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ART. 134 AO ART. 145

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UNDB – UNIDADE DE ENSINO SUPERIO DOM BOSCO 
DIREITO PENAL ESPECIAL I 
Professor: Adriano Damasceno. Elaboração e Organização: João Pedro Oliveira da Silva 
 
EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO 
Art. 134 
 
1) Objetividade Jurídica: a saúde e a integridade física do recém-
nascido; a segurança e a incolumidade pessoal. 
2) Elemento Normativo: “desonra própria”. Pois não há uma definição 
acerca do termo, estando sujeito a interpretações, juízo de valores 
para que se extraia um significado. 
3) Elemento Subjetivo: DOLO (de expor ou abandonar) + FIM ESPECIAL 
DE AGIR (para ocultar desonra própria). 
- Há um elemento subjetivo específico 
- Expor para ESCONDER a desonra própria 
- DESONRA: não é qualquer desonra, mas desonra sexual PRÓPRIA. 
Obs: não havendo o fim especial de agir, a conduta não se enquadra a este 
tipo penal, mas ao tipo previsto no artigo 132. 
4) Sujeito Ativo: Quem pode praticar o crime? 
- Crime próprio. Tanto quanto ao sujeito ativo quanto ao passivo. 
- Somente os genitores (PAI ou MÃE) poderão cometer esse crime. 
- O terceiro que concorre para o crime responderá pelo mesmo, seja 
como partícipe, seja como coautor, em virtude da comunicabilidade 
de caráter pessoal (art. 30 – CP). 
 
 
 
 
 
 
5) Sujeito Passivo: crime próprio. Somente o recém-nascido. 
DIVERGÊNCIA ACERCA DO PAI 
1) Minoritária: o pai não se enquadra nesse tipo. 
2) Majoritária: pai e mãe podem praticar. 
- Contudo, o pai somente se enquadra, caso ele tenha 
um filho fora do casamento. 
- Caso a mãe traia o pai e ele abandona ou expõe o 
recém-nascido advindo daquela relação de traição, 
será ABANDONO DE INCAPAZ. 
 
 
 
3) 
 
 
 
- Recém-nascido: aquele que acabou de nascer (poucas horas, ou 
mesmo alguns dias de vida), o neonato. Deve-se considerar uma 
razoabilidade na verificação. 
- Caso haja o abandono ou a exposição após alguns meses de vida, 
já se enquadra como ABANDONO DE INCAPAZ. 
 
6) Condutas: 
- EXPOR: deixar em uma situação de perigo concreto. 
- ABANDONAR: deixar a criança num lugar que impossibilite ou 
dificulte a sua defesa ou o socorro. (Não precisa ser um lugar ermo, 
ou inabitável) 
 
7) Consumação: CRIME FORMAL (não há necessidade da produção de 
um resultado naturalístico – morte ou lesão - ou de exaurimento da 
conduta; a simples exposição a perigo concreto já consuma o 
crime). 
 
8) Tentativa: totalmente admissível, pois é possível fracionar a 
conduta; verifica-se o iter criminis (cogitação, preparação, execução, 
consumação, exaurimento). 
 
DESTAQUES: 
1) Alguns doutrinadores defendem que a gravidez precisa ser 
sigilosa. 
2) Se a mãe da grávida abandonar ou expor a criança para ocultar 
desonra própria? Coautoria (art. 30 – CP). 
OMISSÃO DE SOCORRO 
ART. 135 
 
1) OBJETIVIDADE JURÍDICA: a vida e a saúde das pessoas. 
 
2) CONDUTAS: é um crime omissivo próprio. Só se verifica o tipo penal mediante 
omissão. 
 
OMISSIVO PRÓPRIO: o omitente só praticará o crime se houver tipo incriminador 
descrevendo a omissão como infração formal ou de mera conduta (Ex: art. 135 e art. 
269 – CP). 
OMISSIVO IMPRÓPRIO: além do rol de agentes previsto no art. 13, parágrafo 2º, do CP, 
um outro critério para identificar a omissão imprópria é que em regra a conduta 
deveria ser praticada por via comissiva, mas pela posição que o agente exerce, ele 
pratica o determinado crime até mesmo por omissão. 
 
