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Resumo I 1º bim Civil Obrigações

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RESUMO INTERGALÁTICO DE CIVIL – 1° BIM – 3°B 
por Daniel Cotterill 
SAVATIER – “o Direito das obrigações é o responsável pelo suporte jurídico ao 
desenvolvimento econômico e social da sociedade”. 
O direito das obrigações abrange: 
 Produção, distribuição e circulação de bens e riquezas. 
 Organização e funcionamento das empresas. 
 Responsabilidade civil por danos patrimoniais e extrapatrimoniais (ou morais). 
 Prevenção dos riscos (responsabilidade civil preventiva). 
 Obrigações de restituição por enriquecimento sem causa. 
 
CONCEITO 
CLÁSSICO (Prof. Washington) ATUAL 
É o vínculo jurídico em virtude do qual o 
sujeito ativo (credor) pode exigir do sujeito 
passivo (devedor) uma prestação pessoal, 
transitória, positiva ou negativa, 
economicamente apreciável. 
Conjunto de normas e princípios que 
disciplinam as relações jurídicas pessoais e 
transitórias, que tem por objeto prestações 
entre os sujeitos ativos (credor) e passivo 
(devedor), de dar, fazer ou não fazer alguma 
coisa economicamente apreciável. 
 
(Este é o fator principal, responsável por 
diferenciar o direito obrigacional cível das 
demais obrigações (como o direito de 
família)). 
 
RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL 
CARACTERÍSTICAS 
 TRANSITORIEDADE - são transitórios/são efêmeros/têm vida curta (ex: 
compra e venda de balcão); alguns contratos são duradouros (ex: locação por 
doze meses), mas um contrato não deve ser permanente. Permanência é 
característica dos Direitos Reais. A propriedade sim dura anos, décadas, se 
transmite a nossos filhos, mas os contratos não. 
 
 PATRIMONIALIDADE DO OBJETO - toda obrigação precisa ter um valor 
econômico para viabilizar a responsabilidade patrimonial do inadimplente se o 
contrato não for cumprido, afinal, a responsabilidade civil recai sob o patrimônio 
do inadimplente. 
 
 TRANSMISSIBILIDADE – por ato inter vivos: sub-rogação (Ex: O fiador sub-
roga-se nos direitos creditórios), cessão de crédito, assunção de dívida, 
sucessão hereditária. 
ECONOMIA, 
GENTEE! 
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ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL 
1. SUJEITOS 
a) SUJEITO ATIVO = Credor ou “accipiens”. 
Pessoa que tem o direito de exigir a obrigação. 
 
b) SUJEITO PASSIVO = Devedor ou “solvens” 
Aquele que assumiu o encargo de cumprir determinado ato, ou que se encontra numa 
posição de obrigatoriedade perante a lei, ou que praticou um ato nocivo e prejudicial a 
outrem. 
 
 Os sujeitos podem ser pessoas físicas ou jurídicas; brasileiros natos ou naturalizados e 
estrangeiros; singular ou coletivo, determinado ou determináveis. 
Exemplo de sujeito ativo determinável – nas promessas de recompensa: o sujeito que encontrar o 
cachorro do Pedro. 
Exemplo de sujeito passivo determinável – nas obrigações propter rem: taxa condominial – o sujeito 
passivo é aquele que venha efetivamente a morar no imóvel. 
2. OBJETO 
 Consiste na finalidade a ser cumprida para que se alcance a satisfação dos interesses das 
partes. 
 
 O objeto da obrigação é a prestação (aquilo que deve ser feito), economicamente 
apreciável (porque a sanção civil é de caráter patrimonial) ou digna de proteção 
jurídica. 
 
 O objeto deve ser: lícito, possível, determinado ou determinável, economicamente 
apreciável ou correspondente a um interesse digno de proteção jurídica. 
 
 OBJETO DA OBRIGAÇÃO – OBJETO IMEDIATO 
Dar, fazer ou não fazer algo. 
 
 OBJETO DA PRESTAÇÃO – OBJETO MEDIATO 
A coisa em si sobre a qual incide o objeto obrigacional. 
Exemplo: na compra e venda de um carro, o objeto da obrigação é prestação de dar e o 
objeto da prestação é o próprio carro. 
 
