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GEOGRAFIA II PRÉ-VESTIBULAR 197PROENEM.COM.BR MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA09 A MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA E AS TRANSFORMAÇÕES NO CAMPO Com as revoluções industriais, o espaço rural se tornou cada vez mais integrado – e subordinado ao espaço urbano. Atualmente é difícil distinguir com precisão exata os limites que separam o que é urbano daquilo que é rural. Além disso, a modernização tecnológica e o aumento na circulação de informações entre o campo e a cidade fez com que a própria vida no campo sofresse modifi cações signifi cativas. Portanto, o rural e o urbano não devem ser mais pensados como recortes territoriais isolados, como tradicionalmente o foram, mas como espaços interdependentes e complementares. Sendo assim, entender a relação campo- cidade é essencial, pois tanto o rural quanto o urbano não podem ser entendidos separadamente, já que a velha dicotomia de que o urbano é signifi cado de moderno e o rural signifi cado de arcaico não faz mais sentido na atualidade. No Brasil dos dias de hoje, a zona rural, agora subordinada aos interesses urbanos, orienta sua produção para a satisfação direta ou indireta da cidade, que investe no campo maciçamente, reproduzindo ainda mais essa situação de dependência. Logo, são características do espaço rural brasileiro na atualidade: • p rodução de itens para a exportação. • produção de matérias-primas para o setor industrial. • produção de alimentos para o grande contingente populacional das cidades. Em suma, a industrialização e modernização de nossa economia subordinaram o campo à cidade. Mais ainda, modifi caram a orientação da produção rural, mantendo a estrutura fundiária arcaica e transformando o campo em um mercado de consumo de itens como máquinas e tecnologia, cujo capital se reverte em lucro para as cidades. NOVAS RURALIDADES Uma das consequências da modernização do espaço rural é um crescimento do número de trabalhadores que deixaram de praticar apenas atividades primárias (agricultura, pecuária e extrativismo) e passaram a integrar o setor terciário (prestação de serviços e comércio) com o objetivo de complementar a sua renda. A criação de hotéis-fazenda, o ecoturismo e as atividades de camping são exemplos dessa nova tendência de "terciarização do campo" e de "pluriatividade". Tudo isso difi culta cada vez mais a delimitação do que é urbano e do que é rural e marca cada vez mais a existência de espaços integrados e dinâmicos. Fazem parte então dessas novas ruralidades, a existência de novos atores, novas atividades econômicas e serviços prestados, além de novas relações de trabalho e as questões fundiárias. FORMAÇÃO DOS COMPLEXOS AGROINDUSTRIAIS A defi nição de complexo agroindustrial (CAI) pode ser feita considerando-o como “conjunto de todas as operações que englobam a produção e distribuição dos insumos rurais, as operações em nível de exploração rural; e o armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e de seus subprodutos”. Muitas propriedades agrícolas deixaram suas atividades de subsistência e deram início a uma operação comercial, na qual os agricultores consomem cada vez menos o que produzem. O moderno agricultor é um especialista, confi nado às operações de cultivo e criação. Por outro lado, as funções de armazenar, processar e distribuir alimento e fi bra vão se transferindo, em larga escala, para organizações além da fazenda. Essas organizações transformaram-se em operações altamente especializadas. Criou-se um novo arranjo de funções que são necessárias antes mesmo de a produção agrícola ser iniciada: a produção de insumos agrícolas e fatores de produção, incluindo máquinas e implementos, tratores, combustíveis, fertilizantes, suplementos para ração, vacinas e medicamentos, sementes melhoradas, inseticidas, herbicidas, fungicidas e muitos itens mais, além de serviços bancários, técnicos de pesquisa e informação. Ou seja, os complexos agroindustriais são característicos do agronegócio, e incluem atividades do setor primário (agropecuária), secundário (indústria) e terciário (comércio e serviços). Portanto, um complexo agroindustrial é a junção de todas as fases da agricultura e sua produção, onde há uma integração das indústrias de insumo e de processamento – controladas, quase que totalmente, pelas grandes empresas. A estrutura da produção, bem como o tipo de trabalho a ser utilizado depende do produto cultivado. Como exemplo, no caso da uva, do fumo e do mate, o trabalho é familiar e a produção é, assim, terceirizada; já na cana- de-açúcar, laranja e cacau são necessárias grandes extensões de terra, então a indústria produz e compra o restante de grandes fornecedores, e o trabalho é assalariado; e no caso da soja há um alto nível de mecanização em todas as etapas da produção, o que requer o uso de trabalhadores assalariados com alto grau de qualifi cação, capazes de operar as máquinas utilizadas. PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR198 GEOGRAFIA II 09 MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA Atualmente os complexos agroindustriais brasileiros desempenham uma significativa importância na economia do país, se consideradas todas as instituições que desenvolvem atividades no processo de produção, elaboração e distribuição dos produtos da agricultura e pecuária – envolvendo desde a produção e fornecimento de recursos, até que o produto final chegue nas mãos dos consumidores. Entre as instituições que constituem os CAIs estão, além daquelas diretamente envolvidas no processo, as de apoio indireto à realização das atividades na tomada de decisões – como o governo e suas políticas e o sistema financeiro e de crédito. Sendo assim, observa-se que atualmente existe uma inserção máxima do capitalismo no espaço agrícola, marcando transformações nas relações entre o meio agrícola e o meio rural. A ESPECULAÇÃO FUNDIÁRIA O novo modelo