2.1 Duas condutas são identificadas no tipo penal, ou seja, são dois os núcleos do tipo: 
1- Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal 
(havendo o risco, deve pedir ajuda), à criança abandonada ou extraviada, ou à 
pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; 
2- Ou não pedir, nesses casos, socorro da autoridade pública. 
Obs: O sujeito não está autorizado a buscar o auxílio da autoridade, caso seja 
possível o socorro imediato e sem risco pessoal. 
 
3) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
- O crime se consuma ao ser constatada uma possibilidade de perigo. Vale observar os 
comentários acerca dos sujeitos passivos, pois dependendo da vítima, o crime poderá 
ser de Perigo Concreto ou Perigo Abstrato. 
- Não se admite tentativa nos crimes omissivos, pois não há fracionamento da conduta. 
É um crime unissubsistente; de mera conduta (ou eu faço, ou eu deixo de fazer). 
 
4) SUJEITO ATIVO: Crime comum, ou seja, não se exige nenhuma qualidade específica 
do sujeito ativo. Qualquer pessoa pode cometer. 
 
5) SUJEITO PASSIVO 
 
5.1 Criança abandonada: aquela que não tem como se defender e foi deixado ao 
desamparo. Basta a verificação de um Perigo Abstrato para a consumação o 
crime. 
 
5.2 Criança Extraviada: aquela que se perdeu. Perigo abstrato. 
 
5.3 Pessoa inválida: aquela que não pode se defender. Seja por alguma doença, 
seja por velhice. Perigo Abstrato. 
 
5.4 Pessoa ferida: quem teve lesões graves e não tem como se defender. Perigo 
Abstrato. 
 
5.5 Pessoa em grave e iminente perigo: o perigo deve ser real. Perigo Concreto. 
 
Obs¹: qualquer pessoa possui o dever de agir nos casos elencados nesse artigo, mesmo 
que não tenham relação alguma com a vítima. 
 
Obs²: O Omissão de Socorro poderá ser IMEDIATA (deixar de prestar assistência) ou 
MEDIATA (não pedir socorro da autoridade competente). 
 
Obs³: Quem seria a autoridade? Seria a pessoa que tem a atribuição de prestar o auxílio 
devido. Caso eu ligue para uma autoridade incompetente, eu cometo o crime. Ex: ligo 
para o prefeito da cidade, em vez de ligar para um corpo de bombeiros. 
 
6) QUALIFICADORA: parágrafo único. Estamos diante de uma hipótese de crime 
preterdoloso. 
 
DESTAQUES: 
 
- Se o sujeito passivo for pessoa idosa? Pelo princípio da especialidade, o agente que se 
omitiu ou deixou de pedir socorro irá responder de acordo com o artigo 97, da Lei 
10.741/03. 
 
“ Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação 
de iminente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, 
ou não pedir, nesses casos, o socorro de autoridade pública: 
 
Pena - detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. 
 
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de 
natureza grave, e triplicada, se resulta a morte”. 
- Casos de Acidente de trânsito: a depender do caso, respondem pelo Código de Trânsito 
Brasileiro. 
 
CTB 
 
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: 
 
Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão 
ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de um terço à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses 
do parágrafo único do artigo anterior 
 
 O condutor do veículo é o causador do acidente. 
 
 
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à 
vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da 
autoridade pública: 
 
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime 
mais grave. 
 
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua 
omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com 
ferimentos leves. 
 
 O condutor do veículo está envolvido no acidente, mas não teve culpa. Deixa de 
prestar assistência, está envolvido, mas não teve culpa. 
 
CÓDIGO PENALArt. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança 
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e 
iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de 
natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Pessoas que não estão envolvidas no acidente, mas presenciam e deixam de prestar 
assistência ou pedir socorro. 
CONDICIONAMENTO DE ATENDIMENTO MÉDICO-
HOSPITALAR EMERGENCIAL 
ART. 135-A 
 
 Antes era uma conduta tratada como omissão de socorro. Porém, diante da 
frequência, o legislador estabeleceu um tipo próprio, com a Lei nº 12.653. 
 Além de deixar de prestar assistência, há uma imposição de uma condição ao 
sujeito passivo. 
 A pena é maior do que a de Omissão de Socorro. 
 
