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09 Modernização agricola

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GEOGRAFIA II
PRÉ-VESTIBULAR 197PROENEM.COM.BR
MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA09
A MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA E AS 
TRANSFORMAÇÕES NO CAMPO
Com as revoluções industriais, o espaço rural se tornou cada 
vez mais integrado – e subordinado ao espaço urbano. Atualmente 
é difícil distinguir com precisão exata os limites que separam 
o que é urbano daquilo que é rural. Além disso, a modernização 
tecnológica e o aumento na circulação de informações entre o 
campo e a cidade fez com que a própria vida no campo sofresse 
modifi cações signifi cativas. Portanto, o rural e o urbano não devem 
ser mais pensados como recortes territoriais isolados, como 
tradicionalmente o foram, mas como espaços interdependentes 
e complementares. Sendo assim, entender a relação campo-
cidade é essencial, pois tanto o rural quanto o urbano não podem 
ser entendidos separadamente, já que a velha dicotomia de que o 
urbano é signifi cado de moderno e o rural signifi cado de arcaico 
não faz mais sentido na atualidade.
No Brasil dos dias de hoje, a zona rural, agora subordinada 
aos interesses urbanos, orienta sua produção para a satisfação 
direta ou indireta da cidade, que investe no campo maciçamente, 
reproduzindo ainda mais essa situação de dependência. Logo, são 
características do espaço rural brasileiro na atualidade: 
• p rodução de itens para a exportação.
• produção de matérias-primas para o setor industrial.
• produção de alimentos para o grande contingente 
populacional das cidades.
Em suma, a industrialização e modernização de nossa 
economia subordinaram o campo à cidade. Mais ainda, 
modifi caram a orientação da produção rural, mantendo a estrutura 
fundiária arcaica e transformando o campo em um mercado de 
consumo de itens como máquinas e tecnologia, cujo capital se 
reverte em lucro para as cidades.
NOVAS RURALIDADES
Uma das consequências da modernização do espaço 
rural é um crescimento do número de trabalhadores que 
deixaram de praticar apenas atividades primárias (agricultura, 
pecuária e extrativismo) e passaram a integrar o setor 
terciário (prestação de serviços e comércio) com o objetivo 
de complementar a sua renda. A criação de hotéis-fazenda, 
o ecoturismo e as atividades de camping são exemplos 
dessa nova tendência de "terciarização do campo" e de 
"pluriatividade".
Tudo isso difi culta cada vez mais a delimitação do que é 
urbano e do que é rural e marca cada vez mais a existência de 
espaços integrados e dinâmicos.
Fazem parte então dessas novas ruralidades, a existência 
de novos atores, novas atividades econômicas e serviços 
prestados, além de novas relações de trabalho e as questões 
fundiárias.
FORMAÇÃO DOS COMPLEXOS 
AGROINDUSTRIAIS 
A defi nição de complexo agroindustrial (CAI) pode ser feita 
considerando-o como “conjunto de todas as operações que 
englobam a produção e distribuição dos insumos rurais, as 
operações em nível de exploração rural; e o armazenamento, 
processamento e distribuição dos produtos agrícolas e de 
seus subprodutos”. Muitas propriedades agrícolas deixaram 
suas atividades de subsistência e deram início a uma operação 
comercial, na qual os agricultores consomem cada vez menos o 
que produzem. O moderno agricultor é um especialista, confi nado 
às operações de cultivo e criação. Por outro lado, as funções 
de armazenar, processar e distribuir alimento e fi bra vão se 
transferindo, em larga escala, para organizações além da fazenda.
Essas organizações transformaram-se em operações 
altamente especializadas. Criou-se um novo arranjo de funções que 
são necessárias antes mesmo de a produção agrícola ser iniciada: 
a produção de insumos agrícolas e fatores de produção, incluindo 
máquinas e implementos, tratores, combustíveis, fertilizantes, 
suplementos para ração, vacinas e medicamentos, sementes 
melhoradas, inseticidas, herbicidas, fungicidas e muitos itens mais, 
além de serviços bancários, técnicos de pesquisa e informação. 
Ou seja, os complexos agroindustriais são característicos do 
agronegócio, e incluem atividades do setor primário (agropecuária), 
secundário (indústria) e terciário (comércio e serviços).
Portanto, um complexo agroindustrial é a junção de todas as 
fases da agricultura e sua produção, onde há uma integração das 
indústrias de insumo e de processamento – controladas, quase 
que totalmente, pelas grandes empresas. A estrutura da produção, 
bem como o tipo de trabalho a ser utilizado depende do produto 
cultivado. Como exemplo, no caso da uva, do fumo e do mate, o 
trabalho é familiar e a produção é, assim, terceirizada; já na cana-
de-açúcar, laranja e cacau são necessárias grandes extensões 
de terra, então a indústria produz e compra o restante de grandes 
fornecedores, e o trabalho é assalariado; e no caso da soja há um 
alto nível de mecanização em todas as etapas da produção, o 
que requer o uso de trabalhadores assalariados com alto grau de 
qualifi cação, capazes de operar as máquinas utilizadas.
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR198
GEOGRAFIA II 09 MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA
Atualmente os complexos agroindustriais brasileiros 
desempenham uma significativa importância na economia do 
país, se consideradas todas as instituições que desenvolvem 
atividades no processo de produção, elaboração e distribuição dos 
produtos da agricultura e pecuária – envolvendo desde a produção 
e fornecimento de recursos, até que o produto final chegue nas 
mãos dos consumidores. Entre as instituições que constituem os 
CAIs estão, além daquelas diretamente envolvidas no processo, 
as de apoio indireto à realização das atividades na tomada de 
decisões – como o governo e suas políticas e o sistema financeiro 
e de crédito. Sendo assim, observa-se que atualmente existe uma 
inserção máxima do capitalismo no espaço agrícola, marcando 
transformações nas relações entre o meio agrícola e o meio rural.
A ESPECULAÇÃO FUNDIÁRIA
O novo modelo econômico do campo tem duas formas de 
investimento: a produção, por meio da criação dos complexos 
agroindustriais (explicado anteriormente), e a especulação fundiária.