IMPOSSIBILIDADE DO OBJETO 
 CAUSAS QUE EXCLUEM A RESPONSABILIDADE CIVIL: extingue-se a 
obrigação e as partes voltam ao estado anterior. 
a) FÍSICA OU ORIGINÁRIA - é a que emana de leis físicas ou naturais. Deve ser absoluta, isto 
é, atingir a todos, indistintamente. 
Exemplo: Firmar contrato a fim de efetuar a transposição de todo o oceano pacífico (rs) para 
o Complexo Cantareira, que está com seus níveis abaixo do normal. 
b) JURÍDICA - ocorre quando o ordenamento jurídico proíbe, expressamente, negócios a 
respeito de determinado bem. Exemplo: herança de pessoa viva – art. 426/CC 
 
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c) SUPERVENIENTE (que ocorre depois) - A impossibilidade superveniente pode resultar de: 
 
CASO FORTUITO OU DE FORÇA MAIOR 
 Tratados como sinônimos pelo legislador!!! Apenas a doutrina admite que há 
diferença entre caso fortuito e força maior. 
 
 Evento extraordinário, por vezes imprevisível e inevitável que exclui a responsabilidade civil. 
 
 EFEITO: a obrigação se extingue e as partes voltam ao estado anterior. 
 
 ART. 393, p.ú, CC: “O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos 
efeitos não era possível evitar ou impedir”, 
ART. 393, caput, CC: “O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso 
fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por elas responsabilizado”, 
Exemplos: fenômenos da natureza. 
 CAUSA EM QUE NÃO SE EXCLUI A RESPONSABILIDADE CIVIL 
CULPA (resolve-se a obrigação em perdas e danos, se impossível a tutela específica) 
 Comportamento reprovável pela ordem jurídica decorrente de falta de cuidados. 
 
 Deve ser compreendida em sentido amplo, e envolve o dolo (intenção de causar o dano), 
como também a culpa em sentido estrito (negligência, imprudência e imperícia). 
 
3. FATO PROPULSOR (fontes/origem) 
 
 Há muitas obrigações que interessam a outras áreas jurídicas e que têm 
por fonte a lei, ex: obrigação de alimentar os parentes necessitados, 
assunto de Direito de Família (1.696); obrigação de votar, assunto de 
Direito Eleitoral, etc. 
 
 Já para o direito privado (civil), são quatro as principais fontes de 
obrigações, conforme o código: 
 
1. Contratos/Negócios Jurídicos (ex. contrato de compra e venda) 
 
2. Atos Unilaterais (ex. promessa de recompensa) 
 
3. Atos ilícitos (ex. Caminhão colide contra o meu veículo, provocando a 
perda total do mesmo. Para o motorista ou o dono do caminhão nasce uma 
obrigação de reparação dos danos provocados). 
 
4. Enriquecimento sem causa (Seja ele lícito ou ilícito, nasce uma obrigação 
de restituição – Art. 884/CC) 
 
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NATUREZA JURÍDICA DOS DIREITOS OBRIGACIONAIS 
 A natureza jurídica do direito obrigacional ou creditório é de: 1) direitos 
pessoais; 2) de caráter patrimonial; 3) considerados Bens Móveis por 
disposição legal (art. 83, III, CC). 
 
 Segundo Antônio Menezes Cordeiro (Cristiano Ronaldo do direito 
obrigacional): “os direitos obrigacionais ou creditórios são direitos subjetivos a 
uma prestação”. 
 
Os direitos patrimoniais abrangem duas grandes classes: i) Direitos 
pessoais e ii) direitos reais. 
DIREITOS PESSOAIS 
 Direitos que vinculam as pessoas (sujeito ativo e sujeito passivo) e que têm por objeto 
prestações entre estes sujeitos (dar, fazer ou não fazer algo economicamente apreciável). 
 
 Exemplo 1: Direito do comprador de exigir a coisa objeto da venda; 
 Exemplo 2: Direito do vendedor de cobrar o preço; 
 Exemplo 3: Direito do contratante de receber o serviço (prestação de fato positivo) 
 Exemplo 4: Direito do dono de imóvel alugado de exigir do locatário que o imóvel não seja 
utilizado para outros fins que não o residencial (prestação de fato negativo) 
 
DIREITOS REAIS 
 É a faculdade concedida pela ordem jurídica à pessoa física ou jurídica de usar, fruir e dispor 
de determinada coisa móvel ou imóvel, desde que cumprida a função social. 
 
