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FELIPE SCALABRIN 
Direito
Previdenciário
Sistematizado
2025
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Δ
CONFORME:
▪ EC n.º 135/2024
▪ Lei n.º 15.072/2024
▪ Lei n.º 15.077/2024
▪ LC n.º 211/2024
▪ LC n.º 214/2025
▪ Informativos STJ/STF até 12-2024
2 
Direito Previdenciário Sistematizado
por Felipe Scalabrin 
 
▪ O autor realizou todos os esforços para manter o conteúdo do texto devidamente 
atualizado até a data do fechamento. Contudo, a dinâmica da matéria torna indispensável 
a consulta do leitor a outras fontes atualizadas no momento da leitura. Assim, recomenda-
se a consulta bibliográfica complementar para cada propósito almejado. Outrossim, não 
houve pretensão de exaurir o objeto de estudo, mas tão somente buscar uma organização 
sistematizada dos conteúdos propostos em cada capítulo. 
 
▪ Fechamento desta edição: 10-03-2025. 
 
▪ Todos os direitos reservados. É proibida a duplicação ou reprodução deste exemplar, no 
todo ou em parte, em quaisquer formas ou por quaisquer meios, inclusive o eletrônico, 
sem permissão, por escrito, do autor. 
 
▪ Capa: Felipe Scalabrin 
 
3 
Sobre o autor 
 
▪ Felipe Scalabrin –Mestre em Direito Público pela Universidade do Vale dos Sinos 
(UNISINOS), vinculado à linha Hermenêutica, Constituição e Concretização de 
Direitos. Foi professor da especialização do Centro Universitário Ritter dos Reis 
(UNIRITTER) e do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade La Salle 
(UNILASSALE). Atualmente é professor da graduação do Centro Universitário Ritter 
dos Reis (UNIRITTER - Canoas, Zona Sul e Fapa) nas disciplinas de Direito 
Processual Civil e Direito Previdenciário. Autor de diversas obras, dentre elas, a mais 
recente, "Recursos no processo civil: teoria geral, recurso em espécie e ações 
autônomas", 2ª ed, pela Editora Thoth, 2023. 
 
Outras obras 
 
▪ SCALABRIN, Felipe. Ação rescisória: teoria e prática. Londrina: Editora Thoth, 2023. 
 
▪ SCALABRIN, Felipe; ANTUNES DA CUNHA, Guilherme Cardoso; COSTA, Miguel Nascimento. 
Recursos no processo civil: teoria geral, recursos em espécie e ações autônomas. Londrina: 
Editora Thoth, 2021. 
 
▪ SCALABRIN, Felipe; SANTANNA, Gustavo. Lições de Direito Constitucional: controle de 
Constitucionalidade, 2. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2020. 
 
▪ SCALABRIN, Felipe; SANTANNA, Gustavo. Lições de Direito Constitucional: ações 
constitucionais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2020. 
 
▪ SCALABRIN, Felipe; ANTUNES DA CUNHA, Guilherme Cardoso; COSTA, Miguel Nascimento. 
Lições de Processo Civil - Execução, 2. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2018. 
 
▪ SCALABRIN, Felipe; ANTUNES DA CUNHA, Guilherme Cardoso; COSTA, Miguel Nascimento. 
Lições de Processo Civil - Recursos. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2017. 
 
▪ SCALABRIN, Felipe; SANTANNA, Gustavo. Lições de Direito Constitucional: controle de 
constitucionalidade. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2017. 
 
▪ SCALABRIN, Felipe; ANTUNES DA CUNHA, Guilherme Cardoso; COSTA, Miguel Nascimento. 
Lições de Processo Civil - Execução. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015. 
 
▪ SCALABRIN, Felipe. Causa de Pedir e Atuação do Supremo Tribunal Federal. Porto Alegre: 
Verbo Jurídico, 2014. 
Δ
4 
Apresentação
 
O Direito Previdenciário exige constante atualização para quem atua 
na área. Advogados, juízes, servidores públicos, estagiários, 
concurseiros e todos os demais profissionais devem estar atentos às 
mudanças legislativas e jurisprudenciais. Com excessiva frequência, 
posições consolidadas são revertidas, leis revogadas e até a 
Constituição amanhece com remendos. 
 
Diante dessa paisagem, após a elaboração de alguns cursos de 
atualização, organizei uma primeira versão dos principais temas do 
Direito Previdenciário em forma de Apostila. Posteriormente, a 
aceitação do material motivou a evolução para este livro. Não se trata, 
claro, de uma obra completa, mas sim de um conteúdo em evolução. 
O livro traz uma abordagem inicial, com especial foco na 
jurisprudência dos tribunais superiores. O objetivo é trazer um 
conteúdo sistematizado para quem deseja dar os primeiros passos na 
Previdência Social brasileira. Em linhas gerais, sempre com a bússola 
na primazia da proteção social, a finalidade é facilitar o entendimento 
sobre a área previdenciária na esperança de ampliar o debate. 
 
A edição foi atualizada com as novidades de 2024, em especial com 
a “EC do Corte de Gastos” (promulgada em 20/12/2024) e a legislação 
correlata (Lei n.º 14.973/24; Lei n.º 15.072/24; Lei n.º 15.077/24). 
 
Por fim, este livro foi orgulhosamente escrito, atualizado e revisado 
sem intervenção de ferramentas de linguagem (Large Language 
Models) ou inteligência artificial (IA). Preserva-se, assim a convicção 
de que a troca de conhecimento exige conexões pessoais autênticas 
entre o leitor e o próprio livro. 
 
Desejo, como sempre, um ótimo estudo a todos! 
 
