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O Massacre do Carandiru

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MASSACRE DO CARANDIRU – 1992
Gabriela da Silva�
Clever Ricardo Antunes²
Edna Torres Felício Camara³:
Mariel Muraro
RESUMO
Foi objetivo deste trabalho apresentar, sob o aspecto dos Direitos Humanos, o episódio que ficou conhecido como O Massacre do Carandiru. Em 2 de outubro de 1992, na Casa de Detenção do Estado de São Paulo, uma briga entre dois presos, no pavilhão 9, destinado aos presos que cometiam seu primeiro delito, primários, então, gerou uma pequena confusão entre presos. Os funcionários, assustados, abandonaram o pavilhão que, em seguida, foi dominado pelos presidiários. Ao ver que os funcionários haviam abandonado seu posto, pelo medo de serem tomados como reféns ou pior, o Diretor do presídio chamou a Polícia Militar, sendo que esta acorreu com mais de 300 homens bem armados e com cães, no intuito de controlar a rebelião. No entanto, em medida extremamente excessiva, ao entrar, a polícia já iniciou uma chacina, não permitindo aos presos a rendição. Apenas escolhiam os que julgavam que deveriam morrer e os matavam. Esta tragédia ficou conhecida, no mundo, por Massacre do Carandiru. Passados mais de vinte anos, alguns poucos policiais militares foram condenados, sendo que os maiores responsáveis pelo que foi um dos maiores atos de terror contra os Direitos Humanos, ou foram absolvidos ou nem mesmo surgiram como réus.
Palavras chave: ONU, Direitos Humanos, Ditadura, Superioridade, Polícia.
1 INTRODUÇÃO
Os direitos humanos, no Brasil, tem sido, muitas vezes relegado, isto desde os tempos do escravagismo, quando os donos de escravos tinham poder de vida e morte sobre os seus escravos, com o total apoio da lei, tendo o “direito” de castigá-los fisicamente como lhe aprouvesse e até matá-los.
Com proscrição da escravidão no país, o cenário mudou. De uma condição de legalidade e aberta da sonegação dos direitos humanos, o país passou a viver uma condição de desrespeito a estes direitos de forma velada, inclusive, muitas vezes, por parte do Estado.
Em outubro de 1992, na Casa de Detenção de São Paulo, o famigerado presídio do Carandiru, uma briga entre apenados transformou-se num dos mais famosos e evidentes casos de desrespeito aos direitos humanos dos tempos pós-ditadura, no Brasil.
O Maior presídio da América Latina, fora construído em 1956 por Jânio Quadros, então prefeito do município de São Paulo, tendo, rapidamente se transformado em um monumento ao obsoletismo e ao custo para o Estado, gerando uma despesa de energia elétrica e água correspondentes a 18 milhões de Reais e abrigando 7.000 detentos, em instalações já velhas e precárias, que foram construídas para abrigar até 3.500 presos, estando pois, com o dobro da população que deveria conter. Estimativas da Secretaria de Administração Penitenciária davam conta de que o custo por preso era maior que R$ 660 ao mês.(FOLHA DE SÃO PAULO, 2002)
Na época de sua construção, era já considerado o segundo maior presídio do mundo chegando a uma população carcerária de quase 9.000 presos. (VICE, 2014)
Entretanto, o ápice da em 1992, quando, segundo dados oficiais, 111 pessoas foram assassinadas pela Polícia Militar do estado de São Paulo, numa ação inédita no Brasil.
O objetivo deste estudo foi apresentar, sob o aspecto dos Direitos Humanos, o episódio que ficou conhecido como O Massacre do Carandiru.
