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A VIABILIDADE DA AGRICULTURA FAMILIAR VIA SUINOCULTURA NO MUNICÍPIO DE NOVA CANDELÁRIA

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1 
 
UNIJUI- UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO 
GRANDE DO SUL 
DHE-DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO 
CURSO DE GEOGRAFIA 
 
 
 
Cibele Maria Walter Prochnow 
 
 
“A VIABILIDADE DA AGRICULTURA FAMILIAR VIA 
SUINOCULTURA NO MUNICÍPIO DE NOVA CANDELÁRIA/RS.” 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Geografia da 
UNIJUI - Universidade Regional do Noroeste do Estado/RS - 
como requisito parcial para obtenção de título Licenciado em 
Geografia. 
 
 
 
 
Orientador: Mario Amarildo Attuati 
 
Ijuí / Dezembro - 2013 
2 
 
A VIABILIDADE DA AGRICULTURA FAMILIAR VIA 
SUINOCULTURA NO MUNICÍPIO 
DE NOVA CANDELÁRIA/RS. 
 
 
Cibele Maria Walter Prochnow¹ 
 Mario Amarildo Attuati² 
 
 
RESUMO 
O presente trabalho trata da agricultura familiar no Município de Nova Candelária/RS. 
Analisa o sistema de integração suinícola como forma de viabilização da agricultura 
familiar, destacando as mudanças produzidas por esse processo na organização da 
produção, na renda dos produtores, bem como nos impactos ambientais decorrentes. 
Para tanto, fez-se uma revisão bibliográfica e entrevistas com a população envolvida 
diretamente na atividade. 
 
 
Palavras-chaves: Agricultura familiar,Sistema de Integração, Suinocultura 
 
_______________________________ 
¹ Acadêmica: Cibele Maria Welter Prochnow E-mail: ciby.wp@hotmail.com 
² Orientador: Mario Amarildo Attuati, Mestre em Geografia pela UFSC -Universidade Federal 
de Santa Catariana. E-mail: attuati@unijui.edu.br 
 
3 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A agricultura familiar é constituída por pequenos e médios produtores e representa a 
imensa maioria de produtores rurais no Brasil, correspondendo a aproximadamente 4,5 
milhões de estabelecimentos. Em alguns produtos básicos da dieta do brasileiro como feijão, 
arroz, milho, hortaliças, mandioca e pequenos animais chega a ser responsável por 60% da 
produção. Em geral, são agricultores que diversificam os produtos cultivados para diluir 
custos, aumentar a renda familiar e aproveitar as oportunidades e a disponibilidade de mão- de 
obra. 
Este segmento tem um papel importante na economia das pequenas cidades - 4.928 
municípios no Brasil têm menos de 50 mil habitantes e destes, mais de quatro mil têm menos 
de 20 mil habitantes. Os cidadãos que trabalham na agricultura familiar são os grandes 
responsáveis pela dinâmica das economias locais, pois geram empregos, principalmente no 
comércio e nos serviços, a partir da venda dos seus produtos e da compra, enquanto 
consumidores. 
A importância da suinocultura para a agricultura familiar deve-se principalmente ao 
uso de mão de obra totalmente familiar que a caracteriza, a pouca necessidade de área de 
terra, à prática de financiamento dos investimentos e custos pelos próprios produtores e ao 
retorno financeiro. Os pequenos agricultores com poucas condições encontram na 
diversificação da produção (suinocultura, produção de grãos, bacia leiteira e agroindústria) a 
viabilidade para as suas propriedades. A suinocultura viabiliza a bacia leiteira, devido ao uso 
dos dejetos dessa produção como adubação para as pastagens, e também a produção de grãos. 
Esse contexto pode ser percebido no Município de Nova Candelária – RS, e por isso o 
presente trabalho tem como objetivo analisar a viabilidade da agricultura familiar nesse 
município a partir do processo e integração suinícola. Para tanto, inicialmente fez-se uma 
revisão bibliográfica onde foram abordados assuntos relacionados ao tema. Posteriormente 
foram realizadas entrevistas para obter informações sobre a atividade da suinocultura e a 
integração com as demais atividades na propriedade. A partir da análise dos dados pode-se 
4 
 
caracterizar a agricultura familiar no município e identificar os aspectos positivos, os 
principais problemas, bem como apontar possíveis medidas de mitigação. 
 
 
1 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
A agricultura brasileira vem sendo transformada e modificada, e neste contexto está a 
agricultura familiar, com reflexos importantes na realidade social, econômica e ambiental dos 
municípios. A modernização está aí, articulando e se infiltrando lentamente também no setor 
da agroindústria e da suinocultura, com apoio dos grupos empresariais e do governo. Sabe-se 
que a atividade rural brasileira está altamente desenvolvida e nesse sentido o governo 
implantou políticas específicas para atender a agricultura familiar, podendo ser destacadas as 
linhas de financiamento disponíveis para o setor. 
 Constata-se que os agricultores familiares vivem e estabelecem relações sociais com a 
sua comunidade, trocando ideias, compartilhando o saber/cultura e trocando experiências, 
pois nem sempre a produção é farta, principalmente quando o clima interfere e prejudica o 
plantio e a colheita da época. 
 Hoje, o ambiente do trabalho do agricultor é favorável às exigências do mercado e 
está dentro das normas de qualificação do produto final, ou seja, tudo é registrado e 
credenciado pelo poder público e isso é a modernidade. 
Nesta perspectiva, a modernização da agricultura traz avanços positivos na vida dos 
agricultores familiares, o que se percebeu pela fala do agricultor 1 que diz “ .... meu filho 
mais velho está na escola Técnico Agrícola e nos ajuda a plantar e como plantar e todo o 
processo, ele mostra como é feito na escola e trás o seu conhecimento para casa e isso 
nos ajuda muito...”. 
Isso nos remete a complementar que é viável e positivo usar novas tecnologias, buscar 
apoio da EMATER, de escolas agrícolas e outros convênios para uma melhor 
5 
 
infraestrutura, e usufruir de um processo de modernização eficaz e rápido na agricultura 
familiar. 
Segundo BITTENCOURT e BIANCHINI (1996): 
 “Agricultor familiar é todo aquele (a) agricultor (a) que tem na agricultura sua 
principal fonte de renda (+ 80%) e que a base da força de trabalho utilizada no 
estabelecimento seja desenvolvida por membros da família. É permitido o emprego 
de terceiros temporariamente, quando a atividade agrícola assim necessitar. Em caso 
de contratação de força de trabalho permanente externo à família, a mão de obra 
familiar deve ser igual ou superior a 75% do total utilizado no estabelecimento.” 
 
