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1 RESUMO INTERGALÁTICO DE CIVIL – 1° BIM – 3°B por Daniel Cotterill SAVATIER – “o Direito das obrigações é o responsável pelo suporte jurídico ao desenvolvimento econômico e social da sociedade”. O direito das obrigações abrange: Produção, distribuição e circulação de bens e riquezas. Organização e funcionamento das empresas. Responsabilidade civil por danos patrimoniais e extrapatrimoniais (ou morais). Prevenção dos riscos (responsabilidade civil preventiva). Obrigações de restituição por enriquecimento sem causa. CONCEITO CLÁSSICO (Prof. Washington) ATUAL É o vínculo jurídico em virtude do qual o sujeito ativo (credor) pode exigir do sujeito passivo (devedor) uma prestação pessoal, transitória, positiva ou negativa, economicamente apreciável. Conjunto de normas e princípios que disciplinam as relações jurídicas pessoais e transitórias, que tem por objeto prestações entre os sujeitos ativos (credor) e passivo (devedor), de dar, fazer ou não fazer alguma coisa economicamente apreciável. (Este é o fator principal, responsável por diferenciar o direito obrigacional cível das demais obrigações (como o direito de família)). RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL CARACTERÍSTICAS TRANSITORIEDADE - são transitórios/são efêmeros/têm vida curta (ex: compra e venda de balcão); alguns contratos são duradouros (ex: locação por doze meses), mas um contrato não deve ser permanente. Permanência é característica dos Direitos Reais. A propriedade sim dura anos, décadas, se transmite a nossos filhos, mas os contratos não. PATRIMONIALIDADE DO OBJETO - toda obrigação precisa ter um valor econômico para viabilizar a responsabilidade patrimonial do inadimplente se o contrato não for cumprido, afinal, a responsabilidade civil recai sob o patrimônio do inadimplente. TRANSMISSIBILIDADE – por ato inter vivos: sub-rogação (Ex: O fiador sub- roga-se nos direitos creditórios), cessão de crédito, assunção de dívida, sucessão hereditária. ECONOMIA, GENTEE! 2 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL 1. SUJEITOS a) SUJEITO ATIVO = Credor ou “accipiens”. Pessoa que tem o direito de exigir a obrigação. b) SUJEITO PASSIVO = Devedor ou “solvens” Aquele que assumiu o encargo de cumprir determinado ato, ou que se encontra numa posição de obrigatoriedade perante a lei, ou que praticou um ato nocivo e prejudicial a outrem. Os sujeitos podem ser pessoas físicas ou jurídicas; brasileiros natos ou naturalizados e estrangeiros; singular ou coletivo, determinado ou determináveis. Exemplo de sujeito ativo determinável – nas promessas de recompensa: o sujeito que encontrar o cachorro do Pedro. Exemplo de sujeito passivo determinável – nas obrigações propter rem: taxa condominial – o sujeito passivo é aquele que venha efetivamente a morar no imóvel. 2. OBJETO Consiste na finalidade a ser cumprida para que se alcance a satisfação dos interesses das partes. O objeto da obrigação é a prestação (aquilo que deve ser feito), economicamente apreciável (porque a sanção civil é de caráter patrimonial) ou digna de proteção jurídica. O objeto deve ser: lícito, possível, determinado ou determinável, economicamente apreciável ou correspondente a um interesse digno de proteção jurídica. OBJETO DA OBRIGAÇÃO – OBJETO IMEDIATO Dar, fazer ou não fazer algo. OBJETO DA PRESTAÇÃO – OBJETO MEDIATO A coisa em si sobre a qual incide o objeto obrigacional. Exemplo: na compra e venda de um carro, o objeto da obrigação é prestação de dar e o objeto da prestação é o próprio carro. IMPOSSIBILIDADE