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Weber (teoria da dominação legítima)

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Max Weber e os três tipos puros 
de dominação legítima 
 
Max Weber (1864-1920) foi um sociólogo e jurista alemão, um dos mais importantes 
intelectuais do final do século XIX e inicio do XX, considerado um dos fundadores da 
Sociologia. Dedicou-se a vários estudos sobre Sociologia da Religião e entre suas 
principais obras estão "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" (1904-5) e 
"Economia e Sociedade" (1922), onde ele fala sobre os três tipos ideais de autoridade. 
 
Poder, Dominação e Legitimação. 
Muitas pessoas consideram Poder e Dominação como sinônimos, entretanto tais conceitos 
possuem apenas uma ligação e, portanto, diferem entre si. Assim sendo, diz-se do Poder 
como sendo a capacidade de induzir ou influenciar o comportamento de outra pessoa, seja 
utilizando-se de coerção, manipulação ou de normas estabelecidas, ao passo que 
Dominação (ou Autoridade) é o direito adquirido de se fazer obedecido e exercer influência 
dentro de um grupo, podendo fundamentar-se, como motivo de submissão, em tradições e 
costumes institucionalizados, qualidades excepcionais de determinados indivíduos, afeto, 
interesses ou regras estabelecidas racionalmente e aceitas por todos. Muitos autores, 
dentre eles o próprio Weber, a consideram como uma probabilidade de exercer Poder, 
pois, para tanto, não basta a si somente os motivos citados anteriormente, mas, numa 
relação entre dominador e dominados, também um apoio em "bases jurídicas", onde surge 
a Legitimação, ou seja, aquilo que vai possibilitar a crença dos dominados de que a 
Dominação é legítima, sendo, portanto, fundamental ao seu exercício. Assim, Autoridade é 
o estado que permite o uso de certo Poder, mas que, para tanto, necessita de preceitos 
que, segundo Weber, estão ligados - em seu estado ideal - a uma estrutura social e a um 
meio administrativo diferente para cada um dos três tipos para ser legitimada. 
 
Os Três Tipos de Dominação segundo Max Weber. 
Em sua obra "Economia e Sociedade", publicada dois anos após seu falecimento por sua 
esposa, Weber classifica a Autoridade em três tipos, dependendo principalmente das 
bases da Sociedade em questão, ou seja, das bases de sua legitimidade: 
Racional-Legal: origina-se de regras, estatutos e leis sancionadas pela Sociedade ou 
Organização. Tais regras definem a quem obedecer e até quando obedecer, tornando 
possível a aceitação, por parte dos subordinados, de um superior devido uma consciência 
de que este tem direito de dar ordens, ou seja, reconhecem que a Autoridade está no 
cargo ocupado e não na pessoa que o ocupa, que só pode exercer a Dominação dentro 
dos limites estabelecidos pelo cargo ocupado. Sendo assim, a associação dominante é 
eleita ou nomeada pelas leis e regras definidas por todos, com a idéia básica de que 
qualquer direito pode ser criado ou modificado mediante um estatuto sancionado 
corretamente, ou seja, que leve em consideração as necessidades de todos os envolvidos, 
e os subordinados são membros da associação. Aqui o poder é impessoal, obedecendo-se 
à regra estatuída e não à pessoa, a administração é extremamente profissional e também 
está subordinada ao estatuto que a nomeou, não possui influência pessoal e/ou 
sentimental e seu funcionamento tem por base a disciplina do serviço. As nomeações 
obedecem a exigências e competências profissionais para a atividade de um cargo, são 
baseadas em contratos de serviço, recebem um pagamento fixo de acordo com o cargo 
ocupado e possuem iguais chances de ascensão de acordo com as regras pré-
estabelecidas. Logo, conclui-se que esta forma de Autoridade nos remete diretamente às 
instituições burocráticas, onde quem ordena é dito superior e os que obedecem são os 
profissionais, e que tal Dominação só foi possível com a consolidação do Sistema 
Capitalista de Produção, que realizou a transição de uma Sociedade baseada em valores 
(tradicional) para uma orientada para objetivos, com regras e controle racional dos meios 
para atingir os fins. Exemplos: empresas capitalistas privadas, a estrutura moderna do 
Estado, forças armadas, etc. 
 