DIREITOS PESSOAIS DIREITOS REAIS 
Possuem dualidade de sujeitos (dois 
pólos) 
Possuem unidade de sujeito (um pólo)Têm por objeto uma prestação Têm por objeto uma coisa móvel ou 
imóvel. 
Exercem-se em face da pessoa 
vinculada à obrigação. 
Excepcionalmente é oponível em 
relação a terceiros (tutela externa do 
crédito) 
são oponíveis ”erga omnnes”, ou seja, 
em face de todos. 
Exemplo: Reintegração de posse -> 
ocorre em face de quaisquer e todas 
as pessoas que estiverem de posse 
do imóvel ilicitamente. 
São ilimitados quanto ao conteúdo 
(deve ser lícito, possível, determinado 
ou determinado e respeitar a forma 
legal) 
São limitados ao artigo 1225 do 
Código Civil 
 
 
 
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VÍNCULO JURÍDICO 
 Elemento psicológico da relação jurídica obrigacional, o liame de direito entre os sujeitos 
(vínculo). Este vínculo é disciplinado pela lei e vem acompanhado da sanção (jurídico). 
 
 Engloba ao mesmo tempo o “schuld” (débito) ou dever de prestar do sujeito passivo e o 
“Haftung” (responsabilidade) ou direito de exigir do sujeito ativo. 
 
 O nosso Código Civil adota a teoria eclética para explicar a natureza do vínculo jurídico: 
“Os dois elementos possuem a mesma importância na relação jurídica obrigacional, 
não havendo preponderância de um sobre o outro.”, em outras palavras, o devedor se 
obriga e sabe que seu patrimônio responde por suas obrigações são cumpridas. 
 
 Seria, portanto, o poder que a lei outorga ao credor em reclamar o cumprimento da 
obrigação (ARNALDO RIZZARDO). 
 
São DEVERES Do Vínculo Jurídico (segundo Fernando Noronha): 
A) DEVERES ESSENCIAIS OU PRIMÁRIOS – referem-se ao núcleo da prestação. 
 
Exemplos: entregar a coisa na compra e venda; pagar o aluguel na locação, indenizar 
por ato ilícito, etc.. 
 
B) DEVERES SECUNDÁRIOS OU ACESSÓRIOS - são aqueles que dependem da 
existência de um dever principal. 
 
Exemplos: dever pagar juros, multa por atraso, dever do fiador de pagar a dívida, se o 
devedor não pagá-la. 
 
C) *** DEVERES LATERAIS DE CONDUTA, INSTRUMENTAIS, ANEXOS OU 
FIDUCIÁRIOS – são deveres que decorrem da boa-fé objetiva, 
 
*** Decorrem do art. 422/CC: “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na 
conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”. 
 
Exemplos: dever de lealdade, de cooperação, de sigilo, de segurança, de informação, 
etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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OBRIGAÇÃO E RESPONSABILIDADE 
RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL ORIGINÁRIA 
 SUJEITO ATIVO SUJEITO PASSIVO 
 
 
 
 
 
 OBJETO 
 
 
ADIMPLEMENTO 
RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL DERIVADA 
 SUJEITO ATIVO SUJEITO PASSIVO 
 
 
 
 
 
 OBJETO 
 
INADIMPLEMENTO 
descumprimento da prestação, objeto da obrigação, e/ou quebra dos deveres laterais de 
conduta. 
TUTELA DO DIREITO DE CRÉDITO 
 
RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL DO DEVEDOR 
 
PENHORA 
(ato de constrição de bens do devedor para satisfação de interesses creditórios, ordenado 
por juiz, em fase de execução) 
 
 
VÍNCULO 
VÍNCULO 
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 PODE HAVER OBRIGAÇÃO SEM RESPONSABILIDADE? 
(obrigação sem a necessidade cumpri-la) 
SIM, é o caso da OBRIGAÇÃO NATURAL. Esta se assemelha à obrigação civil, porém o 
vínculo jurídico não contém o direito de exigir do credor porque a obrigação natural, embora não 
seja desprovida de tutela do direito, é desprovida de tutela creditória. Ela é juridicamente 
inexigível. 
 
