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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ Helder Zahluth Barbalho Governador SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE DO ESTADO DO PARÁ José Mauro de Lima O’ de Almeida Secretário SECRETARIA ADJUNTA DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS E CLIMA Raul Protázio Romão Secretário-Adjunto DIRETORIA DE RECURSOS HÍDRICOS Luciene Mota de Leão Chaves – Diretora de Recursos Hídricos (DIREH) Verônica Jussara Costa Bittencourt – Coordenadora de Planejamento em Recursos Hídricos (CPLAN) Maryelle da Silva Ferreira – Coordenadora de Regulação (COR) Cleyanne Kelly Barbosa Souto – Gerência de Outorga (GEOUT) Rafael Estumano Leal – Gerente do Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos (GESIR) Eliane Cristina Soares Ribeiro – Gerente de Cadastro e Controle (GECAD) DIRETORIA DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL Jorge Alves da Silveira Júnior – Diretor de Fiscalização Ambiental (DIFISC) Tobias Brancher – Coordenador de Fiscalização Ambiental (COFISC) Adrielle Baia Rodrigues – Gerente de Fiscalização de Atividades Poluidoras e Degradadoras (GERAD) CENTRO INTEGRADO DE MONITORAMENTO AMBIENTAL Jakeline da Silva Viana – Coordenadora de Monitoramento (CFISC) © 2022, SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE (SEMAS) Travessa Lomas Valentinas, nº 2717 – Marco, Belém/PA, CEP: 66093-677 Telefones: (91) 3184-330/3374. Endereço Eletrônico: www.semas.pa.gov.br EQUIPE TÉCNICA DE ELABORAÇÃO Coordenação Geral Eliane Cristina Soares Ribeiro Equipe Técnica Executiva Jean Pereira Cavalcante Lorena Araújo Durans Lucas Baía Magalhões Colaboradores Maryelle da Silva Ferreira Rafael Estumano Leal Produção e Elaboração dos Originais Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS) Figuras, Tabelas e Mapas Temáticos Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS) Foto de Capa e Diagramação Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS) http://www.semas.pa.gov.br Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução deste texto e dos dados nele contidos, desde que citada a Fonte. Reproduções para fins comerciais são proibidas. Elaborada por Paulo Maia Pará. Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade. Relatório de Segurança de Barragem do Estado do Pará – Belém: SEMAS, 2023. 46f. 1. Gestão Ambiental. 2.Barragens. 3. Segurança de Barragens. I. Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade. II. Título. CDD 22. ed. 363.7 LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Características para enquadramento na PNSB. ........................................................ 11 Figura 02 - Agentes responsáveis pela segurança de barragens. ................................................12 Figura 03 - Entidades fiscalizadoras de segurança de barragens. .............................................. 13 Figura 04 - Esquema com competências de fiscalizadores e empreendedores. ..........................14 Figura 05 - Evolução normativa e de procedimentos no âmbito estadual e federal da PNSB. ... 17 Figura 07 - Barragens cadastradas no estado do Pará. ................................................................ 21 Figura 08 - Indicador de Completude da Informação (ICI) das barragens submetidas à PNSB e fiscalizadas pela SEMAS em 2022. .............................................................................................. 22 Figura 09 - Barragens de responsabilidade da SEMAS e suas classificações de DPA e CRI. .......22 Figura 10 - Uso principal das barragens de responsabilidade da SEMAS. .................................. 23 Figura 11 - Empreendedores com o maior número de barragens submetidas à PNSB no estado do Pará em 2022. .........................................................................................................................23 Figura 13 - Critérios para classificação do dano potencial associado. ........................................ 26 Figura 14 - Avaliação para matrizes relacionadas à categoria de risco para barragens de acumulação de água. ....................................................................................................................27 Figura 15 - Avaliação para matrizes relacionadas à categoria de risco para barragens de disposição de resíduos industriais. .............................................................................................. 27 Figura 16 - Avaliação para matrizes relacionadas ao dano potencial associado para barragens de acumulação de água. ...............................................................................................................28 Figura 17 - Avaliação para matrizes relacionadas ao dano potencial associado para barragens de disposição de resíduos industriais. .........................................................................................28 Figura 18 - Evolução da classificação das barragens no estado do Pará até 2022. .................... 29 Figura 19 - Evolução da classificação das barragens de responsabilidade da SEMAS até 2022. ..................................................................................................................................................... 29 Figura 20 - Compartilhamento do PSB e PAE pelos órgãos fiscalizadores no estado do Pará. ...32 Figura 21 - Produto do relatório de monitoramente pré-campanha com a análise de sensoriamento remoto, referente à primeira campanha de fiscalização de segurança de barragens da SEMAS (Agosto/2021). .......................................................................................... 35 Figura 22 - Produto do relatório de monitoramente pré-campanha com a análise de sensoriamento remoto, referente à primeira barragem fiscalizada pela SEMAS (03/08/2021).36 Figura 23 - Produto do relatório de monirotamento pós-Campanha, referente a análise do sensoriamento remoto e perfil altimétrico da primeira barragem fiscalizada pela SEMAS (03/08/2021). ..............................................................................................................................37 Figura 24 - Registro fotográfico da primeira barragem fiscalizada pela SEMAS (03/08/2021).38 Figura 25 - Fluxo das ações de fiscalização de segurança de barragens na SEMAS. .................. 39 LISTA DE TABELAS Tabela 01 - Estruturação da SEMAS quanto à evolução no número de servidores que atuam em segurança de barragens. ..............................................................................................................40 Tabela 02 - Capacitação de servidores da SEMAS no tema de segurança de barragens. ........... 41 SIGLAS ANA Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica ANM Agência Nacional de Mineração CBPA Cadastro Estadual de Barragens do Estado do Pará CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos CERH Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Pará COEMA Conselho Estadual de Meio Ambiente do Estado do Pará CRI Categoria de Risco DPA Dano Potencial Associado ISE Inspeção de Segurança Especial ICI Indicador de Completude de Informação ISR Inspeção de Segurança Regular PAE Plano de Ação de Emergência PAF Plano Anual de Fiscalização PERH Política Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Pará PNSB Política Nacional de Segurança de Barragens PROGESTÃO Programa de Consolidação do Pacto Nacional pela Gestão das Águas PSB Plano de Segurança de Barragem RESB Relatório Estadual de Segurança de Barragens RPSB Revisão Periódica de Segurança de Barragem RSB Relatório de Segurança de Barragens SEIRH Sistema Estadual de Informações Sobre Recursos Hídricos do Pará SNIRH Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos SNISB Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens SAGRH Secretaria Adjunta de Gestão de Recursos Hídricos e Clima SUMÁRIO INTRODUÇÃO.................................................................................................................................9 POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA DE BARRAGENS ...............................................................11 EVOLUÇÃO LEGISLATIVAFEDERAL E ESTADUAL ........................................................................ 15 REGULAMENTAÇÃO ESTADUAL ................................................................................................... 