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C. FORMAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA - Aula 04

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CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL 
DISCIPLINA: 
COMUNICAÇÃO E FORMAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA 
 UNIDADE II – A ESTRUTURA SÓCIO-ECONÔMICA-POLÍTICA BRASILEIRA 
2.1. A formação social brasileira. Brasil colônia. Brasil 
império. A primeira república. 
2.2. Síntese dos principais períodos históricos 
brasileiros a partir de 1930 (Revolução de 1930. 1º 
Governo Vargas. Estado Novo. Governo Dutra. 2º 
Governo Vargas. Governo JK. Governo Jânio Quadros. O 
Governo João Goulart e o Populismo. Golpe Militar. Os 
Governos Militares. A abertura. A mobilização popular 
no movimento pelas Diretas Já. A Redemocratização. A 
Constituinte de 1988. O Governo Sarney. O Governo 
Collor. Eleições diretas.) 
• Colônia de exploração (fornecimento de gêneros 
inexistentes na Europa); 
• Monocultura; 
• Agroexportação; 
• Latifúndio; 
• Escravismo; 
• Pacto Colonial (monopólio de comércio da 
metrópole sobre a colônia). 
6 
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO PERÍODO COLONIAL 
COLÔNIA METRÓPOLE MONOPÓLIO 
Consumo de manufaturas 
Envio de matéria-prima 
7 
• No início o Brasil estava em segundo plano: 
 - comércio com as Índias; 
 - ausência de metais preciosos. 
Fabricação de tintura para tecidos. 
Exploração nômade e predatória. 
Escambo com índios. 
Incursões estrangeiras (Espanha e França). 
8 
• Expedições guarda-costas (fracasso). 
 
• Colonização: 
- Decadência do comércio com as Índias. 
- Medo de perder as terras para invasores. 
- Esperança de encontrar metais preciosos. 
9 
ESTRUTURA COLONIAL 
ADMINISTRAÇÃO ECONOMIA SOCIEDADE 
CAPITANIAS 
HEREDITÁRIAS 
UNIÃO IBÉRICA 
GOVERNO GERAL 
PRODUTO 
PRODUÇÃO 
ENGENHO RELIGIOSIDADE 
ESCRAVIDÃO 
NEGRA 
CARACTERÍSTICAS 
BÁSICAS 
10 
A MONTAGEM ADMINISTRATIVA 
O início da colonização: Martim Afonso de Sousa 
Objetivo: 
Transferir o ônus da colonização a terceiros. 
Fundação de Vilas ( São Vicente ). 
Instalação dos primeiros engenhos ( REALENGO ). 
11 
Direitos 
Deveres 
12 
- DONATÁRIOS: 
. Carta de Doação 
. Carta Foral 
As Capitanias Hereditárias 
Motivos do “fracasso”: 
Distância Metrópole/Colônia. 
Desinteresse de muitos donatários. 
Alto custo para se montar um engenho. 
Ataques indígenas. 
Excessiva descentralização política. 
13 
As Capitanias Hereditárias 
Criação do Governo-Geral ( 1548 ): 
Correção de erros das Capitanias . 
Centralização Administrativa. 
GOVERNADOR -GERAL 
OUVIDOR-MOR PROVEDOR-MOR CAPITÃO-MOR 
DONATÁRIOS 
VEREADORES 
14 
Século XVI Século XVII Século XVIII Século XIX 
Pau-brasil 
Açúcar 
Açúcar Mineração Café 
A MONTAGEM ECONÔMICA 
15 
O PRODUTO 
CANA-DE-AÇUCAR 
Altamente lucrativo 
Mercado consumidor em expansão 
Experiência na produção 
Clima e solo favoráveis 
16 
A PRODUÇÃO 
PLANTATION 
LATIFÚNDIO 
ESCRAVIDÃO 
MONOCULTURA 
EXPORTAÇÃO 
17 
A UNIDADE PRODUTORA 
ENGENHO 
 TRAPICHE REAL 
18 
O declínio do comércio do açúcar no 
mercado europeu, estimulou a procura 
de metais e pedras preciosas em terras 
de sua colônia na América, através de 
expedições conhecidas como 
ENTRADAS e BANDEIRAS. 
19 
20 
• Expedições oficiais organizadas pelas 
autoridades, nos séculos XVI e XVII, que 
partiam do litoral. 
 • Expedições armadas e organizadas em geral 
por particulares de São Paulo. 
• Objetivos: 
 - explorar o interior; 
 - apresar indígenas destinados à escravidão; 
 - procurar minas. 
21 
• Objetivos: 
 - capturar índios para escravizar; 
 - encontrar pedras e metais preciosos; 
 - combater índios rebeldes ou destruir quilombos. 
22 
DESCOBERTA DE METAIS PRECIOSOS 
• 1695 – descoberta de ouro nos atuais 
municípios de Sabará e Caeté; 
• 1696 – a descoberta de novas jazidas deu 
início à ocupação do Vale do Ouro Preto. 
23 
INÍCIO DA EXPLORAÇÃO DO OURO 
• Os primeiros campos garimpeiros eram improvisados; 
 
• Enfrentava-se o problema da insuficiência de gêneros 
alimentícios. 
 
