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TERRAS E COLONISAÇÃO Contem a Lei n. 601 de 18 de Setembro de 1850, o Regulamento n. 1318 de 30 de Janeiro de 1654, o Regulamento de 8 de Maio de 1854, Portaria n. 385 de 19 de Dezembro de 1855, Regulamento n. 3784 de 19 de Janeiro de 1867, e Regulamento n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876 que, reorganisou a Inspectoria Geral das Terras e Colonisação ANNOTADOS E ADDITADOS Com todas as Disposições a Decisões respectivas, até o presente, e seguidos dos formularios doa processos de medição perante os Juizes Commissarios, e de naturalisação de Colonos e modelos dos Titulos para estes POR Augusto Teixeira de Freitas Junior (advogado nos Auditorios da Corte) « Toutes ces lois s'appliquent rigou-« reusement. et sans aucune particularite « exceptionelle, à la production et au re-« veau de la terre. » FONTENAY — Du revenu foncier. RIO DE JANEIRO B. L. GARNIER - - Livreiro-Editor. 71. —Rua do Ouvidor — 71. 1882. TERRAS E COLONISAÇÃO Lei n. 601 de 18 de Setembro de 1850 Dispõe sobre as terras devolutas no Imperio, e acerca das que são possuídas por litulos de sesmaria sem preenchimento das condições lcgaes, bem como por simples litulos de posse mansa e pacifica; e determina que, medidas e demarcadas as primeiras, sejão ellas cedidas á titulo oneroso, assim para emprezas particulares, como para o estabelecimento de colonias de nacionaes e de estrangeiros, autorisado o Governo a promover a colonisação estrangeira na fórma que se declara. Dom Pedro, por Graça de Deus e Unanime Acclamação dos Povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpetuo do Brazil, Fazemos saber á todos os nossos subditos que a Assembléa Geral decretou e nós queremos a Lei seguinte: Art. 1.° Ficão prohibidas as acquisições de terras devolutas por outro titulo que não seja o de compra. (1) (1) As terras devolutas não se dão de arrenda- mento: Av. n. 43 de 16 de Março de 1847, e Lei n. 628 de 17 de Setembro de 1851 Art. 11 n. 5. 2 TERRAS E Exceptuão-se as terras situadas nos limites do Imperio com paizes estrangeiros em uma zona de dez leguas, as quaes poderão ser concedidas gratuitamente. (2) Vid. á Not. do Art. 14 os Avs. n. 835 de 18 de Novembro de 1878, e n. 236 de 26 de Abril de 1879. O Av. Circ. de 19 de Julho de 1873 declarou a deliberação do Governo de não vender terras senão ás pessoas que as queirão cultivar e na extensão propor- cionada das forças de cada um. As vendas de terras publicas devem ser por es- criptura publica nos termos das Ords. do Tiiesouro ns. 515 e 562 de 25 de Novembro e 30 de Dezembro de 1868. Revalidação das veadas de terras já effectuadas, e regularisação das que o forem nas Provincias do Amazonas, Pará, Paraná e Matto Grosso, de conformi- dade com a Lei n. 1114 de 27 de Setembro de 1860: O Decr. n. 5655 de 3 de Junho de 1874 approvou as respectivas Instrucções. Vid. infra á Not. 18 desta Lei a Circ. n. 260 de 13 de Junho de 1863. (2) A Lei n. 514 de 28 de Outubro de 1818 con- cedeu á cada Província, no mesmo ou em differentes lugares do seu territorio seis leguas em quadro de terras devolutas, com destino á colonisação, não podendo ser roteadas por braços escravos. COLONISAÇÃO 3 O Av. de 24 de Março de 1851, declarando que a Lei n. 601 não annullou as doações feitas ás Províncias por aquella Lei n. 514, e que portanto devia subsistir o que estava leito, declarou tambEm que dahi em diante erão vedadas novas concessões gratuitas de terras devolutas. Vid. Av. de 10 de Setembro de 1857, pelo qual se mandou medir e demarcar para património da Província de S. Pedro algumas terras por conta das seis lEguas. O Av. n. 2 de 20 de Maio de 1861 permittio que se distribuIssem aos cultores de herva matte, nos termos da Lei n. 601, as matas da Nação na zona de 10 lEguas da fronteira da Província de S. Pedro do Rio (fraude do Sul, mediante as condições seguintes: l.a As terras que forem concedidas, serão realmente devolutas, e comprehendidas na zona de 10 leguas da fronteira; 2.ª A distribuição será feita em lotes de 250.000, 125.000 ou 62.500 braças quadradas conforme as forças de cada familia; e em lotes de 62,500 braças, ou metade desta área, se o concessionario fôr solteiro sem família ; 3.a Os lotes serão medidos e demarcados antes da concessão; guardadas, quanto fôr possível, as regras gcraes estabelecidas para taes medições ; 4.ª Reservar-se-ha uma área de terras de uma legua em quadro, no lugar que pareça mais apropriado para uma futura povoação, e onde se mandará fazer opportunamente a distribuição de lotes urbanos, depois de levantada a competente planta. Vid. os Arts. 85 e 86 do Regul. n. 1318 de 30 de Janeiro de 1854. 4 TERRAS E Fóra da zona determinada na Lei, a concessão gratuita de terras devolutas compete ao Poder Legis- lativo nos termos do Av. n. 225 de 19 de Julho de 1872. Vid. infra Av. de 28 de Julho de 1881. Vid. á Not. 23 infra a Ord. de 18 de Dezembro de 1852. Pelo Decr. n. 3371 de 7 de Janeiro de 1865 Art. 2.° prometteu-se aos Voluntarios da Patria, que não fossem Guardas Nacionaes, um prazo de 22.500 braças quadradas de terras nas Colonias Militares ou Agrícolas . Os títulos do concessão de terras publicas gratuitas ou em remuneração de serviços, são isentos de sello fixo: Art. 12 n. 2 do Decr. Regul. n. 7540 de 15 de Novembro de 1879. Av. de 28 de Julho de 1881 : —Autorisou a Pre- sidencia de Matto-Grosso á conceder á Joaquim Pedro Alves de Barros, gratuitamente, na fórma do Art. 1.° da Lei n. 601—43.560.000 metros quadrados de terras devolutas na zona de 10 leguas da fronteira dessa Pro- víncia com a Republica da Bolívia, entre o morro Pão de Assucar e o denominado Cerrito, para colonisar, mediante diversas clausulas, combinadas com os Avs. de 12 de Dezembro de 1851 e 1o de Fevereiro de 1835, relativos á João José de Siqueira, que requereu terras gratuitas no districto de Albuquerque, e tambem com os de 27 e 28 de Março de 1863, concernentes ú igual pretenção de José Wencesláo Marques da Cruz e Abrahão dos Santos Sá, na fronteira da Província de S. Pedro Sul. C0LONISAÇÃO 5 Art. 2.° Os que se apossarem de terras de-volutas ou de alheias, e nellas derrubarem mattos ou lhes puzerem fogo, serão obrigados á despejo, com perda de bemfeitorias, e demais sof-frerão a pena de dous á seis mezes de prisão e multa de 100$000, além da satisfação do damno causado. Esta pena porém não terá lugar nos actos possessorios entre heréos confinantes. (3) Paragrapho unico. Os Juizes de Direito, nas Correições que fizeram na fórma das Leis e Re- gulamentos, investigarão se as autoridades á quem compete o conhecimento destes delictos põem todo o cuidado em processal-os e punil-os, e farão effectiva a sua responsabilidade, im-pondo, no caso de simples negligencia, a multa de 50$ a 200$000. (4) Art. 3.° São terras devolutas : § 1.° As que não se acharem applicadas á algum uso publico, nacional, provincial ou municipal. (5) (3) Vid. Arts. 88 á 90 do Regul. n. 1318. (4) ... e no caso de maior culpa (diz o Regul. n. 1318), prisão até tres mezes. (5) Vid. supra á Not. 2 a Lei n. 514 de 28 de Outubro de 1818, e Av. de 24 de Março de 1831. 6 TERRAS E § 2.° As que não se acharem no domínio particular por qualquer titulo legítimo, nem forem havidas por sesmarias e outras concessões do Governo Geral ou Provincial, não incursas em commisso por falta de cumprimento das condições de medição, confirmação e cultura. (6) § 3.° As que não se acharem dadas por sesmarias ou outras concessões do Governo, que, apezar de incursas em commisso, forem revalidadas por esta Lei. (7) Av. n. 413 de 6 de Agosto de 1879 mandou con- siderardevolutos os terrenos diamantinos da Província de Minas Geraes que não estiverem arrendados em hasta publica. (6) Vid. Arts. 22 e Nota, e 25 do Regul. n. 1318, e Nota 11 infra. Av. de 27 de Abril de 1880 in fine : A' vista do Art. 22 do Regul. de 30 de Janeiro, com referencia ao § 2.° do Art. 3.° da presente Lei, deve ser garantido o direito do possuidor de terras que tiver titulo legitimo que justifique o seu domínio, quer as terras tenhSo sido adquiridas por posses de seus antecessores, quer por concessões de sesmarias não medidas, confirmadas e cultivadas. (7) Vid. Art. 23 do cit. Regul. n. 1318. COLONISAÇÃO 7 § 4.° As que não se acharem occupadas por posses que, apezar de não se fundarem em titulo legal, forem legitimadas por esta Lei. (8) Art. 4.° Serão revalidadas as sesmarias ou outras concessões do Governo Geral ou Provincial, que se acharem cultivadas, ou com princípios de cultura, e morada habitual do respectivo sesmeiro ou concessionario, ou de quem os represente, embora não tenha sido cumprida qualquer das outras condições com que forão concedidas. (9) Art. 5.° Serão legitimadas as posses mansas (8) Vid. Arte. 24, 25 e 26 do cit. Regul. n. 1318. (9) Art. 27 do cit. Regul. n. 1318. Os limites destas concessões respeitão-se no acto da medição : Art. 9.° da presente Lei. Os simples roçados, derrubadas ou queimas de mattas ou campos, levantamento de ranchos e outros actos de semelhante natureza, não constituem principio de cultura : Art. 6.° desta Lei. As sesmarias e outras concessões do Governo Geral ou Provincial, que estando ainda cm poder dos pri- mitivos sesmeiros ou concessionarios, não têm principio de cultura e morada habitual, quer medidas e demarcadas, quer não, devem considerar-se devolutas á vista do Art. 27 do Regul. n. 1318 : Avs. de 29 de Setembro de 1856, e 6 de Setembro de 1859 8 TERRAS E e pacificas, adquiridas por occupação primaria ou havidas do primeiro occupaute, que se acharem cultivadas, ou com princípios de cultura, e morada habitual do respectivo posseiro, ou de quem o represente, guardadas as regras seguintes : (10) (10) Essas posses são respeitadas no acto da medição: Art. 9.