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ARTIGO CIENTIFICO DIREITO PENAL DO INIMIGO

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DIREITO PENAL DO INIMIGO E A REDUÇÃO
 DA MAIORIDADE PENAL
Amanda de Castro Rodrigues
 Professor Marlon Eduardo Barreto
INTRODUÇÃO
Com o presente artigo, busca-se estabelecer críticas acerca da Redução da Maioridade Penal trazida á luz da discussão sob a ótica da teoria do Direito Penal do Inimigo, criada por Gunter Jakobs, que defende a ideia de que o menor infrator deve ser visto como inimigo, e não como cidadão.
 Ao longo deste trabalho pretende-se demonstrar alguns pontos equivocados sobre tal defesa e a sua ligação com a solução do problema da criminalidade no país apenas com a opção de qualificar os menores infratores como inimigos do Estado, representando aquele que rompeu seus vínculos com a sociedade, retornando a um estado de natureza. 
As leis que aplicam-se aos cidadãos e ao Estado, estão dispensadas em relação ao inimigo. Para Jakobs, o combate à criminalidade dentro ou fora do território nacional se daria com a desclassificação de alguns indivíduos do conceito de pessoas, tirando-lhes o direito as garantias constitucionais que o Estado então oferece a todos.
DIREITO PENAL DO INIMIGO
O Direito Penal do Inimigo é uma teoria desenvolvida e criada por Günter Jakobs na segunda metade da década de 1990, no qual o autor procura fazer uma distinção entre um Direito Penal do Cidadão e um Direito Penal do Inimigo.
Para Gunter Jacobs, o Direito Penal do Cidadão é o Direito de todos, propõe-se áquele sujeito que cumpre a norma, ou seja, ao indivíduo que não mata, não rouba, não comete qualquer outra infração. Portanto, comporta-se como “cidadão”. O seu comportamento de respeito à norma gera a cidadania e o civismo, possibilitando que os demais vivam tranquilamente. Em uma segunda opção é direcionado aos criminosos que, mesmo cometendo alguns deslizes, continuarão com status de pessoa na relação jurídica. 
Já o Direito Penal do Inimigo, ao contrário, impede que os demais sejam pessoas de direito. É um direito penal direcionado aos delinquentes que não respeitam as normas estabelecidas, mormente, aqueles que perturbam a ordem social. Para essas pessoas, o Estado não pode esperar que entrem em ação, devem ser interceptadas no estágio prévio do ato. Elas devem ser neutralizadas para evitar danos futuros.
 Mas, quem é pessoa e quem é inimigo?
O ‘Direito Penal do Inimigo’, conforme já assinalado, é um Direito Penal por meio do qual o Estado confronta não os seus cidadãos, mas seus inimigos. A teoria de JAKOBS é pautada pela Teoria dos Sistemas Sociais que tem por base a comunicação - a pessoa existe em função de sua relação social.
Nesse contexto, JAKOBS afirma que quem por princípio se conduz de modo desviado, não oferece garantia de um comportamento pessoal. Por isso, não pode ser tratado como cidadão, mas deve ser combatido como inimigo. 
Em outros termos, quem não oferece segurança cognitiva suficiente de comportamento pessoal, não só não pode esperar ser tratado como pessoa, como também o Estado não deve tratá-lo como pessoa, já que do contrário vulneraria o direito à segurança dos demais. Para Jacobs, os inimigos não são pessoas.
Já o conceito de ‘pessoa’ diz respeito à forma pela qual se constrói o sistema social. Só é pessoa quem oferece uma garantia cognitiva suficiente de um comportamento pessoal. Inexistindo essa garantia ou se ela é expressamente negada, o Direito Penal passa, de uma reação da sociedade diante do crime de um de seus membros, a uma reação contra um inimigo. 
Essa noção de ‘pessoa’ utilizada por JAKOBS, importa na separação jurídica entre o indivíduo, que opera com base na consciência, e a sociedade, entendida como sistema que opera com base na comunicação. Ele próprio afirma que partindo de tal compreensão, o direito aparece como estrutura da sociedade, e tanto os deveres como os direitos, não estão dirigidos a indivíduos, senão a destinatários construídos comunicativamente que se denominam pessoas. A comunicação é o ponto de partida para se entender ‘pessoa’ segundo a concepção jurídica de JAKOBS.
Nesses termos, a pessoa não é algo dado pela natureza, senão uma construção social e, por conseguinte, nem todo ser humano é pessoa jurídico-penal, pessoa é algo distinto de um ser humano, somente pode ser pessoa jurídico-penal ativa, quem dispõe da competência de julgar de modo vinculante a estrutura do social, precisamente, o Direito
Além da certeza de que ninguém tem direito de matar, deve existir também a certeza de que com um alto grau de probabilidade ninguém vá matar. Aquele que pretende ser tratado como pessoa deve oferecer em troca uma certa garantia de que vai se comportar como pessoa. Sem essa garantia, ou quando ela for negada expressamente, o Direito Penal deixa de ser uma reação social diante da conduta do componente da sociedade e passa a ser uma reação contra um adversário.
