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IUS RESUMOS Da Ação Penal – Parte I Organizado por: Max Danizio Santos Cavalcante IUS RESUMOS I DA AÇÃO PENAL .................................................................................................................................... 3 1. Noções introdutórias ......................................................................................................................... 3 1.1 Condições gerais ........................................................................................................................... 4 1.2 Condições específicas ................................................................................................................. 5 2. Classificação das Ações ..................................................................................................................... 7 2.1 Ação pública incondicionada ................................................................................................... 8 2.2 Ação Pública Condicionada....................................................................................................... 9 3. Referências .......................................................................................................................................... 11 SUMÁRIO DA AÇÃO PENAL –PARTE I [3] A ação penal inaugura a fase judicial no processo penal, embora a investigação preliminar possa sofrer controle jurisdicional em situações específicas (seja pela homologação do arquivamento, possibilidade impetração de Habeas Corpus trancativo, ou decretação de medidas cautelares, etc), o fato é que agora a persecução penal se processará integralmente perante o Poder Judiciário. Essa fase materializa o ius puniendi do Estado, que o exerce diretamente (por meio do Ministério Público), ou por substituto processual (o ofendido, nas ações privadas). Como bem esclarece o mestre Aury Lopes Jr1 a ação é ao mesmo tempo um direito subjetivo – em relação ao Estado-Jurisdição – e direito potestativo em relação ao imputado. A seguir, passaremos a tratar da primeira parte do tema Ação Penal, um assunto com extrema incidência na OAB e em concursos públicos. Bons estudos! Max Danizio Santos Cavalcante Equipe Ius Resumos --- ♠ --- I DA AÇÃO PENAL 1. Noções introdutórias Ao tratar-se do assunto, a doutrina predominante costuma referir-se ao instituto da seguinte forma, nas palavras de Nestor Távora e Rosmar Alencar2: DA AÇÃO PENAL- PARTE I IUS RESUMOS Ação Penal Conceito Condições São os requisitos necessários e condicionantes ao exercício regular do direito de ação: podem ser condições gerais, especiais ou de procedibilidade, condições objetivas de punibilidade e escusas absolutórias É o direito público subjetivo de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo ao caso concreto Diante desses conceitos, passemos agora à análise pormenorizada de cada espécie de condição da ação. 1.1 Condições gerais São condições genéricas, e que, portanto, devem estar presentes em qualquer ação penal. Vejamos: Condições Gerais Não deve existir nenhuma vedação legal ao pleito do autor da ação. É impossível, por exemplo, a formulação de pedido condenatório a penas cruéis ou de caráter perpétuo por expressa proibição constitucional (art. 5º, XLVII, CF/88) Formado pelo trinômio: necessidade, adequação e utilidade Possibilidade jurídica do pedido Interesse de agir A necessidade da ação penal é sempre presumida, tendo em vista que não há formas extrajudiciais de solução de conflitos na seara criminal A adequação diz respeito ao cabimento do meio utilizado para a solução do litígio, a exemplo do mandado de segurança, que deve ser impetrado para trancar inquérito que apure infração apenada somente com multa, não sendo o caso de ajuizamento de HC A utilidade da ação penal deveria, em tese, impedir que fossem ajuizadas ações que acabariam fulminadas pela prescrição, fundamentando o arquivamento de investigações. O STJ rechaça essa tese DA AÇÃO PENAL –PARTE I [5] Como autor da ação deve figurar o Ministério Público, nas ações públicas, ou o particular(querelante), nas ações de iniciativa privada. Este último atua como substituto processual, uma vez que pleiteia em nome próprio o direito de punir que