Logo Passei Direto
Buscar

TCC Dengue - 10 12

Ferramentas de estudo

Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

23
UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA- UNAMA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
ANDRÉIA DE NAZARÉ MARTINS FIDELIS
SAMARA DO NASCIMENTO MARTINS
PANORAMA DA DENGUE NA REGIÃO NORTE NO ANO DE 2020 A 2024
ANANINDEUA/PA
2025
ANDRÉIA DE NAZARÉ MARTINS FIDELIS
SAMARA DO NASCIMENTO MARTINS
PANORAMA DA DENGUE NA REGIÃO NORTE NO ANO DE 2020 A 2024
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem pela Universidade da Amazônia (UNAMA).
Orientador (a): Prof. Natasha Cristina Oliveira Andrade
ANANINDEUA/PA
2025
ANDRÉIA DE NAZARÉ MARTINS FIDELIS
SAMARA DO NASCIMENTO MARTINS
PANORAMA DA DENGUE NA REGIÃO NORTE NO ANO DE 2020 À 2024
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem pela Universidade da Amazônia (UNAMA).
Data da defesa: 18 / 12 / 2025
Banca Examinadora:
________________________________________________
Orientador (a) Prof.ª Me. Natasha Cristina Oliveira Andrade
 
________________________________________________
Examinador (a) 1 - Me. Tamires de Nazaré Soares
________________________________________________
Examinador (a) 2 - Dra. Daniele Melo Sardinha
RESUMO
A dengue é uma arbovirose causada pelo vírus da dengue, transmitida principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, considerada um dos maiores desafios de saúde pública em regiões tropicais e subtropicais. No Brasil, a doença apresenta elevada incidência, especialmente em períodos de chuva e calor, favorecendo a proliferação do vetor. Este estudo teve como objetivo analisar o panorama da dengue na Região Norte entre os anos de 2020 e 2024, descrevendo o perfil epidemiológico dos casos, a tendência temporal da incidência e a distribuição dos sorotipos circulantes. Trata-se de um estudo ecológico, descritivo e retrospectivo, com abordagem quantitativa, utilizando dados secundários do DATASUS. Foram registrados 206.650 casos de dengue na Região Norte no período analisado. A faixa etária mais acometida foi de 20 a 39 anos (37,6%), seguida por adultos de 40 a 59 anos (22,7%) e adolescentes de 10 a 19 anos (18,8%). Observou-se discreta predominância do sexo feminino (52,7%), possivelmente associada à maior procura por serviços de saúde. Em relação à raça/cor, houve concentração entre pessoas pardas (74,2%), refletindo o perfil demográfico regional. Quanto à escolaridade, verificou-se elevado percentual de registros ignorados (39,7%), limitando análises mais conclusivas. Os achados corroboram estudos de Campos et al. (2022) e Silva et al. (2023), que apontam maior vulnerabilidade de adultos jovens e populações em áreas urbanas com infraestrutura precária. A predominância de casos entre mulheres também foi observada por Almeida (2020), sugerindo influência de fatores socioculturais e comportamentais. Além disso, a concentração de casos em indivíduos pardos confirma a relação entre perfil demográfico e incidência da doença, como descrito por Gomes et al. (2023). Conclui-se que a dengue na Região Norte entre 2020 e 2024 apresentou maior impacto em adultos jovens, mulheres e pessoas pardas, evidenciando a necessidade de estratégias de prevenção direcionadas a esses grupos. A análise temporal reforça a influência de fatores climáticos e sociais na manutenção da transmissão, em consonância com a literatura nacional. Os resultados contribuem para o planejamento de políticas públicas e campanhas educativas voltadas ao controle da dengue na região.
Palavras-chave: Dengue; Aedes aegypti; Região Norte; Panorama da dengue.