1) Objetividade Jurídica: salvaguardar a vida e a saúde das pessoas 
 
2) Núcleo do tipo: EXIGIR (impor uma condição). 
 
a. Cheque- Caução: um título executivo extrajudicial, que exerce uma 
função de garantia para pagamento futuro. 
b. Nota Promissória: as mesmas considerações do Cheque-caução. 
c. Qualquer garantia: é uma cláusula aberta. É necessário que se faça uma 
interpretação analógica, visto que o legislador não especificou o termo. 
d. Formulários administrativos: é a famosa “papelada”. 
 
3) ATENDIMENTO EMERGENCIAL? É uma norma penal em branco complementada 
pela Lei 9.656/98, art. 35-C. 
 
4) Sujeito Ativo: crime próprio. 
 
Requisitos do Sujeito ativo: 1) exige do sujeito ativo que haja ao menos um 
“poder de exigência” na gerência do procedimento. Ex: o zelador, o motorista 
do hospital não comete esse crime. 2) Só pode ser praticado por quem trabalha 
na iniciativa privada. 
 
DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA 
 Uns entendem que os servidores públicos também podem cometer esse 
crime, desde que seja no quesito “preenchimento de formulários 
administrativos”, pois se o funcionário público exigir cheque, nota 
promissória ou alguma garantia patrimonial, o crime seria contra a 
Administração Pública (seria o crime de Concussão). 
 
5) Sujeito Passivo: crime comum. 
 
6) Elemento Subjetivo: dolo de perigo (seja perigo direto, seja eventual). Se 
houver animus necandi ou laedendi, o crime será de homicídio ou lesão 
dolosa. 
 
7) Consumação: crime formal. Embora o sujeito passivo se recuse a assinar um 
cheque ou a preencher o formulário, já se consuma o tipo. 
 
8) Tentativa? Alguns doutrinadores entendem que é possível. Mas a majoritária 
não admite. 
 
9) Causa de aumento de pena: necessariamente crime preterdoloso. 
 
DESTAQUES: 
 
- Se o dono do hospital exige que o funcionário cobre uma garantia do paciente? Por 
conta de inexigibilidade de conduta diversa, há exclusão de culpabilidade do 
funcionário. Somente o dono do hospital responderá. 
 
 
 
 
 
MAUS-TRATOS 
Art. 136 
1) Objetividade Jurídica: salvaguardar a integridade física e saúde das pessoas. 
 
2) Conduta: conduta vinculada, pois o agente só poderá cometer esse crime 
mediante uma dessas 3 condutas: 
 
a. Privando de alimentos ou cuidados especiais (Obs: o crime é de perigo. 
Assim, havendo a morte ou algum dano concreto será tentativa de 
homicídio ou homicídio consumado). 
b. Sujeitando a trabalho excessivo ou inadequado. (Ex: avô de 95 anos que 
faz trabalhos domésticos pesados). 
c. Abuso de meio corretivo ou disciplinar (Ex: pai que bate exageradamente 
no seu filho). 
Obs: A diferença entre o crime de maus-tratos e o artigo 232 do Estatuto 
da Criança e do Adolescente consiste em dizer que no ECA basta a 
exposição a vexame ou a situação de perigo. 
 
3) Sujeito Passivo e Ativo: Crime próprio. Pois é necessário que haja uma relação de 
AUTORIDADE, GUARDA OU VIGILÂNCIA. Essa relação é essencial. 
 
4) Elemento Subjetivo: dolo de perigo. O agente sujeito ativo assume o risco e 
pretende expor a pessoa a uma situação de perigo. Caso o agente tenha o dolo 
de produzir algum dano à vítima, responderá pelo crime de tortura, Lei 9.455, 
inciso II. 
 CRIME DE TORTURA: que a pessoa sofra intenso sofrimento físico ou mental. O 
animus do agente é a vontade de fazer a vítima sofrer, e não o animus corrigendi. 
 
5) QUALIFICADORAS E CAUSAS DE AUMENTO DE PENA: necessariamente crime 
preterdoloso. 
 
DESTAQUES: 
- Se a vítima for idosa? O agente responde pelo Estatuto do Idoso, em virtude da regra 
da especialidade. Art. 99, da Lei 10.741/03. 
 
RIXA 
Art. 137 
 Crime de Perigo Concreto 
 Rixa: uma briga generalizada, sem identificação do grupo de contendores. 
Sempre com atos de violência física recíprocos. 
 Exclusão de tipicidade: se eu entro na rixa com o intuito de separar o 
contendores. 
 
