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Direito Positivo x Direito Natural

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[http://introducaoaodireito.info/wp/?p=413] 
Primeiramente, devemos considerar que as ​normas éticas podem surgir de três                     
modos distintos: 1. espontaneamente, derivando de costumes sociais; 2. pormeio de                       
revelações a grupos religiosos, derivando da vontade divina; 3. voluntariamente, por                     
meio de decisões que as criam. No terceiro caso, a norma ética será chamada de                             
positiva.​ Uma norma positiva, portanto, é uma norma criada por decisão de alguém. 
O direito positivo pode ser considerado aquele conjunto de normas jurídicas criado                       
por meio de decisões voluntárias. O agente que, hoje, toma tais decisões é o Estado. 
Se as normas jurídicas estatais são criadas por decisões voluntárias, basta que a                         
vontade do Estado se modifique para que novas normas jurídicas surjam e outras                         
deixem de existir. O Estado brasileiro, por exemplo, diariamente cria novas leis,                       
modificando seu direito positivo. Este, pois, torna­se ​mutável​. 
Como cada nação tende a possuir seu Estado, o direito positivo torna­se​regional​,                       
pois varia de território a território. O direito positivo brasileiro não é idêntico sequer                           
ao da Argentina, país vizinho. 
Dadas essamutabilidade e essa variabilidade, o direito positivo torna­se​relativo​, pois                     
não podemos afirmar que qualquer norma jurídica de um Estado nacional tenha                       
valor absoluto. Nomáximo, seu valor está limitado às fronteiras do território do país.                           
Para que consideremos uma norma jurídica positiva válida, devemos sempre ter em                       
foco a autoridade que a positivou. 
O direito natural, por sua vez, pode ser definido como aquele conjunto de normas                           
jurídicas que derivam da natureza, como o nome indica. Podemos acrescentar que as                         
normas jurídicas naturais são vistas como ​dados​, anteriores, portanto, ao Estado. 
A crença na existência de um direito natural decorre, entre outras coisas, da                         
insatisfação filosófica do ser humano ante as características apontadas no direito                     
positivo: mutabilidade, regionalidade, relatividade. Haveria a ânsia por               
identificarmos um direito que ultrapasse tais limitações. 
O direito natural, assim, seria ​permanente​, pois derivaria de valores que antecedem                       
e constituem o ser humano, não podendo ser modificado por força de atos                         
voluntários. As normas jurídicas naturais colocar­se­iam em um patamar acima da                     
capacidade decisória humana. Ninguém poderia modificar, por exemplo, o direito à                     
liberdade, condição essencial de nossa espécie. 
O direito natural seria também​universal​, pois seus preceitos são idênticos a todos os                           
seres humanos, independentemente de suas condições culturais específicas. Uma                 
norma jurídica natural é a mesma para um brasileiro, um argentino ou um chinês.                           
Nunca poderia sofrer variações regionais. 
Ainda, o direito natural seria ​absoluto​, pois independe de qualquer autoridade local                       
que o positive e que lhe dê valor. Não precisamos, assim, relacioná­lo a nada além de                               
si mesmo para reconhecê­lo como obrigatório. Uma norma jurídica natural vale                     
simplesmente porque existe, pois é condição indispensável para nossa humanidade. 
Normalmente o conjunto de normas jurídicas chamado de direito natural é visto                       
como perfeito, colocando­se em umpatamar superior ao direito positivo, eivado pela                       
imperfeição humana. Transforma­se, assim, em um guia valorativo para o Estado,                     
que deveria criar normas o mais próximo possível dele. 
Uma questão sempre problemática e cuja resposta varia ao longo dos séculos é                         
encontrar a fonte do direito natural. A palavra fonte indica a nascente de água. Por                             
derivação, indica qualquer local de onde brota alguma coisa. Perguntar qual a fonte                         
do direito natural significa buscar o fundamento para suas normas. 
Uma resposta à questão seria indicar que as normas de direito natural derivam da                           
própria natureza, pois todas as coisas naturais seguemdeterminadas regras. Caberia                     
aos seres humanos descobrirem as regras que norteiam sua existência natural e                       
segui­las. 
Uma possibilidade seria constatar que, na natureza, os mamíferos caracterizam­se                   
pelo fato de a fêmea amamentar seus filhotes. Em sendo o ser humanomamífero, as                             
mulheres, mães, devem cuidar de seus filhos. Esta seria uma norma jurídica natural. 
Outra resposta à questão ganha contornos religiosos. Em sendo a natureza obra de                         
Deus, as normas de direito natural correspondem às regras criadas por Ele para reger                           
o funcionamento da natureza. Descobrir o direito natural, dessa forma, corresponde                     
à descoberta da vontade divina, materializada em normas jurídicas reveladas ao ser                       
humano. 
Ainda podemos citar uma última resposta, dada sobretudo pelos filósofos                   
Iluministas: a natureza organiza­se racionalmente. O direito natural corresponde à                   
descoberta da Razão que está por detrás da natureza. Portanto, a fonte última do                           
direito natural torna­se a Razão. 
Uma vez descobertas as normas do direito natural, o ideal seria que o Estado as                             
transformasse, sem exceções, em direito positivo. Todavia, isso, na prática, nem                     
sempre ocorre. Em algumas situações, surgem conflitosentre ambos. Qual deve                   
prevalecer? 