ABSTRACT
Dengue is an arboviral disease caused by the dengue virus, mainly transmitted by the Aedes aegypti mosquito, and represents one of the greatest public health challenges in tropical and subtropical regions. In Brazil, the disease shows high incidence, especially during rainy and hot seasons, which favor vector proliferation. This study aimed to analyze the panorama of dengue in the Northern Region between 2020 and 2024, describing the epidemiological profile of cases, the temporal trend of incidence, and the distribution of circulating serotypes. It is an ecological, descriptive, and retrospective study with a quantitative approach, using secondary data from DATASUS. A total of 206,650 dengue cases were recorded in the Northern Region during the study period. The most affected age group was 20–39 years (37.6%), followed by adults aged 40–59 years (22.7%) and adolescents aged 10–19 years (18.8%). A slight predominance was observed among females (52.7%), possibly related to greater demand for health services. Regarding race/skin color, most cases occurred among mixed-race individuals (74.2%), reflecting the demographic profile of the region. Concerning education, a high proportion of missing data (39.7%) limited more conclusive analyses. The findings corroborate studies by Campos et al. (2022) and Silva et al. (2023), which highlight the vulnerability of young adults and populations living in urban areas with poor infrastructure. The predominance of cases among women was also reported by Almeida (2020), suggesting sociocultural and behavioral influences. Furthermore, the concentration of cases among mixed-race individuals confirms the relationship between demographic profile and disease incidence, as described by Gomes et al. (2023). In conclusion, dengue in the Northern Region between 2020 and 2024 had the greatest impact on young adults, women, and mixed-race populations, emphasizing the need for prevention strategies directed at these groups. The temporal analysis reinforces the influence of climatic and social factors in sustaining transmission, in line with national literature. The results contribute to the planning of public health policies and educational campaigns aimed at dengue control in the region.
Keywords: Dengue; Aedes aegypti; Northern Region; Dengue panorama.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	6
1.1 JUSTIFICATIVA	7
1.2 OBJETIVOS	7
1.2.1 Objetivo geral	7
1.2.2 Objetivos específicos	8
2 REFERENCIAL TEÓRICO	9
2.1 CONTEXTO HISTÓRICO DA DENGUE NO BRASIL	9
2.1.1 Agente etiológico	10
2.2 EPIDEMIOLOGIA DA DENGUE	12
2.3 FATORES ASSOCIADOS DA DENGUE	13
2.4 SINTOMAS DA DENGUE	14
2.5 TRATAMENTO E VACINAS	15
3 MATERIAL E MÉTODOS	17
3.1 TIPO DE ESTUDO E ASPECTO ÉTICO	17
3.2 FONTE DE INFORMAÇÃO	17
3.3 CRITÉRIO DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO	17
3.4 COLETA DE DADOS	18
3.5 ANÁLISE DE DADOS	18
3.6 ASPECTOS ÉTICOS	18
3.7 RISCOS E BENEFÍCIOS	19
4 APRESENTAÇÃO DO ARTIGO	20
REFERÊNCIAS	21
APÊNDICE A - ARTIGO	23
ANEXO A – NORMAS DA REVISTA ELETRÔNICA ACERVO SAÚDE 	36
1 INTRODUÇÃO
A dengue é transmitida através do mosquito Aedes aegypti infectado pelo vírus da dengue que se encontra classificado em quatro sorotipos (DENV-1, DENV- 2, DENV-3 e DENV-4), a doença tem se tornado um dos principais problemas de saúde pública em diversas regiões tropicais e subtropicais do mundo. No Brasil, a dengue apresenta uma incidência alarmante, com surtos que se intensificam em períodos de chuva e calor, favorecendo a proliferação do vetor (Bastos, 2024).
A região norte, não é exceção, enfrentando ao longo dos anos um cenário complexo e desafiador no que tange ao controle e à prevenção da dengue. A análise do perfil epidemiológico de pessoas acometidas pela doença é fundamental para o entendimento dos padrões de transmissão e para a elaboração de estratégias eficazes de intervenção (Da Costa, 2024).
Nos últimos anos, especialmente no ano de 2023, a região norte vivenciou uma série de desafios relacionados à dengue, que se intensificaram em função de fatores climáticos, sociais e estruturais. Para Almeida (2020), a combinação de chuvas intensas e temperaturas elevadas cria um ambiente propício para a reprodução do Aedes aegypti, enquanto questões como a urbanização desordenada, a falta de saneamento básico e a conscientização da população sobre as medidas de prevenção contribuem para a manutenção do ciclo de transmissão. 
Diante desse cenário, segundo Martinset. al. (2023), torna-se imprescindível compreender as características epidemiológicas das pessoas afetadas pela doença, incluindo dados demográficos, taxas de hospitalização, complicações clínicas e a distribuição geográfica dos casos.
Nos últimos anos, o aumento da incidência de casos de dengue tem levantado preocupações acerca do seu controle e prevenção, especialmente em um contexto de mudanças climáticas e urbanização acelerada. Diante desse cenário, surge a problemática: Qual o panorama da dengue na região norte nos anos de 2020 a 2024?
