O Poder Legislativo

Prévia do material em texto

O Poder Legislativo
Funções típicas e atípicas:
A CF consagra o principio da separação de Poderes (art. 2º, CF), cabendo ao Poder Legislativo o exercício precípuo da função legislativa voltada para a criação de normas jurídicas obrigatórias que vão inovar o direito. Identifica como funções típicas do Poder Legislativo: criação de leis, fiscalização e controle dos atos do Executivo (fiscalização financeiro-orçamentária Congresso Nacional + TCU). 
Além dessas funções típicas a Constituição atribui poderes atípicos praticados pelo legislativo, que além de criar leis e fiscalizar o Executivo acaba participando da função jurisdicional (quando o Senado Federal julga o Presidente da República – Impeachment) e função executiva ao executar as leis criadas.
Organização do Poder Legislativo: 
Formas de organização:
Unicameralismo: implica a existência, no âmbito da organização do Estado, de apenas uma Casa Legislativa para produção das normas jurídicas.
Bicameralismo: Implica na existência de duas Casas Legislativas para produção das normas jurídicas. O Brasil adota essa forma de organização (Câmara dos Deputados e Senado Federal). A característica do sistema bicameral do Brasil é federalismo (representação dos estados federados) e paritário (Senado e Câmara não possuem diferença hierárquica)¹.
Pluricameralismo: existência de no mínimo três Casas Legislativas para produção de normas. Geralmente caracterizado em governos autoritários em que se há a necessidade da barrar a produção de normas ou de governos de grande diferença ideológica, social como no regime da Apartheid em que havia três casas legislativas que representavam cada uma: brancos, negros e indianos. 
¹: Críticas ao sistema bicameral: Há duas críticas quanto a esse sistema que é a morosidade na produção das normas uma vez que a votação passas pelas duas casas legislativas e uma crítica construtiva é que a elaboração das leis nesses sistema de duas casas legislativas concorre para uma melhor qualidade na elaboração da lei, uma vez que a discussão fica mais ampla e aberta.
A Câmara dos Deputados:
A Câmara dos Deputados, de acordo com o artigo 45 da CFRB/88, compõe-se de representantes do povo, eleitos pelo sistema proporcional, em cada Estado, em casa Território e no Distrito Federal.
O numero total de deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, a fim de que nenhum Estado-Membro, ou o Distrito Federal, tenha menos de 8 ou mais de 70 deputados. O número máximo de deputados deve ser de 513. 
- São representantes do povo;
- Lei complementar estabelece proporção de deputados por Estado e Distrito Federal;
- Renovação integral (4 em 4 anos);
- Sistema eleitoral proporcional
- Brasileiro naturalizado ou nato, 21 anos, ser eleitor, sem apresentar condição de inelegível. 
- Competências privativas da Câmara dos Deputados:
a) autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros do Estado;
b) proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;
c) elaborar seu regimento interno;
d) dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção de cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observando os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias. 
e) eleger membros do Conselho da República, nos termos do artigo 89, VII. 
Senado Federal: 
O Senado Federal compões de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o principio majoritários, para mandato de 8 anos. 
O mandato mais longo dos senadores constitui fato de harmonia e ponderação, precaução e cuidado, afastando-se das paixões e dos interesses de curto prazo, em virtude ainda do papel conservador do Senado, de modo a evitar atritos no âmbito do Bicameralismo, o que será uma ponte entr o Legislativo e Executivo. – Kildare Gonçalves. 
- São representantes dos Estados Membros + DF;
- 3 senadores por unidade federativa;
- Renovação parcial do mandato (4 em 4 anos – 1/3,2/3,1/3...)
- Sistema eleitoral majoritário simples;
- Idade 35 anos, brasileiro nato ou naturalizado, ser eleitor e não apresentar condição de inelegível.