 
Prof. Felipe Scalabrin 
fscalabrin@gmail.com 
 
 
Δ
5 
Sumário 
 
Introdução ...........................................................................................................................10 
Capitulo 1 – Seguridade Social .........................................................................................13 
1 Conceito ........................................................................................................................13 
2 Saúde ............................................................................................................................14 
2.1 Conceito .................................................................................................................14 
2.2 Características ........................................................................................................14 
2.3 Judicialização da saúde ..........................................................................................16 
3 Assistência Social ..........................................................................................................18 
3.1 Conceito .................................................................................................................18 
3.2 Características ........................................................................................................20 
3.3 Benefício de prestação continuada (“BPC”) ............................................................20 
4 Previdência Social .........................................................................................................21 
4.1 Conceito .................................................................................................................21 
4.2 Características ........................................................................................................23 
4.3 Histórico..................................................................................................................24 
4.3.1 Histórico internacional ......................................................................................24 
4.3.2 Histórico nacional .............................................................................................27 
4.4 Modelos previdenciários .........................................................................................29 
5 Princípios da seguridade social .....................................................................................30 
5.1 Princípio da universalidade da cobertura e do atendimento ....................................30 
5.2 Princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações 
urbanas e rurais ............................................................................................................31 
5.3 Princípio da seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços 32 
5.4 Princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios ...............................................32 
5.5 Princípio da equidade na forma de participação no custeio ....................................335.6 Princípio da diversidade da base de financiamento ................................................34 
5.7 Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão 
quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados 
e do Governo nos órgãos colegiados ...........................................................................34 
6 Custeio da seguridade social .........................................................................................36 
6.1 Introdução ...............................................................................................................36 
6.2 Aspectos constitucionais .........................................................................................37 
6.3 Contribuições sociais da seguridade social .............................................................39 
Capítulo 2 – Regime Geral de Previdência Social ............................................................42 
1 Introdução .....................................................................................................................42 
2 Relação jurídica .............................................................................................................43 
3 Segurados .....................................................................................................................44 
3.1 Conceito .................................................................................................................44 
3.2 Categorias ..............................................................................................................45 
3.2.1 Empregado ......................................................................................................46 
3.2.2 Empregado doméstico .....................................................................................51 
3.2.3 Trabalhador avulso ..........................................................................................52 
3.2.4 Contribuinte individual ......................................................................................54 
3.2.5 Segurado especial ...........................................................................................58 
3.3 Aquisição da qualidade ...........................................................................................67 
3.4 Perda da qualidade .................................................................................................68 
3.4.1 Conceito...........................................................................................................68 
3.4.2 Período de graça .............................................................................................69 
4 Dependentes .................................................................................................................72 
4.1 Conceito .................................................................................................................72 
4.2 Categorias ..............................................................................................................73 
6 
4.3 Regras gerais .........................................................................................................78 
5 Prestações previdenciárias ............................................................................................78 
Capítulo 3 – Benefícios previdenciários em geral ...........................................................79 
1 Introdução .....................................................................................................................79 
2 Necessidades sociais ....................................................................................................81 
3 Elemento subjetivo ........................................................................................................81 
4 Carência ........................................................................................................................81 
5 Tempo de contribuição ..................................................................................................84 
6 Cálculo ..........................................................................................................................87 
7 Revisão .........................................................................................................................94 
8 Acumulação ...................................................................................................................97 
9 Descontos ................................................................................................................... 100 
Capítulo 4 – Auxílio por incapacidade temporária ......................................................... 105 
1 Introdução ................................................................................................................... 105 
2 Necessidade social ...................................................................................................... 105 
3 Exigências pessoais .................................................................................................... 112 
4 Carência ...................................................................................................................... 112 
5 Valor ............................................................................................................................ 113 
6 Data de início .............................................................................................................. 114 
7 Duração ....................................................................................................................... 114 
8 Regras de transição (EC n.º 103/19) ........................................................................... 120 
9 Aspectos processuais .................................................................................................. 120 
Capítulo 5 – Aposentadoria por incapacidade permanente .......................................... 123 
1 Introdução ................................................................................................................... 123 
2 Necessidade social ...................................................................................................... 123 
3 Exigências pessoais .................................................................................................... 126 
4 Carência ...................................................................................................................... 126 
5 Valor ............................................................................................................................ 127 
6 Data de início .............................................................................................................. 129 
7 Duração ....................................................................................................................... 130 
8 Regras de transição .................................................................................................... 132 
9 Aspectos processuais .................................................................................................. 132 
Capítulo 6– Auxílio-acidente ............................................................................................ 136 
1 Introdução ................................................................................................................... 136 
2 Necessidade social ...................................................................................................... 136 
3 Exigências pessoais .................................................................................................... 137 
4 Carência ...................................................................................................................... 137 
5 Valor ............................................................................................................................137 
6 Data de início .............................................................................................................. 138 
7 Duração ....................................................................................................................... 138 
8 Regras de transição .................................................................................................... 139 
9 Aspectos processuais .................................................................................................. 139 
Capítulo 7 – Aposentadoria por idade ............................................................................ 140 
1 Introdução ................................................................................................................... 140 
2 Necessidade social ...................................................................................................... 141 
3 Exigências pessoais .................................................................................................... 143 
4 Carência ...................................................................................................................... 143 
5 Valor ............................................................................................................................ 144 
6 Data de início .............................................................................................................. 146 
7 Duração ....................................................................................................................... 146 
8 Regras de transição .................................................................................................... 147 
8.1 Regra de transição do art. 15 da EC 103/19 (pontuação progressiva) .................. 147 
7 
8.2 Regra de transição do art. 16 da EC 103/19 (idade progressiva) .......................... 148 
8.3 Regra de transição do art. 17 da EC 103/19 (pedágio) ......................................... 149 
8.4 Regra de transição do art. 20 da EC 103/19 (idade e pedágio) ............................. 150 
8.5 Regra de transição do art. 18 da EC 103/19 (idade) ............................................. 152 
Capítulo 8 – Aposentadoria por idade rural ................................................................... 153 
1 Introdução ................................................................................................................... 153 
2 Necessidade social ...................................................................................................... 153 
3 Exigências pessoais .................................................................................................... 156 
4 Carência ...................................................................................................................... 156 
5 Valor ............................................................................................................................ 157 
6 Data de início .............................................................................................................. 158 
7 Duração ....................................................................................................................... 158 
8 Regras de transição .................................................................................................... 158 
Capítulo 9 – Aposentadoria por idade “híbrida” ............................................................ 159 
1 Introdução ................................................................................................................... 159 