18 CADASTRO DE BARRAGENS DO ESTADO DO PARÁ ..................................................................... 20 CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS.................................................................................................25 PLANOS DE SEGURANÇA DE BARRAGEM.................................................................................... 31 FISCALIZAÇÃO DA SEGURANÇA DE BARRAGENS....................................................................... 33 RECURSOS HUMANOS E CAPACITAÇÃO..................................................................................... 40 DIAGNÓSTICO .............................................................................................................................. 42 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................................. 44 REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................46 9 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens INTRODUÇÃO A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (SEMAS) realiza a coordenação e execução da Política de Recursos Hídricos do estado do Pará, a fim de garantir a sustentabilidade da disponibilidade e uso racional dos recursos hídricos no estado do Pará, conforme preconiza a Lei Estadual nº 6381, de 25 de julho de 2001. Ainda, tem como sua missão institucional, promover a gestão ambiental integrada, compartilhada e eficiente das políticas estaduais do meio ambiente e dos recursos hídricos do estado desde sua criação, em 11 de maio de 1988 pela Lei Estadual nº 5.457. Além das atribuições descritas acima, a partir da publicação da Lei Federal nº 12.334 que instituiu a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), a qual foi recentemente alterada, em 2020, pela Lei Federal nº 14.066, a SEMAS assumiu a competência para atuar também como órgão fiscalizador da segurança de barragens instaladas no estado do Pará, no âmbito de sua competência. A PNSB objetiva garantir a observância de padrões de segurança de barragens de maneira a fomentar a prevenção e a reduzir a possibilidade de acidente ou desastre e suas consequências; regulamentar as ações de segurança a serem adotadas em todas as fases de vida, bem como usos futuros; promover o monitoramento e o acompanhamento das ações de segurança empregadas pelos responsáveis por barragens, dentre outros. Conforme preconizado na PNSB, a segurança de barragem consiste em uma condição que visa manter a sua integridade estrutural e operacional, de modo a minimizar o risco de incidentes ou acidentes, para que cumpra sua finalidade e a preservação da vida, da saúde, da propriedade e do meio ambiente, sendo considerada uma das vertentes da segurança hídrica do país. Como órgão fiscalizador de segurança de barragens de acumulação de água e resíduos industriais do estado do Pará, a SEMAS vem realizando uma série de ações voltadas para a garantia da segurança das referidas estruturas instaladas no estado como: identificação, cadastramento, classificação, compartilhamento de informações de barragens, bem como realização de vistoria e fiscalização. Em 2014, a SEMAS aderiu ao Programa de Consolidação do Pacto Nacional pela Gestão das Águas - PROGESTÃO junto à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), através do contrato nº 45/2014-ANA, essa adesão foi reafirmada em 2019, por meio do contrato nº 47/2019-ANA. O citado programa tem fomentado os avanços na implementação da Política de Segurança de Barragem no estado, tendo em vista as metas desafiadoras que tem sido propostas, além da grande contribuição da ANA, a qual realiza constantemente o compartilhamento de procedimentos e informações técnicas a fim de facilitar a execução das atividades de responsabilidade dos estados. 10 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens Neste sentido, a consolidação deste Relatório Estadual de Segurança de Barragens (RESB) almeja apresentar as ações que o estado do Pará está realizando na área de segurança de barragem e divulgar os avanços alcançados na temática, garantindo assim a descentralização, acesso à produção de dados e informações, além de fomentar a cultura de segurança de barragens à toda sociedade. 11 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA DE BARRAGENS A Lei Federal nº 12.334/2010, que estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens, aplica-se a barragens destinadas a acumulação de água para quaisquer usos, à disposição final ou temporária de rejeitos e à acumulação de resíduos industriais que apresentem pelo menos uma das seguintes características e visualizado na Figura 01: Figura 01 – Características para enquadramento na PNSB. Fonte: SEMAS (2023) Muito se tem dúvida quanto às estruturas de barramentos inferiores a 15 (quinze) metros: se tais acumulações de água associadas a estas estruturas são barragens ou não. Porém, independente do porte da estrutura da barragem e volume do reservatório, ainda existem 3 (três) critérios que o empreendedor poderá enquadrar a estrutura considerando a PNSB. Considerando o inciso XV do Art. 1º da PNSB, entende-se como barragem, qualquer estrutura construída dentro ou fora de um curso permanente ou temporário de água, para fins de contenção ou acumulação de substâncias líquidas ou de misturas de líquidos e sólidos. A PNSB indicou as competências dos empreendedores e órgãos fiscalizadores como os principais agentes do controle de segurança de barragens, assim como, indicou competências adicionais à ANA e o CNRH. A Figura 02 apresenta um diagrama com os agentes responsáveis pela Segurança de Barragens, suas funções e o seu modo de atuação. 12 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens Figura 02 - Agentes responsáveis pela segurança de barragens. Fonte: SEMAS (2023) O empreendedor é uma pessoa física ou jurídica que detenha outorga, licença, registro, concessão, autorização ou outro ato que lhe confira direito de operação da barragem e do respectivo reservatório, ou, subsidiariamente, aquele com direito real sobre as terras onde a barragem se localize, se não houver quem os explore oficialmente, sendo assim, o responsável legal pela segurança da barragem. A seguir na Figura 03, um diagrama indicando os entes responsáveis pela fiscalização da segurança de barragens, por esfera institucional e tipo de uso da barragem. 13 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens Figura 03 - Entidades fiscalizadoras de segurança de barragens. Fonte: SEMAS (2023) A Constituição Federal de 1988 divide entre a União e os Estados o domínio das águas da seguinte forma: São considerados bens da União os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham (CF art. 20, inciso III); São bens dos Estados as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, na forma da lei, as decorrentes de obras da União (CF, art. 26, inciso I). Ante o exposto, a exploração dos bens públicos mencionados, faz-se necessária a prévia autorização ou concessão do Poder Público titular ao respectivo ente competente quanto ao domínio da água. Desta forma, cabe à União e aos estados da federação que detêm a dominialidade sobre os recursos hídricos outorgar o direito de uso da água de seus bens. A seguir na Figura 04, apresenta um esquema de competências de fiscalizadores e empreendedores. 