° da presente Lei. Os simples roçados, derrubadas ou queimas de mattas ou campos, levantamentos de ranchos e outros actos de semelhante natureza, não constituem principio de cultura para a legitimação : Art. 6.° As posses transferidas á 2.° occupante por titulo aliás legitimo, mas do qual só se pagou o respectivo imposto depois da publicação do Regulamento, devem ser medidas em conformidade do Art. 44 do Regul. n. 1318 : Av. de 10 de Abril de 1858. O Av. de 31 de Maio de 1875 dirigido á Presidencia do Espirito Santo declarou que as terras occu-padas por indivíduos pobres que não estão em condições de legitimal- as, podem ser-lhes concedidas pelo preço mínimo desta Lei, correndo as despozas de medição por conta do Estado, uma vez que as areas coucedidas não excedão ás dos quadrados de 1.100 metros por lado. Av. n. 114 de 26 de Março de 1877 : Posse não legitimada pelo primeiro occupante, e transferida á segundo, por effeito da morte do primeiro, depois da presente Lei e seu Regulamento, não póde ser medida COLONISAÇÃO 9 § 1.° Cada terra em posse de cultura ou em campos de criação comprehenderá, além do terreno aproveitado ou do necessario para pastagens dos animaes que tiver o posseiro, outro tanto mais de terreno devoluto que houver contíguo, comtanto que em nenhum caso a extensão total da posse exceda á de uma sesmaria para cultura ou criação, igual ás ultimas concedidas na mesma Comarca ou nas mais visinhas. (11) segundo os limites descriptos no formal de partilhas, e sim pelo modo determinado naquelle Regulamento. Não se considerão subsistentes e legitimaveis posses de terças devolutas compradas á primeiros occupantes depois da publicação da Lei n. 601 : Av. de 10 de Setembro de 1880. (II) Vid. Arts. 44, 45 e 46 do Regul. n. 1318. ... extensão total da posse exceda á de uma sesmaria... diz o texto. Pela Prov. do Cons. Ultr. de 13 de Abril de 1738, dirigida ao Governador Capitão General da Capitania do Rio de Janeiro, se confirmou a de 15 de Março de 1731 para que se não concedessem sesmarias de mais de meia legua em quadro, e só no sertão se pudessem conceder de tres leguas, como nas demais partes do Brazil. (Vid. Not. 78 do Regul. n. 1318.) Na concessão das sesmarias á particulares sempre 10 TERRAS E § 2.° As posses em circumstancias de serem legitimadas, que se acharem em sesmarias ou outras concessões do Governo, não incursas em commisso ou revalidadas por esta Lei, só darão direito á iodemnisação pelas bemfeitorias. (12) Exceptua-se desta regra o caso de verificar-se á favor da posse qualquer das seguintes hy-potheses : l.ª, o ter sido declarada boa por sen -tença passada em julgado entre os sesmeiros ou concessionarios e os posseiros; 2.ª, ter sido estabelecida antes da medição da sesmaria ou concessão, e não perturbada por cinco annos; 3.ª, ter sido estabelecida depois da dita medição, e não perturbada por dez annos (13). se reservava o prejuízo de terceiro : Alv. do 1.° de Abril de 1680 § 40, Lei de 6 de Junho de 1755. Pelo Av. de 25 de Janeiro de 1809 ordenou-se que se não passassem cartas de concessão, ou confirmação de sesmarias sem preceder medição, e demarcação judicial, estabelecendo-se a forma da nomeação dos Juizes das sesmarias, e os sallarios que elles, e seus offi-ciaes devião vencer. (12) Vid. Arts. 42 e 43 do Regul. n. 1318. Vid. infra á Nota 25 desta Lei o Av. n. 56 de 10 de Fevereiro de 1871. (13) Vid. Art, 41 do Regai. n. 1318. C0L0NISAÇÂ0 11 § 3.° Dada a excepção do paragrapho antecedente, os posseiros gozarão do favor que lhes assegura o § 1.ª, competindo ao respectivo sesmeiro ou concessionario ficar com o terreno que sobrar da divisão feita entre os ditos posseiros, ou considerar-se tambem posseiro para entrar em rateio igual com elles. (14) § 4.° Os campos de uso commum dos moradores de uma ou mais Freguezias, Municípios ou Comarcas, serão conservados em toda a extensão de suas divisas e continuarão à prestar o mesmo uso conforme a pratica actual, em-quanto por Lei não se dispuzer o contrario. (15) (14) Vid. Art. 41 do Regul. n. 1318. (15) Campo de uso commum não pode ser decla-rado como pos3e de um só posseiro, convindo que se indague se o campo está no caso da Lei: Av. de 25 de Novembro de 1854. O campo de uso commum só pode ser usufruído, mas não occupado por pessoas que nellea pretendão es-tabelecer-se : Av. de 5 de Julho de 1855. Não foi, por Av. de 8 de Abril de 1857, appro-vada a automação dada pelo Presidente do Amazonas para dous indivíduos se estabelecerem em campos devolutos em diversos pontos da Província, por ser isto contrario a Lei. 12 TERRAS E Art. 6.° N8o se haverá por principio de cultura para a revalidação das sesmarias ou outras concessões do Governo, nem para a legitimação de qualquer posse, os simples roçados, derrubadas ou queimas de mattos ou campos, levantamentos de ranchos e outros actos de semelhante natureza, não sendo acompanhados da cultura effectiva e morada habitual exigidas no Artigo antecedente. (16) Art. 7.° O Governo marcará os prazos dentro dos quaes deverão ser medidas as torras adquiridas por posses ou por sesmarias, ou outras, concessões que estejão por medir, assim como designará e instruirá as pessoas que devao fazer a medição, attendendo ás circumstancias de cada Província, Comarca e Município, e podendo pro- rogar os prazos marcados, quando o julgar conveniente, por medida geral que comprehenda todos os possuidores da mesma Província, Comarcae Município onde a prorogaçao convier. (17) (16) Vid. Art. 37 do Regul. n. 1318. (17) Vid. Arts. 32, 33, 57 e 58 do Regul. n. 1318. Vid. supra á Not. 10 o Av. de 31 de Maio de 1875. Pelo Av. n. 27 de 21 de Janeiro de 1863 or-denou-se que não fossem medidos, em beneficio de particulares, terrenos comprehendidos na demarcação COLONISAÇÃO 13 Art. 8.° Os possuidores que deixarem de proceder à medição nos prazos marcados pelo Governo serão reputados cahidos em commisso, e perderão por isso o direito que tenhão á serem preenchidos das terras concedidas por seus titulos ou por favor da presente Lei, conservan-do-o sómente para serem mantidos na posse do terreno que occuparem com effectiva cultura, havendo-se por devoluto o que se achar in-culto. (18) Feita por Jacob Rheinganz, Emprezario da Colonia de S. Lourenço, na Província do Rio Grande do Sul. O Av. de 21 de Outubro de 1877 mandou que a Inspectoria marcasse um prazo improrogavel para as posses e sesmarias da Provincia das Alagoas. (18) Vid. Art 58 do Regul. n. 1318. A Circ. n. 260 de 13 de Junho do 1863 de-termina que os posseiros cujas possses tiverem sido annulladas em virtude das disposições de Leis e Re-gulamentos sejão preferidos, quando em concurrencia pretenderem comprar essas mesmas terras. Não estão comprehendidas na disposição do Art. 8.° da Lei n. 601 as posses posteriores ao Regul. n. 1318, e sim as havidas entre a data da Lei e a do Regul.: Av. de 24 de Setembro do 1877. 14 TERRAS E Art. 9.° Não obstante os prazos que forem marcados, o Governo mandará proceder á medição das terras devolutas, respeitando-se, no acto da medição, os limites das concessões e posses que se acharem nas circumstancias dos Arts. 4.° e 5.°. (19) Qualquer opposição que haja da parte dos possuidores não impedirá a medição; mas, ultimada esta, se continuará vista aos oppoentes para deduzirem seus embargos em termo breve. (20) As questões judiciarias entro os mesmos possuidores não impedirão tão pouco as diligencias tendentes â execução da presente Lei. Na disposição do Art. 8./ da Lei n. 601 não estão comprehendidas as posses posteriores ao Regul. de 30 de Janeiro de 1854, e sim as havidas entre a data da Lei e a do Regul., segando foi estabelecido pela Imperial Resol. de 12 de Setembro de 1876 tomada sobre Consulta das Secções dos Negocios do Imperio e da Justiça do Conselho de Estado de 2 de Junho communicada á Presidencia da Província do Amazonas por Av. de 24 de Setembro do referido anno: Av. de 10 de Setembro de 1860. Vid. Not. 31 ao Art 26 do Regul. n. 1318. (19) Vid. Arts. 33, 57 e 58 do Regul. n. 1318. (20) Vid. Art. 19 do Regul. n. 1318 alterado pelo Decr. n. 2105 de 13 de Fevereiro de 1858. COLONISAÇÃO 15 Art. 10. O Governo proverá o modo pratico de extremar o dominio publico do particular, segundo as regras acima estabelecidas, incumbindo a sua execução ás autoridades que julgar mais convenientes, ou à commissarios espe-ciaes, os quaes procederão administrativamente, fazendo decidir por arbitros as questões e duvidas de facto, e dando de suas proprias decisões recurso para o Presidente da Província, do qual o haverá tambem para o Governo. (21) Art. 11. Os posseiros serão obrigados à tirar títulos dos terrenos que lhes ficarem pertencendo por effeito desta Lei, e sem elles não poderão hypothecar os mesmos terrenos nem alienal-os por qualquer modo. Estes títulos serão passados pelas Repartições Provinciaes que o Governo designar, pagando-se 5$000 de direitos de chancellaria pelo terreno que não exceder de um quadrado de quinhentas (21) Vid. á Nota 17 supra o Av. n. 27 de 21 de Janeiro de 1863; Vid. Arts. 47, 48 e 52 do Regul. u. 1318, e á Nota do Art. 47 o Av. de 17 de Dezembro de 1875. O Av. de 14 de Dezembro de 1877 mandou que a Inspectoria ordenasse a commissão de medição em Pernambuco, que medisse certos pontos da Colonia Orphanologica— Izabel —, para que discriminadas as terras particulares das do Estado, pudessem estas ser incorporadas ao territorio da mesma Colonia. 