2 Necessidade social ...................................................................................................... 160 
3 Exigências pessoais .................................................................................................... 162 
4 Carência ...................................................................................................................... 162 
5 Valor ............................................................................................................................ 162 
6 Data de início .............................................................................................................. 163 
7 Duração ....................................................................................................................... 163 
8 Regras de transição .................................................................................................... 163 
Capítulo 10 – Aposentadoria por tempo de contribuição .............................................. 164 
1 Introdução ................................................................................................................... 164 
2 Necessidade social ...................................................................................................... 164 
3 Exigências pessoais .................................................................................................... 166 
4 Carência ...................................................................................................................... 167 
5 Valor ............................................................................................................................ 167 
6 Data de início .............................................................................................................. 167 
7 Duração ....................................................................................................................... 167 
8 Regras de transição .................................................................................................... 167 
Capítulo 11 – Aposentadoria especial (agentes nocivos) ............................................. 168 
1 Introdução ................................................................................................................... 168 
2 Necessidade social ...................................................................................................... 169 
3 Exigências pessoais .................................................................................................... 180 
4 Carência ...................................................................................................................... 181 
5 Valor ............................................................................................................................ 181 
6 Data de início .............................................................................................................. 183 
7 Duração ....................................................................................................................... 183 
8 Regras de transição .................................................................................................... 185 
8.1 Regra de transição do art. 21 da EC 103/19 (pontos) ........................................... 185 
8.2 Conversão do tempo especial em comum ............................................................ 186 
8.3 Adoção das regras de transição da aposentadoria voluntária ............................... 187 
Capítulo 12 – Aposentadoria especial (pessoa com deficiência) ................................. 188 
1 Introdução ................................................................................................................... 188 
2 Necessidade social ...................................................................................................... 188 
3 Exigências pessoais .................................................................................................... 189 
4 Carência ...................................................................................................................... 190 
5 Valor ............................................................................................................................ 190 
6 Data de início ..............................................................................................................190 
7 Duração ....................................................................................................................... 190 
8 Regras de transição .................................................................................................... 190 
8 
Capítulo 13 – Salário-maternidade .................................................................................. 191 
1 Introdução ................................................................................................................... 191 
2 Necessidade social ...................................................................................................... 192 
3 Exigências pessoais .................................................................................................... 193 
4 Carência ...................................................................................................................... 193 
5 Valor ............................................................................................................................ 193 
6 Data de início .............................................................................................................. 194 
7 Duração ....................................................................................................................... 194 
8 Regras de transição .................................................................................................... 196 
Capítulo 14 – Salário-família ............................................................................................ 197 
1 Introdução ................................................................................................................... 197 
2 Necessidade social ...................................................................................................... 197 
3 Exigências pessoais .................................................................................................... 197 
4 Carência ...................................................................................................................... 197 
5 Valor ............................................................................................................................ 198 
6 Data de início .............................................................................................................. 198 
7 Duração ....................................................................................................................... 198 
8 Regras de transição .................................................................................................... 199 
Capítulo 15 – Pensão por morte ...................................................................................... 200 
1 Introdução ................................................................................................................... 200 
2 Necessidade social ...................................................................................................... 200 
3 Exigências pessoais .................................................................................................... 201 
4 Carência ...................................................................................................................... 203 
5 Valor ............................................................................................................................ 204 
6 Data de início .............................................................................................................. 206 
7 Duração ....................................................................................................................... 207 
8 Regras de transição .................................................................................................... 211 
Capítulo 16 – Auxílio-reclusão ........................................................................................ 212 
1 Introdução ................................................................................................................... 212 
2 Necessidade social ...................................................................................................... 212 
3 Exigências pessoais .................................................................................................... 213 
4 Carência ...................................................................................................................... 213 
5 Valor ............................................................................................................................ 214 
6 Data de início .............................................................................................................. 214 
7 Duração ....................................................................................................................... 214 
8 Regras de transição .................................................................................................... 215 
Capítulo 17 – Seguro-desemprego .................................................................................. 216 
1 Introdução ................................................................................................................... 216 
2 Destinatários ............................................................................................................... 217 
3 Requisitos .................................................................................................................... 217 
4 Valor ............................................................................................................................ 218 
5 Data de início .............................................................................................................. 219 
6 Duração ....................................................................................................................... 219 
7 Acumulação ................................................................................................................. 220 
8 Abono salarial do PIS .................................................................................................. 221 
Capítulo 18 – Benefício de prestação continuada (“BPC”) ........................................... 222 
1 Introdução ................................................................................................................... 222 
2 Destinatários ............................................................................................................... 223 
2.1 Pessoa idosa ........................................................................................................ 224 
2.2 Pessoa com deficiência ........................................................................................ 224 
3 Requisitos .................................................................................................................... 227 
3.1 Requisito formal .................................................................................................... 227 
9 
3.2 Requisito econômico ............................................................................................ 229 
4 Valor ............................................................................................................................ 233 
5 Data de início .............................................................................................................. 233 
6 Duração ....................................................................................................................... 233 
7 Acumulação ................................................................................................................. 234 
8 Auxílio-inclusão ........................................................................................................... 236 
10 Decadência ............................................................................................................... 238 
Capítulo 19 – Benefícios assistenciaise de legislação específica ............................... 239 
1 Introdução ................................................................................................................... 239 
2 Benefício de prestação continuada .............................................................................. 239 
3 Benefício de auxílio-inclusão aos portadores de deficiência ........................................ 239 
4 Benefício ao trabalhador avulso portuário.................................................................... 240 
5 Seguro-desemprego do pescador artesanal ................................................................ 240 
6 Pensão especial decorrente da talidomida .................................................................. 241 
7 Pensão vitalícia dos “soldados da borracha” ............................................................... 242 
8 Complementação aos ferroviários ............................................................................... 245 
9 Pensão especial aos dependentes das vítimas de feminicídio..................................... 246 
10 Pensão especial aos ex-integrantes do Batalhão de Suez ........................................ 247 
Capítulo 20 – Prescrição e Decadência .......................................................................... 249 
1 Conceitos .................................................................................................................... 249 
2 Decadência para o INSS ............................................................................................. 249 
3 Decadência para os beneficiários ................................................................................ 251 
4 Prescrição para os beneficiários .................................................................................. 255 
Anexos .............................................................................................................................. 257 
Atualização de valores do Regulamento para 2025 ........................................................ 257 
 
