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UNDB – UNIDADE DE ENSINO SUPERIO DOM BOSCO DIREITO PENAL ESPECIAL I Professor: Adriano Damasceno. Elaboração e Organização: João Pedro Oliveira da Silva EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO Art. 134 1) Objetividade Jurídica: a saúde e a integridade física do recém- nascido; a segurança e a incolumidade pessoal. 2) Elemento Normativo: “desonra própria”. Pois não há uma definição acerca do termo, estando sujeito a interpretações, juízo de valores para que se extraia um significado. 3) Elemento Subjetivo: DOLO (de expor ou abandonar) + FIM ESPECIAL DE AGIR (para ocultar desonra própria). - Há um elemento subjetivo específico - Expor para ESCONDER a desonra própria - DESONRA: não é qualquer desonra, mas desonra sexual PRÓPRIA. Obs: não havendo o fim especial de agir, a conduta não se enquadra a este tipo penal, mas ao tipo previsto no artigo 132. 4) Sujeito Ativo: Quem pode praticar o crime? - Crime próprio. Tanto quanto ao sujeito ativo quanto ao passivo. - Somente os genitores (PAI ou MÃE) poderão cometer esse crime. - O terceiro que concorre para o crime responderá pelo mesmo, seja como partícipe, seja como coautor, em virtude da comunicabilidade de caráter pessoal (art. 30 – CP). 5) Sujeito Passivo: crime próprio. Somente o recém-nascido. DIVERGÊNCIA ACERCA DO PAI 1) Minoritária: o pai não se enquadra nesse tipo. 2) Majoritária: pai e mãe podem praticar. - Contudo, o pai somente se enquadra, caso ele tenha um filho fora do casamento. - Caso a mãe traia o pai e ele abandona ou expõe o recém-nascido advindo daquela relação de traição, será ABANDONO DE INCAPAZ. 3) - Recém-nascido: aquele que acabou de nascer (poucas horas, ou mesmo alguns dias de vida), o neonato. Deve-se considerar uma razoabilidade na verificação. - Caso haja o abandono ou a exposição após alguns meses de vida, já se enquadra como ABANDONO DE INCAPAZ. 6) Condutas: - EXPOR: deixar em uma situação de perigo concreto. - ABANDONAR: deixar a criança num lugar que impossibilite ou dificulte a sua defesa ou o socorro. (Não precisa ser um lugar ermo, ou inabitável) 7) Consumação: CRIME FORMAL (não há necessidade da produção de um resultado naturalístico – morte ou lesão - ou de exaurimento da conduta; a simples exposição a perigo concreto já consuma o crime). 8) Tentativa: totalmente admissível, pois é possível fracionar a conduta; verifica-se o iter criminis (cogitação, preparação, execução, consumação, exaurimento). DESTAQUES: 1) Alguns doutrinadores defendem que a gravidez precisa ser sigilosa. 2) Se a mãe da grávida abandonar ou expor a criança para ocultar desonra própria? Coautoria (art. 30 – CP). OMISSÃO DE SOCORRO ART. 135 1) OBJETIVIDADE JURÍDICA: a vida e a saúde das pessoas. 2) CONDUTAS: é um crime omissivo próprio. Só se verifica o tipo penal mediante omissão. OMISSIVO PRÓPRIO: o omitente só praticará o crime se houver tipo incriminador descrevendo a omissão como infração formal ou de mera conduta (Ex: art. 135 e art. 269 – CP). OMISSIVO IMPRÓPRIO: além do rol de agentes previsto no art. 13, parágrafo 2º, do CP, um outro critério para identificar a omissão imprópria é que em regra a conduta deveria ser praticada por via comissiva, mas pela posição que o agente exerce, ele pratica o determinado crime até mesmo por omissão. 2.1 Duas condutas são identificadas no tipo penal, ou seja, são dois os núcleos do tipo: 1- Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal (havendo o risco, deve pedir ajuda), à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; 2- Ou não pedir, nesses casos, socorro da autoridade pública. Obs: O sujeito não está autorizado a buscar o auxílio da autoridade, caso seja possível o socorro imediato e sem risco pessoal. 3) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA - O crime se consuma ao ser constatada uma possibilidade de perigo. Vale observar os comentários acerca dos sujeitos passivos, pois dependendo da vítima, o crime poderá ser de Perigo Concreto ou Perigo Abstrato. - Não se admite tentativa nos crimes omissivos, pois não há fracionamento da conduta. É um crime unissubsistente; de mera conduta (ou eu faço, ou eu deixo de fazer). 