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Aula 1 Fenomenologia Husserl

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Fenomenologia
Professor Psic. Márcio Silva
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Márcio Silva, Prof. Psicólogo
Psicologia Fenomenológica
O que é Fenomenologia
Contexto histórico
Introdução ao pensamento de Edmund Husserl
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Márcio Silva, Prof. Psicólogo
Psicologia Fenomenológica
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É notável um interesse cada vez maior pelo estudo da Fenomenologia. Esse tema começa a ganhar espaço nas faculdades de Psicologia, ainda que discretamente. A busca por cursos de formação, grupos de estudo e supervisão nessa abordagem vem crescendo aos poucos.
É comum escutar alunos de Psicologia dizendo que não se identificam com os postulados da Psicanálise, tampouco conseguem reduzir o homem à análise do comportamento, proposta pelas teorias comportamentais. 
Aproximando-se da Fenomenologia...
E nesse contexto, a Fenomenologia surge como outra possibilidade de compreensão do humano.
A busca da compreensão fenomenológica se constituir em um grande desafio ...
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Desafio porque o cenário que se mostra é o seguinte: de um lado temos o método científico tradicional com toda a sua eficácia e eficiência, baseado na objetividade do real, fundamentado em relações causais que permitem a mensuração, o controle e a previsibilidade das ocorrências, agindo na realidade a partir da referência do poder.
Do outro, temos a Fenomenologia, que não se constitui formalmente como uma teoria, mas como um modo diferente de nos aproximarmos daquilo que queremos investigar, ou seja, um método diferente para olharmos o mundo, o homem e as relações entre eles estabelecidas.
A Fenomenologia não exclui, muito menos descaracteriza, a importância do método científico tradicional.
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As ciências naturais, que utilizam esse método, continuam tendo o seu espaço garantido;
O que há é uma outra possibilidade de compreensão, principalmente no que diz respeito ao que é peculiarmente humano. 
A Fenomenologia surge no início do século XX motivado por uma crítica às ciências naturais, uma vez que estas, a partir de seu método científico, se distanciaram do mundo da vida.
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Nossa época está tão obcecada pela busca da objetividade científica que se fala da vida e do homem em blocos teóricos:
O doente;
Repita a partir de estímulos;
Rótulos.
Nesse cenário, podemos dizer que a Fenomenologia surge com a proposta de conhecer a realidade, as coisas e o homem, e não conceitos construídos, ideias ou juízos.
Fenomenologia
e o seu significado
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A expressão “Fenomenologia” é originada de duas palavras gregas:
O substantivo phainómon vem do verbo phainesthai, que significa
Phaino, por sua vez, pertence à raiz pha como, por exemplo, phôs, a luz, a claridade, isto é, o elemento, o meio em que alguma coisa pode vir a se revelar e a se tornar visível em si mesma.
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Phainómenon e Logos
mostrar-se, cuja voz média é phaino, trazer algo para luz do dia, pôr no claro. 
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Juntando essas particularidades da língua grega, a expressão fenômeno significa, então,
aquilo que se revela, que se mostra em si mesmo
 Segundo o filósofo Heidegger, que se apropriou do método fenomenológico na construção de uma ontologia fundamental, o fenômeno pode se mostrar de muitas maneiras, segundo os vários modos de acesso a ele.
Nesse seu caráter de manifestação, o fenômeno poderia, então, aparecer de três maneiras: 
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2) parecer-ser, ou seja, faz a coisa parecer ser o que não é (simulação) ou, ainda,
1) mostrar o que é, ou seja, aquilo que vemos na coisa que se apresenta é a expressão de sua própria essência (desvelamento),
3) ocultar o que é, ou seja, mostra a coisa escondendo, porém, aquilo que ela realmente é (camuflagem).
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que deixa ver ou faz ver aquilo sobre o que se discorre de uma tal maneira que o torne acessível aos outros. 
Deste modo, a expressão fenomenologia significa, então,
A segunda palavra, logos, tem seu significado básico de discurso (fala, dizer) 
deixar e fazer ver por si mesmo aquilo que se mostra, tal como mostra a partir de si mesmo. 
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Fenomenologia é captar a experiência, da forma tal como ela foi vivida
Exemplo 01: duas pessoas estão caminhando, e de repente uma delas se assusta com um carro, mas a outra se assusta com o susto da primeira. Ora, nesse caso, o carro é o fenômeno para a primeira pessoa, mas não o é para a segunda. 
