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ESTUDO DIRIGIDO II 
 
Nome dos Aluno Luis Cláudio Cardoso da Silva 
Kirley jaira Assunção Santos 
Marcelo Ferreira Dias 
Curso: Engenharia Civil 
Disciplina: Projeto Integrador: Sustentabilidade no Tratamento de Água 
Professor: 
Gustavo Nicholas Gonçalves Mendes 
 
Projeto Integrador: Sistema Alternativo de Tratamento de Água para 
Situação Pós-Enchente 
1. Introdução 
Os eventos extremos relacionados às mudanças climáticas, como enchentes e 
transbordamentos de cursos d’água, têm se tornado cada vez mais frequentes, 
impactando de forma severa a qualidade da água utilizada em áreas urbanas periféricas 
(Tundisi & Tundisi, 2015). Em situações pós-enchente, a água disponível apresenta alto 
risco sanitário, contendo sedimentos, metais, matéria orgânica e, principalmente, 
agentes patogênicos oriundos do contato com esgotos e resíduos sólidos (OMS, 2022). 
A necessidade de sistemas emergenciais, sustentáveis e de baixo custo para tratamento 
de água torna-se evidente principalmente para populações vulneráveis, onde o acesso a 
infraestrutura convencional é limitado. Soluções alternativas descentralizadas podem 
garantir segurança hídrica, reduzir doenças de veiculação hídrica e fortalecer a 
resiliência das comunidades (ANA, 2021). 
2. Contexto Escolhido 
O sistema proposto será aplicado em uma comunidade urbana periférica afetada por 
enchentes recorrentes. Após o recuo das águas, as residências ficam sem 
 
 
abastecimento potável e dependem de fontes temporárias — como poços rasos 
contaminados, água acumulada em reservatórios improvisados ou caminhões-pipa. 
Nessas situações emergenciais, a água frequentemente apresenta: 
● alta turbidez; 
 
● presença de E. coli e coliformes totais; 
 
● metais dissolvidos do arraste urbano; 
 
● hidrocarbonetos provenientes de veículos e oficinas; 
 
● material orgânico putrefativo e micro-organismos. 
 
Conforme estudos sobre água pós-inundação em centros urbanos, trata-se de um cenário 
crítico que exige intervenção imediata (Rodrigues & Almeida, 2018). 
3. Análise Preliminar da Água 
As características da água encontrada em áreas alagadas urbanas podem variar, mas 
estudos apontam padrões comuns (FUNASA, 2014; von Sperling, 2014): 
Parâmetro Valor típico pós-enchente Riscos associados 
Turbidez 100–500 NTU Reduz eficiência da 
desinfecção 
Coliformes totais / E. 
coli 
Acima do limite Causa diarreia, febre 
tifoide, hepatite A 
pH 6–7 Dentro da faixa aceitável 
Metais pesados Traços de Fe, Pb, Zn Risco crônico à saúde 
Matéria orgânica Elevada Favorece proliferação 
microbiana 
 
 
A Portaria GM/MS nº 888/2021 classifica essa água como imprópria para ingestão, 
requerendo tratamento físico, químico e desinfecção. 
4. Sistema Alternativo de Tratamento Proposto 
O sistema emergencial proposto é modular, sustentável e baseado em tecnologias 
recomendadas pela OMS (2017) para situações de resposta a desastres. Ele combina 
filtração por camadas, uso de carvão ativado, sistemas de decantação e desinfecção 
solar. 
4.1 Decantação Primária em Tanque Móvel 
O primeiro estágio consiste em permitir a sedimentação natural por 2 a 6 horas em 
recipientes limpos. 
Essa etapa reduz significativamente os sólidos grosseiros e melhora a eficiência das 
etapas seguintes (Huisman & Wood, 1974). 
4.2 Filtro Multicamadas Portátil 
Com base em modelos emergenciais adotados por organizações humanitárias, o filtro 
será composto por camadas de: 
● pedregulhos 
 
● areia grossa 
 
● areia fina 
 
● carvão ativado (preferencialmente de resíduos vegetais urbanos) 
 
● manta sintética ou algodão 
 
O princípio de operação é semelhante aos filtros sustentáveis de garrafa PET ou filtros 
lentos compactos amplamente estudados (WHO, 2017). 
4.3 Carvão Ativado Recuperado de Resíduos Urbanos 
 
 
Resíduos vegetais (podas, restos de madeira não tratada, cascas) podem ser 
carbonizados para produção de carvão ativado sustentável. 
Esse material possui elevada eficiência na remoção de: 
● compostos orgânicos, 
 
● hidrocarbonetos, 
 
● metais leves, 
 
● odores e sabores indesejáveis (Dias et al., 2019; Bansal & Goyal, 2005). 
 
