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Políticas Ambientais

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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO 
DE 9 A 12 DE OUTUBRO 
 
 4133 
 
AS POLÍTICAS AMBIENTAIS NO BRASIL: TENDÊNCIAS E 
DESAFIOS 
 
MARIA JOSÉ ANDRADE DA SILVA1 
 
Resumo: O objetivo desde artigo é considerar os principais aspectos que perpassam à política 
ambiental brasileira a partir da década de (1990-2014) e a construção normatizadora de proteção a 
natureza e as suas tendências internas a partir da emergência da questão ambiental no cenário 
internacional. Para nortear a análise dessa problemática e ponderar a sua complexidade, optou-se 
discutir o contexto político estabelecendo os contrapontos e debates pertinentes na política ambiental 
na década referida. É importante enfatizar que este trabalho representa uma periodização das leis 
que foram implantadas em favor do meio ambiente, em âmbito federal. Assim, a compreensão de 
políticas públicas ambientais, como um órgão importante na regulação ambiental contemporânea, 
será um dos caminhos para compreensão desta pesquisa. 
 
Palavras chaves: política ambiental, gestão ambiental, política neoliberal. 
 
Abstract: the objective since article is to consider the main aspects that pertain to the Brazilian 
environmental policy since the (1990-2014) and the normatizadora construction of the nature 
protection and its internal trends from the emergence of environmental issues in the international 
arena. To guide the analysis of this issue and considering its complexity, we decided to discuss the 
political context establishing the counterpoints and relevant environmental policy debates in the 
referred to. It is important to emphasize that this work represents a periodization of the laws that were 
deployed in environmentally friendly, federal. Thus the understanding of environmental public policies 
as a major organ in contemporary environmental regulation, will be one of the paths to understanding 
this survey. 
 
Key words: environmental policy, environmental management, neoliberal policy. 
 
 
 
1- INTRODUÇÃO 
 
 Este artigo propõe-se a considerar a periodização das políticas ambientais em 
âmbito federal no Brasil a partir da década de 1990 até os dias atuais. A relevância 
dessa temática se dá a partir da compreensão de políticas ambientais como 
instrumento na regulação ambiental contemporânea, conforme a definição do 
conceito de política ambiental de Mela (2001, p. 188) que a designa como um campo 
“constituído sobretudo pelo carácter de salvaguarda e de defesa da integridade 
dos elementos e das entidades (físicas ou culturais) que caracterizam um 
território.” 
 
1
 Acadêmica do Programa de Pós- Graduação em Geografia da Universidade de São Paulo-USP. E-mail de 
contato: mjandrade2012@gmail.com 
 
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO 
DE 9 A 12 DE OUTUBRO 
 
 4134 
Assim, a posição apresentada pela autora concebe na política ambiental uma 
ação necessária para salvaguardar a sobrevivência humana na contemporaneidade. 
Cabe salientar que a elaboração e aplicação de políticas públicas ocorrem em 
diversos setores: econômico, social, educacional, ambiental. 
Esta pesquisa tomará como cerne considerar a periodização de política 
ambiental em consonância com os acontecimentos que influenciaram na sua 
elaboração e aplicação no mundo e, consequentemente, no Brasil. Com esse fim, 
recorre-se a Mello-Théry (2011). De igual importância são os estudos realizados por 
Cunha e Coelho (2012) a respeito de políticas ambientais. Também serão 
consultadas leis ambientais que foram implantadas no período de estudo proposto, 
bem como a bibliografia existente acerca do assunto e as abordagens do contexto 
político e econômico que o país presenciou. 
 
1.1 - A política ambiental no Brasil sobre o novo prisma econômico-
político 
 No cenário internacional, a década de 1990 assinalou profundas mudanças 
políticas, com o fim do mundo bipolar, caracterizado pelo fim do socialismo na União 
Soviética. No contexto econômico, a ideologia da política neoliberal ganha força. 
Essa nova era é caracterizada pelo fenômeno da globalização, que passa a ditar as 
regras de uma nova realidade econômica para os países pobres. (ORLANDO, 2004; 
CERVO e BUENO, 2008). 
Frente a isso, a posição política do Brasil foi declarada no discurso de 
abertura na 46ª assembleia geral da ONU em 23 de setembro de 1991. Naquela 
ocasião, o então presidente Collor defendeu o ideário neoliberal e declarou que o 
novo paradigma econômico dos países do Norte era uma oportunidade para 
promover a modernização da economia brasileira. (Castro, 2009; Collor, 2008). Com 
a adoção dessa política, as barreiras alfandegárias cederam espaço para a entrada 
de diversos produtos estrangeiros no Brasil. 
Em âmbito interno, o Brasil estava presenciando significativas mudanças no 
cenário político. Após um período de duas ditaduras: a do Governo Getúlio Vargas 
(1930- 1945) e dos Militares (1964- 1985), o país depara-se com um processo de 
 