 
Δ
Felipe Scalabrin
Direito Previdenciário Sistematizado 2025
10 
INTRODUÇÃO
 
A proteção social é valor constitucional com respaldo nos fundamentos e 
objetivos da república. A dignidade humana, a cidadania e os valores sociais do 
trabalho e da livre iniciativa (art. 1º, CF/88) não teriam adequada concretização se não 
existissem regras constitucionais para detalhar a proteção social. De igual modo, a 
construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a erradicação da pobreza e a 
redução das desigualdades sociais, enquanto finalidades constitucionais (art. 3º, 
CF/88), seriam palavras ao vento se não existisse uma concretização normativa e 
material do direito fundamental à proteção social.1 
 
A proteção social significa – na lição de Celso Barroso Leite – o “conjunto das
medidas através das quais a sociedade procura assegurar aos seus membros um 
nível mínimo de condições de vida”, em especial para atender às necessidades 
individuais de caráter social resultantes da ausência de rendimentos, seja por 
inexistirem, seja por deixarem de ser recebidos ou ainda pelo surgimento de despesas 
para as quais a renda pode não ser suficiente.2 
 
A Constituição Federal, na sua redação originária, tratou amplamente da 
proteção social do cidadão. Além de diversos direitos sociais fundamentais (art. 6º, 
CF/88)3, trouxe regramento completo para a “ordem social” (art. 193-233, CF/88). A 
base da ordem social é o primado do trabalho e seus objetivos específicos são o bem 
estar e a justiça social (art. 193, parágrafo único, CF/88). No Brasil, a justiça social é 
valor constitucional a ser alcançado por meio da ordem social. Nessa linha, a função 
de planejamento das políticas públicas é exercida pelo Estado, mas é assegurada, na 
forma da lei, a participação da sociedade nos processos de formulação, de 
monitoramento, de controle e de avaliação dessas políticas (art. 193, parágrafo único, 
CF/88 – incluído pela EC 108/20). 
 
Ao longo dos anos, a promessa constitucional de proteção social foi 
gradativamente fragilizada. No decorrer desta obra, serão explorados os impactos das 
Emendas Constitucionais 20/1998, 40/2003 e 103/19. A característica marcante 
dessas emendas é a realização de reformas previdenciárias estruturais. Mas não foi 
só. Em épocas mais recentes, outras emendas, a seu modo, também atingiram a 
seguridade social. 
 
1 Segundo Laís Abramo, a proteção social é direito fundamental para o exercício de outros direitos 
fundamentais, tais como saúde educação, bem como na consolidação de um estado de bem-estar 
social. A proteção social como direito fundamental abrange um conjunto de políticas e instituições 
orientadas para garantir um nível de bem estar suficiente, facilitar o acesso a serviços sociais e 
fomentar o trabalho. (ABRAMO, Laís. O futuro da proteção social. Debate Futuros do Brasil e da 
América Latina, CEE-Fiocruz, 2018. Disponível em: , acesso em 27/01/2023). Pela 
importância, ver também: LEITE, Celso Barroso. A proteção social no Brasil. 3 ed. São Paulo: LTr, 
1986, pp. 20 e ss. 
2 LEITE, Celso Barroso. A proteção social no Brasil. 3 ed. São Paulo: LTr, 1986, pp. 20-24 
3 Na redação atual, são considerados direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, 
a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à 
infância, a assistência aos desamparados (art. art. 6º, CF/88 com redação dada pela EC n.º 90/15). 
Felipe Scalabrin
Direito Previdenciário Sistematizado 2025
11 
 
A Emenda Constitucional 114/21 inseriu nos objetivos relacionados com a 
assistência social a redução da vulnerabilidade socioeconômica de famílias em 
situação de pobreza ou de extrema pobreza (art. 203, VI, CF/88). 
 
A Emenda Constitucional 113/21 alterou as regras de pagamento de 
precatórios, tornando mais difícil o pagamento tempestivo das obrigações da fazenda 
pública, inclusive afetando condenações judiciais do INSS. Modificou, também, o 
índice de atualização monetária e juros das condenações, que passou a ser feito pela 
SELIC (art. 3º, EC 113/21) Posteriormente, a Emenda Constitucional n.º 114/21 
estabeleceu mais um regime especial de pagamento de precatórios vencidos, sendo 
popularmente chamada de “Emenda do Calote”.4 
 
A Emenda Constitucional 114/21 veio a reconhecer que todo brasileiro em 
situação de vulnerabilidade social terá direito a uma renda básica familiar custeada 
pelo poder público. Cuida-se, porém, de uma vitória de Pirro, pois a mesma regra 
define que o acesso ao programa seria determinado por lei, com observância da 
legislação fiscal e orçamentária (art. 6º, parágrafo único, CF/88). É dizer, criou-se um 
direito não autoexecutável, refém de legislação a ser criada. 
 