Exemplo 02: Duas pessoas estão conversando em uma varanda, quando a terceira pessoa chega e se depara com essa cena. As duas pessoas, a varanda, a conversa e a chegada da terceira pessoa são fatos, inquestionáveis. Já a percepção de cada pessoa presente na varanda, em relação à chegada de uma terceira, assim como a percepção dessa pessoa ao se deparar com as demais conversando, são fenômenos. Cada um dos envolvidos irá fazer a leitura e entender a situação de sua própria maneira. 
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Ou seja, a maneira como este fato é vivenciado pelo indivíduo. E aí incluem-se as significações e avaliações que o indivíduo atribui a estes fatos. 
O fenômeno pode ser definido, entretanto, como uma tradução vivencial que o indivíduo faz dos fatos. 
Podemos dizer ainda, para um entendimento final, que o Fenômeno é uma percepção da realidade, é a tomada de consciência que um indivíduo tem de um fato, atribuindo-lhe um significado. 
É através deste significado que o indivíduo vai reagir diante do fato. 
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Edmund Gustav Albrecht Husserl
Alemão, nasceu em 8 de abril de 1859 em Friburgo.
Morreu em 26 de abril de 1938 aos 79 anos.
Foi um matemático e filósofo que estabeleceu a escola da fenomenologia.
Ele rompeu com a orientação positivista da ciência e da filosofia de sua época.
Não se limitando ao empirismo, mas acreditando que a experiência é a fonte de todo o conhecimento, ele trabalhou em um método chamado
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REDUÇÃO FENOMENOLÓGICA.
Edmund Husserl
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Apesar de ter nascido em uma família judia, Husserl foi batizado como luterano. 
Ele estudou matemática e filosofia sob a orientação de Franz Brentano.
O próprio Husserl ensinou filosofia como Professor substituto Universidade de Halle em 1887, depois como professor titular, primeiro em Gotinga entre 1901, depois para Friburgo entre 1916 até sua aposentadoria em 1928.
Posteriormente, ele deu duas palestras notáveis: em Paris, em 1929, e em Praga em 1935.
As notórias leis raciais do regime nazista de 1933 tiraram sua situação acadêmica e privilégios.
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Aluno de Franz Brentano, Husserl influenciou entre outros os alemães Edith Stein, Martin Heidegger, e os franceses Jean-Paul Sartre, Maurice Merleau-Ponty, Jacques Derrida.
Outro elemento importante herdado por Brentano foi a noção de intencionalidade, que define a forma essencial dos processos mentais. Uma definição simples dirá que a principal característica da consciência é de ser sempre intencional.
Em 1887, Husserl converte-se ao cristianismo e junta-se à Igreja Luterana. 
Como aposentado, Husserl continua suas pesquisas e atividades nas instituições de Friburgo, até que seja definitivamente demitido por causa de sua ascendência judia, sob o reitorado de seu antigo aluno e prótege Martin Heidegger.
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A consciência sempre é consciência de alguma coisa : a análise intencional e descritiva da consciência definirá as relações essenciais entre atos mentais e mundo externo. 
 Husserl elaborou alguns conceitos-chave que o levaram a afirmar que para estudar a estrutura da consciência seria necessário distinguir entre o ato de consciência e o fenômeno ao qual ele é dirigido (o objeto-em-si, transcendente à consciência). 
O conhecimento das essências seria possível apenas se “colocamos entre parênteses” todos os pressupostos relativos à existência de um mundo externo. Este procedimento ele denominou EPOCHÉ. 
Estes novos conceito provocaram a publicação de Ideen (Ideias) em 1913.
A partir de Ideen, Husserl
se concentrou nas estruturas ideais, essenciais da consciência. 
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Husserl afirma que a atitude natural, não-fenomenológica, faz o homem olhar o mundo de maneira ingênua como mundo dos objetos. 
A fenomenologia, ao contrário, busca uma fundamentação totalmente nova, não só da filosofia, mas também das ciências singulares. Enquanto as ciências positivas consideram os objetos como independentes do observador, a fenomenologia tematiza o sujeito, o eu transcendental, que “coloca” os objetos.
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O primeiro passo do método fenomenológico consiste em abster-se da atitude natural, colocando o mundo entre parênteses (epoqué).
 Ao analisar a corrente de vivências puras que permanecem, constata que a consciência é consciência de algo. 
Esse ALGO se chama FENÔMENO.