DO OBJETO CAUSAS QUE EXCLUEM A RESPONSABILIDADE CIVIL: extingue-se a obrigação e as partes voltam ao estado anterior. a) FÍSICA OU ORIGINÁRIA - é a que emana de leis físicas ou naturais. Deve ser absoluta, isto é, atingir a todos, indistintamente. Exemplo: Firmar contrato a fim de efetuar a transposição de todo o oceano pacífico (rs) para o Complexo Cantareira, que está com seus níveis abaixo do normal. b) JURÍDICA - ocorre quando o ordenamento jurídico proíbe, expressamente, negócios a respeito de determinado bem. Exemplo: herança de pessoa viva – art. 426/CC 3 c) SUPERVENIENTE (que ocorre depois) - A impossibilidade superveniente pode resultar de: CASO FORTUITO OU DE FORÇA MAIOR Tratados como sinônimos pelo legislador!!! Apenas a doutrina admite que há diferença entre caso fortuito e força maior. Evento extraordinário, por vezes imprevisível e inevitável que exclui a responsabilidade civil. EFEITO: a obrigação se extingue e as partes voltam ao estado anterior. ART. 393, p.ú, CC: “O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir”, ART. 393, caput, CC: “O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por elas responsabilizado”, Exemplos: fenômenos da natureza. CAUSA EM QUE NÃO SE EXCLUI A RESPONSABILIDADE CIVIL CULPA (resolve-se a obrigação em perdas e danos, se impossível a tutela específica) Comportamento reprovável pela ordem jurídica decorrente de falta de cuidados. Deve ser compreendida em sentido amplo, e envolve o dolo (intenção de causar o dano), como também a culpa em sentido estrito (negligência, imprudência e imperícia). 3. FATO PROPULSOR (fontes/origem) Há muitas obrigações que interessam a outras áreas jurídicas e que têm por fonte a lei, ex: obrigação de alimentar os parentes necessitados, assunto de Direito de Família (1.696); obrigação de votar, assunto de Direito Eleitoral, etc. Já para o direito privado (civil), são quatro as principais fontes de obrigações, conforme o código: 1. Contratos/Negócios Jurídicos (ex. contrato de compra e venda) 2. Atos Unilaterais (ex. promessa de recompensa) 3. Atos ilícitos (ex. Caminhão colide contra o meu veículo, provocando a perda total do mesmo. Para o motorista ou o dono do caminhão nasce uma obrigação de reparação dos danos provocados). 4. Enriquecimento sem causa (Seja ele lícito ou ilícito, nasce uma obrigação de restituição – Art. 884/CC) 4 NATUREZA JURÍDICA DOS DIREITOS OBRIGACIONAIS A natureza jurídica do direito obrigacional ou creditório é de: 1) direitos pessoais; 2) de caráter patrimonial; 3) considerados Bens Móveis por disposição legal (art. 83, III, CC). Segundo Antônio Menezes Cordeiro (Cristiano Ronaldo do direito obrigacional): “os direitos obrigacionais ou creditórios são direitos subjetivos a uma prestação”. Os direitos patrimoniais abrangem duas grandes classes: i) Direitos pessoais e ii) direitos reais. DIREITOS PESSOAIS Direitos que vinculam as pessoas (sujeito ativo e sujeito passivo) e que têm por objeto prestações entre estes sujeitos (dar, fazer ou não fazer algo economicamente apreciável). Exemplo 1: Direito do comprador de exigir a coisa objeto da venda; Exemplo 2: Direito do vendedor de cobrar o preço; Exemplo 3: Direito do contratante de receber o serviço (prestação de fato positivo) Exemplo 4: Direito do dono de imóvel alugado de exigir do locatário que o imóvel não seja utilizado para outros fins que não o residencial (prestação de fato negativo) DIREITOS REAIS É a faculdade concedida pela ordem jurídica à pessoa física ou jurídica de usar, fruir e dispor de determinada coisa móvel ou imóvel, desde que