1) Objetividade Jurídica: proteger a vida e a saúde das pessoas, além de garantir 
a ordem pública. 
 
2) Sujeito Ativo e Passivo: todos os envolvidos na rixa são sujeitos ativos e 
passivos. 
 
3) É um crime de concurso NECESSÁRIO, pois para se verificar uma rixa é 
necessário que haja o número mínimo de 3 pessoas. 
 
4) Elemento subjetivo: dolo. Animus rixandi. Não há forma culposa. 
 
5) Consumação: basta que o agente participe de uma rixa. Seja praticando atos 
de violência material, seja através da participação, do auxílio material 
(emprestando objetos aos contendores). 
 
 A rixa pode ser SUBTÂNEA/ EX IMPROPRIO: não é organizada 
previamente. Instaura-se no momento. Não admite tentativa. 
 A rixa também pode ser PREORDENADA/ EX PROPOSITO: rixa 
combinada, elaborada previamente. Admite a tentativa. 
 
6) RIXA QUALIFICADA 
 Quando ocorrer o resultado morte ou lesão grave. Tais resultados 
serão imputados a todos aqueles que participaram da rixa, incluindo 
o próprio participante que sofreu a lesão grave. 
 Verifica-se um resquício de Responsabilidade Penal Objetiva. 
 A maioria dos doutrinadores questionam a constitucionalidade desse 
tipo penal. 
 Embora haja várias mortes, teremos CRIME ÚNICO. 
 
DESTAQUES: 
 
- Se for possível identificar a pessoa que cometeu a lesão grave ou o homicídio? O agente 
responderá por homicídio/ lesão grave em concurso material com a rixa. 
 DIVERGÊNCIA: Alguns doutrinadores entendem que o agente deverá responder 
pelo crime de homicídio/lesão + rixa qualificada; outros entendem que essa hipótese 
seria bis in idem, assim, o agente deveria responder pelo crime de homicídio/lesão + rixa 
simples (majoritária). 
 
- Se um terceiro estiver passando pelo caminho onde está acontecendo a rixa e é 
lesionado? O terceiro não responderá, mas os rixosos responderão por rixa qualificada. 
 
- Admite-se legítima defesa? Sim. Caso haja uma mudança nos padrões da contenda, ou 
seja, caso assuma uma maior gravidade. O indivíduo não responderá pelo homicídio/ 
ou lesão corporal, mas pelo crime de rixa na sua forma qualificada. 
 
- E se a rixa ocorrer num âmbito de Torcidas esportivas? Pela regra da especialidade, os 
envolvidos responderão pelo artigo 41-B, da Lei nº 10.671. 
DOS CRIMES CONTRA A HONRA 
Arts. 138, 139 e 140 
 
 A honra da pessoa possui proteção constitucional: art. 5º, inciso X, da CF. “ são 
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra, e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de 
sua violação”. 
 
 HONRA: conjunto de qualidades (físicas, morais e intelectuais) que fazem de um 
ser humano merecedor de respeito. É um sentimentonatural inerente a todo ser 
humano, cuja afetação produz um abalo moral. A honra integra o patrimônio 
moral de uma pessoa 
 
 Honra objetiva: a visão que a sociedade tem acerca da pessoa. É a reputação no 
meio social. (O CP AO ESTABELECER OS CRIMES DE CALÚNIA E DIFAMAÇÃO 
BUSCOU SALVAGUARDAR ESSA HONRA OBJETIVA). 
 
 Honra subjetiva: é o sentimento que cada um tem acerca de si próprio. Juízo que 
cada um faz de si. (O CP AO ESTABELECER O CRIME DE INJÚRIA BUSCOU 
RESGUARDAR ESSA HONRA SUBJETIVA). 
 
 Ambas as honras se subdividem em Honra dignidade (conjunto de qualidades 
morais) e Honra decoro (conjunto de qualidades físicas e intelectuais). 
 
 É necessário que haja DOLO ESPECÍFICO (animus) de caluniar, difamar ou injuriar 
alguém. Caso não haja o dolo específico, não se fala em crimes contra a honra, 
podendo-se considerar, a depender do caso, fato atípico. 
 
 
Art. 138 - CALÚNIA: Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como 
crime. 
 
Art. 139 – DIFAMAÇÃO: Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação. 
 
Art. 140 – INJÚRIA: Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro. 
 