14 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens Figura 04 - Esquema com competências de fiscalizadorese empreendedores. Fonte: SEMAS (2023) 15 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens EVOLUÇÃO LEGISLATIVA FEDERAL E ESTADUAL A segurança de barragens assume grande interesse e chama a atenção do poder público e da sociedade quando em 2010 foi aprovada a Lei Federal n° 12.334. Desde então, o poder público federal e os estados regulamentam e implementam a PNSB com a aprovação de normas, procedimentos e elaboração de bancos de dados. No âmbito federal e do estado do Pará, seguem abaixo e exemplificado na Figura 05, as principais legislações, normativos e procedimentos referente ao tema de segurança de barragens: Lei Federal nº 12.334, de 20 de setembro de 2010, que foi alterada pela Lei Federal nº 14.066, de 30 de setembro de 2020, estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens destinadas à acumulação de água para quaisquer usos, à disposição final ou temporária de rejeitos e à acumulação de resíduos industriais e criou o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB); Resolução nº 143, de 10 de julho de 2012, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), estabelece critérios gerais de classificação de barramentos por categoria de risco, dano potencial associado e pelo seu volume; Resolução nº 144, de 10 de julho de 2012, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), estabelece diretrizes para implementação da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB), alterada pela Resolução nº 223, de 20 de novembro de 2020; Resolução nº 132, de 22 de fevereiro de 2016, da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), estabelece critérios complementares de classificação de barragens regulamentadas pelo órgão, quanto ao Dano Potencial Associado – DPA; Instrução Normativa SEMAS nº 02, de 07 de fevereiro de 2018, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS), que estabelece os procedimentos e critérios para elaboração e apresentação do Plano de Segurança da Barragem de Acumulação de Água e de Disposição de Resíduos Industriais - PSB, de que trata a Lei Federal nº 12.334, de 20 de setembro de 2010; Resolução nº 236, de 30 de Janeiro de 2017, que foi alterada pela Resolução nº 121, de 9 de maio de 2022, da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), estabelece a periodicidade de execução ou atualização, a qualificação dos responsáveis técnicos, o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento do Plano de Segurança da Barragem, das Inspeções de Segurança Regular e Especial, da Revisão Periódica de Segurança de Barragem e do Plano de Ação de Emergência, conforme Art. 8°, 9°, 10, 11 e 12 da Lei n° 12.334 de 20 de setembro de 2010, que estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB). 16 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens Instrução Normativa SEMAS nº 12, de 27 de dezembro de 2019, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS), que estabelece a periodicidade de execução e/ou atualização, a qualificação dos responsáveis técnicos, o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento do Plano de Ação de Emergência (PAE) das barragens de acumulação de água e disposição de resíduos industriais; Resolução nº 24, de 04 de maio de 2020, da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), que estabelece procedimentos acerca das atividades de fiscalização do uso de recursos hídricos e da segurança de barragens objeto de outorga em corpos d’água de domínio da União exercidas pela Agência Nacional de Águas – ANA; Nota Técnica nº 24926/GECAD/COR/DIREH/SAGRH/2020, de 23 de dezembro de 2020, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS), que estabelece procedimentos para fiscalização de segurança de barragens de acumulação de água e disposição de resíduos industriais e critérios para priorizar ações de fiscalização; Nota Técnica nº 29432/GECAD/COR/DIREH/SAGRH/2021, de 04 de outubro de 2021, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS), que estabelece procedimentos para classificação quanto ao Dano Potencial Associado (DPA) das barragens de acumulação de água no estado do Pará; Nota Técnica nº 31028/GECAD/COR/DIREH/SAGRH/2022, de 08 de fevereiro de 2022, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS), que estabelece a metodologia de classificação de barragem de acumulação de água quanto à Categoria de Risco (CRI); Resolução nº 230, de 22 de março de 2022, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), que estabelece diretrizes para fiscalização da segurança de barragens de acumulação de água para usos múltiplos. Decreto nº 2.804, de 06 de dezembro de 2022, do Governo do Pará, que regulamenta o poder de polícia administrativa ambiental para apuração das condutas e atividades lesivas ao meio ambiente no Estado do Pará e revoga o Decreto Estadual nº 552, de 17 de fevereiro de 2020; Decreto Federal nº 11.310, de 26 de dezembro de 2022, que regulamenta dispositivos da Lei nº 12.334, de 20 de setembro de 2010, para dispor sobre as atividades de fiscalização e a governança federal da Política Nacional de Segurança de Barragens, institui o Comitê Interministerial de Segurança de Barragens e altera o Decreto nº 10.000, de 3 de setembro de 2019. 17 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens Figura 05 - Evolução normativa e de procedimentos no âmbito estadual e federal da PNSB. Fonte: SEMAS (2023) Todos os normativos estão disponíveis no Portal Legislativo da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará - SEMAS/PA (https://www.semas.pa.gov.br/legislacao/), bem como no portal do Governo Federal (http://www4.planalto.gov.br/legislacao/). 18 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens REGULAMENTAÇÃO ESTADUAL A Lei nº 12.334/2010 preconiza que os órgãos fiscalizadores devem regulamentar os seus artigos 8°, 9°, 10, 11 e 12 quanto à periodicidade de execução ou atualização, a qualificação dos responsáveis técnicos, o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento do Plano de Segurança da Barragem (PSB), das Inspeções de Segurança Regular e Especial (ISR e ISE), da Revisão Periódica de Segurança de Barragem (RPSB) e do Plano de Ação de Emergência (PAE). Em observância a referida política, a SEMAS caracteriza-se como órgão fiscalizador de segurança de barragem, considerando que é a entidade que concede a licença ambiental para fins de disposição de resíduos industriais e a que outorga o direito de uso dos recursos hídricos, observado o domínio do corpo hídrico quando o objeto for de acumulação de água, exceto para fins de aproveitamento hidrelétrico. Para iniciar a regulamentação da PNSB no estado, a SEMAS publicou inicialmente a Instrução Normativa SEMAS nº 02 de 07 de fevereiro de 2018, que estabelece os procedimentos e critérios para elaboração e apresentação do Plano de Segurança da Barragem de Acumulação de Água e de Disposição de Resíduos Industriais – PSB. Dando continuidade ao processo de regulamentação da PNSB, a SEMAS publicou a Instrução Normativa SEMAS nº 12, de 27 de dezembro de 2019, que estabelece a periodicidade de execução e/ou atualização, a qualificação dos responsáveis técnicos, o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento do Plano de Ação de Emergência (PAE) das barragens de acumulação de água e disposição de resíduos industriais. Destaca-se que em função da publicação da Lei Federal nº 14.066 de 2020, a qual altera a Lei Federal n° 12.334/2010, que dispõe sobre a Política Nacional Segurança de Barragem - PNSB, a SEMAS está providenciando a publicação de ato normativo atualizado para que possam ser revogadas as Instruções Normativa SEMAS nº 02/2018 e n° 12 /2019, já obsoletas. Além das normativas elencadas acima, a SEMAS emitiu três notas técnicas que, embora não regulamentem os artigos 8º a 12 da PNSB, tratam da temática segurança de barragens e estabelecemprocedimentos para fiscalização de segurança de barragem e metodologias de classificação de barragens no estado, a saber: Nota Técnica nº 24926/GECAD/COR/DIREH/SAGRH/2020, de 23 de dezembro de 2020, que estabelece procedimentos para fiscalização de segurança de barragens de acumulação de água e disposição de resíduos industriais e critérios para priorizar ações de fiscalização; 19 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens Nota Técnica nº 29432/GECAD/COR/DIREH/SAGRH/2021, de 04 de outubro de 2021, que estabelece procedimentos para classificação quanto ao Dano Potencial Associado (DPA) das barragens de acumulação de água no estado do Pará; Nota Técnica nº 31028/GECAD/COR/DIREH/SAGRH/2022, de 08 de fevereiro de 2022, que estabelece a metodologia de classificação de barragem de acumulação de água quanto à Categoria de Risco (CRI). 