cumprida a função social. DIREITOS PESSOAIS DIREITOS REAIS Possuem dualidade de sujeitos (dois pólos) Possuem unidade de sujeito (um pólo)Têm por objeto uma prestação Têm por objeto uma coisa móvel ou imóvel. Exercem-se em face da pessoa vinculada à obrigação. Excepcionalmente é oponível em relação a terceiros (tutela externa do crédito) são oponíveis ”erga omnnes”, ou seja, em face de todos. Exemplo: Reintegração de posse -> ocorre em face de quaisquer e todas as pessoas que estiverem de posse do imóvel ilicitamente. São ilimitados quanto ao conteúdo (deve ser lícito, possível, determinado ou determinado e respeitar a forma legal) São limitados ao artigo 1225 do Código Civil 5 VÍNCULO JURÍDICO Elemento psicológico da relação jurídica obrigacional, o liame de direito entre os sujeitos (vínculo). Este vínculo é disciplinado pela lei e vem acompanhado da sanção (jurídico). Engloba ao mesmo tempo o “schuld” (débito) ou dever de prestar do sujeito passivo e o “Haftung” (responsabilidade) ou direito de exigir do sujeito ativo. O nosso Código Civil adota a teoria eclética para explicar a natureza do vínculo jurídico: “Os dois elementos possuem a mesma importância na relação jurídica obrigacional, não havendo preponderância de um sobre o outro.”, em outras palavras, o devedor se obriga e sabe que seu patrimônio responde por suas obrigações são cumpridas. Seria, portanto, o poder que a lei outorga ao credor em reclamar o cumprimento da obrigação (ARNALDO RIZZARDO). São DEVERES Do Vínculo Jurídico (segundo Fernando Noronha): A) DEVERES ESSENCIAIS OU PRIMÁRIOS – referem-se ao núcleo da prestação. Exemplos: entregar a coisa na compra e venda; pagar o aluguel na locação, indenizar por ato ilícito, etc.. B) DEVERES SECUNDÁRIOS OU ACESSÓRIOS - são aqueles que dependem da existência de um dever principal. Exemplos: dever pagar juros, multa por atraso, dever do fiador de pagar a dívida, se o devedor não pagá-la. C) *** DEVERES LATERAIS DE CONDUTA, INSTRUMENTAIS, ANEXOS OU FIDUCIÁRIOS – são deveres que decorrem da boa-fé objetiva, *** Decorrem do art. 422/CC: “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”. Exemplos: dever de lealdade, de cooperação, de sigilo, de segurança, de informação, etc. 6 OBRIGAÇÃO E RESPONSABILIDADE RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL ORIGINÁRIA SUJEITO ATIVO SUJEITO PASSIVO OBJETO ADIMPLEMENTO RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL DERIVADA SUJEITO ATIVO SUJEITO PASSIVO OBJETO INADIMPLEMENTO descumprimento da prestação, objeto da obrigação, e/ou quebra dos deveres laterais de conduta. TUTELA DO DIREITO DE CRÉDITO RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL DO DEVEDOR PENHORA (ato de constrição de bens do devedor para satisfação de interesses creditórios, ordenado por juiz, em fase de execução) VÍNCULO VÍNCULO 7 PODE HAVER OBRIGAÇÃO SEM RESPONSABILIDADE? (obrigação sem a necessidade cumpri-la) SIM, é o caso da OBRIGAÇÃO NATURAL. Esta se assemelha à obrigação civil, porém o vínculo jurídico não contém o direito de exigir do credor porque a obrigação natural, embora não seja desprovida de tutela do direito, é desprovida de tutela creditória. Ela é juridicamente inexigível. EFEITOS DA OBRIGAÇÃO NATURAL: a irrepetibilidade do pagamento (solutio retentio) e a inexigibilidade jurídica. Exemplo 1: DÍVIDAS PRESCRITAS: A dívida existe, mas não pode ser exigida juridicamente pois está prescrita, portanto, a obrigação (sujeitos+objeto+vínculo jurídico) existe, mas ela não pode ser cobrada (devo, não nego, e não pago porque não preciso pagar). Exemplo 