O investimento em terras especulativas acontece por meio 
da compra de imensas terras no país, mantidas como reserva de 
valor. Ocorre da seguinte forma: os empresários compram uma 
terra e esperam o local se valorizar bastante para que possam 
vender mais caro do que compraram. Com essas terras em mãos, 
os investidores também podem lucrar por meio do crédito rural. 
Para isso, primeiro eles podem burlar os técnicos do governo, de 
modo a fingir que a terra seja produtiva e ganhar o “rótulo” de 
empresa rural. Isso pode ser feito através de uma propina dada ao 
técnico, ou até mesmo enganá-lo, como ocorre em muitos casos: 
o fazendeiro agenda a vistoria com o técnico – que geralmente não 
dispõe de recursos financeiros para vistoriar toda a área – e lhe 
fornece o transporte, tendo tempo assim de deslocar o gado para 
as áreas onde o técnico irá vistoriar, e fingir que está produzindo; 
depois, vão até o banco e pedem o crédito, que vem a juros baixos; 
por fim, ele reinveste o dinheiro do crédito em outro banco, numa 
aplicação mais rentável, obtendo assim o seu lucro. Além disso, o 
empresário que tem a terra em seu poder ainda pode explorar os 
recursos naturais dela, como a madeira. 
Pela lei, essas terras especulativas (improdutivas) poderiam 
entrar na reforma agrária, e isso mostra a existência de senão uma 
manipulação, no mínimo uma conivência quanto à classificação 
das propriedades em favorecimento desses empresários, causando 
assim a revolta dos sem-terra que lutam pela distribuição de terras. 
Nos últimos 30 anos 600 mil famílias foram assentadas em uma 
área de 30 milhões de hectares no total, com um custo de 24 
milhões de reais, e na maioria dos assentamentos as famílias ainda 
estão no estágio de agricultura de subsistência. A demora dessas 
famílias em desenvolver sua produção se dá, principalmente, 
devido à dificuldade na obtenção do crédito rural. Este não é 
dado normalmente aos pequenos produtores, visto que eles não 
possuem garantiaspara o pagamento do empréstimo. Além disso, 
é necessário apresentar um projeto de implantação de tecnologia 
na produção, utilizando todos os produtos modernos fornecidos 
pela indústria – esse é o modo encontrado pelo Estado para levar 
efetivamente a tecnologia ao campo.
AS NOVAS RELAÇÕES DE TRABALHO 
NO CAMPO
O novo modelo também gerou mudança na organização do 
trabalho agrícola. Dessa forma, passaram a existir duas categorias 
principais: o trabalho familiar e o trabalho assalariado.
• Trabalho Assalariado - Pode ser permanente ou 
temporário. 
 – Permanente - geralmente tem carteira assinada e 
uma maior especialização (exemplo: operadores de 
colheitadeiras)
 – Temporário - é aquele aliciado por empreiteiros 
(gatos) e que recebe de acordo com a produção, 
estando sujeito a péssimas condições de trabalho, 
excesso de horas trabalhadas e exposição direta ao 
uso de agrotóxicos.
• Trabalho Familiar - Pode ser dividido em integrados, 
especializados, sitiantes e subsistentes.
 – Integrados - conjuntos de pequenos produtores 
que vendem a sua produção para empresas de 
processamento, tem acesso a sua tecnologia e 
cultivam apenas um único tipo de produto que varia de 
acordo com o mercado.
 – Especializados - também usam tecnologia e cultivam 
um único produto, diferenciando-se dos integrados 
pelo fato de não terem contrato estabelecido com uma 
empresa.
 – Sitiantes - não têm acesso a tecnologia, e por isso 
precisam plantar diferentes culturas (para não 
danificar o solo).
 – Subsistentes - são pequenos produtores sem 
tecnologia, que plantam multiculturas em consumo 
próprio, ou seja, para a sua subsistência.
O panorama rural das cidades onde o modelo agroindustrial 
se implantou também mudou drasticamente. As pequenas e 
médias cidades do interior que têm suas economias baseadas 
no agronegócio apresentam alta qualidade de vida e muitas 
oportunidades de emprego qualificado - há demanda por 
operadores de máquinas, mecânicos e técnicos agrícolas. Junto 
com a agroindústria chegam shoppings, bancos, lojas de grifes, 
universidades e centros de excelência. Há desenvolvimento do 
segmento rural, aumento da produtividade e do valor agregado da 
produção. Isso chamou a atenção de um novo tipo de migrante, 
atraído pela qualidade de vida.
Entretanto, para que essas cidades se tornassem um polo atrativo 
para este migrante, a antiga população local muitas vezes acabou 
sofrendo e tendo que se adaptar ao novo padrão recém-implantado, 
ou até mesmo expulsa. As regiões da Amazônia, Vale do Jequitinhonha 
e Nordeste denotam claramente esses efeitos práticos.
A região Amazônica, apesar de não ser a única, historicamente 
sempre foi uma área marcada pela escravidão, passando por vários 
estágios até chegar ao atual, o da exploração pelo agronegócio. 
Antes dos anos 70 a região era uma grande exportadora de 
borracha. Por conta da descoberta do látex, a região precisou de 
uma grande demanda de trabalhadores, e o governo incentivou o 
envio de mão-de-obra para lá. Estes eram, em geral, provenientes 
do Nordeste, que fugiam de mais uma das secas periódicas locais, 
e ao chegar na Amazônia eram distribuídos em seringais, que 
apesar de estarem em terras públicas tinham dono – por meio 
da grilagem. Os seringueiros eram, assim, obrigados a vender sua 
produção ao dono do seringal, pelo preço por ele estipulado.
Nos anos 70, porém, os projetos de integração do governo 
federal, com o objetivo de desenvolver a região, provocaram 
drásticas transformações no local. Surgia aí uma estrutura de 
trabalho que engloba grileiros, gatos, peões e empresários. Dentro 
do contexto dos seringueiros, ficou famosa internacionalmente a 
luta de Chico Mendes, em prol da criação de reservas extrativistas 
livres e contra a transformação da floresta em pastagens. Ele foi 
assassinado, mas sua luta deu resultados. Foram criadas reservas 
que provocaram uma alteração na estrutura da extração do látex.
Hoje existem duas categorias: os seringueiros libertos e os 
cativos.