20 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens CADASTRO DE BARRAGENS DO ESTADO DO PARÁ Uma importante atribuição a ser exercida no processo de segurança de barragens é o cadastro das barragens existentes, disponibilizado para acesso público por meio do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB). A ANA é a responsável pelo gerenciamento do SNISB e a inserção dos dados no sistema está sob a responsabilidade de cada entidade ou órgão fiscalizador de segurança de barragens no Brasil. Até 2022, havia quase 24 mil barragens de todo o País cadastradas por 33 entidades fiscalizadoras no SNISB. Dessas, 13.451 (57%) não apresentam informações suficientes para a avaliação e conclusão sobre o enquadramento na PNSB, nos termos do art. 1º. A evolução dos números de barragens cadastradas e enquadradas na PNSB pode ser verificada na Figura 06, onde chama-se a atenção que os cadastros aumentaram, porém, reduziu a taxa de barragens enquadradas na política. Figura 06 - Evolução do cadastro de barragens no SNISB. Fonte: SNISB (2022). Conforme o mapa da Figura 07, no estado do Pará, 535 barragens foram cadastradas até o ano de 2022, sendo que desse total, 353 foram cadastradas pela SEMAS - órgão fiscalizador estadual e as 176 restantes pela ANA, ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e ANM (Agência Nacional de Mineração), todas como entidades fiscalizadoras federais. 21 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens Figura 07 - Barragens cadastradas no estado do Pará. Fonte: SNISB (2022). O cadastro com informações sobre barragens é fundamental para a implementação da PNSB, pois devem constar as informações de todas as barragens existentes no mesmo, sendo essenciais para a realização de qualquer modelo de avaliação sobre a segurança das barragens. No estado do Pará, até 2022, 81% das barragens cadastradas apresentaram informações suficientes para avaliação quanto ao enquadramento na PNSB. A completude de informações no cadastro das barragens aponta em qual categoria se encontram os dados de cada cadastro, sendo classificada em cinco faixas: mínima, baixa, média, boa e ótima, numa progressão acumulativa de informações, onde cada faixa agrega as informações da faixa anterior. Assim, a faixa classificada como mínima indica que o cadastro possui informações mínimas de conhecimento da barragem; a classificação baixa contém os dados da faixa mínima e outras informações, o que se aplica também às faixas média e boa até atingir a classificação ótima, que indica que o cadastro da barragem está completo. Até 2022, no estado do Pará, cerca de 44% das barragens cadastradas e fiscalizadas pela SEMAS estavam classificadas na faixa boa de completude, 34,56% na baixa, média e ótima e 21,53% na mínima, conforme apresentado na Figura 08. 22 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens Figura 08 - Indicador de Completude da Informação (ICI) das barragens submetidas à PNSB e fiscalizadas pela SEMAS em 2022. Fonte: SNISB (2022). No que se refere à classificação das 353 barragens cadastradas pela SEMAS no SNISB, 266 estavam classificadas quanto ao Dano Potencial Associado - DPA e 236 quanto a Categoria de Risco - CRI em 2022. A Figura 09 apresenta a classificação das 353 barragens cadastradas pela SEMAS no SNISB e CBPA, onde 266 estavam classificadas quanto ao Dano Potencial Associado - DPA e 236 quanto a Categoria de Risco - CRI em 2022. Dos totais de barragens classificadas, 170 apresentavam DPA alto, 39 classificações em média e 57 barramentos apresentavam DPA baixo. Quanto ao CRI, 199 classificações apresentavam CRI alto, 32 em médio e 5 barragens apresentavam CRI baixo. Figura 09 - Barragens de responsabilidade da SEMAS e suas classificações de DPA e CRI. Fonte: SNISB e CBPA (2022). 23 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens Na Figura 10, podem ser visualizadas as finalidades de uso das barragens, sendo que as para aquicultura e irrigação são predominantes no estado do Pará, totalizando 54,7% das barragens cadastradas no SNISB. A finalidade de uso para dessedentação animal e regularização de vazão compõe ¼ (um quarto) das barragens, seguido pelo uso industrial (9%), recreação (4,2%), contenção de resíduos industriais (2,8%), abastecimento humano (1,4%), paisagismo (0,8%), proteção do meio ambiente (0,8%) e defesa contra inundações (0,3%). Importante destacar que, retirando os usos de recreação, contenção de resíduos industriais e abastecimento humano, as finalidades principais dessas barragens estão diretamente ligadas ao agronegócio. Figura 10 - Uso principal das barragens de responsabilidade da SEMAS. Fonte: SNISB e CBPA (2022). No estado do Pará, as empresas Suzano Papel Celulose S.A, Vale S.A., Norte Energia S.A. e Mineração Rio do Norte S.A. são as principais empreendedoras com maior número de barragens cadastradas, totalizando 152 barramentos, ilustrado na Figura 11. Figura 11 - Empreendedores com o maior nº de barragens submetidas à PNSB no Pará em 2022. Fonte: SNISB (2022). 24 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens O Cadastro de Barragens do Estado do Pará (CBPA) atende parcialmente ao conteúdo mínimo de informações sugeridas pela ANA, pois os campos referentes ao Plano de Segurança de Barragens (PSB) das barragens reguladas pela PNSB, ainda não estão sendo devidamente preenchidas e atualizadas. Para as barragens de acumulação de água, o autocadastramento não está sendo incentivado pela SEMAS, pois o módulo de barragem de acumulação de água do Sistema de Cadastro de Barragem do estado do Pará (CBPA) está em fase de desenvolvimento por empresa de Tecnologia da Informação contratada pela SEMAS. Com relação à atualização das informações relativas às barragens de acumulação de água, a SEMAS por meio da Diretoria de Recursos Hídricos, considerando que não possui um setor específico para segurança de barragens, tem adotado como estratégia o envio de notificações aos empreendedores solicitando a complementação de informações faltantes, objetivando a atualização de dados cadastrais e de classificação quanto ao DPA, CRI e volume do reservatório. Em função do módulo de barragem de acumulação de água do CBPA ainda encontrar-se em fase de desenvolvimento, a SEMAS está disponibilizando as informações de barragem de acumulação de água por meio de uma planilha denominada Cadastro de Barragem do Estado do Pará – CBPA, disponível para acesso no site do Sistema Estadual de Informações Sobre Recursos Hídricos do Pará - SEIRH (http://monitoramento.semas.pa.gov.br/seirh/#/SecaoTematica/1 ]). 25 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS Conforme previsto na PNSB, as barragens para acumulação de água e resíduos industriais são classificadas pela SEMAS, por Categoria de Risco, Dano Potencial associado e Volume, com base em critérios estabelecidos pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH). Com base na Resolução CNRH n° 143 de 10 de Julho de 2012, a qual dispõe sobre os critérios gerais de classificação de barragens porCategoria de Risco, Dano Potencial Associado e pelo Volume do reservatório, juntamente com Resolução nº 132, de 22 de fevereiro de 2016, da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), que estabelece critérios complementares de classificação de barragens quanto ao DPA, a SEMAS realiza a classificação das barragens do estado do Pará de sua responsabilidade. Desta forma, as barragens podem ser classificadas de acordo com a Categoria de Risco e Dano Potencial Associado em: Alto, Médio ou Baixo. Com relação ao CRI, a avaliação é realizada em função das características técnicas, dos métodos construtivos, do estado de conservação e da idade do empreendimento e do atendimento ao Plano de Segurança da Barragem, onde são avaliados os aspectos da própria barragem que possam influenciar na possibilidade de ocorrência de acidente, levando-se em conta os seguintes critérios gerais e exemplificado na Figura 12: I. Características técnicas: altura do barramento; comprimento do coroamento da barragem; tipo de barragem quanto ao material de construção; tipo de fundação da barragem; idade da barragem; tempo de recorrência da vazão de projeto do vertedouro. II. Estado de conservação da barragem: confiabilidade das estruturas extravasoras; confiabilidade das estruturas de captação; eclusa; percolação; deformações e recalques; deterioração dos taludes. III. Plano de Segurança da Barragem: existência de documentação de projeto; 26 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens estrutura organizacional e qualificação dos profissionais da equipe técnica de segurança da barragem; procedimentos de inspeções de segurança e de monitoramento; regra operacional dos dispositivos de descarga da barragem; relatórios de inspeção de segurança com análise e interpretação. Figura 12 - Critérios para classificação da categoria de risco. Fonte: SEMAS (2023). Enquanto que a classificação por DPA é feita em função do potencial de perdas de vidas humanas e dos impactos econômicos, sociais e ambientais