2: DÍVIDA DE JOGOS ILÍCITOS: Art. 814/CC: “As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento (...)” PODE HAVER RESPONSABILIDADE SEM OBRIGAÇÃO? SIM, a FIANÇA é obrigação puramente de garantia pessoal. O fiador responde pelo cumprimento da obrigação, caso o devedor principal deixe de cumpri-la. Tanto é assim que desfruta do benefício de ordem, isto é, por ordem o credor deve tentar receber primeiro do devedor, se ele não conseguir a satisfação do crédito, então cobra-se a dívida do fiador. Na prática, o fiador renuncia tal benefício nos contratos, mas, ainda assim, a fiança é obrigação de garantia, pois depois de pagar o fiador tem direito de sub-rogação nos direitos creditórios (cobrar do devedor o que ele teve que pagar). 1. OBRIGAÇÃO NATURAL (explicação no início da página 7) 2. OBRIGAÇÃO PROPTER REM - “por causa da coisa” Se estabelece entre pessoas e tem por fonte um direito real de – ao menos uma das pessoas – sobre determinada coisa. Não fosse o direito real, não haveria obrigação entre os sujeitos. São obrigações mistas (direito real e direito pessoal). Sujeito passivo é determinado: sempre aquele cujo nome estiver registrado o imóvel que dá origem a obrigação propter rem. Exemplo 1: Muro em comum de dois lotes (50% das despesas de conservação do muro divisório) Exemplo 2: IPTU (Proprietário IPTU --> Fisco) Exemplo 3: Taxa Condominial (Proprietário <- Taxa condominial -> Quem está morando) 3. OBRIGAÇÃO DE MEIO Quando o devedor promete empregar seus conhecimentos, meios técnicos para a obtenção de determinado resultado, sem, no entanto responsabilizar-se por ele. Exemplo 1: ADVOGADOS -> não se obrigam a vencer a causa, mas a bem defender os interesses dos clientes (inclusive cumprir os prazos legais). 8 Exemplo 2: MÉDICOS -> não se obrigam a curar, mas tratar bem os enfermos, fazendo uso de seus conhecimentos científicos. 4. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO Aquela em que o devedor só se considera desobrigado se efetivamente cumprir a prestação devida e alcançar o resultado pretendido pelo credor. Exemplo 1: COMPRA E VENDA -> Só se considera desobrigado com a tradição da coisa. Exemplo 2: PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. Exemplo 3: CIRURGIA ESTÉTICA. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO OBJETO São três as classificações das obrigações quanto ao objeto: A. DAR: Entrega de coisa B. FAZER: Fato positivo C. NÃO FAZER: Fato negativo. As obrigações de dar subdividem-se em: 1) Obrigações de dar coisa certa 2) Obrigações de dar coisa incerta 3) Obrigações de restituir 1) OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA Entrega de coisa determinada, definida, individualizada, infungível (insubstituível), móvel ou imóvel. Exemplo: Na locação, onde se translada ou transfere a posse de certo imóvel. 1.2 Princípios que regem as obrigações de entrega de coisa certa 1.2.1 PRINCÍPIO DA IDENTIDADE DA PRESTAÇÃO DEVIDA - “aliud por alio invicto creditori solvi non potest” Art. 313/CC: “O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.”, fica a critério do credor aceitar ou não esta prestação diversa. 1.2.2 PRINCÍPIO A OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA SEGUE A OBRIGAÇÃO PRINCIPAL (Art. 233) Artigo 233/CC: “A obrigação de entrega de dar coisa certa abrange os acessórios dela, embora não mencionados, salvo se contrário resultar do título da obrigação ou das circunstâncias do caso. Circunstâncias do caso: Costumes locais. 