 
 
 
 
 
 
CALÚNIA – Art. 138 
 
1) Objetividade Jurídica: proteção da honra objetiva. 
 
2) Núcleo do tipo: CALUNIAR – imputar falsamente a alguém a autoria de um crime 
(qualquer crime. Não abarca a contravenção penal). 
 
 Qualquer crime, inclusive o próprio crime de calúnia. 
 
 Caso após a calúnia surja uma lei abolindo crime (abolitio 
criminis), não acontecerá o crime de calúnia, mas o de difamação. 
 
 Para haver a calúnia, o fato definido como crime deve ser 
DETERMINADO, ou seja, deve haver a NARRAÇÃO do fato e não 
simplesmente a adjetivação (assassino, estuprador, corrupto). 
 
 A pessoa que calunia a outra precisa ter certeza de que o fato é 
mentiroso, falso. 
 
3) Conduta: “imputando-lhe falsamente fato definido como crime”. 
 
 Falsamente: elemento normativo e uma condição elementar. A 
falsidade poderá ser 1) Quanto à existência do fato em si; 2) quanto 
à autoria do fato. 
 Fato: certo e determinado a uma pessoa certo e determinada. 
 Crime: conduta tipificada pelo Código Penal. 
 
4) Sujeito Ativo e Passivo: Crime comum. 
 Pessoa Jurídica? Pode ser sujeito passivo do crime, principalmente, 
em relação a crimes ambientais. 
 Menor de idade? A doutrina majoritária entende que não pode, pois 
menor de idade comete ato infracional e não crime. 
 Morto? Não. São os parentes e amigos do morto que o parágrafo 2º 
busca proteger. 
 
5) Elemento Subjetivo: DOLO. Não há previsão de modalidade culposa. 
 
 Animus de caluniar, de imputar um fato que saiba ser falso a 
alguém. 
 O agente precisa ter a certeza de que o fato é falso. Caso impute o 
fato, pois acredita ser verdadeiro não se fala em calúnia, mas, sim, 
em ERRO DE TIPO. 
 
6) Consumação: Crime formal. 
 
 A partir do momento que outras pessoas sabem, mesmo que a 
própria pessoa ainda não tome ciência, pois o que se está 
protegendo é a honra OBJETIVA. 
 Se somente a pessoa “caluniada” tomou ciência, não se fala em 
Calúnia. 
 Se somente uma pessoa (um terceiro) tome ciência da calúnia, já se 
configura como crime. 
 
7) Tentativa: dependendo do meio que se emprega, mas geralmente, não se 
admite. 
 
8) Propalação e Divulgação: comete da mesma forma o crime quem o propala ou o 
divulga. 
 
 Propalação: por meio da fala. 
 Divulgação: qualquer outro meio. (Ex: jornal, revista, cartazes...). 
 
9) Exceção da Verdade: é a prova da verdade daquilo o sujeito está afirmando. 
 
 É um incidente de natureza PROCESSUAL e DE MÉRITO. Processual, 
pois obsta processo, interrompe. De mérito, pois interfere 
diretamente na decisão. 
 A exceção da verdade, na calúnia, é a regra. 
 O art. 137, parágrafo 3º, do CP, enumera as situações que são 
impossíveis a arguição da exceção da verdade. 
 
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: 
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi 
condenado por sentença irrecorrível; O ofendido não quiser propor ação primeira 
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; 
Presidente da república, Chefe de Estado estrangeiro. 
 
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por 
sentença irrecorrível. Coisa Julgada. 
 
DESTAQUES: 
 
- Caso um Deputado Federal apresente uma queixa-crime contra um jornalista, o 
processo ocorrerá perante a justiça comum de 1º grau. Contudo, o Jornalista ao 
apresentar a exceção da verdade deverá se pronunciar perante o STF. 
 
- A diferença entre o art. 138 e 339 do Código Penal está no fato de que o art. 339 versa 
sobre “denunciação caluniosa”, ou seja, há uma movimentação da máquina pública, da 
administração da justiça. 
 
 
DIFAMAÇÃO – Art. 139 
 
1) Objetividade jurídica: a honra objetiva. 
 
2) Sujeito Ativo e Passivo: Crime comum. Qualquer pessoa 
 
3) Conduta: imputar fato ofensivo à reputação de alguém. 
 