EFEITOS DA OBRIGAÇÃO NATURAL: a irrepetibilidade do pagamento (solutio retentio) e a 
inexigibilidade jurídica. 
Exemplo 1: DÍVIDAS PRESCRITAS: A dívida existe, mas não pode ser exigida juridicamente pois 
está prescrita, portanto, a obrigação (sujeitos+objeto+vínculo jurídico) existe, mas ela não pode ser 
cobrada (devo, não nego, e não pago porque não preciso pagar). 
Exemplo 2: DÍVIDA DE JOGOS ILÍCITOS: Art. 814/CC: “As dívidas de jogo ou de aposta não 
obrigam a pagamento (...)” 
 PODE HAVER RESPONSABILIDADE SEM OBRIGAÇÃO? 
SIM, a FIANÇA é obrigação puramente de garantia pessoal. O fiador responde pelo 
cumprimento da obrigação, caso o devedor principal deixe de cumpri-la. 
Tanto é assim que desfruta do benefício de ordem, isto é, por ordem o credor deve tentar 
receber primeiro do devedor, se ele não conseguir a satisfação do crédito, então cobra-se a 
dívida do fiador. Na prática, o fiador renuncia tal benefício nos contratos, mas, ainda assim, a 
fiança é obrigação de garantia, pois depois de pagar o fiador tem direito de sub-rogação nos 
direitos creditórios (cobrar do devedor o que ele teve que pagar). 
 
1. OBRIGAÇÃO NATURAL (explicação no início da página 7) 
2. OBRIGAÇÃO PROPTER REM - “por causa da coisa” 
 Se estabelece entre pessoas e tem por fonte um direito real de – ao menos uma das 
pessoas – sobre determinada coisa. Não fosse o direito real, não haveria obrigação 
entre os sujeitos. 
 
 São obrigações mistas (direito real e direito pessoal). Sujeito passivo é determinado: 
sempre aquele cujo nome estiver registrado o imóvel que dá origem a obrigação propter 
rem. 
Exemplo 1: Muro em comum de dois lotes (50% das despesas de conservação do muro divisório) 
Exemplo 2: IPTU (Proprietário  IPTU --> Fisco) 
Exemplo 3: Taxa Condominial (Proprietário <- Taxa condominial -> Quem está morando) 
3. OBRIGAÇÃO DE MEIO 
 Quando o devedor promete empregar seus conhecimentos, meios técnicos para a 
obtenção de determinado resultado, sem, no entanto responsabilizar-se por ele. 
Exemplo 1: ADVOGADOS -> não se obrigam a vencer a causa, mas a bem defender os 
interesses dos clientes (inclusive cumprir os prazos legais). 
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Exemplo 2: MÉDICOS -> não se obrigam a curar, mas tratar bem os enfermos, fazendo uso de 
seus conhecimentos científicos. 
4. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO 
 Aquela em que o devedor só se considera desobrigado se efetivamente cumprir a 
prestação devida e alcançar o resultado pretendido pelo credor. 
Exemplo 1: COMPRA E VENDA -> Só se considera desobrigado com a tradição da coisa. 
Exemplo 2: PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. 
Exemplo 3: CIRURGIA ESTÉTICA. 
 
CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO OBJETO 
São três as classificações das obrigações quanto ao objeto: 
A. DAR: Entrega de coisa 
B. FAZER: Fato positivo 
C. NÃO FAZER: Fato negativo. 
 
As obrigações de dar subdividem-se em: 
1) Obrigações de dar coisa certa 
2) Obrigações de dar coisa incerta 
3) Obrigações de restituir 
1) OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA 
 Entrega de coisa determinada, definida, individualizada, infungível (insubstituível), móvel 
ou imóvel. 
Exemplo: Na locação, onde se translada ou transfere a posse de certo imóvel. 
 
 
1.2 Princípios que regem as obrigações de entrega de coisa certa 
 1.2.1 PRINCÍPIO DA IDENTIDADE DA PRESTAÇÃO DEVIDA - “aliud por alio invicto 
creditori solvi non potest” 
Art. 313/CC: “O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda 
que mais valiosa.”, fica a critério do credor aceitar ou não esta prestação diversa. 
 