econômico do campo tem duas formas de investimento: a produção, por meio da criação dos complexos agroindustriais (explicado anteriormente), e a especulação fundiária. O investimento em terras especulativas acontece por meio da compra de imensas terras no país, mantidas como reserva de valor. Ocorre da seguinte forma: os empresários compram uma terra e esperam o local se valorizar bastante para que possam vender mais caro do que compraram. Com essas terras em mãos, os investidores também podem lucrar por meio do crédito rural. Para isso, primeiro eles podem burlar os técnicos do governo, de modo a fingir que a terra seja produtiva e ganhar o “rótulo” de empresa rural. Isso pode ser feito através de uma propina dada ao técnico, ou até mesmo enganá-lo, como ocorre em muitos casos: o fazendeiro agenda a vistoria com o técnico – que geralmente não dispõe de recursos financeiros para vistoriar toda a área – e lhe fornece o transporte, tendo tempo assim de deslocar o gado para as áreas onde o técnico irá vistoriar, e fingir que está produzindo; depois, vão até o banco e pedem o crédito, que vem a juros baixos; por fim, ele reinveste o dinheiro do crédito em outro banco, numa aplicação mais rentável, obtendo assim o seu lucro. Além disso, o empresário que tem a terra em seu poder ainda pode explorar os recursos naturais dela, como a madeira. Pela lei, essas terras especulativas (improdutivas) poderiam entrar na reforma agrária, e isso mostra a existência de senão uma manipulação, no mínimo uma conivência quanto à classificação das propriedades em favorecimento desses empresários, causando assim a revolta dos sem-terra que lutam pela distribuição de terras. Nos últimos 30 anos 600 mil famílias foram assentadas em uma área de 30 milhões de hectares no total, com um custo de 24 milhões de reais, e na maioria dos assentamentos as famílias ainda estão no estágio de agricultura de subsistência. A demora dessas famílias em desenvolver sua produção se dá, principalmente, devido à dificuldade na obtenção do crédito rural. Este não é dado normalmente aos pequenos produtores, visto que eles não possuem garantiaspara o pagamento do empréstimo. Além disso, é necessário apresentar um projeto de implantação de tecnologia na produção, utilizando todos os produtos modernos fornecidos pela indústria – esse é o modo encontrado pelo Estado para levar efetivamente a tecnologia ao campo. AS NOVAS RELAÇÕES DE TRABALHO NO CAMPO O novo modelo também gerou mudança na organização do trabalho agrícola. Dessa forma, passaram a existir duas categorias principais: o trabalho familiar e o trabalho assalariado. • Trabalho Assalariado - Pode ser permanente ou temporário. – Permanente - geralmente tem carteira assinada e uma maior especialização (exemplo: operadores de colheitadeiras) – Temporário - é aquele aliciado por empreiteiros (gatos) e que recebe de acordo com a produção, estando sujeito a péssimas condições de trabalho, excesso de horas trabalhadas e exposição direta ao uso de agrotóxicos. • Trabalho Familiar - Pode ser dividido em integrados, especializados, sitiantes e subsistentes. – Integrados - conjuntos de pequenos produtores que vendem a sua produção para empresas de processamento, tem acesso a sua tecnologia e cultivam apenas um único tipo de produto que varia de acordo com o mercado. – Especializados - também usam tecnologia e cultivam um único produto, diferenciando-se dos integrados pelo fato de não terem contrato estabelecido com uma empresa. – Sitiantes - não têm acesso a tecnologia, e por isso precisam plantar diferentes culturas (para não danificar o solo). – Subsistentes - são pequenos produtores sem tecnologia, que plantam multiculturas em consumo próprio, ou seja, para a sua subsistência. O panorama rural das cidades onde o modelo agroindustrial se implantou também mudou drasticamente. As pequenas e médias cidades do interior que têm suas economias baseadas no agronegócio apresentam alta qualidade de vida e muitas oportunidades de emprego qualificado - há demanda por operadores de máquinas, mecânicos e técnicos agrícolas. Junto com a agroindústria chegam shoppings, bancos, lojas de grifes, universidades e centros de excelência. Há desenvolvimento do segmento rural, aumento da produtividade e do valor agregado da produção. Isso chamou a atenção de um novo tipo de migrante, atraído pela qualidade de vida. Entretanto, para que essas cidades se tornassem um polo atrativo para este migrante, a antiga população local muitas vezes acabou sofrendo e tendo que se adaptar ao novo padrão recém-implantado, ou até mesmo expulsa. As regiões da Amazônia, Vale do Jequitinhonha e Nordeste denotam claramente esses efeitos práticos. A região Amazônica, apesar de não ser a única, historicamente sempre foi uma área marcada pela escravidão, passando por vários estágios até chegar ao atual, o da exploração pelo agronegócio. Antes dos anos 70 a região era uma grande exportadora de borracha. Por conta da descoberta do látex, a região precisou de uma grande demanda de trabalhadores, e o governo incentivou o envio de mão-de-obra para lá. Estes eram, em geral, provenientes do Nordeste, que fugiam de mais uma das secas periódicas locais, e ao chegar na Amazônia eram distribuídos em seringais, que apesar de estarem em terras públicas tinham dono – por meio da grilagem. Os seringueiros eram, assim, obrigados a vender sua produção ao dono do seringal, pelo preço por ele estipulado. Nos anos 70, porém, os projetos de integração do governo federal, com o objetivo de desenvolver a região, provocaram drásticas transformações no local. Surgia aí uma estrutura de trabalho que engloba grileiros, gatos, peões e empresários. Dentro do contexto dos seringueiros, ficou famosa internacionalmente a luta de Chico Mendes, em prol da criação de reservas extrativistas livres e contra a transformação da floresta em pastagens. Ele foi assassinado, mas sua luta deu resultados. Foram criadas reservas que