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PROCESSUAL PENAL DESMEMBRADO - AULA 00/11

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Aula de Apresentação – PF – 2013 
Direito Processual Penal – Teoria e Exercícios Comentados 
 
Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 
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Aula de Apresentação - PF - 2013 
Direito Processual Penal – Teoria e Exercícios Comentados 
 
 
Olá amigos, 
 
Inicialmente gostaria de manifestar minha felicidade em fazer 
parte de seu projeto profissional e espero ser um auxiliar presente 
em sua caminhada para a vitória. 
 
Meu nome é Pablo Farias Souza Cruz, atualmente advogado e 
professor de Processo Penal, Direito Penal e Direito Constitucional nas 
Faculdades Doctum e Estácio de Sá de Juiz de Fora, onde também 
tive a grata experiência como professor da UFJF - Universidade 
Federal de Juiz de Fora/MG -, minha cidade por adoção1, onde 
também leciono em vários cursos preparatórios para concursos desde 
o ano de 2007. Atuo ainda como professor em cursos preparatórios 
virtuais sediados na cidade do Rio de Janeiro, meu grande recanto 
familiar e também profissional. 
 
Desde minha formação acadêmica, foquei meus estudos para 
área pública, sendo brindado, ainda antes de minha colação de grau, 
com a aprovação para o cargo de Delegado de Polícia no concurso da 
Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, promovido em 2005. 
 
 
1 Pois, apesar de brasileiro nato, nasci na cidade do Panamá situada no país Panamá na América Central. 
Sendo filho de pais brasileiros, fui registrado na Embaixada Brasileira e vim para o Brasil ainda bebê, 
com apenas dois anos de idade. Morei no Rio de Janeiro por toda minha infância e me mudei para Juiz de 
Fora na adolescência, onde, hoje, felizmente, construo minha vida com minha esposa e minha cadelinha. 
 
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Direito Processual Penal – Teoria e Exercícios Comentados 
 
Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 
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Minha experiência como Delegado de Polícia contribuiu para o 
meu ingresso na carreira docente, o que, rotineiramente, tem me 
dado ótimos frutos, como a aprovação de vários de meus alunos em 
concursos, principalmente nas áreas policial (nível médio e superior) 
e jurídica como para o Exame da Ordem dos Advogados do Brasil e 
para os Tribunais Regionais Federais e de Justiça desse nosso país 
continental. Quem já ministrou aulas sabe bem como é gratificante 
ter um aluno logrando aprovação em concursos públicos, pois a 
vitória dele é também a nossa vitória. 
 
Outra felicitação (outro fruto) é a de que, muito em breve, no 
início do ano de 2013, terei minha obra de Direito Processual Penal 
publicada pelo Grupo Gen, respeitado grupo editorial do qual fazem 
parte a tradicional editora Forense, e a inovadora editora Método. A 
obra será intitulada: Processo Penal Sistematizado e está em fase de 
conclusão editorial. 
 
Para você, estudante, leitor, candidato, conhecer melhor o 
expositor da presente aula, apresentarei, logo abaixo, um breve 
currículo com os dados que reputo mais interessantes para a 
aproximação de nossa relação e o ajustamento do nosso trabalho. 
 
Antes, porém, parafraseando meu amigo e professor Décio 
Terror, lembro que: Críticas ao material e à abordagem do professor 
são sempre bem-vindas e não há qualquer melindre em recebê-las, 
mesmo porque o foco é seu aproveitamento e Você tem todo o direito 
de sugerir, questionar, solicitar mais explicações, mais questões etc. 
 
 
 
 
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Bom, nosso propósito aqui é expor os pontos primordiais do 
Processo Penal, necessários para sua aprovação no concurso para o 
cargo de Delegado da Polícia Federal. Assim, exporemos nossas aulas 
com base no edital atual (Cespe 2013). 
 
A programação será a seguinte: 
 
Processo Penal para o cargo de Delegado Federal da 
Polícia Federal. 
Pablo Farias Souza Cruz 
Professor de Ciências Penais e Direito Constitucional das 
Faculdades Doctum e Estácio de Sá. 
2009 – 2011 Professor de Processo Penal e Prática Penal da 
Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF/MG. 
Professor de Direito Constitucional, Direito Penal e Processo Penal em 
cursos preparatórios de Juiz de Fora/MG e Rio de Janeiro/RJ. 
Professor de Direito Penal e Processo Penal do 
Ponto dos Concursos no curso Discursivas OAB. 
Advogado e Consultor Jurídico. 
Pós-Graduado em Ciências Penais pela 
Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF- (MG). 
2006 - 2007 Delegado de Polícia em Minas Gerais. 
Outras informações importantes: 
A) 22/01/2006 19/05/2006 Curso de Formação de Delegado da Policia Civil do Estado 
de Minas Gerais. Portaria Nº 005/ACADEPOL/PCMG/2006 - Concurso Público - Provimento 
2005/1 Delegado de Polícia, 
(http://www.sesp.mg.gov.br/internas/concursos/iConcursos.php). 
B) 06/2006 Aprovado em Concurso Público para o cargo de Delegado de Polícia em Minas 
Gerais. 
C) 02/2007 Aprovado em Concurso Público para o cargo de Analista Judiciário da Justiça 
Federal do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (Disponível em: 
http://www.fcc.telium.com.br/concursos/trf1r106/lista_redacao/MG/habs_class_cidade_carg
o_reda_Juiz_de_Fora.pdf publicado no Diário Oficial da União - Seção 3, de 28/02/2007). 
D) 03/2007 Aprovado em Concurso Público para o cargo de Analista Processual do Ministério 
Público Federal (Disponível para consulta pelo CPF em: 
http://www.concursosfcc.com.br/concursos/mpund106/result/index.html) Edital Publicado no 
Diário Oficial da União, edição de 30 de março de 2007. 
E) Aprovado no 3º Concurso Público para o cargo de Defensor Público da União em 16 de 
maio de 2008, resultado disponível em: http://www.cespe.unb.br/concursos/DPU2007 - 
subjudice. 
Endereço para acessar o CV do autor: http://lattes.cnpq.br/6411695844676609 
 
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Aula de Apresentação: Inquérito policial. Histórico, natureza, 
conceito, finalidade, características, fundamento, titularidade, formas 
de instauração, notitia criminis; delatio criminis, procedimentos 
investigativos, conclusão e prazos. 
Aula 1: Inquérito policial - Continuação... Valor probatório; 
indiciamento; garantias do investigado. 2.2 Atribuições da polícia 
federal na persecução criminal: Lei nº 10.446/2002; 1 Direto 
processual penal. 1.1 Princípios gerais, conceito, finalidade, 
características. 1.2 Fontes. 1.3 Lei processual penal: fontes, eficácia, 
interpretação, analogia, imunidades. 1.4 Sistemas de processo penal. 
Aula 2: 3 Processo criminal: finalidade, pressupostos e sistemas. 4 
Ação penal. 4.1 Conceito, características, espécies e condições. 4.2 
Sujeitos do processo: juiz, Ministério Público, acusado e seu defensor, 
assistente, curador do réu menor, auxiliares da justiça, assistentes, 
peritos e intérpretes, serventuários da justiça, impedimentos e 
suspeições. 
Aula 3: 5 Juizados especiais criminais: aplicação na justiça federal. 6 
Termo circunstanciado de ocorrência; atos processuais; forma, lugar 
e tempo. 7 Provas. 7.1 Conceito, objeto, classificação e sistemas de 
avaliação. 7.2 Princípios gerais da prova, procedimento probatório. 
7.3 Valoração. 7.4 Ônus da prova. 7.5 Provas ilícitas. 
Aula 4: 7.6 Meios de prova: perícias, interrogatório, confissão, 
testemunhas, reconhecimento de pessoas e coisas, acareação, 
documentos, indícios. 7.7 Busca e apreensão: pessoal, domiciliar, 
requisitos, restrições, horários. 
Aula 5: 8 Prisão. 8.1 Conceito, espécies, mandado de prisão e 
cumprimento.8.2 Prisão em flagrante. 8.3 Prisão temporária. 8.4 
Prisão preventiva. 8.5 Princípio da necessidade, prisão especial, 
liberdade provisória. 8.6 Fiança. 
Aula 6: 9 Sentença criminal. 9.1 Juiz, Ministério Público, acusado e 
defensor, assistentes e auxiliares da justiça. 9.2 Citação, intimação, 
interdição de direito. 9.3 Processos dos crimes de responsabilidade 
dos funcionários públicos. 9.4 Sentença: coisa julgada, habeas 
corpus, mandado de segurança em matéria criminal. 
 
 
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Aula 7: Jurisdição; competência; conexão e continência; prevenção; 
questões e procedimentos incidentes. 2.3 Competência da justiça 
federal, dos tribunais regionais federais, do STJ e do STF, conflito de 
competência. 
 