1.1 JUSTIFICATIVA
Em 2023, o aumento dos casos de dengue na região norte demanda uma análise aprofundada do perfil epidemiológico da doença. Socialmente, a dengue representa uma preocupação não apenas para a saúde individual, mas também para o bem-estar coletivo das comunidades afetadas. A doença causa absenteísmo escolar e laboral, impactando diretamente na qualidade de vida da população (Almeida, 2020).
Estudos recentes apontam que as populações mais vulneráveis são as que enfrentam maiores dificuldades no acesso à informação sobre prevenção e tratamento da dengue (Silva et al., 2023). Assim sendo, é primordial que gestores públicos estejam munidos de dados atualizados sobre os casos da doença na região para promover campanhas educativas direcionadas que atendam especificamente àquelas áreas com maior incidência. 
Do ponto de vista acadêmico, o aprofundamento nas questões relacionadas ao perfil epidemiológico da dengue é fundamental para enriquecer as discussões existentes nos campos da Saúde Pública e Epidemiologia. Embora haja uma vasta literatura sobre a doença, as particularidades regionais exigem estudos contextualizados que abordem a realidade local com atualizações necessárias frente ao cenário emergente.
Cientificamente, compreender o perfil epidemiológico dos casos de dengue na Região Norte é crucial diante do panorama global das doenças infecciosas. Com mudanças climáticas evidentes que influenciam padrões de transmissão de doenças, os dados coletados neste estudo poderão oferecer insights sobre como fatores ambientais interagem com aspectos sociais e demográficos no aumento da incidência.
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo geral
Analisar o panorama da dengue na região norte nos anos de 2020 a 2024.
1.2.2 Objetivos específicos
 - Descrever o perfil epidemiológico dos casos de dengue na região norte de 2020 à 2024;
- Avaliar a tendência de incidência por ano de dengue na região norte de 2020 à 2024;
- Identificar os sorotipos dos casos de dengue na região norte de 2020 à 2024.
- Verificar a evolução dos casos de dengue na região norte de 2020 à 2024.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 CONTEXTO HISTÓRICO DA DENGUE NO BRASIL
A dengue é uma doença viral endêmica no Brasil, cuja introdução e disseminação podem ser entendidas dentro de um contexto histórico complexo. O primeiro relato de infecção por dengue no país data da década de 1840, mas foi apenas nos anos 1920 que as primeiras epidemias significativas foram observadas, especialmente no Rio de Janeiro (Nascimento; Santos, 2022). 
Durante as décadas seguintes, o Aedes aegypti, mosquito responsável pela transmissão do vírus da dengue, passou a ser considerado um vetor importante não apenas da dengue, mas também de outras doenças como a febre amarela. Sua erradicação foi uma prioridade nas campanhas de saúde pública realizadas nas décadas de 1930 e 1940 (Ribeiro et al., 2021)
No entanto, as estratégias de controle foram prejudicadas por períodos de urbanização acelerada e descontrole ambiental. Com a chegada do mosquito Aedes aegypti na década de 1980 e o aumento da mobilidade populacional, novas epidemias começaram a surgir. A partir dos anos 1990, o Brasil testemunhou um aumento alarmante nos casos notificados de dengue. Em 1999, foi registrado o surgimento do sorotipo DEN-3 na região sul do país, multiplicando os desafios para o controle da doença (Silva et al., 2023,).
Ao longo dos anos 2000 e 2010, o Brasil enfrentou diversas epidemias com um crescente número de casos graves e hospitalizações relacionadas à dengue. Em particular, em 2015 houve um pico significativo com mais de 1 milhão de casos registrados. Esse aumento ocorreu não apenas à presença persistente do vetor em áreas urbanas, mas a fatores climáticos como chuvas intensas que favorecem a formação de criadouros para os mosquitos (Oliveira et al., 2023).
Ademais, nos últimos anos observou-se a introdução da vacina contra a dengue como uma medida estratégica para controlar a disseminação da doença. A vacina Dengvaxia foi aprovada no Brasil em 2015; no entanto, sua aplicação inicial enfrentou desafios relacionados à aceitação pública e ao manejo eficaz na imunização das populações mais vulneráveis (Lima; Costa, 2024). Da mesma forma, campanhas educativas têm sido implementadas para aumentar a conscientização sobre prevenção e controle do mosquito transmissor.
O contexto histórico da dengue no Brasil revela uma luta contínua entre medidas sanitaristas e a adaptação das condições socioambientais adversas que favorecem a proliferação do Aedes aegypti. O fortalecimento das estratégias integradas é crucial para enfrentar esse desafio persistente (Campos et al., 2022).