- São competências privativas ao Senado Federal: 
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; 
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; 
III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;
c) Governador de Território;
d) Presidente e diretores do banco central;
e) Procurador-Geral da República;
f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente;
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno;
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato;
XII - elaborar seu regimento interno;
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; 
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios. 
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.
Congresso Nacional: 
Composição da Mesa: A mesa do Congresso Nacional é composta por membros do Senado e da Câmara, sendo necessário que quem presida a mesa do Congresso Nacional seja o Presidente do Senado Federal.
A mesa do Congresso Nacional é responsável pela direção dos trabalhos em sessão conjunta (Câmara dos Deputados + Senado Federal). Os membros da mesa possuem mandato de 2 anos e é vedada reeleição do cargo anterior. É a mesa diretora, conjunto deparlamentares, que vai dirigir, coordenar e organizar os trabalhos da casa legislativa. 
A mesa se compõe: 
- Atribuições do Congresso Nacional: 
a) Quando a casa iniciadora (Câmara ou Senado) cria um projeto de lei em que a casa revisora se aprovar envia para o Presidente que pode vetar ou sancionar a lei. Em caso de veto deputados e senadores podem sobrepujar o veto, que nada mais é rejeitar o veto presidencial e sancionar a lei. 
b) Câmara e Senado criam resoluções privativas a cada um.
c) A Câmara e o Senado criam juntos decretos legislativos privativamente para o Congresso Nacional.
Legislatura x sessão legislativa x período legislativo = ler Kildare página 1000, 1001 e 1002.
Legislatura é o lapso temporal de quatro anos contados a partir da renovação das casas legislativas, nada mais é que o período entre a posse e o término dos mandatos. A sessão legislativa é o período anual de trabalho das casas legislativas. O período legislativo é o semestre de trabalho das casas durante a sessão legislativa (1º período: 02/02-17/07; 2º período: 01/08-22/12). 
Comissões: 
Os assuntos levados ao Poder Legislativo são inúmeros e alguns complexos que necessitam de um estudo prévio e especializado das propostas legislativas pelas comissões parlamentares, na função de órgãos técnicos que irão emitir parecer para posterior apreciação do plenário. 
As comissões parlamentares surgem no regime inglês, quando se designava ao autor de uma lei outro que o secundava e mais dois membros para procederem estudo do assunto que será tratado na lei. 
As doutrinas classificam de várias formas as comissões parlamentares, aqui vale destacar: 
Comissões permanentes: são as comissões sem prazo de duração. Elas não se extinguem com o término das legislaturas e ao receberem projetos de lei tem o objetivo de uma análise e instrução das proposições. Exemplo: Comissão de saúde, esporte, dança;
Comissões temporárias: são ocasionais, constituídas com prazo determinado de duração, que se estende, no máximo, pelo período da legislatura. Exemplo: Comissão da Copa do Mundo, Comissão Parlamentar de Inquérito;
Comissões legislativas: comissões que atuam no processo legislativo;
Comissões de fiscalização: aquelas que exercem controle da Administração Pública e decorrem da função típica de fiscalização. Como exemplo: Comissão Parlamentar de Inquérito;
Comissões individuais ou unicamerais: integradas por parlamentares de apenas uma das Casas Legislativas;
Comissões mistas: comissões formadas por membros de ambas as Casas Legislativas. 
6.1- Comissões Parlamentares de Inquérito: É uma comissão temporária com a função de fiscalizar e investigar as situações político-administrativas, ou seja, é responsável por fiscalização e investigação da Administração Pública. 
As CPI’s têm poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos em lei e nos regimentos internos das respectivas Casas Legislativas, e serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros (171 Deputados e 27 Senadores), para apuração de fato determinado e por prazo certo (prorrogável), sendo suas conclusões, encaminhas ao MP para que possa responsabilizar na seara criminal e civil, em caso de ilegalidade encontrada nas investigações. 
Fato determinado é entendido pelo regimento interno da Câmara como acontecimento de relevante interesse para a vida pública e a ordem constitucional, legal econômica e social do país, que estiver devidamente caracterizado no requerimento da Comissão. 