Aula 8: 10 Processo criminal de crimes comuns. 10.1 Tráfico ilícito e 
uso indevido de substâncias entorpecentes (Lei nº 11.343/2006). 
10.2 Crime organizado (Lei nº 9.034/1995). 10.3 Crimes contra o 
sistema financeiro nacional (Lei nº 7.492/1986). 10.4 Crimes contra a 
ordem econômica e tributária e as relações de consumo (Lei nº 
8.137/1990). 10.5 Lavagem de dinheiro (Lei nº 9.613/1998). 10.6 
Crimes hediondos (Lei nº 8.072/1990). 10.7 Crimes resultantes de 
preconceitos de raça ou de cor (Lei nº 7.716/1989). 10.8 Crimes de 
tortura (Lei nº 9.455/1997). 10.9 Crimes contra o meio ambiente (Lei 
nº 9.605/1998). 10.10 Crimes de responsabilidade (Decreto-Lei nº 
201/1967, Lei nº 1.079/1950 e Lei nº 8.176/1991). 10.11 Crimes 
falimentares (Lei nº 11.101/2005). 10.12 Crimes nas licitações e 
contratos da administração pública (Lei nº 8.666/1993; Lei nº 
12.037/2009). 
Aula 9: 11 Interceptação telefônica (Lei nº 9.296/1996). 12 Direito 
de representação e processo de responsabilidade administrativa civil 
e penal nos casos de abuso de autoridade (Lei nº 4.898/1965). 13 
Estatuto do desarmamento (Lei nº 10.826/2003). 14 Apresentação e 
uso de documento de identificação pessoal (Lei nº 5.553/1968). 15 
Código de Proteção e Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990). 16 
Estatuto do Índio (Lei nº 6.001/1973). 17 Estatuto da Criança e do 
Adolescente (Lei nº 8.069/1990). 18 Código Eleitoral (Lei nº 
4.737/1965). 19 Execução Penal (Lei nº 7.210/1984). 20 Juizados 
especiais criminais (Lei nº 9.099/1995). 
 
Estabelecida essas premissas, vamos ao conteúdo, vamos ao 
estudo introdutório do Inquérito Policial, grande tema, de incidência 
obrigatória nos questionamentos elaborados pelos examinadores dos 
concursos da área jurídica, mormente na área policial. 
 
 
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Aula de Apresentação: 
2 Inquérito policial. 
2.1 Histórico, natureza, conceito, finalidade, características, 
fundamento, titularidade, formas de instauração, notitia 
criminis; delatio criminis, procedimentos investigativos, 
conclusão e prazos. 
 
Inquérito Policial 
 
Praticada uma infração penal, nasce para o Estado o dever-
poder de punir adequadamente o autor da infração. Para que tal 
punição ocorra, o Estado deverá proceder uma apuração criteriosa 
para somente exercer a jurisdição em relação àquele que 
supostamente é o sujeito ativo da infração penal. Desse modo, para 
iniciar a apuração dos delitos que ocorrem em nosso território haverá 
um conjunto de atos destinados à elucidação do fato delituoso, o que 
costuma ser realizado, em sua maior parte através do inquérito 
policial. 
O inquérito policial é algo anterior ao processo, pois serve como 
filtro mínimo, antecipando um juízo de plausibilidade jurídico sobre o 
crime (infração penal), de modo a permitir que só chegue ao 
judiciário aquilo efetivamente tenha aptidão para movimentar a 
maquina judiciária de forma útil, evitando desperdício de tempo e de 
dinheiro estatal. 
Percebe-se, então, que o inquérito policial é uma, somente 
uma, das formas de se fazer investigação preliminar, mas, ao mesmo 
tempo, a mais comum delas, justamente por ter tratamento legal 
expresso no Código de Processo Penal. Desse modo, conforme se 
observa em outras disciplinas, outras investigações podem instruir 
 
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uma ação penal, como um CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) 
um procedimento administrativo da receita federal, uma auditoria do 
Tribunal de Contas da União e etc. 
 
Histórico 
 
Antes de definirmos inquérito policial, tecnicamente, devemos 
noticiar, ainda que brevemente, sua origem histórica. Isso porque 
verificamos, nos editais mais recentes das carreiras jurídicas (policiais 
com maior evidencia) a presença do tópico: “Histórico”. Por outro 
lado, percebemos uma carência, até mesmo nos manuais de processo 
penal, de tratamento a respeito do tema, razão pela qual passamos a 
expor tópicos que entendemos mais prováveis de cobrança a respeito 
do assunto em provas objetivas (mais ainda dos trechos que 
negritamos). Assim, vejamos: 
 
 “O inquérito policial não encontra registro nas 
Ordenações Filipinas e nem nas anteriores. 
Assim, no século XVII não se fazia distinção entre 
polícia judiciária e polícia administrativa. Ademais a 
própria função judiciária se misturava à função policial 
conforme se observa nos códigos medievais. 
O Código de Processo Criminal do Império, datado 
de 1832, não tratou formalmente do inquérito. 
Desse modo, costuma-se atribuir o nascimento 
efetivo do que se convencionou chamar de inquérito 
policial ao Regulamento 4824 do ano de 1871 que 
especificou o contido na Lei 2033 aprovada no mesmo 
ano, sendo que o artigo 42 da referida lei o definiu da 
seguinte forma: O Inquérito Policial consiste em todas as 
 
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diligências necessárias para o desenvolvimento dos fatos 
criminosos, de suas circunstâncias e de seus autores e 
cúmplices, devendo ser reduzido a instrumento escrito. 
Embora se encontre menção de que o inquérito teria 
sua origem na Grécia Antiga, tendo em vista a existência, 
entre os atenienses, de uma prática investigatória para 
apurar a probidade individual e familiar daqueles que 
eram eleitos magistrados, bem como também se 
reconheça que os romanos já faziam menção à inquisitio 
como uma delegação de poderes dada pelo magistrado à 
vítima ou familiares para que investigassem o crime e 
localizassem o criminoso. Com sua posterior evolução no 
sentido de seu procedimento também conceder poderes 
para o investigador apurar elementos que pudessem 
inocentá-lo, no Brasil, se posiciona o nascedouro do 
Inquérito Policial no século XIX, momento em que se 
rompeu com o denominado policialismo judiciário que 
vigorava no Brasil há aproximadamente 30 anos, desde 
1841, época em que a polícia era detentora de funções 
judiciárias, conforme aponta Antonio Alberto Machado, in 
verbis: 
 
“Por meio da reforma processual de 
1871, o processo penal brasileiro rompeu 
com o “policialismo judiciário” que havia se 
instalado 30 anos antes, em 1841, e que atribuía 
funções judiciárias à polícia. Assim com a reforma 
processual, a polícia assumiu funções 
puramente investigatórias, desenvolvidas no 
 
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âmbito desse procedimento, que passou a se 
chamar inquérito policial.”2 
 
 Ainda nesse contexto vale a transcrição de trecho 
contido na exposição de motivos do CPP atual sobre 
Inquérito Policial, redigido pelo Ministro Francisco 
Campos, onde o mesmo explica a manutenção do 
inquérito em 1941 no item IV do mencionado texto, já 
que no período inicial da República houveram notícias da 
tentativa da instalação dos chamados juizados de 
instrução: 
 
"Foi mantido o inquérito policial como processo 
preliminar ou preparatório da ação penal 
guardadas as suas características atuais. O 
ponderado exame da realidade brasileira, que não 
é apenas a dos centros urbanos, senão também a 
dos remotos distritos das comarcas do interior, 
desaconselha o repúdio do sistema vigente. 
O preconizado juízo de instrução, que importaria 
limitar a função da autoridade policial a prender 
criminosos, averiguar a materialidade dos crimes e 
indicar testemunhas, só é praticável sob a 
condição de que as distâncias dentro do seu 
território de jurisdição sejam fácil e rapidamente 
superáveis. Para atuar proficuamente em 
comarcas extensas, e posto que deve ser excluída 
a hipótese de criação de juizados de instrução em 
 
2 MACHADO, Antônio Alberto. Curso de Processo Penal – 2ª ed. – São Paulo: Atlas, 2009. 
 
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cada sede do distrito, seria preciso que o juiz 
instrutor possuísse o dom da ubiqüidade".”3 
 
Conceito e Finalidade 
 
Para fins de contextualização, deve-se compreender antes, o 
que é persecução penal. Ademais, o edital da Polícia Federal 2013 
exige referido conhecimento implicitamente, ao se referir à Ação 
Penal, Inquérito Policial e Processo criminal. 
Logo, precisamos visualizar, a persecução penal como o 
conjunto de atos destinados à apuração do delito e à devida aplicação 
da lei penal4. Reconhecendo que a persecução penal é entendida 
como a resultante da soma da investigação preliminar com a ação 
penal, ambas estudadas no direito processual penal, passemos a 
análise do Inquérito Policial (espécie de investigação preliminar), 
parcela e, somente uma fase da denominada persecução criminal, 
conforme se visualiza na seguinte esquematização: 
 
 
 
 
 
 
Logo, se verifica que o inquérito policial é uma fase preliminar 
da persecução criminal que servirá como lastro para oferta de uma 
futura ação penal (instrumento que, aí sim, efetivamente, provoca a 
atividade jurisdicional penal, deflagrando o processo). 
 