provocaram uma alteração na estrutura da extração do látex. Hoje existem duas categorias: os seringueiros libertos e os cativos. Seringueiros libertos - trabalham nas reservas extrativistas, se organizam em cooperativas e vendem a produção a quem quiserem. Seringueiros cativos - vivem em um regime de semiescravidão, sendo obrigados a trabalhar em um regime de meia com os donos, dividindo a produção com ele e tendo uma cota mínima por ano, PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 09 MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA 199 GEOGRAFIA II além de terem de pagar um “aluguel” em espécie pela terra e não poderem plantar qualquer coisa sem receber um aval para isso. Estes tem que comprar suprimentos na cantina do seringal aumentando assim a sua dívida. Tudo isso ocorre sob os olhares dos pistoleiros armados para garantir o cumprimento das ordens e impedir fugas. O aumento da crise se deu em 1970, quando o governo militar decidiu resolver dois problemas simultaneamente: o excedente populacional do Sul provocado pela mecanização do campo e da seca do Nordeste e também povoar a áreas desabitadas da Amazônia, vista como uma porta de entrada para os vizinhos, aumentando assim a segurança nacional. O governo incentivava projetos de colonização e também a implantação de grandes fazendas para a criação de gado. Isso gerou grandes conflitos entre os empresários, índios locais, seringueiros, posseiros, entre outros, porque os fazendeiros recém- chegados ocuparam as áreas onde antes estavam os posseiros (pessoas que moravam em terras públicas) através do trabalho dos grileiros (pessoas que legalizam as terras por meio de documentos falsos). O ramo da pecuária era muito disputado, e essas fazendas necessitavam de mão-de-obra temporária e barata, que não estava disponível no local. Os fazendeiros, então, designavam empreiteiros, os chamados gatos, para recrutar trabalhadores. Estes calculam quantos trabalhadores serão necessários e vão em busca dos peões. O gato é o responsável por obter também o equipamento que será utilizado, os mantimentos e objetos para a cantina, além de contratar capatazes, pistoleiros, o cantineiro, o cozinheiro, o enfermeiro, o caminhoneiro e o policial que finge não ver o pau-de-arara que passa pela barreira policial abarrotado de peões. Existem dois tipos de peões: os moradores e os do trecho. Os peões moradores são os da região; têm um lugar para morar e possuem família. Eles formam grupos de trabalho com parentes e amigos e geralmente pegam serviços com o mesmo gato. Os peões do trecho – também chamados de peões rodados -, por sua vez, são praticamente marginais. Estão na rua há tempo e muitos não têm documentos; são, em geral, analfabetos, não percebem que estão sendo lesados e têm dificuldade para entender o destino do dinheiro. Há preconceito com eles: a maioria das pessoas os considera bêbados, mulherengos e brigões. Grande parte deles vem de estados como o Maranhão, Piauí, Ceará e Bahia. São aventureiros que deixaram sua família para trás e provavelmente nunca mais voltarão a vê-la. Alojam-se em pensões que são ligadas aos gatos, pois é lá que eles vão buscar os peões. A região do Vale do Jequitinhonha ocupa cerca de 85 mil km² e possui uma população de aproximadamente 400 mil pessoas. Havia exploração de minérios na área, dotada de diamante e ouro. Com a decadência da mineração, foram se formando grandes fazendas; a agricultura de subsistência e a caça também faziam parte das atividades locais. Nas partes baixas da região – nas várzeas – os camponeses viviam e faziam uma agricultura de subsistência; nos chapadões, ou seja, nas partes altas, eles soltavam o gado e cultivavam madeira. O chapadão não tinha cerca, e logo não havia propriedade privada. A terra era distribuída entre os moradores de acordo com as suas necessidades de subsistência, ou seja, a demarcação de terras era “apalavrada”: se uma família era maior que a outra, logo tinha direito a uma porção maior das terras. Eles dependiam totalmente das áreas do chapadão, pois além de criarem o gado, era lá onde eles caçavam, colhiam frutas e ervas medicinais.Isso possibilitava também a manutenção da floresta nativa, protegendo assim a área de problemas de erosão e escassez de água. Porém, assim como na Amazônia, no início dos anos 70, chegaram ao Vale empresários que implantaram grandes projetos de agricultura e pecuária para exportação. Esse projeto tinha novamente o Estado como agente indutor, pois foi o governo federal que deu incentivos fiscais, que no caso do Jequitinhonha visavam levar a “modernidade e sabedoria” até essa área considerada atrasada tecnologicamente, com uma cultura pobre e com atividade produtiva ultrapassada. Os moradores, analfabetos e sem escritura, tiveram que vender suas terras a preços mínimos para os grileiros, que legalizaram as propriedades para os empresários. O chapadão foi então ocupado por eucaliptos (matéria-prima da celulose, que faz o papel, e necessária para a produção de carvão), pela pecuária e por culturas de café. A plantação de eucaliptos, entretanto, causou o agravamento da seca, já que a árvore tem raízes muito profundas, que atingem e “sugam” a água dos lençóis freáticos, modificando o curso e secando os rios. Essas mudanças na configuração espacial do Vale do Jequitinhonha dificultaram muito a sobrevivência dos antigos moradores do local. Esses pequenos camponeses e suas famílias, expulsos do chapadão, perderam sua fonte de recursos alimentares, dinheiro e ervas medicinais. Tiveram assim que explorar muito suas terras várzeas, porém não tinham recurso para isso. Agora tinham de comprar remédios nas farmácias, comida nos mercados, porém não tinham para isso uma fonte de renda suficiente. A principal saída por eles encontrada foi tornar-se boias-frias. Os boias-frias são trabalhadores assalariados rurais que foram expulsos de suas terras e já não estão mais vinculados a ela; recebem por