2 A REBELIÃO
Em 1992, mais especificamente ao início da tarde do dia 2 de outubro, no Pavilhão 9 da Casa de Detenção, uma discussão entre dois presos tomou um vulto maior e acabou em uma briga envolvendo outros presos. A interferência dos funcionários do presídio, no intuito de debelarem o pequeno tumulto, gerou reação nos presos, iniciando-se um motim, impedindo que os funcionários tivessem acesso ao pavilhão e interferissem no tumulto. Revoltados, os presos iniciaram a destruição de colchões e de dependências do presídio, o que fez com que a administração do presídio mandasse trancar os portões e convocar a Polícia Militar, que rapidamente acorreu ao local, com um efetivo de 341 homens, dentre os quais haviam tropa de choque e de operações especiais, todos sob o comando do Coronel PM Ubiratan Guimarães. Assim, o que se iniciara com uma briga entre presos, assumiu o tom de confronto com os policiais. (TERRA, 2014)
Os dados oficiais relatam que 111 detentos forma mortos naquele dia, quando ocorreu o maior número de presos mortos numa operação policial, em presídio, na história do Brasil.
Entretanto, Sidney Sales, preso em 1989, aos 19 anos, por roubo à carga de caminhão, cumpria seu quarto ano na casa de detenção e viveu aquele dia de terror, no Carandiru. Relata que, estava no pátio, jogando futebol com colegas presidiários, quando souberam que havia se iniciado uma rebelião. (CRUZ, 2012)
Entretanto, o mesmo ex-detento, quando trata do número de mortos, relata que, na verdade, os 111 mortos contabilizados, se refere àqueles que tinham família e cujas famílias procuraram seus familiares presos. Porém, Sidney Sales estima que morreram cerca de 250 presos, pois os que não tinham famílias e eram considerados indigentes, não foram contabilizados. Sidney faz esse cálculo baseado no que sobrou de comida, pois, na época, era encarregado de distribuir a comida no pavilhão 9, onde ocorreu o massacre. Segundo ele, ajudou a carregar mais de 35 corpos de detentos mortos pela polícia. Ainda, de acordo com o relato de Sidney, quando chegou ao presídio, o pavilhão 9 abrigava cerca de 2.500 prisioneiros, dos quais, cerca de 80% ainda não haviam sido julgados, pois o pavilhão 9 abrigava, em sua maioria, réus primários (FRANCISCO NETO, 2012)
Continuando o relato dos fatos daquele dia, Sidney Sales conta que a briga iniciada por dois presos acabou se tornando um confronto entre gangues, o que era considerado normal no dia a dia do presídio mas que, após algum tempo, após as brigas, tudo retornava ao normal. Porém, alguém anunciou que a briga era com agentes penitenciários que, em pânico, abandonaram o pavilhão que ficou à mercê dos presos os quais iniciaram fogo em oficinas, como a marcenaria que ficava no pavilhão. (FRANCISCO NETO, 2012)
Sidney viu também a cozinha em chamas, pela explosão de um botijão de gás do tipo P45, quando então, o diretor permitiu que a polícia de choque entrasse, o que estava sendo acompanhado pelo detento pela televisão. Alguns presos já comentavam sobre ouvirem tiros, mas Sidney acreditou que o pelotão de choque estivesse utilizando balas de borracha para conter os presos. Porém, ao olhar pela janela da cela, percebeu que já haviam muitos cadáveres pelo chão. A invasão estava em andamento e da forma mais truculenta possível. Em pouco tempo os policiais chutavam a porta da cela e davam ordem que os presos tirassem a roupa e saíssem nus. Ao sair da cela, Sidney afirma que defrontou-se com cerca de 40 cadáveres amontoados pelo chão. (FRANCISCO NETO, 2012)
Conta ainda que, ao descer do 5° andar, onde estava, para o 4° andar, viu um policial usando máscara atacar um preso com a baioneta que estava calada na arma e, após estocá-lo, efetuou alguns disparo sobre o preso e soltou o cão que o acompanhava, o qual saltou sobre o preso e o estrangulou com os dentes.