 
3 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo 
Gen: Forense, 2013, p.227/229. 
4 IBIDEM, p. 123. 
Persecução = Investigação + Ação 
 Penal Preliminar Penal 
 
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Conceito de Inquérito Policial: “Procedimento 
administrativo, preparatório e inquisitivo, presidido por autoridade 
policial e constituído por um complexo de diligências realizadas pela 
Polícia Judiciária com vistas à apuração da autoria e materialidade da 
Infração Penal”.5 
 
Finalidade do Inquérito Policial: São duas as finalidades do 
inquérito policial. A primeira delas, mais provável de ser cobrada em 
provas objetivas, é a denominada finalidade imediata que seria a 
apuração da infração penal, com a colheita de indícios suficientes de 
autoria e prova da materialidade.6 
Por outro lado, não se pode perder de vista que, no fim e ao 
cabo, o inquérito policial existe para se evitar processos penais 
temerários (afoitos) já que a própria investigação pode prejudicar a 
vida social do investigado lhe acarretando prejuízos extraprocessuais 
e extraprocedimentais. Desse modo, é possível sustentar uma 
finalidade mediata, no sentido de o mesmo servir para a filtragem do 
sistema penal, só deixando chegar ao conhecimento do poder 
judiciário as questões que efetivamente tenham aptidão para 
provocar a jurisdição penal. 
 
Natureza do Inquérito Policial 
 
Do conceito exposto acima se percebe que o inquérito policial 
não é processo, mas sim procedimento administrativo. Logo, essa 
é a natureza jurídica do inquérito. 
 
5 BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de Processo Penal. 4ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 105. 
6 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo 
Gen: Forense, 2013, p. 230. 
 
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Sempre que ao candidato for questionado sobre qual a natureza 
jurídica de determinado instituto se está querendo saber a essência 
científica do mesmo. Costumamos então, em sala de aula, dar uma 
dica aos companheiros estudantes para facilitar o encontro da 
natureza jurídica de um instituto. Eis a dica: sempre que for 
questionado a esse respeito, está se perguntando: Dentro do mundo 
jurídico, onde se posiciona determinado instituto? Assim, imaginando 
o Direito como um armário, se está perguntando: Em que pasta, de 
que gaveta e de que porta se encontra o referido assunto. Diante 
desse contexto se responde: O inquérito policial está entre os 
procedimentos administrativos, sendo tratado pelo CPP, mas sofrendo 
influência dos princípios de direito administrativo, haja vista sua 
presidência ser exercida por uma autoridade administrativa 
(Delegado de Polícia) e o mesmo se desenvolver no âmbito de uma 
repartição pública administrativa (Delegacia de Polícia). 
Mas, ainda poderia questionar o estudante: O que diferencia o 
processo administrativo do procedimento administrativo? Respondo: 
De acordo com a doutrina tradicional, enquanto o processo tem 
finalidade (melhor seria viabilidade) punitiva, o procedimento tem 
finalidade meramente apuratória. Logo, a distinção se refere à 
finalidade. Como o Inquérito não tem a intenção de punir e nem 
aptidão para isso, pois, no Brasil, alguém só perde sua liberdade ou 
seus bens através de um devido processo legal, o inquérito só tem 
compromisso com a elucidação do fato, tendo finalidade apuratória. 
 
Características do Inquérito Policial 
 
As características do inquérito são as peculiaridades que 
costumam lhe diferenciar dos demais procedimentos. Vejamos: 
 
 
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• Inquisitividade: Trata-se da forma de gestão do 
procedimento onde as funções relacionadas à condução do inquérito 
policial estão reunidas em uma só pessoa, o Delegado de Polícia. 
Assim, a chefia do inquérito policial é unipessoal, onde o mesmo não 
está submetido aos princípios do contraditório e da ampla defesa, 
embora seja obrigado a respeitar os demais direitos do investigado. 
Essa é a afirmação comum na doutrina para definir a inquisitividade 
do inquérito policial. Entretanto deve-se apontar que a utilização do 
termo inquisitividade é mais ampla do que parece e tem conotação 
diversa da que se costuma estabelecer. Destarte, o inquéritoé 
inquisitivo porque o mesmo detém finalidade apuratória, pois deve se 
pautar na busca da verdade. 
 
• Discricionariedade: O Delegado de Polícia, presidente do 
inquérito policial, o preside com discricionariedade. Logo, na 
determinação das diligências pode as determinar ou não, avaliando a 
oportunidade e conveniência da medida, podendo rejeitar as que 
entender inúteis. 
Logo, as pessoas envolvidas na investigação podem solicitar 
diligência que só serão realizadas se a autoridade policial assim 
determinar. Nesse sentido é o CPP: Art. 14. O ofendido, ou seu 
representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer 
diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. 
Sobre o tema, a Cespe já questionou: 
 
“Prova: Cespe – 2011 – PC/ES – Perito Criminal. 
As diligências no âmbito do inquérito policial serão realizadas 
por requisição do membro do Ministério Público ou pela 
conveniência da autoridade policial, não existindo previsão 
legal para que o ofendido ou o indiciado requeiram diligências. 
 
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14 
Certo Errado 
Gabarito: Errado” 
 
Contudo deve-se ter cautela ao se interpretar o inciso no caso 
da diligência requerida ser imposição legal, conforme ocorre no caso 
do exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, pois 
nessa hipótese o Delegado ficaria obrigado a determinar sua 
realização, não em virtude do requerimento, mas por obrigação legal. 
Vejamos o dispositivo relacionado: Art. 158. Quando a infração 
deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, 
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
De acordo ainda com essa característica se conclui que o 
delegado está obrigado a cumprir as requisições apresentadas pelo 
MP e pelo Juiz, por imposição legal e não por subordinação 
hierárquica, já que não existe hierarquia entre os respectivos atores. 
Requisição tem caráter de ordem, por determinação legal. Contudo, 
não se pode ignorar que como ordem, a requisição, se 
manifestamente ilegal, não obrigará o Delegado, pois nenhum 
funcionário público deve cumprir ordem manifestamente ilegal. Trata-
se aqui da possibilidade do juízo negativo de admissibilidade do 
inquérito policial: situação onde o delegado pode deixar de iniciar a 
investigação. Logo, o delegado pode deixar de instaurar o inquérito 
ao perceber que o fato é visivelmente atípico (atipicidade formal). 
 
• Escrito (art. 9º, CPP): “Todas as peças do inquérito policial 
serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, 
neste caso, rubricadas pela autoridade”. 
 
• Sigiloso (art. 20, CPP): “A autoridade assegurará no 
inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo 
 
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interesse da sociedade”. Parágrafo único: “Nos atestados de 
antecedentes que Ihe forem solicitados, a autoridade policial não 
poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de 
inquérito contra os requerentes, salvo no caso de existir condenação 
anterior”. Deve-se registra que esse sigilo não é absoluto. 
Internamente somente o INDICIADO é que não pode ter acesso ao 
Inquérito Policial. Externamente, ninguém do público pode ter acesso 
ao referido procedimento. O sigilo também finaliza a proteção da 
intimidade do investigado. 
O sigilo não é absoluto, pois não se opõe ao advogado, ao juiz e 
ao Ministério Público. Entretanto, existem diligências que, por sua 
própria natureza, gozam de sigilo absoluto, assim entendido o sigilo 
oponível até mesmo ao advogado. São elas: 
1) Interceptação telefônica; 
2) Infiltração de agentes policiais; 
3) Ação controlada – medida excepcional, onde o policial não 
precisa prender o sujeito imediatamente, também conhecida como 
Fragrante diferido, postergado ou retardado. Tema que trataremos 
mais detidamente em aula futura. 
Por fim deve-se registrar o entendimento do STF a respeito do 
direito de acesso aos autos de Inquérito Policial por parte do 
advogado. Vejamos: 
 
SÚMULA VINCULANTE Nº 14 
É DIREITO DO DEFENSOR, NO INTERESSE DO 
REPRESENTADO, TER ACESSO AMPLO AOS ELEMENTOS DE 
PROVA QUE, JÁ DOCUMENTADOS EM PROCEDIMENTO 
INVESTIGATÓRIO REALIZADO POR ÓRGÃO COM 
COMPETÊNCIA DE POLÍCIA JUDICIÁRIA, DIGAM RESPEITO 
AO EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA. 
 