Seringueiros libertos - trabalham nas reservas extrativistas, se 
organizam em cooperativas e vendem a produção a quem quiserem.
Seringueiros cativos - vivem em um regime de semiescravidão, 
sendo obrigados a trabalhar em um regime de meia com os donos, 
dividindo a produção com ele e tendo uma cota mínima por ano, 
PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR
09 MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA
199
GEOGRAFIA II
além de terem de pagar um “aluguel” em espécie pela terra e 
não poderem plantar qualquer coisa sem receber um aval para 
isso. Estes tem que comprar suprimentos na cantina do seringal 
aumentando assim a sua dívida. Tudo isso ocorre sob os olhares 
dos pistoleiros armados para garantir o cumprimento das ordens 
e impedir fugas.
O aumento da crise se deu em 1970, quando o governo militar 
decidiu resolver dois problemas simultaneamente: o excedente 
populacional do Sul provocado pela mecanização do campo e 
da seca do Nordeste e também povoar a áreas desabitadas da 
Amazônia, vista como uma porta de entrada para os vizinhos, 
aumentando assim a segurança nacional.
O governo incentivava projetos de colonização e também 
a implantação de grandes fazendas para a criação de gado. 
Isso gerou grandes conflitos entre os empresários, índios locais, 
seringueiros, posseiros, entre outros, porque os fazendeiros recém-
chegados ocuparam as áreas onde antes estavam os posseiros 
(pessoas que moravam em terras públicas) através do trabalho dos 
grileiros (pessoas que legalizam as terras por meio de documentos 
falsos). O ramo da pecuária era muito disputado, e essas fazendas 
necessitavam de mão-de-obra temporária e barata, que não 
estava disponível no local. Os fazendeiros, então, designavam 
empreiteiros, os chamados gatos, para recrutar trabalhadores. 
Estes calculam quantos trabalhadores serão necessários e vão 
em busca dos peões. O gato é o responsável por obter também 
o equipamento que será utilizado, os mantimentos e objetos para 
a cantina, além de contratar capatazes, pistoleiros, o cantineiro, o 
cozinheiro, o enfermeiro, o caminhoneiro e o policial que finge não 
ver o pau-de-arara que passa pela barreira policial abarrotado de 
peões. Existem dois tipos de peões: os moradores e os do trecho. 
Os peões moradores são os da região; têm um lugar para morar 
e possuem família. Eles formam grupos de trabalho com parentes 
e amigos e geralmente pegam serviços com o mesmo gato. Os 
peões do trecho – também chamados de peões rodados -, por sua 
vez, são praticamente marginais. Estão na rua há tempo e muitos 
não têm documentos; são, em geral, analfabetos, não percebem 
que estão sendo lesados e têm dificuldade para entender o destino 
do dinheiro. Há preconceito com eles: a maioria das pessoas os 
considera bêbados, mulherengos e brigões. Grande parte deles 
vem de estados como o Maranhão, Piauí, Ceará e Bahia. São 
aventureiros que deixaram sua família para trás e provavelmente 
nunca mais voltarão a vê-la. Alojam-se em pensões que são 
ligadas aos gatos, pois é lá que eles vão buscar os peões.
A região do Vale do Jequitinhonha ocupa cerca de 85 mil km² 
e possui uma população de aproximadamente 400 mil pessoas. 
Havia exploração de minérios na área, dotada de diamante e ouro. 
Com a decadência da mineração, foram se formando grandes 
fazendas; a agricultura de subsistência e a caça também faziam 
parte das atividades locais.
Nas partes baixas da região – nas várzeas – os camponeses 
viviam e faziam uma agricultura de subsistência; nos chapadões, ou 
seja, nas partes altas, eles soltavam o gado e cultivavam madeira. 
O chapadão não tinha cerca, e logo não havia propriedade privada. 
A terra era distribuída entre os moradores de acordo com as suas 
necessidades de subsistência, ou seja, a demarcação de terras 
era “apalavrada”: se uma família era maior que a outra, logo tinha 
direito a uma porção maior das terras. Eles dependiam totalmente 
das áreas do chapadão, pois além de criarem o gado, era lá onde 
eles caçavam, colhiam frutas e ervas medicinais.Isso possibilitava 
também a manutenção da floresta nativa, protegendo assim a área 
de problemas de erosão e escassez de água.
Porém, assim como na Amazônia, no início dos anos 70, 
chegaram ao Vale empresários que implantaram grandes projetos 
de agricultura e pecuária para exportação. Esse projeto tinha 
novamente o Estado como agente indutor, pois foi o governo 
federal que deu incentivos fiscais, que no caso do Jequitinhonha 
visavam levar a “modernidade e sabedoria” até essa área 
considerada atrasada tecnologicamente, com uma cultura pobre e 
com atividade produtiva ultrapassada.
Os moradores, analfabetos e sem escritura, tiveram que vender 
suas terras a preços mínimos para os grileiros, que legalizaram 
as propriedades para os empresários. O chapadão foi então 
ocupado por eucaliptos (matéria-prima da celulose, que faz o 
papel, e necessária para a produção de carvão), pela pecuária e por 
culturas de café. A plantação de eucaliptos, entretanto, causou o 
agravamento da seca, já que a árvore tem raízes muito profundas, 
que atingem e “sugam” a água dos lençóis freáticos, modificando o 
curso e secando os rios.   
Essas mudanças na configuração espacial do Vale do 
Jequitinhonha dificultaram muito a sobrevivência dos antigos 
moradores do local. Esses pequenos camponeses e suas famílias, 
expulsos do chapadão, perderam sua fonte de recursos alimentares, 
dinheiro e ervas medicinais. Tiveram assim que explorar muito suas 
terras várzeas, porém não tinham recurso para isso. Agora tinham 
de comprar remédios nas farmácias, comida nos mercados, porém 
não tinham para isso uma fonte de renda suficiente. A principal 
saída por eles encontrada foi tornar-se boias-frias.
Os boias-frias são trabalhadores assalariados rurais que 
foram expulsos de suas terras e já não estão mais vinculados a 
ela; recebem por contrato, geralmente em diárias. Essa categoria 
surgiu nos anos 70 em decorrência da situação criada pelas novas 
formas de organização econômica no campo, quando chegam 
as grandes empresas e expulsam os agricultores de suas terras. 