4) SUJEITO ATIVO: Crime comum, ou seja, não se exige nenhuma qualidade específica do sujeito ativo. Qualquer pessoa pode cometer. 5) SUJEITO PASSIVO 5.1 Criança abandonada: aquela que não tem como se defender e foi deixado ao desamparo. Basta a verificação de um Perigo Abstrato para a consumação o crime. 5.2 Criança Extraviada: aquela que se perdeu. Perigo abstrato. 5.3 Pessoa inválida: aquela que não pode se defender. Seja por alguma doença, seja por velhice. Perigo Abstrato. 5.4 Pessoa ferida: quem teve lesões graves e não tem como se defender. Perigo Abstrato. 5.5 Pessoa em grave e iminente perigo: o perigo deve ser real. Perigo Concreto. Obs¹: qualquer pessoa possui o dever de agir nos casos elencados nesse artigo, mesmo que não tenham relação alguma com a vítima. Obs²: O Omissão de Socorro poderá ser IMEDIATA (deixar de prestar assistência) ou MEDIATA (não pedir socorro da autoridade competente). Obs³: Quem seria a autoridade? Seria a pessoa que tem a atribuição de prestar o auxílio devido. Caso eu ligue para uma autoridade incompetente, eu cometo o crime. Ex: ligo para o prefeito da cidade, em vez de ligar para um corpo de bombeiros. 6) QUALIFICADORA: parágrafo único. Estamos diante de uma hipótese de crime preterdoloso. DESTAQUES: - Se o sujeito passivo for pessoa idosa? Pelo princípio da especialidade, o agente que se omitiu ou deixou de pedir socorro irá responder de acordo com o artigo 97, da Lei 10.741/03. “ Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de autoridade pública: Pena - detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte”. - Casos de Acidente de trânsito: a depender do caso, respondem pelo Código de Trânsito Brasileiro. CTB Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Parágrafo único. Aumenta-se a pena de um terço à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do parágrafo único do artigo anterior O condutor do veículo é o causador do acidente. Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública: Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave. Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves. O condutor do veículo está envolvido no acidente, mas não teve culpa. Deixa de prestar assistência, está envolvido, mas não teve culpa. CÓDIGO PENALArt. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Pessoas que não estão envolvidas no acidente, mas presenciam e deixam de prestar assistência ou pedir socorro. CONDICIONAMENTO DE ATENDIMENTO MÉDICO- HOSPITALAR EMERGENCIAL ART. 135-A Antes era uma conduta tratada como omissão de socorro. Porém, diante da frequência, o legislador estabeleceu um tipo próprio, com a Lei nº 12.653. Além de deixar de prestar assistência, há uma imposição de uma condição ao sujeito passivo. A pena é maior do que a de Omissão de Socorro. 1) Objetividade Jurídica: salvaguardar a vida e a saúde das pessoas 2) Núcleo do tipo: EXIGIR (impor uma condição). a. Cheque- Caução: um título executivo extrajudicial, que exerce uma função de garantia para pagamento futuro. b. Nota Promissória: as mesmas considerações do Cheque-caução. c. Qualquer garantia: é uma cláusula aberta. É necessário que se faça uma interpretação analógica, visto que o legislador não especificou o termo. d. Formulários administrativos: é a famosa “papelada”. 3) ATENDIMENTO EMERGENCIAL? É uma norma penal em branco complementada pela Lei 9.656/98, art. 35-C. 4) Sujeito Ativo: crime próprio. Requisitos do Sujeito ativo: 1) exige do sujeito ativo que haja ao menos um “poder de exigência” na gerência do procedimento. Ex: o zelador, o motorista do hospital não comete esse crime. 2) Só pode ser praticado por quem trabalha na iniciativa privada. DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA Uns entendem que os servidores públicos também podem cometer esse crime, desde que seja no quesito “preenchimento de formulários administrativos”, pois se o funcionário público exigir cheque, nota promissória ou alguma garantia patrimonial, o crime seria contra a Administração Pública (seria o crime de Concussão). 5) Sujeito Passivo: crime comum. 