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16 
 
Sobre o tema, a Cespe já indagou: 
“Prova: Cespe – 2011 – PC/ES – Delegado de Polícia. 
Sinval foi indiciado pelo crime de dispensar ou inexigir licitação 
fora das hipóteses previstas em lei em relação a órgão da 
administração federal. Durante a fase do inquérito, a defesa de 
Sinval pleiteou o direito de acesso amplo aos elementos de 
prova documentados em procedimento investigatório realizado 
por órgão dotado de competência de polícia judiciária. Tal 
pedido não foi integralmente atendido pelo órgão competente, 
sob o argumento de que deveria ser ressalvado o acesso da 
defesa às diligências policiais que, ao momento do 
requerimento, ainda estavam em tramitação ou ainda não 
tinham sido encerradas. Nessa situação, com base na 
jurisprudência prevalecente no STF, é adequada a aplicação 
conferida pelo órgão dotado de competência de polícia 
judiciária. 
Certo Errado 
Gabarito: Certo” 
 
• Obrigatoriedade: Sob a óptica POLICIAL, o inquérito 
policial é obrigatório, já que é a única forma de a polícia investigar, 
pois se encontra previamente estabelecido em lei. Desse modo, não 
se admite, a princípio e em tese, procedimento preliminar de 
investigação, anterior ao inquérito policial. Deve-se frisar que no que 
tange a óptica do Ministério Público ele é dispensável, o que se 
fundamenta pelos termos utilizados no art. 12, CPP: “O inquérito 
policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de 
base a uma ou outra”. 
Assim, sempre alertamos ao candidato para observar o prisma 
de análise que a questão do concurso pode sugerir. Caso o inquérito 
 
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17 
policial tenha acontecido, o CPP determina que o mesmo seja 
anexado à denúncia. Por outro lado, caso o MP se convença dos 
indícios de autoria e da prova de materialidade, por exemplo, com 
uma CPI, não precisará requisitar a instauração de inquérito policial, 
pois para ele o mesmo é dispensável, fazendo anexar à denúncia 
promovida por ele os autos da CPI que lhe convenceu da justa causa 
para a ação penal. 
 
• Indisponibilidade: Determina que, uma vez instaurado o 
inquérito, o delegado não pode arquivá-lo. Só o juiz arquiva inquérito 
policial, após oitiva do MP. 
Art. 17, CPP e art. 10, §1º, CPP. 
Art. 17, CPP: “A autoridade policial não poderá mandar 
arquivar autos de inquérito”. 
Art. 10 caput e §1º, CPP: “O inquérito deverá terminar no 
prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou 
estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a 
partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 
30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela”. 
“§1º: A autoridade fará minucioso relatório doque tiver sido 
apurado e enviará autos ao juiz competente”. 
 
 
 
Fundamento do Inquérito Policial 
 
 Fundamento é a base ideológica e legal, onde determinado 
instituto jurídico se sustenta, se apoia. Não pode ser confundido com 
a finalidade, já que essa expõe o que o instituto intenciona, para 
onde ela vai, onde ele quer chegar. 
 
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Nesse contexto, o fundamento do inquérito policial está na 
CF/88 e no CPP. As principais disposições são as seguintes: Art. 5º, 
inciso XII; Art. 129, inciso VIII, art. 144, § 1º, inciso IV, § 4º, da 
CF/88 e art. 4º ao art. 23 e art. 28 do CPP. 
Doutrinariamente poucos tratam do fundamento do inquérito 
policial. Diferentemente, Aury Lopes Júnior, enfrenta o tema para 
vincular o fundamento da investigação preliminar (de que é exemplo 
do inquérito policial) ao fundamento de existência do próprio 
processo penal, qual seja, a instrumentalidade constitucional. Com 
base nas lições de Carnelutti, leciona: 
“para evitar equívocos, a função do procedimento 
preliminar não deve ser entendida no sentido de uma 
preparação ao procedimento definitivo, mas ao contrário, no 
sentido de um obstáculo a superar antes de poder abrir o 
processo penal.”7 
 
 Afirma ainda o supracitado autor: 
“A investigação preliminar não tem por fundamento a 
pena e tampouco a satisfação de uma pretensão acusatória. 
Não faz – em sentido próprio – justiça, senão que tem por 
objetivo imediato garantir a eficácia do funcionamento da 
Justiça.”8 
Titularidade do Inquérito Policial 
 
 Quando se fala de titularidade se está a perquirir a respeito da 
presidência e da condução do inquérito policial. Logo, se percebe – 
pelo conceito exposto no início da presente aula – que o inquérito 
policial é presídio por autoridade policial e se desenvolve no âmbito 
das polícias judiciárias. 
 
7 LOPES JR., Aury. Direito processual penal. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 267. 
8 LOPES JR., Aury. Direito processual penal. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 266. 
 
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 A autoridade policial é o Delegado de Polícia ou o Delegado 
Federal, que é um bacharel em Direito aprovado, nomeado e 
empossado em virtude de concurso público de provas e títulos do 
órgão policial, sendo responsável pela condução das atividades de 
polícia judiciária (o que esperamos que ocorra com você, caro 
candidato, que me assiste nesse instante e luta honestamente por 
uma vida melhor). 
Nesse momento vale a pena registrar a distinção entre polícia 
judiciária e polícia administrativa para que o candidato tenha noção 
de que irá compor, após sua aprovação no concurso da Polícia 
Federal, o quadro de uma entidade de polícia judiciária. 
Assim, a POLÍCIA JUDICIÁRIA (civil ou federal) é aquela que 
realiza investigação e auxilia o Poder Judiciário, assim, tem como 
função típica a investigação das infrações penais visando auxiliar o 
aparato de estatal de repressão do delito (REPRESSIVA). 
 
Funções da policia judiciária: 
● Auxiliar do poder judiciário 
● Elaboração do Inquérito Policial 
 
Já a POLÍCIA ADMINISTRATIVA é ostensiva e preventiva, 
pois atua primordialmente antes do crime visando evitá-lo, inibi-lo 
(PREVENTIVA). 
Não se pode confundir. O fato de as polícias civis e federais 
serem polícias judiciárias não significa que as mesmas sejam parte da 
organização do poder judiciário, mas simplesmente que ajudam, 
auxiliam os órgãos desse poder. Assim, tanto as policias judiciárias 
quanto as administrativas fazem parte do poder executivo. 
 
 
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Vejamos então a disposição constitucional da Segurança Pública 
no Brasil: 
 
Polícia (art. 144, CF): 
a) policias administrativas (ostensiva): de prevenção 
Ω policia militar 
Ω policia rodoviária 
Ω policia ferroviária 
Ω policia marítima 
 
b) policias judiciárias (não ostensiva): repressiva 
Ω estadual 
Ω federal 
 
 No que tange à titularidade, deve-se rememorar o que falamos 
a pouco, a respeito da característica da discricionariedade do 
inquérito policial. 
 
 
 
Notitia Criminis (Comunicado do crime – Notícia do crime) 
 
A Notitia criminis é o ato de comunicação da infração penal que 
oportuniza o início da Investigação Criminal. 
A Notitia Criminis pode ser 
 
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21 
“ ”9 
 • Direta (de cognição imediata ou espontânea): É aquela que 
decorre da atividade funcional da AUTORIDADE. Não há intervenção 
de terceiro no que tange ao conhecimento do fato, assim, inexiste 
pessoa entre o fato e a autoridade policial. 
 
 • Indireta (de cognição mediata ou provocada): É aquela onde 
a ciência do fato é provocada por meio de ato de terceiros. Aqui 
existe intervenção de pessoa estranha à atividade policial, logo, entre 
o fato e a autoridade existe um terceiro. 
 
 • Coercitiva: É a que impõe o início automático do inquérito 
policial. A única é a PRISÃO EM FLAGRANTE (quando o delegado lavra 
a prisão em flagrante, o inquérito policial já se considera instaurado, 
não sendo necessária a formalização de portaria). 
 
 • Inqualificada: é o ato de comunicação do fato criminoso 
inapto a provocar, de forma isolada, a instauração do inquérito 
policial. Exemplo seria a delação anônima, pois a mesma não inicia o 
inquérito, já que a CF veda o anonimato. Permite o início da 
investigação, mas não do inquérito. 
 A respeito do temo eis trecho de elucidativo julgamento 
proferido pelo STF: 
 
 
9 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo 
Gen: Forense, 2013, p. 248. 
 