Alguns boias-frias permanecem no campo e outros migram, como 
é o caso das migrações para São Paulo. Os que optam por migrar 
acabam por viverem à margem da sociedade e são constituintes 
fundamentais de problemas urbanos como a criminalidade e a 
prostituição infantil. 
Outras formas de obter renda foram encontradas por esses 
trabalhadores que ainda possuem suas terras várzeas e estão 
vinculados a ela. Quando conseguem produzir algum excedente, 
este é vendido em feiras. Alguns camponeses foram trabalhar 
em outra propriedade; esses trabalhadores são chamados de 
macaqueiros. Outro tipo de trabalho realizado por moradores 
que ainda possuem a terra é o artesanato. Esse artesanato é um 
produto de alta qualidade vendido a um alto preço.
Na região Nordeste, por sua vez, o sistema predominante era 
o das parcerias e meias, onde os trabalhadores têm de dividir todo 
o algodão (produto predominante) produzido com o proprietário, 
além de dividir também a sua produção de subsistência (laranja, 
milho, etc), apesar de às vezes os proprietários exigirem apenas 
o algodão. Os grandes proprietários dão uma casa ao trabalhador 
e à sua família, cujo tamanho varia de acordo com o tamanho da 
família (é dada preferência às famílias que têm mais filhos, porque 
assim eles poderão labutar junto com os pais).
Os trabalhadores desse regime têm de comprar produtos 
no chamado barracão, se endividam, e acabam entrando numa 
escravidão por dívida (que pode ser contraída também por 
antecipações feitas com o proprietário, que nunca poderão ser 
pagas, pois a produção nunca é suficiente e o trabalhador não 
pode pedir empréstimo ao banco, porque os juros são altíssimos 
e ele não consegue um avalista, uma vez que o proprietário nunca 
aceita ser). O proprietário ainda consegue se sair como bondoso, 
pois dá prazos para o trabalhador e a chance de pagar a dívida com 
a própria produção – o que nunca acontece – e muitas vezes isso 
gera um curral eleitoral.
Os trabalhadores recebem as terras de menor produtividade, 
pois as melhores ficam com o proprietário (que tem como 
principais atividades a plantação de algodão, a criação de gado e a 
agricultura de subsistência), o que dificulta a obtenção de uma boa 
colheita. Além disso, eles não podem reformar a casa que recebem 
– que chega em condições precárias – pois futuramente isso lhes 
daria chance de exigir direitos sobre a propriedade. Quando chega a 
hora de vender a produção, os trabalhadores também sofrem, pois 
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR200
GEOGRAFIA II 09 MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA
o veredito sobre a qualidade do algodão colhido é do produtor, que 
também mente na hora da pesagem do produto.
Entretanto, com a chegada do novo modelo agropecuário, a 
situação piorou para os proprietários. Com isso a parceria já não 
era interessante para eles, que agora queriam criar gado, e para 
isso, convenceram os trabalhadores a irem para a cidade buscar 
uma vida melhor. Porém, o que os esperava era o inchaço urbano e 
diversos problemas como o desemprego.
PROTREINO
EXERCÍCIOS
01. Cite dois fatores que justificam a subordinação do espaço rural 
brasileiro na atualidade com relação ao espaço urbano.
02. Explique a dificuldade atual em delimitar o que é o urbano e o que 
é o rural.
03. Explique o que são os Complexos Agroindustriais (CAIs).
04. Explique como ocorre a especulação fundiária.
05. Caracterize os boias-frias.
PROPOSTOS
EXERCÍCIOS
01. (ENEM PPL 2012) A necessidade de se especializar, de forma 
talvez indireta, aproximou significativamente o campo e a cidade, na 
medida em que vários aparatos tecnológicos advindos do espaço 
urbano foram incorporados às práticas agrícolas. Maquinários 
altamente modernos, insumos industrializados na lavoura são 
fatores que contribuíram para uma nova forma de produzir no 
campo, cada vez com maior rapidez e especialização. 
OLIVEIRA, E B S. “Nova relação campo-cidade: tendências do novo rural brasileiro”. 
Revista Geografia. (São Paulo: Escala Educacional, maio 2011 – adaptado) 
Com base na aproximação indicada no texto, uma consequência 
da modernização técnica para os sistemas produtivos dos espaços 
rurais encontra-se em:
a) Exigência de mão de obra com qualificação.
b) Implementação da atividade do ecoturismo.
c) Aumento do número de famílias assentadas.
d) Demarcação de terras para povos indígenas.
e) Ampliação do crédito à agricultura familiar.
02. (ENEM 2010) A maioria das pessoas daqui era do campo. 
Vila Maria é hoje exportadora de trabalhadores. Empresários de 
Primavera do Leste, Estado de Mato Grosso, procuram o bairro de 
Vila Maria para conseguir mão de obra. É gente indo distante daqui 
300, 400 quilômetros para ir trabalhar, para ganhar sete conto por 
dia. 
(Carlito, 43 anos, maranhense, entrevistado em 22.03.98). Ribeiro, H. S. O 
migrante e a cidade: dilemas e conflitos. 
Araraquara: Wunderlich, 2001. Adaptado. 
O texto retrata um fenômeno vivenciado pela agricultura brasileira 
nas últimas décadas do século XX, consequência: 
a) dos impactos sociais da modernização da agricultura. 
b) da recomposição dos salários do trabalhador rural. 
c) da exigência de qualificação do trabalhador rural. 
d) da diminuição da importância da agricultura.
e) dos processos de desvalorização de áreas rurais.
03. (ENEM 2010) Antes, eram apenas as grandes cidades que se 
apresentavam como o império da técnica, objeto de modificações, 
suspensões, acréscimos, cada vez mais sofisticadas e carregadas 
de artifício. Esse mundo artificial inclui, hoje, o mundo rural.
SANTOS, M. A Natureza do Espaco. São Paulo: Hucitec, 1996.
Considerando a transformação mencionada no texto, uma 
consequência socioespacial que caracteriza o atual mundo rural 
brasileiro é 
a) a redução do processo de concentração de terras.
b) o aumento do aproveitamento de solos menos férteis.
c) a ampliação do isolamento do espaço rural.
d) a estagnação da fronteira agrícola do país.
e) a diminuição do nívelde emprego formal.