Tradicional: tem como base de legitimação, e de escolha de quem a exercerá, as 
tradições e costumes de uma dada sociedade, personificando as instituições enraizadas 
no seio desta sociedade na figura do líder. Acredita na santidade das ordenações e dos 
poderes senhoriais, em um "estatuto" existente desde o principio, com o poder emanando 
da dignidade própria, santificada pela tradição, do líder, de forma fiel. Neste tipo, quem 
ordena é o senhor e quem obedece são os súditos, as regras são determinadas pela 
tradição, é regida pela honra e a boa vontade do senhor, que é considerado justo, e há 
uma prevalência dos princípios de equidade material em detrimento dos formais na 
atividade administrativa. Exemplos: a dominação patriarcal (tipo mais puro dessa 
dominação), uma aldeia indígena, a monarquia, os despotismos, o Estado Feudal, etc. 
 
Carismática: etimologicamente, é aquela apoiada na devoção a um senhor e a seus dotes 
sobrenaturais (carisma). A influência só é possível devido qualidades pessoais, tais como 
faculdades mágicas, revelações, heroísmo e poder intelectual ou de oratória, com depósito 
de confiança em alguém que é visto como um herói, santo, salvador ou exemplo de vida, 
extinguindo-se quando há perda de credibilidade ou quando as virtudes que geravam tal 
influência sofrem desgaste, em outras palavras, a Dominação só dura enquanto há 
carisma. Nesta, quem ordena é visto como líder e os dominados são considerados 
apóstolos, discípulos, pupilos, seguidores, fãs, etc. O poder é pessoal, ou seja, obedece-
se a pessoa por suas qualidades excepcionais e não por uma posição ocupada por ela 
formalmente ou por uma dignidade advinda das tradições. Este tipo de autoridade não 
deriva do reconhecimento, por outro lado, o reconhecimento e a fé são considerados 
deveres. Desconhece o conceito de competência ao nomear seu quadro administrativo 
sem considerar qualificações profissionais e também o de privilégio ao desconsiderar os 
costumes. Aqui o dominador é visto pelo dominado como alguém que possui uma missão 
a ser executada na Terra e, portanto, não necessita de regras e pode ser considerado 
como acima de toda lei imposta, pois necessitaria apenas de suas qualificações 
carismáticas para cumprir seus desígnios. Desprende-se da tradição devido à revolução 
ou renovação que o líder anuncia e a aceitação de suas ordens é de caráter obrigatório, 
desde que outra, também de origem carismática, não se oponha, quando há uma disputa 
entre líderes, onde somente a comunidade e a força do carisma de ambos, que será 
comparada e mensurada, irão decidir de qual lado está a "verdade". Este tipo de 
Autoridade é um dos maiores impulsores das revoluções pela qual a humanidade passa, 
entretanto, por ser extremamente pessoal, tende a ser autoritário em sua forma mais pura. 
Exemplos: grandes demagogos, heróis guerreiros, profetas, Fidel Castro (na época da 
Revolução Cubana), Antônio Conselheiro, Gandhi, Jesus Cristo, Adolf Hitler, etc. 
 
Conclusão 
O objetivo da palestra proferida foi explicar os tipos de autoridade descritos por Weber em 
seu trabalho, entretanto é interessante ressaltar que os três tipos expostos são ideais, não 
no sentido de que deveriam ser estes os existentes na realidade, mas no sentido de serem 
projeções "utópicas" que não podem ser encontradas de forma pura na realidade, 
apresentando-se, freqüentemente, combinados. O propósito de Weber, e que estendo a 
esta palestra, era fazer uma construção intelectual, exagerando alguns aspectos da 
realidade, possibilitando uma melhor compreensão da Sociedade em que vivemos. Logo, 
acredito ser importante atentar para os pontos descritos e verificar qual tipo de Dominação 
predomina nos meios em que vivemos (escola, empresa, igreja e todas as organizações 
sociais das quaisfazemos parte), podendo, portanto, melhorar nossa convivência ao 
possibilitar a criação de mecanismos de adequação ou de mudança quando necessário. 
Também acredito importante criarmos um senso crítico com relação às bases da 
legitimidade de nossas relações de Dominação, seja como dominante ou dominado, para 
possibilitarmos o nosso desenvolvimento, livrando-se de Dominações que freiem nosso 
crescimento, e, também, dos outros, adequando nossa forma de dominar da melhor forma 
para que todos possam se fortalecer com ela.

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