Os poderes de investigação das autoridades judiciais estão ligados à instrução e construção de inquérito. De forma alguma as CPI’s têm poder de jurisdição, mas apenas de investigação. 
LDO, LOA, PPA: 
O modelo orçamentário brasileiro é definido na Constituição Federal de 1988 do Brasil que prevê três orçamentos: o plano plurianual (PPA), lei de diretrizes orçamentárias (LDO) e a lei orçamentária anual (LOA). 
PPA: é o plano que define para os quatro anos de governo planos estratégicos e grandes prioridades nacionais e regionais com metas para cada área de atuação: saúde, educação, saneamento, transporte, energia, entre outros. Para garantir os investimentos para as grandes obras e a oferta permanente de serviços públicos conta com uma lei aprovada a cada quatro anos (PPA) e cada esfera de governo, municipal, estadual e federal tem suas responsabilidades e seus próprios PPAs. 
LDO: metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para exercício financeiro subsequente, e orientarão a elaboração de lei orçamentaria anual trazendo série de regras para elaborar, organizar e executar a LOA, disporão sobre alterações na legislação tributária, estabelecerão a politica de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento, como o banco do BNDES. 
LOA: lei que estabelece despesas e receitas que serão realizadas no próximo ano. A LOA compreenderá o orçamento fiscal e seguridade, orçamento de seguridade social e orçamento de investimentos estatais. 
Sessão ordinária, extraordinária: 
A sessão ordinária consiste na reunião diária das Casas Legislativas, é o dia-a-dia do Congresso Nacional, dentro dos períodos legislativos. As sessões extraordinárias são reuniões realizadas além do horário preestabelecido ou em dias não úteis, para apreciar matéria determinada ou concluir apreciação de matéria que já tenha discussão iniciada. 
A sessão legislativa extraordinária pode ser proposta pelo Presidente do Senado em caso de estado de defesa ou intervenção federal, estado de sítio e compromisso e posse do Presidente da república. Pode ainda ser proposta pelo Presidente da República, Presidente do senado Federal, Presidente da Câmara dos Deputados ou maioria absoluta de ambas (Senado + Câmara) as casas em caso de urgência ou interesse público (subjetivo). A convocação ainda dependerá de aprovação da maioria absoluta dos membros de CADA casa (Senado e Câmara).
Imunidades: material e formal. 
A imunidade formal ou processual é a imunidade parlamentar que não exclui crime, mas há ocorrência de prerrogativas processuais. Incorre imunidade formal apenas para Deputado Federal, Deputado Estadual e Senadores.
A primeira prerrogativa a se falar é a prisão. Incorre no §2º do artigo 53 da Lei Maior que, desde a expedição do diploma, não poderão ser presos os parlamentares, salvo em flagrante de crime inafiançável ¹. Com essa ocorrência, os autos serão remetidos dentro de 24 horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. A deliberação deverá ser tomada pelo voto nominal e aberto dos membros. Outra situação que incorre a prisão parlamentar é a sentença transitada e julgada. 
A segunda prerrogativa está ligada ao processo. O processo se inicia após o recebimento da denúncia. Do recebimento até a decisão final proferida pelo STF cabe o instituto sustação. Consiste na paralização do processo enquanto durar o mandato do parlamentar. Ao receber denúncia cabe ao STF comunicar a Casa respectiva da existência de um processo contra tal parlamentar. O pedido de sustação se iniciará através de partido político que enviará o pedido a Mesa da Casa que deverá em 45 dias colocar em votação pela aprovação ou não da sustação do processo. O voto da maioria da Casa resolverá o pedido. 
A terceira prerrogativa é a de foro. Essa prerrogativa prevista no § 1º do artigo 53 da CFRB diz que a partir da expedição do diploma, Deputados e Senadores, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. Vale ressaltar que essa prerrogativa se dá apenas para a seara penal e com o fim do mandato, caso processo não tenha sido julgado, os autos serão enviados à Justiça de 1º grau que continuará o processo.