04. (ENEM 2009) Entre 2004 e 2008, pelo menos 8 mil brasileiros foram 
libertados de fazendas onde trabalhavam como se fossem escravos. 
O governo criou uma lista em que ficaram expostos os nomes dos 
fazendeiros flagrados pela fiscalização. No Norte, Nordeste e Centro-
Oeste, regiões que mais sofrem com a fraqueza do poder público, o 
bloqueio dos canais de financiamento agrícola para tais fazendeiros 
tem sido a principal arma de combate a esse problema, mas os 
governos ainda sofrem com a falta de informações, provocada pelas 
distâncias e pelo poder intimidador dos proprietários.
Organizações não governamentais e grupos como a Pastoral da 
Terra têm agido corajosamente, acionando as autoridades públicas 
e ministrando aulas sobre direitos sociais e trabalhistas.
“Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo”. Disponível em: http://www.mte.
gov.br. Acesso em: 17 mar. 2009 (adaptado).
Nos lugares mencionados no texto, o papel dos grupos de defesa 
dos direitos humanos tem sido fundamental, porque eles 
a) negociam com os fazendeiros o reajuste dos honorários e a 
redução da carga horária de trabalho.
b) defendem os direitos dos consumidores junto aos armazéns e 
mercados das fazendas e carvoarias.
c) substituem as autoridades policiais e jurídicas na resolução 
dos conflitos entre patrões e empregados.
d) encaminham denúncias ao Ministério Público e promovem 
ações de conscientização dos trabalhadores.
e) fortalecem a administração pública ao ministrarem aulas aos 
seus servidores.
05. (UERJ 2009) É verdade que mudaram radicalmente as 
relações cidade-campo. Mas não foram mudanças que reduziram 
o contraste entre ambos, por mais que a estrutura ocupacional 
da economia rural tenha se tornado semelhante à da economia 
urbana. Nos Estados Unidos, os serviços garantem mais da metade 
dos empregos rurais e a indústria, quase um quinto.
Mas o valor do espaço rural está cada vez mais ligado a tudo o que 
se opõe à cidade.
Na verdade, o desenvolvimento leva à revalorização do ambiente 
natural e não à "urbanização do campo" visualizada por Marx em 
manuscritos de 1857-8.
JOSÉ ELI DA VEIGA. Adaptado de Cidades imaginárias - O Brasil é menos urbano do 
que se calcula. Campinas: Autores Associados, 2002.
A partir das informações do texto, podemos concluir que a distinção 
entre cidade e campo vincula-se ao estabelecimento da diferença 
entre espaço e atividades econômicas.
Essa distinção está adequadamente expressa em:
a) o campo não é lugar adequado à instalação de indústrias.
b) o espaço rural não é sinônimo de atividades primárias.
c) o espaço urbano não é compatível com a prática do ecoturismo.
PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR
09 MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA
201
GEOGRAFIA II
d) a cidade não é o local de predomínio dos setores secundário 
e terciário.
06. (UNICAMP - ADAPTADA 2018) Assinale a alternativa correta 
sobre a presença de agrotóxicos e de sementes transgênicas na 
agricultura brasileira. 
a) O uso de agrotóxicos e sementes transgênicas associa-se à 
busca de maior produtividade, sobretudo em áreas de fronteira 
agrícola.
b) As sementes transgênicas e o uso de agrotóxicos adequados 
ampliaram o interesse de países da União Europeia pelos 
produtos agrícolas brasileiros.
c) O uso de agrotóxicos no Brasil reduziu a necessidade de 
aproveitamento das sementes transgênicas nos cultivos 
agrícolas de grãos no país.
d) Por ser signatário de acordos internacionais, o Brasil reduziu 
o uso de agrotóxicos e sementes transgênicas em áreas 
próximas a mananciais.
e) O uso de agroquímicos tem diminuído em função das demandas 
de organizações ambientalistas internacionais.
07. (FUVEST 2020)
Sobre a produção agrícola brasileira e os dados apresentados nos 
cartogramas, é correto afirmar: 
a) A agricultura familiar, que utiliza a maior extensão de terras 
agricultáveis do país, foi responsável pela produção da maior 
parte do volume agrícola exportado.
b) A agricultura familiar, que utiliza uma extensão de terras menor 
que a agricultura não familiar, tem destaque na produção de 
alimentos para o mercado interno.
c) A agricultura não familiar, que detém a maior extensão de 
terras agricultáveis do país, consiste em uma barreira ao 
desenvolvimento das atividades ligadas ao agronegócio.
d) A agricultura não familiar, que apresenta o maior número de 
estabelecimentos rurais no país, é responsável pela produção 
de parte das chamadas commodities brasileiras.
e) A concentração fundiária foi superada no país em função de 
a agricultura familiar ocupar, com seus estabelecimentos, a 
maior parte das terras.
08. (UERJ 2005) A maior notícia que neste momento o governo 
pode dar ao país (...): trata-se dos 50 milhões de hectares que, até o 
começo de dezembro, serão tomados de grileiros no Amazonas. É 
quase um terço do estado, que tem 153 milhões de hectares. Mas 
só um quarto maior do que os 39,6 milhões de hectares cancelados 
até a semana passada, sem qualquer anúncio oficial. (...) 
A desembargadora Marinildes Costeira de Mendonça Lima 
encontrou municípios em que havia mais grilagem do que terras.
(CORRÊA, Marcos Sá. "Jornal do Brasil", 28/10/2001.)
Em contraponto à grande disponibilidade de terras, o processo de 
grilagem na Amazônia avança associado à seguinte situação: 
a) especulação fundiária, buscando maior lucratividade.
b) demanda acentuada por terra, determinando novas invasões.
c) procura de terras devolutas, ampliando a produção agrícola 
extensiva.
d) ausência da fiscalização do Estado, propiciando o aumento de 
latifúndios.
09. (FUVEST 2014) Considere as anamorfoses: 
As condições da produção agrícola, no Brasil, são bastante 
heterogêneas, porém alguns aspectos estão presentes em todas 
as regiões do País. 