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“As autoridades públicas não podem iniciar qualquer 
medida de persecução (penal ou disciplinar), 
apoiando-se, unicamente, para tal fim, em peças 
apócrifas ou em escritos anônimos. É por essa razão 
que o escrito anônimo não autoriza, desde que 
isoladamente considerado, a imediata instauração 
de “persecutio criminis”. - Peças apócrifas não 
podem ser formalmente incorporadas a 
procedimentos instaurados pelo Estado, salvo 
quando forem produzidas pelo acusado ou, ainda, 
quando constituírem, elas próprias, o corpo de 
delito (como sucede com bilhetes de resgate no crime de 
extorsão mediante seqüestro, ou como ocorre com cartas 
que evidenciem a prática de crimes contra a honra, ou 
que corporifiquem o delito de ameaça ou que 
materializem o “crimen falsi”, p.ex.). - Nada impede, 
contudo, que o Poder Público, provocado por 
delação anônima (“disque-denúncia”, p. ex.), adote 
medidas informais destinadas a apurar, 
previamente, em averiguação sumária, “com 
prudência e discrição”, a possível ocorrência de 
eventual situação de ilicitude penal, desde que o faça 
com o objetivo de conferir a verossimilhança dos 
fatos nela denunciados, em ordema promover, 
então, em caso positivo, a formal instauração da 
“persecutio criminis”, mantendo-se, assim, 
completa desvinculação desse procedimento estatal 
em relação às peças apócrifas.”10 Grifos acrescidos 
 
 Percebe-se, na decisão supracitada, que embora excepcional, é 
possível que um escrito apócrifo ou uma delação anônima possam ser 
utilizados como prova formal nos seguintes casos: 
 
1) quando forem produzidas pelo próprio acusado; ou, 
 
10 Transcrições do Informativo 629 de 2011. 
Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/informativo/verInformativo.asp?s1=escritos anonimos unico 
fundamento&numero=629&pagina=1&base=INFO 
 
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2) quando constituírem, elas próprias, o corpo de delito 
(exemplos: bilhetes de resgate no crime de extorsão 
mediante sequestro; cartas que evidenciem a prática de 
crimes contra a honra; bilhetes que corporifiquem o delito de 
ameaça ou objetos que materializem o “crimen falsi”. – 
exemplos citados pelo Ministro Celso de Mello na decisão 
comentada). 
 
Sobre o tema, delação anônima, indagou recentemente a Cespe 
aos seus candidatos: 
“Prova: Cespe – 2011 – DPE-MA Defensor Público. 
Assinale a opção correta, acerca do inquérito policial. 
a) De acordo com a jurisprudência consolidada do STJ, 
inquéritos policiais em andamento podem ser utilizados apenas 
para valorar negativamente o acusado, mas não para aumentar 
a sua reprimenda acima do mínimo legal, sob pena de violação 
ao princípio constitucional da não culpabilidade. 
b) A denúncia em processo que apura crime afiançável de 
responsabilidade de funcionário público, ainda que embasada 
em inquérito policial, não dispensa a necessidade de ofertar ao 
réu a apresentação de resposta preliminar antes do 
recebimento da inicial acusatória. 
c) O membro do MP possui legitimidade para proceder, 
diretamente, à coleta de elementos de convicção para subsidiar 
a propositura de ação penal, inclusive mediante a presidência 
de inquérito policial. 
d) A notícia anônima sobre eventual prática criminosa, 
por si só, não é idônea para a instauração de inquérito 
policial, prestando-se apenas a embasar procedimentos 
investigatórios preliminares em busca de indícios que 
corroborem as informações. 
 
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e) A recente jurisprudência do STJ, em homenagem ao 
princípio constitucional do devido processo legal, firmou-se no 
sentido de que eventuais irregularidades ocorridas na fase 
investigatória, mesmo diante da natureza inquisitiva do 
inquérito policial, contaminam a ação penal dele oriunda. 
Gabarito: D” 
 
As demais alternativas serão justificadas com o próprio 
conteúdo que será desenvolvido no curso. 
 
Espécies de Notita Criminis: 
“ ”11 
 A priori, para o estudo adequado da notitia criminis, deve-se 
lembrar do seguinte apontamento: o início da investigação 
criminal dependerá, invariavelmente, de qual tipo de crime 
será investigado, melhor dizendo, de qual tipo de ação penal 
será apta a impulsionar o futuro processo penal, que então 
viabilizará a aplicação do direito atinente à infração penal 
perpetrada. Sintetizando: a limitação para o início do inquérito 
 
11 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo 
Gen: Forense, 2013, p. 250. 
 
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policial depende, na mesma medida, da limitação para o início 
da ação penal. Por isso muito do que falaremos agora, ficará melhor 
fixado após o estudo da ação penal, objeto de estudo de nossa aula 
número 2. 
Sobre o tema, a Cespe já questionou: 
“Prova: Cespe – 2011 – PC/ES – Perito Criminal 
O inquérito policial independe da ação penal instaurada para o 
processo e julgamento do mesmo fato criminoso, razão pela 
qual, tratando-se de delito de ação penal pública condicionada 
à representação, o inquérito policial poderá ser instaurado 
independentemente de representação da pessoa ofendida. 
Certo Errado 
Gabarito: Errado” 
 
 Desse modo, são espécies de notitia criminis: 
→ de ofício: “automática”; é aquela que independe de requerimento. 
→ requisição: hipótese em que o MP ou o juiz é quem toma 
conhecimento da infração penal e então pedem, requerem, que a 
autoridade policial instaure inquérito. 
→ requerimento: situação em que a vítima solicita a instauração do 
inquérito policial. 
→ delação criminosa: caso em que qualquer um do povo pode pedir 
que se instaure inquérito sobre determinado caso. Essa comunicação 
do fato feita por terceiro também pode ser denominada de Delatio 
criminis. 
→ prisão em flagrante: é o ato de privação lícita da liberdade, 
realizada em razão da certeza visual da infração penal. Não deixa de 
ser, também, uma notitia criminis “de ofício”. Assim posso afirmar, 
toda prisão m flagrante é uma notitia criminis de ofício, mas nem 
notitia criminis “de ofício” é um flagrante, pois ainda que não se 
 
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consiga enquadrar a hipótese nos incisos do art. 302 do CPP, ainda 
sim se iniciará a investigação criminal caso a autoridade tome 
conhecimento da infração. 
→ representação (ou delatio criminis postulatória): está sujeita a 
prazo decadencial, pois trata das situações afetas aos crimes de ação 
penal pública condicionada à representação. Art.5º, §4º (arts. 38 e 
39). 
→ requisição: hipótese atrelada aos crimes de ação penal pública 
condicionada à requisição do ministro da justiça, como em algumas 
situações de crimes contra o Presidente da República. A requisição 
NÃO está sujeito ao prazo decadencial. 
→ requerimento: só o requerimento autoriza o início da investigação 
policial dos crimes de Ação Penal Privada. 
 Obs: a requisição e requerimento devem ser atendidos, exceto 
quando manifestamente ilegais, hipótese em que poderão ser 
motivadamente negados. 
 
Sobre notitia criminis, a Cespe já questionou: 
 
“Prova: Cespe – 2011 – PC/ES – Escrivão de Polícia: 
São formas de instauração de IP: de ofício, pela autoridade 
policial; mediante representação do ofendido ou representante 
legal; por meio de requisição do Ministério Público ou do 
ministro da Justiça; por intermédio do auto de prisão em 
flagrante e em virtude de delatio criminis anônima, após 
apuração preliminar. 
Certo Errado 
Gabarito: Errado” 
 
 
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A questão acima trata do tema “notitia criminis” que é a 
comunicação do fato criminoso que autoriza a instauração do 
inquérito policial. Assim, as “notitia criminis” listadas na afirmação, 
não são formas de instauração, pois somente duas peças formais 
instauram inquérito policial, quais sejam: a Portaria e o Auto de 
Prisão em Flagrante. Desse modo, sem entrar na temática da 
delação anônima, pois a mesma, isoladamente, somente em casos 
excepcionaisviabilizaria o início da investigação, ainda sim não a 
teríamos como forma de instauração, mas sim como “notitia 
criminis”, que somente oportuniza a instauração. 
 
 Peça Formal que instaura o IP 
 
- Portaria: Se a investigação NÃO começou por flagrante, o 
nome a da peça inicial que deflagra formalmente o inquérito policial é 
a Portaria. 
 - APF: Auto de prisão em flagrante. É o que materializa a prisão 
em flagrante, notitia criminis coercitiva. Registre-se que não se pode 
confundir, ainda mais na escrita de questões discursivas, a Prisão em 
Flagrante com o Auto de Prisão em Flagrante. Enquanto a primeira é 
o próprio fato jurídico que desencadeia a investigação criminal, 
configurando uma notitia criminis; a segunda formaliza a primeira, 
marcando, oficialmente, o início, a abertura do inquérito policial. 
 
 Dinâmica 
 
Entende-se por dinâmica o conjunto de atos investigativos 
realizados no desenvolvimento do inquérito policial. 
 