decorrentes da ruptura da barragem, considerando a área potencialmente afetada e os critérios e exemplificado na Figura 13: Existência de população a jusante com potencial de perda de vidas humanas; Existência de unidades habitacionais ou equipamentos urbanos ou comunitários; Existência de infraestrutura ou serviços; Existência de equipamentos de serviços públicos essenciais; Existência de áreas protegidas definidas em legislação; Natureza dos rejeitos ou resíduos armazenados; Volume. Figura 13 - Critérios para classificação do dano potencial associado. Fonte: SEMAS (2023). Quanto ao volume, as barragens são classificadas de acordo com o volume do reservatório como: muito pequeno, pequena, média, grande e muito grande. Cabe salientar que a SEMAS dispõe de uma metodologia de classificação de barragem quanto à CRI para barragens de acumulação de água, descrita na Nota Técnica nº 31028/GECAD/COR/DIREH/SAGRH/2022. A referida classificação corresponde à consolidação 27 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens de 3 matrizes e o somatório dos valores de todas suas células representa o índice de vulnerabilidade a um acidente do maciço. Desta forma, para uma barragem de acumulação de água, será considerada de alto risco caso o somatório resultante da pontuação dos critérios de avaliação obtidos nessas matrizes for superior ou igual a 60. Enquanto que entre 35 e 60 pontos a barragem será considerada de risco médio e menor ou igual a 35 será considerada de risco baixo, conforme visualização na Figura 14. Neste sentido, caso alguma coluna da matriz Estado de Conservação tenha pontuação maior ou igual a 8, automaticamente, a categoria de risco da barragem será definida como Alta. Figura 14 - Avaliação para matrizes relacionadas à categoria de risco para barragens de acumulação de água. Fonte: Resolução CNRH nº 143, de 10 de julho de 2012. Para barragens de disposição de resíduos industriais, será considerada de alto risco caso o somatório resultante da pontuação dos critérios de avaliação obtidos nessas matrizes for superior ou igual a 60. Enquanto que entre 35 e 60 pontos a barragem será considerada de risco médio e menor ou igual a 35 será considerada de risco baixo, conforme visualização na Figura 15. Neste sentido, caso alguma coluna da matriz Estado de Conservação tenha pontuação maior ou igual a 10, automaticamente, a categoria de risco da barragem será definida como Alta. Figura 15 - Avaliação para matrizes relacionadas à categoria de risco para barragens de disposição de resíduos industriais. Fonte: Resolução CNRH nº 143, de 10 de julho de 2012. 28 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens Com relação ao DPA, este órgão definiu procedimentos para classificação quanto ao Dano Potencial Associado – DPA das barragens de acumulação de água no estado do Pará, conforme descrito na Nota Técnica nº 29432/GECAD/COR/DIREH/SAGRH/2021. Conforme descrito na referida nota técnica, elaborada com base nos normativos do CNRH e ANA, uma barragem será considerada com Dano Potencial Alto caso a soma resultante da pontuação dos critérios de avaliação obtidos nessa matriz seja maior ou igual a 16 pontos, conforme visualização na Figura 16. Caso a pontuação esteja entre 10 e 16 pontos, a barragem será avaliada como de Dano Potencial Médio, e de Baixo Dano Potencial para os casos de pontuação menor ou igual a 10 pontos. Figura 16 - Avaliação para matrizes relacionadas ao dano potencial associado para barragens de acumulação de água. Fonte: Resolução CNRH nº 143, de 10 de julho de 2012. Para barragens de disposição de resíduos industriais, uma barragem será considerada com Dano Potencial Alto caso a soma resultante da pontuação dos critérios de avaliação obtidos nessa matriz seja maior ou igual a 13 pontos, conforme visualização na Figura 17. Caso a pontuação esteja entre 7 e 13 pontos, a barragem será avaliada como de Dano Potencial Médio, e de Baixo Dano Potencial para os casos de pontuação menor ou igual a 7 pontos. Figura 17 - Avaliação para matrizes relacionadas ao dano potencial associado para barragens de disposição de resíduos industriais. Fonte: Resolução CNRH nº 143, de 10 de julho de 2012. Constatado no Figura 18, nos últimos dois anos, houve um aumento do número de barragens classificadas quanto ao DPA e CRI, sendo 421 barragens classificadas quanto ao DPA, correspondendo a um incremento de 35%. Já em relação à Categoria de Risco (CRI), tem-se 29 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens 396 barragens classificadas ou sem exigência de classificação, o que representa um acréscimo de 26%. Figura 18 - Evolução da classificação das barragens no estado do Pará até 2022. Fonte: SNISB (2022). Para as barragens de responsabilidade da SEMAS é possível verificar na Figura 19, uma evolução significativa das classificações nos últimos seis anos, onde em 2017, haviam 22 barragens classificadas quanto ao DPA e 23 quanto ao CRI. Figura 19 - Evolução da classificação das barragens de responsabilidade da SEMAS até 2022. Fonte: SNISB e CBPA (2022). Ressalta-se que do total de barragens cadastradas pela SEMAS, têm-se um passivo de barragens não classificadas quanto ao DPA e CRI de 16% e 22%, respectivamente. Valores estes bem menores que a média nacional de 42% para o DPA e 37% ao CRI. Importante destacar que, conforme preconiza a Resolução CNRH nº 143/2012, caso o empreendedor da barragem não apresente informações sobre determinado critério, ou em critérios complementares, o órgão fiscalizador poderá aplicar pontuação máxima para o referido critério. 30 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens Por fim, a SEMAS informa ao empreendedor a classificação da barragem de sua responsabilidade e respectivo enquadramento na PNSB, bem como as obrigações quanto à segurança da barragem de acordo com as instruções normativas da SEMAS.Destaca-se que o empreendedor pode solicitar a reclassificação, a partir da apresentação de informações faltantes ou atualizadas dos barramentos. 31 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens PLANOS DE SEGURANÇA DE BARRAGEM O Plano de Segurança de Barragens (PSB) é um instrumento da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), previsto no art. 6º, inciso II, de implementação obrigatória pelo empreendedor, cujo objetivo é auxiliá-lo na gestão da segurança. Nele deve conter dados técnicos da barragem, de construção, operação, manutenção e panorama do estado atual da segurança por meio das inspeções realizadas, devendo, principalmente, servir como uma ferramenta de planejamento de gestão da segurança da barragem. A Lei de Segurança de Barragens atribui aos empreendedores e aos responsáveis técnicos por eles escolhidos a responsabilidade por desenvolver e implementar o Plano de Segurança da Barragem (PSB), de acordo com metodologias e procedimentos adequados para garantir as condições de segurança necessárias. O PSB é regulamentado no estado do Pará por meio da Instrução Normativa SEMAS nº 02, de 07 de fevereiro de 2018, onde estabelece os procedimentos e critérios para elaboração e apresentação. Importante destacar que o empreendedor deverá publicar o Plano de Segurança da Barragem (PSB) em jornal de grande circulação e no diário oficial do Estado do Pará, sendo que o mesmo deverá encontrar-se disponível nas prefeituras e defesa civil municipal e estadual afetadas em um possível cenário de desastre. O Corpo de Bombeiros Militar do Pará (CBMPA) e a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC) possuem norma própria para o processo de recebimento, verificação e emissão de comprovante de entrega de cópia física de Plano de Ação de Emergência (PAE), a saber: Portaria n° 100, de 25 de fevereiro de 2021, publicado no Diário Oficial do Estado nº 34.502, de 1 de março de 2021. O PAE, correspondente ao Volume 4 do PSB, é obrigatório para barragens classificadas em “Classe A”, conforme matriz de categoria de risco e dano potencial associado, anexo II da IN supracitada. No estado no Pará, o mesmo também possui regulamentação específica, é a Instrução Normativa SEMAS nº 12, de 27 de dezembro de 2019, que estabelece a periodicidade de execução e/ou atualização, a qualificação dos responsáveis técnicos, o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento do referido documento. Com relação ao estado do Pará, até o momento, a ANM e ANEEL são responsáveis pelo compartilhamento dos PSB’s que constam no SNISB, sendo 55% compartilhado pela ANM e 45% pela ANEEL e para os PAE’s, 99% são compartilhados pela ANM, conforme Figura 20. Com relação às barragens de responsabilidade da SEMAS, não há o compartilhamento das informações de PSB e PAE no SNISB. 