contrato, geralmente em diárias. Essa categoria surgiu nos anos 70 em decorrência da situação criada pelas novas formas de organização econômica no campo, quando chegam as grandes empresas e expulsam os agricultores de suas terras. Alguns boias-frias permanecem no campo e outros migram, como é o caso das migrações para São Paulo. Os que optam por migrar acabam por viverem à margem da sociedade e são constituintes fundamentais de problemas urbanos como a criminalidade e a prostituição infantil. Outras formas de obter renda foram encontradas por esses trabalhadores que ainda possuem suas terras várzeas e estão vinculados a ela. Quando conseguem produzir algum excedente, este é vendido em feiras. Alguns camponeses foram trabalhar em outra propriedade; esses trabalhadores são chamados de macaqueiros. Outro tipo de trabalho realizado por moradores que ainda possuem a terra é o artesanato. Esse artesanato é um produto de alta qualidade vendido a um alto preço. Na região Nordeste, por sua vez, o sistema predominante era o das parcerias e meias, onde os trabalhadores têm de dividir todo o algodão (produto predominante) produzido com o proprietário, além de dividir também a sua produção de subsistência (laranja, milho, etc), apesar de às vezes os proprietários exigirem apenas o algodão. Os grandes proprietários dão uma casa ao trabalhador e à sua família, cujo tamanho varia de acordo com o tamanho da família (é dada preferência às famílias que têm mais filhos, porque assim eles poderão labutar junto com os pais). Os trabalhadores desse regime têm de comprar produtos no chamado barracão, se endividam, e acabam entrando numa escravidão por dívida (que pode ser contraída também por antecipações feitas com o proprietário, que nunca poderão ser pagas, pois a produção nunca é suficiente e o trabalhador não pode pedir empréstimo ao banco, porque os juros são altíssimos e ele não consegue um avalista, uma vez que o proprietário nunca aceita ser). O proprietário ainda consegue se sair como bondoso, pois dá prazos para o trabalhador e a chance de pagar a dívida com a própria produção – o que nunca acontece – e muitas vezes isso gera um curral eleitoral. Os trabalhadores recebem as terras de menor produtividade, pois as melhores ficam com o proprietário (que tem como principais atividades a plantação de algodão, a criação de gado e a agricultura de subsistência), o que dificulta a obtenção de uma boa colheita. Além disso, eles não podem reformar a casa que recebem – que chega em condições precárias – pois futuramente isso lhes daria chance de exigir direitos sobre a propriedade. Quando chega a hora de vender a produção, os trabalhadores também sofrem, pois PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR200 GEOGRAFIA II 09 MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA o veredito sobre a qualidade do algodão colhido é do produtor, que também mente na hora da pesagem do produto. Entretanto, com a chegada do novo modelo agropecuário, a situação piorou para os proprietários. Com isso a parceria já não era interessante para eles, que agora queriam criar gado, e para isso, convenceram os trabalhadores a irem para a cidade buscar uma vida melhor. Porém, o que os esperava era o inchaço urbano e diversos problemas como o desemprego. PROTREINO EXERCÍCIOS 01. Cite dois fatores que justificam a subordinação do espaço rural brasileiro na atualidade com relação ao espaço urbano. 02. Explique a dificuldade atual em delimitar o que é o urbano e o que é o rural. 03. Explique o que são os Complexos Agroindustriais (CAIs). 04. Explique como ocorre a especulação fundiária. 05. Caracterize os boias-frias. PROPOSTOS EXERCÍCIOS 01. (ENEM PPL 2012) A necessidade de se especializar, de forma talvez indireta, aproximou significativamente o campo e a cidade, na medida em que vários aparatos tecnológicos advindos do espaço urbano foram incorporados às práticas agrícolas. Maquinários altamente modernos, insumos industrializados na lavoura são fatores que contribuíram para uma nova forma de produzir no campo, cada vez com maior rapidez e especialização. OLIVEIRA, E B S. “Nova relação campo-cidade: tendências do novo rural brasileiro”. Revista Geografia. (São Paulo: Escala Educacional, maio 2011 – adaptado) Com base na aproximação indicada no texto, uma consequência da modernização técnica para os sistemas produtivos dos espaços rurais encontra-se em: a) Exigência de mão de obra com qualificação. b) Implementação da atividade do ecoturismo. c) Aumento do número de famílias assentadas. d) Demarcação de terras para povos indígenas. e) Ampliação do crédito à agricultura familiar. 02. (ENEM 2010) A maioria das pessoas daqui era do campo. Vila Maria é hoje exportadora de trabalhadores. Empresários de Primavera do Leste, Estado de Mato Grosso, procuram o bairro de Vila Maria para conseguir mão de obra. É gente indo distante daqui 300, 400 quilômetros para ir trabalhar, para ganhar sete conto por dia. (Carlito, 43 anos, maranhense, entrevistado em 22.03.98). Ribeiro, H. S. O migrante e a cidade: dilemas e conflitos. Araraquara: Wunderlich, 2001. Adaptado. O texto retrata um fenômeno vivenciado pela agricultura brasileira nas últimas décadas do século XX, consequência: a) dos impactos sociais da modernização da agricultura. b) da recomposição dos salários do trabalhador rural. c) da exigência de qualificação do trabalhador rural. d) da diminuição da importância da agricultura. e) dos processos de desvalorização de áreas rurais. 03. (ENEM 2010) Antes, eram apenas as grandes cidades que se apresentavam como o império da técnica, objeto de modificações, suspensões, acréscimos, cada vez mais sofisticadas e carregadas de artifício. Esse mundo artificial inclui, hoje, o mundo rural. SANTOS, M. A Natureza do Espaco. São Paulo: Hucitec, 1996. Considerando a transformação mencionada no texto, uma consequência socioespacial que caracteriza o atual mundo rural brasileiro é a) a redução do processo de concentração de terras. b) o aumento do aproveitamento de solos menos férteis. c) a ampliação do isolamento do espaço rural. d) a estagnação da fronteira agrícola do país. e) a diminuição do nívelde emprego formal. 