2.1.1 Agente etiológico
O agente etiológico responsável pela dengue é o vírus da dengue, que pertence à família Flaviviridae e ao gênero Flavivirus. Esse vírus é classificado em quatro sorotipos diferentes: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4, cada um dos quais pode causar a mesma doença, mas com variações na gravidade e na resposta imunológica dos indivíduos infectados (Lima; Costa, 2024).
Na figura 1 podemos observar a distribuição dos sorotipos entre os anos de 2020 a 2024:
Figura 1 – Distribuição dos sorotipos
 Fonte: (Lima; Costa, 2024).
A classificação taxonômica do vírus da dengue pode ser descrita da seguinte forma: reino Viricota, fila Kitrinoviricota, ordem Amarillovirales, família Flaviviridae e gênero Flavivirus (Nogueira et al., 2020).
Os flavivírus são vírus de RNA de fita simples que possuem uma cápsula proteica composta por proteínas estruturais que desempenham papéis cruciais na infecção celular. A estrutura do vírus é vulnerável a fatores ambientais e ao sistema imunológico humano (Brasil et al., 2019). A relevância da dengue como um problema de saúde pública no Brasil se deve à interação complexa entre os vetores transmitentes, principalmente o mosquito Aedes aegypti, e os fatores socioeconômicos que facilitam sua proliferação.
Estudos recentes indicam que as infecções consecutivas por diferentes sorotipos do vírus podem aumentar o risco de formas graves da doença devido ao fenômeno de "amplificação dependente de anticorpos" (Schmidt-Chanasit et al., 2019). Essa situação destaca a importância das vacinas desenvolvidas para prevenir a dengue, uma vez que a proteção contra um único sorotipo não confere imunidade completa contra os outros. Compreender a taxonomia e as características do vírus da dengue é crucial para formular estratégias eficazes para prevenção e controle da doença no Brasil.
A dengue é transmitida principalmente por meio de picadas de mosquitos infectados. O vetor biológico responsável pela disseminação do vírus da dengue é o mosquito Aedes aegypti. Este mosquito se reproduz em águas paradas e está amplamente associado a ambientes urbanos, onde há presença humana intensa. Além do Aedes aegypti, o Aedes albopictus também pode atuar como vetor, embora sua importância na transmissão da dengue seja menor nas áreas urbanas (Nogueira et al., 2020).
A transmissão ocorre quando um mosquito fêmea infectado pica uma pessoa saudável para se alimentar de seu sangue. Após a infecção inicial por um dos sorotipos do vírus da dengue, a pessoa pode desenvolver anticorpos; no entanto, essa resposta imunológica não confere proteção total contra os outros sorotipos existentes. Na verdade, a infecção subsequente por um sorotipo diferente pode aumentar o risco de desenvolvimento de formas mais graves da doença devido ao fenômeno conhecidocomo heterologia (Almeida, 2020).
2.2 EPIDEMIOLOGIA DA DENGUE
De acordo com dados do Ministério da Saúde, a incidência da dengue apresentou flutuações alarmantes, sendo que em 2023 o número de casos notificados já ultrapassou 1 milhão em todo o território nacional, especialmente nas regiões Nordeste e Norte do Brasil (Brasil, 2023).
Para Reis et al. (2022), a epidemiologia da dengue no Brasil é complexa e diversificada. Entre os principais fatores que contribuem para a disseminação da doença estão as condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento do mosquito, como altas temperaturas e chuvas frequentes. A urbanização descontrolada também desempenha um papel crucial na proliferação do Aedes aegypti, uma vez que criadouros estão frequentemente presentes em áreas densamente povoadas.
O perfil demográfico dos casos de dengue mostra uma predominância entre adultos jovens e crianças. Em um estudo realizado entre 2020 e 2022 na Região Norte, por exemplo, observou-se que a faixa etária mais afetada varia entre 20 a 39 anos, seguida por crianças de até 14 anos (Campos et al., 2022). Além disso, o gênero masculino apresentou uma taxa ligeiramente superior nos casos notificados, possivelmente refletindo diferenças nas atividades externas realizadas por homens em comparação às mulheres.
A gravidade clínica da dengue também é uma preocupação significativa. Estudos indicam que formas graves da doença têm se tornado mais frequentes, implicando a necessidade urgente de estratégias eficazes de diagnóstico precoce e tratamento adequado. A introdução de vacinas contra dengues em algumas regiões tem sido vista como parte essencial das estratégias preventivas; no entanto, ainda existem desafios relacionados à aceitação comunitária e à logística de imunização (Andrade et al., 2023).