 Fato: não precisa ser definido como Crime. 
 Pouco importa se o fato é verdadeiro ou não. 
 É necessário que haja a narração do fato e não somente a mera 
adjetivação (nesse caso, seria injúria). 
 Embora o fato seja notório, configura a difamação, pois a pessoa 
que narra não tem a ver com a honra objetiva da pessoa. 
 
4) Elemento Subjetivo: Dolo. Vontade livre e consciente de ofender a honra da 
pessoa. 
 Há fim especial de agir? A maioria da doutrina acredita que sim. 
Fim de ofender a honra objetiva. 
 
5) Consumação: quando um terceiro toma conhecimento. 
 
6) Tentativa: admite-se. Contudo há divergências. 
 
7) Exceção da verdade: em regra, não se admite, pois mesmo que o fato seja 
verdadeiro, haverá o crime de difamação. Contudo, o Código Penal prevê em 
seu artigo 139, parágrafo único que: “A exceção da verdade somente se admite se 
o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções”. 
 
INJÚRIA – Art. 140 
 
1) Objetividade Jurídica: tutela-se a honra subjetiva da pessoa. 
 
2) Núcleo do tipo: INJURIAR – atribuir uma qualidade negativa a alguém, com o 
intuito de ofender a o decoro ou a dignidade de alguém. 
 
3) Conduta: Crime comissivo. Porém, pode ser consumado via omissão própria (Ex: 
olhar de desprezo para outra pessoa) ou imprópria. 
 
 Fim especial de agir? Divergência doutrinária. 
 
4) Sujeito Ativo e Passivo: crime comum. 
 
 Sendo um crime de ação privada, é o ofendido que determinará se 
houve ou não ofensa. 
 
5) Não se admite EXCEÇÃO DE VERDADE nos crimes de Injúria 
 
6) Consumação: quando o próprio ofendido toma conhecimento da ofensa. Não se 
exige que várias pessoas tomem ciência, pois o que se está tutelando é a honra 
SUBJETIVA. 
 
7) Tentativa? Sim. Porém, dependendo do meio que se adote. 
 
 
 
8) Perdão Judicial: quando o juiz deixa de aplicar a pena. Extinção de punibilidade. 
 
 Art. 140, parágrafo 1º. 
 HIPÓTESE 1: Quando o ofendido provoca diretamente a injuria. Essa 
provocação pode advir da prática de algum crime (uma lesão 
corporal, uma difamação...). 
 HIPÓTESE 2: a provocação é uma injúria que é revidada com outra 
injúria. (Obs: somente aquele que revida a injúria terá extinta a 
punibilidade. Aquele que provocou comete o crime de injúria sem 
que haja o perdão judicial). 
 
9) Injúria Real: art. 140, parágrafo 2º. 
 
 Violência: quando gera algum tipo de lesão corporal (leve, grave ou 
gravíssima) 
 Vias de fato: açãoque poderia ocasionar alguma lesão, mas não 
causou. Atos que não produzem lesão. Ex: raspar o cabelo de uma 
mulher com o intuito de ofender, envergonhá-la. 
 Concurso Material Obrigatório versus Concurso Formal Impróprio: 
sabe-se que o parágrafo único prevê a cumulação de penas. 
Conduto a doutrina diverge acerca desse Concurso obrigatório. Se é 
formal ou material. 
 
 
10) Injúria Racial: modalidade qualificada de injúria. Art. 140, parágrafo 3º. 
 
 Lei 7.716/89, art. 20: Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito 
de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (PROTEGE A COLETIVIDADE. 
A ofensa é dirigida a um grupo indeterminado de pessoas). 
 
 Art. 140, parágrafo 3º: busca tutelar a honra subjetiva. PESSOA DETERMINADA. 
 
 
11) Crime de Desacato x Injúria? 
 
 DESACATO (Art. 331 – CP): Desacatar funcionário público no exercício da função 
ou em razão dela. 
 A “injúria”, a ofensa dirigida ao funcionário público no crime de desacato 
acontece na presença do funcionário público no exercício de sua função. É um 
tipo específico. 
 
 
DISPOSIÇÕES COMUNS 
 
 São autoexplicativas. Basta uma leitura atenta para a compreensão. Art. 141. 
 Ressalva sobre o inciso III: Antes da Arguição de Preceito Fundamental 130, tal 
prática era considerada como crime de imprensa, pela Lei 5.520/67. Contudo, 
em virtude da ADPF proposta, a lei fora considerada inconstitucional. 
 
