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Direito Eleitoral

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INTRODUÇÃO
1. Direitos políticos versus direitos eleitorais
O direito eleitoral ganha relevância na medida em que a democracia se afirma no Brasil. 
Para fins de concurso, não há diferença entre direitos políticos e direitos eleitorais. Contudo, para a doutrina, os chamados direitos políticos são mais abrangentes e englobam os direitos eleitorais.
Os direitos políticos integram a manifestação do pensamento e as convicções filosóficas, tanto individual quanto coletivamente. O direito de associação e a possibilidade de ocupação de cargos públicos não eletivos também são direitos políticos (a pessoa que presta um concurso para ocupar um cargo público exerce um direito político).
O exercício direto da soberania pela população através do processo legislativo é um direito político. Ex.: possibilidade de apresentação de uma denúncia no Tribunal de Contas competente.
Direito político, portanto, é o nome que se dá à capacidade da pessoa natural de influenciar as decisões políticas, seja através da participação direta, nos termos da CR, seja através da participação indireta, escolhendo seus representantes na forma prevista pelo ordenamento jurídico. 
Os direitos políticos que possuem vertente eleitoral são aqueles ligados à escolha das pessoas que irão representar a população no governo. 
O direito político realmente estudado no direito eleitoral é o sufrágio, que deve ser universal. O sufrágio, na verdade, é o direito que permite ao cidadão a escolha de representantes. Universal significa que será realizado sem discriminações. Então, não se pode falar de sufrágio universal quando se impede, por exemplo, a mulher, o analfabeto ou aquele que não possui patrimônio de votar.
Por outro lado, também é universal porque deve ter igual valor para todos. Antigamente, as pessoas que ostentavam certos títulos de nobreza poderiam votar mais de uma vez. Hoje, o voto de uma pessoa não pode valer mais que o voto de outra pessoa. É a aplicação do brocardo inglês one men, one vote. Para cada homem, o direito a um voto. 
O direito de sufrágio é exercido através do voto. O voto, portanto, nada mais é do que um instrumento para o exercício do sufrágio. Cuidado para não confundir sufrágio como voto. Sufrágio é o direito, enquanto o voto é o exercício desse direito. No ordenamento jurídico brasileiro esse voto é direito, livre, secreto e personalíssimo. 
É direto, pois salvo as exceções previstas na CR não há intermediários entre a escolha do eleitor e a pessoa na qual ele pretende votar. Antigamente, o voto era exercido através do colégio de eleitores. Ao eleitor caberia apenas escolher um representante do colégio e esse representante seria responsável por eleger as pessoas para determinados mandatos eletivos.
Livre quer dizer que a pessoa pode votar em um candidato, anular o voto ou, ainda, votar em branco. Quando se afirma que o voto é livre, essa liberdade refere-se ao seu conteúdo. O voto é obrigatório para os brasileiros, alfabetizados, que tenham entre 18 e 70 anos. 
A liberdade não é de exercer ou não o voto, mas sim quanto ao seu conteúdo. A garantia da liberdade do voto é ele ser secreto. Se for criado instrumento que vise acabar com o segredo do voto constituirá crime eleitoral. Nas urnas eletrônicas, os programas utilizados devem garantir o segredo do voto.
Por último, o voto é personalíssimo. É necessário que o eleitor, pessoalmente, manifeste seu voto. Não se permite, no direito brasileiro, o voto por procuração. 
O escrutínio é a forma do voto. Quando se diz que o voto é secreto, fala-se em escrutínio. A forma pela qual o voto será proferido é o escrutínio. O escrutínio fechado, por exemplo, traz o voto secreto. 
2. Definição de direito eleitoral
O direito eleitoral, como visto, insere-se no campo dos direitos políticos.
O direito eleitoral é um microssistema do sistema jurídico. Atualmente, fala-se em sistema jurídico (e não mais ordenamento), que é uma expressão muito mais abrangente.
Na visão clássica, o direito eleitoral é um ramo do direito público. Uma visão mais contemporânea entende que o direito eleitoral é um microssistema do sistema jurídico. Adotada uma ou outra definição, compõe-se de princípios e regras que o regulam.
