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Administração Financeira e Orçamentária II – Aula 5 – Professor Antonio G. R. de Freitas 1 RETORNO 1.1 CARTEIRAS A maioria dos investidores aplicam em carteiras de ativos; Ou seja, investem em mais de uma ação, obrigação ou algum outro ativo. 1.1.1 Pesos de carteira Existem diversas maneiras equivalentes de descrever uma carteira; A abordagem mais convencional consiste em discriminar o percentual do valor da carteira aplicado em cada ativo. Chama-se isso de peso de carteira. Por exemplo, você investiu R$ 50 em um ativo e R$ 150 em outro, o valor total da nossa carteira será de R$ 200. Percentual do primeiro ativo é: 50/200 = 0,25 ou 25% Percentual do segundo ativo é: 150/200 = 0,75 ou 75% A soma dos ativos precisa ser igual 100%. 1.1.2 Retorno esperado da carteira Voltamos aos exemplos das ações L e U. Digamos que você colocou metade do seu dinheiro em cada uma. Obviamente os pesos de carteira são 0,5 e 0,5. Qual é a distribuição de retornos desta carteira? Qual é o retorno esperado? Vamos o mesmo cenário anterior, se a economia aquecer o Ação L terá um retorno de 70%, se a economia entrar em recessão a Ação L terá um retorno de -20%. Se a economia entrar em recessão Ação U terá um retorno de 30%, se a economia aquecer a ação U terá um retorno de 10%. Neste caso, há dois estados de economia, recessão e crescimento. Quer dizer que há uma probabilidade de 50% de ocorrência para ambos os casos. Vamos então calcular o retorno da carteira se houvesse recessão: RP = 0,50 x -20% + 0,50 x 30% = 5% E se houvesse crescimento? RP = 0,50 x 70% + 0,50 x 10% = 40% Administração Financeira e Orçamentária II – Aula 5 – Professor Antonio G. R. de Freitas E retorno esperado da carteira, qual seria? Primeiro precisamos achar o retorno esperado de cada ação, vamos relembrar: Retorno esperado Ação U E (RU) = 0,50 x 30% + 0,50 x 10% E (RU) = 15 + 5 = 20% Retorno esperado Ação L E (RL) = 0,50 x -20% + 0,50 x 70% E (RL) = -10 + 35 = 25% Retorno esperado da carteira E (Rp) = x1 × E (R1) + x2 × E (R2) E (Rp) = 0,5 × 20% + 0,5 × 25% E (Rp) = 22,5% Vamos supor que temos as seguintes projeções: Estado da economia Probabilidade Retorno Ação A Retorno Ação B Retorno Ação C Crescimento 0,40 10% 15% 20% Recessão 0,60 8 4 0 Vamos calcular o retorno esperado desta carteira em dois casos. Primero caso o montante foi investido igualmente nas três partes. O segundo caso metade do montante foi investido na Ação A e o restante dividido entra a Ação B e a Ação C. Primeiro devemos calcular o retorno esperado das ações: E(RA) = 0,4 × 10% + 0,6 × 8% = 8,8% E(Rb) = 0,4 × 15% + 0,6 × 4% = 8,4% E(Rc) = 0,4 × 20% + 0,6 × 0% = 8,0% Agora que encontramos o retorno esperado de cada ação podemos calcular o retorno esperado da carteira: Primeiro Caso E (Rp) = x1 × E (R1) + x2 × E (R2) + x3 × E (R3) E (Rp) = 0,333 × E (Ra) + 0,333 × E (Rb) + 0,333 × E (Rc) E (Rp) = 0,333 × 8,8% + 0,333 × 8,4% + 0,333 × 8% E (Rp) = 2,930 + 2,797 + 2,664 E (Rp) = 8,385 = 8,4% Administração Financeira e Orçamentária II – Aula 5 – Professor Antonio G. R. de Freitas Segundo Caso E (Rp) = x1 × E (R1) + x2 × E (R2) + x3 × E (R3) E (Rp) = 0,50 × E (Ra) + 0,25 × E (Rb) + 0,25 × E (Rc) E (Rp) = 0,50 × 8,8% + 0,25 × 8,4% + 0,25 × 8% E (Rp) = 4,4 + 2,1 + 2 E (Rp) = 8,5% 1.1.3 Variância da carteira Voltando ao caso das ações L e U, temos as seguintes projeções: Se houver recessão temos 5% de retorno na carteira. Se houver crescimento temos 40% de retorno na carteira. O retorno esperado da carteira é de 22,5%. Qual é a variância desta carteira e seu desvio padrão? Primeiro encontramos as diferenças nos dois estados da economia: Recessão = 0,05 – 0,225 = -0,175 Crescimento = 0,40 – 0,225 = 0,175 Por estes cálculos e sabendo que a probabilidade dos dois estados acontecerem é de 50% para cada, pode-se dizer que o desvio padrão é de 17,5%. Porém vamos calcular: Variância = σ² p