Além das intervenções médicas e vacinação, as campanhas educativas são vitais na luta contra a dengue. As ações voltadas à conscientização sobre prevenção, como eliminação de criadouros e cuidados ao redor das residências, têm mostrado eficiência na redução das taxas de infecção (Almeida et al., 2020). Essas campanhas são particularmente importantes em comunidades vulneráveis onde as condições socioeconômicas limitam o acesso aos serviços básicos.
A epidemiologia da dengue no Brasil continua sendo um desafio persistente para as autoridades sanitárias. A combinação de fatores ambientais, sociais e comportamentais exige uma abordagem integrada que envolva não apenas medidas preventivas, mas também educação comunitária para reduzir a incidência dessa arbovirose (Campos et al., 2022).
2.3 FATORES ASSOCIADOS A DENGUE
A urbanização acelerada e a falta de infraestrutura adequada de saneamento básico são alguns dos principais fatores que contribuem para a alta incidência da doença em áreas urbanas (Paul et al., 2023). 
Nas regiões tropicais, onde o clima quente e úmido favorece a reprodução do mosquito, o aumento das chuvas intensifica ainda mais o problema, criando poças d'água que servem como criadouros ideais (Silva et al., 2023).
Além das condições ambientais, os fatores socioeconômicos desempenham um papel crucial na disseminação da dengue. Populações com menor acesso a serviços de saúde e informações sobre prevenção tendem a ser mais vulneráveis à infecção. Estudos apontam que áreas de alta densidade populacional e condições precárias de habitação estão associadas a um maior número de casos reportados (Gomes et al., 2023). 
A insuficiência de campanhas educativas efetivas ainda exacerba essa situação, levando à falta de conscientização sobre medidas preventivas (Lima, 2024).
O comportamento humano também é um fator importante na transmissão da dengue. Práticas como deixar recipientes com água parada e o descarte inadequado do lixo aumentam as chances de infestação pelos mosquitos. Além disso, eventos como festivais ou concentrações em áreas com alta incidência da doença podem favorecer a propagação do vírus entre as pessoas (Freitas et al., 2023).
Recentemente, a introdução de vacinas contra a dengue trouxe novas perspectivas no controle da doença, mas sua eficácia depende da cobertura vacinal em populações consideradas em risco (Martins et al., 2023). No entanto, desafios relacionados à aceitação das vacinas ainda persistem em algumas comunidades devido à desinformação e ao receio sobre efeitos colaterais.
Em sintonia com esses desafios, os governos têm implementado políticas integradas envolvendo ações intersetoriais para controlar os vetores da doença. A participação comunitária é fundamental para aumentar a eficácia dessas estratégias (Fernandes, 2024). Assim sendo, é crucial continuar investigando os fatores associados à dengue para desenvolver intervenções mais eficazes que possam mitigar sua incidência.
2.4 SINTOMAS E DIAGNÓSTICO DA DENGUE
Os sintomas típicos da dengue, incluem febre alta, dor de cabeça intensa, dor atrás dos olhos, dores musculares e nas articulações, além de erupções cutâneas que podem surgir após alguns dias da febre (Teixeira et al., 2021). Em alguns casos, pode ocorrer uma forma mais grave da doença, conhecida como dengue hemorrágica ou síndrome do choque da dengue (DHF/DSS), que se caracteriza por hemorragias, queda da pressão arterial e pode levar à morte se não for tratada adequadamente (Braz et al., 2020).
O diagnóstico da dengue é essencial para o manejo clínico apropriado. Os métodos diagnósticos disponíveis incluem testes sorológicos para detecção de anticorpos IgM e IgG contra o vírus da dengue, além de técnicas moleculares como RT-PCR para identificação do RNA viral em fluidos corporais durante a fase aguda da infecção (Santos, 2022). A detecção precoce é vital, pois permite a monitorização do paciente e a prevenção de complicações severas.
Além dos sinais clássicos, a avaliação clínica deve levar em consideração a história epidemiológica do paciente e possíveis exposições ao vetor. De acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde do Brasil (Brasil, 2023), exames laboratoriais complementares como hemograma completo são frequentemente utilizados para avaliar a contagem de plaquetas e hematócrito, já que alterações nesses parâmetros estão associadas à gravidade da doença.
Em relação à notificação da dengue no Brasil, sim, é considerada uma doença de notificação compulsória. A Lei nº 6.259/75 determina que os casos suspeitos ou confirmados devem ser comunicados às autoridades de saúde locais para monitoramento e controle das epidemias. Essa medida é fundamental para o planejamento adequado das ações de saúde pública e prevenção contra surtos futuros (Brasil, 2023).