3. Objeto do direito eleitoral
O objeto do direito eleitoral são os direitos políticos-eleitorais de natureza público-subjetiva. São os direitos, as garantias e os deveres políticos-eleitorais. A doutrina os denomina de direitos políticos-eleitorais de capacidade eleitoral ativa, capacidade eleitoral passiva e perda e suspensão desses direitos.
A capacidade eleitoral ativa refere-se à possibilidade de ser eleitor. Já a capacidade eleitoral passiva refere-se à possibilidade de ser eleito para mandato eletivo. As perdas e suspensões são, por exemplo, as inalistabilidades e as inelegibilidades. 
Outro objeto do direito eleitoral são os institutos político-eleitorais concernentes ao regime democrático. São as matérias relacionadas ao sufrágio, ao voto, aos sistemas eleitorais, ao escrutínio, ao plebiscito e ao referendo, ao acesso e titularidade dos cargos políticos-eleitorais, aos crimes eleitorais etc. Um dos principais institutos que será estudado é o processo eleitoral. 
O terceiro objeto do direito eleitoral são as instituições que são responsáveis pela normatização e efetivação dos institutos e direitos, garantias e deveres políticos-eleitorais. São elas: o Poder Judiciário eleitoral (que no Brasil é especializado), o MP eleitoral, a atividade de Polícia eleitoral, a Defensoria Pública eleitoral, a PFN eleitoral e o Congresso Nacional (órgão normatizador). A competência para legislar é privativa de União, mas pode haver delegação aos Estados. 
Os partidos políticos também são importantes instituições de direito eleitoral. Há possibilidade de nomeação de delegados e fiscais eleitorais. Os delegados atuam nos Tribunais e os fiscais atuam no processo de voto. 
Há quem entenda que os partidos políticos passaram a fazer parte de um ramo próprio do direito, o chamado direito partidário. Essa posição é mais moderna. Márcio Luís entende que os partidos políticos não integram outro ramo do direito, pois não há um estudo próprio que possibilite essa cisão. 
4. Fontes formais do direito eleitoral
Fontes materiais são as conjunturas da sociedade que inspiram a criação de normas jurídicas. A fonte material do direito eleitoral é a própria necessidade da sociedade de participar do processo político. As fontes materiais são estudadas na matéria de sociologia jurídica. Serão tratadas, aqui, apenas das fontes formais.
As fontes formais são os meios pelos quais as normas se expressam dentro do sistema jurídico. No direito eleitoral, a principal fonte é a CR. A CR de 1988 é muito rica em matéria eleitoral. O próprio art. 1º já menciona o Estado Democrático de Direito, que faz parte do princípio democrático. Estabelece, ainda, que todo poder emana do povo, além de diversas outras regras, inclusive as competências eleitorais e as inelegibilidades. 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
A União possui competência para a edição de leis destinadas à regulamentação da matéria eleitoral. Portanto, as leis infraconstitucionais também são fontes formais do direito eleitoral. 
Como visto, a competência para legislar em direito eleitoral é da União e há possibilidade de delegação aos Estados (art. 22, da CR). Atualmente, não há delegação aos Estados.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
Parágrafoúnico. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Algumas matérias são objeto de lei federal ordinária (ex.: crimes eleitorais) e outras que são objeto de lei complementar (ex.: inelegibilidades), a depender da reserva constitucional. 
Obs.: o Código Eleitoral (CE) foi recepcionado em parte como lei complementar. É o princípio da novação jurídica, que ocorreu também com a recepção do CTN. Entretanto, apenas as matérias de organização e competências da Justiça Eleitoral é que possuem status de lei complementar (até o art. 41). O restante do diploma foi recepcionado como lei ordinária (art. 42 em diante).
Não pode haver edição de medida provisória em matéria de direito eleitoral (art. 62, §1º, I, “a”, da CR). Essa disposição visa preservar a própria sociedade. Também é vedada a edição de lei delegada em matéria eleitoral (art. 68, §1º, II, da CR). 
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
I - relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
As leis eleitorais próprias ou típicas são; o CE, a Lei dos Partidos Políticos, Lei das Inelegibilidades, Lei das Eleições, legislação que regula o transporte de passageiros em período eleitoral, Lei dos crimes eleitorais etc. 
