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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Comportamento Empreendedor Aula 1 Prof. Elton Schneider Prof. Henrique Castelo Branco CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial “Empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando tempo e esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação econômica e pessoal”. HIRSCH (2014) Olhando para essa definição não nos surge a sensação de que está se falando do super-homem ou de alguém muito especial e acima do normal? Pois é, daí que surge o mito de que o empreendedor é alguém raro, altamente qualificado e além do alcance de nós, simples mortais! Mas, como foi dito, tudo isso é um mito! Algo criado pelo imaginário popular e que se torna verdade, sem que ninguém questione. Felizmente, ser um empreendedor não é uma missão para os escolhidos e pessoas “fora da curva de normalidade”. Todos nós podemos e devemos ser empreendedores! A partir desta aula, vamos derrubar esse mito e mostrar que é bastante possível agirmos em nossa vida, seja no campo pessoal, social ou profissional, como verdadeiros e eficazes empreendedores. Por isso vamos conhecer mais sobre essa figura cada vez mais importante às sociedades e aprender como exercitar mais esse nosso espírito empreendedor! Pronto para começar? Então, que tal assistir à apresentação dos professores Henrique Castelo Branco e Helton Schneider sobre este tema? Basta acessar o material online. Contextualizando O ato de empreender é antigo e com o tempo passou por transformações em relação ao que fazer, como fazer, onde fazer e até mesmo o porquê fazer. Porém, sua essência não mudou! De forma simples, podemos dizer que empreender é transformar. Seja a si mesmo, seu entorno, seu negócio, sua sociedade, seu mundo, enfim, empreender é agir pela mudança, porém não de forma impensada e desastrada. Empreender é a arte de transformar uma ideia em realidade, com o máximo de impacto positivo possível. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Mas quem é esse sujeito? Esse artista? Esse transformador? Estamos falando da figura do empreendedor: uma pessoa que tem certo perfil e que segue algumas crenças e características. Um profissional que tem um conjunto de competências e age com determinação, não temendo o fracasso ou o erro, e acima de tudo, aprendendo sempre. Inicialmente, apresentaremos na aula de hoje os conceitos e as características da ação empreendedora, mostrando que ela pode ser analogamente considerada uma caminhada, na qual se percebe um começo, um caminho e um destino. Porém, neste percurso há diferentes desafios, riscos e decisões. Além disso, serão apresentados os diferentes focos e tipos de ações empreendedoras, já que o ato de empreender assume diferentes feições, dependendo de como, onde e porque se está empreendendo. Posteriormente, discutiremos a relação entre sorte, criatividade e ação empreendedora com o objetivo de entender melhor como se processa o desafio de obter resultados mediante o esforço empreendedor. Isso nos remeterá ao CHA empreendedor. Não, não estamos falando da bebida quente e saborosa, mas das capacidades, habilidades e atitudes do empreendedor. Para finalizar, você descobrirá quais elementos podem ser considerados as bases do empreendedor. Todo esse conteúdo será transmitido com a indicação de artigos, vídeo, casos e exercícios para fixar melhor a sua aprendizagem. Bom estudo. Problematização Aprender sobre um tema observando como ele vem sendo praticado é uma ótima maneira de assimilar conhecimentos. Mediante a uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) foi possível trazer algumas informações que serão importantes para o seu aprendizado. Vamos a elas? Segundo o IBGE, depois que as empresas são encerradas, 61% dos novos empresários perdem parte ou todo o capital investido. Mas, por incrível que pareça, 44% dessas empresas tinham um bom planejamento antes de começarem a atuar, mas a má gestão dos recursos depois de sua formação foi CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 um dos pontos negativos que mais proporcionou seu fechamento. Isso é um sinal de que não basta ter apenas uma boa ideia: o gerenciamento eficiente de todos os setores é uma característica fundamental que assinala as empresas de sucesso. Diante do exposto podemos afirmar que: I - É dispensável o esforço de montagem de um plano de negócios. II – Competência gerencial é parte essencial do sucesso empreendedor. III – A formação empreendedora em cursos superiores habilita o empreendedor a superar os desafios que causam o encerramento precoce das empresas. IV – A questão de se ter uma boa ideia, segundo se pode observar no texto, não deixa de ser um elemento importante ao sucesso dos empreendimentos. V – O empreendedor precisa estar consciente e preparado para a possível perda do capital investido para a formação de seu empreendimento. Agora, escolha a alternativa que contenha as opções corretas: a. I, III e V. b. III e V apenas. c. II e IV. d. I, II e IV. e. Todas as alternativas estão incorretas. Confira a resposta correta no seu material online. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Pesquise Quais são os reais motivos do fracasso de novas empresas? Esta pergunta pode ser respondida por meio de uma pesquisa na internet. Clique nos links indicados a seguir e acesse algumas sugestões de matérias. http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/fundador-do-google-revela- razao-pela-qual-empresas-fracassam http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI334120-17141,00- O+QUE+FRACASSA+NAO+E+O+NEGOCIO+E+O+EMPREENDEDOR.html http://sites.pr.sebrae.com.br/blogs/2014/03/14/por-que-as-empresas- fracassam/ Ficou curioso para saber os principais números do empreendedorismo do Brasil? Mate a sua curiosidade clicando no link a seguir. http://www.altairalves.com.br/blog/empreendedorismo-brasil-e-seus- principais-numeros/ Tema 1: Conceitos e Características da Ação Empreendedora Ao analisarmos a evolução dos conceitos de empreendedorismo notamos que se trata de um tema com diversas facetas, conectando-se de modo amplo a diferentes pontos de vistas. Essa realidade fica bastante perceptível ao lermos a definição deste termo pelos seguintes autores: Segundo Say, empreendedor é aquele que é remunerado pelo lucro; o indivíduo que recombina capital, recursos físicos e mão de obra de alguma maneira original e inovadora. Schumpeter associa o empreendedor ao desenvolvimento econômico, à inovação e ao aproveitamento de oportunidades em negócios. De acordo com ele, o empreendedor é o responsável pelo processo de destruição criativa, que é o impulso fundamental que aciona e mantém em marcha o modo capitalista, criando novos produtos, métodos e produção e mercados, sobrepondo-se aos antigos processos que apesar de serem eficientes, são caros. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Para Dornelas, empreendedores são pessoas diferenciadas, que possuem motivação singular e são apaixonadas pelo o que fazem. Por isso, elas não se contentam em serem “mais um na multidão”, querem ser reconhecidas, referenciadas e imitadas, ou seja, querem deixar um legado.De acordo com o Tachisawa, empreendedores são pessoas que fazem a diferença. Elas realizam, fazem acontecere desenvolvem suas capacidades para superar limites. Para Hirish, o empreendedor reúne iniciativa, organização, reorganização, mecanismos sociais e econômicos (com o objetivo de transformar recursos e situações para proveito prático) e, por fim, assumir o sucesso ou o fracasso. Fillion define como empreendedor aquele que imagina, desenvolve e realiza suas visões. E, segundo Gerber, o empreendedor é o visionário dentro de nós, é o sonhador, a energia por trás da atividade humana, a imaginação que acende o fogo do futuro, o catalizador das mudanças. Para ele, o empreendedor vive o futuro, nunca o passado, e raramente o presente. Essa diversidade de definições é útil, pois nos faz analisar esse fenômeno da ação humana de modo mais amplo. Porém, mesmo com todas essas vertentes, há elementos presentes nas diferentes definições que se repetem. Podemos dizer que empreender é todo esforço que remete uma pessoa a buscar uma mudança. Por essência, uma ação empreendedora é fruto do desejo de se querer sair de uma situação para outra. Portanto, empreender tem forte relação com as palavras “decidir” e “agir”. “Decidir” porque empreender depende do momento e do contexto em que o empreendedor percebe o caminho pelo qual deseja percorrer. Ele vê que se trata de uma ação que vale a pena, e acredita que esta não somente é possível, como desejada. Daí a decisão de ir em busca de sua realização. Por isso os dicionários colocam “decidir fazer algo” ou “cismar” como sinônimos de empreender. E também relacionam essa palavra com as expressões “tentar”, “experimentar” e “resolver executar”. Conclui-se, então, que o começo da caminhada empreendedora está na decisão de percorrer certo caminho em CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 busca do alvo percebido, e isso só acontece quando a pessoa efetivamente se mostra disposta a participar desse processo de mudança. É importante considerar que a decisão de empreender está altamente relacionada à situação política, econômica, cultural e social do meio em que o empreendedor pretende interferir. Mesmo considerando que o empreendedorismo tem suas raízes na própria origem do homem (já que foi mediante sua ação que todas as transformações da humanidade aconteceram), o empreendedor ganhou relevância no final do feudalismo e ampliou o seu papel e importância com as transformações dos séculos XX e XXI. Vamos analisar o empreendedorismo de modo mais focado na realidade brasileira? Para isso observe o quadro disponível no link a seguir. http://ccdd.uninter.com/dev/designer/vivi/ccdd_grad/nucleoComum/comp Empreendedor/a1/includes/pdf/analise.pdf Essa abordagem é muito rica, pois nos mostra que temos uma herança empreendedora nem sempre favorável, na qual, influências históricas de ordem cultural, política, religiosa e social fizeram com que nosso “espírito empreendedor” sofresse muito em seu crescimento e evolução. Mas o importante é ver que, mesmo com todas essas limitações, o empreendedor brasileiro vem atuando de forma dinâmica e transformadora. Podemos perceber que a verdadeira ação empreendedora é formada pela percepção e pelo desejo da ação, seguida da mobilização de recursos e do cálculo de riscos, que orientam e viabilizam a realização da mudança desejada. O empreendedorismo é permeado por desafios de ordem pessoal, interpessoal, técnica e gerencial, sendo realizado mediante recursos de ordem física, humana, material, financeira e tecnológica, trabalhados de forma planejada, ordenada, negociada e voltada para a minimização dos riscos e erros. Por isso tudo, a definição que melhor se enquadra nesse contexto empreendedor e que servirá de inspiração e referência na disciplina é a apresentada por Dolabela (2003): “Empreender é a arte de buscar e transformar sonhos em realidade”. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Leitura Obrigatória: PRANDO, Rodrigo Augusto. Empreendedor e Empreendedorismo: história e sociedade – trajetórias sociais de empreendedores brasileiros de sucesso. Revista de negócios, Blumenau, v.15, n. 4, p.97 - 112, out. /dez. 2000. Acesse este artigo clicando no link a seguir. http://proxy.furb.br/ojs/index.php/rn/article/download/2069/1622 Aproveite e amplie os seus conhecimentos assistindo à explicação dos professores sobre este conteúdo no material online. Para saber mais: Como os grandes empreendedores brasileiros definem o empreendedorismo? Confira a resposta de Abílio Diniz, Eike Batista, Wellington Nogueira, Ricardo Buckup, Pedro Passos e Romero Rodrigues na matéria indicada a seguir! https://endeavor.org.br/15-definicoes-de-empreendedorismo/ Segundo o administrador de empresas Max Gehringer, o século XXI será marcado pelo empreendedorismo. Quer saber o porquê? Assista ao vídeo a seguir! https://www.youtube.com/watch?v=BQQnUddzyiU Tema 2: Principais Focos e Tipos de Ações Empreendedoras O que você quer para a sua vida? O “querer” é o grande elemento motivador e direcionador da ação humana. E no momento em que uma pessoa define o que ela quer, todo o processo em direção a essa conquista começa. Porém, é comum as pessoas manifestarem seus desejos por meio de aquisições de bens, realização de viagens, casamentos, constituição de família, etc. Mas, no fundo, isso tudo é apenas uma parte do que elas querem efetivamente, que é a felicidade! GIKOVATE (1981) diz que: “a meta do homem livre é a felicidade em vida; ou seja, aquilo que a religião prometeu para depois da morte e a ciência sugeriu que é impossível”. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Toda e qualquer ação, de forma direta ou indireta, tem relação com o fato das pessoas quererem a felicidade. É em busca disso que as pessoas se abastecem para enfrentar as lutas e desafios da vida. Portanto, todo empreendedor é um excelente caçador de felicidade, ainda mais porque ele sabe que a felicidade na verdade não é um alvo, mas sim um caminho. Ou seja, ser feliz tem relação com o que somos e fazemos a cada dia. Se o que estamos nos dedicando nos remete a boas sensações e nos motiva a seguir, significa que estamos “vivendo” a felicidade. Sabendo disso, fica muito mais coerente pensar em enfrentar caminhadas empreendedoras, pois percebemos que esse caminhar é que nos dá a saúde pessoal que nos faz levantar todo dia em busca de novas realizações. Dentro dessa percepção, podemos inferir que empreender é o combustível para nossa felicidade! Então, só é feliz quem monta o próprio negócio? Aí reside um dos grandes enganos relacionados ao empreendedorismo. Empreender é fazer acontecer e, portanto, criar a própria empresa é apenas uma das maneiras possíveis de empreendedorismo. Mas há outras! Podemos dizer que tudo que possa acontecer em busca de realizações são formas de empreender. Dentre elas se destacam quatro tipos: o empreendedor de negócios, o intraempreendedor, o empreendedor público e o empreendedor social. Empreendedor de Negócios: o mais clássico dos empreendedores. É o sujeito que deseja fazer acontecer de seu próprio modo, gerando retornos para si e sendo o responsável por tudo que se relaciona com suas ações empreendedoras. Em outras palavras, neste caso o empreendedor é o dono do negócio, aquele que empreende em busca da montagem de seu próprio negócio. Intraempreendedor: este tipo de empreendedor é cada dia mais importante no mundo, pois é aquele profissional que age e batalha para que tudo aconteça conforme o planejado pelo dono do negócio. Este empreendedor não é o dono da empresa, mas trabalha, dentro de seu espaço e nível de poder, comose fosse. É o perfil do colaborador que o mercado mais quer: aquele que CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 se empodera pela energia de realização e parte para a ação com a máxima dedicação. Empreendedor Público: o empreendedor público é um intraempreendedor clássico, porém sua motivação não está na captação de lucros financeiros, mas na obtenção da efetividade no setor público. Toda a energia deste servidor é direcionada para o atendimento das demandas públicas, trabalhando para que os resultados sejam os melhores possíveis e com o máximo de amplitude. Empreendedor Social: o empreendedor dessa natureza pode ser o dono de uma ONG (Organização Não Governamental) ou até mesmo um funcionário ou voluntário em busca de resultados socioambientais. Sua meta, mesmo não sendo financeira, demanda uma atuação firme, dedicada, competente e equilibrada para que os objetivos se tornem reais. No fundo, os diferentes tipos de empreendedores têm uma característica comum: “comprar a briga” em termos de fazer acontecer as metas que foram estabelecidas (sejam elas próprias, de terceiros, econômicas, sociais ou ambientais). Esse agente transformador responde pelo nome de empreendedor, independente do contexto e natureza de sua ação. É importante salientar que essas pessoas também possuem um senso crítico, pois como são determinadas a fazer tudo do melhor modo possível, geralmente são aliadas às mudanças e conscientes de seu papel na sociedade e no planeta. Elementos que despertam as pessoas para a ação empreendedora Segundo os estudos relacionados ao empreendedorismo, há dois grandes fatores que levam as pessoas a empreender: a necessidade e a oportunidade. O botão, indicado a seguir, mostra um quadro que resume o perfil desses dois tipos de empreendedores. Clique nele e observe os dados: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Não possui diferenciais de destaque. Possui alguma experiência ou elemento que gera um diferencial. Tem habilidades, porém com baixo grau de complexidade. Tem formação e consegue lidar bem com questões sistêmicas e complexas. Apresenta limitada capacidade para inovar. Apresenta bom potencial inovador. Age com foco exclusivo no curto prazo. Estrutura suas ações com foco no curto, médio e longo prazo. Seu preparo para planejamento é mínimo. Detém conhecimentos que o habilitam a realizar um bom planejamento de suas ações. Enfrenta, quase sempre, uma grande concorrência. Por ter diferenciação e preparo, acaba enfrentando menor grau de concorrência. Obtém remuneração restrita e se vê obrigado a lutar por preços em suas ações. Em virtude da complexidade e abrangência de suas ações, suas ofertas possuem menor competitividade e suas possibilidades de lucros são maiores. Age com maior possibilidade de fracasso em virtude das próprias deficiências e limitações. O seu esforço em planejar minimizando erros e desvios, o habilita a uma maior probabilidade de sucesso. Fonte: Adaptado de SCHNEIDER, 2011 É comum sociedades com maior escassez de recursos e preparo terem grande incidência de empreendedores por necessidade, já que se trata de um tipo de ação que busca essencialmente a sobrevivência. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Os primeiros estudos a respeito do empreendedorismo brasileiro mostraram que há mais empreendedores por necessidade do que por oportunidade. Porém, no decorrer do tempo essa realidade foi se alterando, e atualmente, pesquisas já apontam que o percentual de empreendedores por oportunidade superou os por necessidade. Este fato é a consequência dos incentivos do governo às micro e pequenas empresas, que proporcionaram melhores condições para a entrada (e a manutenção) de novos empreendedores no mercado. É importante lembrar que as economias nunca foram tão dependentes de seus empreendedores, e nesse contexto surgiu o termo “empreendedor de impacto”, que é aquele que percebe grandes oportunidades e se organiza para aproveitá-las da melhor maneira possível, resultando ações que repercutem grandes benefícios para o país. O mercado busca “verdadeiros” empreendedores, em especial, os intraempreendedores? Em parte, podemos dizer que sim. Em muitos casos, os processos de captação e seleção estão calcados nesse perfil, porém, quando a pessoa entra, o ambiente e clima que encontra não é saudável à ação empreendedora. Geralmente, há um paradoxo entre o que a empresa diz que deseja do mercado em termos de recursos humanos e o que ela acaba “permitindo” que esses colaboradores façam em seu ambiente. É triste ver o quanto a criatividade e o potencial inovador são sufocados por organizações que orientam seus novos contratados a seguirem normas, repetirem padrões e não questionarem processos. Esse “massacre de talentos” geram frustrações e, por conseguinte, um alto nível de turnover, já que muitos não se sujeitam a essa situação por muito tempo. Mas, a cada dia aumenta o número de organizações que valorizam os seus talentos, incitando-os a serem mais ativos, criativos e inovadores, e proporcionam ambientes mais fluidos, com maior liberdade e estrutura, processos e regras mais condizentes com o perfil dinâmico e transformador dos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 empreendedores. Um exemplo disso é a empresa Google, você tem uma ideia de como é trabalhar lá? Confira no vídeo a seguir! https://www.youtube.com/watch?v=Gg4GHGoqu3o Com certeza, no mercado atual, o grau de correlação de sucesso com o perfil das empresas mais “amigas” dos empreendedores deve ser alto. Afinal, muito se diz que o elemento mais importante das organizações são as pessoas. Sendo assim, os intraempreendedores competentes, criativos e inovadores são fatores preciosos para a obtenção de produtividade, economicidade, inovação e lucros! Leitura Obrigatória: A publicação, indicada a seguir, traz abordagens interessantes sobre o empreendedorismo público, apontando que os governos devem descobrir como "fazer mais com menos", e para isso precisam ter criatividade, iniciativa e muita ousadia. Vale a pena conferir! http://www.jornalcruzeiro.com.br/materia/560899/empreendedorismo-no- setor-publico O SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) realizou um estudo que revela o crescimento do empreendedorismo no Brasil. Os dados desta pesquisa estão disponíveis no botão a seguir. Não deixe de analisa-los! http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/estudos_pesquisas/Pesquis a-GEM-2014,detalhe,45 Agora é a vez dos professores falarem sobre esse assunto! Não perca essas explicações no seu material online. Para saber mais: O consultor de empresas Waldez Ludwig deu uma clássica entrevista para o programa “Sem Censura”, da Rede TV, em que ele comenta questões relevantes sobre o contexto atual e como o empreendedorismo se coloca como elemento chave para o sucesso. É imperdível! https://www.youtube.com/watch?v=uyMY2uo-iqQ CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Tema 3: A Ligação entre Sorte, Criatividade e Ação Empreendedora Seria muito superficial pensar que as ações empreendedoras de sucesso foram fruto da simples sorte. O sucesso hoje, em meio a tantas transformações e complexidades, demanda uma boa dose de competência, arrojo, liderança e capacidade decisória, enfim, de fatores como planejamento (capacidade técnica), gestão (capacidade gerencial), visão sistêmica (capacidadeanalítica) e criatividade (capacidade inovadora), que são muito mais relevantes e decisivos do que a sorte. Muitas pessoas acreditam que sorte é estar devidamente preparado na hora e no local certo. Com base nesse pensamento, podemos dizer que uma pessoa empreendedora pode se tornar um excelente candidato à sorte. Afinal, está em constante processo de evolução (o que o torna preparado), tem uma percepção acima da média em relação ao mercado e as tendências (o que o coloca no lugar certo) e possui um “timming” dos acontecimentos, que o habilita a estar à frente dos outros (ou seja, sabe quando é a hora certa). Quando alguém diz que certo empreendedor de sucesso teve sorte, talvez esteja apenas dizendo que ele se habilitou (e foi capaz) de colher a maior colheita possível de sua área profissional, mas para obter esse êxito, com certeza ele se preparou muito mais para fazer acontecer do que apenas contar com a sorte. Será que a criatividade é importante para o empreendedor? A criatividade é uma qualidade adquirida por pessoas curiosas que buscam inspiração em informações e que percebem o mundo de forma diferente. As pessoas criativas possuem os seguintes comportamentos: são persistentes, bem-humoradas, independentes em seus atos e responsáveis por tais, tem rápida desenvoltura em atividades, fácil percepção, habilidade no aprendizado e uma incrível capacidade visionária, já que conseguem prever as possíveis consequências de suas criações. Esta é uma das definições de criatividade. Mas, será que ela também não poderia ser a descrição do perfil de um empreendedor? CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Esses dois elementos são tão próximos que é possível confundi-los, não é mesmo? Todo empreendedor é essencialmente uma pessoa criativa e ele utiliza essa qualidade em toda sua caminhada pois, muitas vezes, ela é a grande arma que ele tem para obter o sucesso. O empreendedor usa a criatividade em todo o seu processo de trabalho, desde o momento em que busca uma ideia como durante a sua montagem (estruturação conceitual ou modelagem), seu aprimoramento, seu planejamento e sua execução. Criar é uma das atividades mais úteis e frequentes de um empreendedor. A aliança da sorte com a criatividade pode ser um importante elemento de conquista por parte do empreendedor. Quer uma dica de conseguir isso em seus projetos? O segredo do sucesso é contar com a criatividade e torcer para que a sorte apareça, e não o contrário. Por isso, é importante que você, empreendedor, se esforce para obter o maior potencial criativo possível, pois se esta qualidade estiver presente em suas ações, ela servirá como um trevo de quatro folhas para atrair a sorte, ou pelo menos, afastar o azar! Leitura Obrigatória: CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor. Barueri/SP: Manole, 2012. Características do espírito empreendedor. p. 8 -11. No material digital, os professores falam mais sobre a relação entre sorte, criatividade e ação empreendedora. Tema 4: O CHA Empreendedor É nítida a necessidade de o empreendedor desenvolver todo um conjunto de habilidades e competências para poder fazer sua caminhada em busca da realização de seus sonhos/objetivos. Porém, isso não significa que sua ação só poderá começar quando ele estiver pronto, pelo contrário, boa parte desses requisitos serão adquiridos durante o seu caminhar. Considerando os desafios das mudanças pretendidas, o empreendedor precisa adquirir as seguintes características: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Obter maturidade e autoconhecimento para lidar com os elementos de ordem pessoal. Desenvolver a determinação e a autoconfiança que o motivará a seguir em frente, mesmo quando as coisas não saírem conforme o esperado. Ser proativo, agir antes dos problemas surgirem e trabalhar para que o nível de surpresas e desvios seja o mínimo em relação ao previsto. Ter a consciência de que as ações a serem desenvolvidas são de sua responsabilidade. Lidar com o paradoxo de superar e, ao mesmo tempo, respeitar os seus limites. Ou seja, você precisa se manter audaz, porém sem colocar em risco os objetivos maiores da sua caminhada. Também é preciso ter consciência de que a decisão de empreender tem implicitamente a ideia de estruturar algo novo, diferente e com um bom grau de inovação em seu conteúdo, forma e/ou estrutura. Podemos dizer que há dois perfis de empreendedor: o “mais um” e o “aquele um”. Empreendedor “Mais Um”: o empreendedor “mais um” se encontra limitado ao que já sabe e domina, oferecendo ao seu entorno elementos que outras pessoas também conseguem oferecer. Ele não possui um diferencial que os destaque dos demais e, portanto, precisa se sujeitar a lidar com um contexto altamente concorrido, com baixo potencial inovador e remunerado de modo elementar. Geralmente, deseja que as coisas a sua volta não mudem pois, para ele, mudança significa novas habilidades, novas competências, esforço acima da média e o risco da revelação de sua limitada capacidade. Por isso palavras como estabilidade, tradição e segurança estão na bandeira do empreendedor “mais um”, afinal, enquanto elas prevalecerem, ele poderá continuar oferecendo “mais do mesmo”, dentro de sua zona de conforto, aparentemente segura e perpetuável. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Empreendedor “Aquele Um”: o empreendedor “aquele um” se enquadra no perfil do “eterno aprendiz”, ou seja, é curioso, determinado e amigo do novo, do diferente, do inovador e da mudança. Seu comportamento inquieto e atrevido, aliado a uma prática de formação e informação, faz dele um elemento destacado no contexto em que atua, trazendo a tudo e a todos a possibilidade da mudança criativa e inovadora, tão desejada pelas organizações e mercados. As palavras que o guiam são: risco, inovação e instabilidade. Não teme o fracasso e o erro, pois sabe que são desses elementos que se seguiram muitas das transformações importantes da humanidade. Tem fé de que mesmo o fracasso é uma oportunidade, no sentido de que mais vale a aprendizagem com o erro do que o carregar da dúvida pelo que não foi feito. O “e se” é um peso que ele não deseja carregar. Sua perspectiva é de oferecimento de “mais do novo”, mesmo que isso demande muito esforço, estudo, dedicação e preparo. É cada dia mais nítido a necessidade de se agir (e pensar) conforme o perfil do empreendedor “aquele um”, seja como pessoa, projeto ou ação, pois o mundo cada dia dá menos valor e importância ao empreendedor “mais um”. A demanda hoje é por ações e pessoas que tragam o novo, com melhorias, ampliações, versatilidade, enfim, transformações de maior impacto possível. É importante notar que a postura desse tipo de empreendedor está se destacando cada vez mais, bem como seus desafios e demandas. Pois, um mundo competitivo, globalizado, tecnológico e altamente dinâmico tende a ignorar pessoas acomodadas, medrosas e pouco ativas e premiar quem melhor age sobre ele com criatividade e inovação. Portanto, ser um empreendedor é agir a cada dia com a confiança e determinação de quem está aprendendo sempre. Lembre-se que cada passo é uma forma de evolução, mesmo que este seja um passo mal dado. Comece a caminhar nesse processo e torne-se melhor a cada dia. Existe um CHA para o empreendedor? Veja bem, não estamos aqui falando dos deliciosos líquidos que tomamos quentes ou gelados, mas sim da sigla que em Administração significaa soma CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 das CAPACIDADES (saber), HABILIDADES (saber fazer) e ATITUDES (saber fazer acontecer) de uma pessoa. Com certeza há uma formação sistêmica desses elementos na identificação de um empreendedor. Primeiramente, não há como agir sobre um mercado sem saber os principais aspectos ao seu respeito. Ao adquirir esse conhecimento, o empreendedor agrega análises, reflexões e metodologias que lhe permitem identificar como agir em determinada situação. Depois de saber o que se quer fazer (e planejar como irá fazer), o empreendedor precisa agir para transformar esse plano em algo real. Ou seja, ele precisa saber fazer acontecer o que estabeleceu em seu planejamento. Portanto, ser um empreendedor é agir a cada dia com a confiança e determinação de quem está aprendendo sempre. Lembre-se que cada passo é uma forma de evolução, mesmo que este seja um passo mal dado. Comece a caminhar nesse processo e torne-se melhor a cada dia. Um empreendedor precisa ter determinação e energia e não pode perder o controle ou se deixar levar pelo sentimento, pois isso comprometeria sua visão e necessidade de ação sobre os problemas. Esse controle dos sentimentos demanda um autoconhecimento (saber) que o remete à reflexão (saber fazer) em momentos de crise, evitando que reações intempestivas e inadequadas minem a efetividade de suas ações (saber fazer acontecer). Observando desafios como o de implantar processos sinérgicos, definir e colocar em condições de uso uma estrutura tecnológica ou desenvolver ações na qual dissemina valores, ética e moral, podemos ver que há essa estreita e importante relação entre capacidades, habilidades e atitudes. Falhas nessa rede podem representar fracassos, más decisões ou mesmo ações desastrosas. É importante notar que esses elementos não são estritamente de caráter técnico, mas também de ordem gerencial e humana. Isso significa que, na prática empreendedora, eles se aliam para proporcionar ao empreendedor o esteio necessário para atingir, com o mínimo de percalços, as metas estabelecidas. Isso demonstra a importância da formação humana, gerencial e técnica do CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 empreendedor e a necessidade de se atingir a maturidade necessária nessas três frentes para que suas ações possam ser desenvolvidas com efetividade. Leitura Obrigatória: GREATTI, Ligia. Empreendedorismo – uma visão comportamentalista. Anais do IGEPE, Maringá, p.31 – 34, out. 2000. Acesse este artigo clicando no link a seguir. http://www.anegepe.org.br/edicoesanteriores/maringa/EMP2000-01.pdf Fique por dentro deste assunto assistindo à explicação do professor Henrique Castelo Branco no material online. Para saber mais: O vídeo, indicado a seguir, é uma propaganda sobre o empreendedorismo. Apesar de exagerada, a ideia retrata muitas questões relatadas, principalmente a presença do CHA (capacidade, habilidade e atitude). Confira! https://www.youtube.com/watch?v=Xbdu3ndzm2A Ouvir o empresário Sílvio Santos é sempre uma experiência altamente conectada ao empreender, não é mesmo? Assista com atenção ao vídeo indicado a seguir e perceba como o tema abordado se relaciona com o https://www.youtube.com/watch?v=CTOaajZX-qo Tema 5: O Perfil Empreendedor Existe um perfil que represente o empreendedor? Sim, é possível se falar de perfil empreendedor. Observando a prática empreendedora, podemos identificar alguns elementos que se destacam na ação deste profissional. De imediato, a importância do bom gerenciamento, já que a todo momento o empreendedor é desafiado a gerenciar pessoas, tempo, processos, planos, finanças, materiais, logística, tecnologias, etc. E ele não pode se eximir de tais questões, afinal, o negócio precisa que tudo isso funcione para chegar onde se deseja. É preciso gerenciar tudo ao mesmo tempo e de forma equilibrada, coerente e eficaz! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Aquele perfil do empreendedor extremamente criativo, sonhador, corajoso e perceptivo no início da ação empreendedora precisa, na ação gerencial, receber boas doses de razão, controle emocional, gestão de informações, boa tomada de decisão e gerenciamento claro e objetivo. Gerir uma ação empreendedora não é uma missão simples, nem rotineira, pois demanda constante atenção e determinação para manter e direcionar os processos administrativos. O grande desafio é exercer, ao mesmo tempo, os papéis de: empreendedor, gestor e técnico. Sendo que, o lado empreendedor proporciona boas ideias, visão, determinação e criatividade. Já o lado gerencial visa o planejamento, a organização das ações, dos recursos e das metas. E por fim, o lado técnico faz com que tudo que foi planejado seja executado. Características essenciais do empreendedor Na verdade, as características empreendedoras mudam conforme o local e o momento do negócio. Porém, de modo sintético, algumas delas indicam as ações necessárias para esse perfil. Com base no acróstico da frase “IR A CAMPO” podemos resumir as características essenciais de um empreendedor. Observe: "Ir a campo" I ➙ Inovar R ➙ Reger A ➙ Agir C ➙ Criar A ➙ Acreditar M ➙ Motivar P ➙ Persistir O ➙ Organizar Não podemos falar em empreender sem uma certa dose de inovação; muito menos, sem o exercício da gestão nas diferentes frentes do negócio que demandam um reger bem afinado. Também, a necessidade de agir e contribuir para que a mudança desejada aconteça é crucial. Além disso, em vários momentos a ação criativa será decisiva para o sucesso do empreendedor. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Não se esqueça que ter fé e acreditar que dará conta dos desafios (isso é importante para manter sua autoestima) e como nada é feito sozinho em termos de empreendedorismo, é essencial motivar sempre que possível os demais envolvidos nos projetos. Não se curve diante nos problemas, persista no que você acredita! Nem tudo acontece conforme o planejado, mas para evitar grandes erros, organize seus planejamentos e suas ações. Dentro da especificidade e complexidade das ações empreendedoras, outras características ganham magnitude e passam a ser relevantes, como: bom relacionamento interpessoal, empatia, liderança, competência técnica e ética. Todas elas também são úteis e desejadas! O importante é perceber quais são as demandas advindas para a realização de seu sonho e se preparar o máximo possível para dar conta delas! Aqui, novamente o lema de “eterno aprendiz” se realça na vida do empreendedor. Atenção: essa lista de características não tem como intenção te levar a acreditar que somente depois de atingir um certo grau de competência é que se será possível partir para a ação empreendedora. Não é isso! Apresentamos os elementos que circulam nas veias dos empreendedores para direciona-lo no aperfeiçoamento de suas ações. A ideia é que você conquiste cada uma dessas características e se torne um empreendedor de alto impacto e realização. Boa sorte! Leitura Obrigatória: A matéria, indicada a seguir, traz abordagens interessantes sobre as diferenças entre empreendedor e gestor, e as consequências das ações destes perfis. Vale a pena conferir! http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/as-diferencas-entre- o-empreendedor-e-o-gestor/65492/ Vamos ver o que os professores têm a dizer sobre este conteúdo? Acesse o material online. Para saber mais:CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 Para te inspirar na conquista de seus sonhos assista ao vídeo, disponível a seguir, que relata o fracasso e o sucesso de grandes nomes da humanidade. https://www.youtube.com/watch?v=rNIZnAhxe-k O filme “À Procura da Felicidade” (2006) demonstra a história de vida do empresário americano Chris Gardner um pouco antes de seu sucesso profissional. Procure refletir sobre o comportamento e perfil de sua personagem com os conteúdos trabalhados nesta rota. A seguir, indicamos o trailer deste filme. https://www.youtube.com/watch?v=-iTVANR4oC4 Na Prática Agora é a sua vez! Vamos considerar que você faz parte da equipe da área de pessoas de sua organização e foi desafiado a apresentar um projeto no qual se objetiva o aumento do espírito empreendedor nos colaboradores. De imediato, lhe foi solicitado que apresentasse 5 propostas de cursos, considerando que, em cada um deles, será trabalhado o desenvolvimento do potencial empreendedor dos envolvidos. a) Quais seriam esses 5 cursos? b) Que características do perfil empreendedor seriam trabalhados nesses cursos? c) De que modo esses cursos iriam trabalhar os elementos do perfil empreendedor? Reflita a respeito e monte a sua proposta! Confira os vídeos com as dicas e as resoluções dos professores no seu material digital. Síntese Esta aula teve o desafiante objetivo de apresentar o empreendedor, seu perfil, requisitos e características, além da sua evolução histórica, conceitual e contextual. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 Aprendemos que elementos como sorte, criatividade, capacidades, habilidades e atitudes permeiam as ações empreendedoras e que os agentes dessas ações precisar ser pessoas preparadas, dinâmicas, persistentes e capazes de solucionar problemas, contornar obstáculos, superar resistências e até mesmo inovar o contexto em que se encontram. Esses conhecimentos são de grande valia na formação do gestor, pois as características relatadas também estão presentes na boa gestão, aquela que incrementa a atuação de todos e obtém resultados. Referências ALVES, Altair. Contabilidade, Finanças e Empreendedorismo: a combinação perfeita para o seu sucesso. [Internet]. Santo Amaro/SP: Altair Alves. 2014, Maio. [citado em: 2015 Outubro 30] Disponível em: <<www.altairalves.com.br/blog/empreendedorismo-brasil-e-seus-principais- numeros >> CABRAL, Gabriela. Criatividade [Internet]. Mundo Educação, 2011 Fevereiro 22 [atualizado em 2015 Outubro 30]. 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Hoje vamos estudar sobre a importância da criatividade, seus conceitos, característica e as oportunidades que dela resultam no ambiente organizacional. Está pronto para começar? Então, vamos lá! “Pensamento criativo é a atividade mental que usa suas habilidades de pensamento para estabelecer relações novas e úteis ou soluções criativas a partir de informações que você já sabia. Aristóteles disse que todas as coisas provêm de alguma outra coisa, e esse é o propósito do pensamento criativo: tirar algo novo, único ou diferente de algo velho (WHELLER, 2002)”. Dessa observação de Wheller surgem as seguintes dúvidas: por que algo tão simples acaba se tornando tão complicado e muitas vezes difícil de ser praticado? O que nos faz resistir ou temer o pensamento criativo? Será que tememos por desconhecermos o que é ser criativo e pensar de modo criativo? Isso tem lógica! O ser humano tende a temer o desconhecido, mesmo que esse desconhecido possa lhe ser útil e importante. Para empreender, pensar de modo criativo é um insumo básico e indispensável. Portanto, nesta aula, vamos trabalhar o conceito de criatividade com o intuito de demonstrar que ser criativo “não dói”! Pelo contrário, quando exercitamos a criatividade acessamos elementos cerebrais ligados ao prazer. Então, vamos saber um pouco mais como esse exercício útil e prazeroso pode ser associado à ação empreendedora, dando a ela muito mais valor, originalidade e potencial de mercado. Para saber mais sobre o tema da aula, assista ao vídeo de introdução, disponível no material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Contextualizando Barreto (1997) diz que a criatividade surge à medida que se tem um problema. Quando o problema aparece, a criatividade se aproxima para nos ajudar a resolver aquestão. E quem não tem problemas? Por isso, conhecer mais sobre criatividade é algo importante, pois lidar com nossos problemas e encontrar as melhores soluções é um exercício pleno de criar. Somos capazes de fazer isso? Sim! Afinal, se chegamos onde chegamos é porque conseguimos lidar com uma infinidade de problemas, utilizando a criatividade para superá-los e evoluirmos. Sendo assim, não estamos falando de algo que não é de nosso domínio. Podemos inclusive dizer que a criatividade está dentro de todos nós. Só que não basta existir, é preciso saber onde ela está e como utilizá-la. Portanto, esta aula tem a seguinte missão: apontar o que é criatividade; qual sua utilidade; como pode ser acessada e desenvolvida; como associá-la a uma caminhada empreendedora; como torná-la preciosa em uma organização; a utilização da criatividade na percepção de oportunidades e como estas podem fazer diferença na vida dos empreendedores. A ideia é que, ao final de nossos estudos, você disponha de todos os conceitos e condições de aperfeiçoar ainda mais sua criatividade e estar com ela “afiada” para o passo seguinte, que é migrar de um momento criativo para um momento inovador. Problematização Entrar no mundo da criatividade implica em se ligar a um contexto complexo, sistêmico e altamente conectado. A criatividade é uma ação neural, porém, não é algo que acontece simplesmente. Pesquisando a respeito, foi possível encontrar a seguinte informação: A neuroimagem por ressonância magnética funcional mostrou que, enquanto a percepção sensorial é inconsciente, o processo de pensamento é uma função paralela e deliberada que envolve muitas áreas do lado superior do CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 córtex pré-frontal do cérebro, em especial às áreas associadas com a lembrança, a imaginação, a atenção e a consciência (MOROSINI, 2010). Essas descobertas construíram um contexto no qual se pode perceber o exercício criativo como sendo algo de caráter holístico, envolvendo experiências mentais com experiências reais, interações neurais com sociais, enfim é possível perceber que não se trata de um elemento racional, fruto apenas do consciente presente em nosso corpo e mente. Diante do exposto podemos afirmar que: I. A capacidade criativa depende de uma atenção de qualidade. II. As experiências mentais são determinadas pela nossa consciência e por nossas experiências reais. III. As possibilidades criativas são tantas quantas forem as informações e conhecimentos que lhes possam alimentar. IV. As experiências sociais pouco contribuem para o processo criativo por acontecerem fora do ambiente neural que gera os resultados criativos. Quais alternativas estão corretas? a. I, II apenas b. I, III e IV apenas c. II e IV apenas d. I, III apenas Feedback a. Resposta incorreta Dizer que as experiências mentais são determinadas pela nossa consciência e por nossas experiências reais é observar o processo criativo apenas pelo lado racional e concreto. Nossa criatividade é muito mais ampla do que