4.4 Desinfecção SODIS (Solar Disinfection) 
Após a filtração, recomenda-se a desinfecção solar SODIS utilizando garrafas PET 
transparentes expostas ao sol por 6 horas. 
A OMS (2017) comprova eficácia da radiação UV-A na inativação de bactérias, vírus e 
protozoários. 
4.5 Alternativa: Cloração Controlada 
A cloração pode ser aplicada utilizando hipoclorito de sódio a 2,5%, conforme dosagem 
recomendada pela Portaria GM/MS nº 888/2021. 
5. Impactos Ambientais e Sociais 
5.1 Impactos Ambientais 
Positivos: 
● reutilização de resíduos urbanos para produção de carvão ativado; 
 
● redução da necessidade de produtos químicos; 
 
● mitigação de contaminação dos recursos hídricos; 
 
 
 
● baixa emissão de carbono em comparação com sistemas mecanizados. 
 
Negativos mitigáveis: 
● necessidade de descarte adequado dos resíduos filtrantes; 
 
● possível contaminação de solo caso a lama não seja manejada corretamente. 
 
5.2 Impactos Sociais 
Positivos: 
● autonomia da comunidade em situações de emergência; 
 
● redução de doenças hídricas; 
 
● fortalecimento da educação ambiental; 
 
● tecnologia acessível e replicável em diferentes localidades. 
 
Desafios: 
● necessidade de treinamento para operação correta; 
 
● manutenção periódica dos filtros. 
6. Conclusão 
A situação pós-enchente em áreas urbanas periféricas exige soluções de tratamento de 
água que sejam rápidas, sustentáveis, econômicas e eficazes. O sistema modular 
proposto — composto por decantação, filtração multicamadas, carvão ativado ecológico 
e desinfecção solar — demonstra ser adaptável e capaz de produzir água segura para 
consumo emergencial. 
Além de promover saúde pública, o projeto fortalece a resiliência social e contribui para 
uma gestão sustentável dos recursos hídricos urbanos. Esse modelo pode ser 
amplamente replicado em cenários de desastre, auxiliando na construção de cidades 
mais preparadas e ambientalmente responsáveis. 
 
 
 
 
Referências Bibliográficas 
ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico. Conjuntura dos Recursos 
Hídricos no Brasil. Brasília, 2021. 
 Bansal, R. C.; Goyal, M. Activated Carbon Adsorption. CRC Press, 2005. 
 Dias, D. et al. Produção de carvão ativado a partir de resíduos urbanos. Journal of 
Environmental Chemical Engineering, 2019. 
 Ellen MacArthur Foundation. Towards the Circular Economy. 2013. 
 FUNASA. Manual de Saneamento. 4. ed. Brasília, 2014. 
 Huisman, L.; Wood, W. E. Slow Sand Filtration. WHO, 1974. 
 Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 888/2021. 
 Rodrigues, A.; Almeida, C. Qualidade da água em ambientes urbanos pós-enchente. 
Revista Engenharia Sanitária e Ambiental, 2018. 
 Tundisi, J. G.; Tundisi, T. M. Recursos Hídricos no Século XXI. Rima, 2015. 
 Von Sperling, M. Princípios do Tratamento de Água, vol. 1. DESA-UFMG, 2014. 
 WHO – World Health Organization. Guidelines for Drinking-water Quality, 4th ed., 
2017. 
 WHO. Drinking Water Overview. 2022. 
 
 
	Projeto Integrador: Sistema Alternativo de Tratamento de Água para Situação Pós-Enchente 
	1. Introdução 
	2. Contexto Escolhido 
	3. Análise Preliminar da Água 
	4. Sistema Alternativo de Tratamento Proposto 
	4.1 Decantação Primária em Tanque Móvel 
	4.2 Filtro Multicamadas Portátil 
	4.3 Carvão Ativado Recuperado de Resíduos Urbanos 
	4.4 Desinfecção SODIS (Solar Disinfection) 
	4.5 Alternativa: Cloração Controlada 
	5. Impactos Ambientais e Sociais 
	5.1 Impactos Ambientais 
	5.2 Impactos Sociais 
	6. Conclusão 
	 
	 
	Referências Bibliográficas

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