 
EXCLUSÃO DE CRIME 
 
 Não abrangem a calúnia. 
 I- Refere-se a Imunidade Judiciária. Relativa ao processo que é instaurado. 
 II- Os limites devem ser observados. 
 III- Estrito cumprimento do dever legal do Funcionário Público 
 
 IMUNIDADES PARLAMENTARES 
 
o Art. 53, da CF: refere-se à IMUNIDADE MATERIAL. 
o Abrange Deputados Federais e Senadores. 
o Qualquer palavra ou juízo de valor que eles emitem estará abrangido pela 
imunidade. 
o Natureza Jurídica? Exclusão de Ilicitude. 
o Essa imunidade não é absoluta, pois é necessário que a palavra ou o juízo 
emitido tenha relação com o exercício do mandato parlamentar. 
o Não necessariamente dentro do Congresso Nacional. 
o Deputados Estaduais? Art. 27, parágrafo 1º, da CF. 
o Vereadores? Art. 29, inciso VIII, da CF. Limitado à circunscrição do 
município. 
 
 
 IMUNIDADES DO ADVOGADO 
 
o Lei 8.906/94 
o Art. 7º, parágrafo 2º 
o Não abrange a Calúnia 
o Antes, o advogado tinha imunidade até em relação ao crime de desacato. 
Contudo, com a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1.127-8 
declarou-se a inconstitucionalidade de tal previsão. 
 
 
RETRATAÇÃO 
 
 Art. 143: isenção de pena. 
 A retratação precisa ser TOTAL. 
 A retratação é INCOMUNICÁVEL, ou seja, só será isento de pena aquele que se 
retratou. 
 Só será aceita ANTES DA SENTENÇA PROFERIDA EM 1º GRAU. 
 
 
 
AÇÃO PENAL 
 
1) Regra Geral: PRIVADA. 
 Precisa ser oferecida a queixa-crime. 
 PRAZO: 6 meses a partir do conhecimento da autoria do fato 
 
2) Exceções 
 
a) Pública Incondicionada (Art. 145), caso a injúria real resulte em lesão corporal. 
Contudo, existe uma corrente que, com base no artigo 88, da Lei 9.099/95, 
entende que a ação é condicionada a representação nos casos de lesão corporal 
leve. 
 
b) Pública condicionada à representação do Ministro da Justiça (quando envolver 
Presidente ou chefe de governo estrangeiro). 
 
c) Pública condicionada à representação do Ministério Público (nos casos de injúria 
racial e quando envolver funcionário público, no exercício de suas funções). 
 
 De acordo com a Súmula 714, do STJ, “é concorrente a legitimidade do 
ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condicionada à 
representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de 
servidor público em razão do exercício de suas funções”. 
 
 
TJ-PA - HABEAS CORPUS HC 201430011952 PA (TJ-PA) 
Data de publicação: 18/06/2014 
Ementa: EMENTA HABEAS CORPUS TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL CRIMES CONTRA 
A HONRA (CALÚNIA E INJÚRIA) C/C FORMAÇÃO DE QUADRILHA E COAÇÃO NO CURSO 
DO PROCESSO AUSÊNCIA DE REPRESENTAÇÃO DOS OFENDIDOS COMPETÊNCIA E 
ILEGITIMIDADE MATÉRIAS DE ORDEM PÚBLICA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL 
IMPROCEDÊNCIA ILEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PROCEDÊNCIA VIOLAÇÃO 
DO VERBETE DA SÚMULA714, DO STF. 1. É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante 
queixa e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por 
crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções; sem 
representação, não há procedibilidade da ação penal. 2. Sabe-se que em crimes praticados desta 
natureza, a titularidade para a instauração da persecutio criminis é concorrente para o querelante 
mediante queixa-crime e para o Ministério Público mediante representação do ofendido, 
devendo, em qualquer caso, serem intentadas no prazo decadencial de 6 (seis) meses contados 
a partir do conhecimento da infração penal e de seu autor (art. 103, do CPB). [...] Ordem de 
Habeas Corpus parcialmente concedida para trancamento da ação penal no tocante aos crimes 
contra a honra calúnia e injúria e, por corolário lógico, também de formação de quadrilha 
imputados ao paciente POR MAIORIA.

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