 1.2.2 PRINCÍPIO A OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA SEGUE A OBRIGAÇÃO PRINCIPAL 
(Art. 233) 
Artigo 233/CC: “A obrigação de entrega de dar coisa certa abrange os acessórios dela, 
embora não mencionados, salvo se contrário resultar do título da obrigação ou das 
circunstâncias do caso. 
Circunstâncias do caso: Costumes locais. 
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Exemplo 1: É costume local anunciar o imóvel com a mobília, mas isso não significa que a 
mobília está incluída no valor do imóvel. 
Exemplo 2: Venda do celular não inclui entrega do chip. 
 1.2.3 A COISA PERECE PARA O DONO “res perit domino” (Art. 234, 1ª parte) 
Antes da tradição – a coisa perece para o devedor (vendedor) 
Após a tradição – a coisa perece para o credor (comprador) 
Exemplo: A vende a B o seu jet ski. Antesda tradição da coisa, o jet ski é destruído por um 
maremoto. A, vendedor, responde a B, comprador, por perdas e danos? 
NÃO, pois a impossibilidade do objeto decorreu de caso fortuito ou força maior. Extingue-
se a obrigação e as partes voltam ao estado anterior ao negócio. Se B pagou um sinal de 
entrada pelo bem, tem o direito de recebe-lo de volta (Art. 234, 1ª parte, CC). 
 1.2.4 PERDA DA COISA COM CULPA DO DEVEDOR (Art. 234, 2ª parte) 
Havendo culpa do devedor pela perda da coisa ele responderá pelo equivalente em 
dinheiro do bem que se perdeu, acrescido de perdas e danos. 
 
 DETERIORAÇÃO DA COISA CERTA 
Deterioração é a degradação física da coisa com sensível diminuição do seu valor de 
mercado. 
 Se a coisa se deteriorar sem culpa do devedor, o credor aceitará a coisa no estado em 
que se encontra com direito ao abatimento do preço, ou dará por resolvida a obrigação. 
Se houver culpa do devedor pela deterioração o credor poderá aceitar a coisa no 
estado em que se acha com direito a reclamar perdas e danos, como também poderá 
optar por dar por resolvida a obrigação, com direito às perdas e danos. 
 Perdas e danos – são o montante indenizatório pelos prejuízos suportados pelo 
credor. As perdas e danos abrangem (art. 403 do CC): 
O DANO EMERGENTE – corresponde àquilo que o credor efetivamente perdeu. “é o 
dinheiro que sai do bolso do sujeito”. 
LUCRO CESSANTE – corresponde àquilo que o credor deixou de auferir e que teria 
razoavelmente lucrado, não fosse o inadimplemento praticado pelo devedor. 
 
 MELHORAMENTOS NA COISA CERTA SEM TRABALHO OU DISPÊNDIO DO 
DEVEDOR 
FRUTOS PERCEBIDOS – pertencem ao DEVEDOR. 
FRUTOS PENDENTES OU PERCIPIENDOS – pertencem ao CREDOR. 
 OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR 
Aquela que tem por objeto a devolução de coisa de propriedade do credor, que se 
encontrava temporariamente de posse da coisa. 
 
Exemplo 1: Comodato (empréstimo gratuito de bem infungível) 
Exemplo 2: Locação 
Exemplo 3: Depósito 
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PRINCÍPIO QUE REGE A OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR EM CASO DE PERDA DA 
COISA OBJETO DA PRESTAÇÃO 
 Princípio “rest perit domino” – A coisa perece para o dono. 
 
 Nas obrigações de dar coisa certa, antes da tradição as coisas perecem para o DEVEDOR 
e após a tradição, as coisas perecem para o CREDOR. 
 
 A coisa certa perece para o dono, a coisa incerta não perece, salvo se o gênero for 
limitado e todas as unidades perecerem sem culpa. 
 
 BENFEITORIAS 
 
 
 
 
DIREITOS DO 
POSSUIDOR 
Art. 35 –Locações 
Art. 1216-
1221/CC 
BENFEITORIA 
NECESSÁRIA 
BENFEITORIA 
ÚTIL 
BENFEITORIA 
VOLUPTUÁRIA 
DIREITO DE 
INDENIZAÇÃO 
Boa-fé ou má-fé Boa-fé X 
DIREITO DE 
RETENÇÃO 
Boa-fé (pelo 
CC); Boa-fé ou 
má-fé (pela lei 
de locações) 
Boa-fé X 
DIREITO DE 
LEVANTAMENTO 
X X Boa-fé desde o 
começo (desde 
que não haja 
danos à coisa 
principal) 
 
 BENFEITORIA NECESSÁRIA: Despesa ou melhoramento feito na coisa principal com a 
finalidade de conserva-la. Ex. Conserto em instalação elétrica de imóvel, diante de 
necessidade. 
 