16 TERRAS E braças por lado, e outro tanto por cada igual quadrado que de mais contiver a posse; e além disso 4$000 do feitio sem mais emolumentos ou sello. (22) (22) Vid. Arts. 8.° c 51 do Regul. n. 1318 e Nota respectiva; Vid. infra á Nota 23 desta Lei o Av. n. 243 de 20 de Maio de 1869. Vid. á Nota 30 desta Lei o Av. n. 459 de 30 de Novembro de 1874. Vid. á Nota 33 infra desta Lei o Av. n. 236 de 26 de Abril de 1879. Os direitos de chancellaria, de que trata o texto, estão hoje convertidos no sello fixo designado no Art. 10 § 5.° do Regul. n. 7540 de 15 de Novembro de 1879. Nos termos deste Regul. os Títulos de posse ou venda de terrenos devolutos pagão 11$000 de sello fixo, e excedendo o terreno de um quadrado do 500 braças por lado, cobra-se tantas vezes 5$000, quantos os quadrados de igual numero de braças, excluídas as fracções. Vid. á Nota 62 do Art. 71 do Regul. n. 1318 a Ord. n. 369 de 10 de Novembro de 1856. Os Títulos de propriedade de terrenos pertencentes ao domínio particular, quando requeridos pelos res- pectivos possuidores; de legitimação ou revalidação de posse, sesmarias e outras concessões sujeitas a taes operações; pagão 10$000 de sello fixo : Regul. n. 7540 loc. cit. O Art. 11 da Lei n. 601 princ, diz não poderão hypolhecar, etc. Esta prohíbição refere-se tão sómente COLONISAÇÃO 17 Art. 12. O Governo reservará das terras ás terras adquiridas por posses dependentes de legitimação? Pela affirmativa, em vista das palavras — titulos dos terrenos que lhes ficarem pertencendo por effeito desta Lei —, combinadas com o Art. 23 do Regul. n. 1318, quando estabelece—que os possuidores em virtude de titulo ligitimo não precisão de novos titulos para poderem gozar, hypothecar ou alienar os terrenos que estão sob seu domínio. Resulta, pois, que a nullidade estatuida no Art 11 não affecta os actos alienativos de terrenos adquiridos por posse legitima. Pela Lei e pelo Regul. as posses legitimas dis- tinguem-st das que dependem de legitimação, dis- tinguindo-se tambem as sesmarias validas das sujeitas £ revalidação. Os possuidores de posses legitimas podem usufruir e alienar as suas terras independentemente de legitimal-as, ex-vi do Art. 23 do Regul. n. 1318. As posses legitimas, differentemente das sujeitas 4 legitimação, não precisão do favor da Lei n. 601 para que se considerem devolutas. As legitimadas devem á liberalidade da Lei a sua força de titulos de acqui-sição. Posses legitimas são as que tem por funda mento titulo egitimo : Arts. 22 e 24 do Regul. n. 1318. Titulos legítimos são todos aquelles que, segundo direito, são aptos para transferir o domínio : Art. 25 do cit. Regul. n. 1318. Vid. Nota 31 ao Art. 26 do Regul. n. 1318. 18 TERRAS E devolutas as que julgar necessarias: 1.°, para a colonisaçao dos indígenas (23); 2.°, para a (23) Vid. Art. 72 do Regul. n. 1318. O Av. de 21 de Outubro de 1850 mandou incor- porar aos proprios nacionaes os terrenos dos extinctos aldeamentos dos índios.— Vid. infra nesta Nota o Decr. n. 2672 de 20 de Outubro de 1875: Vid. Av-de 16 de Janeiro de 1851, Ord. n. 44 de 21 de Janeiro de 1856, e Avs. de 21 de Abril de 1857, e 21 de Julho do 1858. Pela Ord. de 18 de Dezembro de 1852 man-dou-se tomar conta das respectivas terras, no Pará, não lançando-as, nem inscrevendo-as no livro dos proprios, por não pertencerem á classe destes, mas como tens nacionaes devolutos, para serem aproveitados na fórma da Lei das terras. A legalisação, administração e arrecadação da respectiva renda proveniente dos aforamentos e arren- damentos de terrenos de extinctosaldeamentos de Indios, competem ao Ministerio da Fazenda: Avs. de 21 de Outubro de 1850, 21 de Julho de 1858, e 20 de Maio de 1869; Ord. n. 41 de 21 de Janeiro de 1856. Pelo Av. de 16 de Agosto de 1858 foi indeferido o requerimento do Director Geral dos índios das Alagoas, que queria tomar de arrendamento terras pertencentes á sua jurisdicção. Terras de índios são nacionaes no sentido de de- COLONISAÇÃO 19 volutas para serem applicadas na conformidade da Lei n. 601, e portanto não pedem ser arrendadas como proprio nacional : Av. de 21 de Julho de 1858. O Art. 11 § 8.° da Lei n. 1114 de 27 de Setembro de 1800, autorisou o Governo a aforar ou vender os terrenos pertencentes á antigas missões e aldeias de índios, que estivessem abandonadas, cedendo porém a parte que julgasse sufficiente para a cultura dos que nelles ainda permanecessem e o requeressem. Por virtude desta automação autorisou o Governo pelo Av. n. 333 de 22 de Junho de 1861 a venda, em hasta publica, precedendo editaes e annuncios, das terras comprehendidas na legua em quadro em que se achava situado o edifício que servira de casa da Camara Municipal da extincta Villa de Arouches. Av. Cire., dirigido á Presidencia de S. Paulo, n. 29 do 19 de Maio de 1862:-Manda extinguir aldeamentos, dando diversas providencias: A' vista das informações offerecidas pelo Director Geral dos índios dessa Província, convenceu-se o Governo Imperial de que ahi existem muitos aldeamentos formados de indivíduos, que, pela mór parte, sómente de índios tem o nome, accrescendo que de quasi todos se achao usurpadas as terras, que primitivamente forão destinadas para patrimonio de taes estabelecimentos, sob pretexto de compra, arrendamento ou aforamento. Convindo que não continue semelhante estado de cousas, re- commendo muito especialmente á V. Ex., que, pro- cedendo com a possível brevidade ás indagações pre- cisas, verifique quaes são os aldeamentos, que se achão 20 TERRAS E em circumstancias taes; e, averiguado que de feito se tem realisado o que foi communicado por aquelle funccionario, e que os indivíduos pertencentes ás aldêas não precisão mais de protecção immediata dos administradores ou directores, quer as respectivas terras tenhão sido usurpadas no todo, quer em parte, autoriso á V. Ex. para extinguir os referidos aldêa- mentos, distribuindo á cada familia no ponto onde já possua casa e lavoura, bem como aos solteiros maiores de 21 annos, que tenhão economia separada, terreno sufficiente que não abranja mais de 62,500 braças quadradas e seja em geral de 22,500, que ficarão sendo propriedade desses indivíduos depois de 5 annos de effectiva residencia e cultura, cessando depois de feita esta distribuição de terreno toda a jurisdicção do Director Geral e dos Directores parciaes sobre o territorio e habitantes das aldêas. Achando-se em com-missão nessa Província o Engenheiro Raymundo de Penaforte Alves do Sacramento Blak, V. Ex. lhe dará as competentes instrucções para effectuar a medição e demarcação dos lotes, bem como a avi-ventação dos rumos das sesmarias pertencentes aos mencionados aldeamentos, cumprindo que as terras, que sobrarem, logo que terminarem os contractos de arrendamentos á que por ventura estejão sujeitas, sejão vendidas pela Thesouraria da Fazenda, de accôrdo com as determinações de V. Ex., á quem mais vantajosas condições offerecer. Para este fim aquella Repartição examinará quaes sejão os terrenos arrendados e quaes os desembaraçados, e tomará as contas da receita e despeza havidas em taes estabelecimentos, considerando nullos quaesquer aforamentos de terras das aldêas COLONISAÇÃO 21 feitos pelas Camaras Municipaes ou quaesquer outras autoridades. Vid. o Decr. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876, que organisou a Inspectoria Geral das Terras c Co- lonisação. Av. n. 105 de 18 de Março de 1863 :—Ordenou que os empregados do aldeamento de S. Pedro d'Al- cantara nto fizessem plantnções em terras da Colonia Militar do Jatahy, não só porque assim teria do ser alterado o regimen disciplinar da mesma Colonia, como tambem porque se poderilo para o futuro suscitar reclamações para indemnisação de bem feitorias, quando o mesmo estabelecimento precisasse das terras por tal modo invadidas. Av. n 273 de 8 de Julho de 1875: — Remette cópia das instrucções expedidas ao Engenheiro Luiz José da Silva para proceder, nos extinctos aldeamentos da Província de Pernambuco á verificação de terrenos pertencentes aos respectivos patrimonios o mais trabalhos que lhes são correlativos. Pessoas estabelecidas nos aldeamentos de índios estuo sujeitas ao serviço militar, salvo tendo as isen- ções da Lei: Av. do 17 de Setembro de 1875. Decr. n. 2672 do 20 de Outubro de 1875 : Hei por bem Sanccionar e Mandar que se execute a seguinte Resolução da Assembléa Geral. Art. 1.° O Governo fica autorisado para alienar 22 TERRAS E as terras das aldeias extinctas (1), que estiverem aforadas, observando-se as disposições seguintes: § 1.° O preço será o que fôr ajustado com o floreiro ou de 20 vezes o fôro e uma joia de 2 1/2 %, segundo fôr mais vantajoso á Fazenda Nacional. § 2.° As terras assim alienadas ficarão sujeitas aos onus dos §§ 1°, 2.°, 3.° e 4.° do Art. 16 da Lei n. 601 de 18 de Setembro de 1850. § 3.° As terras em que estiverem ou possão ser fundadas villas ou povoações, e as que forem neces- sarias para logradouros publicos, farão parte do pa- trimonio das respectivas Municipalidades, e por estas serão cobrados os respectivos fóros para abertura e melhoramentos de estradas vicinaes. Art. 2.