• Na região das minas, devido ao afluxo populacional, 
vivenciou-se o primeiro surto urbano da vida 
brasileira. 
24 
FISCALIZAÇÃO REAL 
• Metrópole controlava e regulamentava a 
atividade mineradora. 
• 1702 – criação do REGIMENTO DOS 
SUPERINTENDENTES, GUADAS-MORES E 
OFICIAIS DEPUTADOS PARA AS MINAS DE 
OURO. 
• Uma de suas funções foi a criação da 
Intendência das Minas. 
25 
FORMAS DE ARRECADAÇÃO 
DOS TRIBUTOS PELA COROA 
• Uma das primeiras formas foi o quinto (20% 
sobre o total minerado de ouro, prata e 
diamantes). 
• Devido as fraudes o sistema foi substituído 
pela finta (quantia anual fixa de 
aproximadamente 30 arrobas, cerca de 450 
quilogramas). 
26 
 
• O governo acho o sistema injusto em relação à 
Real Fazenda. 
• Propôs a elevação das cotas e a construção 
das Casas de Fundição. 
27 
FORMAS DE ARRECADAÇÃO 
DOS TRIBUTOS PELA COROA 
28 
CASAS DE FUNDIÇÃO: 
 
- para lá todo o ouro extraído deveria ser 
levado e fundido em barras. 
 
- depois deduzida a quinta parte de ser 
valor, correspondente ao tributo. 
 
- só então poderia ser negociado. 
Fases da exploração de metais preciosos: 
• De 1733 à 1748 – auge da produção aurífera; 
 
• Meados do século XVII – declínio. 
 
• A partir de 1789 - exaustão 
29 
CONSEQUÊNCIAS DO SURTO MINERADOR 
• Centralismo Fiscal 
• Interiorização da Colônia 
• Aumento da população colonial 
• Deslocamento do eixo econômico do NE para o SE, 
com a mudança da capital de Salvador para o Rio de 
Janeiro (1763) 
• Maior mobilidade social 
• Conscientização da exploração metropolitana 
• Desenvolvimento das atividades econômicas 
complementares, principalmente da pecuária sulista 
 30 
31 
> As Guerras Napoleônicas e o Bloqueio Continental (1806); 
 
32 
A travessia do Atlântico levou quase dois meses 
General Junot 
33 
2. As primeiras medidas tomadas pelo príncipe regente D. João ao 
chegar ao Brasil: 
> Abertura dos Portos às Nações Amigas (28 de janeiro de 1808); 
> Revogação do Alvará de 1785; 
> Criação do Banco do Brasil. 
Porto do Rio de Janeiro e Paço Imperial 
(antigo Palácio dos Vice-Reis) 
34 
Cerimônia do Beija-Mão, no Palácio de São Cristóvão 
Distribuição de títulos de nobreza 
35 
Os tratados de 1810 com a Inglaterra: 
> Aliança e Amizade; 
> Comércio e Navegação. 
Inglaterra: 15% 
Portugal: 16% 
Demais países: 24% 
Por aqui entravam as mercadorias dos mais diversos países 
36 
Revolução “liberal” do Porto (1820) 
Principais exigências feitas a D. João VI: 
 > retorno imediato para Portugal; 
 > reconhecimento da Constituição (limitação de seus poderes); 
 > recolonização do Brasil. 
37 
O retorno de D.João VI para Portugal e a Regência de D. Pedro 
José Bonifácio, 
Patrono da 
Independência 
38 
 
 
Processo de Independência: 
 
Apesar da emancipação política, a estrutura 
socioeconômica do Brasil permaneceu 
inalterada, ou seja, o latifúndio agro-exportador 
e escravista foi mantido de acordo com os 
anseios da aristocracia; 
 