Nesse assunto, durante a pandemia (Covid-19), foi aprovado o chamado 
“Auxílio Emergencial”, depois renomeado para “Auxílio Brasil”, benefício social de
cunho financeiro entregue a famílias de baixa renda e cujo programa “constitui uma
etapa do processo gradual e progressivo de implementação da universalização” de
uma renda básica universal para todo cidadão (art. 1º, parágrafo único, Lei 14.284/21). 
Posteriormente, em 2023, o programa foi encerrado devido ao restabelecimento do 
antigo Bolsa Família. Apesar da mudança de nome, o Bolsa Família também é 
considerado “etapa do processo gradual e progressivo de implementação da
universalização da renda básica de cidadania” prevista na Constituição (art. 1º, §1º,
Lei n.º 14.601/23). 
 
A Emenda Constitucional 123/22 ampliou benefícios sociais, mas apenas até 
o encerramento do ano de 2022. O art. 120 do ADCT passou a estabelecer que, 
naquele ano, ficou reconhecido um “estado de emergência” decorrente do aumento
dos preços do petróleo, combustíveis e derivados. Como existia um “estado de
emergência”, foram adotadasmedidas para mitigar os impactos negativos daí
decorrentes. A EC 123/22 estabeleceu regras transitórias que flexibilizaram deveres 
fiscais relativos às despesas e à abertura de créditos extraordinários para as medidas 
de enfretamento do “estado de emergência”. Além disso, detalhou medidas que
abrangeram, por exemplo, o aumento do valor do ainda existente “Auxílio Brasil” e a
entrega de benefícios para segmentos específicos, como transportadores autônomos 
(caminhoneiros) e taxistas. A criação de benefícios sociais em pleno ano eleitoral já 
não havia sido vista com bons olhos pela doutrina e, em 2024, foi considerada 
inconstitucional pelo Supremo.5 
 
 
4 Sobre o tema, vide SCAFF, Fernando Facury. Prova da fraude à execução dos precatórios pela União 
e a EC 123. Revista Consultor Jurídico, 19/07/2022. Disponível em: , acesso em 27/01/2023. 
5 STF, ADI 7212, Rel. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgado em 01-08-2024. 
Felipe Scalabrin
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12 
A Emenda Constitucional 126/22, aprovada no término de 2022, assegurou 
os recursos financeiros para que houvesse a continuidade de programas sociais como 
o “Auxílio Brasil” para o ano de 2023. Foi, porém, mais uma regra constitucional de 
duração restrita, com prazo determinado e pouca contribuição para as mudanças 
necessárias à redução das desigualdades no país. 
 
A Emenda Constitucional 132/23, aprovada no final do ano de 2023, alterou 
o Sistema Tributário Nacional, afetando variadas disposições relacionadas com a 
tributação. Houve uma verdadeira reconfiguração de alguns impostos e, também, de 
contribuições sociais relacionadas com a seguridade social (art. 195, CF/88). O 
impacto das mudanças no custeio da seguridade social permanece incerto. 
 
Em concretização do direito social fundamental à alimentação (art. 6º, CF/88), 
o art. 8º da EC 132/23 criou também a Cesta Básica Nacional de Alimentos, que 
considerará a diversidade regional e cultural da alimentação do país e garantirá a 
alimentação saudável e nutricionalmente adequada. Para tanto, deverá ser elaborada 
lei complementar que defina quais serão produtos destinados à alimentação cujas 
alíquotas tributárias dos tributos do art. 156-A e art. 195, V, da CF/88 sejam reduzidas 
a zero (art. 8º, parágrafo único, CF/88). 
 
A Emenda Constitucional n.º 135/24, chamada “EC do Corte de Gastos”,
promulgada em 20/12/2024, fez parte do esforço do governo federal para controlar o 
crescimento das despesas obrigatórias e deixar espaço fiscal para despesas 
discricionárias. Dentre outras mudanças, a emenda previu a redução da elegibilidade 
para acesso do trabalhador ao PIS/PASEP e a prorrogação da Desvinculação das 
Receitas da União (DRU). Devido à mudança, o acesso ao PIS/PASEP será reduzido 
gradativamente e protegerá menos trabalhadores. 
 
Na esteira da EC n.º 135/24, o chamado “Pacote de Corte de Gastos” incluía
mudanças para reduzir o crescimento de gastos, dando origem à Lei Complementar 
n.º 211/24 e à Lei n.º 15.077/24. Esta última alterou o critério de majoração do salário 
mínimo, fato que acarretará, no futuro, em possível limitação do seu aumento real. 
 
Enfim, no contexto das reformas constitucionais recentes, é fácil perceber a 
fragilização dos direitos fundamentais sociais em detrimento de outros interesses, 
normalmente econômicos. Apesar de tudo isso, a seguridade social segue firme 
como o principal pilar da proteção social brasileira (art. 194-203, CF/88). 
 
 
 
Felipe Scalabrin
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13 
CAPÍTULO 1
SEGURIDADE SOCIAL
 
1 Conceito 
 
O conceito de seguridade social consta no texto constitucional: a seguridade 
social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos 
e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e 
à assistência social (art. 194, CF/88). As características que compõem esse conceito 
são: 
 
(a) Seguridade: a palavra segurança tem muitos sentidos: segurança privada, 
segurança jurídica e, também, segurança social. Alguns consideram segurança 
social e seguridade social sinônimos. Outros que a expressão foi importada do 
espanhol “seguridad social”. Há quem explique que a palavra seguridade caíra 
em desuso, mas agora consta no texto constitucional brasileiro.6 Seja como for, 
em sentido amplo, a palavra seguridade social significa dar proteção ao 
indivíduo em razão de variadas contingências sociais, isto é, situações 
imprevisíveis que impactam na qualidade de vida do cidadão.7 
 
(b) Conjunto integrado: a seguridade não envolve ações isoladas ou sem 
planejamento; “conjunto integrado” significa que ela envolve um planejamento
estatal (ela é uma política pública de matriz constitucional). 
 