isso. Podemos criar de algo irreal, inexato, inexistente, enfim, essa afirmação não é correta por serem CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 nossas experiências mentais bem mais amplas do que nos é fornecido pelo nosso contexto formal e racional. b. Resposta incorreta A ideia de que nossas experiências sociais pouco contribuem para o processo criativo por acontecerem fora do ambiente neural que gera os resultados criativos é uma inverdade, pois não é correto pensar que a criatividade só usa elementos internos em sua geração. Tudo que possa se tornar informação, conhecimento, experiência, tendo vindo de nosso ambiente interno ou externo, contribuem para nossa ação criativa. c. Resposta incorreta Ambas as alternativas estão incorretas. Dizer que as experiências mentais são determinadas pela nossa consciência e por nossas experiências reais é observar o processo criativo apenas pelo lado racional e concreto. Assim como a ideia de que nossas experiências sociais pouco contribuem para o processo criativo por acontecerem fora do ambiente neural que gera os resultados criativos é uma inverdade, pois não é correto pensar que a criatividade só usa elementos internos em sua geração. d. Resposta correta Somente as alternativas 1 e 3 estão corretas, pois não se pode afirmar que a atenção não é parte integrante do processo criativo e muito menos que o volume de informações e conhecimento não determinam o volume de criações que podemos fazer. Criar depende de atenção e ganha força em virtude da disponibilidade de informações e conhecimentos que ampliam o poder de sinapses e associações criativas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Os professores Elton e Henrique fazem comentários acerca da problematização apresentada. Acesse o material on-line e assista ao vídeo com bastante atenção! A importância da criatividade na ação empreendedora Vimos que o empreendedor deve procurar ser “aquele um”, ou seja, precisa se destacar dos demais, ter algo diferenciado, identificador e marcante para deixar de ser apenas mais um. Esse perfil, que o torna fora do comum, tem relação direta com sua capacidade criativa. Esse seu destaque vem de algo que ele percebeu ser novo, diferente, reforçador, ou seja, ele criou esse elemento diferenciador. Ele teve de ser criativo para se auto-inventar/diferenciar! Não dá para ser um empreendedor de destaque, de impacto e resultado sem o exercício da criatividade. Esta se faz presente e necessária em qualquer momento ou desafio da empreitada. É possível, inclusive, concluir que não há empreendedor que não seja criativo e, portanto, seria redundância se falar em empreendedor criativo! Essa simbiose de conceitos e características por vezes confunde o perfil do empreendedor com o do criativo. Apesar dessa proximidade excessiva, são questões que têm suas próprias definições, perfis e composições. Como já tratamos disso na aula anterior no tocante ao empreendedor, agora vamos mais fundo na questão da criatividade. Pense sobre as seguintes perguntas: ■ ■ O que poderia descrever melhor uma pessoa criativa? ■ ■ Pense em pessoas que você considera criativas e diga o que lhe fez identificar estas pessoas como sendo criativas? ■ ■ Após a reflexão, pense: a que resultado chegou? Agora, vamos ver se esses elementos que elencou durante a sua reflexão estão realmente conectados com o perfil do ser criativo. Continue a leitura! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Siqueira (2009) fez uma enquete na internet a respeito do perfil das pessoas criativas e o resultado apontou as seis características mais marcantes dos criativos. Fonte: Adaptado a partir de SIQUEIRA (2009) Desse material podemos entender que questões como flexibilidade, curiosidade, inconformismo, persistência, observação e conhecimento são elementos formadores da criatividade. Em uma abordagem mais lúdica, porem complementar a visão de Siqueira, foi montada as seguintes dicas em prol de uma formação mais criativa. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Fonte: os autores Percebe-se que a questão de ser criativo está relacionada a crenças, conhecimentos e atitudes. Crenças porque não se torna criativo sem desejar ou crer que isso vale a pena e que somos capazes de sermos! Conhecimentos porque não dá para criar sem um acervo de informações e conhecimentos nos apoiando no processo criativo! Atitudesporque criatividade não é teoria, é prática! A caminhada entre o empreendedor e o seu sonho é composta por degraus que requerem um exercício constante da criatividade, dentro de seus requisitos cognitivos, de personalidade, de comportamento e de prática. Por isso não se pode dissociar a ação empreendedora da competência criativa. Ela é a energia que sempre será consumida pelo empreendedor em sua trajetória em busca do cumprimento de seus sonhos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Importante é ter em mente que, quando se fala em ação empreendedora, estamos encaixando tal ação à qualquer atividade humana que tenha como objetivo o alcance de uma situação diferente no futuro. Assim, pensar em criatividade significa vinculá-la a questões pessoais, sociais, econômicas, artísticas, enfim, onde existir ação humana em busca de mudanças e transformações, existirá a necessidade da criatividade. Organizações que buscam se perpetuar e manter presença no mercado precisam que a criatividade lhes dê a centelha da mudança e adaptação para que permaneçam competitivas e participativas. Em resumo, podemos dizer que exercitar a criatividade é elemento decisivo para a vida das pessoas, grupos, organizações, governos, sociedade, países e até mesmo para o planeta. Leitura obrigatória Leia, no capítulo 2 do livro A Caminhada Empreendedora (pág. 53 a 58), a parte que aborda a questão da criatividade integrada ao empreendedorismo e à liderança e como ela se desenvolve. Acesse a Biblioteca Virtual! Para complementar seus estudos, faça uma leitura do post “A rotina de famosos criativos” e reflita sobre a prática criativa de pessoas famosas e reconhecidas como verdadeiros criativos. http://www.updateordie.com/2014/08/28/rotina-de-famosos-criativos/ CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Também sugerimos que assista às seguintes palestras do canal TEDx Talks: https://www.youtube.com/watch?v=mz95o6L_hFK https://www.youtube.com/watch?v=OYVgmlv4Oo0 Agora, acompanhe as explicações dos professores Elton e Henrique no vídeo que está disponível no material on-line. Aproveite para tirar suas dúvidas! Conceitos e características da Criatividade Há coisas que em termos de definição, não há consenso. Uma delas é a de criatividade. Talvez porque os autores das definições acabam sendo muito criativos, ou porque se trata de um tema com tantas conexões e usos, que uma definição única nunca satisfaz. Porém, estamos aqui para trabalhar esse tema dentro do contexto do empreender, inovar e ser feliz. Sendo assim, vamos começar a conceituação a contar da seguinte esquematização: Fonte: ME EDUQUE (2010) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Essa é uma abordagem interessante, pois nos remete ao conceito de que criar é algo que tem de ter alguma utilidade. Se não for útil, não merece nosso esforço criativo. Em termos de empreender e inovar, tudo bem. No entanto, se considerarmos a arte, por exemplo, não podemos fazer essa conexão entre criatividade e utilidade de modo tão direto e claro. Não se trata de achar que arte não tem utilidade, mas sim de demonstrar que não se começa um processo criativo sem um fim ao qual essa criação será útil. Porém, além de útil, a criação precisa ser inusitada. Lógico! Se criarmos algo que já existe, é conhecido, está pronto, não estamos falando de criatividade, mas de cópia! Criar demanda impõe a inserção de algo novo, diferente, incremental ou até mesmo revolucionário! Mas do que precisamos para criar algo útil e inusitado? Existe uma séria de capacidades para que isso aconteça, todas elas bastante coerentes, já que para sair da mesmice e alcançar o diferente, teremos de exercitar ações em busca disso, sem nos apegar a conceitos, preconceitos, padrões, crenças arraigadas, pontos de vista viciados, sem nos mantermos presos ao contexto em que se está. Enfim, criar envolve uma prática alicerçada em diferentes comportamentos, e estes foram bem enunciados no esquema apresentado anteriormente. Há, contudo, outras definições que diferem muito dessa que foi apresentada. Osho (1993) nos remete a uma definição bem mais filosófica: “a criatividade é divina e está na essência do homem. Além de ser natural, é a própria saúde da pessoa. Sem ela a pessoa não está verdadeiramente viva”. Veja que nessa visão a criatividade não está relacionada a um conjunto de capacidades a serem desenvolvidas, mas sim a algo que está em nossa essência, mais do que isso, algo que representa nossa própria