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 A dinâmica do inquérito policial se encontra disposta, 
basicamente, no art. 6º, CPP – rol exemplificativo e não obrigatório, 
não exaustivo, referência para a autoridade policial. 
Sobre o tema, a Cespe já questionou: 
 
“Prova: Cespe – 2011 – PC/ES – Escrivão de Polícia: 
O desenvolvimento da investigação no IP deverá seguir, 
necessariamente, todas as diligências previstas de forma 
taxativa no Código de Processo Penal, sob pena de ofender o 
princípio do devido processo legal. 
Certo Errado 
Gabarito: Errado” 
 
 Analisemos agora, brevemente, alguns incisos do art. 6º. 
 
Art. 6º: Logo que tiver conhecimento da prática da infração 
penal, a autoridade policial deverá: 
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o 
estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; 
(Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) (Vide Lei nº 5.970, 
de 1973) 
A preservação do local deve ser garantida pela autoridade 
policial (art. 6º, I, CPP), o que não impede que a polícia 
administrativa a auxilie nesse desiderato. 
Nesse contexto, deve-se se respeitar a proeminência técnica do 
perito em relação ao local do crime, haja vista a melhor manutenção 
dos vestígios deixados pela infração penal (quando a autoridade 
policial requerer a presença da polícia científica). 
 
 
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III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento 
do fato e suas circunstâncias; 
 Como não há hierarquia entre a autoridade policial e o perito – 
havendo apenas cisão de funções – nada impede que, uma vez no 
local do crime, o perito também produza a colheita de elementos que 
sirvam para apreciação em prova pericial, o que, de qualquer modo, 
não obrigará o delegado a acatá-los como elementos de informação, 
haja vista a discricionariedade que reveste a presidência do inquérito 
policial. 
 
 IV - ouvir o ofendido; 
 O ofendido não tem o direito de não ir ao local, podendo o 
delegado conduzi-lo coercitivamente, com fundamento nos arts. 330, 
CP (crime de desobediência) e art. 201, §1º, CPP. 
 A vítima não é ré nem testemunha, não tendo direito ao silêncio 
(apesar de não poder ser acusada de falso testemunho). 
Não tem tal direito porque não é acusada, devendo contribuir 
para a JUSTIÇA. Ressalvando-se, por óbvio, as situações atreladas 
aos crimes de ação penal privada, onde a vigência do princípio da 
oportunidade relativiza essa obrigação de colaboração. 
 
 V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, 
do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o 
respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham 
ouvido a leitura; 
O indiciado tem direito ao silêncio na esfera pré-processual? 
Sim, em virtude da aplicação do princípio do nemo tenetur se 
 
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30 
detegere12, não podendo ser obrigado a produzir prova contra si 
mesmo. 
 Mas tem que comparecer caso intimado, sob pena de condução 
coercitiva13. 
 
12 Expressão latina que significa, numa interpretação livre: nada a temer por se deter e decorre do direito 
constitucional ao silêncio. 
13
 Jurisprudência recente a respeito do tema: Condução coercitiva de pessoa à delegacia - 1 
A 1ª Turma denegou, por maioria, habeas corpus impetrado em favor de paciente que fora conduzido à 
presença de autoridade policial, para ser inquirido sobre fato criminoso, sem ordem judicial escrita ou 
situação de flagrância, e mantido custodiado em dependência policial até a decretação de sua prisão 
temporária por autoridade competente. A impetração argumentava que houvera constrangimento ilegal na 
fase inquisitiva, bem como nulidades no curso da ação penal. Em conseqüência, requeria o trancamento 
desta. Verificou-se, da leitura dos autos, que esposa de vítima de latrocínio marcara encontro com o 
paciente, o qual estaria na posse de cheque que desaparecera do escritório da vítima no dia do crime. A 
viúva, então, solicitara a presença de policial para acompanhar a conversa e, dessa forma, eventualmente, 
chegar-se à autoria do crime investigado. Ante as divergências entre as versões apresentadas por aquela e 
pelo paciente, durante o diálogo, todos foram conduzidos à delegacia para prestar esclarecimentos. Neste 
momento, fora confessado o delito. Assentou-se que a própria Constituição asseguraria, em seu art. 
144, § 4º, às polícias civis, dirigidas por delegados de carreira, as funções de polícia judiciária e a 
apuração de infrações penais. O art. 6º, II a VI, do CPP, por sua vez, estabeleceria as providências 
a serem tomadas pelas autoridades referidas quando tivessem conhecimento da ocorrência de um 
delito. Assim, asseverou-se ser possível à polícia, autonomamente, buscar a elucidação de crime, 
sobretudo nas circunstâncias descritas. Enfatizou-se, ainda, que os agentes policiais, sob o comando 
de autoridade competente (CPP, art. 4º), possuiriam legitimidade para tomar todas as providências 
necessárias, incluindo-se aí a condução de pessoas para prestar esclarecimentos, resguardadas as 
garantias legais e constitucionais dos conduzidos. Observou-se que seria desnecessária a invocação 
da teoria dos poderes implícitos. 
HC 107644/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 6.9.2011. (HC-107644) 
(Informativo 639, 1ª Turma) grifos acrescidos pelo autor. 
Condução coercitiva de pessoa à delegacia - 2 
Passou-se, em seguida, à análise das demais alegações do impetrante. No tocante ao uso de algemas, 
entendeu-se que fora devidamente justificado. Afastou-se a assertiva de confissão mediante tortura, 
porquanto, após decretada a prisão temporária, o paciente fora submetido a exame no Instituto Médico 
Legal, em que não se constatara nenhum tipo de lesão física. Assinalou-se não haver evidência de 
cerceamento de defesa decorrente do indeferimento da oitiva das testemunhas arroladas pelo paciente e 
do pedido de diligências, requeridos a destempo, haja vista a inércia da defesa e a conseqüente preclusão 
dos pleitos. Além disso, consignou-se que a jurisprudência desta Corte firmara-se no sentido de não 
haver cerceamento ao direito de defesa quando magistrado, de forma fundamentada, lastreada em 
elementos de convicção existentes nos autos, indefere pedido dediligência probatória que repute 
impertinente, desnecessária ou protelatória. Explicitou-se que a defesa do paciente não se 
desincumbira de indicar, oportunamente, quais elementos de provas pretendia produzir para absolvê-lo. 
Desproveu-se, também, o argumento de que houvera inversão na ordem de apresentação das alegações 
finais, porque a magistrada, em razão de outros documentos juntados pela defesa nessa fase, determinara 
nova vista dos autos ao Ministério Público, o que não implicaria irregularidade processual. Considerou-se 
que, ao contrário, dera-se a estrita observância aos princípios do devido processo legal e do contraditório. 
Ademais, reputou-se suficientemente motivada a prisão cautelar. O Min. Dias Toffoli acompanhou o 
relator, ante a peculiaridade da espécie. Acrescentou que a condução coercitiva do paciente visara a 
apuração de infração penal gravíssima, em vista de posse de objeto de subtração que estivera em poder da 
vítima antes de sua morte. Mencionou que se poderia aplicar, à situação dos autos, a teoria dos poderes 
implícitos. Apontou que alguns teóricos classificariam esse proceder, que não teria significado de 
 
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VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a 
acareações 
A acareação é o ato de colocar frente a frente testemunhas ou 
outros sujeitos envolvidos que tenham realizado depoimentos 
divergentes. Sobre os demais atos listados no inciso se abordará na 
aula referente às provas criminais. 
 
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo 
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de 
antecedentes 
Primeiramente é importante registrar, para se evitar qualquer 
equívoco em concurso público, que a Súmula 56814 do STF não se 
aplica atualmente, estando superada, haja vista sua manifesta 
inconstitucionalidade (art. 5°, LVIII, CF). 
 A Lei 12.037/09 em seu art. 3º regula a situação prevista no 
art. 5°, LVIII, CF que afirma que o civilmente identificado NÃO será 
submetido à identificação criminal, salvo quando a lei assim 
determinar. 
 A lei, então, dispõe: “Art. 3º, lei 12037/09: “Embora 
apresentado documento de identificação, poderá ocorrer a 
identificação criminal quando: I – o documento apresentar rasura ou 
tiver indício de falsificação; II - o documento apresentado for 
insuficiente para identificar cabalmente o indiciado; III – o indiciado 
portar documentos de identidade distintos, com informações 
 
prisão, como custódia ou retenção. Por fim, destacou que o STJ desprovera o último recurso do réu, 
mediante decisão transitada em julgado. Vencido o Min. Marco Aurélio, que concedia a ordem. 
HC 107644/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 6.9.2011. (HC-107644) 
(Informativo 639, 1ª Turma) 
Disponível em: 
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/publicacaoInformativoTema/anexo/Informativo_mensal_setembro_201
1.pdf 
14 SÚMULA Nº 568 - A IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL NÃO CONSTITUI CONSTRANGIMENTO 
ILEGAL, AINDA QUE O INDICIADO JÁ TENHA SIDO IDENTIFICADO CIVILMENTE. 
 