° Ficão revogadas as disposições em con- trario. Vid. infra Not. 29 desta Lei. Em Av. de 8 de Abril de 1878: — O Ministerio da Agricultura recommendou á Presidencia do Paraná que expedisse ordem não só para diminuir o numero e jornal dos assalariados existentes nos aldeamentos de S. Jeronymo e S. Pedro de Alcantara, daquella Pro- víncia, mas tambem reduzir ns outras despezas, que alli se fazem, ao minimo possível. Av. n. 306 de 17 de Maio de 1878: — Declara não convir a compra das terras nas fazendas do Atalaia e Sepultura, por conta do Estado para estabelecimento de índios. (1) A alienação não deve ser feita em hasta publica. Trata-se de consolidação do domínio directo com o domínio util, e a venda é contractada directamente com o foreiro. COLONISAÇÃO 21 fundação de povoações (24), abertura de estradas Por Av. de 31 de Maio de 1878 autorisou-se o Presidente da Província á declarar extincto o aldeamento de Paranapánema, na Província do Paraná, dispensando desde logo o respectivo pessoal. Os papeis relativos á extinctos aldeamentos de índios devem rer recolhidos á Secretaria do Governo, quer existão alli, quer nas Camaras Municipaes ou em outras Repartições-. Av. de 23 de Março de 1881. (24) As terras reservadas para povoaçOes serão divididas em lotes urbanos e ruraes ou sómente nos primeiros: Art. 77 do Regul. n. 1318. Vid. infra Not. 27, e o Art. 2.° § 4.° do Regul. á que sê refere o Decr. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876. Vid. Art. 82 do Regul. n. 1318 quanto á estabe- lecimento de Colonias Militares. Vid. Art. 3.° do Decr. n. 3784 do 19 de Janeiro de 1867. Av. n. 4 (App.) ao Presidente da Província do Piauhy, de 27 de Junho de 1855:— Sobre que officiou o Juiz Municipal do Termo em que está situada a nova Povoação de Santa Philomena á respeito da posse de terrenos devolutos para a criação de gado: Illm. e Exm. Sr.—Tendo sido presente á Sua Ma- gestade o Imperador o Officio de V. Ex. com data de 3 de Abril ultimo, e sob n. 105, acompanhado do Officio do Juiz Municipal do Termo em que está si-24 TERRAS E tuda a nova e florescente Povoação de Santa Philomena, e pelo qual informa que alguns proprietarios abastados, e pessoas pobres se vão appossando de terrenos devolutos para a criação de gado vaccum e cavallar, e para plantações, provindo desses factos, aliás menos conformes com o disposto no Art. 2.° da Lei n. 601 e Art. 90 do Regul. n. 1318, os unicos recursos o abastecimentos de que carece a dita Povoação ; e pede por isso esclarecimentos acerca do procedimento á seguir em vista de taes occurrencias, e em ordem á solver a duvida daquelle Juiz, que se acha perplexo quanto á fazer desde já effectiva as referidas disposições da Lei: Houve por bem o mesmo Augusto Senhor, Conformando-se com o parecer da Repartição Geral das Terras Publicas, Mandar declarar á V. Ex., que, devendo-se considerar a Povoação de que se trata, como comprehendida no numero daquellas á que se refere o Art. 12 da Lei citada, e Art. 77 e seguintes do mencionado Regulamento, pôsto que á sua fundação não tivessem precedido as medidas ou formalidades ahi indicadas , cumpre para sanar essa falta e removeras dificuldades ponderadas, que V. Ex. faça applicavel ao caso vertente o que se acha dispôsto nos Artigos ultimamente referidos, devendo primeiro que tudo mandar fazer provisoriamente o alinhamento e arruamento da Povoação de Santa Philomena, e remetter a respectiva planta á Repartição Geral, afim de que ahi seja examinada e submettida á definitiva approvação do Governo Imperial, depois do que se tratará de fazer a reserva dos terrenos, que fôrem necessarios para serem distribuídos em lotes urbanos e rusticos, na fórma daqnelles Arts. 77 e seguintes do mesmo Regulamento, COLONISAÇÃO 25 e quaesquer outras servidões (25), e assento de estabelecimentos publicos (26) ; 3.°, para a construcção naval (27). Ficando quaesquer outras reservas á fazer para serem resolvidas opportunamente pelo Governo Imperial. AV. n. 92 de 20 de Fevereiro da 1879 : — Declara que as terras concedidas á Camara Municipal da Cidade do Bio Grande por Av. de 23 de Maio do 1878, devem ser subdivididas em lotes urbanos, pagando o fôro de 40 réis por 4,84 metros quadrados. (25) Por occasião da abertura de estradas, relativamente á povoação das respectivas margens, o Av. de 17 de Dezembro de 1875 deu providencias. Vid. este Aviso a Not. do Art. 77 do Regul. n. 1318. Av. n. 56 de 10 de Fevereiro de 1871 : — Aos sesmeiros, e por maioria de razão aos posseiros, corre a obrigação de cederem os terrenos necessarios para a abertura e melhoramentos de estradas publicas geraes, provinciaes e municipaes com direito sómente á indemnisaçao das bemfeitorias existentes nas mesmas terras, salvo se pelos títulos de sua propriedade estiverem isentos desta obrigação. (26) (27) Pelo Av. n. 110 de 18 de Março de 1851, remetteu-so ao Ministro do Imperio cópia das instrucções per que se devem regular os Officiaes Enge- 26 TERRAS E nheiros na medição das terras que tinhão de ser distribuídas á indivíduos engajados para o serviço do exercito. Vid. Arts. 80, 81, 88 e 89 do Regul. n. 1318. A Lei de 15 de Outubro de 1831 extinguio as Conservatorias de córtes de madeiras. O Conselho de Estado, Secção de Marinha e Guerra, em consulta de 29 de Abril de 1876, sanc- cionada por immediata Resol. de 19 de Julho do mesmo anno, á proposito de mattas reservadas, foi de parecer : 1.° que antes da separação das terras reservadas para a construcção naval, sómente ao Ministerio da Agricultura compete a conservação das mattas publicas; 2.° que depois da separação da designação sobredita, póde então ter lugar a procedencia do Art. 81 do Regul. n. 1318, até que ulteriormente se regule a materia. E' de opinião a Secção ter caducado a prohibição de cortar-se madeiras de construcção nas mattas particulares, por não se achar de accôrdo tal prohibição com os Arts. 12 e 16 da Lei n. 601 e com o complexo de Arts. do Regul. n. 1318, de modo que não se podem tomar medidas prohibitivas sem attentar contra o direito de propriedade. Em virtude desta mesma Consulta não subsistem mais as restricções do direito de propriedade particular á respeito das madeiras chamadas de lei, que qualquer póde cortar, usar ou vender, estando em terras de sua propriedade. COLONISAÇÃO 27 Art. 13. O mesmo Governo fará organisar por freguezias o registro das terras possuidas, sobre as declarações feitas pelos respectivos possuidores, impondo multas e penas áquelles que deixarem de fazer nos prazos marcados as ditas declarações ou as fizerem inexactas. (28) Art. 14. Fica o Governo autorisado á vender as terras devolutas em hasta publica, ou fóra delia (29), como e quando julgar mais conve- (28) Vid. Arts. 91 á 102 do Regul. n. 1318. Vid. Art. 1.° § 1.° n. 9.° do Regul. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876. (29) Vid. Arts. 64 usque 71 do Regul. n. 1318. ... terras devolutas em hasta publica. O Governo foi tambem autorisado á alienar as terras das extinctas aldeias ex-vi do Decr. n. 2672 de 20 de Outubro de 1875 cit. supra á Not. 23. Essas terras uma vez alienadas ficão sujeitas aos usos dos §§ 1.°, 2.°, 3.° o 4.° do Art. 16 da presente Lei n. 601. Considerão-se devolutas, e não como proprios nacionaes: Ord. de 18 de Dezembro de 1852. Vid. supra 4 Not. 23 desta Lei os Avs. de 21 de Julho de 1858, e n. 243 de 20 de Maio de 1869. Pelo Art. 11 n. 5.° da Lei do Orç. n. 628 de 17 de Setembro de 1851 foi o Governo autorisado para distribuir por venda ou por aforamento perpetuo, e pelo modo que julgar mais conveniente, oito lotes de mil braças em quadro cada um, das terras devolutas 28 TERRAS E que se acharem proximas ás linhas de demarcação das colonias Militares de Pernambuco e Alagóas ; podendo para este Am sómente dispensar na Lei n. 601 de 18 de Setembro de 1850. As Presidencias de Província forSo autorisadas á vender terras, conforme se declara no Av. Circ. de 13 de Julho de 1861. O Decr. n. 5655 de 3 de Junho de 1874 Art. 8.°, declara :—que os Presidentes das Provincias do Ama- zonas, Pará, Paraná e Matto-Grosso ficão autorisados á vender terras devolutas, fóra da hasta publica, na conformidade das Instrucções que baixarão com o mesmo Decreto. A venda será feita pelos preços mar- cados no § 2.° do Art. 14 da presente Lei n. 601- A competencia das Presidencias de Província para informar sobre venda de terras é reconhecida na Circ. de 22 de Outubro de 1877, pela qual se recommenda exerção em relação ao serviço de colonisação e terras a vigilancia e fiscalisação que cumpre-lhes dispensar á todos os negocios publicos. O Av. n. 550 de 20 de Novembro de 1862 declara que não se venderão terras publicas senão ás pessoas que por si ou por companhias ou emprezas se acharem habilitadas para as cultivar. Av. n. 835 de 18 de Novembro de 1878:— Declara que as vendas de terras de que tratão os Arts. 21 e 39 do Decr. n. 5655 de 3 de Junho de 1874, deverão correr pela Secretaria da Província e as de que COLONISAÇÃO 29 niente, fazendo préviamente medir, dividir, demarcar e descrever a porção das mesmas terras, que houver de ser exposta a venda, guardadas as regras seguintes : (30) Tratão os Arts. 32 e 33 do mesmo Decreto, sejão em hasta publica ou por qualquer outro meio, pela Thesouraria da Fazenda. Este Decr. n. 5655 approvou as Instruçcões para a revalidação das vendas de terras publicas já effe-tuadas, nas Províncias do Amazonas, Pará, Paraná, Matto Grosso, e regularisação das que o forem. (30) A medição, divisão e demarcação das terras devolutas devem ser feitas por Engenheiro ao serviço do Governo, sendo iudispensavel a verificação quando assim não se proceda : A.v. circ. n. 459 de 30 deNo- vembro de 1874. Esta Circ., no intuito de regularisar a concessão de terras publicas, evitando o abuso de serem transferidas antes de proceder-se á respectiva medição e demarcação, recommenda, não seja passado o respectivo titulo, sem que os concessionarios as fação medir e demarcar dentro do prazo que lhes fôr fixado. Av. circ. de 12 de Setembro de 1876: — Sómente podem empregar-se na medição das terras publicas Engenheiros e Agrimensores expressamente commissio-I nados para tal fim. Pelo Decr. n. 2922 de 10 de Maio de 1862 foi 30 TERRAS E § 1.