(c) Conjunto de ações: os direitos relacionados à seguridade social são 
prestacionais e, por essa razão, exigem uma atuação por parte do Estado (uma 
conduta positiva). A seguridade social se insere no contexto dos direitos 
fundamentais de segunda dimensão. E como tal, deveria ter aplicabilidade 
imediata (art. 5º, §1º, CF/88).8 
 
(d) Iniciativa dos poderes públicos e da sociedade: a seguridade social não é 
mera responsabilidade do governo, mas sim de toda a sociedade. Nesse 
sentido, o princípio da solidariedade evidencia um dever geral de 
responsabilidade do individual pelo coletivo e vice-versa (é “de um por todos e 
todos por um”9). 
 
 
6 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. 41 ed. São Paulo: SaraivaJur, 2023, p. 25. 
7 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. 41 ed. São Paulo: SaraivaJur, 2023, p. 25. 
Nesse sentido, “qualquer modelo de proteção social – e, sobretudo, os modernos sistemas de 
seguridade social – tem por finalidade propiciar ao indivíduo a superação de um estado de necessidade 
social gerado por uma contingência social – ou risco social” (VIANNA, João Ernesto Aragonés. Direito 
previdenciário. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2022, p. 04) 
8 ROCHA, Daniel Machado da. O direito fundamental à previdência social. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 2004 , p. 103 e ss. 
9 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. 41 ed. São Paulo: SaraivaJur, 2023, p. 76. 
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14 
(e) Áreas de atuação: a seguridade social abrange três áreas de atuação: saúde, 
assistência social e previdência social. 
 
Seguridade 
Social 
Saúde 
Assistência social 
Previdência social (contributivo) 
 
A caracterização da seguridade social no panorama dos direitos fundamentais 
reforça a importância da sua compreensão enquanto instrumento de proteção social 
a ser concretizado em múltiplos espectros. E diante das escolhas constitucionais, é 
necessário um exame, ainda que breve, de cada área, com foco nos conceitos e 
características dos componentes da seguridade social: saúde, assistência social e 
previdência social. 
 
Atenção! Não confundir os direitos sociais em geral com os direitos que 
compõem a seguridade social. Existem diversos outros direitos sociais 
que NÃO fazem parte da seguridade social como, por exemplo, a 
educação, a moradia, o transporte etc. (art. 6º, caput, CF/88). 
 
2 Saúde 
 
2.1 Conceito 
 
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas 
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e 
ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e 
recuperação (art. 196, CF/88). 
 
O direito à saúde é considerado disciplina autônoma, com princípios próprios e 
regime jurídico detalhado pelo direito positivo. Além da legislação específica, discute-
se a atuação do Poder Judiciário no controle de políticas públicas de saúde. Como o 
assunto é bastante abrangente, cabe apenas identificar as principais características 
do regime constitucional da saúde na visão da seguridade social.2.2 Características 
 
A Constituição conferiu especial atenção ao direito à saúde (art. 196-200, 
CF/88). A Lei n.º 8.080/90, por sua vez, trata do Sistema Único de Saúde (SUS). As 
principais características constitucionais são: 
 
(a) O acesso à saúde independe de pagamento e é irrestrito: não é necessário 
pagar pela saúde pública brasileira. Além disso, ela abrange todos, até mesmo 
os estrangeiros que residem no país. Trata-se, pois, de verdadeiro direito 
subjetivo público universal. Como o acesso é irrestrito, ela não é apenas para 
os necessitados (a saúde pública “é do bilionário ao miserável”). 
 
(b) A saúde é um dever de todos os entes políticos: ao estabelecer que a saúde 
é direito de todos e “dever do Estado” (art. 196, CF/88), o texto constitucional 
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15 
quer dizer que todos os entes políticos possuem a obrigação de viabilizar o 
direito à saúde. Existe competência comum dos entes políticos para a 
realização de ações relacionadas com a saúde.10 A articulação entre os entes, 
porém, nem sempre é clara e funcional. No contexto da judicialização, o STF 
fixou a seguinte tese: “Os entes da federação, em decorrência da competência
comum, são solidariamente responsáveis nas demandas prestacionais na área 
da saúde, e diante dos critérios constitucionais de descentralização e 
hierarquização, compete à autoridade judicial direcionar o cumprimento 
conforme as regras de repartição de competências e determinar o 
ressarcimento a quem suportou o ônus financeiro” (Tema 793/STF). 
 
(c) É de relevância pública: “São de relevância pública as ações e serviços de
saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua 
regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita 
diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de 
direito privado” (art. 197, CF/88). A saúde faz parte do planejamento estatal, 
que deve, por essa razão, estabelecer políticas públicas sociais com ela 
relacionadas. 
 
(d) Sistema Único de Saúde: a saúde é administrada pelo Sistema Único de 
Saúde (SUS), vinculado ao Ministério da Saúde. Além disso, “as ações e
serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e 
constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes 
diretrizes: I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo; 
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem 
prejuízo dos serviços assistenciais; III - participação da comunidade” (art. 198, 
CF/88). Nota-se, portanto, que embora o sistema seja “único”, as ações na área
são descentralizadas. 
 