04. (ENEM 2009) Entre 2004 e 2008, pelo menos 8 mil brasileiros foram libertados de fazendas onde trabalhavam como se fossem escravos. O governo criou uma lista em que ficaram expostos os nomes dos fazendeiros flagrados pela fiscalização. No Norte, Nordeste e Centro- Oeste, regiões que mais sofrem com a fraqueza do poder público, o bloqueio dos canais de financiamento agrícola para tais fazendeiros tem sido a principal arma de combate a esse problema, mas os governos ainda sofrem com a falta de informações, provocada pelas distâncias e pelo poder intimidador dos proprietários. Organizações não governamentais e grupos como a Pastoral da Terra têm agido corajosamente, acionando as autoridades públicas e ministrando aulas sobre direitos sociais e trabalhistas. “Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo”. Disponível em: http://www.mte. gov.br. Acesso em: 17 mar. 2009 (adaptado). Nos lugares mencionados no texto, o papel dos grupos de defesa dos direitos humanos tem sido fundamental, porque eles a) negociam com os fazendeiros o reajuste dos honorários e a redução da carga horária de trabalho. b) defendem os direitos dos consumidores junto aos armazéns e mercados das fazendas e carvoarias. c) substituem as autoridades policiais e jurídicas na resolução dos conflitos entre patrões e empregados. d) encaminham denúncias ao Ministério Público e promovem ações de conscientização dos trabalhadores. e) fortalecem a administração pública ao ministrarem aulas aos seus servidores. 05. (UERJ 2009) É verdade que mudaram radicalmente as relações cidade-campo. Mas não foram mudanças que reduziram o contraste entre ambos, por mais que a estrutura ocupacional da economia rural tenha se tornado semelhante à da economia urbana. Nos Estados Unidos, os serviços garantem mais da metade dos empregos rurais e a indústria, quase um quinto. Mas o valor do espaço rural está cada vez mais ligado a tudo o que se opõe à cidade. Na verdade, o desenvolvimento leva à revalorização do ambiente natural e não à "urbanização do campo" visualizada por Marx em manuscritos de 1857-8. JOSÉ ELI DA VEIGA. Adaptado de Cidades imaginárias - O Brasil é menos urbano do que se calcula. Campinas: Autores Associados, 2002. A partir das informações do texto, podemos concluir que a distinção entre cidade e campo vincula-se ao estabelecimento da diferença entre espaço e atividades econômicas. Essa distinção está adequadamente expressa em: a) o campo não é lugar adequado à instalação de indústrias. b) o espaço rural não é sinônimo de atividades primárias. c) o espaço urbano não é compatível com a prática do ecoturismo. PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 09 MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA 201 GEOGRAFIA II d) a cidade não é o local de predomínio dos setores secundário e terciário. 06. (UNICAMP - ADAPTADA 2018) Assinale a alternativa correta sobre a presença de agrotóxicos e de sementes transgênicas na agricultura brasileira. a) O uso de agrotóxicos e sementes transgênicas associa-se à busca de maior produtividade, sobretudo em áreas de fronteira agrícola. b) As sementes transgênicas e o uso de agrotóxicos adequados ampliaram o interesse de países da União Europeia pelos produtos agrícolas brasileiros. c) O uso de agrotóxicos no Brasil reduziu a necessidade de aproveitamento das sementes transgênicas nos cultivos agrícolas de grãos no país. d) Por ser signatário de acordos internacionais, o Brasil reduziu o uso de agrotóxicos e sementes transgênicas em áreas próximas a mananciais. e) O uso de agroquímicos tem diminuído em função das demandas de organizações ambientalistas internacionais. 07. (FUVEST 2020) Sobre a produção agrícola brasileira e os dados apresentados nos cartogramas, é correto afirmar: a) A agricultura familiar, que utiliza a maior extensão de terras agricultáveis do país, foi responsável pela produção da maior parte do volume agrícola exportado. b) A agricultura familiar, que utiliza uma extensão de terras menor que a agricultura não familiar, tem destaque na produção de alimentos para o mercado interno. c) A agricultura não familiar, que detém a maior extensão de terras agricultáveis do país, consiste em uma barreira ao desenvolvimento das atividades ligadas ao agronegócio. d) A agricultura não familiar, que apresenta o maior número de estabelecimentos rurais no país, é responsável pela produção de parte das chamadas commodities brasileiras. e) A concentração fundiária foi superada no país em função de a agricultura familiar ocupar, com seus estabelecimentos, a maior parte das terras. 08. (UERJ 2005) A maior notícia que neste momento o governo pode dar ao país (...): trata-se dos 50 milhões de hectares que, até o começo de dezembro, serão tomados de grileiros no Amazonas. É quase um terço do estado, que tem 153 milhões de hectares. Mas só um quarto maior do que os 39,6 milhões de hectares cancelados até a semana passada, sem qualquer anúncio oficial. (...) A desembargadora Marinildes Costeira de Mendonça Lima encontrou municípios em que havia mais grilagem do que terras. (CORRÊA, Marcos Sá. "Jornal do Brasil", 28/10/2001.) Em contraponto à grande disponibilidade de terras, o processo de grilagem na Amazônia avança associado à seguinte situação: a) especulação fundiária, buscando maior lucratividade. b) demanda acentuada por terra, determinando novas invasões. c) procura de terras devolutas, ampliando a produção agrícola extensiva. d) ausência da fiscalização do Estado, propiciando o aumento de latifúndios. 