A quarta prerrogativa a ser estudada é dever de testemunhar, “sigilo profissional”, que, embora não exclua relativamente os congressistas, restringe seu alcance, ao dizer que os Deputados e Senadoresnão serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhe confiarem ou deles receberam informações. (artigo 53, § 6º, CF).
A quinta prerrogativa está ligada à isenção de serviço militar que trata sobre a incorporação de congressistas militares ou não às Forças Armadas em tempos de guerra ou não, deixando claro no artigo 53, § 7º, CF que deve haver prévia licença da Casa respectiva para a inserção do congressista no serviço militar. 
A imunidade material ou inviolabilidade está prevista no artigo 53 da Constituição exclui a responsabilidade civil e penal dos congressistas, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. A inviolabilidade obsta a propositura de ação civil ou penal contra o parlamentar, por motivo de opiniões ou votos proferidos no exercício de suas funções. Vale ressaltar que o marco inicial dessa imunidade abarca a investidura do congressista no mandato parlamentar, ou seja, a data da posse e não poderá sofrer qualquer tipo de Ação penal ou civil por palavras, opiniões ou votos durante o mandato, mesmo com o fim do mesmo. 
Características essenciais: 
- Início com a data da posse e término com o termo final da legislatura.
- Abrange discursos pronunciados, em sessões ou nas Comissões, os relatórios lidos ou publicados, e assim os votos proferidos pelos Deputados ou Senadores. 
- O parlamentar é protegido fora da Casa Legislativa, desde que suas palavras ou opiniões estejam relacionados ao exercício do mandato. 
- Essa imunidade é irrenunciável.
- Abarca apenas as matérias: penal e civil.
- Os auxiliares, assessores e suplentes não gozam da imunidade material. 
- A imunidade não retroage a período anterior ao da investidura.
- O congressista licenciado para exercer cargo no Poder Executivo não pode invocar a imunidade, tanto material quanto formal. 
- Matérias excluídas de responsabilização: Tributário, eleitoral e político-administrativo. 
- Os vereadores gozam da imunidade material apenas no município em que foram investidos. 
__/__
¹- OBS: Crime Inafiançável no texto constitucional: artigo 5º: 
XLII – Prática de racismo;
XLIII – tortura, trafico ilícito de entorpecentes ou drogas, terrorismo e crimes hediondos;
XLIV – ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. 
__/__ 
 Perda de Cargo: artigo 55, CFRB. 
Há de se fazer uma distinção didática da perda de cargo em cassação e extinção.
- Cassação: caráter SUBJETIVO ‘é a decretação da perda do mandato por ter seu titular incorrido em falta funcional, definida em lei e punida com esta sanção’ Hely Lopes Meirelles. A perda do mandato depende de uma avaliação (votação) feita pela Casa respectiva, que avaliará a gravidade da conduta praticada eplo parlamentar, verificando se ele merece ou não permanecer com um mandato. Artigo 55, I, II e VI da CF.
- Extinção: caráter OBJETIVO ‘é o perecimento do mandato pela ocorrência de fato (morte), ato ou situação que torne automaticamente inexistente a investidura eletiva (renúncia, perda dos direitos políticos)’ Hely Lopes Meirelles. Na extinção uma vez configurada a hipótese prevista na CF, automaticamente, o parlamentar perderá o seu cargo, dependendo apenas de declaração da Mesa respectiva. Artigo 55, III, IV e V da CF. 
__/__
CASSAÇÃO: A perda do mandato será decretada pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal por voto secreto e maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido politico representado no Congresso Nacional, assegurando ao acusado direito de ampla defesa. 