9 Exemplo 1: É costume local anunciar o imóvel com a mobília, mas isso não significa que a mobília está incluída no valor do imóvel. Exemplo 2: Venda do celular não inclui entrega do chip. 1.2.3 A COISA PERECE PARA O DONO “res perit domino” (Art. 234, 1ª parte) Antes da tradição – a coisa perece para o devedor (vendedor) Após a tradição – a coisa perece para o credor (comprador) Exemplo: A vende a B o seu jet ski. Antesda tradição da coisa, o jet ski é destruído por um maremoto. A, vendedor, responde a B, comprador, por perdas e danos? NÃO, pois a impossibilidade do objeto decorreu de caso fortuito ou força maior. Extingue- se a obrigação e as partes voltam ao estado anterior ao negócio. Se B pagou um sinal de entrada pelo bem, tem o direito de recebe-lo de volta (Art. 234, 1ª parte, CC). 1.2.4 PERDA DA COISA COM CULPA DO DEVEDOR (Art. 234, 2ª parte) Havendo culpa do devedor pela perda da coisa ele responderá pelo equivalente em dinheiro do bem que se perdeu, acrescido de perdas e danos. DETERIORAÇÃO DA COISA CERTA Deterioração é a degradação física da coisa com sensível diminuição do seu valor de mercado. Se a coisa se deteriorar sem culpa do devedor, o credor aceitará a coisa no estado em que se encontra com direito ao abatimento do preço, ou dará por resolvida a obrigação. Se houver culpa do devedor pela deterioração o credor poderá aceitar a coisa no estado em que se acha com direito a reclamar perdas e danos, como também poderá optar por dar por resolvida a obrigação, com direito às perdas e danos. Perdas e danos – são o montante indenizatório pelos prejuízos suportados pelo credor. As perdas e danos abrangem (art. 403 do CC): O DANO EMERGENTE – corresponde àquilo que o credor efetivamente perdeu. “é o dinheiro que sai do bolso do sujeito”. LUCRO CESSANTE – corresponde àquilo que o credor deixou de auferir e que teria razoavelmente lucrado, não fosse o inadimplemento praticado pelo devedor. MELHORAMENTOS NA COISA CERTA SEM TRABALHO OU DISPÊNDIO DO DEVEDOR FRUTOS PERCEBIDOS – pertencem ao DEVEDOR. FRUTOS PENDENTES OU PERCIPIENDOS – pertencem ao CREDOR. OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR Aquela que tem por objeto a devolução de coisa de propriedade do credor, que se encontrava temporariamente de posse da coisa. Exemplo 1: Comodato (empréstimo gratuito de bem infungível) Exemplo 2: Locação Exemplo 3: Depósito 10 PRINCÍPIO QUE REGE A OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR EM CASO DE PERDA DA COISA OBJETO DA PRESTAÇÃO Princípio “rest perit domino” – A coisa perece para o dono. Nas obrigações de dar coisa certa, antes da tradição as coisas perecem para o DEVEDOR e após a tradição, as coisas perecem para o CREDOR. A coisa certa perece para o dono, a coisa incerta não perece, salvo se o gênero for limitado e todas as unidades perecerem sem culpa. BENFEITORIAS DIREITOS DO POSSUIDOR Art. 35 –Locações Art. 1216- 1221/CC BENFEITORIA NECESSÁRIA BENFEITORIA ÚTIL BENFEITORIA VOLUPTUÁRIA DIREITO DE INDENIZAÇÃO Boa-fé ou má-fé Boa-fé X DIREITO DE RETENÇÃO Boa-fé (pelo CC); Boa-fé ou má-fé (pela lei de locações) Boa-fé X DIREITO DE LEVANTAMENTO X X Boa-fé desde o começo (desde que não haja danos à coisa principal) BENFEITORIA NECESSÁRIA: Despesa ou melhoramento feito na coisa principal com a finalidade de conserva-la. Ex. Conserto em instalação elétrica de imóvel, diante de necessidade. BENFEITORIA ÚTIL: Despesa ou melhoramento feito na coisa principal para melhorá-la, é benéfica mas irrelevante, não é necessária.. Ex: Alteração da qualidade do piso/cerâmica do imóvel. BENFEITORIA VOLUPTUÁRIA: Despesa ou melhoramento feito na coisa principal com a finalidade de embelezar/proporcionar