09. (FUVEST 2014) Considere as anamorfoses: As condições da produção agrícola, no Brasil, são bastante heterogêneas, porém alguns aspectos estão presentes em todas as regiões do País. Nas anamorfoses acima, estão representadas formas de produção agrícola das diferentes regiões administrativas. Assinale a alternativa que contém, respectivamente, a produção agrícola representada em I e em II. a) De subsistência e patronal. b) Familiar e itinerante. c) Patronal e familiar. d) Familiar e de subsistência. e) Itinerante e patronal. PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR202 GEOGRAFIA II 09 MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA 10. (UNICAMP 2015) O território brasileiro se caracteriza por uma vasta gama de usos agrícolas em função de sua sociodiversidade, que inclui as populações caiçaras, as geraizeiras, as ribeirinhas e as faxinalenses. São características dessas populações: a) dedicação à pesca artesanal, agricultura de pousio, espaços destinados a usos comuns e cultivo de gêneros alimentícios voltado para a subsistência e o mercado local. b) dedicação à pesca predatória, agricultura de pousio, espaços destinados ao arrendamento e cultivo de cana-de-açúcar voltado para a produção de biocombustível. c) dedicação à pesca artesanal, agricultura científica de precisão, espaços destinados a usos privados e cultivo de gêneros alimentícios voltado para o mercado local. d) dedicação à pesca predatória, agricultura equiparável ao agronegócio, espaços destinados a usos comuns e cultivo de plantas voltado para a indústria química. 11. (ENEM) A manutenção da produtividade de grãos por hectare tem sido obtida, entre outros, graças ao aumento do uso de fertilizantes. Contudo, a incapacidade de regeneração do solo no longo prazo mostra que, mesmo aumentando o uso de fertilizantes, não é possível alcançar a mesma produtividade por hectare. PORTO-GONÇALVES, C. W. A globalização da natureza e a natureza da globalização. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006 (adaptado). No contexto descrito, uma estratégia que tem sido utilizada para a manutenção dos níveis de produtividade é o(a) a) elevação do valor final do produto. b) adoção de políticas de subvenção. c) ampliação do modelo monocultor. d) investimento no uso da biotecnologia. e) crescimento da mão de obra empregada. 12. (ENEM) A agricultura ecológica e a produção orgânica de alimentos estão ganhando relevância em diferentes partes do mundo. No campo brasileiro, tambémacontece o mesmo. Impulsionado especialmente pela expansão da demanda de alimentos saudáveis, o setor cresce a cada ano, embora permaneça relativamente marginalizado na agenda de prioridades da política agrícola praticada no país. AQUINO. J. R.; GAZOLLA. M.; SCHNEIDER. S. In: SAMBUICHI. R. H. R. et aI. (Org.). A política nacional de agroecologia e produção orgânica no Brasil: uma trajetória de luta pelo desenvolvimento rural sustentável. Brasília: Ipea. 2017 (adaptado). Que tipo de intervenção do poder público no espaço rural é capaz de reduzir a marginalização produtiva apresentada no texto? a) Subsidiar os cultivos de base familiar. b) Favorecer as práticas de fertilização química. c) Restringir o emprego de maquinário moderno. d) Controlar a expansão de sistemas de irrigação. e) Regulamentar o uso de sementes selecionadas. 13. (ENEM) Atualmente não se pode identificar o espaço rural apenas com a agropecuária, pois no campo não há somente essa atividade, embora ela possa ser a mais importante na maioria das regiões situadas no interior do país. Não é procedente se pensar no campo dissociado das cidades. HESPANHOL, A. N. O desenvolvimento do campo no Brasil. In: FERNANDES, B. M.; MARQUES, M. I. M.; SUZUKI, J. C. (Org.). Geografia agrária: teoria e poder. São Paulo: Expressão Popular, 2007 (adaptado). A realidade contemporânea do espaço rural descrita no texto deriva do processo de expansão a) de áreas cultivadas. b) do setor de serviços. c) da proporção de idosos. d) de regiões metropolitanas. e) da mecanização produtiva. 14. (ENEM) Ao longo dos últimos 500 anos, o Brasil viu suas fronteiras do litoral expandirem-se para o interior. É apenas lógico que a Amazônia tenha sido a última fronteira a ser conquistada e submetida aos ditames da agricultura, pecuária, lavoura e silvicultura. A incorporação recente das áreas amazônicas à exploração capitalista tem resultado em implicações problemáticas, dentre elas a destruição do rico patrimônio natural da região. NITSCH, M. O futuro da Amazônia: questões críticas, cenários críticos. Estudos Avançados, n. 46, dez. 2002. Na situação descrita, a destruição do patrimônio natural dessa área destacada é explicada pelo(a) a) distribuição da população ribeirinha. b) patenteamento das espécies nativas. c) expansão do transporte hidroviário. d) desenvolvimento do agronegócio. e) aumento da atividade turística. 15. (ENEM) A expansão da fronteira agrícola chega ao semiárido do Nordeste do Brasil com a implantação de empresas transnacionais e nacionais que, beneficiando-se do fácil acesso à terra e água, se voltam especialmente para a fruticultura irrigada e o cultivo de camarões. O modelo de produção do agro-hidronegócio caracteriza- se pelo cultivo em extensas áreas, antecedido pelo desmatamento e consequente comprometimento da biodiversidade. Disponível em: www.abrasco.org.br. Acesso em: 22 out. 2015 (adaptado). As atividades econômicas citadas no texto representam uma inovação técnica que trouxe como consequência para a região a a) intensificação da participação no mercado global. b) ampliação do processo de redistribuição fundiária. c) valorização da diversidade biológica. d) implementação do cultivo orgânico. e) expansão da agricultura familiar. 