PRINCIPAIS CARACTERISTICAS
Para o enfrentar os ‘inimigos’, as sociedades modernas têm recorrido a regulações jurídicas de características facilmente identificáveis como típicas de um ‘Direito Penal do Inimigo’.
A primeira, seria a ampla antecipação da punibilidade, ou seja, mudança de perspectiva do fato típico praticado para o fato que será produzido, como no caso de terrorismo e organizações criminosas.
Outra característica seria a falta de uma redução da pena proporcional ao referido adiantamento (por exemplo, a pena para o mandante/mentor de uma organização terrorista seria igual àquela do autor de uma tentativa de homicídio, somente incidindo a diminuição referente à tentativa.
E por último, a mudança da legislação de Direito Penal para legislação de luta para combate à delinqüência e, em concreto, à delinqüência econômica.
Então, trata-se de um Direito prospectivo e não retrospectivo, na medida em que se pune o inimigo pelo o que ele poderá fazer, em razão do perigo que representa; o inimigo não é visto como um sujeito de direitos, pois perdeu seu status de cidadão; enquanto que o direito penal do cidadão é aplicado para manter a vigência das normas, o direito penal do inimigo serve para combater perigos; pune-se o inimigo pela sua periculosidade e não pela sua culpabilidade; as garantias processuais aplicadas ao inimigo são relativizadas ou até mesmo suprimidas. 
IMPUTABILIDADE E MAIORIDADE PENAL
Imputabilidade penal é a condição ou capacidade atribuída à alguém de ser responsabilizado penalmente pela infração penal no momento da ação ou da omissão. Portanto, são imputáveis aqueles que têm consciência de que o fato é ilícito e que têm vontade, sendo capazes de escolher entre praticar ou não determinado ato.
De acordo com o doutrinador Fernando Capez, a imputabilidade é conceituada como a capacidade de entender o caráter ilícito do fato, e de se posicionar diante de tal fato de acordo com esse entendimento. O agente deve ser capaz de saber que está praticando um ato ilícito, e além disso deve ter totais condições de controlar suas vontades. 
Dessa forma, a imputabilidade torna o agente responsável pela prática do crime, sujeitando-o à imposição da pena, desde que presentes os demais elementos da culpabilidade. No direito penal, o fundamento da imputabilidade é a capacidade de entender e de querer. A junção da maturidade e da sanidade mental confere ao homem a imputabilidade penal.
Como dito anteriormente, o seu reconhecimento depende da capacidade para conhecer a ilicitude do fato e determina-se segundo esse entendimento. Por isso, a imputabilidade não se confunde com a responsabilidade penal, que corresponde às consequências jurídicas oriundas da prática de uma infração. 
Segundo Magalhães Noronha (2001, p.164) a responsabilidade é a obrigação que alguém tem de arcar com as consequências jurídicas do crime. È o dever que a pessoa tem de prestar contas de seu ato. Ela depende da imputabilidade do indivíduo, pois não pode sofrer as consequências do fato criminoso,ou seja, ser responsabilizado, senão o que tem consciência de sua antijuridicidade e quer executá-lo.
A maioridade penal diz respeito á imputabilidade penal, ou seja, a idade mínima a partir do qual o sistema judiciário pode processar um cidadão como uma pessoa que se responsabiliza por seus atos, sendo então um adulto, não existindo sobre ele quaisquer desagravos, atenuantes ou subterfúgios baseados na sua idade á época da ocorrência do fato de que é acusado. O indivíduo é reconhecido como adulto consciente das consequências individuais e coletivas dos seus atos e da responsabilidade legal embutidas nas suas ações.
De acordo com o artigo 27 do Código Penal, os menores de 18 anos de idade são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. Logo, aquele que, ao tempo da ação ou da omissão (atividade), era menor de 18 anos de idade, é considerado inimputável, pois o legislador presume, de forma plena, que o menor tem desenvolvimento mental incompleto.
Tal presunção é absoluta pois basta demonstrar-se a menoridade penal que o sujeito não sofrerá aflição penal. Entretanto, ao completar 18 anos de idade o agente adquire a maioridade penal, passando de inimputável, para imputável, podendo ser responsabilizado penalmente por infração penal.
Nesse ponto, é necessário distinguir a inimputabilidade da impunidade. A inimputabilidade, como visto, é causa de exclusão da responsabilidade penal, e não significa irresponsabilidade pessoal ou social.