32 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens Figura 20 - Compartilhamento do PSB e PAE pelos órgãos fiscalizadores no estado do Pará. Fonte: SNISB (2022). 33 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens FISCALIZAÇÃO DA SEGURANÇA DE BARRAGENS A fiscalização de segurança de barragens se destina a assegurar o comportamento adequado de empreendedores quanto ao cumprimento da PNSB, e deve ser executada por meio da verificação do atendimento aos regulamentos e disposições da Lei nº 12.334/2010, seja na forma de vistoria (in loco) ou documental (à distância). Embora o empreendedor seja o responsável legal pela segurança da barragem, é importante que a SEMAS realize campanhas de fiscalização periodicamente, de modo a cobrir o universo de barragens e a verificar o estado geral das estruturas, bem como o atendimento dos normativos e a implementação, pelos empreendedores, dos requisitos definidos na PNSB, como inspeções regulares, planos de segurança, planos de ação de emergência e revisões periódicas de segurança de barragens. Em 2020, a SEMAS estabeleceu os procedimentos de fiscalização em segurança de barragem e os critérios para priorização das ações de fiscalização por meio da Nota Técnica nº 24926/GECAD/COR/DIREH/SAGRH/2020, de 23 de dezembro de 2020. Ainda em 2020, foi elaborada a Nota Técnica nº 24937/GECAD/COR/DIREH/SAGRH/2020 com o primeiro planejamento das ações de fiscalização de segurança de barragens de responsabilidade da SEMAS para o ano de 2021, que foram divididas em campanhas de fiscalização, a partir dos dados das outorgas de regularização de vazão de empreendimentos que possuem barragem. Nesses dois anos de ações de fiscalização de segurança de barragens, a SEMAS já realizou inspeções em 73 barramentos, sendo 59 regularizados e 17 irregulares. Para o ano de 2023, de acordo com o planejamento anual, almeja-se fiscalizar 49 barragens no estado do Pará. Nesse contexto, o Centro Integrado de Monitoramento Ambiental - CIMAM está inserido e desenvolve atividades de monitoramento remoto e análise regulatória das estruturas, sendo parte essencial ao planejamento estratégico para a fiscalização, apontando alvos em parceria com a Diretoria de Fiscalização e Diretoria de Recursos Hídricos desta SEMAS. A metodologia de execução de fiscalização de segurança de barragens, obedece a etapas, sendo a de campo, precedida e sucedida por trabalhos de escritório. A execução dessas atividades é realizada por servidores da Diretoria de Fiscalização Ambiental (DIFISC) e do Centro Integrado de Monitoramento Ambiental (CIMAM). I. Atividades pré-campanha de fiscalização: Delimitação as áreas de fiscalização da campanha, localizando-as geoespacialmente a partir dos dados do Cadastro de Barragens do Estado do Pará (CBPA); 34 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens Cruzamento de imagens de satélite com os dados vetoriais da Base Hidrográfica Estadual do Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos do Pará – SEIRH, a fim de investigar a presença de eventuais barramentos não conhecidos pelo Órgão; Definição da bacia e sub-bacia hidrográfica em que estão inseridos os pontos a serem fiscalizados; Investigação o histórico de regularização dos pontos na SEMAS; Elaboração do Relatório de Monitoramento Pré-Campanha (Figuras 21 e 22), inclusive pontuando espelhos d’água que podem ser configurados como barragens e que até aquele momento não possuíam registros nas bases oficiais, bem como, não estavam descritos no Plano Anual de Fiscalização de Segurança de Barragens. II. Atividades pós-campanha de fiscalização: Plotar os pontos coletados em campo na base cartográfica apresentada no Relatório de Monitoramento pré-campo, individualizando as estruturas em imagens de satélite de alta resolução; Elaboração de perfis altimétricos nas estruturas de crista dos barramentos identificados em campo; Descrição das atividades de interferência em corpos hídricos, associando-as à devida regularização; Descrição das atividades realizadas nos empreendimentos fiscalizados; Elaboração do Relatório de Monitoramento Pós-Campanha (Figura 23); Elaboração do Relatório de Fiscalização com as verificações em campo das barragens da campanha de fiscalização de acordo com modelo anexo à Nota Técnica n° 24926/GECAD/COR/DIREH/SAGRH/2020, bem como, das informações complementares avaliadas como necessárias pela equipe técnica, e que surgiram a partir das inspeções devido às especificidades de cada situação; Preenchimento da Planilha de Controle de Fiscalização com as principais anomalias encontradas e ações realizadas visando saná-las para dispor no Relatório PROGESTÃO. 35 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens Figura 21 - Produto do relatório de monitoramente pré-campanha com a análise de sensoriamento remoto, referente à primeira campanha de fiscalização de segurança de barragens da SEMAS (Agosto/2021). Fonte: SEMAS (2021). 36 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens Figura 22 - Produto do relatório de monitoramente pré-campanha com a análise de sensoriamento remoto, referente à primeirabarragem fiscalizada pela SEMAS (03/08/2021). Fonte: SEMAS (2021). 37 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens Figura 23 - Produto do relatório de monirotamento pós-Campanha, referente a análise do sensoriamento remoto e perfil altimétrico da primeira barragem fiscalizada pela SEMAS (03/08/2021). Fonte: SEMAS (2021). 38 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens Na atividade em campo, conforme registro fotográfico apresentado na Figura 24, referente à primeira barragem fiscalizada pela SEMAS, o procedimento de fiscalização envolve a verificação do cumprimento dos dispositivos regulatórios: leis, regulamentos e outros documentos (como Protocolo de Compromisso ou Termo de Ajustamento de Conduta – TAC), por meio de análise documental e de fiscalização de campo. Figura 24 - Registro fotográfico da primeira barragem fiscalizada pela SEMAS (03/08/2021). Fonte: SEMAS (2021). A análise documental busca verificar se o empreendedor está obedecendo as exigências documentais e prazos definidos nos dispositivos regulatórios. Já as fiscalizações de campo, visam avaliar o cumprimento desses dispositivos, bem como, avaliar o estado geral de segurança da barragem, propondo inclusive, se for o caso, medidas que visem o seu bom funcionamento, sendo que tais medidas não substituem as obrigações legais do empreendedor quanto à realização de inspeções e de responsabilidade sobre a segurança da barragem. Na etapa de campo, a equipe de fiscalização percorre toda a barragem e suas estruturas complementares, incluindo: crista/coroamento; talude de montante; talude de jusante; região de jusante e montante da barragem; vertedouro; canais de aproximação; muros laterais e comportas do vertedouro; reservatório; entre outros. A técnica utilizada para averiguação in loco é de caminhar sobre os taludes e a crista em diferentes direções, averiguando todas as zonas da barragem, com a observação e registro de possíveis anomalias presentes no barramento, além daquelas das estruturas associadas. Em ambos os processos, tanto nas etapas de análise documental quanto na fiscalização de campo, ao serem identificadas inconformidades relativas ao cumprimento dos normativos ou mesmo referentes a situação de manutenção da estrutura, o empreendedor é 39 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens notificado. Em geral a notificação estabelecerá os prazos para correção das inconformidades e, caso não sejam corrigidas, serão aplicadas as demais penalidades, quando cabíveis. Após a realização de uma campanha de fiscalização, os Relatórios de Fiscalização de Segurança de Barragens são utilizados para cadastramento e atualização de informações da barragem no CBPA e SNISB. As informações consolidadas são repassadas anualmente à ANA para compor o RSB, documento este com objetivo de dar mais transparência às informações sobre segurança de barragens e apresentar à sociedade um panorama da evolução da gestão da