A vigilância epidemiológica desempenha um papel crucial no combate à dengue. O registro sistemático dos casos permite identificar áreas com maior incidência e direcionar esforços preventivos mais eficazes. Portanto, entender os sinais e sintomas desta infecção não apenas contribui para o diagnóstico individualizado dos pacientes mas também ajuda na resposta coletiva aos surtos (Braz et al., 2020).
2.5 TRATAMENTO E VACINAS
O tratamento da dengue é predominantemente sintomático, uma vez que não existem antivirais específicos para o vírus. As recomendações incluem a hidratação adequada para evitar desidratação e o uso de analgésicos como paracetamol (acetaminofeno) para controle da febre e dor. O uso de ácido acetilsalicílico (aspirina) e outros anti-inflamatórios não esteroides é desaconselhado devido ao aumento do risco de hemorragias associadas à doença (Brasil, 2020). A gestão clínica deve ser individualizada, especialmente nos casos em que há evidência de progressão para formas mais graves da doença.
Em relação à vacinação, o Brasil tem adotado estratégias importantes na luta contra a dengue. O primeiro registro de vacina contra dengue no país foi feito em 2015 com o Dengvaxia® (CYD-TDV), desenvolvida pela Sanofi Pasteur. Esta vacina foi aprovada para indivíduos entre 9 e 45 anos que já tiveram pelo menos uma infecção anterior pelo vírus da dengue. A administração é feita em três doses com intervalos de seis meses entre elas(Who, 2021). No entanto, estudos subsequentes revelaram eficácia limitada em indivíduos sem histórico prévio da doença e levantaram preocupações sobre eventos adversos graves após a vacinação nesses grupos.
Com base nas evidências disponíveis até então, o Programa Nacional de Imunizações do Brasil recomendou a restrição do uso da Dengvaxia® em locais endêmicos onde a taxa de infecção anterior é baixa entre crianças e adolescentes (Brasil, 2019). Estudos demonstram que a vacina pode reduzir a gravidade dos casos entre aqueles vacinados adequadamente; portanto, sua implementação deve ser cuidadosamente monitorada em ambientes com surtos ativos.
Além do Dengvaxia®, outras vacinas contra dengue estão em desenvolvimento. Há quatro candidatas principais sendo avaliadas na fase clínica: TAK-003 (Takeda), Qdenga™, DENVax™ (iniciativas conjuntas) e Butantan-DV (Instituto Butantan). Essas vacinas buscam melhorar os resultados ao induzir uma resposta imunológica mais robusta contra todas as cepas virais conhecidas do vírus da dengue e têm mostrado resultados promissores nos ensaios clínicos iniciais (Who, 2021).
O combate à dengue requer uma abordagem variada que inclua controle vetorial eficaz através da eliminação dos criadouros do mosquito transmissor e campanhas educativas voltadas à população sobre medidas preventivas. Além disso, estratégias integradas envolvendo vigilância epidemiológica são fundamentais para monitorar surtos emergentes e implementar intervenções direcionadas (Santos et al., 2022).
A continuidade das pesquisas sobre vacinas também é crucial. Embora opções já aprovadas estejam disponíveis no mercado como parte da resposta à epidemia crônica pela qual o Brasil vem passando desde as últimas décadas, futuras inovações podem representar avanços significativos na erradicação ou controle duradouro das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti (Martins et al., 2023).
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 TIPO DE ESTUDO
Este trabalho trata-se de um estudo ecológico de abordagem quantitativa, com foco na análise dos casos de dengue registrados na região Norte do Brasil entre os anos de 2020 e 2024. A pesquisa caracteriza-se como descritiva e retrospectiva, utilizando dados secundários obtidos por meio de bases oficiais.
De acordo com Pereira et al. (2021), estudos epidemiológicos são essenciais para compreender a distribuição e os determinantes das doenças em populações específicas, permitindo a formulação de estratégias eficazes de prevenção e controle. Nesse sentido, esta pesquisa visou descrever o comportamento da dengue em termos de incidência, mortalidade e distribuição geográfica, contribuindo para o planejamento em saúde pública.
A abordagem utilizada é quantitativa, a qual, segundo Gil (2019), se baseia na quantificação de dados e na aplicação de técnicas estatísticas para interpretar os resultados, permitindo objetividade e precisão na análise dos fenômenos observados. Esse tipo de abordagem é apropriado para mensurar a frequência e a evolução dos casos de dengue na região delimitada.
