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Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 1 de 22 I – Fundamentos para solução de circuitos elétricos I.1 – Representação fasorial Nos circuitos elétricos assintoticamente estáveis1, a análise do regime permanente senoidal pode ser realizada através da simples operação com números complexos por intermédio da transformada fasorial. Na análise fasorial, todas as correntes e tensões senoidais são representadas por números complexos que quantificam a amplitude e o ângulo de fase das senóides, sendo a freqüência destas considerada implicitamente. Qualquer função do tipo senoidal pode ser representada pela função ( ) ( )φω += tGtg cos através da escolha dos valores adequados para: G – valor máximo (amplitude); T f pipiω 22 == – velocidade angular [rad/s]; f – freqüência [Hz]; T – período [s]; φ – ângulo de fase [rad]. A Figura I.1 apresenta o gráfico de uma função senoidal genérica, indicando os valores de G e φ. t [rad] g(t) −φ G -G ω Figura I.1 – Função tipo senoidal. Observar que quando o ângulo de fase φ é igual a 2pi− , a função cosseno transforma-se em um seno, conforme mostra a Figura I.2, ou seja, são válidas as seguintes relações: += 2 sencos pi ωω tt −= 2 cossen pi ωω tt 1 Circuitos assintoticamente estáveis são aqueles que não apresentam nenhuma das raízes de sua equação característica no eixo imaginário ou no semiplano direito do plano complexo. Neste caso, a resposta natural tende a zero: ( ) 0lim = ∞→ tynt e a resposta completa tende à sua resposta forçada: ( ) ( ) ( ) ( )tytytyty ffntt =+= ∞→∞→ limlim Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 2 de 22 pi/2 ω t [rad] cos sen Figura I.2 – Relação entre as funções seno e cosseno. Define-se como defasagem a diferença entre os ângulos de fases de duas funções do tipo senoidal de mesma velocidade angular ω. Sendo ( ) ( )111 cos φω += tGtg e ( ) −+= 876 2 122 cos φ αφωtGtg , a defasagem entre ( )tg1 e ( )tg 2 é dada por ( ) ααφφφφ =−−=− 1121 , conforme ilustra a Figura I.3. α g1(t) g2(t) ω t [rad] Figura I.3 – Defasagem entre duas funções senoidais. Assim, pode-se dizer que: ( )tg1 está adiantada em relação à ( )tg 2 do ângulo αααα e ( )tg 2 está atrasada em relação à ( )tg1 do ângulo αααα. Considere a função senoidal geral: ( ) ( )φω += tYty cosmax (I.1) Note que a função tem três parâmetros: maxY – amplitude ω – velocidade angular φ – ângulo de fase Observar que qualquer função senoidal pode ser representada através da escolha adequada de maxY , ω e φ . Utilizando a identidade de Euler: θθθ sencos je j += Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 3 de 22 ( ) ( ) ( )[ ] ( ) ( )[ ] ( )[ ] [ ] = ===+++= +=+= + tj Y j tjjtj ee Y eeYeYtjYtY tYtYty ωφ ωφφωφωφω φωφω 48476 2 Re2 ReResencosRe cosRecos max maxmaxmaxmax maxmax ( ) ( )tjeYty ωRe2= (I.2) onde φjeYY 2 max = é definido como a representação fasorial de ( )ty ou a transformada fasorial da função senoidal ( )ty . Observar que a transformada fasorial transfere a função senoidal do domínio do tempo para o domínio dos números complexos, que também é chamada de domínio da freqüência, já que a resposta envolve implicitamente uma função senoidal de freqüência ω. Notar que Y contém 2/3 das informações de ( )ty a saber, maxY e φ . Considerando 2 maxYY = , o valor RMS2 de ( )ty , tem-se: φφ YYeY j == (I.3) A representação gráfica em um sistema coordenado de um fasor genérico encontra-se na Figura I.4. φcosY φsenY φYY = Im Re φ Figura I.4 – Representação gráfica do fasor Y Observar que o fasor é diferente de um vetor porque a posição angular do fasor representa posição no tempo; não no espaço. Resumo: ( ) ( )φω += tYty cosmax ou ( ) ( )tjeYty ωRe2= φφ YYeY j == Forma polar 2 maxYY = φφ sencos jYYY += Forma retangular 2 maxYY = 2 “Root Mean Square” ou valor quadrático médio (eficaz). Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 4 de 22 I.2 – Impedância [ΩΩΩΩ] e admitância [ΩΩΩΩ-1 ou siemens] A impedância Z de um componente ou circuito é a relação entre os fasores tensão e corrente (vide convenção de sinais da Figura 1.5): ( ) = = +== ∆ reatância aresistênci X RjXR I VjZ ω (I.4) A admitância Y de um componente ou circuito é o inverso de sua impedância: ( ) ( ) = = +=== ∆ iasusceptânc acondutânci1 B GjBG V I jZ jY ω ω (I.5) Circuito linear invariante em regime permanente senoidal ( ) [ ]tjeVtv ωRe2= + – ( ) [ ]tjeIti ωRe2= ( ) Y jZ 1=ω Figura I.5 – Definição de impedância e admitância. Um resumo das relações entre tensão e corrente para os elementos simples encontra-se na Tabela I.1. Tabela I.1 – Relação tensão/corrente dos elementos simples. Elemento Equações Relação de fase Forma fasorial: ( ) [ ]tjeIti ωRe2= ( ) [ ]tjeVtv ωRe2= Diagrama fasorial Relação no tempo ( )tv + – ( )ti R ( ) ( )φω += tVtv cosmax ( ) ( )φω += tIti cosmax ( )ti e ( )tv em fase IRV = I φ V i(t) v(t) ( )tv + – ( )ti L ( ) ( )φω += tVtv cosmax ( ) −+= 2 cosmax piφωtIti ( )ti atrasada de ( )tv de 90° ILjV ω= LX L ω= I φ V i(t) v(t) ( )tv + – ( )ti C ( ) ( )φω += tVtv cosmax ( ) ++= 2 cosmax piφωtIti ( )ti adiantada de ( )tv de 90° I CjV ω 1 = C X C ω 1 = I φ V i(t) v(t) Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 5 de 22 I.3 – Associação de impedâncias Para a associação série de impedâncias (vide Figura I.6), a impedância equivalente é dada pela soma das impedâncias de cada um dos componentes, ou seja: neq ZZZZ +++= K21 (I.6) – V + – 1V+ – I 2V+ – nV + 1Z 2Z nZ V + – I eqZ ≡ Figura I.6 – Diagrama para associação série de impedâncias. A expressão (I.6) pode ser demonstrada utilizando-se a Lei de Kirchhoff das Tensões, da forma como segue: n nn eq ZZZ I V I V I V I VVV I VZ +++=+++=+++== KKK 212121 LKT Sabendo que Y Z 1= , pode-se determinar a expressão da admitância equivalente da associação série, a partir da expressão (I.6): n eq neq YYY Y YYYY 111 11111 21 21 +++ =⇒+++= K K Para a associação paralela de impedâncias (vide Figura I.7), a impedância equivalente édada pelo inverso da soma dos inversos das impedâncias de cada um dos componentes, ou seja: n eq neq ZZZ Z ZZZZ 111 11111 21 21 +++ =⇒+++= K K (I.7) V + – I 1Z 2Z nZ V + – I eqZ≡ 1I 2I nI Figura I.7 – Diagrama para associação em paralelo de impedâncias. A expressão (I.7) pode ser demonstrada utilizando-se a Lei de Kirchhoff das Correntes, da forma como segue: nn n eq ZZZZ V Z V Z V V III V I VZ 111 1 2121 21 LKC +++ = +++ = +++ == KK K Novamente, sabendo que Y Z 1= , pode-se determinar a expressão da admitância equivalente da associação série, a partir da expressão (I.7): neq YYYY +++= K21 Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 6 de 22 I.4 – Potência complexa Considere o sistema da Figura I.8 que se encontra em regime permanente senoidal. + )cos()( max φω += tVtv )cos()( max θφω −+= tIti - )(tv )(ti φ V I θ Re Im φ 2 maxVV = θφ −= 2 maxII SISTEMA Figura I.8 – Sistema em regime permanente senoidal. A potência instantânea fornecida para o sistema é dada por: ( ) ( ) ( ) ( ) ( )θφωφω −++== ttIVtitvtp coscosmaxmax (I.8) mas ( ) bababa sensencoscoscos −=+ , daí ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) θφωθφωθφωθφωθφω sensencoscossensencoscoscos +++=−+−−+=−+ ttttt (I.9) Substituindo (I.9) em (I.8), ( ) ( ) ( ) ( )[ ] ( ) ( ) ( )φωφωθφωθ θφωθφωφω ++++= =++++= ttIVtIV tttIVtp sencossencoscos sensencoscoscos maxmax 2 maxmax maxmax (I.10) Mas 2 2cos1 cos2 a a + = e aaa cossen22sen = , logo: ( ) ( )[ ] ( ) ( ) ( ) 2 22sen sencos 22cos1 2 1 cos2 φωφωφω φωφω + =++ ++=+ t tt tt (I.11) Aplicando (I.11) em (I.10), chega-se a: ( ) ( )[ ] ( )φωθφωθ 22sensen 2 22cos1cos 2 maxmaxmaxmax ++++= t IV t IV tp Definindo 2 maxVV = e 2 maxII = como os valores eficazes da tensão e da corrente senoidais, VIIVIV == 222 maxmaxmaxmax chega-se à seguinte expressão: ( ) ( )[ ] ( )φωθφωθ 22sensen22cos1cos ++++= tVItVItp (I.12) A forma de onda da potência instantânea dada por (I.12) apresenta uma parcela constante, igual a θcosVI , e uma parcela variável e alternada variante no tempo, igual a ( ) ( )φωθφωθ 22sensen22coscos +++ tVItVI , cuja freqüência corresponde exatamente ao dobro da freqüência da tensão e da corrente. Quando a tensão está em fase com a corrente, os gráficos das funções tensão, corrente e potência instantâneas são de acordo com a Figura a seguir. Observar que a função potência instantânea é oscilante e apresenta sempre valores positivos. Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 7 de 22 0 1 2 3 4 5 6 -5 0 5 10 Corrente em fase com a tensão wt v (t) , i(t) , p(t ) v(t) i(t) p(t) Figura I.9 – Gráfico da potência no tempo – corrente em fase com a tensão. Quando a corrente está atrasada de 90°°°° em relação à tensão, os gráficos das funções tensão, corrente e potência instantâneas são de acordo com a Figura a seguir. Observar que a função potência é oscilante e apresenta valor médio nulo. 0 1 2 3 4 5 6 -5 0 5 Corrente atrasada de 90 graus wt v (t) , i(t) , p(t ) v(t) i(t) p(t) Figura I.10 – Gráfico da potência no tempo – corrente atrasada de 90o em relação à tensão. Quando a corrente está adiantada de 90°°°° em relação à tensão, os gráficos das funções tensão, corrente e potência instantâneas são de acordo com a Figura a seguir. Novamente, observar que a função potência é oscilante e apresenta valor médio nulo. 0 1 2 3 4 5 6 -5 0 5 Corrente adiantada de 90 graus wt v (t) , i(t) , p(t ) v(t) i(t) p(t) Figura I.11 – Gráfico da potência no tempo – corrente adiantada de 90o em relação à tensão. Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 8 de 22 Uma situação intermediária é aquela na qual a corrente está atrasada de um ângulo qualquer (por exemplo, 30°, conforme Figura a seguir). Neste caso a potência apresenta valores positivos e negativos, sendo a predominância dos positivos. 0 1 2 3 4 5 6 -5 0 5 10 Corrente atrasada de 30 graus wt v (t) , i(t) , p(t ) v(t) i(t) p(t) Figura I.12 – Gráfico da potência no tempo – corrente atrasada de 30o em relação à tensão. A partir da expressão (I.12) é fácil determinar o valor da potência ativa (eficaz ou útil, que produz trabalho) que é igual ao valor médio da potência instantânea fornecida ao sistema: ( )[ ] ( )[ ]∫∫ ++++=∆ TT dttVItVI T dttp T P 00 22sensen22cos1cos1)(1 φωθφωθ θcos VIP = [W] (I.13) A potência reativa corresponde ao valor máximo da parcela em ( )φω 22sen +t da potência instantânea: θθ sensenI VIVQ =∆ [var] (I.14) para a qual adota-se a seguinte convenção3: INDUTOR: “consome” potência reativa CAPACITOR: “gera” potência reativa A potência aparente é obtida pela combinação das potências ativa e reativa P e Q: 22 QPVIS +== [VA] (I.15) As expressões (I.13), (I.14) e (I.15) sugerem uma relação de triângulo retângulo (similar ao triângulo das impedâncias) na qual a potência aparente S é a hipotenusa, conforme ilustra a Figura I.13. S P jQ IV ∠−∠=θ S P jQ IV ∠−∠=θ Característica INDUTIVA Característica CAPACITIVA Figura I.13 – Triângulo das potências. 3 Observar que para qualquer elemento ou combinação de elementos, a parcela representada pela potência reativa apresenta valor médio nulo, ou seja, não existe geração nem consumo efetivo, na metade do ciclo o elemento absorve energia que será devolvida na metade seguinte do ciclo. A convenção é adequada porque na metade do ciclo em que o indutor está absorvendo energia o capacitor está devolvendo e vice-versa. Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 9 de 22 O fator de potência é obtido pela relação entre as potências ativa e aparente: θθ coscos === VI VI S PFP Utilizando-se os fasores tensão e corrente, θφ φ −= = II VV pode-se definir a potência complexa através do produto do fasor tensão pelo conjugado do fasor corrente: jQPjVIVIVIIVIVS +=+==+−=⋅= θθθθφφ sencos* (I.16) Notar que desta forma, o ângulo da potência só depende do ângulo entre a tensão e a corrente (θ), conforme ocorre nas expressões (I.13), (I.14) e (I.15). I.5 – Sentido do fluxo de potência Considere os dois sistemas elétricos interligados mostrados na Figura I.14. + - V I αVV = βII = SISTEMA A SISTEMA B Figura I.14 – Situação geral do fluxo de potência em circuitos CA. De acordo com a notação da Figura I.14, a potência complexa fornecida para o Sistema B pelo Sistema A é dada por: ( ) ( ) jQPjVIVIVIIVIVS +=−+−=−=−=⋅= βαβαβαβα sencos* O sentido do fluxo de potência ativa P e reativa Q entre os dois sistemas para βαψ −= variando de 0 a 360o está mostrado na Figura I.15.oo 900 : : << → → ψ BA BA Q P oo 18090 : : << → → ψ BA AB Q P oo 360270 : : << → → ψ AB BA Q P oo 270180 : : << → → ψ AB AB Q P P [W] Q [var] βαψ −= αVV = βII = Figura I.15 – Sentido dos fluxos de potência ativa (P) e reativa (Q) entre os Sistemas A e B. Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 10 de 22 Na Figura I.15, observar que quando o ângulo de abertura é igual a 100o ( o100=ψ ), o valor de ψcos é negativo e, portanto, o fluxo de potência ativa de A para B também é pois ψcosVIP = . Isto significa que o fluxo de potência ativa neste caso é de B para A. Por outro lado, o valor de ψsen é positivo e, portanto, o fluxo de potência reativa de A para B também é pois ψsenVIQ = . Isto significa que o fluxo de potência reativa neste caso é de A para B. Observar que dependendo do ângulo de abertura existente entre os fasores tensão e corrente, é possível qualquer combinação de fluxo de potências ativa e reativa entre os dois sistemas. I.6 – Fonte trifásica ideal Uma fonte trifásica ideal é constituída por três fontes de tensão em conexão estrela ou triângulo, conforme ilustra a Figura I.16. BNV ANV + + N CNV + ABV BCV CAV + – + – – + (opcional) A B C ABV BCV CAV + + + ABV BCV CAV + – – – + + N (a) Conexão estrela (b) Conexão triângulo. Figura I.16 – Fonte trifásica, ligação estrela. As diferenças de potencial entre as fases e o neutro (referência) são denominadas tensões de fase; as diferenças de potencial entre as fases 2 a dois são denominadas tensões de linha. Na seqüência ABC, o sistema é formado pelas seguintes tensões de fase ( )CNBNAN VVV ,, e de linha ( )ACCACBBCBAAB VVVVVV −=−=−= ,, , ilustradas na Figura I.17: 0φVV AN = oo 30303 LBNANAB VVVVV ==−= φ o120−= φVV BN oo 90903 −=−=−= LCNBNBC VVVVV φ o120φVV CN = oo 1501503 LANCNCA VVVVV ==−= φ Tensões de Fase (φ): ANV ω CNV BNV CNBNAN VVV ;; ABV BCV CAV ANV ω CNV BNV ABV BCV CAV Tensões de Linha (L): CABCAB VVV ;; CACBBA VVV ;; BAV CBV ACV Figura I.17 – Tensão de fase e de linha em um sistema trifásico simétrico (seqüência ABC). Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 11 de 22 A constante que relaciona a magnitude da tensão de fase com a de linha ( )φVVL 3= pode ser obtida, conforme mostrado na Figura I.18. ANV BNV BNANAB VVV −= o120 o30 o30 φVV VVVV L ANANABL 3 330cos2 = === o BNV− o60 Figura I.18 – Relação entre as tensões de fase e de linha. I.7 – Carga trifásica ideal A carga trifásica ideal é constituída por três impedâncias de igual valor conectadas em estrela ou triângulo, conforme mostra a Figura I.19. N YZ YZ YZ A B C N ∆Z ∆Z ∆Z A B C (a) Ligação estrela. (b) Ligação malha ou triângulo. Figura I.19 – Carga trifásica equilibrada. A equivalência entre uma carga equilibrada conectada em estrela com outra em triângulo é: YZZ 3=∆ (I.17) I.8 – Potência complexa em circuitos trifásicos equilibrados Para um sistema trifásico qualquer (a três ou quatro fios, ou seja, com ou sem condutor neutro), conforme o ilustrado na Figura I.20, a potência complexa fornecida pelo Sistema A para o Sistema B é dada por: 333322221111 * 33 * 22 * 113 βαβαβαφ −+−+−=⋅+⋅+⋅= IVIVIVIVIVIVS NNNNNN Substituindo iii βαθ −= e separando a parte real da imaginária, chega-se a: ( ) 33322211133 coscoscosRe θθθφφ IVIVIVSP NNN ++== ( ) 33322211133 sensensenIm θθθφφ IVIVIVSQ NNN ++== φφφ 333 jQPS += Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 12 de 22 1φ 2φ 3φ 1I 2I 3I NI NV 1 + NV 2 + NV 3 + N Sistema A Sistema B 333 222 111 333 222 111 β β β α α α II II II VV VV VV NN NN NN = = = = = = 333 222 111 βαθ βαθ βαθ −= −= −= Figura I.20 – Sistema trifásico para a determinação da potência complexa. O fator de potência médio da potência fornecida pelo Sistema A para o Sistema B é dado por: φ φ 3 3 médio S P FP = As potências aparentes fornecidas pelas fases são dadas por: 11 2 1 2 11 IVQPS N=+= 22 2 2 2 22 IVQPS N=+= 33 2 3 2 33 IVQPS N=+= e os fatores de potência desenvolvidos em cada uma das fases são dados por: 1 1 1 1 cosθ== S PFP 2 2 2 2 cosθ== S PFP 3 3 3 3 cosθ== S PFP Quando o sistema trifásico é simétrico e alimenta uma carga equilibrada, os ângulos de defasagem entre os fasores tensão e corrente das fases são iguais ( )θθθθ === 321 e as potências ativa, reativa e aparente totais são dadas por: θθφφ cos3cos33 LLL IVIVP == θθφφ sen3sen33 LLL IVIVQ == LLL IVIVS 333 == φφ sendo o fator de potência expresso por: θ φ φ φ cos 3 3 3 == S P FP Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 13 de 22 Ainda, para um sistema trifásico simétrico alimentando uma carga equilibrada, tem-se4: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )θφωφω θφωφω θφωφω −++=++= −−+=−+= −+=+= oo oo 120cos120cos 120cos120cos coscos maxmax maxmax maxmax tItitVtv tItitVtv tItitVtv CC BB AA Utilizando a definição de potência instantânea, tem-se: ( ) ( ) ( ) ( ) ( )θφωφω −++== ttIVtitvtp AAA coscosmaxmax (I.18) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )θφωφω −−+−+== oo 120cos120cosmaxmax ttIVtitvtp BBB (I.19) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )θφωφω −++++== oo 120cos120cosmaxmax ttIVtitvtp CCC (I.20) sendo a potência total dada por: ( ) ( ) ( ) ( )tptptptp CBA ++=φ3 ( ) ( ) ( ) ( ) ( )[ ( ) ( )]θφωφω θφωφωθφωφωφ −+++++ +−−+−++−++= oo oo 120cos120cos 120cos120coscoscos3 tt ttttIVtp mm (I.21) Das expressões (I.18), (I.19) e (I.20), têm-se5: ( ) ( ) ( )[ ] ( ) ( ) ( )[ ] ( )[ ] ( ) ( ) ( )[ ] ( )[ ]o ooo o ooo 12022coscos 2 1 24022coscos 2 1120cos120cos 12022coscos 2 1 24022coscos 2 1120cos120cos 22coscos 2 1 coscos −−++= =−+++=−++++ +−++= =−−++=−−+−+ −++=−++ θφωθ θφωθθφωφω θφωθ θφωθθφωφω θφωθθφωφω t ttt t ttt ttt Substituindo as expressões anteriores na expressão (I.21), chega-se a: ( ) ( ) ( ) ( ) θθθ θφωθφωθφωθ φ φ cos33cos 2 3cos3 2 1 12022cos12022cos22coscos3 2 1 1 0 3 VIPIVIV tttIVtp mm mm mm ==== = −−+++−++−++= = 4444444444444 84444444444444 76 oo Deste modo, a potência trifásica instantânea fornecida para um sistema equilibrado6, através de tensões simétricas, é constante. Assim, embora a potência instantânea fornecida por intermédio de cada uma das fases seja variável, o somatório de todas as contribuições é constante.4 Foi utilizada a seqüência ABC mas o resultado permanece válido para a seqüência ACB. 5 Lembrar que: ( ) ( )[ ]bababa ++−= coscos 2 1 coscos 6 Observar que o resultado obtido pode ser estendido para qualquer sistema polifásico simétrico que alimente cargas equilibradas, ou seja, a potência polifásica instantânea fornecida para um sistema equilibrado, alimentado por tensões simétricas, é constante. Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 14 de 22 I.9 – Análise por fase e diagrama unifilar No estudo do regime permanente do sistema de energia elétrica, utiliza-se a análise por fase pois o sistema é considerado equilibrado, da geração ao consumo, ou seja: a) as fontes do sistema são consideradas simétricas; b) as impedâncias das fases são consideradas iguais e c) as cargas são consideradas equilibradas. Desta forma, o resultado (tensão, corrente, etc.) de uma fase pode ser utilizado para as demais desde que se façam os ajustes de fase necessários. Exemplo I.1 – Uma fonte trifásica, 2400 V, seqüência ABC, alimenta duas cargas conectadas em paralelo: • Carga 1: 300 kVA, fator de potência igual a 0,8 indutivo e • Carga 2: 144 kW, fator de potência igual a 0,6 capacitivo. Se a Fase A é utilizada como referência angular (ou seja o ângulo de fase de ANV é igual a zero), determinar: a) O circuito equivalente por fase (diagrama de impedância). b) As correntes de linha das Fases A, B e C. Solução Exemplo I.1: a) Inicialmente, determina-se o fasor potência complexa referente a cada uma das cargas: Carga 1: kVA 3001 carga3 =φS kW 2403008,01 carga31 1 carga 3 =×=×= φφ SFPP ( ) ( ) kvar 180240300 2221 carga321 carga31 carga3 =−=−= φφφ PSQ ( ) kVA 36,9300kVA 1802401 carga3 o=+= jS φ Carga 2: kW 1442 carga3 =φP kVA 240 6,0 144 2 2 carga 32 carga 3 === FP P S φφ ( ) ( ) kvar 192144240 2222 carga322 carga32 carga3 −=−=−−= φφφ PSQ ( ) kVA 53,1240kVA 1921442 carga3 o−=−= jS φ Para a Fase A, tem-se: Carga 1: ( ) kVA 36,9100kVA 6080 3 1 carga 31 o =+== jSS A φ Carga 2: ( ) kVA 15380kVA 6448 3 2 carga 32 o ,jSS A −=−== φ Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 15 de 22 Solução Exemplo I.1 (continuação): Conhecendo o valor da tensão de fase da Fase A, V 0 3 24000 3 oo == L AN VV , e a expressão da potência desenvolvida na Fase A: * * =⇒= AN A AAANA V SIIVS pode-se determinar a corrente desenvolvida nas Cargas 1 e 2, como segue: ( ) A 30,437457A 36,92,72 0 36,9100000 * 3 2400 *1 1 j, V SI AN A A −=−= = = o o o ( ) A 19,4664,34A 3,157,57 0 1,5380000 * 3 2400 *2 2 j V SI AN A A +== − = = o o o Para o equivalente em estrela, ( ) Ω+=Ω= − == 52,1136,15 36,92,19 36,92,72 0 3 2400 1 1 j I VZ A AN Y o o o ( ) Ω−=Ω−= − == 2,194,14 3,1524 3,157,57 0 3 2400 2 2 j I VZ A AN Y o o o O circuito equivalente para a Fase A encontra-se na Figura I.21. V 0 3 2400 o AI + 2 AI 1 AI Ω 36,15 Ω 52,11j Ω 4,14 Ω− 2,19j Figura I.21 – Circuito equivalente para a Fase A. b) De acordo com o diagrama da Figura I.21, a corrente de linha da Fase A é dada por: ( ) A 8,14,92A 89,238,9219,4664,3430,43745721 o=+=++−=+= jjj,III AAA Levando em conta a simetria do sistema trifásico e a seqüência ABC, tem-se: A 2,11892,4A 1208,14,92 ooo −=−=BI A 8,12192,4A 1208,14,92 ooo =+=CI Observar que quando se realiza análise por fase é melhor empregar o circuito equivalente em estrela; se a conexão do equipamento é em triângulo, pode-se converter para o seu circuito equivalente em estrela. Como conseqüência, as linhas de baixo dos circuitos equivalentes por fase representam o neutro, as tensões são as de fase e as correntes são de linhas (na conexão estrela, a corrente de fase é igual a corrente de linha). Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 16 de 22 Na Figura I.22, observa-se a representação de um sistema de energia elétrica através do diagrama unifilar, do diagrama trifásico (trifilar) de impedâncias e do diagrama de impedância por fase. No diagrama unifilar é possível representar a topologia do sistema (ligações), os valores das grandezas elétricas dos componentes e sua forma de conexão. O diagrama trifilar de impedâncias representa o circuito elétrico equivalente ao sistema de energia elétrica. O diagrama de impedância por fase representa uma simplificação do diagrama trifásico sendo utilizado para determinar os valores das grandezas elétricas do sistema para uma fase (posteriormente, este resultado é estendido para as demais fases). G1 G2 1 2 3 4 T1 T2 Y-Y Y-Y • • • • (a) Diagrama unifilar. • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • (b) Diagrama trifilar de impedância. • • • • • • (c) Diagrama de impedância por fase (em pu). Gerador Transformador 1 Transformador 2 Carga e Gerador 2 G1 G1 G1 G1 G2 G2 G2 G2 Linha de Transmissão Figura I.22 – Representação do sistema de energia elétrica. Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 17 de 22 Exercício I.1 – Uma fonte trifásica, 13,8 kV, seqüência ABC, alimenta por intermédio de uma linha com impedância série de ( )Ω+ 44 j , duas cargas conectadas em paralelo: • Carga 1: 500 kVA, fator de potência igual a 0,8 indutivo e • Carga 2: 150 kvar, capacitivo. Se a Fase A é utilizada como referência angular (ou seja, o ângulo de fase de ANV é igual a zero), determinar: a) O circuito equivalente por fase (diagrama de impedância). b) As correntes de linha das Fases A, B e C. I.10 – O sistema por unidade (pu) Freqüentemente, na análise de sistemas de energia elétrica ao invés de serem utilizadas as unidades originais para as grandezas envolvidas (tensão, corrente, potência, etc.) são utilizadas unidades relativas (por unidade ou, simplesmente, pu), obtidas através da normalização dos valores originais destas grandezas (em V, A, W, etc.) por valores pré-estabelecidos para cada grandeza, denominados valores de base. Realizando esta normalização em todas as grandezas do sistema, é possível: • Manter os parâmetros do sistema elétrico dentro de uma faixa de valores conhecidos evitando, portanto, erros grosseiros. Por exemplo, quando se utiliza o valor nominal da tensão como valor de referência (valor de base), pode-se verificar a partir do valor normalizado da tensão (em pu) sua distância do valor desejado (nominal). Valores em pu próximos a unidade significam proximidades do valor nominal; valores de tensão muito abaixo ou acima de 1 pu representam condições anormais de operação. • Eliminar todos os transformadores ideais do sistema elétrico. • A tensão de operação do sistema permanece sempre próxima da unidade. • Todas as grandezas possuem a mesmaunidade ou pu (embora os valores de base sejam diferentes para cada uma das grandezas). Para realizar a transformação das grandezas para pu basta dividir o valor destas pelo seu valor de base, ou seja: basevalor atualvalor pu emvalor = (I.22) O valor de base deve ser um número real; o valor atual pode ser um número complexo (se for utilizada a forma polar, transforma-se apenas a magnitude da grandeza, mantendo-se o ângulo na unidade original). A grandeza de base definida para todo o sistema de energia elétrica é a potência elétrica, base3φS (geralmente 100 MVA): basebase3 base3 base 33 φφ φ φ SS S S =⇔= [MVA] (I.23) A tensão base, baseV , geralmente corresponde à tensão nominal do sistema na região de interesse: base base base base 33 φφ VVVV LL =⇔= [kV] (I.24) A corrente base, baseI , e a impedância base, baseZ , são obtidas a partir da potência e da tensão de base: base base 3 base base 3 base base base base 3 3 3 LL YL V S V S V S II φ φ φ φ ==== [kA] (I.25) Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 18 de 22 base base 3base