segurança das barragens brasileiras e da implementação da PNSB. O fluxo da geração e coleta das informações até o compartilhamento no RSB, pode ser visualizado na figura a seguir. Figura 25 - Fluxo das ações de fiscalização de segurança de barragens na SEMAS. Fonte: SEMAS (2022). Nesses dois anos de ações de fiscalização em segurança de barragens, a SEMAS emitiu 56 Termos de Notificação (TNO) à empreendedores privados. A principal recomendação foi a adequação da proteção de componentes da estrutura pela excessiva vegetação arbustiva e/ou rasteira, o que levou a preocupação deste órgão e informou à ANA no RSB, para o ano de 2022, o quantitativo de 35 barragens de acumulação de água. Importante ressaltar que é responsabilidade do empreendedor, e não do fiscalizador, realizar inspeções periodicamente em suas barragens. Ademais, na maioria dos casos, o processo de fiscalização não é suficiente para levar o empreendedor a cumprir os requisitos de segurança, seja pela inadequação ou baixo valor das penalidades previstas antes da Lei nº 14.066/2020, seja pela incapacidade técnica e financeira do empreendedor, notadamente de barragens de usos múltiplos, o que pode ser revertido com a elaboração e implementação de efetivas políticas de apoio, capacitação e financiamento de ações de segurança de barragens. Concluindo, uma das principais dificuldades para a execução das ações de fiscalização se dá ao fato do estado do Pará ser o segundo maior em extensão territorial, o que é um desafio logístico no acesso à essas barragens. Além disso, há a necessidade de materias e equipamentos mais específicos para as equipes de fiscalização. 40 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens RECURSOS HUMANOS E CAPACITAÇÃO Na Tabela 01 é discriminada a estruturação da SEMAS quanto à evolução no número de servidores que atuam no tema de segurança de barragens, a partir do ano de 2011. Verifica-se que a força de trabalho não ultrapassa 8 integrantes atuantes exclusivamente com o tema. Destaca-se o quantitativo de 21 servidores a partir do ano de 2022 que atuam no tema concomitantemente com outros assuntos do órgão, é em vista o início das ações de fiscalização. Tabela 01 - Estruturação da SEMAS quanto à evolução no número de servidores que atuam em segurança de barragens. Fonte: SEMAS (2023). A ANA, em seu Manual de Políticas e Práticas de Segurança de Barragens para Entidades Fiscalizadoras (2017) cita a necessidade de uma equipe com 2 técnicos com dedicação exclusiva para até 30 barragens fiscalizadas; uma equipe de 2 a 5 técnicos com dedicação exclusiva para até 100 barragens fiscalizadas; da mesma forma, 6 a 10 técnicos para até 300 barragens fiscalizadas, 10 a 20 técnicos para até 1.000 barragens fiscalizadas; e mais de 20 técnicos para mais de 1.000 barragens fiscalizadas. Assim, é evidente o desequilíbrio entre o número de técnico que atuam na secretaria, conforme informado nos RSB’s e o quantitativo recomendado pela ANA. No caso da SEMAS, de acordo com o referido manual, faz-se necessário o quantitativo de no mínimo 10 servidores, uma vez que possui 353 barragens cadastradas no SNISB até o ano de 2022. Ainda, é possível afirmar que um dos principais desafios da SEMAS é constituir uma equipe de técnicos que atuem exclusivamente na área da segurança de barragens de sua responsabilidade. A ANA, em seu Manual de Políticas e Práticas de Segurança de Barragens para Entidades Fiscalizadoras (2017), cita exemplos de temas a serem abordados em capacitações dos técnicos das entidades fiscalizadoras: Lei de Segurança de Barragens no Brasil: Apresentação, Desafios e Problemas; Segurança de Barragens: Visão Geral e Princípios Orientadores; Gestão e Organização do Programa de Segurança de Barragens; 41 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens Segurança de Barragens durante a Construção; Estudos de caso de rupturas de barragens; Aspectos Geotécnicos da Segurança de Barragens; Aspectos Hidráulicos e Hidrológicos de Segurança de Barragens; Análise e Mapeamento da Ruptura de Barragens; Gestão da Água e Barragens em Cascatas; Monitoramento e Instrumentação; Aspectos Estruturais de Segurança de Barragens; Inspeções Periódicas, Regulares e Especiais; Gestão e comunicação de risco; Planos de Ações de Emergência; Análise dos Modos Potenciais de Ruptura. Assim, para melhor atuação do órgão na área de segurança de barragem, faz-se necessário a realização de capacitação a fim de aprimorar os conhecimentos dos técnicos envolvidos nas atividades. Diante disso, ao longo dos anos, os técnicos da SEMAS vem realizando capacitações, conforme demonstrado na Tabela 02, com o quantitativo de horas informadas nos RSB’s, a partir do ano de 2011. Tabela 02 - Capacitação de servidores da SEMAS no tema de segurança de barragens. Fonte: SEMAS (2023). Destaca-se que objetivando a disseminação da cultura em segurança de barragem e conhecimentos na referida área, em 2020, a SEMAS realizou o 1º SeminárioEstadual de Segurança de Barragens do estado do Pará, bem como a segunda edição do seminário em 2021, com a participação de palestrantes da ANA, SEMAS, Defesa Civil, professores e representantes de empresas privadas que atuam na segurança de barragens. 42 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens DIAGNÓSTICO A Lei nº 12.334/2010 definiu responsabilidades de fiscalização à diversas entidades públicas que se adaptaram para inserir o tema da segurança de barragens em suas estruturas organizacionais. Não diferente da realidade de vários órgãos fiscalizadores de segurança de barragem, a SEMAS vem realizando adaptações a fim de garantir a implementação da Política Nacional de Segurança de Barragem. A SEMAS não dispõe de um setor específico em seu organograma para atuação na segurança de barragens e incorpora suas ações no rol de atividades de setores existentes e de acordo com suas áreas de atuação. Neste sentido, a execução da PNSB é realizada de forma pulverizada na secretaria, o que dificulta a coordenação das ações, bem como a geração e consolidação dos dados referente à área em questão para melhor planejamento e gestão. Diante deste panorama, a SEMAS desenvolve uma série de ações, as quais envolvem realização de cadastro, classificação, regulamentação e fiscalização, objetivando a conscientização da importância da segurança de barragens no estado. Com relação ao cadastramento de barragem, até o final de 2022, a SEMAS alcançou o marco de 353 barragens de acumulação de água e resíduos industriais cadastradas no Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB) e Planilha de Cadastrado de Barragens do estado do Pará (CBPA), o que consiste em um avanço considerável no que tange à implementação da Política Nacional de Segurança de barragem. Além do cadastramento, foram realizadas ações voltadas para a melhoria da qualidade dos dados das barragens cadastradas. Do quantitativo de barragens cadastradas, destaca-se que 75% já possuem classificação quanto ao DPA e 67% quanto à CRI. Na PNSB, no que tange esse instrumento e para fins de enquadramento, 209 apresentavam DPA alto ou médio e 199 com CRI alto. Em 2022, quanto à regulamentação estadual da PNSB, a SEMAS deu continuidade aos trabalhos de atualização das Instruções Normativas publicadas, em função da alteração proveniente da Lei n° 14.066, de 30 de setembro de 2020. A previsão de conclusão é para 2023. O acompanhamento da implementação dos Planos de Segurança da Barragem – PSB’s das 227 barragens de responsabilidade da SEMAS enquadradas na PNSB e seus componentes como: inspeções, revisão periódica da segurança de barragens, plano de ação de emergência, bem como dos planos de contingência, ainda se apresenta como um grande desafio para a secretaria. No tocante às ações de fiscalização realizadas em campo e iniciadas em 2021, mesmo com as dificuldades encontradas para a realização de fiscalização de barragens in loco, em 2022, a SEMAS executou o segundo Planejamento Anual de Fiscalização de Segurança de 43 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens Barragem - PAFSB 2022, em que foram vistoriadas 50 barragens de acumulação de água e atingiu o quantitativo de 73 barragens de sua responsabilidade no estado. Para dar continuidade nas ações de fiscalização, foi elaborado o Plano Anual de Fiscalização de Segurança de Barragem - PAF 2023, em que estão previstas 49 barragens de acumulação de água a serem fiscalizadas no ano de 2023. Desta forma, com a realização do PAF 2023, a SEMAS alcançará 1/3 de barragens fiscalizadas do total de 353 barragens cadastradas no SNISB, o que consiste em um grande avanço para este órgão fiscalizador. Ainda, com as inspeções de segurança de barragens realizadas no decorrer do ano de 2022 e a classificação quanto ao Dano Potencial Associado em médio ou alto, com metodologia descrita na Nota Técnica nº: 29432/GECAD/COR/DIREH/SAGRH/2021, a SEMAS comunicou a ANA para o respectivo RSB, uma maior preocupação com 28 barramentos no estado. Por fim, no âmbito da capacitação, destaca-se que os técnicos da SEMAS que atuam no âmbito da PNSB, buscam aprimoramento dos conhecimentos no tema constantemente, porém, é sabido que os cursos, palestras, oficinas, workshops e seminários realizados pelos técnicos e informados nos RSB’s são, majoritariamente, de curta duração, que abrangeram os mais diferentes temas relacionados à segurança de barragens. Assim, destaca-se a necessidade de capacitações de longa duração e com temas mais específicos como os sugeridos pela ANA em seu Manual de Políticas e Praticas para Entidades Fiscalizadoras (2017). 