6) Elemento Subjetivo: dolo de perigo (seja perigo direto, seja eventual). Se houver animus necandi ou laedendi, o crime será de homicídio ou lesão dolosa. 7) Consumação: crime formal. Embora o sujeito passivo se recuse a assinar um cheque ou a preencher o formulário, já se consuma o tipo. 8) Tentativa? Alguns doutrinadores entendem que é possível. Mas a majoritária não admite. 9) Causa de aumento de pena: necessariamente crime preterdoloso. DESTAQUES: - Se o dono do hospital exige que o funcionário cobre uma garantia do paciente? Por conta de inexigibilidade de conduta diversa, há exclusão de culpabilidade do funcionário. Somente o dono do hospital responderá. MAUS-TRATOS Art. 136 1) Objetividade Jurídica: salvaguardar a integridade física e saúde das pessoas. 2) Conduta: conduta vinculada, pois o agente só poderá cometer esse crime mediante uma dessas 3 condutas: a. Privando de alimentos ou cuidados especiais (Obs: o crime é de perigo. Assim, havendo a morte ou algum dano concreto será tentativa de homicídio ou homicídio consumado). b. Sujeitando a trabalho excessivo ou inadequado. (Ex: avô de 95 anos que faz trabalhos domésticos pesados). c. Abuso de meio corretivo ou disciplinar (Ex: pai que bate exageradamente no seu filho). Obs: A diferença entre o crime de maus-tratos e o artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente consiste em dizer que no ECA basta a exposição a vexame ou a situação de perigo. 3) Sujeito Passivo e Ativo: Crime próprio. Pois é necessário que haja uma relação de AUTORIDADE, GUARDA OU VIGILÂNCIA. Essa relação é essencial. 4) Elemento Subjetivo: dolo de perigo. O agente sujeito ativo assume o risco e pretende expor a pessoa a uma situação de perigo. Caso o agente tenha o dolo de produzir algum dano à vítima, responderá pelo crime de tortura, Lei 9.455, inciso II. CRIME DE TORTURA: que a pessoa sofra intenso sofrimento físico ou mental. O animus do agente é a vontade de fazer a vítima sofrer, e não o animus corrigendi. 5) QUALIFICADORAS E CAUSAS DE AUMENTO DE PENA: necessariamente crime preterdoloso. DESTAQUES: - Se a vítima for idosa? O agente responde pelo Estatuto do Idoso, em virtude da regra da especialidade. Art. 99, da Lei 10.741/03. RIXA Art. 137 Crime de Perigo Concreto Rixa: uma briga generalizada, sem identificação do grupo de contendores. Sempre com atos de violência física recíprocos. Exclusão de tipicidade: se eu entro na rixa com o intuito de separar o contendores. 1) Objetividade Jurídica: proteger a vida e a saúde das pessoas, além de garantir a ordem pública. 2) Sujeito Ativo e Passivo: todos os envolvidos na rixa são sujeitos ativos e passivos. 3) É um crime de concurso NECESSÁRIO, pois para se verificar uma rixa é necessário que haja o número mínimo de 3 pessoas. 4) Elemento subjetivo: dolo. Animus rixandi. Não há forma culposa. 5) Consumação: basta que o agente participe de uma rixa. Seja praticando atos de violência material, seja através da participação, do auxílio material (emprestando objetos aos contendores). A rixa pode ser SUBTÂNEA/ EX IMPROPRIO: não é organizada previamente. Instaura-se no momento. Não admite tentativa. A rixa também pode ser PREORDENADA/ EX PROPOSITO: rixa combinada, elaborada previamente. Admite a tentativa. 6) RIXA QUALIFICADA Quando ocorrer o resultado morte ou lesão grave. Tais resultados serão imputados a todos aqueles que participaram da rixa, incluindo o próprio participante que sofreu a lesão grave. Verifica-se um resquício de Responsabilidade Penal Objetiva. A maioria dos doutrinadores questionam a constitucionalidade desse tipo penal. Embora haja várias mortes, teremos CRIME ÚNICO. DESTAQUES: - Se for possível identificar a pessoa que cometeu a lesão grave ou o homicídio? O agente responderá por homicídio/ lesão grave em concurso material com a rixa. DIVERGÊNCIA: Alguns doutrinadores entendem que o agente deverá responder pelo crime de homicídio/lesão + rixa qualificada; outros entendem que essa hipótese seria bis in idem, assim, o agente deveria responder pelo crime de homicídio/lesão + rixa simples (majoritária). - Se um terceiro estiver passando pelo caminho onde está acontecendo