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 Husserl usou o termo fenomenologia pela primeira vez nas Investigações Lógicas (1901), em lugar da expressão “Psicologia Descritiva”, que usara até então. 
A consciência funda sentido como compreensão de algo que é (sentido do ser), através da intencionalidade, ou seja, através de sua orientação intencional para encher o vazio.
O conceito de intencionalidade da consciência é fundamental e constitutivo na fenomenologia de Husserl. 
Para Husserl, a fenomenologia é uma descrição da estrutura específica do fenômeno como estrutura da consciência, ou seja, uma condição de possibilidade do conhecimento.
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Para entender essas funções até sua dimensão de profundidade em sua abrangência, necessita-se do método da redução fenomenológica. 
A redução fenomenológica é a suspensão das atitudes, crenças, teorias, pré-conceitos, e colocar o conhecimento das coisas do mundo exterior a fim de que se concentre na pessoa, exclusivamente, na experiência vivida, porque esta é a realidade para ela.
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Vamos tomar como exemplo um caso de assassinato cometido por um jovem. É possível olhar para esse fenômeno a partir de diversas perspectivas de entendimento: 
- psiquiátrica: o jovem tem um transtorno de personalidade ou é um psicopata; 
- social: esse jovem nada mais é do que fruto do meio; 
- biológica: há uma disposição genética que justifica esse comportamento; 
psicológica: é um jovem que sofreu fortes traumas em sua infância. 
Todas essas múltiplas perspectivas reivindicam para si a verdade, e aqui temos instalada a crise das ciências autônomas. Esse movimento de querer defender cada qual a sua verdade, gerou diferentes maneiras de ver o real, e um real dividido em pedacinhos. 
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Husserl vai dizer que o pensamento está muito poluído por todo esse recorte interpretativo múltiplo, e será preciso “voltar às coisas mesmas”. 
Porém, voltar às coisas mesmas não é voltar à coisa em si, como no Empirismo, porque a coisa em si não existe.
As coisas são sempre para um olhar. O homem que interpreta as coisas. Não existe nada sem o olhar interpretativo do homem lançado sobre a coisa, ou dito mais uma vez: 
Não há nada fora da relação homem-mundo! 
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A Fenomenologia não vai trabalhar com dados. Ela precisa entrar no campo do vivido para ser fenômeno. 
E como a Psicologia se articula diante disso? 
A Psicologia começa a surgir enquanto ciência independente, buscando exatamente o rigor científico das Ciências Naturais. Os primeiros psicólogos, seguindo a tendência naturalista, aplicaram o método das ciências naturais às ciências humanas, deixando de lado as preocupações de caráter filosófico. 
A Psicologia surge como ciência na Alemanha, relacionada com as questões psicofísicas. Destaque para nomes como: Wundt (1832-1920), Pavlov (1849-1936), Thorndike (1874-1949), Titchener (1867-1927), Watson (1878-1958), Skinner (1904-1990), todos eles trabalhando com a chamada Psicologia Comportamental ou Behaviorismo, que tinha como objeto de estudo o comportamento observável. 
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Podemos dizer que a Fenomenologia de Husserl começa a falar da necessidade de uma nova Psicologia.
Através da Fenomenologia há a contestação de caráter epistemológico das ciências humanas em geral, mas com um peso muito grande na Psicologia, pois para Husserl a Psicologia estava para as ciências humanas assim como a Física estava para as ciências naturais.
Ela seria a ciência fundamental, de onde todas as outras ciências humanas deveriam surgir. Esse foi o projeto iniciado por Husserl, porém sem uma conclusão, pois Husserl não conseguiu chegar a uma nova Psicologia, apenas preparou um caminho fecundo para que ela possa surgir. 
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Segundo Tommy Akira Goto, “A psicologia fenomenológica, concedida por Edmund Husserl, é uma nova disciplina que pretende ser um fundamento metodológico sobre o qual se pode erguer uma psicologia cientificamente rigorosa. Husserl, rejeitando todo cientificismo naturalista e procurando fundar uma filosofia rigorosa, deparou com a necessidade de fundar uma psicologia racional, pura e não experimental no estudo da subjetividade. Diante disso, passou a elaborar uma psicologia fenomenológica dentro da fenomenologia filosófica, possibilitando, anos mais tarde, a formação de uma nova abordagem na ciência psicológica: a abordagem fenomenológica.” 
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Até a o próxima aula ...

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