Os ​jusnaturalistas não têm dúvidas ao afirmar que existe uma hierarquia: o direito                         
natural, por ser perfeito e ​dado ​aos seres humanos, é superior ao direito positivo.                           
Caso uma norma positiva contrarie um preceito do direito natural, ela pode ser                         
desobedecida pela população, pois não seria, verdadeiramente, uma norma jurídica.                   
Assim, o direito positivo só se transforma em direito se e enquanto estiver de acordo                             
com o direito natural. 
Essa postura, extremada, justifica atos de resistência à lei vista, pelo direito natural,                         
como injusta, causando insegurança jurídica, sob o ponto de vista do direito estatal.                         
Alguns ​jusnaturalistas​, mais contidos e moderados, afirmam que o direito natural é                       
apenas um conjunto valorativo que deve nortear a atividade legislativa do Estado,                       
não tendo o poder de transformar uma norma em jurídica ou não. 
Nessa última perspectiva, ainda que o direito positivo viole um preceito do direito                         
natural, deve ser obedecido, pois nunca as normas jurídicas criadas pelo Estado                       
corresponderão integralmente às normas jurídicas naturais, sempre havendo alguns                 
pequenos conflitos. 
Mas a questão ainda fica mal resolvida. E se o Estado criar uma lei que cause uma                                 
injustiça insuportável aos cidadãos? Suponhamos que se determine o extermínio deum grupo étnico em determinado território. A população não poderia e, até, deveria                         
resistir a essa lei, que viola o direito natural à vida? Parece­nos que todos os                             
jusnaturalistas​ afirmariam que sim. 
Nem todos os juristas, contudo, possuem uma visão ​dualista do direito, acreditando                       
na existência da dicotomia positivo x natural. Muitos juristas adotam uma                     
perspectiva ​monista​, afirmando que o direito corresponde às normas criadas por                     
decisão da vontade política dominante, que controla o Estado. Só existiria o direito                         
positivo. 
Tal corrente, chamada de ​positivista​, prega que as normas jurídicas são aquelas                       
positivadas pelo Estado e não dependemde critérios externos a elas, como amoral, o                             
costume, a religião ou o direito natural. Sempre que uma norma jurídica for criada                           
de acordo com os procedimentos previstos pelo Estado (normalmente na                   
Constituição), é considerada válida e deve ser obedecida. 
Os ​positivistas apresentam sérias críticas ao direito natural, que, segundo eles,                     
inviabilizariam sua utilização prática. Se a busca por normas jurídicas naturais se                       
justifica pela necessidade de encontrarmos um direito permanente, universal e                   
absoluto, o resultado dessa busca seria frustrante. O direito natural encontrado                     
padeceria de muitos problemas: 
1. Vagueza: as normas de direito natural seriam abstratas demais para resolver                       
problemas concretos de determinadas sociedade, não se prestando para o                   
funcionamento cotidiano do aparato judicial. Qual o significado concreto de direitos                     
como a liberdade ou a igualdade? 
2. Subjetivismo: cada jurista que se aventura na busca das normas do direito natural                           
termina por encontrar um conjunto diferente, muitas vezes contraditórios entre si.                     
Juristas já encontraram normas naturais que afirmariam a diferença fundamental                   
entre os humanos, pretendendo a superioridade de alguns e a inferioridade de                       
outros, justificando estados como a escravidão (dos inferiores) ou a restrição de                       
direitos às mulheres (vistas como inferiores). 
3. Conservadorismo: tendo­se em vista que as normas de direito natural são                       
consideradas permanentes, ou seja, eternas e imutáveis, uma vez “descobertas”, não                     
podem sofrermodificações. Como a sociedade é um conjunto de forças contraditórias                       
e está sempre se transformando, há a tendência a essas normas jurídicas naturais                         
tornarem­se ultrapassadas e preconizarem a defesa de situações sob um ponto de                       
vista conservador. 
4. Impotência: talvez o mais grave de todos os argumentos seja aquele que aponta                           
nas normas derivadas do direito natural uma impotência decorrente da falta de                       
garantia estatal. As normas jurídicas positivas são ​coercivas e atributivas​,                   
especificando uma sanção penal para o caso de descumprimento. Não há qualquer                       
consequência organizada pela sociedade para o caso de descumprimento de uma                     
norma jurídica natural.Menos ainda se o descumprimento for praticado pelo próprio                       
Estado. Essa impotência levaria o direito natural ao descrédito e a um                       
enfraquecimento ainda maior. 
Não obstante o peso das críticas ​positivistas​, já ​relatamos que, durante o século XX,                           
o direito natural renasceu quando parecia definitivamente condenado ao                 
esquecimento histórico. Por mais que a dicotomia direito positivo x natural esteja                       
enfraquecida, dada a aparente vitória do primeiro, não ousamos proclamar que esse                       
estado seja eterno. 
Referências: 
DIMOULIS, Dimitri. Manual de Introdução ao Estudo do Direito. 2ª edição. São                       
Paulo: RT, 2007. 
FERRAZ JÚNIOR, T. S. Introdução ao Estudo do Direito – Técnica, Decisão e                         
Dominação. 4ª edição. São Paulo: Atlas, 2003.

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