° A medição e divisão serão feitas quando o permittirem as circumstancias locaes, por linhas que corrao de Norte á Sul conforme o verdadeiro meridiano, e por outras que as cortem em angulos rectos de maneira que formem lotes ou quadrados de quinhentas braças por lado demarcados convenientemente. creado um corpo de Engenheiros civis ao serviço do Ministerio da Agricultura, Commercio e Obras Publicas e approvado o respectivo Regulamento. Um novo Regul-foi dado á esse corpo pelo Decr. n. 4696 de 16 de Fevereiro de 1871. Quanto aos vencimentos dos Engenheiros encarro-gados das medições regula a Tabella annexa áquelle Decr. n. 2922 de 10 de Maio de 1862. A' este respeito o cit. Av. circ. de 12 de Setembro de 1876 declarou:—que os Engenheiros chefes de medições têm direito, além da gratificação mensal que lhes haja sido arbitrada, a de 18 rs. por braça de terras que elles proprios medirem, 8 rs. quando o serviço tenha sido executado por duas turmas de agrimensores, 4, 5 rs. quando estas forem quatro, e assim por diante na mesma proporção decrescente ; — que aos Agrimensores competem, alem da gratificação mensal, 7 rs. por braça de terra, que medirem até 500, d'ahi para mais, 4 rs. por braça. O Av. circ. de 15 Abril de 1878 recommenda a estricta observancia do Av. supra, e mais — que os Agrimensores e Engenheiros que tem percebido bra- COLONISAÇÃO 31 § 2.° Assim esses lotes como as sobras de terras em que se não puder verificar a divisão acima indicada serão vendidos separadamente sobre o preço minimo (31), fixado antecipadamente çagem superior, devem entrar para as Thesourarias com as differenças. O Av. de 30 de Agosto de 1879 declara que a medição das terras pedidas por compra pode ser feita por pessoa da confiança do pretendente, comtanto que seja profissional devidamente habilitado, para o fim de dar authenticidade á planta da medição ; e portanto nenhum inconveniente ha em que seja encarregado nesta o Juiz commissario, não como tal, mas como simples engenheiro. (31) O preço minimo na venda das terras devolutas pode ser concedido aos indivíduos pobres que as occupem e não tenhão forças para legitimal-as: Av. de 31 de Maio de 1875 em additamento ao de n. 126 de 10 do Abril de 1858. Pelo Decr. n. 5655 de 3 de Junho de 1874, que approvou as Instrucções para a revalidação das vendas de terras publicas já effectuadas nas Provincias do Amazonas, Pará, Paraná e Matto Grosso e regularisação das que o forem, se determinou o preço minimo da unidade superficiaria das terras do lote á que refere o mesmo Decr. pelos indicados no § 2.° do Art. 14 da Lei n. 601, addicionando-se-lhe as despezas de medi-ção e demarcação correspondentes á mesma unidade. 32 TERRAS E e pago á vista de meio real, um real, real e meio e dous réis, por braça quadrada, segundo fôr a qualidade e situação dos mesmos lotes e sobras. (32) § 3.° A venda fora da hasta publica será feita pelo preço que se ajustar, nunca abaixo do mínimo fixado, segundo a qualidade e situação dos (32) O Art. 15 das Instruc. annexas ao Decr. n. 5655 de 3 de Junho de 1874 permitte vendas de terras á prazo de 2 á 6 annos nas Províncias do Amazonas, Pará, Paraná e Matto- Grosso, e fóra de hasta publica: Art. 8.° das mesmas Instrucções. Já antes a Lei n. 1114 de 27 de Setembro de 1860 § 22 permittia vendas á prazo fóra das zonas das fronteiras, na Província do Amazonas e nas que se achassem nas mesmas circumstancias especiaes. O Av. de 17 de Dezembro de 1875, ampliando esta Lei, ordenou vendas á prazo em certos e determinados lugares e mediante certas condições, nas Províncias do Espirito Santo e Minas Geraes, limitados á zonas de 12 braças de cada lado da estrada projectada entre a Freguezia do Peçanha, Município do Sarro em Minas, e o Município de S. Matheus na do Espirito Santo. O Av. de 5 de Janeiro de 1865 permittia vender á prazo até 10 annos, mas foi alterado pelo cit. Decr. n. 5655 de 3 de Junho de 1874. A' este Decreto vem annexa uma Tabelia das dimensões e superfícies dos lotes de terra marginaes e cen-traes, que podem ser concedidas por venda á prazo COLONISAÇÃO 33 respectivos lotes e sobras, ante o Tribunal do Thesouro Publico, com assistencia do Chefe da Repartição Geral das Terras na Província do Rio de Janeiro, e ante as Thesourarias, cora assis- tencia de um Delegado do dito Cbefe, e com npprovação do respectivo Presidente, nas outras Províncias do Imperio. (33) (33) Av. n. 230 de 26 de Abril de 1879 :-Propostas seguintes duvidas: 1.° Por onde derem ser pnssados os títulos de venda de terras nas condições do Av. de 13 de Junho de 1863, á que se referem as Instrucções que hão sido ministradas aos Engenheiros incumbidos da medição de terras no Rio Doce e Mucury? 2.° E' da attribuição da Secretaria do Governo passar os titulos das vendas de terras effectuadas em hasta publica o fóra della, ou compete á Thesouraria de Fa-zenda, realisada a cobrança, expedil-os? 3.° Verificada a venda em hasta publica ou fóra della, é necessaria a escriptura de que fallão os Avisos ns. 515 e 562 de 25 de Novembro e de 30 de Dezembro de 1808? Cabe-me declarar-lhe, em resposta, que referindo-se o Av. de 18 de Novembro ultimo 4 uma duvida suscitada pela Thesouraria de Fazenda da Província do Pará, relativamente á expedição dos titulos de vendas de terras de que tratão os Arts. 26 e 27 das Instrucções baixadas com o Decr. n. 5655 de 3 de Junho de 1874, e sendo estas Instrucções especiaes ás revalidações e vendas de terras 4 vista ou 4 prazo, nas Províncias 34 TERRAS E Art. 15. Os possuidores de terras de cultura e criação, qualquer que seja o titulo de sua acquisição, terão preferencia na compra das terras devolutas que lhes fôrem contíguas, com-tanto que mostrem, pelo estado da sua lavoura ou criação que têm os meios necessarios para aproveitai-as. (34) do Amazonas, Pará, Matto-Grosso e Paraná, nada ha no mencionado Aviso applicavel a Província que V. Ex. administra. Para tudo o que concerne á legitimações, reva- lidações e vendas de terras tem essa Presidencia as regras fixadas na Lei n. 601 de 18 de Setembro de de 1850, Regul. de 30 de Janeiro de 1854 e Avisos, Ordens e mais disposições de doutrina geral: convindo sómente acrescentar, que, em theso, os títulos são sempre passados pelas Presidencias, e as escrip-turas pelas Thesourarias de Fazenda, sendo que estas tem lugar quando as vendas são feitas em hasta publica, ou quando nellas intervêm aquellas Repartições, acto este que está de accôrdo com os Avs. ns. 516 e 562 de 25 de Novembro e 30 de Dezembro de 1868. Deus Guarde, etc. Tratando-se de colonias, os titulos provisorios são assignados pelo Director da Colonia, e os definitivos pelo Presidente da Província: Art. 9.° do Decr. n. 3784 de 19 de Janeiro de 1867. (34) O Av. n. 392 de á de Julho de 1861 declarou COLONISAÇÃO 35 Art. 16. As terras devolutas que se venderem ficarão sempresujeitas aos onus seguintes: § 1.° Ceder o terreno preciso para estradas publicas de uma povoação á outra ou algum illegal a venda de terras feita á Ignacio de Almeida Trancoso,porcontrariar a expressa disposição deste Artigo, pela qual, na venda de terras publicas, fóra de hasta publica, devem ser preferidos os possuidores das terras contiguas, e que tenhão meios de cultival-as, circumstancias estas em que não se davão naquelle comprador, e sim no seu concurrente Ribeiro dos Passos. Pelo Av. Circ. de 12 ds Junho de 1863 devem os posseiros, cujas posses tenhão sido annulladas em virtude das disposições em vigor, ser preferidos quando em concurrencia pretendão a compra dessas mesmas posses. Neste sentido forão autorisados os Presidentes, salvo o caso em que taes terras se achem comprehendidas na circumscripção territorial de alguma Colonia, visto estas não poderem soffrer desfalque. O AV. de 21 do Setembro de 1877 limitou a doutrina do AT. de 13 de Junho de 1883 ás posses correspondentes no periodo de tempo decorrido entre a Lei n. 601 e o Regul. n. 1318. Os Indios restantes de aldeamentos extinctos têm preferencia na parto ds terras que lhas for necessaria para a cultura: Art. 11 § 8.° da Lei n. 1114 de 27 de Setembro ds 1860. 36 TERRAS E porto de embarque, salvo o direito de indemni-saçao das bemfeitorias e do terreno occupado. (35) § 2.° Dar servidão gratuita aos visinhos quando lhes fôr indispensavel para sahirem á uma estrada publica, povoação ou porto de embarque, e com indemnisação quando lhes fôr proveitosa por incurtamento de um quarto ou mais de caminho. § 3.° Consentir a tirada de aguas desaproveitadas e a passagem delias, precedendo a indemnisação das bemfeitorias e terreno occupado. § 4.° Sujeitar ás disposições das Leis respectivas quaesquer minas que se descobrirem nas mesmas terras. (36) (35) Vid. á Not. 25 desta Lei o Av. n. 56 de 10 de Fevereiro de 1871, e a Not. do Art. 77 do Regul. n. 1318 o Av. de 17 de Dezembro de 1875. (36) As minas assim como os terrenos diamantinos são do dominio do Estado : Ord. Liv. 2.