 Artigo 55, I, CF: Vedações, incompatibilidades do artigo 54:
Prevê a Constituição, no artigo 54, que os Deputados e Senadores não poderão: 
a) desde a expedição do diploma: 
- firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa publica, sociedade de economia mista ou empresa concessionaria de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes; ou seja, “sempre que o contrato não fizer acepção de pessoa, contiver cláusulas iguais às que são postas, em geral, para qualquer particular”;
- aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam admissíveis ad nutum, nas entidades constantes da alínea anterior. OBS: ad nutum: “ao menor sinal”, “a um simples aceno de cabeça”.
b) desde a posse:
- ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito publico, ou nela exercer função remunerada;
- ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades referidas no inciso I, a, artigo 94, CF;
- patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere inciso I, a, artigo 94, CF;
- ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo. 
Artigo 55, II, CF: Procedimento do membro do membro do Congresso Nacional incompatível com o decoro parlamentar: O texto constitucional diz ser incompatível com o decoro parlamentar o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas. Contudo, não há um entendimento do que deve se entender por decoro parlamentar, ficando assim a sua conceituação a cargo do regimento interno. Tem-se entendido que a falta de decoro parlamentar caracteriza pela pratica de atos que afetam a dignidade do mandato, inconciliáveis com as qualidades morais ou compostura que se exige dos congressistas. (Ler resolução número 25, de 2001, da Câmara dos Deputados, que institui o Código de Ética e Decoro Parlamentar)
Artigo 55, VI, CF: condenação criminal em sentença transitada em julgado: Essa cassação é feita pelos membros da Casa respectiva. Há um conflito aparente relacionado à classificação desse inciso como cassação, uma vez que transitado em julgado poderá o TSE suspender direitos políticos do parlamentar o que ensejaria na extinção dos direitos. A perda do mandato do parlamentar através da condenação pode ser de duas formas: a) cassação: juízo político da Casa respectiva do congressista; ou, b) extinção: através de suspensão pelo TSE dos direitos políticos do congressista. 
__/__
EXTINÇÃO: Será declarada pelas Mesas da Câmara dos Deputados ou Senado Federal, de oficio ou mediante provocação de qualquer de seus membros ou de partido politico representado no Congresso Nacional, assegurada também ampla defesa ao congressista. 
Artigo 55, III, CF: Deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada: O parlamentar que deixar que comparecer a 1/3 das sessões ordinárias no período anual (sessão legislativa) perderá o mandato. Exceção: Em caso de licença: a) licença médica (haverá remuneração e prazo ilimitado); b) licença de interesse pessoal (até 120 dias e sem remuneração). 
Artigo 55, IV, CF: Perder ou tiver suspensos os direitos políticos: O parlamentar perde o mandato quando perder ou tiver suspensos os direitos políticos. OBS: Breve resumo da perda e suspensão de direitos políticos ao final. 
Artigo 55, V, CF: Quando a Justiça Eleitoral decretar a perda do mandato, nos casos previstos na Constituição: quando houver infidelidade partidária; abuso de poder político; abuso de poder econômico, corrupção ou fraude (através da ação de impugnação de mandato) – artigo 14, §§ 10 e 11, CF; decisões relativas à inelegibilidade de candidatos e anulação de diplomas eleitorais – artigo 121, §4º, III e IV, CF. 
__/__
Manutenção do cargo: artigo 56:
Não perderá o mandato o Deputado ou Senador: 
a) Investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Capital, ou chefe em missão diplomática temporária.
- Não perderá o mandato caso o parlamentar é investido em algum desses cargos, embora assuma em seu lugar o suplente. Vale ressaltar que nesse caso pode o Deputado ou Senador optar pelaremuneração do mandato. 
b) Licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse 120 dias por sessão legislativa. 
- Em caso de licença superior a 120 dias o suplente irá assumir. 
OBS: Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze meses para o término do mandato.
__/__ 
Pontos importantes para finalizar resumo
CPI’s: Comissões Parlamentares de Inquérito: 
- Formação: Requerimento de 1/3: Senado, Câmara ou Congresso (CPMI). 