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DE 9 A 12 DE OUTUBRO 
 
 4135 
redemocratização no seu interior. Essa perspectiva política acarretou 
transformações no setor governamental, o que exprime menor intervenção do 
Estado nas decisões administrativas nas políticas ambientais. 
Entretanto, as transformações voltadas no campo das políticas ambientais 
acentuaram as disputas entre organismos estatais e não estatais, que buscavam ter 
legitimidade para decidir regulações normativas sobre questões que circundam o 
meio ambiente. A esse respeito Frey (2000), afirma que a articulação de políticas 
ambientais pode ser vista como um campo de força e disputa. 
Apesar desse quadro, para Mello-Théry (2011), o Estado do século XXI 
continua exercendo o papel de regulador na ordem política, social e territorial. 
Porém, o Estado com o seu poder de decisão adota determinadas medidas que 
fomenta a degradação ambiental. 
A esse respeito, podemos mencionar os programas de governo lançados no 
mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, como: “Brasil em Ação” 
(lançado em 1996), o “Avança Brasil” lançado no ano (2000), e por último o Plano 
Plurianual (2000-2003). Esses programas voltava-se para as questões econômicas 
internas do país, o que incluiu o planejamento territorial, envolveu obras de 
infraestrutura, tendo como principal foco a Amazônia, que visava baixar o valor do 
transporte de grãos na região. Com isso, os principais beneficiados seriam os 
grandes produtores agropecuários, a indústria de alumínio e as usinas hidrelétricas. 
Desse modo, tais medidas não promoveram avanços nas políticas ambientais no 
Brasil, ao contrário tiveram impactos negativos sobre a Amazônia. (BECKER, 2004; 
VIOLA, 2000; LITTLE, 2003). 
O exposto denota que o Estado exercer um papel importante no planejamento 
territorial, seguindo como em via dupla, por um lado adota medidas em defesa da 
natureza, ao mesmo tempo promove ações que favorecem danos na natureza. 
Desse modo, a política ambiental brasileira, desde 1990 até o momento atual, 
apresentou diversas fases e faces e mesclaram-se diferentes posturas que 
perpassam por políticas regulatórias, estruturadoras e indutoras de comportamento. 
(CUNHA e COELHO, 2012). 
 
 
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 4136 
1.2- Políticas regulatórias ambientais 
As políticas ambientais regulatórias envolvem a elaboração de leis ambientais 
ou regulamentam normas e acesso dos recursos naturais, bem como a criação de 
aparatos institucionais para supervisionare garantir o cumprimento da lei. (CUNHA e 
COELHO, 2012 p. 45). 
No Brasil, assim como também em âmbito internacional, percebeu-se a 
necessidade de promover ações em defesa do meio ambiente. O desenvolvimento 
de uma consciência ecológica acentuou-se em especial após a Conferência das 
Nações Unidas em Estocolmo em 1972. Essa reunião trouxe à atenção que a ação 
antrópica do homem tem causado danos nocivos ao meio ambiente, criando severos 
riscos para o bem estar e sobrevivência da humanidade. (RIBEIRO, 2010). 
Pouco depois dessa conferência, foram instituídas no Brasil a Secretaria 
Especial do Meio Ambiente-SEMA (1973), bem como a Companhia de 
Desenvolvimento do vale São Francisco-CODEVASF (1974). Apesar de tais ações, 
a política dos Militares contradizia a discussão internacional sobre o meio ambiente, 
levando o país a sofrer pressões externas para que tomasse medidas em favor da 
natureza. Isso culminou com a aprovação da Lei de Política Nacional do Meio 
Ambiente nº 6.938/81 e com a criação de importantes órgãos como o Conselho 
Nacional do Meio Ambiente-CONAMA e o Sistema Nacional do Meio Ambiente-
SISNAMA. 
As questões ambientais ganham um novo ímpeto, com a promulgação da 
Constituição Federal do Brasil de 1988, que contém um artigo específico em defesa 
da natureza. 
Isso denota que no período que antecede a nossa proposta de estudo (1990-
2015), implementaram-se importantes medidas em defesa da natureza, no entanto, 
a década de 1990 acentuou um novo estímulo na questão ambiental no Brasil. Isso 
se deu em especial após a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente 
e Desenvolvimento que foi sediada no Rio de Janeiro em 1992. Sob esse prisma, 
Fernando Collor esforçou-se para mostrar à comunidade internacional que o Brasil 
tinha capacidade de gerenciar seus recursos naturais. (CANIZIO, 1991). 
 