° Tit. 26 § 16; Não se estendião á mineração os favores outorga- dos aos estrangeiros: Ord. n. 132 de 14 de Maio de 1849. Mas pela disposição da Lei n. 1507 de 26 de Se- tembro de 1867 Art. 23, os estrangeiros podem iso- ladamente, ou em sociedade, como os subditos do COLONISAÇÃO 37 Art. 17. Os estrangeiros que comprarem terras e nellas se estabelecerem ou vierem à sua custa exercer qualquer industria no paiz serão naturalisados, querendo, depois de dous annos de residencia, pela fórma por que o forão os da colonia de S. Leopoldo, e ficarão isentos do serviço militar, menos do da guarda nacional dentro do Municipio. (37) Imperio, requerer, e obter, concessão para a minera-ção, ficando revogadas as disposições que lhes veda-vão tal concessão. Esta concesalo ou previa permissão do Governo, nSo obstante a doutrina em contrario do Decr. de 27 de Janeiro de 182.), é indispensavel, mesmo que o solo seja de propriedade particular, pois que aquelle Decreto, expedido depois da Constituição, não pode revogar a Ord. Liv. 2.° Tit. 26 § 16, que clara e terminantemente estabelece o Direito do Estado á todos os mineraes existentes no sub-solo, direito pos- teriormente firmado no Art. 34 da Lei n. 614 de 28 de Outubro de 1818, explicada pela Ord. do Thesouro n. 220 de 19 de Setembro de 1849, e Art. 16 § 4.° da Lei n. 601 de 18 de Setembro de 1850. (37) O Decr. n. 712 de 16 de Setembro de 1853 tornou extensivo aos estrangeiros que fizessem parte de qualquer colonia fundada no Imperio a disposição deste Art. 17 da presente Lei, já applicada pelo AV. de 21 de Outubro de 1850 á um colono, uma vez satisfeita a declaração exigida pelo Decr. de 3 de 40 TERRAS E Art. 18. O Governo fica autorisado á mandar vir annualmente á custa do Thesouro certo numero de colonos livres para serem empregados pelo tempo que fôr marcado em estabelecimentos agrícolas ou nos trabalhos dirigidos pela administração publica, ou na formação de colonias nos lugares em que estas mais convierem, tomando antecipadamente as medidas necessarias para que taes colonos achem emprego logo que desembarcarem. (38) É autorisado á dar o titulo de naturalisação antes mesmo do prazo da dita Lei aos colonos, que julgar dignos dessa concessão. Pelo Art. 4.° deste Decr. n. 808 A : — Os pais, Tutores, ou Curadores de colonos menores nascidos fóra do Imperio antes da naturalisação de seus pais, poderão fazer por elles a declaração de que trata o Art. l.°, e obter o respectivo titulo, salvo aos menores o direito de mudar de nacionalidade quando maiores. E pelo Art. 5.°:—As suas disposições, sómente applícaveís aos colonos, não derogão as demais da Lei de 23 de Outubro de 1832. Os colonos que trabalhão por contracto de parceria, não são contados no numero dos trabalhadores de que trata o Art. 15 § 3.° da Lei n. 602 de 19 de Setembro de 1850, para a dispensa do serviço activo da guarda nacional: Av. n. 216 de 21 de Novembro de 1854. (38) Vid. adiante o Decr. n. 3784 de 19 de Janeiro COLONISAÇÃO 41 Aos colonos assim importados são applica-veis as disposições do Artigo antecedente. Art. 19. O producto dos direitos de chancel-laria e da venda das terras, de que tratão os Arts. 11 e 14, será exclusivamente applicado, 1.° á ulterior medição das terras devolutas, e 2.° á importação de colonos livres, conforme o Artigo precedente. Art. 20. Emquanto o referido producto não fôr suficiente para as despezas à que é destinado, o Governo exigirá annualmente os creditos necessarios para as mesmas despezas, às quaes applicará desde jà as sobras que existirem dos creditos anteriormente dados â favor da co-lonisação, e mais a somma de 200:000$000. Art. 21. Fica o Goyerno autorisado á estabelecer, com o necessario Regulamento, uma Repartição especial que se denominará — Repartição Geral das Terras Publicas — que será encarregada de dirigir a medição, divisão e descripção das terras devolutas e sua conservação, de fis-calisar a venda, e distribuição delias, e de promover a colonisação nacional e estrangeira. (39) De 1867 pelo qual deu-se Regulamento para as Colonias do Estado. (39) A Repartição Geral das Terras Publicas foi orga- nisada pelo Decr. n. 1318 de 30 de Janeiro de 1854. Funccionava na Côrte sob as ordens do Ministro e 42 TERRAS E Art. 22. O Governo fica autorisado igualmente a impôr nos Regulamentos que fizer para Secretario de Estado dos Negocios do Imperio (Art. l.°): e nas Províncias por meio de seus Delegados (Art. 6.°), com Repartições especiaes (Art. 25 do Decr. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876) (*). Pelo Av. n. 95 de 24 de Abril de 1854, e era virtude do Art. 3 ° § 10 da Lei n. 1318, deu-se Regulamento provisorio para o serviço das Secretarias da Repartição Geral das Terras Publicas e dos seus Delegados nas Províncias, instituindo-se um archivo para cada uma das Secções da Secretaria. Extincta a Repartição Geral das Terras Publicas, foi creada em seu lugar a Commissão do registro geral e estatística das terras publicas e possuídas, á qual derão-se Insttrucções : Decr. n. 5788 de 4 de Novembro de 1874. Extincta por sua vez esta commissão, creou-se pelo Decr. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1676 a inspectoria Geral das Terras e Colonisação. Vid. Nota 2 ao Regul. n. 1318. Vid. Avs. ns. 786 de 7 de Novembro de 1878, e 787 da mesma data. (*) O Decr. n. 2575 A de 14 de Abril de 1860 extinguio as Repartições Especiaes das Terras Publicas nas Provincias do Amazonas, Piauhy, Ceara, Parahyba, Rio Grande do Norte, Sergipe, Maranhão, Rio de Janeiro, Minas Geraes, e Goyaz. O Decr. n. 2595 de 19 de Maio do 1800 alterou a Repartição Especial das Terras Publicas na Província de S. Paulo. O Decr. n. 2008 de 30 de Junho de 1880 alterou a mesma Repartição na Província do Espirito Santo. O Decr. n. 2731 de16 de Janeiro de 1861 passou para a Repartição Geral das Terras Publicas as attribuições do Chefe da Repartição especial do Rio de Janeiro. COLONISAÇÃO 43 A excução da presente Lei, penas de prisão até tres mezes e de multa até 200$000. (40) Art. 23. Ficão derogadas todas as disposições em contrario. Mandamos portanto à todas as autoridades, á quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumprão e fação cumprir e guardar tão inteiramente como nella contém. O Secretario de Estado dos Negocios do Imperio a faça imprimir, publicar e correr. Dada no Palacio do Rio de Janeiro aos dezoito dias do mez de Setembro de mil oitocentos e cin-coenta, vigesimo nono da Independencia e do Imperio. IMPERADOR, com rubrica e guarda. Visconde de Monst'Alegre. [10] Vid. Arts. 29. 31, 63, 90, 95. 105, 106 e 108 do cit. Regul a. 1318. 44 TERRAS E Decreto n. 1318 de 30 de Janeiro de 1854 Manda executar a Lei n. 601 de 18 de Setembro de 1850 Em virtude das autorisações concedidas pela Lei n. 601 de 18 de Setembro de 1850, hei por bem que para execução da mesma Lei se observe o Regulamento que com este baixa, assignado por Luiz Pedreira do Couto Ferraz, do meu Conselho, Ministro e Secretario do Estado dos Negocios do Imperio, que assim o tenha entendido e faça executar. Palacio do Rio de Janeiro, em 30 de Janeiro de 1854, trigesimo-terceiro da Independencia e do Imperio.— Cora a rubrica de Sua Magestade o Imperador.—Luis Pedreira do Couto Ferraz. Regulamento para execução da Lei n. 601 de 18 de Setembro de 1850, á que se refere o Decreto desta data. CAPITULO I DA REPARTIÇÃO GERAL DAS TERRAS PUBLICAS Art. 1.° A Repartição Geral das Terras Publicas, creada pela Lei n. 601 de 18 de Setembro de 1850, fica subordinada ao Ministro e Secretario de Estado dos Negocios do Imperio, e constará COLONISAÇÃO 45 de um Director Geral das Terras Publicas, Chefe da Repartição, e de ura Fiscal. (1) A Secretaria se comporá de um Official Maior, dous Officiaes, quatro Amanuenses, um Porteiro, e um Continuo. Um Offlcial e um Amanuense serão habeis era desenho topographico, podendo ser tirados d'entre os Officiaes do Corpo de Engenheiros, ou do Estado Maior da 1.» Classe. Art. 2.° Todos estes Empregados serão nomeados por Decreto Imperial, excepto os Amanuenses, Porteiro e Continuo, que o serão por (1) Hoje ao Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras Publicas. Vid. Art. 21 da Lei n. 601. O Decr. n. 1067 de 28 de Julho de 1860 creou a nova Secretaria de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio o Obras Publicas, e para sua execução organisou-se pelo pecr. n. 2748 de 16 de Fevereiro de 1861 o respectivo Regulamento. Pelo Decr. n. 4167 de 29 de Abril de 1868 foi a mesma Secretaria reformada, subsistindo esta reforma até a do Decr. n. 5512 de 31 de Dezembro de 1873, alterado pelo de n. 7569 de 13 de Dezembro de 1879. Pelo Av. n. 376 de 31 de Agosto de 1861 forão expedidas instrucções para o Archivo da Secretaria, destinado á guarda e conservação de todos os papeis relativos á negocios findos das Directorias, 46 TERRAS E Portaria do Ministro e Secretario de Estado dos Negocios do Imperio ; e terão os vencimentos seguintes : (2) Director Geral, quatro contos de reis. 4:000$000 Fiscal, dous contos e quatrocentos mil reis........................................................... 2:400$000 Offlcial-Maior, tres contos e duzentos mil réis ........................................ .... ...... 3:200$000 Officiaes (cada um), dois contos e qua trocentos mil réis .................................... 2:1000000 Amanuenses (cada um), um conto e duzentos mil reis..................................... 1:200$000 Porteiro, um conto de reis .......................... 1:000$000 (2) Ex-vi da autorisação conferida ao Governo pelas Leis do Orç. na. 2348 de 25 de Agosto de 1873 Art. 8.° § 1.