Nessas definições de agricultura familiar identificam-se elementos que são 
indissociáveis e interdependentes para a nossa compreensão que são: o trabalho braçal ligado 
à família; a terra como espaço de produção e de vida; as práticas administrativas que buscam 
adaptar-se às mudanças do contexto e garantir a sobrevivência, a autonomia e a reprodução 
social e econômica da família. 
A família tem a sua terra ou arrendada onde é feito o cultivo de diversos produtos, 
sendo feito um investimento tanto braçal como financeiro para assim obter o seu sustento e 
renda, o que possibilita maiores investimentos durante o ano. 
 Lamarche (1993, p.15) “a exploração familiar, tais como a conheceram, corresponde 
a uma unidade de produção agrícola onde a propriedade e trabalho estão intimamente ligados 
a família”. Neste sentido, percebe-se uma grande ligação dos produtores familiares com 
relação ao trabalho em unidade familiar, ou seja, todos trabalham juntos num esforço em 
comum. 
 Hoje o agricultor familiar realiza, decide e age buscando reproduzir-se social e 
economicamente no contexto em que atua. Assim, segundo Habermas (1992, p.205) “o 
conceito de mundo da vida tem validez geral e, portanto, pode aplicar-se a todas as culturas 
e épocas e faz-se um conceito complementarda teoria da ação comunicativa”. Desta forma, 
percebe-se que o agricultor familiar está ligado à realidade que está em sua volta, interagindo 
com o ambiente natural, buscando familiarizar-se com o novo, objetivando e inserindo novas 
e maiores conquistas neste seu espaço comunicativo. Ainda segundo o autor “A cultura é o 
acervo de saber dos agricultores familiares que se abastece nas interpretações para entender 
sobre algo no mundo”. Este saber é repassado nas sucessões familiares e reconstruído ao 
longo da vida, assim como adaptado e assimilado a partir das informações com o mundo 
social do agricultor familiar. 
6 
 
Desta forma o agricultor familiar toma decisões práticas e definitivas sobre todo o 
processo no qual está inserido. Considerando o seu saber direto, construído pela família e 
acumulado no decorrer da formação cultural dos seus descendentes, essencial para assegurar a 
própria reprodução dessas unidades, e o de outros que emerge na comunidade num elo de 
solidariedade, torna-se uma pessoa competente no meio onde está inserido. 
Nesse sentido, ele, como pequeno agricultor familiar, é valorizado em seu meio, na 
sociedade, cuidando daquilo que é dele, da família. 
A interação entre o agricultor, a unidade familiar, a propriedade rural e o mercado de 
trabalho constituem uma forma de integração e uma necessidade estrutural entre os 
agricultores familiares. O agricultor não pode agir sozinho, seu trabalho depende de fatores 
internos e externos que cada unidade de produção apresenta. Diante desse contexto, a unidade 
familiar tem a capacidade de elaborar novas estratégias para se adaptar às condições 
econômicas e sociais em que está inserida. Dessa forma, torna-se necessário analisar a família 
como unidade social e não apenas como unidade de produção. 
A agricultura familiar, atualmente, simboliza a geração de empregos no meio rural, 
sendo a principal forma de atividade econômica de muitas famílias, além disso, contribui com 
a segurança alimentar, com a questão ambiental, econômica e social. 
Diante dessa realidade, nota-se que a agricultura familiar ocupa um papel importante 
na sociedade, além de estimular a produção diversificada, ampliar a capacidade de consumo 
de alimentos e de outros bens pelas famílias rurais e absorver a mão- de- obra rural. Assim, 
podemos afirmar que essa unidade de produção exerce múltiplas funções estratégicas para a 
sociedade e isto deve ser reconhecido e traduzido em políticas públicas adequadas, as quais 
propiciarão a geração de empregos, a melhoria da renda e, consequentemente, a diminuição 
dos conflitos sociais e do êxodo rural. 
Conforme Silva (1980), "as características fundamentais decorrem da necessidade 
imperiosa que têm de se assalariar fora de suas propriedades para completar a subsistência da 
família". Em outras palavras, esses pequenos proprietários e os membros de suas famílias não 
poderiam sobreviver como pequenos produtores, ou seja, não garantiriam a sua reprodução 
social se não lançassem mão do assalariamento temporário em certas épocas do ano em outras 
propriedades, como meio de complementar a sua renda. 
7 
 