Osvaldo Negrini, perito que deveria fazer o levantamento do que estava ocorrendo, somente pode entrar cinco horas depois da invasão, pois a Polícia Militar não permitia sua entrada, alegando não haver condições para isso, devido à falta de lua e outros motivos. Finalmente, ao conseguir entrar no pavilhão, o perito afirma que, quando subia a escada que dava acesso ao primeiro pavimento, via o sangue escorrendo em cascata e, ao chegar ao primeiro pavimento, descreve a cena como “assombrosa”, pois havia uma grande quantidade “imensa” de cadáveres “empilhados” pelo chão, chegando a ser difícil de contá-los. Após a contagem, o perito concluiu por 89 cadáveres de presos. Alguns dias após o massacre, o mesmo perito retornou, para observar as marcas deixadas pelo evento e afirma “que a grande maioria destes disparos,foram realizados na porta da cela pra dentro” e que no sentido contrário, ou seja, de dentro para fora, não havia nenhuma marca, o que leva a crer que os presos foram chacinados em suas próprias celas, sem terem nenhuma condição de reagir.(R7, 2013)
Outro presidiário, Antônio Carlos Dias, na época com 26 anos, havia chegado a 20 dias ao presídio e relata, em depoimento, no processo envolvendo os crimes cometidos naquela casa de detenção, que brigas ocorriam diariamente e faziam parte do cotidiano do presídio, sem que nunca ocorresse a necessidade de ser chamada a polícia para restaurar a ordem e que, no dia do massacre, haviam presos jogando futebol no pátio enquanto ocorria a briga no pavilhão, mas que não se considerava um evento importante. Quando a polícia chegou, os detentos jogaram facas e pedaços de pau, que tinham como arma, ao pátio e buscaram refúgio em suas celas, pois tinham muito medo da polícia. No entanto, não houve nenhuma negociação. Dias também se refugiou em sua cela, com outros presos e de lá ouviam “barulhos constantes, como se alguém batesse com madeira em uma lata, aí percebemos que eram rajadas de metralhadora.” Começara o massacre. Dias afirma ainda que presenciou a execução de presos e que slguns presos foram escolhidos para carregar os corpos e, depois, alguns destes carregadores foram mortos.(CARVALHO, 2013)
Isso também é relatado por Sidney Sales, que ao ser escolhido para carregar cadáveres, após carregar mais de trinta, recebeu ordem de um policial de carregar mais e, ao pegá-lo, percebeu que era um dos presos que, antes, estava ajudando a carregar, o que lhe fez pensar em queima de arquivo, o que possivelmente lhe caberia, também. Mas, recorda Sidney, escapou por milagre, pois um policial lhe disse que escolheria uma chave, dentre um molho de cerca de 50 e que, se a chave escolhida abrisse o cadeado da porta de uma cela, Sidney poderia entrar e estaria a salvo, porem, se a chave não fosse a correta, o policial o executaria ali mesmo. Segundo Sidney, por obra de Deus, a porta se abriu à primeira chave, o que lhe salvou a vida. Ali dentro, estavam confinados 40 pessoas, já, que se revezava na única abertura, para poderem respirar. (FRANCISCO NETO, 2012)
Ainda o depoimento de outro ex-presidiário, Francis Lins, que foi preso aos 19 anos e ficou encarcerado até os 25 anos, sobrevivente do massacre, relata que muitos dos presidiários mortos, já tinham sua morte certa. Relata que quando a polícia chegou, pegou as fichas dos presos, na carceragem e, quando entraram, buscavam aqueles que havia matado policiais, para executá-los, aproveitando a confusão. Afirma, ainda, que não houve nenhuma reação dos presos, pois sabiam que não conseguiriam dar combate à polícia, que estava bem armada. Conta ainda que, quando estavam num andar inferior, os policiais diziam: “sobe 10”, ao que era feito 10 presos subirem para o andar seguinte e, assim que subiam, do andar inferior onde estava Francis, podia-se ouvir as rajadas de metralhadora, com as quais os policiais executavam os presos.(YOUTUBE, 2013)
Na figura 1, mostra-se uma foto do que foi o massacre do Carandiru.