16. (ENEM 2016) Participei de uma entrevista com o músico Renato Teixeira. Certa hora, alguém pediu para listar as diferenças entre a música sertaneja antiga e a atual. A resposta dele surpreendeu a todos: “Não há diferença alguma. A música caipira sempre foi a mesma. É uma música que espelha a vida do homem no campo, e a música não mente. O que mudou não foi a música, mas a vida no campo”. Faz todo sentido: a música caipira de raiz exalava uma solidão, um certo distanciamento do país “moderno”. Exigir o mesmo de uma música feita hoje, num interior conectado, globalizado e rico como o que temos, é impossível. Para o bem ou para o mal, a música reflete seu próprio tempo. BARCINSKI. A. Mudou a música ou mudaram os caipiras? Folha de São Paulo, 4 jun. 2012 (adaptado). A questão cultural indicada no texto ressalta o seguinte aspecto socioeconômico do atual campo brasileiro: a) Crescimento do sistema de produção extensiva. b) Expansão de atividades das novas ruralidades. c) Persistência de relações de trabalho compulsório. d) Contenção da política de subsídios agrícolas. e) Fortalecimento do modelo de organização cooperativa. 17. (ENEM 2ª APLICAÇÃO 2016) Durante as três últimas décadas, algumas regiões do Centro-Sul do Brasil mudaram do ponto de vista da organização humana, dos espaços herdados da natureza, incorporando padrões que abafaram, por substituição parcial, anteriores estruturas sociais e econômicas. Essas mudanças ocorreram, principalmente, devido à implantação de infraestruturas viárias e energéticas, além da descoberta de impensadas vocações dos solos regionais para atividades agrárias rentáveis. AB’SABER, A. N. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003 (adaptado). PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 09 MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA 203 GEOGRAFIA II A transformação regional descrita está relacionada ao seguinte processo característico desse espaço rural: a) Expansão do mercado interno. b) Valorização do manejo familiar. c) Exploração de espécies nativas. d) Modernização de métodos produtivos. e) Incorporação de mão de obra abundante. 18. (ENEM 2ª APLICAÇÃO 2016) A característica fundamental é que ele não é mais somente um agricultor ou um pecuarista: ele combina atividades agropecuárias com outras atividades não agrícolas dentro ou fora de seu estabelecimento, tanto nos ramos tradicionais urbano-industriais como nas novas atividades que vêm se desenvolvendo no meio rural, como lazer, turismo, conservação da natureza, moradia e prestação de serviços pessoais. SILVA, J. G. O novo rural brasileiro. Revista Nova Economia, n. 1, maio 1997 (adaptado). Essa nova forma de organização social do trabalho é denominada a) terceirização. b) pluriatividade. c) agronegócio. d) cooperativismo. e) associativismo. 19. (ENEM 2015) Tanto potencial poderia ter ficado pelo caminho, se não fosse o reforço em tecnologia que um gaúcho buscou. Há pouco mais de oito anos, ele usava o bico da botina para cavoucar a terra e descobrir o nível de umidade do solo, na tentativa de saber o momento ideal para acionar os pivôs de irrigação. Até que conheceu uma estação meteorológica que, instalada na propriedade, ajuda a determinar a quantidade de água de que a planta necessita. Assim, quando inicia um plantio, o agricultor já entra no site do sistema e cadastra a área, o pivô, a cultura, o sistema de plantio, o espaçamento entre linhas e o número de plantas, para então receber recomendações diretamente dos técnicos da universidade. CAETANO. M. O valor de cada gota. Globo Rural. n. 312. out. 2011. A implementação das tecnologias mencionadas no texto garante o avanço do processo de a) monitoramento da produção. b) valorização do preço da terra. c) correção dos fatores climáticos. d) divisão de tarefas na propriedade. e) estabilização da fertilidade do solo. 20. (ENEM PPL 2013) O geoturismo é um segmento turístico recente que busca priorizar os aspectos naturais negligenciados pelo ecoturismo: geologia e geomorfologia, como cavernas, sítios paleontológicos, maciços rochosos, quedas d’água etc., proporcionando uma experiência turística que vai além da contemplação, agregando informações sobre a origem e formação dos locais visitados. BENTO, L. C. M.; RODRIGUES, S. C. Geoturismo e geomorfossítios: refl etindo sobre o potencial turístico de quedas d’água – um estudo de caso do município de Indianápolis- MG. In: Revista Geográfica Acadêmica, v. 4, n. 2, 2010. Atualmente, no Brasil, a utilização de pequenas propriedades rurais para a prática descrita pelo texto é indicada como método que a) possibilita a exploração de recursos minerais sem degradação da fauna e da flora locais. b) associaa conservação do bioma a ganhos financeiros para o proprietário da terra. c) permite a migração da população rural sem perda de sua identidade cultural. d) impede o uso das áreas de mata para cultivos dependentes de sombreamento. e) viabiliza a produção agrícola com a utilização de culturas comerciais. 05. APROFUNDAMENTO EXERCÍCIOS DE 01.Somente a partir de meados da década de 1960, a agricultura brasileira inicia o processo de modernização, com a chamada Revolução Verde. Emergem, nessa década, com o processo de modernização da agricultura, novos objetivos e formas de exploração agrícola, originando transformações tanto na pecuária quanto na agricultura. Como consequências do processo, são apontadas, além da acirrada concorrência no que diz respeito à produção, os efeitos sociais e econômicos sofridos pela população envolvida com atividades rurais. Disponível em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/campoterritorio/article/ download/11787/8293.> Acesso em: 17 de fev. 2016. A partir do texto e de seus conhecimentos sobre o assunto, responda: a) No contexto apresentado, quais foram as principais alterações sofridas nas relações de trabalho em virtude do desenvolvimento do capitalismo no campo brasileiro? b) Como esse processo contribuiu para a ampliação de periferias nas cidades? 