pertence ao Estado Legitimidade Há ainda, uma quarta condição da ação, de suma importância para a propositura das ações penais: Com previsão no art. 395, inciso III do CPP, constitui-se em indícios suficientes de autoria e em prova da materialidade do delito, sendo também chamada de fumus comissi delicti (fumaça da prática do delito). Trata-se de um suporte probatório mínimo para que o processo criminal seja instaurado Justa causa 1.2 Condições específicas Condições de procedibilidade Requisição do Ministro da Justiça Representação da vítima São eminentemente processuais e vinculam o processo apenas em alguns casos Além dessas, existem outras condições específicas que, conforme leciona Noberto Avena3, são circunstâncias exteriores ao crime, não integrantes do tipo e de acontecimento futuro e incerto, ou seja, o agente não sabe se acontecerá ou não essa condição, à época do crime. São as causas ou condições objetivas de punibilidade: Causas Objetivas de Punibilidade São circunstâncias exteriores ao crime, não integrantes do tipo e de acontecimento futuro e incerto IUS RESUMOS Sentença anulatória do casamento, crime do artigo 236 do CP Ingresso no país, autor de crime praticado no estrangeiro Admissão da acusação pela Câmara dos Deputados, no julgamento do Presidente da República Sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou extrajudicial, nas infrações falimentares Exemplos Destacam-se também as condições de prosseguibilidade4, indispensáveis para o andamento da ação: Condições de Prosseguibilidade Exemplo: a necessidade de o agente recobrar a higidez mental nas hipóteses de insanidade superveniente, pois, enquanto isso não ocorre, o processo fica paralisado, e a prescrição corre normalmente (art. 152, caput, CPP) São condições indispensáveis à continuação da ação já deflagrada É importante falar das chamadas escusas absolutórias, verdadeiras condições negativas da ação penal, quem não desconfiguram o crime, mas impedem que a pena seja aplicada em razão dele. Nas palavras de Noberto Avena5: Escusas absolutórias Trata-se de causas contempladas na Parte Especial do CP, que fazem com que um fato, embora seja típico, jurídico e apesar da culpabilidade, não sofra aplicação de pena por motivos de política criminal Furto praticado por descendente contra ascendente menor de 60 anos. Nesse caso o agente é isento de pena por ser filho da vítima Exemplo Passada a parte introdutória, partiremos agora para a classificação das espécies de ação penal, bem como as peculiaridades e o regime principiológico de cada uma. DA AÇÃO PENAL –PARTE I [7] 2. Classificação das Ações Levando em conta a natureza do crime praticado, classifica-se a ação penal em duas espécies: pública e privada. A primeira subdivide-se em incondicionada e condicionada; já a segunda subdivide-se em privada exclusiva, privada subsidiária da pública e privada personalíssima. Ação Penal Pública Privada Incondicionada Condicionada à representação do ofendido à requisição do Ministro da Justiça Exclusiva PersonalíssimaSubsidiária da Pública A partir desse esquema, passemos ao estudo de cada tipo de ação e princípios correlatos: IUS RESUMOS 2.1 Ação pública incondicionada A ação penal pública é aquela titularizada pelo Ministério Público e que prescinde da manifestação da vítima ou de terceiros para ser exercida A CF conferiu ao MP o exercício privativo da ação penal pública, sendo inadmissível o início da ação penal por portaria da autoridade policial ou determinação de magistrado Ação Penal Pública Incondicionada É a regra - no silêncio da lei, será a ação cabível Além dos princípios que permeiam o processo penal como um todo, temos princípios específicos que norteiam a ação penal pública: Princípios da Ação Pública Presente os requisitos legais, o MP está obrigado a patrocinar a persecução criminal, ofertando a denúncia. A exceção está nos crimes de menor potencial ofensivo, onde é possível a oferta de transação penal, se presentes os requisitos do art. 76 da Lei nº 9.099/96 O MP tem o poder de instaurar a ação penal de ofício, sem necessidade de requisição de qualquer pessoa ou autoridade O Ministério Público não pode desistir da ação penal iniciada, e embora não seja obrigado a recorrer, caso o faça, não poderá desistir