a rixa e é lesionado? O terceiro não responderá, mas os rixosos responderão por rixa qualificada. - Admite-se legítima defesa? Sim. Caso haja uma mudança nos padrões da contenda, ou seja, caso assuma uma maior gravidade. O indivíduo não responderá pelo homicídio/ ou lesão corporal, mas pelo crime de rixa na sua forma qualificada. - E se a rixa ocorrer num âmbito de Torcidas esportivas? Pela regra da especialidade, os envolvidos responderão pelo artigo 41-B, da Lei nº 10.671. DOS CRIMES CONTRA A HONRA Arts. 138, 139 e 140 A honra da pessoa possui proteção constitucional: art. 5º, inciso X, da CF. “ são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra, e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. HONRA: conjunto de qualidades (físicas, morais e intelectuais) que fazem de um ser humano merecedor de respeito. É um sentimentonatural inerente a todo ser humano, cuja afetação produz um abalo moral. A honra integra o patrimônio moral de uma pessoa Honra objetiva: a visão que a sociedade tem acerca da pessoa. É a reputação no meio social. (O CP AO ESTABELECER OS CRIMES DE CALÚNIA E DIFAMAÇÃO BUSCOU SALVAGUARDAR ESSA HONRA OBJETIVA). Honra subjetiva: é o sentimento que cada um tem acerca de si próprio. Juízo que cada um faz de si. (O CP AO ESTABELECER O CRIME DE INJÚRIA BUSCOU RESGUARDAR ESSA HONRA SUBJETIVA). Ambas as honras se subdividem em Honra dignidade (conjunto de qualidades morais) e Honra decoro (conjunto de qualidades físicas e intelectuais). É necessário que haja DOLO ESPECÍFICO (animus) de caluniar, difamar ou injuriar alguém. Caso não haja o dolo específico, não se fala em crimes contra a honra, podendo-se considerar, a depender do caso, fato atípico. Art. 138 - CALÚNIA: Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime. Art. 139 – DIFAMAÇÃO: Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação. Art. 140 – INJÚRIA: Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro. CALÚNIA – Art. 138 1) Objetividade Jurídica: proteção da honra objetiva. 2) Núcleo do tipo: CALUNIAR – imputar falsamente a alguém a autoria de um crime (qualquer crime. Não abarca a contravenção penal). Qualquer crime, inclusive o próprio crime de calúnia. Caso após a calúnia surja uma lei abolindo crime (abolitio criminis), não acontecerá o crime de calúnia, mas o de difamação. Para haver a calúnia, o fato definido como crime deve ser DETERMINADO, ou seja, deve haver a NARRAÇÃO do fato e não simplesmente a adjetivação (assassino, estuprador, corrupto). A pessoa que calunia a outra precisa ter certeza de que o fato é mentiroso, falso. 3) Conduta: “imputando-lhe falsamente fato definido como crime”. Falsamente: elemento normativo e uma condição elementar. A falsidade poderá ser 1) Quanto à existência do fato em si; 2) quanto à autoria do fato. Fato: certo e determinado a uma pessoa certo e determinada. Crime: conduta tipificada pelo Código Penal. 4) Sujeito Ativo e Passivo: Crime comum. Pessoa Jurídica? Pode ser sujeito passivo do crime, principalmente, em relação a crimes ambientais. Menor de idade? A doutrina majoritária entende que não pode, pois menor de idade comete ato infracional e não crime. Morto? Não. São os parentes e amigos do morto que o parágrafo 2º busca proteger. 5) Elemento Subjetivo: DOLO. Não há previsão de modalidade culposa. Animus de caluniar, de imputar um fato que saiba ser falso a alguém. O agente precisa ter a certeza de que o fato é falso. Caso impute o fato, pois acredita ser verdadeiro não se fala em calúnia, mas, sim, em ERRO DE TIPO. 6) Consumação: Crime formal. A partir do momento que outras pessoas sabem, mesmo que a própria pessoa ainda não tome ciência, pois o que se está protegendo é a honra OBJETIVA. Se somente a pessoa “caluniada” tomou ciência, não se fala em Calúnia. Se somente uma pessoa (um terceiro) tome ciência da calúnia, já se configura como crime. 7) Tentativa: dependendo do meio que se emprega, mas geralmente, não se admite. 8) Propalação e Divulgação: comete da mesma forma o crime quem o propala ou o divulga. Propalação: por meio da fala. Divulgação: qualquer outro meio. (Ex: jornal, revista, cartazes...). 