 BENFEITORIA ÚTIL: Despesa ou melhoramento feito na coisa principal para melhorá-la, é 
benéfica mas irrelevante, não é necessária.. Ex: Alteração da qualidade do piso/cerâmica 
do imóvel. 
 
 BENFEITORIA VOLUPTUÁRIA: Despesa ou melhoramento feito na coisa principal com a 
finalidade de embelezar/proporcionar lazer. Ex. Instalação de piscina na casa alugada, 
uma quadra de esportes. 
RENÚNCIA AO DIREITO DE INDENIZAÇÃO E RETENÇÃO POR BENFEITORIAS 
 Trata-se de uma questão controversa. Em contratos de locação de imóvel, costuma ter 
uma cláusula de renúncia ao direito de indenização e retenção por benfeitorias, neste 
sentido, a lei de locações, em seu 35° artigo, impõe que as benfeitorias são 
indenizáveis, salvo expressa renúncia, como é vislumbrado nessa situação. 
 
 Por outro lado, o CDC (art. 51, XVI), afirma que é nula tal cláusula. Nesse sentido, o 
STJ firmou o entendimento de que locatário não se trata de consumidor, conforme 
súmula 335. 
 
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2. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA ( faltei, apenas copiei dos 
documentos postados pela professora no eureka ) 
 Tem por objeto a entrega de uma quantidade de coisas, pertencentes a um conjunto de 
coisas do mesmo gênero, espécie e qualidade. São coisas determináveis, indicadas ao 
menos pela quantidade e espécie. São coisas fungíveis, que podem ser substituídas por 
outras coisas do mesmo gênero, espécie e qualidade. 
 
 Exemplos: entrega de 50 sacas de farinha de trigo refinada; 3 smart phones Apple I phone 
6 plus, modelo silver; cinquenta cabeças de gado nelore; 5 cavalos crioulo; dois 
computadores apple, etc. 
 
 O QUE É ESCOLHA? – 492/CC 
 Até o momento da tradição os riscos da coisa correm por conta do vendedor e os do 
preço por conta do comprador. (A coisa perece para o dono) 
 
Par. 1º - os casos fortuitos ocorridos no ato de contar, pesar, assinalar, etc.. coisa que 
já tiverem sido postas à disposição do comprador, correrão por conta deste. É a 
concentração do débito, ou seja, consiste não apenas em medir, pesar, marcar, 
embalar, contar, separar, etc. as coisas a serem entregues, mas em colocá-las à 
disposição do comprador (credor). De acordo com o art. 245 do CC, Cientificado o 
credor da escolha, vigorará o disposto na sessão anterior da lei. Antes da escolha 
aplica-se o art. 246 – o gênero não perece. 
 
 APÓS A ESCOLHA O QUE OCORRE? – ART. 245 CC 
 A obrigação de dar coisa incerta, passa a ser obrigação de dar coisa certa, e a coisa 
certa, perece para o dono. Antes da escolha, aplica-se o princípio o gênero não perece 
– ver artigo 246 do Código Civil. O devedor terá que encontrar igual quantidade de 
coisas do mesmo gênero, espécie e qualidade e entregá-las ao comprador. 
 
 EXCEÇÕES 
 Se o comprador estiver em mora (atraso) de receber as coisas por conta deste correrão 
os riscos. Ex; a mercadoria estava à disposição e o comprador não a retirou. Ele 
(comprador), suportará os riscos por caso fortuito ou força maior. Art. 492,§ 2º. 
 
 Se a pedido do comprador as coisas forem enviadas para local diverso do lugar do 
contrato, por conta deste correrão os riscos, desde que o vendedor siga as instruções 
recebidas quanto ao transporte – art. 494 do CC. 
 
 QUAL A QUALIDADE DAS COISAS A SEREM ENTREGUES? 
 De acordo com o artigo 244 do CC as coisas a serem entregues devem ser de qualidade 
média. O vendedor não é obrigado a entregar as melhores coisas, mas não poderá dar as 
piores. A quem cabe o direito de escolha? A escolha pode ser feita pelo credor, pelo 
devedor ou por terceiros. Sendo o contrato omisso quanto ao direito de escolha, esta cabe 
preferencialmente ao DEVEDOR. 
 