lazer. Ex. Instalação de piscina na casa alugada, uma quadra de esportes. RENÚNCIA AO DIREITO DE INDENIZAÇÃO E RETENÇÃO POR BENFEITORIAS Trata-se de uma questão controversa. Em contratos de locação de imóvel, costuma ter uma cláusula de renúncia ao direito de indenização e retenção por benfeitorias, neste sentido, a lei de locações, em seu 35° artigo, impõe que as benfeitorias são indenizáveis, salvo expressa renúncia, como é vislumbrado nessa situação. Por outro lado, o CDC (art. 51, XVI), afirma que é nula tal cláusula. Nesse sentido, o STJ firmou o entendimento de que locatário não se trata de consumidor, conforme súmula 335. 11 2. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA ( faltei, apenas copiei dos documentos postados pela professora no eureka ) Tem por objeto a entrega de uma quantidade de coisas, pertencentes a um conjunto de coisas do mesmo gênero, espécie e qualidade. São coisas determináveis, indicadas ao menos pela quantidade e espécie. São coisas fungíveis, que podem ser substituídas por outras coisas do mesmo gênero, espécie e qualidade. Exemplos: entrega de 50 sacas de farinha de trigo refinada; 3 smart phones Apple I phone 6 plus, modelo silver; cinquenta cabeças de gado nelore; 5 cavalos crioulo; dois computadores apple, etc. O QUE É ESCOLHA? – 492/CC Até o momento da tradição os riscos da coisa correm por conta do vendedor e os do preço por conta do comprador. (A coisa perece para o dono) Par. 1º - os casos fortuitos ocorridos no ato de contar, pesar, assinalar, etc.. coisa que já tiverem sido postas à disposição do comprador, correrão por conta deste. É a concentração do débito, ou seja, consiste não apenas em medir, pesar, marcar, embalar, contar, separar, etc. as coisas a serem entregues, mas em colocá-las à disposição do comprador (credor). De acordo com o art. 245 do CC, Cientificado o credor da escolha, vigorará o disposto na sessão anterior da lei. Antes da escolha aplica-se o art. 246 – o gênero não perece. APÓS A ESCOLHA O QUE OCORRE? – ART. 245 CC A obrigação de dar coisa incerta, passa a ser obrigação de dar coisa certa, e a coisa certa, perece para o dono. Antes da escolha, aplica-se o princípio o gênero não perece – ver artigo 246 do Código Civil. O devedor terá que encontrar igual quantidade de coisas do mesmo gênero, espécie e qualidade e entregá-las ao comprador. EXCEÇÕES Se o comprador estiver em mora (atraso) de receber as coisas por conta deste correrão os riscos. Ex; a mercadoria estava à disposição e o comprador não a retirou. Ele (comprador), suportará os riscos por caso fortuito ou força maior. Art. 492,§ 2º. Se a pedido do comprador as coisas forem enviadas para local diverso do lugar do contrato, por conta deste correrão os riscos, desde que o vendedor siga as instruções recebidas quanto ao transporte – art. 494 do CC. QUAL A QUALIDADE DAS COISAS A SEREM ENTREGUES? De acordo com o artigo 244 do CC as coisas a serem entregues devem ser de qualidade média. O vendedor não é obrigado a entregar as melhores coisas, mas não poderá dar as piores. A quem cabe o direito de escolha? A escolha pode ser feita pelo credor, pelo devedor ou por terceiros. Sendo o contrato omisso quanto ao direito de escolha, esta cabe preferencialmente ao DEVEDOR. 