do recurso. A exceção também ocorre nos crimes de menor potencial ofensivo, sendo possível a oferta de suspensão condicional do processo, se presentes os requisitos do art.89 da Lei nº 9.099/95) Obrigatoriedade Oficiosidade A persecução penal em juízo está a cargo de um órgão oficial, qual seja, o Ministério Público Oficialidade Devem ser processados todos aqueles que praticaram a infração penal, devendo a denúncia ser oferecida em face de todos - nesse sentido a doutrina majoritária Indivisibilidade Indisponibilidade DA AÇÃO PENAL –PARTE I [9] O STF e o STJ têm se posicionado pela divisibilidade da ação pública, tendo em vista que o oferecimento de denúncia contra um indiciado/suspeito não exclui a possibilidade de acusação posterior dos demais, mediante aditamento da inicial ou mesmo a propositura de outra ação penal em face dos mesmos 2.2 Ação Pública Condicionada A ação penal pública condicionada6 também é titularizada pelo Ministério Público, afinal, trata-se de ação pública. Ocorre que, por existir uma ofensa à vítima em sua intimidade, para seu exercício válido o autor optou por condicioná-la a um permissivo, que pode ser a representação da própria vítima ou a requisição do Ministro da Justiça, esta última em casos específicos. Adiante, vamos entender melhor esses dois institutos: a representação da vítima e a requisição do Ministro da Justiça. Conceito Ausência de rigor formal É uma condição de procedibilidade para que possa ser instaurada a persecução criminal. É um pedido feito pela vítima ou por seu representante legal ou procurador com poderes especiais. Sem ela sequer pode ser instaurado o inquérito policial Pode ser apresentada até mesmo verbalmente. O importante é que fique clara a intenção do ofendido em processar o suposto autor Prazo Deve ser ofertada no prazo de 6 (seis) meses do conhecimento da autoria do delito. É prazo decadencial, que se não observado, acarreta a extinção da punibilidade do crime Destinatários Autoridade policial, Juiz ou Ministério Público Representação Retratação Enquanto não oferecida a denúncia, a vítima pode retratar-se da representação que fizer. Após o protocolo da inicial a representação torna-se irretratável IUS RESUMOS Observação: Conforme previsão no art. 16 da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/ 2006), nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, só será admitida a retratação da vítima em audiência específica e perante o juiz, podendo ser feita até o recebimento da denúncia Sobre requisição do Ministério da Justiça: Conceito Prazo É um ato de conveniência política, necessário para a persecução criminal de certas infrações. Exemplos são os crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7º, §3º, “b”, CP) Não há prazo específico. Pode ser apresentada a qualquer tempo, enquanto a infração não estiver prescrita ou estiver extinta a sua punibilidade Retratação Em razão de ser um ato político e da ausência de previsão legal, a doutrina entende que não é possível Destinatários Ministério Público Tanto a representação do ofendido quanto a requisição do Ministro da Justiça não vinculam o Ministério Público, que deve verificar a existência dos requisitos legais para o oferecimento ou não da denúncia Requisição do Ministro da Justiça No próximo resumo trataremos das particularidades da ação penal privada e suas diferenças em relação à pública. Também falaremos de outras classificações presentes na doutrina e entenderemos a estrutura e o processamento da inicial acusatória. Até a próxima! Veja esse e outros resumos de direito, além de notícias e atualidades do mundo jurídico Acesse www.iusresumos.com.br DA AÇÃO PENAL –PARTE I [11] 3. Referências AVENA, Norberto. Processo Penal Esquematizado. 3ª ed. São Paulo: Método, 2011. LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal. 11.ed. São Paulo: Saraiva, 2014. TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual penal. – Salvador: JusPodivm, 2014. NOTAS: 1 Aury Lopes Jr (2014, p. 253). 2 Nestor Távora e Rosmar Alencar (2014, p. 193). 3 Noberto Avena (2011, p. 239). 4 Nestor Távora e Rosmar Alencar (2014, p. 202). 5 Noberto Avena (2011, p. 240). 6 Nestor Távora e Rosmar Alencar (2014, p. 202).
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