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32 
conflitantes entre si; IV – a identificação criminal for essencial às 
investigações policiais, segundo despacho de autoridade judiciária 
competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da 
autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa15; V – constar 
de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes 
qualificações; VI – o estado de conservação ou a distância temporal 
ou da localidade da expedição do documento apresentado 
impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais. § 
único: “As cópias dos documentos apresentados deverão ser 
juntadas aos autos do inquérito, ou outra forma de investigação, 
ainda que consideradas insuficientes para identificar o indiciado”. 
 
 
15
 LEI Nº 12.654, DE 28 DE MAIO DE 2012. 
Altera as Leis nos 12.037, de 1o de outubro de 2009, e 7.210, de 11 de julho de 1984 - Lei de Execução 
Penal, para prever a coleta de perfil genético como forma de identificação criminal, e dá outras 
providências. 
Art. 1o O art. 5o da Lei no 12.037, de 1o de outubro de 2009, passa a vigorar acrescido do seguinte 
parágrafo único: 
“Art. 5o ....................................................................... 
Parágrafo único. Na hipótese do inciso IV do art. 3o, a identificação criminal poderá incluir a coleta de 
material biológico para a obtenção do perfil genético.” (NR) 
Art. 2o A Lei no 12.037, de 1o de outubro de 2009, passa a vigorar acrescida dos seguintes artigos: 
“Art. 5o-A. Os dados relacionados à coleta do perfil genético deverão ser armazenados em banco de 
dados de perfis genéticos, gerenciado por unidade oficial de perícia criminal. 
§ 1o As informações genéticas contidas nos bancos de dados de perfis genéticos não poderão revelar 
traços somáticos ou comportamentais das pessoas, exceto determinação genética de gênero, consoante as 
normas constitucionais e internacionais sobre direitos humanos, genoma humano e dados genéticos. 
§ 2o Os dados constantes dos bancos de dados de perfis genéticos terão caráter sigiloso, respondendo 
civil, penal e administrativamente aquele que permitir ou promover sua utilização para fins diversos dos 
previstos nesta Lei ou em decisão judicial. 
§ 3o As informações obtidas a partir da coincidência de perfis genéticos deverão ser consignadas em 
laudo pericial firmado por perito oficial devidamente habilitado.” 
“Art. 7o-A. A exclusão dos perfis genéticos dos bancos de dados ocorrerá no término do prazo 
estabelecido em lei para a prescrição do delito.” 
“Art. 7o-B. A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso, conforme 
regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo.” 
... 
Art. 4o Esta Lei entra em vigor após decorridos 180 (cento e oitenta) dias da data de sua publicação. 
Brasília, 28 de maio de 2012; 191o da Independência e 124o da República. 
Este texto não substitui o publicado no DOU de 29.5.2012 – Grifos acrescidos 
 
 
 
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IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de 
vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude 
e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer 
outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu 
temperamento e caráter. 
Referido inciso não fere princípio constitucional algum, pois 
além de servir para o adequado desenvolvimento das atividades de 
inteligência policial investigativa, viabiliza o início de provas em 
relação às chamadas circunstancias judiciais, que poderão ser úteis à 
fixação da pena-base (art. 59, CP) em caso de eventual condenação, 
bem como à eventuais teses defensiva como a teoria da co-
culpabilidade por exemplo. O referido artigo dispõe: “Art. 59, CP: “O 
juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à 
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e 
conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, 
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e 
prevenção do crime:” 
 Assim, embora se reconheça a críticaao inciso comentado, 
entendemos que como o trabalho de investigações policial é 
embasado em informações, vislumbramos que referidas informações 
podem ser uteis até mesmo à elucidação de fatos diversos do 
investigado, haja vista a complexidade que envolve os denominados 
atos de inteligência policial16, pois os mesmos não se restringem aos 
atos de polícia repressiva, já que também contribuem à função de 
 
16 Adotamos o conceito de inteligência policial previsto no Manual de Inteligência Policial do 
Departamento de Polícia Federal - Volume I, que define: é a atividade de produção e proteção de 
conhecimentos, exercida por órgão policial, por meio do uso de metodologia própria e de técnicas 
acessórias, com a finalidade de apoiar o processo decisório deste órgão, quando atuando no nível de 
assessoramento, ou ainda, de subsidiar a produção de provas penais, quando for necessário o emprego 
de suas técnicas e metodologias próprias, atuando, neste caso, no nível operacional. (p. 8) apud in 
SILVA, Wellington Clay Porcino. O conceito de atividade de inteligência policial. Jus Navigandi, 
Teresina, ano 17, n. 3444, 5 dez. 2012 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/23165>. Acesso 
em: 6 dez. 2012. 
 
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polícia preventiva, uma vez que tais dados podem fomentar maior 
eficácia ao gerenciamento da mais variada gama de informações 
coletadas. 
 Embora não seja pacífico o entendimento que acabamos de 
expor, reputamos o mais adequado à provas das carreiras policiais. 
 
Deveres da autoridade policial 
 
São ainda atribuições da autoridade policial na condução do 
inquérito policial: 
 
Presidir a reprodução simulada dos fatos: + art. 7º: 
Nesse ponto é importante registrar que o investigado, embora 
legalmente possa ser obrigado a ir ao local, não pode ser obrigado a 
participar da reprodução, entendo-se aqui por participar como tomar 
parte ativa. Tal conclusão decorre, novamente, do direito ao silêncio. 
Observe que tal reprodução NÃO pode contrariar a moralidade 
ou a ordem pública. 
Sobre o tema, obrigatoriedade de participação do indiciado em 
procedimentos investigatório e/ou probatórios, transcrevo lições 
relacionadas à conteúdo já cobrado pela banca Cespe em concurso da 
carreira policial e que guarda íntima interdependência com o assunto 
Provas, também contemplado pelo edital da Polícia Federal, vejamos: 
“O que se deve perquirir, no caso concreto, de modo a não 
viciar o processo de produção probatória (ou de colheita de 
elementos de informação), é a não invasividade da prova produzida, 
haja vista que, se tivermos diante de prova invasiva, esta só poderá 
ser colhida, regra geral, com a aquiescência do indivíduo suspeito. 
Desse raciocínio, em conluio com o princípio do nemo tenetur 
se detegere ou nemo tenetur se ipsum accusare, é que se conclui que 
 
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o investigado não pode, por exemplo, ser obrigado a participar de 
uma reprodução simulada dos fatos, embora seja obrigado à 
comparecer à mesma e que o réu não é obrigado à oferecer padrões 
gráficos para realização de exame grafotécnico. Entretanto, neste 
último caso, se a polícia encontrar, legitimamente, escritos de autoria 
do suspeito, poderá realizar o referido exame, pois a colheita do 
material probatório não se deu de modo invasivo. 
Nesse diapasão, se um investigado, ao prestar depoimento na 
delegacia, abandona um copo que utilizou voluntariamente para 
beber água, nada impede que o delegado apreenda o referido objeto 
como material subsumível ao exame de DNA. 
Questão polêmica é a que se refere aos atos probatórios 
capazes de prejudicar o envolvido, mesmo que este não tome parte 
ativa em seu procedimento. Trata-se, por exemplo, do ato de 
reconhecimento pessoal, onde o investigado ou réu, comparecendo, 
já se submete à produção probatória. Novamente, entendemos que, 
como não há invasividade na produção probatória (pois tal ato não 
interfere na integridade corporal do envolvido, nem mesmo depende 
de um comportamento ativo do mesmo) há licitude em tal submissão. 
Em que pese nosso entendimento, na leitura do excerto abaixo, 
retirado de decisão do STF, a conclusão parece ser diferente: 
 
“Aquele que sofre persecução penal instaurada pelo Estado 
tem, dentre outras prerrogativas básicas, (a) o direito de 
permanecer em silêncio, (b) o direito de não ser compelido 
a produzir elementos de incriminação contra si próprio nem 
de ser constrangido a apresentar provas que lhe 
comprometam a defesa e (c) o direito de se recusar a 
participar, ativa ou passivamente, de procedimentos 
probatórios que lhe possam afetar a esfera jurídica, tais 
como a reprodução simulada (reconstituição) do evento 
delituoso e o fornecimento de padrões gráficos ou de 
padrões vocais para efeito de perícia criminal (HC 96.219-
 
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MC/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.). Precedentes.”17 
Grifos acrescidos 
 
Contudo, recentemente, verificamos admissão do raciocínio que 
adotamos em prova realizada pela banca CESPE. Dessa forma, 
ressaltamos as justificativas apresentadas pela própria banca, que, 
ainda, fazem menção ao processo de identificação criminal, in verbis: 
 
“97 - Como o sistema processual penal brasileiro 
assegura ao investigado o direito de não produzir provas 
contra si mesmo, a ele é conferida a faculdade de não 
participar de alguns atos investigativos, como, por 
exemplo, da reprodução simulada dos fatos e do 
procedimento de identificação datiloscópica e de 
reconhecimento, além do direito de não fornecer material 
para comparação em exame pericial. 
 