- Prazo: Certo, prorrogável
- Objeto: Fato DETERMINADO – Qualquer fato da vida constitucional, para que dele tenha conhecimento preciso e suficiente, a Câmara dos Deputados ou o Senado Federal, que sejam de relevância econômica, politica, jurídica e social do Estado.
- Conclusões: enviadas ao Ministério Público = civil ou criminal. 
- Possui poderes próprios das autoridades judiciárias, e não de jurisdição que é inerente aos órgãos do Judiciário. Os poderes de investigação da Comissão visam apenas à instrução de inquérito legislativo. 
- Na Comissão pode haver tomada de depoimentos que poderão, ainda, ser prestados sob compromisso, caso em que a testemunha que fizer afirmações falsas poderá ser indiciada pela prática de crime de falso testemunho. Vale observar que o réu não será compelido a prestar compromisso de dizer a verdade, já que ninguém é obrigado a se auto incriminar. Princípio da auto incriminação. 
- Alguns poderes da CPI relativos de autoridades judiciais: condução coercitiva; quebra de dados bancários, telefônicos e fiscais; prisão em flagrante; ouvir testemunha; depoimento pessoal.
Poderes inerentes à cláusula de reserva de jurisdição: quebra de sigilo das comunicações telefônicas; invasão de domicilio; prisão de ordem; busca e apreensão; impedir o advogado a participar. OBS: cláusula de reserva de jurisdição: são poderes inerentes apenas às autoridades judicias que prestam a jurisdição. 
Perda e Suspensão de direitos políticos: 
Direitos políticos: sufrágio (voto, plebiscito, referendo, iniciativa popular), cargo público, ser votado, pedido de ‘impeachment’ (cidadão), ação popular (meio ambiente, patrimônio histórico-cultural e moralidade administrativa). 
- Perda de direitos políticos: 
a) Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado: em decorrência do cancelamento da naturalização, o individuo voltará à condição de estrangeiro, dessa forma não poderá nem votar e nem ser votado.
b) Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa: Se um cidadão recusa de cumprir obrigação a todos imposta (ex: serviço militar obrigatório) ou não cumprir prestação alternativa, haverá perda dos direitos políticos, uma vez que para readquirir terá que tomar a decisão de prestar o serviço alternativo.
Divergência doutrinaria: Para maioria dos autores de direito eleitoral, esse é uma hipótese de suspensão dos direitos políticos, dizendo eles que após o decurso do prazo (1 ano de serviço obrigatório) os direitos políticos são readquiridos automaticamente. 
c) perda da nacionalidade brasileira em virtude de aquisição de outra: Como é obrigatória a nacionalidade brasileira para o alistamento eleitoral, a partir do momento que um brasileiro perde a nacionalidade em função de aquisição de outra, passa a ele ser estrangeiro, inalistável gerando a impossibilidade de capacidade eleitoral ativa e passiva. 
- Suspensão dos direitos políticos: 
a) incapacidade civil absoluta: só se fala em suspender aquilo que já existia, então no caso de interdição é que se poderia falar em suspensão de direitos políticos.
b) condenação criminal transitada em julgado: os direitos políticos são suspensos enquanto durarem os efeitos da condenação. 
c) improbidade administrativa: a improbidade administrativa, para José Afonso da Silva, diz respeito à prática de ato que gere prejuízo ao erário publico. Além da suspensão dos direitos políticos, o ímprobo: a) perderá função pública exercida; b) indisponibilidade dos bens; c) obrigação de ressarcimento dos cofres públicos. Caso emblemático: Fernando Collor de Mello. Suspensão dos direitos políticos por 8 anos. 
d) exercício assegurado pela cláusula de reciprocidade: o gozo dos direitos políticos em Portugal acarretará suspensão dos direitos políticos no Brasil.
e) Procedimento do Deputado ou Senador declarado incompatível com o decoro parlamentar – inelegibilidade por 8 anos.