base 33 L L V SI I φ==∆ [kA] (I.26) base 3 2 base base base base φ φ S V I V Z L Y Y == [Ω] (I.27) base 3 2 base base base base base 333 φ φ S V I V ZZ L Y Y ===∆ [Ω] (I.28) Têm-se, assim, duas classes de grandezas de base: • Primárias – Nesta classe se incluem a potência base, definida para todo o sistema, e a tensão base, que varia em função da tensão nominal da região em análise. • Secundárias – Nesta classe se incluem a corrente base e a impedância base que são calculadas em função da potência base (definida para todo o sistema) e dos valores nominais de tensão, utilizados como tensão base na região em análise. Existem outras formas de normalização possível, com definições diversas de grandezas nas classes grandezas primárias e secundárias, entretanto esta é a forma usual na análise de sistemas de energia elétrica. Uma operação bastante freqüente na modelagem de sistemas elétricos é a mudança de base de valores de impedâncias. Um exemplo clássico da necessidade de mudança de base é a compatibilização do valor das impedâncias dos transformadores, usualmente fornecidos em seu valor percentual, tendo como potência base a potência nominal do equipamento e como tensões base as tensões terminais dos enrolamentos. Para realizar a mudança de base de uma impedância na base 1, ( )1 basepu Z , para a base 2, ( )2 basepu Z , deve-se proceder como segue: ( ) ( ) 2 base 1 base 1 basepu 2 basepu Z Z ZZ = (I.29) ( ) ( ) 1 base 3 2 base 3 2 2 base 1 base 1 basepu 2 basepu φ φ S S V V ZZ L L = (I.30) Exemplo I.2 – Considere o sistema do Exemplo I.1. Supondo que kVA 300base3 =φS e kV 4,2base =LV , determinar: a) As bases do sistema por unidade. b) Desenhar o circuito equivalente por fase em valores por unidade. c) Determinar o fasor corrente da Fase A em valores por unidade e em ampères. Solução Exemplo I.2: a) Utilizando as expressões (I.23), (I.24), (I.25) e (I.27) tem-se: kVA 100 3 300000 3 base3 base === φ φ S S V 1386 3 2400 3 base base === LVVφ A 2,72 1386 100000 base base base === φ φ V S IY Ω=== 2,19 2,72 1386 base base base Y Y I V Z φ Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 19 de 22 Solução Exemplo I.2 (continuação): b) De acordo com os valores obtidos no Exemplo I.1, tem-se: ( ) pu 6,08,0pu 36,91 2,19 36,92,19 base 1 1 pu j Z ZZ Y Y Y +==== o o ( ) pu 00,175,0pu 3,1525,1 2,19 3,1524 base 2 2 pu j Z ZZ Y Y Y −=−= − == o o ( ) pu 01pu 01 1386 0 3 2400 base pu j V VV ANAN +==== o o φ O circuito equivalente por fase em valores por unidade encontra-se na Figura I.23. pu 01 o pu AI + 2 pu AI 1 pu AI pu 8,0 pu 6,0j pu 75,0 pu 00,1j− Figura I.23 – Circuito equivalente para a Fase A em pu. c) Do circuito da Figura I.23, tem-se: ( ) pu 6,08,0pu 87,361 6,08,0 011 pu jjI A −=−=+= o o ( ) pu 64,048,0pu 13,538,0 00,175,0 012 pu jjI A +==−= o o ( ) pu 04,028,1pu 8,128,164,048,06,08,02 pu 1 pu pu jjIII AAA +==++−=+= o ( ) A 89,238,92A 8,192,472,28,128,1base pu jIII YAA +==×== oo Observar que o valor obtido em ampères é o mesmo calculado no Exemplo I.1. Exemplo I.3 – A Figura I.24 mostra o diagrama unifilar de um sistema elétrico trifásico. G1 1 2 3 4 T1: 12 : NN Y-Y Y-Y T2: ′′ 21 : NN 2,4 kV 24 kV 12 kV 1000 A Figura I.24 – Diagrama unifilar do Exemplo I.3. Considere que o comprimento da linha entre os dois transformadores é desprezível, que a capacidade do gerador φ3 é de 4160 kVA (2,4 kV e 1000 A), que este opera em condição nominal ( )A 1000=LI alimentando uma carga puramente indutiva. A potência nominal do transformador trifásico T1 é 6000 kVA (2,4/24 kV Y/Y) com reatância de 0,04 pu. T2 tem capacidade nominal de 4000 kVA, sendo constituído por um banco de três transformadores monofásicos (24/12 kV Y/Y) com reatância de 4% cada. Determinar: Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 20 de 22 a) A potência base. b) A tensão de linha base. c) A impedância base. d) A corrente base. e) Resuma os valores base em uma tabela. f) Os valores das correntes em A. g) A corrente em pu. h) O novo valor das reatâncias dos transformadores considerando sua nova base. i) O valor pu das tensões das Barras 1,2 e 4. j) A potência aparente nas Barras 1,2 e 4. Solução Exemplo I.3: a) A potência base é selecionada arbitrariamente como: kVA 2080base 3 =φS . b) Para o circuito em 2,4 kV arbitra-se o valor de kV 5,2base =LV . As demais tensões de base são calculadas