Nas anamorfoses acima, estão representadas formas de produção 
agrícola das diferentes regiões administrativas. Assinale a 
alternativa que contém, respectivamente, a produção agrícola 
representada em I e em II.
a) De subsistência e patronal.
b) Familiar e itinerante.
c) Patronal e familiar.
d) Familiar e de subsistência.
e) Itinerante e patronal.
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR202
GEOGRAFIA II 09 MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA
10. (UNICAMP 2015) O território brasileiro se caracteriza por uma 
vasta gama de usos agrícolas em função de sua sociodiversidade, 
que inclui as populações caiçaras, as geraizeiras, as ribeirinhas e as 
faxinalenses. São características dessas populações: 
a) dedicação à pesca artesanal, agricultura de pousio, espaços 
destinados a usos comuns e cultivo de gêneros alimentícios 
voltado para a subsistência e o mercado local.
b) dedicação à pesca predatória, agricultura de pousio, espaços 
destinados ao arrendamento e cultivo de cana-de-açúcar 
voltado para a produção de biocombustível.
c) dedicação à pesca artesanal, agricultura científica de precisão, 
espaços destinados a usos privados e cultivo de gêneros 
alimentícios voltado para o mercado local.
d) dedicação à pesca predatória, agricultura equiparável ao 
agronegócio, espaços destinados a usos comuns e cultivo de 
plantas voltado para a indústria química.
11. (ENEM) A manutenção da produtividade de grãos por hectare 
tem sido obtida, entre outros, graças ao aumento do uso de 
fertilizantes. Contudo, a incapacidade de regeneração do solo no 
longo prazo mostra que, mesmo aumentando o uso de fertilizantes, 
não é possível alcançar a mesma produtividade por hectare.
PORTO-GONÇALVES, C. W. A globalização da natureza e a natureza da globalização. 
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006 (adaptado).
No contexto descrito, uma estratégia que tem sido utilizada para a 
manutenção dos níveis de produtividade é o(a) 
a) elevação do valor final do produto.
b) adoção de políticas de subvenção.
c) ampliação do modelo monocultor.
d) investimento no uso da biotecnologia.
e) crescimento da mão de obra empregada.
12. (ENEM) A agricultura ecológica e a produção orgânica de 
alimentos estão ganhando relevância em diferentes partes 
do mundo. No campo brasileiro, tambémacontece o mesmo. 
Impulsionado especialmente pela expansão da demanda de 
alimentos saudáveis, o setor cresce a cada ano, embora permaneça 
relativamente marginalizado na agenda de prioridades da política 
agrícola praticada no país. 
AQUINO. J. R.; GAZOLLA. M.; SCHNEIDER. S. In: SAMBUICHI. R. H. R. et aI. (Org.). A 
política nacional de agroecologia e produção orgânica no Brasil: uma trajetória de luta 
pelo desenvolvimento rural sustentável. Brasília: Ipea. 2017 (adaptado). 
Que tipo de intervenção do poder público no espaço rural é capaz 
de reduzir a marginalização produtiva apresentada no texto?
a) Subsidiar os cultivos de base familiar.
b) Favorecer as práticas de fertilização química.
c) Restringir o emprego de maquinário moderno.
d) Controlar a expansão de sistemas de irrigação.
e) Regulamentar o uso de sementes selecionadas.
13. (ENEM) Atualmente não se pode identificar o espaço rural 
apenas com a agropecuária, pois no campo não há somente essa 
atividade, embora ela possa ser a mais importante na maioria das 
regiões situadas no interior do país. Não é procedente se pensar no 
campo dissociado das cidades.
HESPANHOL, A. N. O desenvolvimento do campo no Brasil. In: FERNANDES, B. M.; 
MARQUES, M. I. M.; SUZUKI, J. C. (Org.). Geografia agrária: teoria e poder. São Paulo: 
Expressão Popular, 2007 (adaptado).
A realidade contemporânea do espaço rural descrita no texto deriva 
do processo de expansão 
a) de áreas cultivadas.
b) do setor de serviços.
c) da proporção de idosos.
d) de regiões metropolitanas.
e) da mecanização produtiva.
14. (ENEM) Ao longo dos últimos 500 anos, o Brasil viu suas 
fronteiras do litoral expandirem-se para o interior. É apenas lógico 
que a Amazônia tenha sido a última fronteira a ser conquistada 
e submetida aos ditames da agricultura, pecuária, lavoura e 
silvicultura. A incorporação recente das áreas amazônicas à 
exploração capitalista tem resultado em implicações problemáticas, 
dentre elas a destruição do rico patrimônio natural da região.
NITSCH, M. O futuro da Amazônia: questões críticas, cenários críticos. 
Estudos Avançados, n. 46, dez. 2002.
Na situação descrita, a destruição do patrimônio natural dessa área 
destacada é explicada pelo(a) 
a) distribuição da população ribeirinha.
b) patenteamento das espécies nativas.
c) expansão do transporte hidroviário.
d) desenvolvimento do agronegócio.
e) aumento da atividade turística.
15. (ENEM) A expansão da fronteira agrícola chega ao semiárido do 
Nordeste do Brasil com a implantação de empresas transnacionais 
e nacionais que, beneficiando-se do fácil acesso à terra e água, 
se voltam especialmente para a fruticultura irrigada e o cultivo de 
camarões. O modelo de produção do agro-hidronegócio caracteriza-
se pelo cultivo em extensas áreas, antecedido pelo desmatamento 
e consequente comprometimento da biodiversidade.
Disponível em: www.abrasco.org.br. Acesso em: 22 out. 2015 (adaptado).
As atividades econômicas citadas no texto representam uma 
inovação técnica que trouxe como consequência para a região a
a) intensificação da participação no mercado global.
b) ampliação do processo de redistribuição fundiária.
c) valorização da diversidade biológica.
d) implementação do cultivo orgânico.
e) expansão da agricultura familiar.
16. (ENEM 2016) Participei de uma entrevista com o músico Renato 
Teixeira. Certa hora, alguém pediu para listar as diferenças entre a 
música sertaneja antiga e a atual. A resposta dele surpreendeu a 
todos: “Não há diferença alguma. A música caipira sempre foi a 
mesma. É uma música que espelha a vida do homem no campo, 
e a música não mente. O que mudou não foi a música, mas a vida 
no campo”. Faz todo sentido: a música caipira de raiz exalava 
uma solidão, um certo distanciamento do país “moderno”. Exigir 
o mesmo de uma música feita hoje, num interior conectado, 
globalizado e rico como o que temos, é impossível. Para o bem ou 
para o mal, a música reflete seu próprio tempo.