Figura 1 – Massacre do Carandiru
Fonte: (DIMENSÃO, 2012)
Pelos depoimentos por pessoas que viveram estes momentos de terror, naquele fatídico dia de outubro de 1992, pode-se ver que, tanto o Estado, quanto as pessoas envolvidas no triste evento, não demonstraram o menor respeito pelo ser humano nem pela vida, fazendo daquele acontecimento, uma mancha, na história do nosso país, que possivelmente ficará para as gerações futuras,mesmo tendo ocorrido, depois deste massacre, a tentativa do poder público, de punir os responsáveis.
3 A RESPONSABILIDADE 
O dia 2 de outubro de 1992 era marcado por outros dois fatos, estes estritamente políticos: era véspera de eleições municipais em todo o Brasil e Itamar Franco assumia o governo interinamente. Isso, contribuiu para que, no dia do massacre e no dia que se seguiu, as notícias sobre o ocorrido não fossem divulgadas. Somente no dia seguinte a imprensa dedicou algum espaço à rebelião, com informações desencontradas, pois nada se sabia, ainda, além de que a rebelião ocorrida na Casa de Detenção de São Paulo havia sido debelada pela polícia.(ADNEWS, 2013)
Na época do ocorrido, era governador do estado de São Paulo o senhor Luiz Antonio Fleury Filho, que afirmou, de acordo com o UOL Notícias (2013), que não deu ordem para a Polícia Militar entrar no Carandiru. 
Entretanto, o então Secretário de Segurança do Estado de São Paulo, Pedro Franco Campos, mais de 20 anos depois, em juízo, afirmou que havia dado a ordem ao Coronel Ubiratan, comandante da operação, a entrar no Carandiru, deflagrando, assim, a ação que causou polêmica nacional e internacional e que evidenciou-se como um dos maiores atos, senão maior, de atentado contra os Direitos Humanos, já perpetrado no Brasil, deixando um saldo (oficial) de 111 mortos e 110 feridos. O ex-secretário de segurança, fez a afirmativa, no dia 16 de abril de 2013, no processo judicial que buscava apurar os responsáveis e as responsabilidades por aquele massacre, na qualidade de testemunha, não de réu. (UOL, 2013)
Passados 20 anos do ocorrido, em 2012, nenhuma a nenhuma autoridade foi imputada a responsabilidade pelo que a justiça brasileira se refere apenas como “motim” ou “rebelião”, sem nunca ter usado, oficialmente o termo “massacre” ou equivalente, o que só foi aplicado pela opinião pública e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos. (FERREIRA; MACHADO; MACHADO, 2012)
O que demonstra o descaso que o Estado tem pela população carcerária, no Brasil, pois, mesmo após uma chacina como a ocorrida, onde mais de uma centena de vidas, senão duas, foram tiradas de forma brutal, com execuções de presos que nem mesmo ainda haviam sido condenados pela justiça, pois grande parte deles aguardavam julgamento e outros aguardavam soltura.