Justificativa da Cespe: 
97 E - Indeferido 
A assertiva apontada como errada deve ser mantida, eis 
que o sistema processual traz em seu bojo o direito de 
não produzir prova contra si mesma, conforme princípio 
adotado pela doutrina e jurisprudência do “nemo tenetur 
se detegere (privilege against self-incrimanation)”. Ocorre 
que em determinada situação, prevista na 
legislação de regência, não poderá obstar o 
prosseguimento da investigação, sendo compelido a 
se submeter a alguns procedimentos, como por 
exemplo, os casos de necessidade de identificação 
datiloscópica e ao procedimento de reconhecimento 
de pessoa. Em doutrina conferir a lição de BONFIM, 
Edilson Mougenot. Curso de processo Penal, 4ºed. São 
Paulo: Saraiva. 2009. P126. No mesmo sentido conferir: 
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e 
Execução Penal. 5.ª. ed. rev. e ampliada. São Paulo: 
Editora RT. 2009. p.160/162. 
O objeto de avaliação do item em tela, investigação 
policial e direitos do investigado, encontra-se 
expressamente previsto nos seguintes pontos do edital:1, 
 
17 HC 99.289 do STF, decisão do ano de 2009. 
 
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2, 2.1 e 2.6. Em conclusão, sob todos os ângulos que se 
examine o presente recurso, não há amparo para 
anulação do gabarito preliminar.”18 Grifos acrescidos”19 
 
Dever de se declarar suspeita 
 
 Não se poderá opor suspeiçãoàs autoridades policiais nos atos 
do inquérito, MAS deverão elas se declarar suspeitas, quando ocorrer 
motivo legal. Situação atrelada ao princípio da moralidade da 
administração pública (art. 37, “caput”, CF). 
 Vejamos os dispositivos acima esquematizados. 
 
 Art. 13, CPP: “Incumbirá ainda à autoridade 
policial: 
 “I - fornecer às autoridades judiciárias as 
informações necessárias à instrução e julgamento dos 
processos”; 
 “II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou 
pelo Ministério Público”; 
 “III - cumprir os mandados de prisão expedidos 
pelas autoridades judiciárias”; 
 “IV - representar acerca da prisão preventiva”. 
 Art. 107, CPP: “Não se poderá opor suspeição às 
autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão 
elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal”. 
 
18 Prova de Processo Penal para o cargo de Agente da Polícia Federal elaborada em 2012 com as 
justificativas realizadas pela própria banca. Disponível em: 
http://www.cespe.unb.br/concursos/DPF_12_AGENTE/ 
19 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo 
Gen: Forense, 2013, p. 468/470. 
 
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Sobre o tema confira a questão da Cespe: 
“Prova: Cespe – 2012 – DPE – SE – Defensor Público. 
Durante interrogatório, Juvenal, processado criminalmente pelo crime 
de furto, confessou ter praticado, também, o crime de roubo em 
outras oportunidades. Sabendo da notícia, o juiz que presidia a 
audiência expediu ofício à delegacia de polícia, requisitando a 
instauração de inquérito policial para apurar os delitos cometidos. 
Após receber a requisição judicial, Aderbal, delegado de polícia que já 
investigara Juvenal em outras ocasiões, instaurou o inquérito policial, 
determinando a oitiva de testemunhas. No dia dos testemunhos, 
Juvenal compareceu à delegacia, acompanhado de advogado, com o 
objetivo de indagar as testemunhas, o que foi indeferido pelo 
delegado. Em seguida, o causídico requereu vistas do inquérito 
policial, o que também não foi permitido pela autoridade policial. 
Revoltado com a atuação de seu patrono, Juvenal demitiu, ofendeu e 
agrediu fisicamente o advogado na frente do delegado, que entendeu 
por bem agir de ofício, lavrando termo circunstanciado e instaurando 
inquérito policial para apuração do crime de injúria, com o objetivo de 
apurar o conteúdo das ofensas proferidas. Verificando a ausência de 
suporte probatório mínimo, o MP requereu o arquivamento do 
inquérito policial relativo ao delito de furto, o que foi acatado pelo 
juízo. Posteriormente, outro membro do Parquet, reexaminando os 
autos, ofereceu denúncia contra Juvenal pelo crime de roubo. Juvenal 
procurou a DP para obter orientação jurídica sobre o caso. 
Com base na situação hipotética acima apresentada, assinale a opção 
correta a respeito do inquérito policial. 
a) De acordo com a jurisprudência do STF, o arquivamento do 
inquérito policial por ausência de suporte probatório mínimo ao início 
da ação penal não impede o posterior oferecimento de denúncia em 
caso de reexame do acervo de provas produzidas, 
independentemente do surgimento de novas evidências. 
b) O delegado de polícia agiu corretamente ao instaurar de ofício 
inquérito policial para a investigação do crime de injúria, visto que 
tem o dever de assim agir quando na presença de crime. 
 
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c) O CPP proíbe a apresentação de exceção de suspeição 
contra a autoridade policial que preside o inquérito. Assim, 
não seria possível arguir a suspeição do delegado de polícia 
que investiga os crimes supostamente cometidos por Juvenal. 
d) O delegado de polícia não agiu corretamente ao indeferir a 
participação do acusado nos atos instrutórios do inquérito, 
desrespeitando os princípios constitucionais do contraditório e da 
ampla defesa. 
e) Não constitui violação do princípio acusatório, princípio 
constitucional implícito, o fato de a autoridade judiciária ter 
requisitado a instauração de inquérito policial contra Juvenal. 
Gabarito: C” 
 
 
Representar pela Prisão temporária e Prisão Preventiva 
 
Arbitrar Fiança nos caso admitidos em lei20 
 
Representar pelo Insanidade mental (art. 149, §1º) 
 
Art. 149, §º, CPP: “Quando houver dúvida sobre a integridade 
mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício ou a requerimento do 
Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, 
descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a 
exame médico-legal”. 
“§1º: O exame poderá ser ordenado ainda na fase do 
inquérito, mediante representação da autoridade policial ao juiz 
competente”. 
 
Restituição (art. 120) 
 
20 Atentar para a amplificação da hipótese com a alteração legislativa ocorrida em 2011 que estendeu o 
papel do delegado no arbitramento de fiança para uma gama maior de crimes. 
 
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Art. 120, CPP: “A restituição, quando cabível, poderá ser 
ordenada pela autoridade policial ou juiz, mediante termo nos autos, 
desde que não exista dúvida quanto ao direito do reclamante:” 
 
Lavrar TCO – é o substituto do Inquérito Policial na apuração 
dos crimes de menor potencial ofensivo. Forma de investigação mais 
célere prevista na lei 9099/95. 
 
 Encerramento 
 
Art. 10, §§1º e 2º. 
 O relatório é a peça de encerramento do Inquérito Policial. 
 
 
 
 
Prazos 
 
 Tratam-se aqui de prazos IMPRÓPRIOS21, o que não significa 
que não acarretaram nenhum tipo de consequência jurídica (se, por 
exemplo, o indiciado estiver preso, o delegado terá que liberá-lo ou 
representar por uma prisão cautelar diversa22). 
 
 São prazos DILATÓRIOS, pois podem ser prorrogado. 
 
 → Prazo comum (art. 10) 
 
21 Prazo impróprio é aquele que não acarreta sanção de natureza processual, não impedindo a realização 
do ato após a sua fluência. 
22 Situação rara, mormente após as alterações realizadas em 2011, que serão abordadas no capítulo 
referente às prisões. 
 
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 Art. 10, CPP: “O inquérito deverá terminar no prazo de 10 
dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso 
preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em 
que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando 
estiver solto, mediante fiança ou sem ela”. 
 
 
 
Sobre o tema, a Cespe questionou aos candidatos: 
 
“Prova: Cespe – 2011 – TJ – ES – Analista Judiciário – Direito. 
Via de regra, em crimes de atribuição da polícia civil estadual, 
caso o indiciado esteja preso, o prazo para a conclusão do 
inquérito será de quinze dias, podendo ser prorrogado; e caso 
o agente esteja solto, o prazo para a conclusão do inquérito 
será de trinta dias, podendo, também, ser prorrogado. 
Certo Errado 
Gabarito: Errado” 
 
 → Prazos especiais: 
 
 Polícia Federal:

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