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A Psicologia é uma profissão regulamentada ( lei n.º 4112/62). O Conselho Federal de Psicologia (1995) considera que entre outras atribuições, cabe ao psicólogo “realizar perícias e emitir pareceres sobre a matéria de psicologia” (art.4, n.º6). Cumpre ressaltar que de acordo com a legislação, o psicólogo pode atuar como perito judicial ou assistente técnico nas varas cíveis, criminais, de justiça do trabalho, da família, da criança e do adolescente, elaborando laudos, pareceres e perícias a serem anexadas aos processos(art. 5). O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural, conforme disposto no princípio fundamental III, do Código de Ética Profissional; - É dever fundamental do psicólogo ter, para com o trabalho dos psicólogos e de outros profissionais, respeito, consideração e solidariedade, colaborando, quando solicitado por aqueles, salvo impedimento por motivo relevante; - O psicólogo, no relacionamento com profissionais não psicólogos compartilhará somente informações relevantes para qualificar o serviço prestado, resguardando o caráter confidencial das comunicações, assinalando a responsabilidade, de quem as receber, de preservar o sigilo; é vedado ao psicólogo ser perito, avaliador ou parecerista em situações nas quais seus vínculos pessoais ou profissionais, atuais ou anteriores, possam afetar a qualidade do trabalho a ser realizado ou a fidelidade aos resultados da avaliação; O campo da Psicologia Jurídica é definido por Bernardi (1998) como uma área de trabalho e investigação especializada, cujo objeto é o estudo do comportamento dos atores jurídicos no âmbito do direito, da lei e da justiça. Ao juiz cabe decidir a sentença judicial de acordo com as leis sancionadas pela sociedade. Silveira (2001) assinala que o juiz pode requisitar a assessoria técnica de um psicólogo, nas situações em que os conflitos entre as partes são muitos intensos. Neste sentido, o psicólogo deve buscar um outro olhar sobre a questão litigiosa, fornecendo os elementos necessários para subsidiar a decisão do juiz. Perito É de competência do juiz determinar os técnicos e nomear o perito que é o profissional de sua confiança. Nomeado perito, o psicólogo deve avaliar a dinâmica emocional do periciando, procurando esclarecer os quesitos solicitados pelo juiz. Portanto, utilizando instrumentos psicológicos, com auxílio de uma escuta e de um raciocínio especializado do psicólogo, o perito deverá elaborar o laudo, contendo as respostas que lhe foram solicitadas, devidamente fundamentadas e respeitando as normas éticas de sua profissão (Silveira, 2001) Deve exercer tal função com isenção em relação às partes envolvidas e comprometimento ético para emitir posicionamento de sua competência teórico-técnica, a qual subsidiará a decisão judicial. Art. 3º - Conforme a especificidade de cada situação, o trabalho pericial poderá contemplar observações, entrevistas, visitas domiciliares e institucionais, aplicação de testes psicológicos, utilização de recursos lúdicos e outros instrumentos, métodos e técnicas reconhecidas pelo Conselho Federal de Psicologia. Art. 4º - A realização da perícia exige espaço físico apropriado que zele pela privacidade do atendido, bem como pela qualidade dos recursos técnicos utilizados. Art. 5º - O psicólogo perito poderá atuar em equipe multiprofissional desde que preserve sua especificidade e limite de intervenção, não se subordinando técnica e profissionalmente a outras áreas. Assistente Técnico O trabalho a ser realizado pelo assistente técnico tem objeto, objetivo e fim idêntico àquele atribuído ao perito (Negrão, 1997). Entretanto, o assistente técnico é o psicólogo de confiança da parte que a contrata para auxiliá-la a fundamentar seus argumentos. Sendo assim, pode ser parcial aos interesses do seu cliente, desde que não sugira afirmações infundadas com a finalidade de favorecê-lo e não violando os preceitos éticos da profissão. O assistente técnico é contratado para realizar avaliação psicológica, acompanhar de perto o desenrolar do processo e comentar o trabalho do perito judicial, argumentando em seu parecer críticas ao laudo pericial, se for necessário. Assim como o perito, o assistente técnico deve utilizar todo instrumental técnico científico disponível para realizar o seu trabalho. De acordo com Silva (2002, p.37) “o assistente técnico deve ter ampla liberdade para obter informações que subsidiem o seu parecer técnico”, não somente para obter informações da parte que o contratou como também da parte contrária. Uma outra função do assistente técnico referido por Silva (2002) é de orientação ao cliente. Se as informações obtidas e o retrato da situação foram desfavoráveis, cabe ao assistente técnico aconselhar seu cliente a desistir da ação. O PSICÓLOGO QUE ATUA COMO PSICOTERAPEUTA DAS PARTES Art. 10 - Com intuito de preservar o direito à