Na conclusão do julgamento, cuja sentença foi lida em 2 de abril de 2014, Um número de 73 policiais militares foi condenado por 77 mortes ocorridas, do total de 111 mortos e as penas variaram de 96 anos a 624 anos de prisão.(G1, 2014)
A Presidente da República, Dilma Rousseff, afirmou, em 2014, que o fim do julgamento do Carandiru foi uma vitória contra a impunidade. O fim do julgamento foi em abril de 2014, ou seja, 22 anos depois do ocorrido, tendo sido aplicada a mais branda pena aos condenados.(R7, 2014)
O coronel Ubiratan, que comandou pessoalmente o ataque à casa de detenção, lançou sua candidatura à deputado estadual, em 1997, cinco anos após o episódio e, estranhamente, o número de sua candidatura era o número do partido, acrescido por 111. Em 2002, Ubiratan era condenado a 632 anos de prisão, pelo ocorrido no Carandiru, porém, com direito a recorrer em liberdade e, em 2002, novamente utilizando o número 111, se candidatou novamente sendo eleito, quando, então, se beneficiaria de Foro Privilegiado, pois se encontrava na condição de parlamentar e seria absolvido das acusações em 2006, quando buscava a reeleição. Porém, em 9 de setembro do mesmo ano, era assassinado em sua residência, em área nobre da cidade de São Paulo, de forma um tanto controversa. Morreu, portanto, sem nunca ter cumprido nenhuma pena.(UOL, 2013)
A figura 2 mostra a implosão do Carandiru, 
Figura 2 – Implosão do Carandiru
Fonte: (GLOBO, 2014)
A Casa de Detenção do Estado de São Paulo, denominada presídio do Carandiru, foi desativada em 2002, possivelmente numa extrema tentativa inócua de apagar da memória brasileira aquele fatídico dia 2 de outubro de 1992, quando dezenas de seres humanos, abandonados pela sociedade e pelo Estado, cumpriam, alguns já excessivamente, o papel de afastamento desta mesma sociedade por delitos que, por mais graves que fossem, não lhes poderia render, a título de pena, suas próprias vidas, pois o sistema jurídico brasileiro não prevê, em nenhuma hipótese, para crimes comuns, a morte.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Do que seviu no decorrer do estudo, a Casa de Detenção do Estado de São Paulo, evidencia a situação prisional no Brasil, na qual uma superpopulação de presidiários, dos quais grande parte aguarda decisão da justiça e todos, de maneira geral, são tratados com total desprezo aos direitos humanos.
O caso do massacre do Carandiru, ocorrido em 1992, é apenas uma mostra da questão carcerária, na qual o Estado se faz omisso, pois, como pode se ver, o principal acusado da ação brutal cometida contra os presos, o coronel Ubiratan Guimarães, apesar de uma condenação de mais de 600 anos, não foi preso, mas, ao contrário, jocosamente utilizou o mesmo número que definia a quantidade de mortos no triste episódio do Carandiru, para eleger-se deputado estadual, no que foi bem sucedido.
O coronel em questão, comandante das forças policiais que invadiram o presídio e chacinaram uma exorbitante quantidade de pessoas que, sem nenhuma defesa, eram escolhidas pelos próprios policiais que, a seu bel prazer, distribuíam a sentença de morte, foi apresentado ao público e à justiça, como responsável. Mas, certamente, acima dele haviam o Secretário de Segurança e o Governador, aos quais nenhuma responsabilidade foi imputada, sendo que o primeiro, em depoimento à justiça, esclareceu que havia dado a ordem de invasão, ao coronel. 
Isto demonstra a omissão do Estado em relação aos Direitos humanos, no Brasil.
Portanto, julga-se atingido o objetivo do presente estudo, tendo-se demonstrado, sucintamente, o que foi classificado, por um dos sobreviventes como “o Vale da Sobra da Morte”, evidenciando, pálidamente, os horrores que, algumas poucas horas, seres humanos cometeram contra seres humanos, restando, em muito, a impunidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DNEWS. Carandiru: a cobertura da imprensa na época do massacre. 30 jul 2013. Disponível em <http://www.adnews.com.br/midia/carandiru-a-cobertura-da-imprensa-na-epoca-do-massacre> Acesso em 25 jun 2015.
CARVALHO, Igor. Massacre do Carandiru: ex-preso diz ter escalado “montanha de corpos”. Revista Fórum. 15 abr 2013. Disponível em <http://www.revistaforum.com.br/blog/2013/04/massacre-do-carandiru-ex-preso-diz-ter-escalado-montanha-de-corpos/> Acesso em 24 jun 2015.
CRUZ, Elaine Patrícia. “Sou um sobrevivente do Carandiru”, relata ex-detento que ajudou a carregar corpos. UOL Notícias. 1 out 2012. Disponível em <http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/10/01/sou-um-sobrevivente-do-carandiru-relata-ex-detento.htm> Acesso em 20 jun 2015.