3.2 FONTE DE INFORMAÇÃO 
O estudo foi realizado através de uma análise de dados disponibilizado pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS).
A fonte de dados primária utilizada neste estudo foi DATASUS, reconhecido por sua abrangência e confiabilidade na coleta e armazenamento de informações relacionadas à saúde pública no Brasil. A partir da criteriosa extração dos registros do panorama da dengue na região Norte, presentes no DATASUS durante o período especificado, conduziu uma análise detalhada dos dados em escala territorial. 
3.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO
Foram incluídos no estudo casos de dengue na região norte nos anos de 2020 a 2024, registrados no DATASUS em pacientes que tiveram diagnóstico confirmado.
E excluídos registros de dados que apresentem informações incompletas ou inconsistentes que comprometiam a qualidade dos dados.
3.4 COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi realizada por meio de planilhas extraídas do TabWin, um tabulador estatístico desenvolvido e disponibilizado pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). A etapa de coleta ocorreu no período de agosto a outubro de 2025. 
Foram consideradas as seguintes variáveis: distribuição dos casos por faixa etária, raça, sexo, evolução final, sorotipo.
3.5 ANÁLISE DOS DADOS
A análise dos dados foi conduzida conforme a seguinte trajetória metodológica: inicialmente, as informações coletadas permaneceram armazenadas em um banco de dados elaborado no software Microsoft Office Excel 365, onde após terem sido organizadas por meio de planilhas específicas, permitiram a sistematização do panorama estudado. 
Posteriormente, os dados codificados foram transferidos para o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 25.0, com o intuito de obter análises descritivas das variáveis demográficas, por meio do cálculo de frequências absolutas e relativas. Adicionalmente, realizou-se uma análise de tendência temporal utilizando técnicas de séries temporais, com o objetivo de identificar padrões, variações e tendências ao longo dos anos analisados, com o suporte da equação de coeficiente de determinação (R²), permitindo uma interpretação mais robusta dos resultados.
3.5 ASPECTOS ÉTICOS
Esta pesquisa respeitou os direitos autorais dos autores consultados e do sistema de informação salvaguardando o sigilo das informações obtidas, utilizando as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para citações e referências.
Por se tratar de um estudo que utiliza informações de domínio público, pesquisa em bases de dados cujas informações sejam agregadas sem possibilidade de identificação individual, não houve a necessidade de registrar e nem avaliação pelo sistema do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/CONEP), de acordo com a Resolução nº 510, de 7 de abril de 2016, o artigo I.
3.6 RISCOS E BENEFICIOS 
Por se tratar de análise de dados do DATASUS, a pesquisa apresentou riscos mínimos, houve o risco de acesso do material produzido por terceiros, o que foi minimizado pelo manuseio exclusivo dos dados pelos pesquisadores. No entanto, todos os cuidados possíveis foram tomados para que não ocorresse manipulação errônea dos dados.
		A realização desta pesquisa teve intuito de trazer benefícios significativos para o campo da saúde pública ao fornecer uma análise abrangente e atualizada sobre o panorama da dengue na região Norte do Brasil entre os anos de 2020 a 2024. Ao descrever o perfil demográfico dos casos, será possível identificar os grupos populacionais mais vulneráveis, subsidiando ações de prevenção mais direcionadas. A avaliação da tendência de incidência ao longo dos anos permitirá monitorar a evolução da doença e antecipar surtos, contribuindo para uma resposta mais eficiente do sistema de vigilância epidemiológica. Além disso, o mapeamento dos sorotipos circulantes e a análise da evolução clínica dos casos podem apoiar o planejamento de estratégias terapêuticas, campanhas educativas e políticas públicas mais eficazes para o enfrentamento da dengue na região estudada.
4 APRESENTAÇÃO DO ARTIGO
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, I. C. R. et al. Fatores determinantes do perfil epidemiológico da dengue no Brasil e Belo Horizonte entre os anos de 2015 a abril de 2024. Revista Contemporânea, [S. l.], v. 4, n. 12, p. e6883, 2024. DOI: 10.56083/RCV4N12-087. Disponível em: https://ojs.revistacontemporanea.com/ojs/index.php/home/article/view/6883. Acesso em: 1 dez. 2025.
ANDRADE R.F., et al. "Incidência De Formas Graves De Dengue No Período Recente." Revista Brasileira de Infectologia, vol. 25, p. 89, 2023.