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 4137 
Assim, foram criadas leis e decretos em defesa do meio ambiente, como o 
decreto nº. 99.274 de 06 de junho de 1990, que regulamenta a aplicação da Política 
Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81). Outra medida foi a criação de diversos 
órgãos com a finalidade de atuar na gestão ambiental, por meio da Lei nº 8.028 de 
1990. Entre esses, destacam-se: Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA; 
Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República; Órgão executor do 
Governo Federal: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis- IBAMA; Órgãos seccionais: Órgãos locais: os órgãos ou entidades 
municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas 
respectivas jurisdições. 
Essa estrutura administrativa sofreu novas mudanças em 1992, quando foi 
criado o Ministério do Meio Ambiente-MMA2. Um ano depois, ele foi transformado 
em Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal. Em 1995, foi alterado para 
Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 
adotando, posteriormente, o nome de Ministério do Desenvolvimento Urbano e do 
Meio Ambiente. Por fim, em 1999, retornou à denominação de Ministério do Meio 
Ambiente. 
O Ministério do Meio Ambiente teve a sua estrutura regimental regulamentada 
pelo Decreto nº 6.101, de 26 de abril de 2007, que estabeleceu a seguinte estrutura 
organizacional: o Conselho Nacional do Meio Ambiente-Conama passou a ser um 
órgão colegiado consultivo e deliberativo de políticas do meio ambiente, subordinado 
ao MMA. 
Por outro lado, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos 
Naturais Renováveis-IBMA, Instituto Chico Mendes de Conservação da 
Biodiversidade-ICMBIO, o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro- 
JBRJ e a Agência Nacional de Águas-ANA. Esses institutos encontram-se também 
está na condição de autarquia com poderes de execução das políticas ambientais, 
vinculada ao MMA, mas não subordinado. 
No que diz respeito à ANA, a sua criação se deu a partir do desdobramento 
de lei federal, a Lei de Recursos Hídricos, também conhecida como Lei das Águas 
 
2
 O Ministério do Meio Ambiente-MMA, que tem como missão promover a adoção de princípios e estratégias 
para a proteção e a recuperação do meio ambiente. 
 
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 4138 
(nº 9.433 de 08/01/1997). Para sua atuação, a ANA subordina-se aos fundamentos, 
objetivos, diretrizes e instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos e 
articula-se com órgãos e entidades públicas e privadas, integrantes do SINGREH. 
(Lei nº 12.334, de 20 de setembro de 2010). A Ana tem como uma de suas 
incumbências as diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso da água. (AGÊNCIA 
NACIONAL DE ÁGUAS, 2012). 
Tais mecanismos de gestão foram decorrentes da necessidade de amenizar 
os conflitos entre usuários da água que se multiplicavam com a construção de 
hidrelétricas desde a década de 1970. Para amenizar as discórdias, foram adotadas 
algumas experiências pioneiras na região sul e sudeste do Brasil, baseadas na 
gestão de recursos hidrográficos, o que está previsto na Lei das Águas. Essa lei 
prevê: a) criação do Sistema Nacional de Informação sobre Recursos Hídricos para 
a coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de recursos hídricos e 
estabelece normas para gestão da água. b) adoção da bacia hidrográfica como de 
gestão e planejamento. 
A esse respeito, o sistema de gestão de bacias adotado no Brasil apresenta 
um arranjo administrativo que visa a conciliar diversos interesses e controlar 
conflitos e dividir as responsabilidades. Nesse aspecto, Cunha e Coelho (20012, p. 
69-72) corroboram com a definição do conceito de bacia hidrográfica 
compreendendo-a como “[...] área de drenagem de um rio principal e de seus 
tributários. As bacias são compostas de subsistemas (microbacias) e de diferentes 
ecossistemas (várzea, terra firme) etc.”. 
Embora o tratamento às águas tenham leis e agências destinadas a esse fim, 
ela se depara com outras leis ambientais que interferem na preservação dos 
recursos hídricos. No que tange a essa questão, o novo Código Florestal, 
promulgado pela Lei nº 12.651, reduz as áreas de preservação permanente nas 
margens de rio. Embora mantenha as mesmas distâncias, enquanto na legislação 
anterior se iniciava a contagem do “leito maior” do curso; no Novo Código, o início se 
dá da borda da calha do leito regular, o que reduz as áreas de preservação 
permanente-APPs. Tal medida fragilizará a proteção, o que poderá causar erosão, 
instabilidade geológica, assoreamento de cursos d’água, redução da quantidade e 
qualidade dos recursos hídricos. A destruição das florestas significa um risco grande 
 