A organização do trabalho nas pequenas propriedades se assenta basicamente sobre a 
família, e para ajudar nas suas rendas busca complementar sua subsistência buscando novas 
alternativas de trabalho, cultivo agrícola e o trabalho assalariado fora de suas propriedades. 
Segundo os dados do INCRA, a participação da família na composição da força de 
trabalho permanente dessas pequenas propriedades é superior a 80%. 
 No município de Nova Candelária ocorre um fenômeno importante, nos períodos 
(entre safra), alguns membros da família se afastam de seus afazeres na propriedade e 
empregam-se em outras propriedades (maiores) e também em atividades relacionadas ao meio 
urbano (indústria e comércio) para obter maior renumeração, complementando a renda 
familiar. Isso ocorre geralmente com a população mais jovem, ou agricultores recém casados, 
que estão constituindo sua família, que sabem lidar com maquinário agrícola 
(trator/arados/colheitadeiras automotrizes) para fazer as curvas de níveis, lavrarem a terra e 
também para a colheita de soja, milho e feijão, ou para cuidar do gado leiteiro (maquinário 
ligado à energia elétrica ou à geradores) entre outros. Muitos procuram trabalhar um período 
na cidade e outro na propriedade, ou no caso do casal, geralmente um deles trabalha na cidade 
e outro na propriedade. 
Segundo Abramovay, “Agricultura familiar é aquela onde a propriedade, a gestão e a 
maior parte do trabalho vêm de pessoas que mantêm entre si vínculos de sangue ou de 
casamento. Dois aspectos são importantes nesta definição: a) Ela evita que se faça um 
julgamento prévio que consistiria em associar o caráter familiar da unidade produtiva ao seu 
desempenho, o que ocorreu durante muitos anos, quando se tomavam como sinônimos 
agricultura familiar e pequena produção, produção de baixa renda ou até produção de 
subsistência. A agricultura familiar existe em ambientes sociais e econômicos os mais 
variados: são familiares os camponeses andinos, bem como os produtores integrados de nossa 
região Sul. Da mesma forma, a expressão não pode escamotear as grandes diferenças sociais e 
econômicas existentes numa mesma região entre as unidades que se apoiam 
fundamentalmente na mão de obra da família. b) O caráter familiar da produção repercute não 
só na maneira como é organizado o processo de trabalho, mas nos processos de transferência 
hereditária e sucessão profissional. A esmagadora maioria dos agricultores contemporâneos 
continua a atividade paterna, o que não ocorre em nenhuma outra profissão. Nos Estados 
Unidos e no Canadá é cinco vezes mais provável que um negócio agrícola passe de uma 
geração a outra do que um negócio não agrícola. Na França, em 1953, originavam-se no meio 
8 
 
rural 85% dos agricultores: em 1985, este era ainda o caso de 90% deles. Na Grã-Bretanha, 
80% dos agricultores em tempo integral prosseguem atividades de seus ancestrais. ” 
Cabe salientar que, no município de Nova Candelária, são poucos os herdeiros de 
agricultores que continuam a atividade agrícola. Um filho sempre permanece com os pais e os 
outros geralmente procuram outro emprego nas cidades vizinhas, isso, devido às dificuldades 
encontradas na agricultura, como clima, preços dos produtos e da mão de obra mecanizada, 
fazendo assim com que os descendentes de agricultores busquem fora da agricultura melhores 
condições de vida. 
 
2 MECANISMOS PARA FORTALECER A AGRICULTURA FAMILIAR: 
 
 Na agricultura familiar temos, atualmente, como recurso do Governo administrado 
pelo município, O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar 
(PRONAF). Até pouco tempo atrás não havia recursos específicos destinados ao 
financiamento da agricultura familiar no Brasil e os agricultores familiares disputavam 
créditos juntamente com os produtores maiores. Assim eram obrigados a atender as mesmas 
exigências dos grandes produtores, o que dificultava o acesso ao crédito. Viu-se que agora é 
diferente e diz o produtor nº 2 “... temos crédito direto para o nosso plantio/colheita e 
comercialização, é só seguir as instruções do banco e cuidar para não se exceder no 
empréstimo, porque o dinheiro mal aplicado não tem o seu devido retorno...” 
Neste sentido buscou-se um esclarecimento junto ao escritório da Emater do 
município de Nova Candelária que diz: “... o Pronaf é um programa de distribuição de 
recursos visando o bem estar de sua clientela. O Pronaf financia projetos individuais ou 
coletivos, que geram renda aos agricultores familiares e esse programa possui as mais baixas 
taxas de juros dos financiamentosrurais. O acesso ao financiamento inicia-se com reunião em 
família sobre a real necessidade do crédito, seja ele para custeio, atividade agroindustrial, 
investimento em máquinas, equipamentos, reformas, entre outros. O agricultor familiar 
9 
 
procura o Sindicato dos Trabalhadores Rurais ou a Emater do município para verificação de 
aptidões, nesse caso deverá estar com o CPF regularizado e livre de dívidas”. 
Outro mecanismo para fortalecer a agricultura familiar muito utilizado em nosso 
município é a parceria dos "integrados". Integrado é um sistema de parceria entre 
agricultores/empresas locais e regionais e/ou estaduais que se empenham para fortalecer o 
sistema que envolve o percentual em relação ao dinheiro utilizado para ser utilizado em todo 
processo de plantação, colheita e entrega de produção. 
Temos também o sistema troca/troca. Esse sistema consiste em o agricultor familiar 
adquirir a semente e na colheita ou no fim do período devolver em grãos para o devido 
comerciante e/ou governo. 
Esses são alguns dos mecanismos mais utilizados no município de Nova Candelária, 
na agricultura familiar. 
Trator financiado pelo Programa Pronaf. 
 
 
Figura nº 1 
Fonte: Cibele Maria Welter Prochnow 
10 
 
 
 
2.1 A evolução da suinocultura 
 
A leitura geográfica aqui desenvolvida é interessante por focalizar um município que é 
o maior produtor de suínos do Estado do Rio Grande do Sul. 
A produção agropecuária de Nova Candelária está baseada na suinocultura, na 
bovinocultura de leite, na comercialização de bovinos, na produção de milho, soja, trigo, e 
aipim, além da tradicional produção de alimentos para a subsistência familiar. Porém as 
atividades de maior importância são a suinocultura e a pecuária de leite, respectivamente. 
A evolução na suinocultura deu-se ano a ano através de intenso trabalho. Nos anos 80, 
empresas de outros países com avanço genético muito superior às brasileiras, começaram a 
ver o Brasil como uma oportunidade e transformaram esse trabalho de melhoramento genético 
também em negócio em nosso país. Também houve a necessidade da indústria brasileira 
buscar o desenvolvimento voltado para a produção de carne: mais carne, menos gordura. A 
partir da década de 90, o trabalho de melhoramento genético começou a aperfeiçoar-se ainda 
mais. Esta evolução, muito significativa e rápida, veio para tornar a suinocultura uma 
atividade rentável ao criador. Uma evolução importante e necessária para atender à demanda 
dos consumidores, que cada vez mais pedia proteína animal com menores índices de gordura, 
menos colesterol, enfim, mais saudável. Também neste período a suinocultura já visualizava a 
inserção no mercado internacional. Em torno do ano 2000, o Brasil passou a ser um 
importante exportador da proteína e, a partir de 2002, entrou definitivamente no mercado 
mundial de carne suína. 
Sabe-se que hoje o país é o quarto maior produtor e quarto maior exportador mundial 
de carne suína, e o Rio Grande do Sul classifica-se como segundo maior produtor e 
exportador entre os estados brasileiros, ficando atrás apenas de Santa Catarina. A suinocultura 
brasileira está entre as principais do mundo. 
Segundo Folador (2013), “... outro fator que vale ressaltar é a concentração da 
produção ao decorrer dos anos. Com a mudança e melhoria dos padrões de qualidade no que 
se refere à criação de suínos, os produtores precisaram se adaptar. Com isso, muitos 
11 
 
