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Bioquímica Humana Biomoléculas e Metabolismo cassio feio Sumário 1. Aminoácidos: Estrutura Fundamental O Monômero das Proteínas Todas as proteínas são polímeros de aminoácidos. Cada aminoácido possui um carbono central (alfa) ligado a quatro grupos: A natureza do grupo R (polar, apolar, ácido, básico) determina as propriedades químicas do aminoácido. • Um grupo Amina (-NH2). • Um grupo Carboxila (-COOH). • Um átomo de Hidrogênio. • Um grupo variável R (Cadeia Lateral). 1. Peptídeos e Classificação A Ligação Peptídica A união entre aminoácidos ocorre por uma reação de desidratação, formando uma ligação amida covalente entre o grupo carboxila de um e o grupo amina do próximo. Classificação Nutricional • Essenciais: O corpo não sintetiza (ex: Valina, Leucina, Triptofano). Devem vir da dieta. • Não-Essenciais: O corpo sintetiza (ex: Alanina, Glutamato). 2. Proteínas: Níveis de Estrutura A função biológica depende da forma tridimensional. • Primária: Sequência linear de aminoácidos (ligações peptídicas). • Secundária: Arranjos locais mantidos por pontes de hidrogênio (Alfa-hélice, Folha-beta). • Terciária: Dobramento global 3D (interações hidrofóbicas, pontes dissulfeto). • Quaternária: Associação de múltiplas subunidades (ex: Hemoglobina). 2. Função e Desnaturação Diversidade Funcional Desnaturação É a perda da estrutura secundária, terciária ou quaternária (não a primária) devido a calor, pH extremo ou agitação, resultando em perda de função. • Catálise: Enzimas (ex: Amilase). • Transporte: Hemoglobina (O2). • Estrutural: Colágeno, Queratina. • Defesa: Anticorpos. 3. Enzimas: Biocatalisadores Mecanismo de Ação Enzimas são proteínas que aceleram reações químicas ao diminuir a energia de ativação necessária para alcançar o estado de transição. • Sítio Ativo: Região específica onde o substrato se liga. • Modelo Chave-Fechadura: Encaixe perfeito (antigo). • Encaixe Induzido: A enzima se molda ao substrato (atual). 3. Cinética e Regulação Enzimática Temperatura e pH Cada enzima possui um pH e temperatura ótimos. Fora desses valores, a atividade cai (podendo desnaturar). Inibição Competitiva O inibidor compete com o substrato pelo sítio ativo. Pode ser revertido aumentando o substrato. Inibição Não-Competitiva O inibidor liga-se a outro local (alostérico), alterando a forma da enzima. Não depende do substrato. 4. Carboidratos: Classificação Hidratos de Carbono Principal fonte de energia rápida. • Monossacarídeos: Açúcares simples (Glicose, Frutose, Galactose). • Dissacarídeos: União de dois monossacarídeos (Sacarose = Glicose + Frutose; Lactose = Glicose + Galactose). • Polissacarídeos: Longas cadeias lineares ou ramificadas. 4. Polissacarídeos e Funções Polissacarídeo Função Organismo Estrutura Glicogênio Reserva Energética Animais (Fígado/Músculo) Altamente ramificado Amido Reserva Energética Vem de Plantas mas pode ser metabolizado Amilose (linear) + Amilopectina Celulose Estrutural Plantas (Parede Celular) Linear, ligações beta (indigerível) 5. Lipídeos: Estrutura e Reserva Características Gerais Moléculas hidrofóbicas (insolúveis em água). Principais classes: Ácidos Graxos: Cadeias de hidrocarbonetos. Podem ser Saturados (sólidos, sem duplas ligações) ou Insaturados (óleos, com duplas ligações). Triglicerídeos: 1 Glicerol + 3 Ácidos Graxos. Forma principal de armazenamento de energia no tecido adiposo. 5. Lipídeos Complexos e Membranas Funções Estruturais e Regulatórias • Fosfolipídeos: Moléculas anfipáticas (cabeça polar, cauda apolar). Formam a bicamada das membranas celulares. • Esteroides: Derivados do colesterol. ○ Colesterol: Modula fluidez da membrana. ○ Hormônios: Testosterona, Estrogênio, Cortisol. 6. Vitaminas Hidrossolúveis Cofatores Metabólicos Solúveis em água, excreção fácil, armazenamento baixo (exceto B12). Atuam principalmente como coenzimas. • Complexo B: Essenciais para o metabolismo energético (B1, B2, B3, B6, B12). • Vitamina C: Antioxidante e cofator na síntese de colágeno (evita escorbuto). 