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 4139 
para o equilíbrio de chuvas no nosso País. Além das chuvas, a preservação das 
florestas também tem consequências para a biodiversidade. 
No tangente às nascentes, o raio protetivo manteve-se idêntico (50m.), sendo, 
contudo, permitido o uso consolidado, caso no qual a recomposição deverá ser de 
15m, independente do tamanho da propriedade (alteração ocorrida com a Lei 
12.727/12). No caso de lagos e lagoas naturais os parâmetros também se 
mantiveram os mesmos, apenas alterando-se em caso de uso consolidado, quando 
a necessidade de recomposição irá de acordo com o tamanho da propriedade. 
Nesse aspecto, o novo Código promoverá a piora da qualidade do meio 
ambiente propício à vida, colidindo frontalmente com o objetivo geral da Política 
Nacional doMeio ambiente (art. 2.º, caput, da Lei 6.938/1981 - LPNMA) e com 
vários de seus objetivos específicos (art. 4.º, I, V, VI e VII). As mudanças 
apresentadas no novo código são um retrocesso às leis ambientais brasileiras, 
trazem uma ofensa a um direito fundamental de todos os brasileiros, o de se usufruir 
de um meio ambiente ecologicamente equilibrado. 
 
1.3- Políticas Estruturadoras 
As políticas estruturadoras envolvem a intervenção direta do Poder Público e 
de organismos não governamentais na proteção do meio ambiente, seja por meio de 
financiamento de projetos locais de conservação, ou pela criação de unidades de 
conservação, sejam elas públicas ou as demarcadas pelo Poder Público. (CUNHA e 
COELHO, 2012). 
As pressões de movimentos ambientalistas e de organismos econômicos que 
o Brasil vinha sofrendo desde a década de 1980 condicionou o governo a criar um 
mecanismo voltado para preservar sua reserva ecológica. Naquele período, os 
sistemas de uso do solo foram regulamentados pela Lei da Política Agrícola nº 8.171 
de 17/01/1991. Nesse segmento, a lei nº 8723/93 de 24.10 trata da redução de 
emissão de poluentes por veículos automotores - níveis de emissão e prazos. Outra 
importante medida foi por meio do Decreto nº 99.274 de 6 de junho de 1990, que 
regulamenta a Política Nacional do Meio Ambiente, (Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 
1981) sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental. 
 
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Tal medida impulsionou a criação de novas unidades de conservação. De 
1998 a 2001, foram criados 119 unidades de conservação, das quais 57 na Região 
Norte, somando-se ainda com a criação de unidades com status de uso de direito, 
parques nacionais, áreas de florestas de proteção ambiental. (CUNHA e COELHO, 
2012, p. 53). 
Nesse campo, os critérios e normas para a criação, implantação e gestão das 
Unidades de Conservação foi reforçada por meio da lei nº 9.985 18/07/2000 e por 
meio do Decreto-Lei n.º 151-B/2013 de 31 de outubro, que estabelece o regime 
jurídico da Avaliação de Impacto Ambiental-AIA. 
Além da criação de unidades de conservação, foi efetivada a gestão de 
florestas nacionais e proteção ao meio ambiente, regulamentada pela lei de Gestão 
de Florestas Públicas – (Lei nº 11.284/2006); criou um órgão regulador de Serviço 
Florestal Brasileiro e o Fundo de Desenvolvimento Florestal. Para aprovação dessa 
lei, o Congresso Nacional contou com o apoio de todos os partidos políticos, tendo 
sido sancionada em 2006. (KAGEYAMA e SANTOS, 2011). 
Passando para a análise da Reserva Legal, as modalidades de APPs 
prescritas no Código Florestal, os parâmetros da Reserva mantiveram-se os 
mesmos, variando os percentuais entre 80%, 35% e 20%. Todavia, a averbação da 
mesma em Cartório de Registro de Imóveis não mais é obrigatória, sendo suficiente 
o registro no Cadastro Ambiental Rural (art. 18, §4º, Lei 12.651/12). Assim, do 
percentual a ser destinado para Reserva Legal poderá ser abatido o percentual da 
propriedade que se encontra em APPs, bastando para tal: que estas estejam 
conservadas ou em processo de recuperação; que a propriedade esteja inscrita no 
Cadastro Ambiental Rural; e que não haja conversão de vegetação nativa para tal. 
Neste momento, é possível perceber uma das principais críticas ao Novo Código 
Florestal está consubstanciada no fato de se converter em beneficio aos agricultores 
e prejuízos para as APPs. 
 