BARCINSKI. A. Mudou a música ou mudaram os caipiras? 
Folha de São Paulo, 4 jun. 2012 (adaptado).
A questão cultural indicada no texto ressalta o seguinte aspecto 
socioeconômico do atual campo brasileiro: 
a) Crescimento do sistema de produção extensiva.
b) Expansão de atividades das novas ruralidades.
c) Persistência de relações de trabalho compulsório.
d) Contenção da política de subsídios agrícolas.
e) Fortalecimento do modelo de organização cooperativa.
17. (ENEM 2ª APLICAÇÃO 2016) Durante as três últimas décadas, 
algumas regiões do Centro-Sul do Brasil mudaram do ponto de 
vista da organização humana, dos espaços herdados da natureza, 
incorporando padrões que abafaram, por substituição parcial, 
anteriores estruturas sociais e econômicas. Essas mudanças 
ocorreram, principalmente, devido à implantação de infraestruturas 
viárias e energéticas, além da descoberta de impensadas vocações 
dos solos regionais para atividades agrárias rentáveis.
AB’SABER, A. N. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. 
São Paulo: Ateliê Editorial, 2003 (adaptado).
PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR
09 MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA
203
GEOGRAFIA II
A transformação regional descrita está relacionada ao seguinte 
processo característico desse espaço rural: 
a) Expansão do mercado interno.
b) Valorização do manejo familiar.
c) Exploração de espécies nativas.
d) Modernização de métodos produtivos.
e) Incorporação de mão de obra abundante.
18. (ENEM 2ª APLICAÇÃO 2016) A característica fundamental é 
que ele não é mais somente um agricultor ou um pecuarista: ele 
combina atividades agropecuárias com outras atividades não 
agrícolas dentro ou fora de seu estabelecimento, tanto nos ramos 
tradicionais urbano-industriais como nas novas atividades que vêm 
se desenvolvendo no meio rural, como lazer, turismo, conservação 
da natureza, moradia e prestação de serviços pessoais.
SILVA, J. G. O novo rural brasileiro. Revista Nova Economia, n. 1, maio 1997 (adaptado).
Essa nova forma de organização social do trabalho é denominada 
a) terceirização.
b) pluriatividade.
c) agronegócio.
d) cooperativismo.
e) associativismo.
19. (ENEM 2015) Tanto potencial poderia ter ficado pelo caminho, 
se não fosse o reforço em tecnologia que um gaúcho buscou. Há 
pouco mais de oito anos, ele usava o bico da botina para cavoucar a 
terra e descobrir o nível de umidade do solo, na tentativa de saber o 
momento ideal para acionar os pivôs de irrigação. Até que conheceu 
uma estação meteorológica que, instalada na propriedade, ajuda 
a determinar a quantidade de água de que a planta necessita. 
Assim, quando inicia um plantio, o agricultor já entra no site do 
sistema e cadastra a área, o pivô, a cultura, o sistema de plantio, 
o espaçamento entre linhas e o número de plantas, para então 
receber recomendações diretamente dos técnicos da universidade.
CAETANO. M. O valor de cada gota. Globo Rural. n. 312. out. 2011.
A implementação das tecnologias mencionadas no texto garante o 
avanço do processo de 
a) monitoramento da produção.
b) valorização do preço da terra.
c) correção dos fatores climáticos.
d) divisão de tarefas na propriedade.
e) estabilização da fertilidade do solo.
20. (ENEM PPL 2013) O geoturismo é um segmento turístico 
recente que busca priorizar os aspectos naturais negligenciados 
pelo ecoturismo: geologia e geomorfologia, como cavernas, 
sítios paleontológicos, maciços rochosos, quedas d’água etc., 
proporcionando uma experiência turística que vai além da 
contemplação, agregando informações sobre a origem e formação 
dos locais visitados.
BENTO, L. C. M.; RODRIGUES, S. C. Geoturismo e geomorfossítios: refl etindo sobre o 
potencial turístico de quedas d’água – um estudo de caso do município de Indianápolis-
MG. In: Revista Geográfica Acadêmica, v. 4, n. 2, 2010. 
Atualmente, no Brasil, a utilização de pequenas propriedades rurais 
para a prática descrita pelo texto é indicada como método que 
a) possibilita a exploração de recursos minerais sem degradação 
da fauna e da flora locais.
b) associaa conservação do bioma a ganhos financeiros para o 
proprietário da terra.
c) permite a migração da população rural sem perda de sua 
identidade cultural.
d) impede o uso das áreas de mata para cultivos dependentes de 
sombreamento.
e) viabiliza a produção agrícola com a utilização de culturas 
comerciais.
05.
APROFUNDAMENTO
EXERCÍCIOS DE
01.Somente a partir de meados da década de 1960, a agricultura 
brasileira inicia o processo de modernização, com a chamada 
Revolução Verde. Emergem, nessa década, com o processo 
de modernização da agricultura, novos objetivos e formas de 
exploração agrícola, originando transformações tanto na pecuária 
quanto na agricultura. Como consequências do processo, são 
apontadas, além da acirrada concorrência no que diz respeito à 
produção, os efeitos sociais e econômicos sofridos pela população 
envolvida com atividades rurais.
Disponível em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/campoterritorio/article/
download/11787/8293.> Acesso em: 17 de fev. 2016.
A partir do texto e de seus conhecimentos sobre o assunto, 
responda:
a) No contexto apresentado, quais foram as principais 
alterações sofridas nas relações de trabalho em virtude do 
desenvolvimento do capitalismo no campo brasileiro?
b) Como esse processo contribuiu para a ampliação de periferias 
nas cidades? 