saúde. Sem criatividade estamos doentes! Se refletirmos um pouco, poderemos observar que realmente os momentos mais criativos nossos, quase sempre são momentos prazerosos, interessantes, que consomem nossa atenção, vontade e capacidade CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 de um modo intenso, pois é algo tão “gostoso” que deixando de perceber o tempo ou mesmo outras demandas. Entretanto, há autores que não acreditam que o prazer é o fator que nos remete à criatividade. Para Barreto (1997), o que nos faz ser criativos são os problemas. Segundo ele, criamos para resolver problemas e pode até ser que isso nos remeta a momentos prazerosos, mas, de modo geral, trata-se mais de uma necessidade do que um desejo. Fonte: Barreto (1993) Interessante observar que o autor nos diz que criatividade de verdade, aquela que efetivamente obedece a todos os critérios de um exercício criativo, só é útil em 1% dos casos em que se está buscando soluções para problemas. Em quase todas as situações, uma análise mais lógica e racional será suficiente para superar a questão. Mas, o que o mercado quer de verdade é ter disponível aquele profissional que é capaz de resolver esse 1% de problemas. São esses que valem ouro, pois acabam trazendo ao mundo algo diferente, inusitado, útil e inovador. E para ser o profissional 1% é preciso uma capacidade criativa não somente real, mas também bem desenvolvida. Hargrove (2006) complementa o que já comentamos, lembrando que criar é fazer conexões e isso, muitas vezes, vem de ligações estranhas, fora do esperado, desconexas e sem lógica. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Quando Gandhi uniu o pacifismo com o exercício do protesto, parecia algo antagônico, porém, se mostrou uma grande estratégia que resultou na independência da Índia. Quando fizeram a frigideira com teflon que não deixava a comida grudar, foi um grande sucesso! No entanto, pensar em um ferro de passar roupa usando esse mesmo princípio parecia ser “loucura”, mas não era. Quando a marca Zara disse que faria mais de 100 lançamentos por ano em um ramo no qual se fazia apenas um lançamento por estação (quatro por ano), foi dito que ela deveria “estar de brincadeira”, pois isso não só era impossível como também sem sentido em um mercado acostumado a quatro lançamentos anuais. Mas assim foi feito e tornou-se uma das marcas que mais cresceram nas últimas décadas, graças em parte a essa ousadia. Aqui surge um ponto inquietante: se criar é tão bom, prazeroso, necessário, útil, lucrativo, etc., por que então as pessoas não são super criativas? É fato que, se perguntar a um grupo de pessoas se elas são criativas, uma boa parte dirá que é pouco criativa e outra, que não é criativa. Talvez um ou dois se digam medianamente criativos ou mesmo criativos acima da média. Por que isso acontece? É um grande paradoxo, não é mesmo? Clique no botão a seguir para saber mais! Um autor clássico no estudo da criatividade, Oech(1988), nos traz um pouco de luz a esse respeito ao dizer que todos nós somos vítimas de um processo de afastamento de nossa essência criativa. Ele argumenta que nascemos muito criativos e à medida que desenvolvemos nossa educação familiar, estudantil e social, vamos criando bloqueios, barreiras, obstáculos e justificativas para que não sejamos mais tão criativos quanto éramos quando criança. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Fonte: Barreto (1993) A nossa prática perante a realidade que vivemos acaba nos remetendo à busca de soluções para os problemas que utilize pouco ou quase nada de nossa base e essência criativa, pois para nós são áreas difíceis de serem acessadas. Entre nossa prática do dia a dia e essa fonte criativa, foram criadas várias camadas isolantes nas quais temos dificuldade de transpor. Uma delas é o conformismo, na qual alegamos não ser criativos e “o que fazer a respeito? Não somos e pronto, acabou!”. Temos também a rotina de atitudes não criativas: praticamos tanto o não ser criativo que passamos até a acreditar que não existe uma prática contrária. Há ainda o desinteresse: deixamos de nos interessar pelo assunto criatividade, pois ele se torna tão distante de nós que até esquecemos que ele existe. Outra camada importante é a da racionalização. Como resolvemos muitos problemas apenas com o uso da razão, deixamos de ir em busca de soluções mais interessantes e criativas, ficando satisfeitos com o que aparecer em nossa lógica usual. Uma barreira de ordem emocional – a insegurança - também surge na medida em que a prática criativa é expositiva. Em outras palavras, quando CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 estamos exercitando a criatividade ficamos mais sujeitos a críticas, chamadas de atenção ou mesmo comentários do tipo “você está ficando maluco?”. Por fim, surge a mistificação, ou seja, criamos o mito de que não somos criativos e que em relação a isso não há o que fazer. Mas Oech (1988), além de nos apontar o problema, também indica a solução! Ele descreve dez bloqueios mentais mais comuns e como podemos lidar com eles: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Toda vez que um bloqueio desses aparecer em nosso cotidiano, nossas barreiras criativas tendem a aumentar. Cabe a nós conhecê-las e toda vez que surgirem circunstâncias em que elas desejem se fazer presentes, entramos em combate com elas, resistimos e fazemos o contrário do que elas querem! Veja a seguir: ■ Achamos a resposta certa? Que ótimo! Anote-as e vá em busca de outras respostas certas! Quem disse que a primeira resposta certa que aparece é a melhor? O que alguém falou não tem lógica? Tudo bem! Pensar que o homem um dia iria voar também não tinha lógica até o surgimento do avião! ■ Há normas a seguir? OK! Mas há pontos nelas a serem melhorados, então vamos questioná-las! Precisamos ser práticos? Não! Precisamos ser criativos e isso não significa que não estamos sendo práticos. São inúmeros os casos de soluções criativas que vieram de inspirações nada práticas! ■ Evitar ambiguidades? Por quê? Algo pode ser uma coisa e ao mesmo tempo ser outra coisa. Qual o problema? Nosso celular é telefone, agenda, câmera fotográfica, filmadora, computador pessoal, enfim, viva a ambiguidade! ■ Não podemos errar? O que é um erro se não um passo em direção ao acerto? Há empresas que dão tanto valor ao acerto quanto ao erro, pois sabem que colaboradores que já erraram e não foram punidos se tornaram excelentes profissionais, mais produtivos, audazes e indutores da criatividade. ■ Brincar é falta de seriedade? Equívoco! A pessoa que brinca é flexível, relaxada e aberta ao seu entorno. Está bem-disposta, alegre e deseja que isso contagie a todos. Sabendo que a criatividade pede esse estado de espírito para se manifestar, vamos brincar sim! Afinal, brincar é coisa séria! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 ■ Isso não é da minha área? Por que temos de ficar presos a uma área? Vamos aceitar diferentes olhares, opiniões, conceitos, referências etc. A diversidade é que enriquece as possibilidades criativas. ■ Não seja bobo? Bobo é quem guarda para si algo que deveria estar sendo compartilhado! Afinal, uma brincadeira aparentemente sem sentido pode ser a semente de uma solução inusitada. Um carrapicho que incomodou centenas de pessoas foi uma fonte inspiradora para uma delas, a ponto de ter inspirado a criação do velcro. ■ Por fim, dizer que não é criativo é reforçar o maior de todos os bloqueios mentais. Afinal, quando falamos algo, nosso cérebro recebe essa mensagem como uma ordem e passa a segui-la. É o que nos ensina a neurolinguística, então devemos respeitar isso e parar de afirmar que não somos o que somos, que não temos o que temos e que não conseguimos o que temos condições plenas de conseguir. Reveja sua fala e estará revendo seu cérebro, suas crenças, padrões e competências! Então está na hora de quebrar os bloqueios! Rever suas práticas, suas falas, seus comportamentos, enfim, está na hora de começar a libertar aquela pessoa criativa, feliz e dinâmica que foi aprisionada dentro de você e começar a brincar de ser criativo. Em casa, na família, no trabalho, no lazer, na vida! Incorpore a seu espírito empreendedor todo esse potencial criativo que está dentro de você pedindo passagem para trazer ao mundo ideias interessante, úteis e diferenciadas! Leitura obrigatória A seguir, leia, reflita e exercite os ensinamentos repassados por Oech (1988), entre as páginas 75 e 85 de seu livro, no capítulo que ele designa como sendo “Intervalo”. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Acesse o site Guia do Estudante e faça o teste: Qual é o seu nível de criatividade? http://guiadoestudante.abril.com.br/testes-vocacional/qual-e-o-seu-nivel- de-criatividade-519911.shtml Para complementar seus estudos, leia o texto a seguir sobre algumas coisas que as pessoas criativas fazem diferente: http://www.brasilpost.com.br/2014/03/12/caracteristicas-pessoas- criativas_n_4948909.html Muito interessante, não é mesmo? Aproveite para se aprofundar um pouco mais nesses conhecimentos, assistindo ao vídeo que os professores Elton e Henrique prepararam para você! Acesse o material on-line! O elo entre a criatividade, o empreendedor e a organização Depois de falarmos sobre o empreendedor e a criatividade, é importante fazer uma relação mais clara sobre o elo de cada um deles para com as organizações. Lembrando que organizações são todos os tipos de instituições que atuam visando o cumprimento de seus objetivos mediante a ação de pessoas. Ao se vincular a uma organização, qualquer pessoa, em especial o intraempreendedor, passa a ser um agente em prol dos resultados desejados por essa organização. Espera-se que a ação humana seja sinérgica, sistêmica e qualificada, contribuindo para que se chegue o mais próximo possível das metas, ou mesmo que as supere. Porém, na realidade nem sempre é o que se vê na prática. É comum encontrarmos ambientes organizacionais em que impera a competição entre pessoas, equipes e setores, nem sempre contribuindo para os objetivos gerais. Contextos de verdadeira guerrilha, desinformação, sabotagens e atitudes egoístas ou setorizadas acabam comprometendo a produtividade, lucratividade e, em alguns casos, a própria sobrevivência das organizações. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Isso ocorreno ambiente interno, pois no entorno das organizações observam-se contextos semelhantes na disputa entre concorrentes, fornecedores e outros elementos. Há a interferência do sistema financeiro, das instituições governamentais, das leis e dos competidores de outros países que também causam tumulto à evolução das organizações, dificultando o cumprimento de suas metas. Também nesse ambiente, há pessoas nem sempre éticas, concorrentes imorais, regras que são pouco justas e procedimentos ilegais. As organizações precisam aprender a atuar tanto no contexto interno quanto externo e buscar caminhos para evoluir e crescer, considerando que, em muitos casos, as variáveis não são controláveis. O grande aliado das organizações no enfrentamento de tantos fatores desestabilizadores são as práticas de seus colaboradores. As organizações precisam criar condições, estruturas, culturas e climas que possibilitem a ação correta e efetiva de seus funcionários para obter melhores resultados. Aí entra a Altos impostos Legislações Concorrentes Fornecedores Importações Novas Tecnologias Falta de ética Monopólios Dumping Corrupção Egoísmo Etc. METAS CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 questão da liderança e do empreendedorismo, pois uma boa brigada de intraempreendedores, bem articulada e respaldada, tende a ser suficiente para lidar contra um exército de inimigos, sejam eles econômicos, sociais, culturais, comerciais, éticos ou educacionais. É interessante observar que uma organização, em sua fase inicial, recebe energia empreendedora de seu fundador, sendo este capaz de energizá-la, direcioná-la e fazer sua gestão sem precisar de muita ajuda externa a si mesmo. Porém, com o crescimento da empresa, aumenta-se também sua complexidade, demandas, relações, desafios, e continuar contando apenas com a energia do fundador passa a ser um risco. A energia empreendedora precisa crescer junto com a empresa e isso significa que “empreender” não pode mais ser uma ação advinda de apenas uma pessoa, mas sim de várias, se possível, de todas. Segundo Montenegro, em artigo disponibilizado no site do SEBRAE, o intraempreendedorismo é indispensável para as empresas já estabelecidas e com certo grau de crescimento, pois recria a cultura empreendedora interna. Nesse contexto, segundo ele, o ambiente intraempreendedor deve possuir as seguintes características: ■ A empresa opera nas fronteiras da tecnologia; ■ Novas ideias são encorajadas; ■ Não há parâmetro para a oportunidade; ■ Abordagem de equipes multidisciplinar; ■ Patrocinadores e defensores do modelo; ■ Apoio da alta administração. Observando essas seis características, fica bem claro o quanto colaboradores empreendedores e criativos são necessários às organizações. Vamos analisar essas características para entender melhor essa questão, observe a tabela a seguir: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Saber lidar com o real contexto, considerando suas ameaças e oportunidades, questões corretas e incorretas, potencialidades e limitações, faz parte do perfil ideal de colaboradores que, atuando com o apoio de seu espírito empreendedor e criativo, são capazes de fazer a diferença e alcançar as metas desejadas. Tal aproveitamento de potencial é responsabilidade constante da alta direção que deve organizar os elementos sob sua tutela de modo coerente, integrando pessoas, processos, tecnologias, recursos, parcerias e estratégias. Além disso, é necessário criar uma “personalidade” empresarial que considera como desejáveis fatores como atitude, curiosidade, aderência ao risco, aceitação do erro, exercício da criatividade e, ao mesmo tempo, limita ou elimina questões como ilegalidade, imoralidade, falta de ética, egoísmo, falta de senso de equipe, enfim, será a formação de uma organização sadia e voltada para a ação criativa e empreendedora que irá fazer com que floresça as características comentadas no quadro anterior. Deriva dessa constatação a mudança de perfil do líder personalista para o de uma liderança profissional. Nesse trânsito, a figura do líder fundador tende CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 a ser alterada para a de líderes curadores. Curador no sentido de cuidador, de incentivador, de orientador e motivador. Veja a imagem a seguir: O líder curador se dedica a seu papel estratégico, observando mais o entorno e contexto de negócios que o ambiente interno, mas se cerca de bons gerentes para que estes façam o devido papel tático de realização de metas, sem se afastarem do ambiente interno e de sua função de inspirar, ouvir, motivar e orientar a organização e sua força de trabalho. Essa ação do líder é que ajudará na construção de um clima adequado para o exercício do espírito criativo & empreendedor, elemento-chave para a sobrevivência e sucesso das organizações. Portanto, não basta querer colaboradores criativos e empreendedores. As organizações precisam se estruturar para poder não somente ter esse precioso colaborador como também criar uma cultura adequada à ação deste elemento humano, respaldado por condições materiais, tecnológicas, operacionais e gerenciais. Esse é o desafio lançado a todas as organizações! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 Leitura obrigatória Leia as páginas 96 a 103 do livro Empreendedorismo, de Paulo Sertek, disponível na Biblioteca Virtual. E para complementar seus estudos sobre este tema, sugerimos que assista aos seguintes vídeos: https://www.youtube.com/watch?v=xY6Og5wQdF0 https://www.youtube.com/watch?v=NWFIXfe8ii0 Para aprofundar seus conhecimentos ainda mais, acompanhe ao vídeo a seguir com as explicações dos professores Elton e Henrique. Acesse o material on-line! A identificação de oportunidades “A palavra oportunidade vem de um nome de um vento. Os romanos tinham hábitos de nomear os ventos. Um dos ventos que apreciavam era chamado de Ob Portus, vento oportuno. Estes ventos levavam as embarcações para os portos.” Cortella (2007) É sempre aconselhável iniciar uma abordagem sobre um tema analisando a etimologia do mesmo, ou seja, a origem da palavra que dá nome ao tema. No caso de oportunidade, é interessante notar que a mesma está relacionada às forças que impulsionam uma situação (um empreendimento, por exemplo) para frente. Isso é algo muito relevante quando remetemos esse sentido para o contexto dos empreendedores e organizações. Na imagem a seguir, podemos entender melhor essa analogia. O barco representa os recursos, ou seja, tudo aquilo que a organização precisa para “navegar”. As pessoas são os condutores do barco “organização”. O destino é o porto seguro onde a organização quer atracar e que foi definido graças aos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 24 ventos que lhe possibilitaram escolher esse destino, ou seja, a oportunidade vislumbrada. As estratégias são os meios definidos pelas pessoas do barco para chegar ao porto e o mar é o mercado, com suas flutuações, tempestades e momentos de paz, que também recebe a navegação dos outros barcos, o dos concorrentes. Aqui vale aquela antiga afirmação de Sêneca: “Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir”. A oportunidade é que ajuda as organizações a dar o norte de suas ações, alimenta a bússola dos negócios para que se direcionem os recursos e estratégias em busca do ponto de chegada desejado.
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