02. Leia. Multinacionais de alimentos agravam pobreza Documento da ActionAid, apresentado no Fórum Social Mundial de 2011, revela que um pequeno grupo de empresas domina a maior parte do comércio mundial de itens como trigo, café, chá e bananas. Um terço de todo o alimento processado do planeta está nas mãos de apenas 30 empresas. Outras 5 controlam 75% do comércio internacional de grãos. Do total da produção e da venda de agrotóxicos, também 75% são dominados por 6 companhias, e uma única multinacional, a Monsanto, detém 91% do setor de produção e venda de sementes. Adaptado de www.observatoriosocial.org.br O texto faz referência ao processo de modernização da agropecuária mundial, com a formação e a expansão de complexos agroindustriais. Defina o que são complexos agroindustriais. Com base na reportagem, aponte duas consequências socioeconômicas negativas resultantes da situação de reduzida concorrência no setor agrícola. 03. “O processo de disputa territorial é uma das dimensões relevantes da questão agrária que tem se acentuado no país nas duas últimas décadas como reflexo do embate entre os dois principais modelos de desenvolvimento no campo, ou seja, do campesinato e do agronegócio”. JUNIOR, João Cleps. “Questão Agrária, Estado e Territórios em Disputa: os enfoques sobre o agronegócio e a natureza dos conflitos no campo brasileiro” In: SAQUET, Aurélio Marques; SANTOS, Roseli Alves dos. Geografia Agrária, território em desenvolvimento. São Paulo: Expressão Popular, 2010. Indique dois efeitos das transformações capitalistas no campo. 04. Quantidade de Fertilizantes utilizados para colher 1000 kg de cereais Quem mais usa fertilizante 1o Japão - 74,0 kg 2o Reino Unido - 59,0 kg 3o Rússia - 53,3 kg 4o China - 50,0 kg 5o Brasil - 43,3 kg 6o EUA - 27,5 kg 7o Nigéria - 20,0 kg 8o Índia - 20,0 kg PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR204 GEOGRAFIA II 09 MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA O cultivo de cereais exemplifica as exigências da produção agrícola no que diz respeito ao uso de insumos, principalmente de fertilizantes (conforme informações no quadro) e defensivos químicos (pesticidas e herbicidas). Sabe-se que a modernização da agricultura se realiza em escala mundial. Em face disso, explique por que esta modernização tornou a agricultura uma prática de degradação dos chamados recursos renováveis (água, solos) e de consumo dos recursos não renováveis (minerais). 05. A atividade agropecuária em Goiás vem se modernizando bastante nas últimas décadas. Dentre os elementos que podem comprovar tal modificação estão o aumento na venda de agrotóxicos e a comercialização de máquinas agrícolas, com a implementação do chamado agribusiness. Em Goiás, esse setor tem como seus grandes representantes os complexos cereais- carne e sucroalcooleiro. A respeito dessa modernização da atividade agropecuária em Goiás, responda ao que se pede. a) Identifique a região de predominância desses complexos. b) Identifique os reflexos dessa atividade na estrutura fundiária. GABARITO EXERCÍCIOS PROPOSTOS 01. A 02. A 03. B 04. D 05. B 06. A 07. B 08. A 09. C 10. A 11. D 12. A 13. B 14. D 15. A 16. B 17. D 18. B 19. A 20. B EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO 01. a) A penetração do capitalismo no campo, processo que subordina o campo à cidade, substitui as relações de colonato e percenteiros por trabalho assalariado e/ou temporário, além de contribuir largamente para o desemprego ao substituir a mão de obra pela mecanização. b) A capitalização do campo reduz ou elimina a figura do lavrador, cuja perspectiva passa a ser o fluxo migratório para a cidade – êxodo rural – compondo e ampliando a periferia dos centros urbanos. 02. Os complexos agroindustriais ou do agronegócio são complexas cadeias produtivas que articulam a produção agropecuária com a produção industrial e o setor terciário (comércio, serviços e finanças), a exemplo da produção de soja para exportação, intermediada por transnacionais, e vendida para diferentes indústrias (óleo, ração para animais, etc.). Entre as consequências negativas da prevalência das transnacionais no agronegócio estão a elevação dos preços dos alimentos devido à lucratividade das empresas, o que pode fazer com que parcelas da população mais pobre não tenham acesso à alimentação. Outra consequência é o aumento da dependência do agricultor em relação às empresas produtoras de sementes, inclusive transgênicos (Monsanto), de agrotóxicos e fertilizantes. Também tem-se a exploração dos pequenos proprietários por grandes empresas, a exemplo daqueles que vendem a produção pecuária (aves e suínos) para a indústria de alimentos. 03. Podem ser considerados como consequência do processo de modernização do campo: a utilização de maquinários, insumos (defensivos, fertilizantes, sementes selecionadas) e transgênicos; o aumento da produção e da produtividade; a financeirização e latifundiarização da produção; o êxodo rural; o aquecimento da produção para o mercado externo. 04. A padronização tecnológica da agricultura desorganiza os ecossistemas, degradando os solos e afetando os mananciais e a qualidade da água de rios e lagos. As sementes usadas em laboratórios são exigentes em termos de água, defensivos e adubos químicos, o que provoca a degradação do ambiente nas áreas agrícolas. O consumo de defensivos, fertilizantes e combustíveis, que têm por base o uso químico de substâncias de origem mineral (potássio, calcário, petróleo etc.). 05. A partir dos anos 1980, houve forte expansão agropecuária na região Centro-Oeste. Os movimentos migratórios dos anos 1970, com grande participação de populações oriundas da região Sul, o plantio de soja e a expansão pecuária, irão transformar gradativamente a região numa grande produtora de grãos, carne e cana-de-açúcar. O capital acumulado e a urbanização como formas de reorganização da produção agropecuária, transformam-se no agronegócio. a) O complexo carne-cereais localiza-se mais no sudoeste do Estado de Goiás e o complexo sucroalcooleiro, embora na mesma região de Estado, aparece mais na microrregião de Cereais. b) O agronegócio, para atingir os níveis de produção em escala, acabou favorecendo um aumento significativo da concentração fundiária. ANOTAÇÕES
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