BRASIL, P.S., VENÂNCIO, J.P., & ROSA-FREITAS M.G. Desafios no manejo ambiental para controle do Aedes aegypti. Revista Brasileira de Entomologia, 63(3), p. 23, 2019.
BRASIL. Protocolo de manejo clínico das arboviroses: Dengue, Zika e Chikungunya - Atualização 2023. Ministério da Saúde, 2023.
BRAZ J.R.F., NASCIMENTO E.J.M.P; MARTINSE.C.B. Dengue hemorrágica: revisão sobre aspectos clínicos e epidemiológicos no Brasil. Revista Brasileira de Medicina Tropical, 53, 2020.
CAMPOS, G.F., et al. "Perfil Demográfico Dos Casos De Dengue Na Região Norte Do Brasil." Journal Brasileiro de Saúde Pública, vol. 18, n° 1, p. 56, 2022.
DA COSTA T.P. "Integrated Approaches to Combatting Dengue in Vulnerable Communities." Global Health Action, vol. 19 (2), p. 12, 2024.
FERNANDES E.J.P., et al. "Vaccination Strategies for Dengue Control: Current Perspectives." Vaccine, vol. 34, p. 98, 2024.
FREITAS L.M.C., et al. "Human Behavior and the Spread of Viral Diseases: Case Study on Dengue." BMC Public Health, vol. 22, 5, p. 123, 2023.
GOMES, P. A. S. et al. Perfil epidemiológico da dengue em um município do norte brasileiro: uma análise retrospectiva. Research, Society and Development, v. 9, n. 4, p. 45, 2023.
LIMA C.A.L.; COSTA P.T.F. "Vacinação Contra Dengue No Brasil: Desafios E Perspectivas Futuras." Revista Brasileira d Infectologia, vol. 37 p. 234, 2024.
MARTINS, A. M. F. et al. Perfil epidemiológico da dengue no Brasil entre os anos de 2010 à 2019/Epidemiological profile of dengue in Brazil between 2010 and 2019. Brazilian Journal of Health Review,[S. l.], v. 4, n. 3, p. 34, 2023.
MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL. Guia de Vigilância em Saúde: Doenças Transmitidas por Vetores, 2023.
NASCIMENTO J.A.; SANTOS R.M.B. "Community Education and Awareness on Dengue Prevention." Health Education Research, vol. 39(1), p. 67, 2022.
NOGUEIRA, R. M. R., MARQUES ETEINNE-PASSOS C., & TADEI W. P. Dengue viral and its immune response on humans during the latest outbreaks in Brazil - An overview of literature from 2015 to 2019. Journal of Infection and Public Health, 13(10), p.234, 2020.
OLIVEIRA J.P.C., et al. "Fatores Climáticos E Sua Influência Na Incidência Da Dengue." Saúde & Sociedade, vol. 35 n° 1, p. 89, 2023.
PAUL C., et al. "Urbanization and Dengue Transmission: Evidence from Urban Areas." International Journal of Environmental Research and Public Health, vol. 20(5), p. 89, 2023.
REIS, M.G., et al. "Aspectos Epidemiológicos Da Dengue No Brasil: Desafios Atuais." Revista Brasileira de Epidemiologia, vol. 22, n° 10, p.13, 2022.
RIBEIRO, A.F., et al. "Aedes aegypti: Histórico De Controle E Infecções Relacionadas." Cadernos Saúde Pública, vol. 36, p. 55, 2021.
SANTOS, M. G. Perfil epidemiológico da dengue no município de Parauapebas (PA) entre os anos de 2011 à 2020. 2022. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Maranhão.
SCHMIDT-CHANASIT J., TANNICH E., & BECKER N. Y. The emergence of dengue virus in Germany: Global risks and public health implications for Europe. International Journal of Environmental Research and Public Health, 16(14), 2019.
SILVA, T.H.S., et al. "A Evolução Da Dengue No Brasil E Seus Desafios." Journal Brasileiro De Saúde Pública, vol. 19, p. 78, 2023.
TEIXEIRA M.G., SIQUEIRA J.B., & FERREIRA L.D.S. Dengue: características clínicas nos diferentes grupos etários. Revista Brasileira de Epidemiologia, 24(2), 2021.
WORLD HEALTH ORGANIZATION [WHO]. Dengue and severe dengue. Disponivel em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/dengue-and-severe-dengue, 2021. Acesso em: 21 Out. 2025.
APÊNDICE A – ARTIGO
Título: PANORAMA DA DENGUE NA REGIÃO NORTE NO ANO DE 2020 À 2024
image1.png
image2.png

Mais conteúdos dessa disciplina