DIMENSÃO. A violência não se justifica. Jornal Dimensão. 13 nov 2013. Disponível em <http://dimensaojornal.com.br/a-violencia-nao-se-justifica/> Acesso em 25 jun 2015.
FERREIRA, Luisa M. A.; MACHADO, Marta R. de A.; MACHADO, Maria Rocha. Massacre do Carandiru: vinte anos sem responsabilização. Novos Estudos – CEBRAP. n° 94, São Paulo nov 2012. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002012000300001> Acesso em 26 jun 2015.
FOLHA DE SÃO PAULO. Carandiru tem fim com implosão hoje às 11h. 8 fev 2002. Disponível em <http://www.terra.com.br/noticias/especial/carandiru/episodio.htm> Acesso em 25 jun 2015.
FRANCISCO NETO, Jorge Américo. “O Carandiru era o vale da sombra da morte”, diz sobrevivente do massacre. Brasil de Fato. 1 out 2012. Disponível em <http://www.brasildefato.com.br/node/10761> Acesso em 21 jun 2015.
G1. Último grupo de PMS é condenado por massacre no Carandiru. Globo. 02 abr 2014. Disponível em < http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/04/ultimo-grupo-de-pms-e-condenado-por-massacre-do-carandiru.html> Acesso em 27 jun 2015.
GLOBO. Grandes massacres da história. Educação. 2014. Disponível em <http://educacao.globo.com/artigo/grandes-massacres-da-historia.html> Acesso em 26 jun 2015.
R7. Fim do julgamento do Carandiru é vitória contra a impunidade, diz Dilma. Record. 3 abr 2014. Disponível em < http://noticias.r7.com/brasil/fim-do-julgamento-do-carandiru-e-vitoria-contra-a-impunidade-diz-dilma-03042014> Acesso em 27 jun 2015.
R7. Perito relata imagens chocantes logo após o massacre do Carandiru. Record. 15 abr 2013. Disponível em <http://rederecord.r7.com/video/perito-relata-imagens-chocantes-logo-apos-o-massacre-do-carandiru-516c90651d50fc453055c664/> Acesso em 23 jun 2015.
TERRA. Massacre do Carandiru. 2014. Disponível em <http://www.terra.com.br/noticias/especial/carandiru/episodio.htm> Acesso em 24 jun 2015.
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UOL. Ex-secretário de segurança diz que autorizou a entrada da PM no Carandiru. . Notícias. 16 abr 2013. Disponível em <http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/04/16/amigo-de-fleury-ex-secretario-diz-que-nunca-mais-falou-sobre-massacre-com-ex-governador.htm> Acesso em 26 jun 2015.
UOL. “Não dei a ordem de entrada da PM no Carandiru, mas teria dado”, diz Fleury em júri. Notícias. 30 jul 2013. Disponível em <http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/07/30/nao-dei-a-ordem-de-entrada-da-pm-no-carandiru-mas-teria-dado-diz-fleury-em-juri-de-policiais.htm> Acesso em 26 jun 2015.
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YOUTUBE. Especial Carandiru – sobrevivente diz que não houve reação dos presos. Núcleo Multimídia Estadão. abr 2013. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=bUYBlHFfyoU#> Acesso em 256 jun 2015.
� Discente do 3º período do curso de Direito da Faculdade de Pinhais. � HYPERLINK "mailto:Gabi-dasilva@hotmail.com" �Gabi-dasilva@hotmail.com�
² Discente do 3º período do curso de Direito da Faculdade de Pinhais. � HYPERLINK "mailto:Kleverantunes38@gmail.com" �Kleverantunes38@gmail.com�
³ Docente do curso de direito constitucional da Faculdade de Pinhais – FAPI. � HYPERLINK "mailto:Ednacamara.professora@gmail.com" �Ednacamara.professora@gmail.com�
4 Coordenadora do curso de Direito Penal da Faculdade de Pinhais – FAPI. marielmuraro@hotmail.com

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