12 3. OBRIGAÇÕES DE FAZER E DE NÃO FAZER _ ** OBRIGAÇÃO DE PRESTAÇÃO FATO POSITIVO (FAZER) CONCEITO: É a que tem por objeto a realização pelo devedor no interesse do credor de um fato positivo. EXEMPLOS: prestações de serviços (intelectuais, técnicos, artísticos, etc...), declaração de vontade. DIFERENÇAS DA OBRIGAÇÃO DE DAR: Nesta sempre terá entrega de coisa enquanto que na obrigação de fazer nem sempre terá essa entrega e, quando houver, será mera consequência do fazer, pois o devedor precisa confeccionar a coisa antes de entregar para o credor. ESPÉCIES DE OBRIGAÇÃO DE FAZER OBRIGAÇÃO DE FAZER FUNGÍVEL: aquela cuja prestação pode ser cumprida por qualquer pessoa em condições de cumpri-la e não necessariamente pelo devedor. Exemplos: serviços de pintura de parede, pedreiro, instalação de equipamentos de Tv a cabo,jardineiro, etc.. OBRIGAÇÃO DE FAZER INFUNGÍVEL OU PERSONALÍSSIMA: aquela cuja prestação deve ser realizada pessoalmente pelo sujeito passivo. Neste caso o credor não está obrigado a aceitar fato de terceiro. Exemplos: Auto retrato pintado por Picasso; Show da Banda KISS (a plateia não é obrigada a aceitar cover da banda). Art. 878/CC 1916: “Na obrigação de fazer, o credor não é obrigado a aceitar de terceiro a prestação, quando for convencionado que o devedor a faça pessoalmente.” Art. 313/CC 2002: “credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.” O novo código civil não reproduziu o artigo 878 do código anterior, situação esta que tirou o caráter infungível (de não aceitar a prestação de terceiro), portanto, hoje em dia apenas não podemos aceitar prestação diversa, mas temos que aceitar que um terceiro faça o serviço. INADIMPLEMENTO COM CULPA DE FATO INFUNGÍVEL – ART. 247 do CC “Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível.” Ex: o devedor recusa-se a cumprir a obrigação. INADIMPLEMENTO SEM CULPA - 1ª PARTE DE FATO FUNGÍVEL – art. 248 do CC “Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação” 13 INADIMPLEMENTO COM CULPA DE FATO FUNGÍVEL – 2ª parte do art. 248 do CC: “Se por culpa dele (devedor), responderá por perdas e danos.” TUTELA ESPECÍFICA DAS OBRIGAÇÕES (dar, fazer e não fazer) Tutela jurisdicional voltada ao atendimento e realização da prestação originariamente contratada (prestação in natura – aquilo que você combinou), que corresponde ao interesse direto do autor e que dá concretude ao princípio da efetividade do processo. Exemplo: Você não tem interesse que o plano de saúde lhe indenize, pois precisa da liberação da cirurgia e não do dinheiro. Artigos 461 e 461-A do Código de Processo Civil Instrumentos a serem utilizados pelo Juiz na concessão da tutela específica das Obrigações: Aplicação de astreintes (multa cominatória); Determinar busca e apreensão de coisas e pessoas, desfazimento de obras, remoção de coisas e de atividades nocivas, tudo com força policial se necessário; Em último lugar, se impossível a tutela específica e a obtenção de resultado prático equivalente ao desejado pelo autor, ou ainda a pedido do autor na petição inicial, resolve-se a obrigação em perdas e danos. *** OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER – PRESTAÇÃO DE FATO NEGATIVO Tem por objeto uma abstenção por parte do devedor, no interesse do credor, de um fato que poderia ser livremente praticado não tivesse o devedor se comprometido a não fazê- lo. Exemplo: não se estabelecer no mesmo ramo de negócios do credor, por tanto tempo; não substabelecer, não sublocar , não manter animal doméstico perigoso no condomínio, não desfilar para outra grife, não parecer em público fazendo publicidade de outra marca, etc (contratos de exclusividade). INADIMPLEMENTO O devedor estará adimplindo uma obrigação de não fazer enquanto permanecer inativo e será considerado inadimplente quando fizer aquilo que se comprometeu não fazer. O ônus da prova na obrigação negativa é do credor (inversão) e nas obrigações positivas é do devedor. SEM CULPA – extingue-se a obrigação. COM CULPA – aplica-se a tutela específica se o ato comportar desfazimento (puder ser desfeito). Caso o ato não possa mais ser desfeito, resolve-se a obrigação em perdas e danos. Em caso de urgência, o credor poderá mandar fazer ou desfazer o ato, independentemente de autorização judicial – ver arts. 249 e 251 do CC. 14 CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES QUANTO AO MODO DE ADIMPLEMENTO OBRIGAÇÃO SIMPLES – tem por objeto uma só prestação e o devedor está desobrigado ao cumpri-la. Exemplo: Vendedor ao entregar o objeto da venda. OBRIGAÇÃO CUMULATIVA - tem por objeto duas ou mais prestações e o devedor só se desobriga se cumprir todas elas. Exemplo: construir a obra e financiar a construção. Entregar os computadores vendidos e prestar assistência técnica por 1 ano inteiro. OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA – tem objeto duas ou mais prestações e o devedor está desobrigado ao cumprir apenas uma delas. Exemplo: “A” compromete-se a entregar a “B” o seu automóvel Ford KA prata ou o seu automóvel Uno Vivace branco. O direito de escolha cabe preferencialmente ao devedor, mas pode ser feita a escolha pelo credor ou ainda por terceiro. OBRIGAÇÃO FACULTATIVA – tem por objeto uma só prestação, ficando o devedor e somente ele com opção (a faculdade) de substituir a prestação devida por outra prestação, denominada de in facultates solutiones, que tem por fim facilitar o adimplemento. Não existe escolha, mas sim faculdade de opção exclusiva do devedor. O credor nunca poderá exigir a prestação in facultates solutionis. Esta é uma “carta na manga” para o devedor. Exemplo 1: em seguro marítimo a obrigação da Seguradora em caso de sinistro é de pagar o valor previsto na apólice do seguro, facultando-se porém, à Seguradora repor a mercadoria perdida. Exemplo 2: Empréstimo de jogador de futebol por um ano, com cláusula de opção de compra de seu passe ao final do empréstimo. ESCOLHA NAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS – artigo 252 do CC Se a escolha couber ao devedor, mesmo estando inadimplente ele não perde o direito de escolha, porque será citado para escolher a prestação que será cumprida em favor do autor. Somente se após citado, não fizer a escolha no prazo assinado pelo juiz, o devedor decairá deste direito que passará ao credor. Se a escolha couber a um terceiro e este não a fizer, o juiz, depois de ouvir as partes, não havendo acordo entre elas fará a escolha. Se a obrigação for de prestações periódicas, o direito de escolha pode ser renovado a cada período, porém o credor não está obrigado a receber parte em uma e parte em outra prestação. Sheila compromete-se a entregar à floricultura de Alexya uma dúzia de rosas, ou uma dúzia de antúrios ou uma dúzia de tulipas, semanalmente, durante 1 ano. Em caso de perecimento de uma das prestações nas obrigações alternativas, a concentração do débito recai sobre a prestação subsistente. Por exemplo, o automóvel Uno 15 é destruído por um raio, resta ao devedor entregar o Ford Ka. Após a escolha a obrigação de alternativa transforma-se em obrigação simples. Já, quando a obrigação é facultativa, se a prestação objeto da obrigação perecer, sem culpa do devedor, extingue-se a obrigação, porque a prestação in facultates solutionis não integra o objeto obrigacional, é mera faculdade de opção exclusiva do devedor. “A melhor e maior rebelião é viver de seu próprio jeito”. Stanley, Paul.
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