44 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES A SEMAS tem avançado consideravelmente na implementação da Política Nacional de Segurança de Barragem com o aumento significativo do número de barragens cadastradas no SNISB e de barragens classificadas quanto ao Dano Potencial Associado e Categoria de Risco, incremento de ações de fiscalização em campo, dentre outros aspectos. É importante salientar que a participação da SEMAS no Programa PROGESTÃO no que tange a atuação para segurança de barragem tem sido de grande valia, uma vez que o referido programa tem fomentado os avanços na implementação da Política de Segurança de Barragem no estado, tendo em vista as metas desafiadoras que são propostas, além da grande contribuição da ANA, a qual realiza constantemente o compartilhamento de procedimentos e informações técnicas a fim de facilitar a execução das atividades de responsabilidade dos estados, além de promover capacitações. Apesar dos avanços alcançados, a implementação da política em questão no estado do Pará ainda apresenta-se como um desafio para a secretaria, em função da especificidade técnica do tema que requer maior grau de qualificação dos servidores, quantidade de técnicos que atuam exclusivamente com segurança de barragem, o fato da maioria dos servidores que atuam na área possuírem vínculo temporário com o órgão e a ausência de um setor específico para atuar na área com uma hierarquia adequada, bem como a dimensão territorial do estado do Pará a ser fiscalizada. Cabe salientar o avanço referente à regulamentação da Política Nacional de Segurança de Barragem no estado do Pará a partir da publicação das duas instruções normativas estaduais e da implementação do Plano Anual de Fiscalização de Segurança de Barragens do estado (PAF) para viabilizar as ações de fiscalização de segurança de barragem no estado, a qual está em fase de atualização, assim como, a padronização dos procedimentos de classificação de barragem e de fiscalização de barragem no estado. Para 2023, o estado pretende avançar em várias frentes de trabalho, em especial no aumento do cadastramento de barragens, classificação, fiscalização em campo, melhoria da completude dos dados, bem como na atualização da regulamentação, a fim de resguardar a segurança de barragens instaladas no estado. Considerando a evolução da implementação da PNSB no estado do Pará, recomenda-se: Criação de setor específico para melhor planejamento, execução e monitoramento das ações para a área de segurança de barragens; Adequação do quantitativo de servidores para atuar exclusivamente na área de segurança de barragens; Fomentar ações de disseminação de informações e cultura de segurança de barragens e gestão de riscos junto aos empreendedores do estado do Pará; 45 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens Promover maior articulação com empreendedores e órgãos de proteção e defesa civil; Estruturar sistema de gerenciamento sobre segurança de barragens no âmbito do estado para ampliar o controle de barragens pelo poder público; Realizar investimentos na aquisição de materiais e equipamentos para realização de fiscalização de segurança de barragens; Promover a participação dos servidores em capacitações de longa duração e com temas mais específicos como os sugeridospela ANA em seu Manual de Políticas e Práticas para Entidades Fiscalizadoras (2017). 46 SEGURANÇA DE BARRAGEM Relatório Estadual de Segurança de Barragens REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO. Manual de Políticas e Práticas de Segurança de Barragens para Entidades Fiscalizadoras. Brasília: ANA, 2017. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO. Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens: Guia de Orientação e Formulários para Inspeções de Segurança de Barragens. Brasília. ANA, 2016. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO. Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens: Guia de Orientação e Formulários do Plano de Ação de Emergência – PAE. Brasília. ANA, 2016. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO. Relatório de Segurança de Barragens 2011. Brasília: ANA, 2013. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO. Relatório de Segurança de Barragens 2012-2013. Brasília: ANA, 2015. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO. Relatório de Segurança de Barragens 2014. Brasília: ANA, 2015. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO. Relatório de Segurança de Barragens 2015. Brasília: ANA, 2016. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO. Relatório de Segurança de Barragens 2016. Brasília: ANA, 2017. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO. Relatório de Segurança de Barragens 2017. Brasília: ANA, 2018. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO. Relatório de Segurança de Barragens 2018. Brasília: ANA, 2019. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO. Relatório de Segurança de Barragens 2019. Brasília: ANA, 2020. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO. Relatório de Segurança de Barragens 2020. Brasília: ANA, 2021. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO. Relatório de Segurança de Barragens 2021. Brasília: ANA, 2022. SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE. Conjuntura dos Recursos Hídricos do Estado do Pará. Leal, Rafael Estumano et al. (Orgs.). – Belém: SEMAS, 2022. SIGLAS INTRODUÇÃO POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA DE BARRAGENS Figura 01 – Características para enquadramento na Figura 02 - Agentes responsáveis pela segurança de Figura 03 - Entidades fiscalizadoras de segurança Figura 04 - Esquema com competências de fiscalizad EVOLUÇÃO LEGISLATIVA FEDERAL E ESTADUAL Figura 05 - Evolução normativa e de procedimentos REGULAMENTAÇÃO ESTADUAL CADASTRO DE BARRAGENS DO ESTADO DO PARÁ Figura 07 - Barragens cadastradas no estado do Par Figura 08 - Indicador de Completude da Informação Figura 09 - Barragens de responsabilidade da SEMAS Figura 10 - Uso principal das barragens de respons Figura 11 - Empreendedores com o maior nº de barra CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS I.Características técnicas: II.Estado de conservação da barragem: III.Plano de Segurança da Barragem: Figura 13 - Critérios para classificação do dano p Figura 14 - Avaliação para matrizes relacionadas à Figura 15 - Avaliação para matrizes relacionadas à Figura 16 - Avaliação para matrizes relacionadas a Figura 17 - Avaliação para matrizes relacionadas a Figura 18 - Evolução da classificação das barragen Figura 19 - Evolução da classificação das barragen PLANOS DE SEGURANÇA DE BARRAGEM Figura 20 - Compartilhamento do PSB e PAE pelos ór FISCALIZAÇÃO DA SEGURANÇA DE BARRAGENS I.Atividades pré-campanha de fiscalização: II.Atividades pós-campanha de fiscalização: Figura 21 - Produto do relatório de monitoramente Figura 22 - Produto do relatório de monitoramente Figura 23 - Produto do relatório de monirotamento Figura 24 - Registro fotográfico da primeira barra Figura 25 - Fluxo das ações de fiscalização de seg RECURSOS HUMANOS E CAPACITAÇÃO DIAGNÓSTICO CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES REFERÊNCIAS