02. Leia.
Multinacionais de alimentos agravam pobreza
Documento da ActionAid, apresentado no Fórum Social 
Mundial de 2011, revela que um pequeno grupo de empresas 
domina a maior parte do comércio mundial de itens como trigo, 
café, chá e bananas. Um terço de todo o alimento processado do 
planeta está nas mãos de apenas 30 empresas. Outras 5 controlam 
75% do comércio internacional de grãos. Do total da produção e 
da venda de agrotóxicos, também 75% são dominados por 6 
companhias, e uma única multinacional, a Monsanto, detém 91% 
do setor de produção e venda de sementes.
Adaptado de www.observatoriosocial.org.br
O texto faz referência ao processo de modernização da 
agropecuária mundial, com a formação e a expansão de complexos 
agroindustriais.
Defina o que são complexos agroindustriais.
Com base na reportagem, aponte duas consequências 
socioeconômicas negativas resultantes da situação de reduzida 
concorrência no setor agrícola. 
03. “O processo de disputa territorial é uma das dimensões 
relevantes da questão agrária que tem se acentuado no país 
nas duas últimas décadas como reflexo do embate entre os dois 
principais modelos de desenvolvimento no campo, ou seja, do 
campesinato e do agronegócio”. 
JUNIOR, João Cleps. “Questão Agrária, Estado e Territórios em Disputa: os enfoques 
sobre o agronegócio e a natureza dos conflitos no campo brasileiro” In: SAQUET, Aurélio 
Marques; SANTOS, Roseli Alves dos. Geografia Agrária, território em desenvolvimento. 
São Paulo: Expressão Popular, 2010. 
Indique dois efeitos das transformações capitalistas no campo. 
04. Quantidade de Fertilizantes utilizados para colher 1000 kg de 
cereais
Quem mais usa fertilizante
1o Japão - 74,0 kg
2o Reino Unido - 59,0 kg
3o Rússia - 53,3 kg
4o China - 50,0 kg
5o Brasil - 43,3 kg
6o EUA - 27,5 kg
7o Nigéria - 20,0 kg
8o Índia - 20,0 kg
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR204
GEOGRAFIA II 09 MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA
O cultivo de cereais exemplifica as exigências da produção 
agrícola no que diz respeito ao uso de insumos, principalmente 
de fertilizantes (conforme informações no quadro) e defensivos 
químicos (pesticidas e herbicidas).
Sabe-se que a modernização da agricultura se realiza em escala 
mundial. Em face disso, explique por que esta modernização 
tornou a agricultura uma prática de degradação dos chamados 
recursos renováveis (água, solos) e de consumo dos recursos não 
renováveis (minerais). 
05. A atividade agropecuária em Goiás vem se modernizando 
bastante nas últimas décadas. Dentre os elementos que podem 
comprovar tal modificação estão o aumento na venda de 
agrotóxicos e a comercialização de máquinas agrícolas, com a 
implementação do chamado agribusiness. Em Goiás, esse setor 
tem como seus grandes representantes os complexos cereais-
carne e sucroalcooleiro. A respeito dessa modernização da 
atividade agropecuária em Goiás, responda ao que se pede.
a) Identifique a região de predominância desses complexos. 
b) Identifique os reflexos dessa atividade na estrutura fundiária. 
GABARITO
 EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. A
02. A
03. B
04. D
05. B
06. A
07. B
08. A
09. C
10. A
11. D
12. A
13. B
14. D
15. A
16. B
17. D
18. B
19. A
20. B
 EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO
01. 
a) A penetração do capitalismo no campo, processo que subordina o campo à cidade, 
substitui as relações de colonato e percenteiros por trabalho assalariado e/ou temporário, 
além de contribuir largamente para o desemprego ao substituir a mão de obra pela 
mecanização.
b) A capitalização do campo reduz ou elimina a figura do lavrador, cuja perspectiva passa 
a ser o fluxo migratório para a cidade – êxodo rural – compondo e ampliando a periferia 
dos centros urbanos. 
02. Os complexos agroindustriais ou do agronegócio são complexas cadeias produtivas 
que articulam a produção agropecuária com a produção industrial e o setor terciário 
(comércio, serviços e finanças), a exemplo da produção de soja para exportação, 
intermediada por transnacionais, e vendida para diferentes indústrias (óleo, ração para 
animais, etc.).
Entre as consequências negativas da prevalência das transnacionais no agronegócio 
estão a elevação dos preços dos alimentos devido à lucratividade das empresas, o 
que pode fazer com que parcelas da população mais pobre não tenham acesso à 
alimentação. Outra consequência é o aumento da dependência do agricultor em relação 
às empresas produtoras de sementes, inclusive transgênicos (Monsanto), de agrotóxicos 
e fertilizantes. Também tem-se a exploração dos pequenos proprietários por grandes 
empresas, a exemplo daqueles que vendem a produção pecuária (aves e suínos) para a 
indústria de alimentos. 
03. Podem ser considerados como consequência do processo de modernização do campo: 
a utilização de maquinários, insumos (defensivos, fertilizantes, sementes selecionadas) 
e transgênicos; o aumento da produção e da produtividade; a financeirização e 
latifundiarização da produção; o êxodo rural; o aquecimento da produção para o mercado 
externo.
04. A padronização tecnológica da agricultura desorganiza os ecossistemas, degradando 
os solos e afetando os mananciais e a qualidade da água de rios e lagos.
As sementes usadas em laboratórios são exigentes em termos de água, defensivos e 
adubos químicos, o que provoca a degradação do ambiente nas áreas agrícolas.
O consumo de defensivos, fertilizantes e combustíveis, que têm por base o uso químico 
de substâncias de origem mineral (potássio, calcário, petróleo etc.).
05. A partir dos anos 1980, houve forte expansão agropecuária na região Centro-Oeste. Os 
movimentos migratórios dos anos 1970, com grande participação de populações oriundas 
da região Sul, o plantio de soja e a expansão pecuária, irão transformar gradativamente a 
região numa grande produtora de grãos, carne e cana-de-açúcar. O capital acumulado e a 
urbanização como formas de reorganização da produção agropecuária, transformam-se 
no agronegócio.
a) O complexo carne-cereais localiza-se mais no sudoeste do Estado de Goiás e o 
complexo sucroalcooleiro, embora na mesma região de Estado, aparece mais na 
microrregião de Cereais.
b) O agronegócio, para atingir os níveis de produção em escala, acabou favorecendo um 
aumento significativo da concentração fundiária. 
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