Atenção! Dentre as diretrizes do SUS está o atendimento integral, com 
prioridade para as atividade preventivas, sem prejuízo dos serviços 
assistenciais. Nota-se, então, que o caráter preventivo tem prioridade e 
NÃO o caráter curativo ou repressivo como, às vezes, se pode crer. 
 
A leitura atenta dos dispositivos constitucionais relacionados ao tema da saúde 
facilitará a compreensão (art. 196-200, CF/88). 
 
Atenção! A Emenda Constitucional n.º 124/22 adicionou regras para 
viabilizar um piso salarial nacional para os seguintes profissionais da 
saúde: enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem 
e parteiras (art. 198, §12, CF/88). Contudo, está previsto que uma lei 
federal deverá instituir esses pisos, a serem observados pelo setor 
público e pelo setor privado. Além disso, quando for aprovada a lei do 
piso, “até o final do exercício financeiro” do ano da sua publicação, os
entes políticos também deverão adequar a remuneração dos cargos ou 
dos planos de carreira (art. 198, §13, CF/88). Na sequência, entrou em 
vigor a Lei 14434/22, voltada a concretizar o direito ao piso salarial em 
debate. Porém, logo após a publicação da lei, o Supremo deferiu medida 
 
10 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Direito previdenciário. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2022, p. 20. 
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16 
cautelar em ação de inconstitucionalidade para suspender os seus 
efeitos, dado o impacto financeiro da benesse que não possuiria 
contrapartidas (ADI 7222, STF). Posteriormente, no final de 2022, foi 
promulgada a Emenda Constitucional n.º 127/22 e cujo objetivo central 
seria o detalhamento de regras constitucionais para assegurar a fonte 
de custeio do chamado “piso da enfermagem” (art. 198, §14 e §15, 
CF/88). Contudo, até o presente, não houve mudança na posição do 
Supremo.11 
 
Proteção à mulher vítima de violência (Lei 14.847/24): a Lei Orgânica 
da Saúde prevê a organização de atendimento público específico e 
especializado para mulheres e vítimas de violência doméstica em geral 
com a inclusão de atendimento, acompanhamento psicológico e 
cirurgias plásticas reparadoras (art. 7º, XIV, Lei n.º 8.080/90). A Lei n.º 
14.847/24 incluiu para as mulheres vítimas de qualquer tipo de violência 
o direito “de serem acolhidas e atendidas nos serviços de saúde
prestados no âmbito do SUS, na rede própria ou conveniada, em local e 
ambiente que garantam sua privacidade e restrição do acesso de 
terceiros não autorizados pela paciente, em especial o do agressor” (art.
7º, parágrafo único, Lei n.º 8.080/90 incluído pela Lei n.º 14.847/24). 
 
2.3 Judicialização da saúde 
 
A judicialização da saúde é dos temas mais delicados no cotidiano forense. 
Quais os limites de intervenção do Poder Judiciário para concretizar materialmente a 
exigência constitucional de prestação de saúde? 
 
Em um dos casos mais célebres sobre o tema – que envolvia a tentativa de 
suspender uma decisão judicial de entrega do medicamento Zavesca para tratamento 
da patologia denominada Niemann-Pick Tipo C – o Supremo fixou alguns limites que 
são até hoje mencionados. Assim, por exemplo, foi assentado que, “em geral, deverá
ser privilegiado o tratamento fornecido pelo SUS em detrimento de opção diversa 
escolhida pelo paciente, sempre que não comprovada a ineficácia ou impropriedade 
da política de saúde existente”. Mas isto não afasta “a possibilidade de o Poder
Judiciário, ou de a própria Administração, decidir que medida diferente da custeada 
pelo SUS deve ser fornecida a determinada pessoa que, por razões específicas do 
seu organismo, comprove que o tratamento fornecido não é eficaz no seu caso” (STA
175, STF).12 
 
O Superior Tribunal de Justiça, posteriormente, fixou critérios para a 
concessão judicial de medicamentos não incluídos em políticas públicas de saúde. 
Assim: “A concessão dos medicamentos não incorporados em atos normativos do
SUS exige a presença cumulativa dos seguintes requisitos: i) Comprovação, por meio 
de laudo médico fundamentado e circunstanciado expedido por médico que assiste o 
paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da 
ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS; ii) 
incapacidade financeira de arcar com o custo do medicamento prescrito; iii) existência 
 
11 STF, ADI 7222 MC-Ref, Relator Roberto Barroso, Tribunal Pleno, julgado em 19/09/2022. 
12 STF, STA 175 AgR, Relator Gilmar Mendes (Presidente), Tribunal Pleno, julgado em 17/03/2010. 
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17 
de registro do medicamento na ANVISA, observados os usos autorizados pela 
agência”.13 
 
Em relação a medicamentos sem registro na Anvisa, a posição do Supremo se 
consolidou do seguinte modo: 
 
Tema 500/STF. 1. O Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos 
experimentais. 2. A ausência de registro na ANVISA impede, como regra 
geral, o fornecimento de medicamento por decisão judicial. 3. É possível, 
excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem registro 
sanitário, em caso de mora irrazoável da ANVISA em apreciar o pedido (prazo 
superior ao previsto na Lei nº 13.411/2016), quando preenchidos três 
requisitos: (i) a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil 
(salvo no caso de medicamentosórfãos para doenças raras e ultrarraras);(ii) 
a existência de registro do medicamento em renomadas agências de 
regulação no exterior; e (iii) a inexistência de substituto terapêutico com 
registro no Brasil. 4. As ações que demandem fornecimento de 
medicamentos sem registro na ANVISA deverão necessariamente ser 
propostas em face da União. 
 