9) Exceção da Verdade: é a prova da verdade daquilo o sujeito está afirmando. É um incidente de natureza PROCESSUAL e DE MÉRITO. Processual, pois obsta processo, interrompe. De mérito, pois interfere diretamente na decisão. A exceção da verdade, na calúnia, é a regra. O art. 137, parágrafo 3º, do CP, enumera as situações que são impossíveis a arguição da exceção da verdade. § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; O ofendido não quiser propor ação primeira II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; Presidente da república, Chefe de Estado estrangeiro. III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. Coisa Julgada. DESTAQUES: - Caso um Deputado Federal apresente uma queixa-crime contra um jornalista, o processo ocorrerá perante a justiça comum de 1º grau. Contudo, o Jornalista ao apresentar a exceção da verdade deverá se pronunciar perante o STF. - A diferença entre o art. 138 e 339 do Código Penal está no fato de que o art. 339 versa sobre “denunciação caluniosa”, ou seja, há uma movimentação da máquina pública, da administração da justiça. DIFAMAÇÃO – Art. 139 1) Objetividade jurídica: a honra objetiva. 2) Sujeito Ativo e Passivo: Crime comum. Qualquer pessoa 3) Conduta: imputar fato ofensivo à reputação de alguém. Fato: não precisa ser definido como Crime. Pouco importa se o fato é verdadeiro ou não. É necessário que haja a narração do fato e não somente a mera adjetivação (nesse caso, seria injúria). Embora o fato seja notório, configura a difamação, pois a pessoa que narra não tem a ver com a honra objetiva da pessoa. 4) Elemento Subjetivo: Dolo. Vontade livre e consciente de ofender a honra da pessoa. Há fim especial de agir? A maioria da doutrina acredita que sim. Fim de ofender a honra objetiva. 5) Consumação: quando um terceiro toma conhecimento. 6) Tentativa: admite-se. Contudo há divergências. 7) Exceção da verdade: em regra, não se admite, pois mesmo que o fato seja verdadeiro, haverá o crime de difamação. Contudo, o Código Penal prevê em seu artigo 139, parágrafo único que: “A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções”. INJÚRIA – Art. 140 1) Objetividade Jurídica: tutela-se a honra subjetiva da pessoa. 2) Núcleo do tipo: INJURIAR – atribuir uma qualidade negativa a alguém, com o intuito de ofender a o decoro ou a dignidade de alguém. 3) Conduta: Crime comissivo. Porém, pode ser consumado via omissão própria (Ex: olhar de desprezo para outra pessoa) ou imprópria. Fim especial de agir? Divergência doutrinária. 4) Sujeito Ativo e Passivo: crime comum. Sendo um crime de ação privada, é o ofendido que determinará se houve ou não ofensa. 5) Não se admite EXCEÇÃO DE VERDADE nos crimes de Injúria 6) Consumação: quando o próprio ofendido toma conhecimento da ofensa. Não se exige que várias pessoas tomem ciência, pois o que se está tutelando é a honra SUBJETIVA. 7) Tentativa? Sim. Porém, dependendo do meio que se adote. 8) Perdão Judicial: quando o juiz deixa de aplicar a pena. Extinção de punibilidade. Art. 140, parágrafo 1º. HIPÓTESE 1: Quando o ofendido provoca diretamente a injuria. Essa provocação pode advir da prática de algum crime (uma lesão corporal, uma difamação...). HIPÓTESE 2: a provocação é uma injúria que é revidada com outra injúria. (Obs: somente aquele que revida a injúria terá extinta a punibilidade. Aquele que provocou comete o crime de injúria sem que haja o perdão judicial). 9) Injúria Real: art. 140, parágrafo 2º. Violência: quando gera algum tipo de lesão corporal (leve, grave ou gravíssima) Vias de fato: açãoque poderia ocasionar alguma lesão, mas não causou. Atos que não produzem lesão. Ex: raspar o cabelo de uma mulher com o intuito de ofender, envergonhá-la. Concurso Material Obrigatório versus Concurso Formal Impróprio: sabe-se que o parágrafo único prevê a cumulação de penas. Conduto a doutrina diverge acerca desse Concurso obrigatório. Se é formal ou material. 10) Injúria Racial: modalidade qualificada de injúria. Art. 140, parágrafo 3º. Lei 7.716/89, art. 20: Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (PROTEGE A COLETIVIDADE. A ofensa é dirigida a um grupo indeterminado de pessoas). Art. 140, parágrafo 3º: busca tutelar a honra subjetiva. PESSOA DETERMINADA. 