Permanecemos fiéis à “divisão internacional do 
trabalho exportando matérias-primas e 
importando manufaturados. 
39 
Texto resumo 
 por André Moreira Cunha 
(Mestre e Doutorando do Instituto de Economia/UNICAMP) 
40 
 Para identificar as características mais gerais da 
nossa colonização, o enfocaremos as dimensões 
materiais e sociais, amalgamadas em torno deste 
sentido último, da busca de máxima valorização do 
capital mercantil. 
 Montou-se aqui, por consequência, uma certa 
estrutura de reproduçãomaterial. Sobre esta, surgiu 
uma organização social típica. A face que se desenha 
para a futura nação mostrar-se-á marcada por esta 
interação, e certos elementos de persistência que 
atingem a nossa contemporaneidade podem estar aí 
originados. 
41 
 A organização da produção colonial assentou-se sobre o 
tripé: grande propriedade, monocultura e trabalho compulsório - 
aqui, a escravidão. Tais elementos, típicos de toda exploração 
tropical, são derivados da necessidade de produção em grande 
escala de produtos capazes de proporcionar um alto retorno 
mercantil nos mercados europeus, num ambiente físico a 
princípio hostil, e estranho ao colonizador europeu. A empresa 
nos trópicos deveria garantir o maior retorno possível para os 
capitais aqui empatados. Seus dirigentes - empresários - não 
viriam para cá a fim de "trabalhar", viriam para empreender, para 
estar à frente de um vultuoso negócio. A falta de mão de obra, e 
a possibilidade de que em vindo o colono europeu, este teria a 
opção de ocupar a vastidão do novo território, ao invés de se 
submeter ao trabalho assalariado (se isso ocorresse os salários 
seriam incompativelmente elevados), impôs a necessidade da 
utilização do trabalho compulsório - no nosso caso, da mão de 
obra escrava predominantemente de origem africana. 
42 
Ora, estava claro desde o começo que o objetivo não era o 
simples povoamento, com a constituição de uma sociedade de 
pequenos produtores e camponeses, de forma a reproduzir o 
padrão de vida europeu. Isto ocorreu nas colônias americanas do 
norte, de clima temperado. Dos trópicos o que se exigia era sua 
integração funcional aos interesses mercantis da metrópole. O 
que se esperava da mão de obra, era o máximo dispêndio de 
força física, imposta pelo tipo de exploração que aqui se realizava. 
A introdução do estatuto da escravidão em plena época de 
"libertação" da trabalho na Europa, pode até parecer um contra-
senso, dado seu anacronismo com relação aos padrões morais e 
sociais então vigentes. Por outro lado, se percebemos o trabalho 
compulsório, na sua versão extrema da escravidão, como imposto 
pelas necessidades de valorização, no contexto de um mundo 
imerso no processo de acumulação primitiva, fica claro que 
"libertação" na Europa e escravidão nos trópicos são duas faces 
da mesma moeda. 43 
A grande propriedade, ou melhor, a grande exploração 
monocultural é resultado, também, deste caráter mercantil e 
exógeno da produção colonial. Não podemos deixar de entendê-
la com estando colada à um centro dinâmico, cujo movimento 
imprimia os estímulos ao qual nos submetíamos. Desta forma 
nossa agricultura era marcada pela exploração extensiva e 
especulativa, subordinada às condições do mercado internacional 
(principalmente sua demanda, mas também a oferta - condições 
de concorrência, como no caso do açúcar no século XVII) e à 
disponibilidade de recursos naturais. A instabilidade - que 
exploraremos mais adiante - e o caráter cíclico da produção fica 
inteligível a partir desse prisma: a produção de um determinado 
produto, e toda a estrutura montada à sua volta - ocupação da 
terra, mobilização de recursos e mão de obra, infra-estrutura 
básica etc - só possuía funcionalidade enquanto atrelada aos 
circuitos mercantis principais, ou seja, enquanto pudesse cumprir 
sua função essencial de valorizar o capital em seu nível máximo. 44 
A reprodutibilidade do sistema, e a possibilidade deste cair um 
estado de letargia, caracterizado pela subsistência - sub-utilização 
dos fatores antes mobilizados para a plena produção colonial 
(Furtado,1976) - estão, então, vinculados à potencialidade 
mercantil efetiva do produto em questão, ou seja, sua capacidade 
de gerar lucros no mercado externo. As demais atividades da 
colônia eram meramente subordinadas ao núcleo central, este sim 
ligado ao comércio internacional de produtos tropicais e metais 
preciosos. Por suposto era objetivo da metrópole desestimular, 
para não dizer proibir, toda e qualquer atividade que deste 
objetivo se desviasse. Somente aquela produção extremamente 
essencial, e que não pudesse ser atendida diretamente pela 
metrópole - dentro do esquema do "exclusivo" - era aceita. Um 
lavoura básica de subsistência, uma incipiente produção artesanal 
dentro dos grandes núcleos agrícolas, e a pecuária - responsável 
pela interiorização e expansão das nossas fronteiras - 
constituíram-se na atividades básicas de apoio ao "setor 
exportador". 
45 
Com esse tipo de organização econômica, surgiu na colônia uma 