desistiram da atividade suinícola. Alguns não tiveram condições de continuar na atividade e 
outros, simplesmente, não quiseram realizar todo um processo de melhorias, enfim, não 
avistaram vantagens nessa mudança. Também foi necessário alinhar a atividade suinícola às 
normas ambientais, sem exceções". 
No município de Nova Candelária, há suinocultores que abraçaram as mudanças e 
aqueles que não aderiram ao novo. Vê-se também, sobre as normas ambientais implantadas, 
que todos estão dentro da lei, realizando as devidas mudanças. 
Em continuidade, o autor relata: “... com isso, também se deu a profissionalização 
desses criadores, que tiveram que qualificar sua produção para tornar a atividade suinícola 
economicamente rentável. A partir do início do século XXI começou-se a trabalhar com o 
sistema de integração: cada frigorífico contava com produtores próprios que, através de 
contratos, deveriam garantir o abastecimento diário das plantas industriais. Todos os 
produtores mantinham em sua propriedade o ciclo completo de produção, que contempla 
desde o nascimento até a engorda dos animais. Com o aperfeiçoamento do sistema de 
integração, o suinocultor contou com novas mudanças na produção, com a opção do 
suinocultor em trabalhar com o ciclo completo de produção ou apenas uma parte do processo, 
fazendo com que o criador trabalhasse ainda mais focado em sua produção, oferecendo maior 
qualidade ao produto, que é a carne suína". 
Nesse sentido o consumo da carne suína é muito grande na cidade e na região e isso 
mostra que os suinocultores estão inovando a cada dia, para o seu bem e o bem dos outros 
consumidores. 
Hoje, a suinocultura brasileira caracteriza-se como sendo 90% de produção integrada. 
Com isso, busca-se a regulamentação do Sistema de Integração através do Projeto de Lei 
330/2011 - (Senado Federal) que estabelece direitos e deveres para produtores rurais e 
agroindústrias em contratos de parceria de produção integrada. Aprovado em dezembro do 
ano passado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado Federal, a 
proposta segue agora para análise da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), 
onde será votada em decisão terminativa. Este será um marco para a suinocultura, pois fazer 
valer esta “Lei da Integração” está sendo um desafio trabalhado diariamente pelas entidades 
que atuam em defesa do suinocultor. 
Segundo Folador (2013): “Um grande desafio, atualmente o maior deles, é conquistar 
e manter novos mercados, tanto o externo quanto o interno". No Brasil, o consumo de carne 
12 
 
suína por pessoa é de 15 quilos ao ano, enquanto que na Europa a média passa dos 40 quilos. 
O consumo da carne suína ainda é cercado de muitos mitos, tabus e preconceitos. No Rio 
Grande do Sul, a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul -ACSURS- 
trabalha em parceria com a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos- ABCS-, através 
do Programa Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura -PNDS-, com o objetivo de 
aumentar o consumo da proteína em ações que são desenvolvidas em todo o País. 
Quanto ao mercado externo, como citado anteriormente, nos últimos 12 anos o Brasil 
participa com uma quantidade média de 550 mil toneladas ao ano em exportação. O mercado 
externo é um desafio e o Brasil conta com uma fatia desse mercado, no entanto, ele precisa ser 
cuidado diariamente, pois muitos outros países também buscam o mesmo. Temos exigências a 
serem cumpridas, mesmo sabendo que hoje a suinocultura brasileira e gaúcha atende aos 
requisitos que a suinocultura europeia e americana tem; não perdemos em nada no que diz 
respeito à qualidade e genética, nutrição e sanidade, entre outros aspectos, porém, o desafio é 
muito maior.” 
Percebeu-se que os suinocultores estão sendo desafiados em vários e diferentes 
aspectos no que diz respeito à carne suína, exportação, cuidado, qualidade, genética, nutrição, 
entre tantas outras. Enfim, entre conquistas e desafios, do “porco banha” ao título de quarto 
maior produtor e quarto maior exportador de carne suína, ainda há muito a ser feito. A 
suinocultura brasileira e a gaúcha têm esse potencial. 
 
 
3 CARACTERIZANDO O MUNICÍPIO DE NOVA CANDELÁRIA/RS 
 
3.1 Aspectos geraisPara entender o presente trabalho, faz-se necessário contextualizar o município de 
Nova Candelária para posteriormente tratar da importância da suinocultura junto a agricultura 
familiar no âmbito local. Isso faz-se necessário, pois se trata de um município pequeno, com 
pouco tempo de autonomia político-administrativo e no qual a suinocultura fez a diferença 
para a comunidade local. 
13 
 
 
 