6. Vitaminas Lipossolúveis *Requerem gordura para absorção. Podem ser tóxicas em excesso (acumulam no fígado/gordura). Vitamina A Visão (rodopsina), crescimento e diferenciação celular. Vitamina D Metabolismo do Cálcio e saúde óssea. Atua como hormônio. Vitamina E Potente antioxidante, protege membranas celulares. Vitamina K Essencial para a coagulação sanguínea. 7. Metabolismo Energético: ATP A Moeda Energética O ATP (Adenosina Trifosfato) armazena energia em suas ligações de fosfato de alta energia. • Catabolismo (Degradação): Quebra de nutrientes (ex: glicose) libera energia para recarregar ADP em ATP. • Anabolismo (Síntese): Uso de ATP para construir moléculas complexas e realizar trabalho celular. 7. Visão Geral das Vias O metabolismo é a convergência de diversas vias para a produção de Acetil-CoA e energia. Todos convergem para o Ciclo de Krebs e Cadeia Respiratória. Proteínas Aminoácidos → Acetil-CoA / Krebs Carboidratos Glicose → Piruvato → Acetil-CoA Lipídeos Ácidos Graxos → Acetil-CoA (Beta-oxidação) 8. Glicólise: A Quebra da Glicose Ocorre no citoplasma de todas as células. Não requer oxigênio. • Fase de Investimento: Gasta 2 ATP para ativar a glicose. • Fase de Pagamento: Produz 4 ATP e 2 NADH. • Saldo Final: 2 Piruvatos + 2 ATP (líquido) + 2 NADH. 8. Destinos do Piruvato e Regulação Destinos do Piruvato Regulação Principais enzimas reguladoras: Hexoquinase, PFK-1 (principal ponto de controle) e Piruvato Quinase. • Aeróbico (com O2): Entra na mitocôndria, vira Acetil-CoA e vai para o Ciclo de Krebs. • Anaeróbico (sem O2): Fermentação Lática (humanos) ou Alcoólica (leveduras) para regenerar NAD+ e manter a glicólise. 9. Glicogênese: Síntese de Reserva Armazenando Energia Ocorre principalmente no Fígado (manutenção da glicemia) e Músculos (energia local). Ativador: Insulina (estado alimentado). Enzima Chave: Glicogênio Sintase. Glicose é ativada em UDP-Glicose antes de ser adicionada à cadeia de glicogênio. 9. Glicogenólise: Degradação Mobilizando Energia Quebra do glicogênio para liberar glicose. • Ativadores: Glucagon (Fígado - jejum) e Adrenalina (Músculo - estresse/exercício). • Enzima Chave: Glicogênio Fosforilase. • Diferença crucial: O músculo não possui a enzima Glicose-6-Fosfatase, logo, não libera glicose para o sangue; usa apenas para si. 10. Neoglicogênese (Gliconeogênese) Produzindo Nova Glicose Síntese de glicose a partir de precursores não-carboidratos. Essencial no jejum prolongado para nutrir cérebro e corpo. • Local: Fígado (90%) e Rins. • Precursores: Lactato, Glicerol, Aminoácidos (Alanina). • Não é simplesmente a glicólise inversa: contorna 3 passos irreversíveis gastando energia. 10. Ciclo de Cori e Regulação Ciclo de Cori Integração entre músculo e fígado: O lactato produzido no músculo (anaeróbico) vai ao fígado, vira glicose (gliconeogênese) e volta ao músculo. Regulação Recíproca Para evitar ciclos fúteis, quando a Glicólise está ativa, a Gliconeogênese é inibida (e vice-versa), controlada por Insulina/Glucagon e níveis de ATP/AMP. 11. Estado Alimentado (Desjejum) Dominância da Insulina Após uma refeição (hiperglicemia), o pâncreas libera Insulina. • Efeitos Anabólicos: Estimula a entrada de glicose nas células. • Ativa a Glicólise (uso de energia). • Ativa a Glicogênese (reserva hepática/muscular). • Ativa a Lipogênese (reserva de gordura). 11. Estado de Jejum Dominância do Glucagon Na hipoglicemia, o pâncreas libera Glucagon. • Efeitos Catabólicos: O fígado se torna o fornecedor de glicose. • Ativa Glicogenólise (quebra de glicogênio). • Ativa Gliconeogênese (nova glicose). • Ativa Lipólise (quebra de gordura para energia periférica). 12. Ciclo de Krebs (TCA) Ocorre na matriz mitocondrial. É a via final comum de oxidação. Entrada:Acetil-CoA (2C) + Oxaloacetato (4C) = Citrato (6C). Oxidação: O citrato sofre reações sucessivas, liberando 2 CO2. Regeneração: O Oxaloacetato é regenerado para recomeçar o ciclo. 12. Balanço Energético do Krebs Produtos por Volta (por Acetil-CoA) Os elétrons (NADH/FADH2) seguem para a Cadeia Respiratória para gerar grande quantidade de ATP via fosforilação oxidativa. • 3 NADH: Carregam elétrons de alta energia. • 1 FADH2: Carrega elétrons. • 1 GTP (ou ATP): Energia direta. • 2 CO2: Subproduto residual. 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