11) Crime de Desacato x Injúria? DESACATO (Art. 331 – CP): Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela. A “injúria”, a ofensa dirigida ao funcionário público no crime de desacato acontece na presença do funcionário público no exercício de sua função. É um tipo específico. DISPOSIÇÕES COMUNS São autoexplicativas. Basta uma leitura atenta para a compreensão. Art. 141. Ressalva sobre o inciso III: Antes da Arguição de Preceito Fundamental 130, tal prática era considerada como crime de imprensa, pela Lei 5.520/67. Contudo, em virtude da ADPF proposta, a lei fora considerada inconstitucional. EXCLUSÃO DE CRIME Não abrangem a calúnia. I- Refere-se a Imunidade Judiciária. Relativa ao processo que é instaurado. II- Os limites devem ser observados. III- Estrito cumprimento do dever legal do Funcionário Público IMUNIDADES PARLAMENTARES o Art. 53, da CF: refere-se à IMUNIDADE MATERIAL. o Abrange Deputados Federais e Senadores. o Qualquer palavra ou juízo de valor que eles emitem estará abrangido pela imunidade. o Natureza Jurídica? Exclusão de Ilicitude. o Essa imunidade não é absoluta, pois é necessário que a palavra ou o juízo emitido tenha relação com o exercício do mandato parlamentar. o Não necessariamente dentro do Congresso Nacional. o Deputados Estaduais? Art. 27, parágrafo 1º, da CF. o Vereadores? Art. 29, inciso VIII, da CF. Limitado à circunscrição do município. IMUNIDADES DO ADVOGADO o Lei 8.906/94 o Art. 7º, parágrafo 2º o Não abrange a Calúnia o Antes, o advogado tinha imunidade até em relação ao crime de desacato. Contudo, com a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1.127-8 declarou-se a inconstitucionalidade de tal previsão. RETRATAÇÃO Art. 143: isenção de pena. A retratação precisa ser TOTAL. A retratação é INCOMUNICÁVEL, ou seja, só será isento de pena aquele que se retratou. Só será aceita ANTES DA SENTENÇA PROFERIDA EM 1º GRAU. AÇÃO PENAL 1) Regra Geral: PRIVADA. Precisa ser oferecida a queixa-crime. PRAZO: 6 meses a partir do conhecimento da autoria do fato 2) Exceções a) Pública Incondicionada (Art. 145), caso a injúria real resulte em lesão corporal. Contudo, existe uma corrente que, com base no artigo 88, da Lei 9.099/95, entende que a ação é condicionada a representação nos casos de lesão corporal leve. b) Pública condicionada à representação do Ministro da Justiça (quando envolver Presidente ou chefe de governo estrangeiro). c) Pública condicionada à representação do Ministério Público (nos casos de injúria racial e quando envolver funcionário público, no exercício de suas funções). De acordo com a Súmula 714, do STJ, “é concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções”. TJ-PA - HABEAS CORPUS HC 201430011952 PA (TJ-PA) Data de publicação: 18/06/2014 Ementa: EMENTA HABEAS CORPUS TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL CRIMES CONTRA A HONRA (CALÚNIA E INJÚRIA) C/C FORMAÇÃO DE QUADRILHA E COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO AUSÊNCIA DE REPRESENTAÇÃO DOS OFENDIDOS COMPETÊNCIA E ILEGITIMIDADE MATÉRIAS DE ORDEM PÚBLICA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL IMPROCEDÊNCIA ILEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PROCEDÊNCIA VIOLAÇÃO DO VERBETE DA SÚMULA714, DO STF. 1. É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções; sem representação, não há procedibilidade da ação penal. 2. Sabe-se que em crimes praticados desta natureza, a titularidade para a instauração da persecutio criminis é concorrente para o querelante mediante queixa-crime e para o Ministério Público mediante representação do ofendido, devendo, em qualquer caso, serem intentadas no prazo decadencial de 6 (seis) meses contados a partir do conhecimento da infração penal e de seu autor (art. 103, do CPB). [...] Ordem de Habeas Corpus parcialmente concedida para trancamento da ação penal no tocante aos crimes contra a honra calúnia e injúria e, por corolário lógico, também de formação de quadrilha imputados ao paciente POR MAIORIA.
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