Localização de Nova Candelária no Rio Grande do Sul 
 
Figura nº 2 
Fonte: Prefeitura Municipal de Nova Candelária - RS 
 
O município de Nova Candelária localiza-se a uma latitude 27º36'26" sul e a 
uma longitude 54º06'25" oeste, estando a uma altitude de 303 metros. O ponto de referência é 
o centro da cidade, (ver numero do marco) especificamente na praça central Konzen. Possui 
uma área de 96,57 km² e sua população, segundo o IBGE, no ano de 2010, era de 2 751 
habitantes. É conhecida como capital per capita da suinocultura. O município de Nova 
Candelária foi criado pela Lei Estadual de Criação nº 10.635 de 28/12/1995 e a instalação 
político-administrativa deu-se em 10 de janeiro de 1997. O clima é subtropical com 
14 
 
temperatura média de 25º, com geadas de pouca intensidade no inverno e chuvas aproximadas 
de 1756 mm anuais. O município de Nova Candelária está inserido na região do Vale do Alto 
Uruguai e faz parte da Micro Região do Grande Santa Rosa, localizando-se ao Noroeste do 
Estado do Rio Grande do Sul. 
O Município de Nova Candelária faz divisa ao norte com o município de Crissiumal, 
ao sul com o município de Boa Vista do Buricá, ao leste com o município de Humaitá e ao 
oeste com o município de Horizontina. A cultura e a etnia predominantes são a alemã. Em 
termos de estrutura fundiária, é composto por agricultores familiares, com área média de 12,6 
ha por propriedade. 
 A colonização do Município de Nova Candelária/RS teve início por volta de 1935, 
quando chegaram os primeiros colonizadores, oriundos das regiões das Colônias Velhas/RS, 
que ali passaram a construir suas moradias, desbravar as matas e plantar alimentos para a 
sobrevivência e organizar-se socialmente, construindo em conjunto a primeira igreja, a escola 
para os filhos que iam crescendo. Por volta de 1940, chegaram novos colonizadores e, com 
isso, o povoado foi aumentando e assim foi instalado um pequeno comércio onde hoje é o 
centro da cidade de Nova Candelária. 
 No ano de 1963, Boa Vista do Buricá conseguiu sua emancipação através da consulta 
plebiscitária e publicação no diário oficial, assim o distrito de Candelária passa a integrar o 
município de Boa Vista do Buricá, desmembrando-se do município de Crissiumal. 
 A população do distrito de Candelária, percebendo ter reunido todas as condições 
necessárias para a instalação de um novo município, passou a desejá-lo. Essa aspiração passa 
a criar corpo e forma a partir de 1993, mais precisamente em janeiro de 1994, quando é criada 
a Comissão Emancipacionista da Vila Nova Candelária, incluindo para completar a área e a 
população, a localidade de Santa Lúcia, do município de Crissiumal. 
A comissão emancipatória, juntamente com o apoio da comunidade passou a 
trabalhar, coletando dados e informações para que em 22 de outubro de 1995, se concretizasse 
o sonho da emancipação através de um plebiscito. O resultado na área distrital de Candelária 
foi aproximadamente 85% favorável à emancipação. 
Na localidade de Santa Lúcia, interior do município de Crissiumal, a maioria da 
população não desejou pertencer ao novo município e votou contra. O desejo desse povo era 
continuar pertencendo ao município de Crissiumal, pelos laços de amizades e raízes que 
tinham lá. Estavam preocupados em romper as relações com comércio, sindicato, hospital que 
15 
 
já existia no município de Crissiumal. No novo município quase tudo teria que ser criado e 
organizado. 
A instalação e emancipação política administrativa deu-se em 01 de janeiro do ano de 
1997. 
 
 
3.2 Aspectos na agricultura familiar 
 
 
A agricultura familiar é de extrema importância para Nova Candelária, pois a maior 
parte da população do município reside na zona rural e é da agricultura que provém a maior 
renda do município (suinocultura, bacia leiteira, soja, milho, trigo..). A agricultura do 
município de Nova Candelária conta com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e da 
Emater que amparam essa atividade que vem ocupando seu espaço na sociedade. 
A agricultura familiar vem trazendo bem estar para os agricultores, valorizando a 
união no trabalho familiar, valorizando o meio rural, que havia perdido forças para a 
urbanização, (a maior parte dos municípios pequenos está perdendo pessoal para os centros 
maiores) e para começar a conquistar novamente seu espaço. O parceiro desta evolução no 
campo está sendo a Emater, que presta assistência técnica à agroindústria familiar, entre 
outros. Alguns produtos cultivados pelas famílias são industrializados em agroindústrias que 
os vendem em feiras do agricultor e mercados que valorizam sua produção. Outra parte desses 
produtos é comprada pela população local e regional e até para fora do estado. Os produtos 
também abastecem nossas escolas, que têm incentivo federal onde no mínimo 30% da 
merenda escolar deve provir da agricultura familiar (agroindústrias). Leis como essa são de 
grande importância para a valorização dos agricultores. 
Devemos mostrar para o povo a grande força e potencial que tem a agricultura 
familiar, que hoje movimenta boa parte da economia do município e se torna a grande 
empregadora do meio rural, sem falar na diversidade de produtos que cresce a cada dia, 
fortalecendo a importância socioeconômica e ambiental que a agricultura familiar tem. 
Percebe-se que este segmento tem vários desafios e dificuldades a superar. O maior desafio é 
garantir a permanência dos produtores no meio rural, devido às dificuldades de gerar renda 
suficiente para o agricultor familiar manter-se no campo trazendo a necessidade da 
16 
 
intervenção governamental por meio de programas que passam a fortalecer a agricultura 
familiar e possam garantir a permanência do agricultor em seu setor de origem. 
A agricultura familiar vem crescendo a cada dia, não só no âmbito municipal como 
também regional. Os produtores buscam o reconhecimento e a valorização, pois são eles que 
produzem grande parte dos alimentos que chegam à nossa mesa e garantem a sobrevivência 
da sociedade. 
Um outro contexto, o da modernização da agricultura, traz grandes benefícios na 
questão agrícola e consiste em utilizar mais tecnologia para aumentar a produtividade com 
aproveitamento intensivo dos solos. 
 Apesar dos incentivos existentes, a estrutura agrária concentracionista do país continua 
a existir, e de forma bastante perversa, pois poucos têm muita terra e muitos têm pouca terra. 
E dentre estes trabalhadores que possuem pouco está o grupo dos agricultores 
familiares que é caracterizado pela relação entre terra, trabalho e família. A terra 
habitualmente é de propriedade da família, mas isso não é regra geral, o trabalho é realizado 
pelos integrantes da família com os seus próprios meios de produção configurando com isso a 
produção familiar. 
 
A exploração familiar, tal como a concebemos, corresponde a uma unidade de 
produção agrícola onde a propriedade o trabalho estão intimamente ligados a 
família. A interdependência desses três fatores no funcionamento da exploração 
engendra necessariamente noções mais abstratas e complexas, tais como a 
transmissão do patrimônio e a reprodução da exploração. (LAMARCHE, 1993, 
p.15, grifos do autor). 
 