intimidade e equidade de condições, é vedado ao psicólogo que esteja atuando como psicoterapeuta das partes envolvidas em um litígio: I - Atuar como perito ou assistente técnico de pessoas atendidas por ele e/ou de terceiros envolvidos na mesma situação litigiosa; II – Produzir documentos advindos do processo psicoterápico com a finalidade de fornecer informações à instância judicial acerca das pessoas atendidas, sem o consentimento formal destas últimas, à exceção de Declarações, conforme a Resolução CFP nº 07/2003. Parágrafo único – Quando a pessoa atendida for criança, adolescente ou interdito, o consentimento formal referido no caput deve ser dado por pelo menos um dos responsáveis legais. (RESOLUÇÃO CFP Nº 008/2010 ) Instrumentos de Coleta de Dados: entrevista, observação, testes psicológicos Entrevista Psicológica: De acordo com Bleger (2001, p.21), “A entrevista é um campo de trabalho no qual se investiga a conduta e a personalidade de seres humanos”. Permite obter dados exaustivos do comportamento Dá a liberdade ao psicólogo de fazer as intervenções necessárias ao esclarecimento de suas dúvidas. Entretanto, a entrevista, utilizada isoladamente, não substitui outros procedimentos de investigação da personalidade, mas completa os dados obtidos por outros instrumentos Observação: durante a entrevista pode-se observar a aparência física, o comportamento verbal e não verbal, indicadores de tensão e ansiedade e as reações emocionais do periciando. Pode-se utilizar a observação também em casos de visita domiciliar, onde há maior possibilidade de observação do relacionamento familiar. Testes: é importante ressaltar que os testes devem ser considerados como instrumentos auxiliares e não podem ser utilizados como única fonte de avaliação. Devem servir como uma das fontes de informação que podem confirmar ou afastar hipóteses sobre os conteúdos psicológicos relevantes para a matéria legal. Empregam-se testes para avaliação objetiva da personalidade, da inteligência, do desempenho motor, etc. Cumpre salientar que a síntese dos resultados da testagem deve incluir a dinâmica psicológica (ansiedades e defesas) e o grau de maturidade da personalidade, portanto devem apresentar os aspectos positivos ( amadurecidos, criativos) e aspectos negativos (imaturos, patológicos) da personalidade do periciando Sigilo Profissional O Código de Ética Profissional do Psicólogo (1996, art. 23, § 2.º) orienta quanto a importância do sigilo em relação aos dados obtidos na avaliação, sugerindo que deve ser informado apenas o que for necessário para o esclarecimento da situação judicial. Vale ressaltar também que o dado obtido na avaliação psicológica em perícia, reflete um quadro situacional e temporal, considerando a natureza dinâmica e não cristalizada do periciando. Devolução das Informações Cunha (2000) é da opinião que a devolução é de responsabilidade de quem encaminhou o processo, isto é, se o pedido de uma avaliação foi feita pelo juiz, é a ele que os resultados devem ser remetidos, cabendo-lhe a incumbência de comunicar os resultados Clemente (1995) no entanto, sugere ser obrigação do psicólogo comunicar a seus clientes os resultados obtidos na avaliação. Enfatiza, no entanto, que toda informação fornecida deve ser útil ao examinando e deve ser feita em linguagem acessível, salientando-se a segurança relativa das conclusões Conselho Superior de Magistratura baixou o Provimento n.º CSM 797/2003 que passa a reger a prestação de serviço por peritos e outros auxiliares, revogando o Provimento n.º CSM 755/2001 Artigo 2º. desse provimento determina qual a documentação que deve ser apresentada para pleitear essa habilitação, a saber: 1 – Curriculum com informações sobre formação profissional, qualificação técnica ou científica, experiência e área de atuação para as quais estejam apto; 2 - Declaração, sob as penas da lei, de que não tem vínculo de parentesco sanguíneo, por afinidade ou civil por linha ascendente, descendente ou colateral, até o quarto grau, com o Juiz e servidores da unidade judiciária em que for atuar; 3 – Cópia de certidões dos distribuidores cíveis e criminais das comarcas da capital e de seu domicilio, nos últimos 10 anos; 4 – Declaração de que não se opõe à vista de seu prontuário pelas partes e respectivos advogados e demais interessados a critério do Juiz; 5 – Outros documentos, a pedido do Juiz. Parágrafo único – Para os fins do disposto citado no item 2 (dois) e no artigo 13, compreendem-se no conceito de afinidade os vínculos decorrentes de união estável, com o (a) companheiro (a) e parentes. Artigo 6º - A cada 2 (dois) anos no máximo ou sempre que houver alteração na titularidade da Vara, o interessado deverá atualizar toda a documentação mencionada no artigo 2º, itens 2 (dois) e 3 (três) além de juntar outros documentos de seu interesse ao respectivo prontuário.
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