Em relação a medicamentos não incorporados em políticas públicas de saúde, 
prevaleceu no Supremo que o fornecimento pela via judicial é excepcional e depende 
do preenchimento de uma série de requisitos (Tema 06/STF): 
 
Tema 06/STF. 1. A ausência de inclusão de medicamento nas listas de 
dispensação do Sistema Único de Saúde - SUS (RENAME, RESME, 
REMUME, entre outras) impede, como regra geral, o fornecimento do 
fármaco por decisão judicial, independentemente do custo. 2. É possível, 
excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento registrado na 
ANVISA, mas não incorporado às listas de dispensação do Sistema Único de 
Saúde, desde que preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisitos, 
cujo ônus probatório incumbe ao autor da ação: (a) negativa de fornecimento 
do medicamento na via administrativa, nos termos do item '4' do Tema 1234 
da repercussão geral; (b) ilegalidade do ato de não incorporação do 
medicamento pela Conitec, ausência de pedido de incorporação ou da mora 
na sua apreciação, tendo em vista os prazos e critérios previstos nos artigos 
19-Q e 19-R da Lei nº 8.080/1990 e no Decreto nº 7.646/2011; c) 
impossibilidade de substituição por outro medicamento constante das listas 
do SUS e dos protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas; (d) comprovação, 
à luz da medicina baseada em evidências, da eficácia, acurácia, efetividade 
e segurança do fármaco, necessariamente respaldadas por evidências 
científicas de alto nível, ou seja, unicamente ensaios clínicos randomizados 
e revisão sistemática ou meta-análise; (e) imprescindibilidade clínica do 
tratamento, comprovada mediante laudo médico fundamentado, descrevendo 
inclusive qual o tratamento já realizado; e (f) incapacidade financeira de arcar 
com o custeio do medicamento. 3. Sob pena de nulidade da decisão judicial, 
nos termos do artigo 489, § 1º, incisos V e VI, e artigo 927, inciso III, § 1º, 
ambos do Código de Processo Civil, o Poder Judiciário, ao apreciar pedido 
de concessão de medicamentos não incorporados, deverá obrigatoriamente: 
(a) analisar o ato administrativo comissivo ou omissivo de não incorporação 
pela Conitec ou da negativa de fornecimento da via administrativa, à luz das 
circunstâncias do caso concreto e da legislação de regência, especialmente 
a política pública do SUS, não sendo possível a incursão no mérito do ato 
administrativo; (b) aferir a presença dos requisitos de dispensação do 
medicamento, previstos no item 2, a partir da prévia consulta ao Núcleo de 
 
13 STJ, EDcl no REsp 1657156 RJ, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, julgado em 
12/09/2018, DJe 21/09/2018. 
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Apoio Técnico do Poder Judiciário (NATJUS), sempre que disponível na 
respectiva jurisdição, ou a entes ou pessoas com expertise técnica na área, 
não podendo fundamentar a sua decisão unicamente em prescrição, relatório 
ou laudo médico juntado aos autos pelo autor da ação; e (c) no caso de 
deferimento judicial do fármaco, oficiar aos órgãos competentes para 
avaliarem a possibilidade de sua incorporação no âmbito do SUS. 
 
Acerca da solidariedade no direito à saúde, há precedente vinculante no sentido 
de que “os entes da federação, em decorrência da competência comum, são 
solidariamente responsáveis nas demandas prestacionais na área da saúde, e diante 
dos critérios constitucionais de descentralização e hierarquização, compete à 
autoridade judicial direcionar o cumprimento conforme as regras de repartição de 
competências e determinar o ressarcimento a quem suportou o ônus financeiro”
(Tema 793/STF). O assunto, porém, permanecia em aberto devido a divergências 
acerca de quais entes políticos deveriam ou não participar obrigatoriamente de litígios 
que envolvessem prestações sanitárias (Tema 1234/STF). Em 2024, o Supremo 
julgou definitivamente a matéria, fixando teses sobre competência, responsabilidades, 
fornecimento e custeio de medicamentos não incorporados (Tema 1234/STF). 
 
Na perspectiva coletiva, o Supremo assim decidiu: “1. A intervenção do Poder 
Judiciário em políticas públicas voltadas à realização de direitos fundamentais, em 
caso de ausência ou deficiência grave do serviço, não viola o princípio da separação 
dos poderes. 2. A decisão judicial, como regra, em lugar de determinar medidas 
pontuais, deve apontar as finalidades a serem alcançadas e determinar à 
Administração Pública que apresente um plano e/ou os meios adequados para 
alcançar o resultado; 3. No caso de serviços de saúde, o déficit de profissionais pode 
ser suprido por concurso público ou, por exemplo, pelo remanejamento de recursos 
humanos e pela contratação de organizações sociais (OS) e organizações da 
sociedade civil de interesse público (OSCIP)” (Tema 698/STF). 
 
3 Assistência Social 
 
3.1 Conceito 
 
A definição de assistência social, além da previsão constitucional (art. 203, 
CF/88), consta no art. 1º da Lei n.º 8.742/93: “a assistência social, direito do cidadão
e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os 
mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa 
pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas”. 
 
Em síntese, a assistência social é a política pública de seguridade social que 
tem por objetivo atender às necessidades básicas do indivíduo, fornecendo-lhe o 
mínimo existencial por meio de prestações gratuitas. Ela busca resgatar o status de 
cidadania do indivíduo, reinserindo os mais necessitados no seio social. Trata-se de 
uma importante política de redução das desigualdades sociais, especialmente para as 
camadas mais necessitadas.14 
 
14 Segundo Vicente Faleiros, comentando a dificuldade do critério econômico do benefício de prestação 
continuada, “a LOAS não veio reduzir a desigualdade significativamente, mas sim reduzir a pobreza
significativamente” (SALES, Gabriela Azevedo Campos; ZACHARIAS, Rodrigo. LOAS, 1993: a 
revolução possível – entrevista com Vicente Faleiros. In: ALMEIDA, Daldice Maria Santana de;

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