 
A definição oficial de agricultura familiar vem do ProgramaNacional de 
Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), e pertence a esse grupo de produtores 
aqueles que “deter, sob qualquer forma, no máximo quatro módulos fiscais de terra, 
quantificados conforme a legislação em vigor ou, no máximo seis módulos, quando se tratar 
de pecuária familiar”. 
O processo de modernização da agricultura representa o próprio avanço e 
intensificação do capitalismo rumo ao campo. Então a essência desse sistema ao se perpetuar 
produz de um lado acumulação de riquezas, e de outra exploração e consequente 
pauperização. Mas para que isso ocorra é preciso que as condições para acumulação estejam 
favoráveis. Sendo as políticas creditícias que privilegiam grandes e pequenos produtores 
rurais, mostrando o direcionamento da acumulação. Os pequenos proprietários possuem 
17 
 
algumas complicações para sua manutenção e reprodução, os grandes proprietários elevam 
seus rendimentos com os benefícios para modernizar-se. 
Nova Candelária é o município em destaque na produção de suínos, e a suinocultura é 
a principal e mais importante atividade econômica do município, que beneficia outras 
atividades. Além disso, ela possibilita ao poder público, através do retorno dos impostos 
gerados, efetuar investimentos em beneficio do bem estar e da qualidade de vida para a 
população local. 
A agricultura do município é 100% composta por agricultores familiares, são todos 
pequenos proprietários. 
No meio rural temos 650 propriedades, sendo 170 delas parceiras/integradoras da 
suinocultura, e 310 produtores de leite. Dessas propriedades rurais do município, 50 são de 
agricultores aposentados, os quais apenas residem no interior, arrendando suas terras, ou 
plantando mata ciliar deixando de produzir grãos, pastagens, bacia leiteira e suinocultura, 
ficando apenas 600 propriedades ativas no município. 
Também existem as agroindústrias no município, sendo elas 4: a agroindústria Doce 
Mel (melado), a Sabores Caseiros ( bolachas), a agricultura do Polvilho e Henicka e Frizzo 
(mandioca). 
A produção da agricultura familiar é baseada na suinocultura, na bovinocultura de 
leite, na comercialização de bovinos, na produção de milho, soja, trigo, aipim e a produção de 
alimentos para a subsistência familiar. Toda a produção destina-se a venda in natura. 
A rotação de culturas é pouco desenvolvida no município, devido às pastagens, pois 
após tirar as pastagens planta-se grãos como o milho, depois volta a ser pastagem devido à 
produção leiteira. E com o excedente das pastagens é feito o pré-secado, que serve de 
alimento para o gado na entressafra pela falta alimento nas pastagens. 
Nas pequenas propriedades do município também é possível ver inovações 
tecnológicas para acompanhar o mercado consumidor. Hoje há bastante mecanização na 
produção leiteira (máquinas de tirar leite, resfriadores, tratores), na suinocultura vê-se 
chiqueiros automatizados (cortinas, sistema de trato). E cada vez mais os pequenos 
agricultores investem para uma melhor produção e consequentemente uma melhor qualidade 
de vida. 
 
 Hora da ordenha 
18 
 
 
Figura nº 3 
Fonte: Cibele Maria Welter Prochnow 
 
Abaixo, poderemos observar a posição das atividades econômicas desenvolvidas no 
município desde seu início político administrativo. 
 
Tabela 1 – Atividade Esconômica no município de Nova Candelária. 
 
Fonte: adaptado de Secretaria da Agricultura, Nova Candelária-RS. 
 
Na tabela é possível observar as atividades econômicas desenvolvidas no município, 
desde o ano de 2009 até 2012. Percebe-se um vasto crescimento a partir do ano de 2009. Esse 
crescimento explica-se devido à chegada de indústrias no município, tendo assim um maior 
número de habitantes e aumentando possibilidades no crescimento da agricultura familiar 
cujos investimentos tiveram retorno bastante satisfatório. 
 
19 
 
 
3.3 SISTEMA DE INTEGRAÇÃO SUINÍCOLA E SUA IMPORTÂNCIA PARA 
A VIABILIZAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR: 
 
Através das políticas públicas o município investe fortemente na agricultura. Pode-se 
citar vários exemplos, como: programa de inseminação artificial, programa de atendimento 
veterinário, programa de sementes forrageiras de inverno, terraplanagem gratuita para a 
construção de salas de ordenha devidamente licenciadas, abertura de valas para silagem, 
subsídio para a abertura de açudes, terraplanagem para a suinocultura e construção de 
pocilgas, subsídio no acesso e encascalhamento das propriedades (pátio e arredores), subsídio 
na distribuição de esterco nas propriedades de baixa renda (que não possuem trator). Além 
disso há uma patrulha agrícola com mais de cem máquinas distribuídas nas propriedades, 
onde todos os agricultores têm direito de usar. A prefeitura também presta serviços aos 
agricultores. Há ainda um programa de subsídio para agroindústrias, sendo R$ 8,000 mil 
reais, a fundo perdido, para comprar material de construção ou equipamentos. Com esses 
investimentos o poder público municipal pretende incentivar os pequenos agricultores a se 
manterem na agricultura. 
Com relação aos sistemas de integração a produção de suínos no RS, Folador (2010), 
destaca que partir de meados da década de 80, iniciou um processo de integração, com o 
objetivo de padronizar e melhorar a produção de suínos, tanto na oferta de animais para a 
agroindústria, buscando uma constância de entrega de suínos, quanto para melhorar os 
padrões técnicos, índices de eficiência, produção, produtividade, visando qualificar o 
suinocultor cada vez mais. Como no município, todas as propriedades são de pequeno porte, 
fica quase impossível a sobrevivência do agricultor com um único modo de produção (grãos), 
por isso, algumas famílias entraram no programa de integração e parceria da suinocultura. 
O sistema de suinocultura é 100% integrado. O parceiro terminador entra com o 
galpão (prédio/construção) e a mão de obra, procura a empresa integradora e oferece seus 
serviços. O produtor deve acatar todas as normas exigidas para a construção dos chiqueiros. 
Para quem já possui chiqueiros o mesmo tem que fazer as adequações necessárias para 
atender as normas impostas pela empresa integradora, a ração, medicamentos, assistência 
especializada é feita pela parceira integradora. 
20 
 
