alternativas para reduzir os custos com alimentação: Coprodutos e subprodutos regionais, como exemplo ( farelo de trigo, polpa cítrica e bagaço de cana-de-açúcar); Forragens não convencionais, Como o capim-elefante, sorgo forrageiro e leguminosas que podem ser cultivadas em diferentes regiões; Resíduos de indústrias alimentícia; Cascas de frutas e vegetais, que oferecem fibras e nutrientes, desde que respeitados os limites e características de cada matéria-prima. Foi ressaltado que é importante considerar a oferta do produto, o preço em comparação à alternativa convencional, e a presença de agentes antinutricionais antes de escolher o alimento alternativo a ser incluído na dieta dos animais. Vantagens do uso de alimentos alternativos: Redução dos custos com alimentação, já que muitos desses ingredientes são mais baratos do que as rações comerciais; Sustentabilidade e menor impacto ambiental, por meio do aproveitamento de subprodutos e redução do desperdício; Valorização de produtos regionais, especialmente os provenientes da região amazônica, como óleos vegetais, frutas nativas e seus subprodutos (por exemplo, o tucum), que apesar de não terem valor econômico direto, contribuem com valor nutricional e promovem uma agricultura mais sustentável. A palestra trouxe uma visão prática e consciente sobre como é possível melhorar o desempenho produtivo de pequenos ruminantes, sem comprometer o orçamento do produtor, e ainda incentivando a sustentabilidade e o aproveitamento de recursos locais. 2.3 Terceiro dia Na primeira palestra do terceiro dia, o tema principal foi a importância do diagnóstico laboratorial dentro da medicina veterinária,apresentado pela Drz. Evellyn Castro. A palestra destacou como esse tipo de diagnóstico é essencial pra ajudar os médicos-veterinários a entender melhor o que está acontecendo com os animais, desde infecções até distúrbios endócrinos, hepáticos, e até mesmo câncer. A patologia clínica veterinária basicamente estuda e interpreta alterações em exames hematológicos, bioquímicos, citológicos e microbiológicos. Pra isso, são usadas amostras biológicas como sangue, urina, fezes e líquidos de cavidades do corpo. O objetivo principal é fornecer informações que ajudem no diagnóstico, monitoramento e prognóstico de várias doenças. Um dos grandes pontos falados foi o diagnóstico precoce, que é super importante pra começar os tratamentos logo e aumentar as chances de sucesso. Também foi comentado sobre a utilidade desses exames pra avaliar a saúde geral do animal, acompanhar como ele tá respondendo ao tratamento, e até detectar doenças que ainda não apresentam sintomas (as famosas subclínicas). Foram citados alguns exames bem comuns e importantes, como: Hemograma: analisa as células do sangue. Ajuda a detectar anemia, infecções, inflamações, alergias, leucemia, problemas na medula óssea, desidratação e muito mais; Eritrograma: é uma parte do hemograma que foca nos glóbulos vermelhos. Serve pra entender melhor casos de anemia e alterações na oxigenação do corpo; Bioquímica sérica: analisa componentes químicos no sangue pra avaliar o funcionamento de órgãos como fígado, rins e pâncreas; Urinalise: examina a urina e é útil pra investigar infecções urinárias, problemas renais e outras condições Um ponto que o palestrante reforçou foi a importância da coleta correta das amostras, porque se isso for mal feito, o resultado pode não refletir o real estado do animal. A segunda palestra do dia abordou a Teoria do Elo, ministrada pela Dra. Marcella Souza, que trata da conexão direta entre a violência contra animais e a violência contra seres humanos, especialmente dentro do ambiente doméstico. A principal ideia apresentada foi de que pessoas que cometem maus-tratos contra animais muitas vezes também são agressoras de pessoas ou já foram vítimas de violência, criando um ciclo que pode ser identificado ainda nos primeiros sinais. A origem dessa teoria remonta ao ano de 1963, com o psiquiatra John Macdonald, que desenvolveu o conceito da Tríade do Psicopata. Segundo ele, serial killers costumam apresentar três comportamentos desde a infância: fazer xixi na cama com frequência, gostar de colocar fogo nas coisas (piromania) e maltratar animais. Casos famosos como Jeffrey Dahmer e Ted Bundy foram mencionados como exemplos de criminosos que começaram agredindo animais antes de cometerem crimes contra pessoas. No Brasil, o conceito começou a ser discutido de forma mais concreta entre os anos de 2011 e 2013, com a pesquisadora Maria Padilha, que investigou relatos de vítimas de violência doméstica. Ela observou que, em muitos desses casos, os agressores também cometiam maus-tratos contra animais da casa, mostrando que a violência raramente era direcionada apenas a um alvo. Um ponto central da palestra foi o papel do médico-veterinário nesse contexto. O profissional pode ser uma das primeiras pessoas a identificar que algo está errado, a partir de sinais físicos ou comportamentais no animal. Além disso, ele tem contato direto com tutores e pode observar o ambiente onde o animal vive, o que amplia sua capacidade de perceber indícios de violência não só contra os animais, mas também contra pessoas. O palestrante destacou que o veterinário deve estar consciente de sua responsabilidade social, ser treinado para identificar sinais de maus-tratos e saber agir de forma ética e profissional diante desses casos. É fundamental que ele conheça bem a espécie animal que está avaliando, saiba seguir protocolos corretos, faça uma boa observação do comportamento tanto do animal quanto das pessoas envolvidas e analise também o ambiente físico em que tudo acontece. Além disso, o veterinário pode atuar de forma ativa na prevenção e combate à violência, orientando tutores e a sociedade em geral, denunciando situações suspeitas, protegendo outros animais e seres humanos que possam estar em risco, e promovendo a saúde pública. O profissional também precisa estar preparado para avaliar lesões, distinguir entre acidentes e agressões, e entender que tanto a negligência (física ou emocional) quanto o abuso e violência (físicos ou psicológicos) devem ser levados a sério. 3. Conclusão O ciclo de palestras ofertado pela SAMVET, realizado ao longo de três dias, proporcionou uma verdadeira imersão no universo da medicina veterinária, explorando desde aspectos técnicos até possibilidades de atuação no mercado. Ao longo dos encontros, temas como anestesiologia e sua importância nos procedimentos clínicos, emergências veterinárias, manejo e atendimento a animais silvestres, além da atuação do veterinário em casos de maus-tratos e a importância do profissional na área agropecuária foram discutidos de forma clara e aprofundada. Também foram abordadas as diferentes áreas e ramos dentro da medicina veterinária, incluindo a área comercial, onde o veterinário pode atuar com vendas técnicas, consultoria, representação de marcas e desenvolvimento de produtos. As apresentações das empresas de medicamentos e rações veterinárias ajudaram a entender como funciona esse setor e mostraram que o mercado é amplo e cheio de oportunidades. Além de ampliar o conhecimento técnico, as palestras serviram como um complemento essencial às aulas teóricas da graduação, ajudando a visualizar melhor a prática profissional e a versatilidade da carreira. Foram momentos enriquecedores que despertaram interesse por áreas que muitos ainda não conheciam, além de reforçar a importância do papel do médico-veterináriona saúde animal, humana e ambiental. De forma geral, o evento contribuiu para consolidar aprendizados, inspirar novas possibilidades e fortalecer o sentimento de pertencimento à profissão. Sem dúvida, uma experiência que marcou positivamente nossa formação.