° n. 1.» e 2640 de 22 de Setembro de 1875 Art. 20, para reformar a Secretaria de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras Publicas, e Repartições annexas, dividindo o respectivo serviço como conviesse para melhor e maia prompto expediente; foi pelo Decr. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876 organisada a Inspectoria Geral das Terras e Colonisação com o pessoal estabelecido no Art. 3.° do mesmo Decreto. Esta Repartição substituio a antiga Commissão do registro geral e estatística das terras publicas e possuídas, que por sua vez havia substituído a Repartição Geral das Terras Publicas creada pelo Decr. n. 1318. Vid. Not. 39 á Lei n. 601, A Inspectoria tem o seu Archivo organisado, por determinação do respectivo Inspector. C0LONISAÇÃ0 47 Continuo, seiscentos mil reis (3) ................ 600$000 Art. . 3.° Compete á Repartição geral das terras publicas: (4) (3) Hoje vigora a Tabella annexa ao cit. Decr. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876, que organisou a Inspectoria Geral das Terras e Colonisação, e estabe- leceu o numero e obrigações dos Empregados. Quanto aos vencimentos dos Engenheiros encarregados de medições, regula a Tabella annexa ao Decr. n. 2922 de 10 de Maio de 1862. Pelo Av. de 14 de Fevereiro de 1877 foi ap- provada a Tabella dos Empregados do Movimento. Taes empregados percebem diarias e não ordenados. Av. de 17 de Dezembro de 1879: Vid. á Not. 30 da Lei n. 601 o Av. Circ. de 12I do Setembro de 1876. Vid. á Not. do Art. 55 do presente Regul, o Av. n. 135 de 28 de Maio de 1864. Os Escrivães não têm vencimentos fixos, apenas percebem uma parte da quantia paga pelos posseiros e sesmeiros por braça quadrada corrente e medida; Av. de 13 de Junho de 1876. (4) Vid. Regul. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876 Arts. l.° á 17. Todos os trabalhos de que tratio os §§ deste Art. 3.° do presente Regul. n. 1318 são da competencia da Inspectoria Geral de Terras e Colonisação. 48 TERRAS E § 1.° Dirigir a medição, divisão e descripção das terras devolutas, e prover sobre a sua conservação. § 2.° Organisar um Regulamento especial para as medições, no qual indique o modo pratico de proceder á ellas, e quaes as informações que devem conter os memoriaes de que trata o Art. 16 deste Regulamento. (5) § 3.° Propôr ao Governo as terras devolutas que deverem ser reservadas: 1.° para a collo-nisação dos indígenas; 2.° para a fundação de povoações, abertura de estradas, e quaesquer outras servidões e assentos de estabelecimentos publicos. (6) § 4.° Fornecer ao Ministro da Maralha todas as informações que tiver ácerca das terras devolutas que em razão de sua situação è abun- (5) Vid. Regul. de 28 de Maio de 1854. (6) O Av. n. 15 de 2 de Abril de 1878 determina que não se estabeleção immigrantes senão em Terras do Estado, ou de particulares depois de compradas e devidamente demarcadas: Diar. Off. de 10 de Maio de 1878. Vid. Art. 2.° § 1.° n. 4.° do Regul. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876. Vid. á Not. 23 da Lei n. 601 o Av. n. 105 de 18 de Março de 1863. COLONISAÇÃO 49 dancia de madeiras proprias para construcção naval convenha reservar para o dito fim. (7) § 5.° Propôr a porção de terras medidas que annualmente deverem ser vendidas. (8) § 6.° Fiscalisar a distribuição das terras devolutas, e a regularidade das operações da venda. (9) § 7.° Promover a colonisação nacional e es- trangeira. (10) (7) Cit. Regul. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876 Art. 2.° § 1.° n. 4.° (8) Cit. Regul. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876 Art. 2.° § 1.° n. 5.° (9) Cit. Regul. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876 Art. 2.° § 1.° ns. 3.°, 4.° e 5.° (10) Cit.Regul. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876 Art. 1.° n. 3.°, e Art. 2.° §"2.° ns. 4.° e 5.° Vid? á Not. 6 supra deste Regul. o Av. n. 15 de 2 de Abril de 1878. O Decr. n. 3684 de 19 de Janeiro de 1867 ap-prova o Regul. das Colonias. Vid. Nots. 29 e 31 ao Art. 14, e § 2.° da Lei n. 1. 50 TERRAS E N. 311 Av. n. 2 de 14 de Setembro de 1857 :— Ao Presidente da Associação central de Colonisação:— Approvou a escolha da Imperial Quinta do Cajú para hospederia de immigrantes. Vid. Not. á ep. do Cap. 7.º do cit. Regul. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876. O Av, Circ. n. 312 de 14 de Setembro de 1857 aos Presidentes das Províncias recommenda a remessa de todos os esclarecimentos ao Consul do Imperio no porto da procedencia á respeito do destino dos emigrantes: Illm. e Exm. Sr. —Convém que todas as vezes que á essa Província chegar algum navio com emigrantes, remetta V. Ex. sem demora ao Agente Consular do Imperio do porto da procedencia todos os esclarecimentos possíveis ácerca do destino de cada um desses indivíduos, e do lugar de seu definitivo estabelecimento. Deus Gnarde, etc. A recommendação decretada por esta Circ. subsiste mesmo em face do Decr. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876 á vista da Circ. do Ministerio da Agricultura de 22 de Outubro de 1877. Vid. esta Circ. á Nota 1 do Decr. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876. Vid. á Nota 17 da Lei n. 601 o Av. n. 27 de 21 de Janeiro de 1863, e á Nota 23 da mesma Lei o Av. n. 105 de 18 de Março de 1863. Pela Lei do Orç. n. 514 de 28 de Outubro de 1848 Art. 16 forão concedidas á cada uma das Províncias do Imperio, no mesmo, ou em differentes lugares do COLONISAÇÃO 51 § 8.º Promover o registro das terras possuídas (11). seu territorio, seis leguas em quadro de terras devo-lutas, exclusivamente destinadas á colonisação, e com a condição de não poderem ser roteadas por braços escravos e não poderem ser transferidas pelos colonos emquanto não estivessem efectivamente roteadas e aproveitadas, revertendo ao domínio da Província se dentro de cinco annos os colonos não cumprissem esta condição. Pelo Av. Circ. de 27 de Dezembro de 1851, determinou- se que as seis leguas em quadro cedidas ás Províncias era virtude daquells Lei fossem medidas s demarcadas 4 custa dos cofres provinciaes, fazendo-se a competente distribuição, depois de ter o Governo Imperial sciencia. Pela Assembléa Provincial do Espirito Santo reclamada a revogação daquelle Av. Circ., respondeu-se pelo Av. n. 284 de 26 de Junho ds 1865, que embora sejio as Assembléas Legislativas competentes para legislarem sobre a colonisação, inclusive o modo de distribuir os lotes, não são comtudo quanto á distribuição. Vid. á respeito de distribuição ds lotes á colonos o cit. Decr. n. 3784 de 19 de Janeiro de 1867. (11) A organisação do Registro Geral das Terras possuídas por qualquer, de conformidade com o Art. 13 da Lei n. 601, Regulamentos, Instruccões e Ordens do Governo concernentes á este objecto, pertence á Se- 52 TERRAS E § 9.° Propôr ao Governo a fórmula que devem ter os títulos de revalidação e de legitimação de terras. § 10. Organisar e submetter á approvação do Governo o Regulamento que deve reger a sua Secretaria, e a de seus Delegados nas Províncias. (12) § 11. Propôr finalmente todas as medidas quea experiencia fôr demonstrando convenientes para o bom desempenho de suas attribuições, e melhor execução da Lei n. 601 de 18 de Setembro de 1850, e deste Regulamento. Art. 4.° Todas as ordens da Repartição Geral das Terras Publicas, relativas à medição, divisão e descripçáo das terras devolutas nas Províncias; á sua conservação, venda e distribuição; à co-lonisação nacional e estrangeira ; serão assig-nadas pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios do Imperio, e dirigidas aos Presidentes das Provincias. As informações, porém, que fôrem segunda Secção da Inspectoria Geral das Terras e Colo-nisação: Regul. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876 Ar.t. 2.º § 1.° n, 9.º (12) Vid. Not. 39 da Lei n. 601, e Nots. 1 e 2 do presente Regul. n. 1318. Em virtude da disposição deste Art. 3.° § 10 é que organisou-se o Regulamento provisorio constante do Av. n. 95 de 24 de Abril de 1854. COLONISAÇÃO 53 necessarias para o regular andamento do serviço á cargo da mesma Repartição, poderão ser exigidas pelo Director de seus Delegados, ou requisitadas das autoridades incumbidas por este Regulamento do registro das terras possuídas, da medição, divisão, conservação, físcalisação e vendas das terras devolutas, e da legitimação ou revalidação das que estão sujeitas à estas formalidades (13). (13) Vid a Not. 1 do Decr. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876 a Circ. de 22 do Outubro de 1877. Entende-se actualmente (diz esta Circ.) o Ministerio da Agricultura com a Inspectoria e esta com seus Delegados nas Províncias á respeito de tudo quanto se refere á Direcção dos Estabelecimentos Coloniaes e discriminação das terras publicas das particulares; o que não impede que os Presidentes de Província continuem á exercer em relação á taes serviços, a vigilancia e fiscalisação que cumpre-lhes dispensar â todos os negocios publicos. Av. de 29 de Julho de 1878 do Ministerio da Agricultura :—Dispondo o Art. 51 do Regul. promulgado pelo Decr. n. 5512 de 31 de Dezembro de 1873 que as communicações, que até então se fazião sobre as nomeações, remoções, commissões, aposentações e licenças serião substituídas pelas publicações feitas no Diario Official, e as de posse ou exercício pelos recibos das declarações feitas nos respectivos títulos, ou por at-testados de exercício, quando não constarem do mesmo Diario; assim o declaro á Vm., para a devida obser- 54 TERRAS E Art. 5.° Compete ao Fiscal: § 1.