1.4- Políticas ambientais indutoras 
As políticas ambientais indutoras consistem em iniciativas que objetivam 
influenciar o comportamento de indivíduos ou de grupos sociais, na busca de 
 
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 4141 
práticas que inviabilizem a degradação do meio ambiente. (CUNHA e COELHO, 
2012). 
Nesse contexto, surge o conceito de sustentabilidade, que objetiva influenciar 
nas práticas econômicas não degradantes ao meio ecológico. Desse modo, as 
políticas ambientais no Brasil inseriram-se no circuito preservacionista internacional, 
em consonância com as premissas do desenvolvimento sustentável. 
No entanto, a consolidadação desse conceito deu-se a partir dos trabalhos da 
Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento – CMMAD, que 
promoveu entre os anos de 1985 e 1987 mais de 75 estudos e relatórios. Entre os 
documentos produzidos destacou-se o relatório e o protocolo "O Nosso Futuro 
Comum", mais conhecido como a declaração Brundtland, que definiu o conceito de 
desenvolvimento sustentável como uma necessidade para atender as necessidades 
presentes sem comprometer as gerações futuras. (Brundtland, Comissionn 
Environment and Development 1991:49). Posteriormente esse conceito novamente 
ocupou lugar de destaque durante a Conferência das Nações Unidas sobre o 
Ambiente e o Desenvolvimento - CNUMAD, conhecido como Rio-92. Nessa 
conferência o conceito de desenvolvimento sustentável foi traduzido como “[...] uso 
racional e valorização da base de recursos naturais que sustenta a recuperação dos 
ecossistemas e o crescimento econômico." (Relatório da Delegação Brasileira 1992 - 
IPRI RIO 92). 
Nesse segmento, em 1990, as políticas ambientais regulatórias no Brasil 
inseriram-se no circuito preservacionista internacional, em consonância com as 
premissas de desenvolvimento sustentável. (FERREIRA, 2003). 
Isso pode ser constatado com a criação da Lei nº 9.795, 27/04/1999 - Política 
Nacional de Educação Ambiental, que visa a levar participação de cidadãos na 
promoção do desenvolvimento sustentável e orientá-lo na busca da satisfação de 
suas necessidades econômicas, sociais, culturais, entre outras, em um ambiente 
ecologicamente equilibrado. 
No Brasil, as políticas ambientais têm sido elaboradas em consonância com 
as premissas do desenvolvimento sustentável. Desse modo, pode ser observado 
que as políticas ambientais também são influenciadas pelas crenças e valores que 
 
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 4142 
são produzidos em cada tempo vivido, somando-se ainda as questões políticas e 
econômicas, internas e externas ao país. 
 
Considerações Finais 
 
Conforme consideramos neste estudo, observou-se que a elaboração e 
estruturação das políticas ambientais estão interligadas por um conjunto de fatores 
que envolvem diversos elementos políticos e econômicos, como a consolidação da 
política neoliberal e da globalização. 
Dentro desse contexto, a política econômica tem-se sobressaído à frente das 
políticas ambientais. Porém, o mercado econômico, por si só, não é capaz de 
resolver os problemas sociais e ambientais. (SOUZA, 2011 p. 115). 
Isso significa que, apesar do avanço na consciência ecológica, ainda é 
necessário avançarmos nessa questão, pois foi possível identificar que as políticas 
ambientais no período estudado (1990 - 2015) foram similares a outros momentos 
históricos do Brasil, envoltos em interesses de agentes governamentais e não 
governamentais. 
Contudo, o Estado tem um forte poder de decisão. Apesar da 
descentralização de poder, espera-se que assuma o papel de tutor da natureza, 
criando mecanismos que visem à preservação de sua reserva ecológica, de seus 
recursos hídricos e proporcione mecanismos para mitigação de danos ambientais. 
Conforme afirma Mello-Théry (2011, p. 147), o Estado é um elemento importante e é 
capaz de decidir sobre programas e linhas de financiamento e criar condições 
favoráveis para a inserção de projetos. 
 
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