 
 
 
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3. OBRIGAÇÕES DE FAZER E DE NÃO FAZER _ 
** OBRIGAÇÃO DE PRESTAÇÃO FATO POSITIVO (FAZER) 
 CONCEITO: É a que tem por objeto a realização pelo devedor no interesse do credor de 
um fato positivo. 
 
 EXEMPLOS: prestações de serviços (intelectuais, técnicos, artísticos, etc...), declaração 
de vontade. 
 
 DIFERENÇAS DA OBRIGAÇÃO DE DAR: Nesta sempre terá entrega de coisa enquanto 
que na obrigação de fazer nem sempre terá essa entrega e, quando houver, será mera 
consequência do fazer, pois o devedor precisa confeccionar a coisa antes de entregar para 
o credor. 
ESPÉCIES DE OBRIGAÇÃO DE FAZER 
 OBRIGAÇÃO DE FAZER FUNGÍVEL: aquela cuja prestação pode ser cumprida por 
qualquer pessoa em condições de cumpri-la e não necessariamente pelo devedor. 
 
Exemplos: serviços de pintura de parede, pedreiro, instalação de equipamentos de Tv a 
cabo,jardineiro, etc.. 
 
 OBRIGAÇÃO DE FAZER INFUNGÍVEL OU PERSONALÍSSIMA: aquela cuja prestação 
deve ser realizada pessoalmente pelo sujeito passivo. Neste caso o credor não está 
obrigado a aceitar fato de terceiro. 
 
Exemplos: Auto retrato pintado por Picasso; Show da Banda KISS (a plateia não é 
obrigada a aceitar cover da banda). 
 
Art. 878/CC 1916: “Na obrigação de fazer, o credor não é obrigado a aceitar de terceiro a 
prestação, quando for convencionado que o devedor a faça pessoalmente.” 
Art. 313/CC 2002: “credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, 
ainda que mais valiosa.” 
O novo código civil não reproduziu o artigo 878 do código anterior, situação esta que tirou o 
caráter infungível (de não aceitar a prestação de terceiro), portanto, hoje em dia apenas 
não podemos aceitar prestação diversa, mas temos que aceitar que um terceiro faça o 
serviço. 
 INADIMPLEMENTO COM CULPA DE FATO INFUNGÍVEL – ART. 247 do CC 
“Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a 
ele só imposta, ou só por ele exeqüível.” 
 
Ex: o devedor recusa-se a cumprir a obrigação. 
 
 INADIMPLEMENTO SEM CULPA - 1ª PARTE DE FATO FUNGÍVEL – art. 248 do CC 
“Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a 
obrigação” 
 
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 INADIMPLEMENTO COM CULPA DE FATO FUNGÍVEL – 2ª parte do art. 248 do CC: 
“Se por culpa dele (devedor), responderá por perdas e danos.” 
 
TUTELA ESPECÍFICA DAS OBRIGAÇÕES (dar, fazer e não fazer) 
 Tutela jurisdicional voltada ao atendimento e realização da prestação originariamente 
contratada (prestação in natura – aquilo que você combinou), que corresponde ao 
interesse direto do autor e que dá concretude ao princípio da efetividade do processo. 
Exemplo: Você não tem interesse que o plano de saúde lhe indenize, pois precisa da liberação da 
cirurgia e não do dinheiro. 
Artigos 461 e 461-A do Código de Processo Civil 
 
Instrumentos a serem utilizados pelo Juiz na concessão da tutela específica das 
Obrigações: 
 Aplicação de astreintes (multa cominatória); 
 Determinar busca e apreensão de coisas e pessoas, desfazimento de obras, remoção de 
coisas e de atividades nocivas, tudo com força policial se necessário; 
 Em último lugar, se impossível a tutela específica e a obtenção de resultado prático 
equivalente ao desejado pelo autor, ou ainda a pedido do autor na petição inicial, resolve-se 
a obrigação em perdas e danos. 
 
*** OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER – PRESTAÇÃO DE FATO NEGATIVO 
 
 Tem por objeto uma abstenção por parte do devedor, no interesse do credor, de um fato 
que poderia ser livremente praticado não tivesse o devedor se comprometido a não fazê-
lo. 
Exemplo: não se estabelecer no mesmo ramo de negócios do credor, por tanto tempo; não 
substabelecer, não sublocar , não manter animal doméstico perigoso no condomínio, não desfilar 
para outra grife, não parecer em público fazendo publicidade de outra marca, etc (contratos de 
exclusividade). 
INADIMPLEMENTO 
 O devedor estará adimplindo uma obrigação de não fazer enquanto permanecer inativo e 
será considerado inadimplente quando fizer aquilo que se comprometeu não fazer. O ônus 
da prova na obrigação negativa é do credor (inversão) e nas obrigações positivas é 
do devedor. 
SEM CULPA – extingue-se a obrigação. 
COM CULPA – aplica-se a tutela específica se o ato comportar desfazimento (puder ser desfeito). 
Caso o ato não possa mais ser desfeito, resolve-se a obrigação em perdas e danos. 
 Em caso de urgência, o credor poderá mandar fazer ou desfazer o ato, independentemente 
de autorização judicial – ver arts. 249 e 251 do CC. 
 
 
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CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES QUANTO AO MODO DE ADIMPLEMENTO 
 OBRIGAÇÃO SIMPLES – tem por objeto uma só prestação e o devedor está desobrigado 
ao cumpri-la. 
Exemplo: Vendedor ao entregar o objeto da venda. 
 
 OBRIGAÇÃO CUMULATIVA - tem por objeto duas ou mais prestações e o devedor só se 
desobriga se cumprir todas elas. 
Exemplo: construir a obra e financiar a construção. Entregar os computadores vendidos e prestar 
assistência técnica por 1 ano inteiro. 
 
 OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA – tem objeto duas ou mais prestações e o devedor está 
desobrigado ao cumprir apenas uma delas. 
Exemplo: “A” compromete-se a entregar a “B” o seu automóvel Ford KA prata ou o seu 
automóvel Uno Vivace branco. O direito de escolha cabe preferencialmente ao devedor, 
mas pode ser feita a escolha pelo credor ou ainda por terceiro. 
 
 OBRIGAÇÃO FACULTATIVA – tem por objeto uma só prestação, ficando o devedor e 
somente ele com opção (a faculdade) de substituir a prestação devida por outra prestação, 
denominada de in facultates solutiones, que tem por fim facilitar o adimplemento. Não existe 
escolha, mas sim faculdade de opção exclusiva do devedor. O credor nunca poderá exigir a 
prestação in facultates solutionis. Esta é uma “carta na manga” para o devedor. 
Exemplo 1: em seguro marítimo a obrigação da Seguradora em caso de sinistro é de pagar o valor 
previsto na apólice do seguro, facultando-se porém, à Seguradora repor a mercadoria perdida. 
Exemplo 2: Empréstimo de jogador de futebol por um ano, com cláusula de opção de compra de 
seu passe ao final do empréstimo. 
ESCOLHA NAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS – artigo 252 do CC 
 Se a escolha couber ao devedor, mesmo estando inadimplente ele não perde o direito de 
escolha, porque será citado para escolher a prestação que será cumprida em favor do autor. 
Somente se após citado, não fizer a escolha no prazo assinado pelo juiz, o devedor decairá 
deste direito que passará ao credor. 
 
 Se a escolha couber a um terceiro e este não a fizer, o juiz, depois de ouvir as partes, não 
havendo acordo entre elas fará a escolha. 
 
 Se a obrigação for de prestações periódicas, o direito de escolha pode ser renovado a cada 
período, porém o credor não está obrigado a receber parte em uma e parte em outra 
prestação. Sheila compromete-se a entregar à floricultura de Alexya uma dúzia de rosas, ou 
uma dúzia de antúrios ou uma dúzia de tulipas, semanalmente, durante 1 ano. 
 
 
 Em caso de perecimento de uma das prestações nas obrigações alternativas, a 
concentração do débito recai sobre a prestação subsistente. Por exemplo, o automóvel Uno 
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é destruído por um raio, resta ao devedor entregar o Ford Ka. Após a escolha a obrigação 
de alternativa transforma-se em obrigação simples. 
 
 Já, quando a obrigação é facultativa, se a prestação objeto da obrigação perecer, sem culpa 
do devedor, extingue-se a obrigação, porque a prestação in facultates solutionis não integra 
o objeto obrigacional, é mera faculdade de opção exclusiva do devedor. 
“A melhor e maior rebelião é viver de seu próprio jeito”. Stanley, Paul.

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