Nessa integração o produtor entra com seus serviços e a infraestrutura. Os suínos vêm 
para o produtor com média de 60 dias. Ficam em média 90 a 100 dias em sua propriedade, até 
atingirem em média 115kg(cada), quando a empresa integradora os recolhe e paga uma certa 
porcentagem dos lucros (uma média de R$18,00 reais a R$20,00 reais por suíno) ao 
parceiro. Essa média de lucros paga ao parceiro depende dos cuidados que o parceiro possui 
na terminação dos suínos, podendo ser inferior a R$15,00 reais por suíno e podendo chegar ao 
máximo de R$ 20,00 reais. 
São 68.000(sessenta e oito mil), suínos no município, estes distribuídos em cerca de 
170 chiqueiros. 
São 3 empresas que atuam no sistema de parceria e/ou integração no município: a 
ALIBEM Alimentos S.A., a Klockner Suinocultura, e a Comercial Ivagaci. A Suinocultura 
ALIBEM Alimentos S.A é uma empresa chinesa, que comprou há 3 anos a Suinocultura 
Konzen fazendo dela mais uma de suas filiais e detém 90% dos produtores integrados a ela. 
 
 
Foto nº 4 
Fonte: Cibele Maria Welter Prochnow 
 
 
3.4 MUDANÇAS PRODUZIDAS PELO SISTEMA DE INTEGRAÇÃO SUINICOLA 
SOBRE O PROCESSO PRODUTIVO E A QUESTÃO AMBIENTAL: 
 
Com o aperfeiçoamento das novas regulatórias leis ambientais, o sistema de integração 
precisou de ajustes. Surgiram então mudanças produzidas pelo sistema de integração suinícola 
21 
 
sobre o processoprodutivo e a questão ambiental, nesse sentido: A Constituição da república 
federativa do Brasil, no seu artigo 225 diz que: 
Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso 
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público 
e a coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações. (2004, p.127) 
 
A Resolução do CONAMA nº. 237 de 1997, em seu artigo 6º. Determina que: 
“Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos competentes da União, 
dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de 
empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e daqueles que lhe forem 
delegados pelo Estado por instrumento legal ou convênio”. (SIGA-RS, 2006, p.09). 
 
Esta resolução define como impacto ambiental local como sendo: 
“Impacto ambiental local pode ser definido como a alteração das propriedades 
físicas, químicas e biológicas resultante das atividades humanas que, direta ou 
indiretamente, afetam as saudáveis condições de vida, inclusive, para as futuras 
gerações. Pode-se afirmar então, que o impacto ambiental local é aquele em que essa 
alteração se restringe aos limites do município.” (SIGA-RS, 2006, p.10). 
 
Na produção pecuária, o reflexo ambiental das atividades vem crescendo de forma 
bastante preocupante. É por esse motivo que a implantação de sistemas de tratamento de 
dejetos vem ganhando importância em escala mundial. Além da preservação ambiental, esses 
sistemas de tratamento podem gerar grandes benefícios aos produtores, como uma melhora da 
produção e maior rendimento. A suinocultura também se preocupa com a sua qualidade de 
vida e com a qualidade do mundo onde vivemos. A suinocultura moderna passa por um 
momento estratégico de adequação meio-ambiental. As mudanças econômicas, políticas e 
ambientais tornaram-se fundamentais para a sobrevivência da pecuária intensiva e a 
ampliação da consciência meio-ambiental. Os dejetos provenientes da produção animal, 
quando não recebem um tratamento adequado, são potencialmente prejudiciais ao meio 
ambiente e ao homem, influenciando negativamente na qualidade de vida no campo e também 
no bem-estar da população. 
Resolução do CONAMA nº. 303, de 20 de março de 2002, dispõem sobre parâmetros, 
definições e limites de Áreas de Preservação Permanente. [...]Art. 3º Constitui Área de 
Preservação Permanente a área situada: em faixa marginal, medida a partir do nível mais alto, 
em projeção horizontal, com largura mínima, de: trinta metros para o curso d'água com menos 
de dez metros de largura; cinquenta metros para o curso d'água com dez a cinquenta metros de 
largura; cem metros para o curso d'água com cinquenta a duzentos metros de largura; 
22 
 
duzentos metros para o curso d'água com duzentos a seiscentos metros de largura e 
quinhentos metros para o curso d'água com mais de seiscentos metros de largura. 
Aqui no município de Nova Candelária, a questão do meio ambiente traz pontos 
positivos e negativos: 
Nos pontos positivos todas as propriedades produtoras são 100% licenciadas com 
acompanhamento técnico e fiscalização pelos órgãos responsáveis. No entanto como pontos 
negativos aparece o odor gerado pelos suínos, a contaminação dos solos pelos dejetos com a 
adubação da matéria orgânica e a liberação de gás metano. 
Para minimizar esses problemas estão sendo tomadas providências entre a integradora, 
integrante e prefeitura municipal, para que em conjunto consigam minimizar esses problemas, 
através de normas criadas para o transporte, adubação e transformação do gás metano como 
fonte de energia. 
 São oferecidos projetos de silvicultura, o incentivo de melhoria nas instalações na 
atividade leiteira para atender as normas ambientais, do ministério da agricultura. Outro 
programa interessante é o programa para salvar as nascentes, onde é feito o plantio de árvores 
e o cercamento, com a finalidade de proteger as nascentes. 
 Uma das maiores preocupações do município com o meio rural e urbano é a água, sua 
qualidade, sua distribuição e poluição, pois aqui no município a água provém apenas de poços 
artesianos, o que é preocupante, pois os rios ficam distantes do perímetro urbano para usar e 
fazer uma usina de tratamento, isso traria muitos gastos ao município e aos munícipes. O mais 
preocupante é uma possível contaminação dos lençóis freáticos devido à grande produção de 
suínos e a contaminação causada pelos dejetos. Por isso estão sendo investigadas, formas e 
estratégias para melhorar a qualidade da água e distribuição da mesma pelo território 
municipal. 
Na forma de produção essas leis também abrangem o âmbito municipal, onde a lei 
Estadual dá providências para que os municípios possam elaborar suas próprias leis e por em 
vigor as leis Estaduais e Federais, o que ajuda muito na rapidez nas questões dos 
licenciamentos. Sendo assim, fica mais fácil o produtor conseguir modos de financiamento 
bancário, para a produção agrícola e construção de galpões, chiqueiros, estrebarias e compra 
de maquinários. 
23 
 