utilizando as relações de transformação de T1 e T2: 210 2 1 2 1 = ′ ′ = N N N N Assim, para os demais circuitos: Circuito em 24 kV: kV 25base =LV Circuito em 12 kV: kV 5,12base =LV c) As impedâncias de base são calculadas a partir dos valores base da potência e da tensão: Circuito em 2,4 kV: Ω=== 005,3 2080000 25002 base 3 2 base base φS VZ LY Circuito em 24 kV: Ω=== 5,300 2080000 250002 base 3 2 base base φS VZ LY Circuito em 12 kV: Ω=== 1,75 2080000 125002 base 3 2 base base φS VZ LY d) As correntes de base são calculadas a partir dos valores base da potência e da tensão: Circuito em 2,4 kV: A 480 25003 2080000 3 base base 3 base === L L V S I φ Circuito em 24 kV: A 48 250003 2080000 3 base base 3 base === L L V S I φ Circuito em 12 kV: A 96 125003 2080000 3 base base 3 base === L L V S I φ Caso fossem escolhidos outros valores base nos itens (a) e (b), os valores calculados para a impedância e corrente base poderiam ser diferentes dos valores obtidos nos itens (c) e (d). Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime PermanenteFundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 21 de 22 Solução Exemplo I.3 (continuação): e) Os valores base estão sumarizados na Tabela I.2. Tabela I.2 – Valores base do Exemplo I.3. [ ]kV NOMINAL LV [ ]kV base LV [ ]Ω base YZ [ ]A base LI 2,4 2,5 3,005 480 24 25 300,5 48 12 12,5 75,1 96 kVA 2080base 3 =φS f) Conhecendo-se a corrente que sai do gerador A 1000kV 4,2 =LI , pode-se determinar os valores das correntes que circulam na linha e na carga: Circuito em 24 kV: A 1001000 10 1kV 4,2 1 2kV 24 === LL IN NI Circuito em 12 kV: A 200100 1 2kV 24 2 1kV 5,12 == ′ ′ = LL I N NI g) A corrente por unidade é a mesma para todos os circuitos: Circuito em 2,4 kV: pu 08,2 480 1000 kV 4,2 base kV 4,2 pu === L L L I II Circuito em 24 kV: pu 08,2 48 100 kV 24 base kV 24 pu === L L L I II Circuito em 12 kV: pu 08,2 96 200 kV 5,12 base kV 5,12 pu === L L L I II Observar que o valor em pu obtido neste item poderia ser outro caso fossem escolhidos outros valores de base nos itens (a) e (b). h) Utilizando a expressão de conversão de base, considerando que os dados do transformador se encontram na base deste (base 1: valores nominais de potência e tensão), tem-se: ( ) ( ) pu 0128,0 6000000 2080000 2500 240004,0 2 1 base 3 2 base 3 2 2 base 1 base 1 basepu T1pu jj S S V V ZZ L L = = = φ φ ( ) ( ) pu 0192,0 4000000 2080000 12500 1200004,0 2 1 base 3 2 base 3 2 2 base 1 base 1 basepu T2pu jj S S V V ZZ L L = = = φ φ Verificar que o resultado é o mesmo para o lado de alta tensão. i) A Figura I.25 apresenta o diagrama de impedância por fase do sistema da Figura I.24, indicando os fasores tensão de interesse. + – + – + – + – • • G1 pu 0128,0T1 jZ = pu 0192,0T2 jZ = pu 08,2=I • • 1 2 3 4 1V 2V 3V 4V Figura I.25 – Diagrama de impedância por fase (em pu) do sistema da Figura I.24. Modelagem e Análise de Sistemas Elétricos em Regime Permanente Fundamentos para solução de circuitos elétricos – Sérgio Haffner Versão: 10/9/2007 Página 22 de 22 Solução Exemplo I.3 (continuação): Para o gerador, que opera em tensão nominal, tem-se: pu 096,0 2500 02400 base NOMINAL 1 o o === L L V VV Considerando que a corrente que circula no circuito está atrasada de 90o em relação à tensão (pois o circuito é constituído exclusivamente por reatâncias indutivas): pu 093,09008,20128,0096,01132 ooo =−×−=−== jIZVVV T ( ) ( ) pu 089,09008,20192,00128,0096,0211224 ooo =−×+−=+−=−= jjIZZVIZVV TTT j) A potência complexa pode ser obtida a partir dos fasores tensão e corrente: [ ] [ ] [ ] pu 85,1pu 9085,19008,2089,0 pu 93,1pu 9093,19008,2093,0 pu 00,2pu 9000,29008,2096,0 4 ** 444 2 ** 2232 1 ** 111 =⇒=−== =⇒=−=== =⇒=−== SIVS SIVSS SIVS ooo ooo ooo Observar que a potência aparente entregue pelo gerador é de 2,00 pu e que na carga chega é de 1,85 pu, sendo a diferença “consumida”7 pelas reatâncias dos transformadores. Exercício I.2 – Considere o sistema do Exercício I.1. Supondo que kVA 100base3 =φS e kV 8,13base =LV , determinar: a) As bases do sistema por unidade. b) Desenhar o circuito equivalente por fase em valores por unidade. c) Determinar o fasor corrente da Fase A em valores por unidade e em ampères. 7 De acordo com a convenção de sinais para potência reativa, os indutores consomem e os capacitores geram.
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