σ²p= 0,5 × (-0,175)² + 0,5 × (0,175)² σ²p= 0,5 × 0,030625 + 0,5 × 0,030625 σ²p= 0,0153125 + 0,0153125 σ²p= 0,030625 Desvio padrão = σp σp = √0,030625 = 0,175 ou 17,5% Vamos utilizar o quadro abaixo novamente Estado da economia Probabilidade Retorno Ação A Retorno Ação B Retorno Ação C Crescimento 0,40 10% 15% 20% Recessão 0,60 8 4 0 Administração Financeira e Orçamentária II – Aula 5 – Professor Antonio G. R. de Freitas Vamos pegar o segundo caso: metade do montante foi investido na Ação A e o restante dividido entra a Ação B e a Ação C. Qual o desvio padrão? Primeiro deve-se calcular o retorno da carteira nos dois estados. O retorno da carteira em caso de crescimento é dado por: 0,5 × 10% + 0,25 × 15% + 0,25 × 20% = 13,75 O retorno da carteira em caso de recessão é dado por: 0,5 × 8% + 0,25 × 4% + 0,25 × 0 = 5% Lembrando que o retorno esperado da carteira é: E (Rp) = 0,50 × E (Ra) + 0,25 × E (Rb) + 0,25 × E (Rc) E (Rp) = 0,50 × 8,8% + 0,25 × 8,4% + 0,25 × 8% E (Rp) = 4,4 + 2,1 + 2 E (Rp) = 8,5% Agora encontramos as diferenças: Crescimento = 0,1375 – 0,085 = 0,0525 Recessão = 0,05 – 0,085 = -0,035 Portanto a variância é: σ² = 0,4 × (0,0525)² + 0,6 × (-0,035)² σ² = 0,4 × 0,00275625 + 0,6 × 0,001225 σ² = 0,0011025 + 0,000735 = 0,0018375 Desvio padrão será: σ = √0,0018375 σ = 0,04287 = 4,287% ou 4,3% 1.2 ANÚNCIOS, SURPRESAS E RETORNOS ESPERADOS Até o momento, a volatilidade dos ativos foi medida examinando as diferenças entre os retornos reais em relação ao retorno esperado, mas por que existem estas diferenças? 1.2.1 Retornos esperados e retornos não esperados Vamos pegar como um exemplo o retorno de uma ação da empresa chamada AFO S.A. O que determina o retorno desta ação no ano que vem? Pode-se dizer que o retorno de qualquer ação negociada no mercado financeiro é composta por duas partes: Retorno esperado ou retorno normal: Administração Financeira e Orçamentária II – Aula 5 – Professor Antonio G. R. de Freitas o Depende das informações que os investidores possuem; o Baseia-se como o mercado enxerga hoje os fatores que influenciarão a ação no próximo ano. Retorno inesperado: o É a parte incerta ou sujeita a risco; o Oriunda das informações inesperadas reveladas durante o ano; o Alguns exemplos são: Notícias sobre as pesquisas conduzidas pela empresa; Divulgações dos dados do governo sobre o PIB; Notícias que as vendas na empresa foram mais altas do que esperado; Queda súbita e inesperada da taxa de juros. Com base nestas informações pode-se dizer que: Retorno total = Retorno esperado + Retorno inesperado R = E(R) + U 2 EXERCÍCIOS 1. Quais são os pesos de uma carteira com 50 ações que estão sendo negociadas a R$ 45 cada uma e 30 ações sendo vendidas a R$ 65 cada? 2. Você tem uma carteira com R$ 1.000 investidos na ação A e R$ 2.000 na ação B. Se os retornos esperados destas ações forem 18% e 12%, respectivamente, qual será o retorno da carteira? 3. Você possui uma carteira que tem 40% investidos na ação X, 35% na ação Y e 25% na ação Z. Os retornos esperados destas três ações são 10%, 16% e 23%, respectivamente. Qual é o retorno esperado desta carteira? 4. Você tem R$ 100.000 para aplicar em uma carteira de ações. Suas opções são a ação H, com retorno esperado de 20%, e a ação L, com retorno esperado de 12%. Seu objetivo é ter uma carteira com retorno esperado de 17%, quanto dinheiro você deveria investirna ação H e ação L? 5. Considera a tabela abaixo: Estado da economia Probabilidade de cada estado Retorno Ação A Retorno Ação B Retorno Ação C Expansão 0,65 0,14 0,18 0,26 Recessão 0,35 0,08 0,02 -0,02 Administração Financeira e Orçamentária II – Aula 5 – Professor Antonio G. R. de Freitas a) Qual é o retorno esperado de uma carteira composta por essas três ações com pesos iguais? b) Qual é a variância de uma carteira que tem 25% investidos em A, 25% em B e 50% em C? E o desvio padrão?
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