É comum, na sociedade, um sentimento de que os menores de 18 anos podem praticar qualquer ato ilícito, de um simples furto até um homicídio, e não será aplicado qualquer tipo de medida para penaliza-lo e responsabiliza-lo. É o que se chama de sentimento de impunidade. Mas, apesar de o menor de 18 anos de idade ser penalmente inimputável, e a ele não ser aplicado qualquer sansão penal, são aplicadas medidas socioeducativas que são estabelecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, podendo ser desde uma simples advertência á uma internação em estabelecimento adequado.
Entretanto, a violência vem atingindo grandes proporções, não só nas grandes mas também nas pequenas cidades. Assassinatos, roubos, estupro, tráficos de drogas, estão cada vez mais fazendo parte da rotina da população. Muitas vezes, estes, praticados por adolescentes, seja por terem consciência de que não serão punidos penalmente ou por estarem fora da realidade de uma família estruturada, ou ainda por estarem no submundo das drogas, sendo apontados como um dos principais responsáveis pelo aumento da criminalidade e tornando-se objeto do clamor popular pelo endurecimento das normas legais e constitucionais que regulamentam a maioridade penal.
Muito se tem discutido sobre a redução da maioridade penal no Brasil, tendo em vista que, como já dito acima, muitos crimes que aterrorizam a sociedade são praticados por menores de 18 (dezoito) anos, considerados penalmente inimputáveis.
Mas, ao se pensar na redução da maioridade penal, deve-se ter em mente que mandar jovens, menores de 18 anos para os precários presídios e penitenciárias que misturam presos reincidentes e primários perigosos ou não, é tratar o jovem delinquente como um caso perdido, afastando-o da sociedade. 
O adolescente, é visto como um inimigo, e a essência do tratamento diferenciado que se atribuiu ao inimigo consiste em que o direito lhe nega sua condição de pessoa. Ele só é considerado sob o aspecto de ente perigoso, e como visto anteriormente, o Direito Penal do Inimigo (direito penal direcionado aos delinquentes que não respeitam as normas estabelecidas) impede que esse adolescente seja pessoa de direito.
Deve-se “atacar” as causas da criminalização juvenil e não os seus efeitos. A diminuição da maioridade penal acarreta danos irreversíveis ao adolescente que retribuiria de forma violenta contra a sociedade que o atacou e p excluiu como pessoa de direitos, além do que ao ser remetido para o presídio retornaria à sociedade ainda mais eficiente no crime e na violência.
CONCLUSÃO
A inclusão de crianças e adolescentes, que por ainda estarem em fase de formação de caráter, são mais facilmente influenciáveis em um sistema penitenciário inadequado ás suas necessidades, o que dificulta que o infrator seja ressocializado. Além disso, a utilização do direito penal como forma de conter a criminalidade, não se buscando sistemas e soluções de prevenção e inserção social do jovem, não resolverá o aumento da criminalidade praticada por jovens.
Deve-se entender que não se resolve o problema da criminalização do menor apenas afastando-o da sociedade, pois o problema continua a existir oculto ou não. Com a redução da maioridade penal, os maiores que se valem de crianças e adolescentes na prática de crimes, recrutariam crianças ou adolescentes com idade ainda mais precoce, conduzindo ao mundo do crime grupo cadê vez mais jovem, o que não resolve o problema da violência, que tem como grandes causas a fome, a miséria, falta de escolaridade, além de outras. 
Para que se resolva o problema dos crimes praticados por menores, não basta a imputabilidade, necessita-se de toda uma mudança social criando oportunidades de preparação para o ingresso do menor na sociedade e de ressocialização do menor infrator, além de uma profunda mudança no sistema prisional brasileiro para oportunizar que o preso durante a sua internação, tenha oportunidade ao cumprir a sua pena, evitando que se eternize a “universidade do crime.”
Não se pode desistir do homem, sob o falso argumento de ser ele incorrigível, de possuir um defeito de caráter, que o impede de agir conforme os demais cidadãos da sociedade.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
JAKOBS, Gunter. CANCIO MELIÁ, Manuel. O Direito Penal do Inimigo, Noções e Críticas, 2007.
ZAFFARONI, Raúl. O Inimigo do Direito Penal, 2007.
MORAES, Alexandre Rocha Almeida de Juruá. Direito Penal do Inimigo - A Terceira Velocidade do Direito Penal, 2008.
http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/154649/quais-as-principais-caracteristicas-do-direito-penal-do-inimigo-luciano-vieiralves-schiappacassa
http://jus.com.br/artigos/44347/maioridade-penal-o-menor-como-inimigo-do-estado-baseado-na-teoria-do-direito-penal-do-inimigo-de-gunter-jakobs

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