° Dar parecer por escripto sobre todas as questões de terras, de que trata a Lei n. 601 de 18 de Setembro de 1850, e em que estiverem envolvidos direitos e interesses do Estado, e tiver de intervir a Repartição Geral das Terras Publicas» em virtude deste Regulamento, ou por ordem do Governo. (14) § 2.° Informar sobre os recursos interpostos das decisões dos Presidentes das Províncias para o Governo Imperial. § 3.° Participar ao Director Geral as faltas commettidas por quaesquer autoridades ou em pregados, que por este Regulamento têm de exercer funcções concernentes ao registro das terras possuídas, â conservação, venda, medição, demarcação e fiscalisação das terras devolutas, ou que estão sujeitas á revalidação e legitimação pelos Arts. 4.° e 5.º da Lei n. 601 de 18 de Setembro de 1850. (15) vancia ; ficando na intelligencia de que os actos deste Ministerio, publicados naquelle Diario, produzem seus effeitos legaes, logo que chegarem ao conhecimento do interessado ou do respectivo Chefe. (14) Vid. Regul. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876 Art. 4.° (15) Vid. cit. Regul. n. 6129 Art. 4.º n. 13. COLONISAÇÃO 55 § 4.º Dar ao Director Geral todos os esclarecimentos e informações que forem exigidos para o bom andamento do serviço. Art. 6.° Havera nas Províncias uma Repartição Especial das Terras Publicas nellas existentes. Esta Repartição será subordinada aos Presidentes das Provincias e dirigida por um Delegado do Director Geral das Terras Publicas; terá um Fiscal, que será o mesmo da Thesouraria; os Officiaes e Amanuenses que forem necessarios, segundo a afluencia do trabalho, e um Porteiro servindo de Archivista. O Delegado e os Officiaes serão nomeados por Decreto Imperial; os Amanueses e o Porteiro por Portaria do Ministro e Secretario de Estado dos Negocios do Imperio. Estes empregados perceberão os vencimentos que forem marcados por Decreto, segundo a importancia dos respectivos trabalhos. (16)(16) As Repartições especiaes de Terras Publicas nas Provincias forão extinctas pelo Art. 25 do Decr. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876, creando-se as Inspectorias especiaes de terras e colonisaçao (Art. 3.°). Os Inspectores especiaes são de nomeação do Inspector Geral com approvação previa do Ministro d'Agricultura (Art. 4.° n. 12 d'aquelle Decr.) Já pelo Decr.' n. 2575 A de 14 de Abril de 1860 havião sido extinctas as Repartições especiaes das terras publicas nas provincias do Amazonas, Pi- 56 TERRAS E Art. 7.º O Fiscal da Repartição Especial das terras publicas deve: § 1.º Dar paracer por escripto sobre todas as questões de terras de que trata a Lei a. 601 de 18 de Setembro de 1850 e em que estiverem envolvidos interesses do Estado, e tiver de intervir a Repartição Especial das Terras Publicas, em virtude da Lei, Regulamento e ordem do Presidente da Província. § 2.º Participar ao Delegado do Chefe da Repartição geral, afim de as fazer subir ao conhecimento do Presidente da Província e ao do mesmo Chefe, as faltas commettidas por quaesquer autoridades ou empregados das respectiva Província, que por este Regulamento têm de exercer funcções concernentes ao registro das terras possuídas, á conservação, venda, medição, demarcação o fiscalisação das terras devolutas, ou que estão sujeitas à revalidação e legitimação pelos Arts. 4.° e 5.º da Lei n. 601 de 18 de Setembro de 1850. auhy, Ceará, Parahyba, Rio Grande do Norte, Sergipe, Maranhão, Rio do Janeiro, Minas Geraes e Goyaz. O Inspector Geral das terras e colonisação, seu Ajudante e os Chefes de secção são nomeados por Decreto, os Officiaes e Amanuenses, o Porteiro e o Contínuo por Portaria do Ministro e os demais empregados por acto do Inspector: Art. 14 do Decr. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876. COLONISAÇÃO 57 § 3.º Prestar ao Delegado Chefe da Repartição geral todos os esclarecimentos e informações que forem por elle exigidos para o bom andamento do serviço. Art. 8.º O Governo fixará os emolumentos que as partes têm de pagar pelas certidões, cópias de mappas e quaesquer outros documentos passados nas Secretarias das Repartições geral e especiaes das Terras Publicas (17). Os títulos (17) As certidões extrahidas nas Repartições de livros e documentos pagão o sello fixo de l$000, por lauda de trinta linhas: Regul. do sello n. 7540 de 15 de Novembro de 1879 Art. 10.º § 6.°. Nenhuma certidão pode pagar menos de 1$000. As buscas para certidões cxtrahidas de livros findos ou parados, pagão, por anno, o sello fixo de 500 rs: cit. Regul. loc. cit. Contar-se-ha o tempo da busca, do anno seguinte áquelles em que os papeis e livros) se acharem findos, excluído o anno em que se passar a certidão : Cit. Regul. loc. cit. Sempre que a parte interessada indicar no requerimento o anno ou annos em que se deu o acto de que pedir certidão, limitando-se a husca á esse periodo, dever-se-hão contar na mesma razão os respe- ctivos emolumentos, excluindo os dous annos á que refere-se o Art. 10. § 108 do Regul. de 24 de Abril de 1S80 cobrando-se em todo o caso 500 rs. de busca, ainda quando o tempo indicado pela parte não exceda de um anno. Cit. Regul. loc. cit. 58 TERRAS E porém das terras distribuídas em virtude da Lei n. 601 de 18 de Setembro de 1850 sómente pagarão o imposto fixado no Art.11 da mesma Lei. (18) Os emolumentos e imposto serão arrecadados como renda do Estado. Art. 9.° O Director Geral das terras publicas, nos impedimentos temporarios, será substituído pelo Oficial maior da Repartição; e os Delegados por um dos Oficiaes da respectiva Secretaria, designado pelo Presidente da Província. (19) Ainda que um ou mais individuos requeirâo certidão, não se cobrará mais de uma basca, nem esta será contada segundo o numero de volumes em que estiverem divididos os livros sobre o mesmo assumpto. Cobrar-se-ha, porém, a importancia de tantas buscas, quantos forem os assumptos de que se pedir certidão : cit. Regul. loc. cit. Os dous annos á que se refere o Art. 10. § 108 do Regul. de 21 de Abril de 1869, são — o anno seguinte áquelle em que os papeis e livros se acharem findos, e o anno em que se passar a certidão. (18) Vid. Not. 22 ao Art. 11 da Lei de 18 de Setembro de 1850. (19) O Inspector geral é substituído em sua falta COLONISAÇÃO 59 CAPITULO II DA MEDIÇÃO DAS TERSAS PUBLICAS Art. 10. As Províncias onde houver terras devolutas serão divididas em tantos districtos de medição quantos convier, comprehendendo cada districto parte de uma comarca, uma ou mais comarcas, e aiuda a Província inteira, segundo a quantidade de terras devolutas ahi existentes e a urgencia de sua medição. (19 bis) Art. 11. Em cada districto haverá um Inspector Geral das medições, ao qual serão subordinados tantos escreventes, desenhadores e agrimensores, quantos convier. O Inspector Geral será nomeado pelo Governo, sob proposta do ou impedimento pelo Ajudante: Art. 15 § 1.° do citado Docr. n. 6129 de 23 de Fevereiro do 1876. Extinctas as Repartições especiaes das Províncias, não ha mais os Delegados dessas Repartições. Os Inspectores especiaes nas Províncias desempenhão, de conformidade com instrucções expedidas pelo Inspector geral, as obrigações que por este não podem ser directamente preenchidas: Art. 10 do cit. Decr. n. 6129. (19 bis) Vid. o Decr. n. 6129 da 23 de Fevereiro de 1876 Art. 2.º § 1.° n. 6. Vid. supra Not. 19 60 TERRAS E Director Geral. Os escreventes, desenhadores e agrimensores serão nomeados pelo Inspector Geral, com approvação do Presidente da Província. (19 ter) Art. 12. As medições serSo feitas por territorios, que regularmente formarão quadrados de seis mil braças de lado, subdivididos em lotes ou quadrados de quinhentas braças de lado, conforme a regra indicada no Art. 14 da Lei n. 601 de 18 de Setembro de 1850, e segundo o modo pratico prescripto no Regulamento es- pecial que fôr organisado pela Repartição Geral das terras publicas. (20) Art. 13. Os agrimensores trabalharão regularmente por contracto que farão com o Inspector de cada districto e no qual se fixará o seu vencimento por braça de medição, comprehen-didas todas as despezas com picadores, homens de corda, demarcação, etc. , etc. O preço maximo de cada braça de medição será estabelecido no Regulamento especial. (21) (19 ter) Vid. o Decr. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876. (20) Vid. Regul. de 8 de Maio de 1854. (21) Vid. Regul. de 8 da Maio 1854 Arts. 7º, 11 e 13. COLONISAÇÃO 61 Calculo da braçagem : Av. de 4 de Março de 1854. Aos Presidentes de Província compete arbitrar a quota proporcional aos Juizes, Escrivães e Agrimensores: Av. de 3 de Outubro de 1854. Além dos vencimentos, que percebem, compete aos Engenheiros e Agrimensores, abraçagem: Av. de 17 de Agosto de 1874 e Av. de 12 de Setembro de 1876. E mesmo quando nas Portarias de nomeação dos Engenheiros não se ache mencionado o direito á bra- çagem, devem elles cobral-a : Av. de 17 de Agosto de 1874. Sendo os Praticantes considerados jornaleiros, póde qualquer Chefe de commissão nomeal-os e dispen-sal- os, conforme a urgencia do serviço, mas nunca abonar- lhes braçagens, que só competem aos Engenheiros e Agrimensores, segundo o Decr. n. 3198 de 16 de Dezembro de 1863, e Av. Circ. de 12 de Setembro de 1876, cujas disposições annullarão a Ord. n. 386 de 11 de Dezembro de 1855. Vid. Art. 35 deste Regul. n. 1318, e Regul. n. 6129 de 23 de Fevereiro de 1876 Art. 4.º Por este Art. n. 10 ao Inspector geral das Terras e Colonisação compete formular as instruc- ções para os Engenheiros e Agrimensores encarregados do serviço de medição de terras e outros trabalhos
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