sociedade dual, parte dela integrada organicamente ao sistema 
colonial montado e, portanto, plenamente funcional quanto aos 
interesses da metrópole - ajustada ao "sentido da colonização" - e 
outra parte marginalizada, pela sua incapacidade de se "colar" ao 
sistema, ou pelo fato de ter se "descolado" deste. 
O setor orgânico da sociedade organizava-se em torno do clã 
patriarcal, unidade celular da sociedade colonial. No clã 
materializava-se a estrutura econômica acima desenhada, ou seja, 
era a grande propriedade, de exploração extensiva, monocultural 
e com utilização de mão de obra escrava. Mas além desta 
dimensão econômica, o clã representava o poder e a organização 
social, dentro de uma sociedade marcada pela dispersão, e onde 
o poder central da metrópole - e, portanto, sua estrutura 
administrativa - tinha por objetivo último garantir os interesses 
fiscais do erário real. 
46 
 A escravidão constituiu-se, na opinião de Caio Prado 
(1969), no cimento que amalgamou o tecido social que aqui 
estava se formando. São muitas as implicações deste fato, cujo 
amplo espectro cultural, antropológico, psicológico etc, escapam 
ao escopo deste trabalho, donde nossa opção por pinçar algumas 
consequências mais gerais de ordem econômica e social. Assim, 
no nosso entendimento a consequência mais marcante do 
estatuto da escravidão e de sua ampla disseminação na vida 
econômica do país, foi a asfixia sofrida pelo trabalho livre e, por 
decorrência, limitações de absorção de camadas inteiras da 
população nos setores dinâmicos da sociedade. Note-se bem, não 
é a escravidão em si o problema, mas sim a constituição de um 
sistema produtivo escravista, ou seja: a constituição de uma base 
produtiva calcada na utilização do trabalho escravo, com quase 
nenhum espaço para o trabalho livre. 
47 
 Com isso, dentro do clã patriarcal temos que o senhor, sua 
família e alguns agregados (que ocupavam o pouco espaço 
reservado ao trabalho livre), e mais a mão de obra escrava, 
estavam perfeitamente integrados econômica e socialmente à 
estrutura da sociedade colonial. Já aqueles que não tinham 
recursos econômicos para ter um plantel mínimo de escravos, e 
daí poder levar à diante a empresa colonial, e também não 
conseguiam se inserir no clã, estavam fadados à marginalidade. 
Isto é agravado ainda mais pelo sentido desabonador e 
humilhante que o trabalho passou a ter, já que identificado com a 
figura do escravo. Para completar o quadro, a autonomia 
econômica dentro dos clãs - onde se produzia de quase tudo no 
que concerne à necessidades básicas - e a inexistência de núcleos 
urbanos significativos reduziam ainda mais o espaço para o 
trabalho livre. 
48 
 Essa população marginalizada faz parte então, do setor 
inorgânico da sociedade colonial. Tal setor tem por característica 
essencial a incapacidade de se ligar funcionalmente ao eixo 
dinâmico central da economia - sob o qual gira o setor orgânico. 
Além da escravidão que marca a vida social e o sentido atribuído 
ao trabalho, a instabilidade das atividades econômicas da colônia 
torna-se um fator explicativo chave na compreensão da 
marginalização social. Como já havíamos apontado acima, a partir 
do sentido imprimido à organização das atividades coloniais, 
montava-se uma estrutura de produção num determinadoespaço 
físico, a qual estavam ligadas atividades de apoio (como a 
pecuária e a lavoura de subsistência, por exemplo), e que 
objetivava a exploração intensiva dos potenciais mercantis (em 
termos do mercado internacional) de um determinado produto. 
49 
 Quando este produto perdia esse potencial - e 
este é o caso da cana, em fins do séc. XVII, e da 
mineração em seu declínio - aquela estrutura perdia sua 
razão de ser, posto que descolada do seu sentido último 
- valorização máxima do capital mercantil. Esfacelava-se 
a vida econômica e social de regiões inteiras, 
marginalizando-se aqueles indivíduos que não possuíam 
recursos suficientes para uma nova empresa ou que já 
antes simplesmente flutuavam em torno dos pólos de 
prosperidade e estabilidade. 
50 
 Concentração da riqueza no setor orgânico da 
sociedade, ou, mais especificamente, na classe dos senhores 
rurais de um lado; marginalidade social dos que ficavam fora 
dos circuitos mercantis de outro. Este é o retrato da nossa 
colonização, consolidado ao longo de três séculos (XVI-XVIII). 
No mesmo período o mundo ocidental assiste à sua maior 
transformação, com o pleno desenvolvimento do 
capitalismo. Somos, portanto, parte de um todo em 
transformação. A consolidação da revolução industrial na 
Europa, e a formação do estado nacional brasileiro - já no 
séc. XIX - marcam o próximo capítulo da nossa história. A 
interação com o todo permanece, mas sua funcionalidade se 
modifica - o que já é tema para outro trabalho. 
André Moreira Cunha, baseado em: FURTADO, Celso (1976). 
Formação Econômica do Brasil. São Paulo: Editora Nacional. 51 
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