O município junto ao CONAMA libera a construção de esterqueiras, chiqueiros, 
estrebarias, galpões, pois todos os estabelecimentos rurais precisam de uma licença ambiental 
para que possam trabalhar e produzir sem prejudicar o meio ambiente. 
 A nova Lei 12651/12 | Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, determina que todo 
produtor rural precisa ter um cadastro, o Cadastro Ambiental Rural CRA, onde é admitido 
para a pequena propriedade ou posse rural familiar, de que trata o inciso V do art. 3o desta 
Lei, o plantio de culturas temporárias e sazonais de vazante de ciclo curto na faixa de terra 
que fica exposta no período de vazante dos rios ou lagos, desde que não implique supressão 
de novas áreas de vegetação nativa, seja conservada a qualidade da água e do solo e seja 
protegida a fauna silvestre. 
 Nos imóveis rurais com até 15 (quinze) módulos fiscais, é admitida, nas áreas de que 
tratam os incisos I e II do caput deste artigo, a prática da aquicultura e a infraestrutura física 
diretamente a ela associada, desde que sejam adotadas práticas sustentáveis de manejo de solo 
e água e de recursos hídricos, garantindo sua qualidade e quantidade, de acordo com norma 
dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, esteja de acordo com os respectivos planos de 
bacia ou planos de gestão de recursos hídricos, seja realizado o licenciamento pelo órgão 
ambiental competente; e que o imóvel esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural - CAR. 
Assim sendo, fica evidente a preocupação municipal, Estadual e Federal com o meio 
ambiente, fazendo com que os produtores também se adaptem às leis para a preservação do 
meio ambiente e para uma melhor prevenção e produção agrícola. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
4 CONCLUSÕES 
 
Para fins deste trabalho foi escolhida como área de análise o Município de Nova 
Candelária/RS, pois destaca-se na produção de suínos, sendo a suinocultura a principal 
atividade econômica do município e registra também uma forte representatividade na 
agricultura familiar. 
Após ter realizado a pesquisa sobre a viabilidade da agricultura familiar via 
suinocultura e feito uma análise criteriosa dessas informações, foi possível identificar os 
principais temas em debate e chegar a algumas conclusões a partir dos objetivos propostos. 
Na pesquisa realizada ficou evidente a importância da agricultura familiar via 
suinocultura no desenvolvimento econômico e social do município de Nova Candelária -RS, 
bem como, a importância que traz para a região. Sendo assim o município de Nova 
Candelária, considerado a capital per capita dasuinocultura. 
Também é fundamental conhecer o histórico da cidade pois ele já mostra o 
desenvolvimento da agricultura no município, também com o andar das pesquisas percebe-se 
a evolução da agricultura familiar em conjunto com a suinocultura. 
 A base da economia de Nova Candelária é a agropecuária, na qual se destacam as 
pequenas propriedades, que possuem uma área média de 12,6 hectares. A suinocultura é a 
principal atividade econômica do município, responsável por 84% da produção primária do 
último ano (2005), seguida pela produção do leite, milho, soja e outros. 
Foi possível identificar potencialidades da suinocultura desenvolvida em Nova 
Candelária, como: a existência de uma empresa integradora instalada no município,de 
propriedade da Alibem, que possui boas relações comerciais com seus integrados; o baixo 
custo logístico do sistema de produção local; a disponibilidade de mão-de-obra familiar 
qualificada para a produção dos suínos; a vocação da região para a suinocultura e a existência 
de 4 agroindústrias de abate e processamento nos municípios próximos, o que favorece o 
escoamento da produção. 
Mas a agricultura familiar do município também enfrentam algumas dificuldades 
como a rentabilidade muito baixa, tendo em vista o pouco retorno financeiro que tem na 
atividade, em função dos investimentos que o produtor precisa fazer para manter-se na 
atividade. Este é o principal ponto de estrangulamento do produtor, pois ele está 
envelhecendo, sua idade média é alta e seus filhos não estão ficando na atividade, pois a 
25 
 
rentabilidade é muito pequena. O que lhe é imposto e exigido é muito maior do que ele 
recebe. Outras questões que causam dificuldades são as questões ambientais e sociais. 
Tendo os agricultores incentivos para a melhoria e solução de problemas o 
acompanhamento do poder público e órgãos responsáveis, a capacitação devida para manter e 
se manter na agricultura, penso que é um grande passo para a solução da maioria dos 
problemas enfrentados pelos pequenos agricultores. 
Mesmo com esses recursos, fica o grande desafio aos pequenos agricultores, que é o 
de manter-se na agricultura com vários sistemas de produção (grãos, bacia leiteira, 
suinocultura), enfrentando problemas como a mão-de-obra familiar diminuindo a cada dia, 
clima e preços. Mas também fica o orgulho de ser o responsável por produzir 70% de 
alimentos do país. 
Após feitas as análises, percebe-se que a suinocultura exige altos investimentos que 
precisam ser feitos pelos agricultores para obedecerem às normas das empresas para a criação 
dos suínos. Esses custos são diluídos ao longo do tempo viabilizando outras atividades na 
propriedade, pois os dejetos são aproveitados como adubo para pastagens e lavouras que 
beneficiam a bacia leiteira e o plantio de grãos. Assim a agricultura familiar do município de 
Nova Candelária vem se mantendo por anos, uma agricultura familiar cuja suinocultura torna 
o município um dos maiores criadores de suínos do Brasil. Devido a isso Nova Candelária é 
considerada a “capital per capita da suinocultura”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
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