A legislação eleitoral subsidiária não é composta por leis eleitorais, mas é aplicável e repercute no direito eleitoral. Ex.: o CC, o CPC, Lei de Registros Públicos, Lei de Improbidade Administrativa (pode haver a perda ou suspensão dos direitos políticos), Lei de Responsabilidade Fiscal (agentes públicos que não têm suas contas aprovadas podem ficar inelegíveis nas eleições), Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais. 
A terceira fonte formal de direito eleitoral são as Instruções e Resoluções da Justiça Eleitoral. Para fins de concurso, não há diferença relevante entre os institutos, mas a doutrina traça algumas diferenças.
Ambas são normas editadas pelo TSE ou pelos TRE’s. Veja que o juiz eleitoral não pode expedir instruções e resoluções.
As Instruções são atos normativos internos, que envolvem o regular funcionamento da própria Justiça Eleitoral. Já as Resoluções são normas que regulamentam matéria efetivamente eleitoral. Ex.: Resolução 21.538 regulamenta o exercício da capacidade eleitoral passiva. 
As Resoluções possuem algumas classificações importantes: 
a) quanto à vigência, podem ser:
i) temporária (Ex.: calendário eleitoral); 
ii) permanente (vigem por tempo indeterminado. Ex.: Resolução 21.538); 
b) quanto ao conteúdo, podem ser:
i) interpretativas;
ii) regulamentares;
Interpretativas são as Resoluções editadas para explicar o conteúdo de uma lei, sua finalidade é clarear ou esclarecer um texto de norma pré-existente. As Resoluções interpretativas são chamadas de atos normativos secundários e não têm eficácia de lei ordinária, mas de decreto.
As Resoluções regulamentares são aquelas que regulam propriamente a matéria eleitoral. Podem regulamentar qualquer matéria de direito eleitoral. Ex.: Resolução que regulamenta a atuação da Polícia eleitoral. 
O poder normativo da Justiça Eleitoral está previsto no CE (art. 1º, parágrafo único e art. 23) e na Lei das Eleições (art. 105).
Art. 1º Este Código contém normas destinadas a assegurar a organização e o exercício de direitos políticos precipuamente os de votar e ser votado.
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral expedirá Instruções para sua fiel execução.
Art. 105.  Até o dia 5 de março do ano da eleição, o Tribunal Superior Eleitoral, atendendo ao caráter regulamentar e sem restringir direitos ou estabelecer sanções distintas das previstas nesta Lei, poderá expedir todas as instruções necessárias para sua fiel execução, ouvidos, previamente, em audiência pública, os delegados ou representantes dos partidos políticos. (Redação dada pela Lei nº 12.034, de 2009) 
As Resoluções de natureza regulamentar têm eficácia de lei ordinária. Havendo lei ordinária e depois a edição de uma resolução, a lei não poderá ser revogada pela Resolução, mas haverá suspensão da eficácia da parte que com ela estiver em contradição. Se ocorrer o contrário, prevalecerá a lei, que suspenderá a eficácia da Resolução. 
As Resoluções regulamentares podem ser objeto de controle de constitucionalidade pelo STF, por meio de ADPF. Esse entendimento já está pacificado. Exemplo famoso é a ADPF 144, que discutiu a questão da infidelidade partidária. 
O juiz eleitoral fica vinculado ao cumprimento da Resolução, portanto, ela não pode ser objeto de controle difuso de constitucionalidade. Ou seja, o juiz não pode declarar a inconstitucionalidade de uma resolução. Exatamente por isso é que poderá ser objeto de ADPF, no STF. No direito eleitoral, a forma de se fazer controle difuso das Resoluções é indireta, através das consultas (instituto de direito eleitoral que será adiante estudado).
c) quanto à incidência territorial, podem ser:
i) municipal;
ii) estadual;
iii) em todo o território nacional;
O âmbito de incidência da Resolução dependerá do seu objeto e será sempre norma federal. Ex.: a eleição suplementar ou complementar ocorre quando uma eleição é anulada. Se uma eleição no município de SP é anulada, será editada uma norma pelo TRE com o calendário eleitoral, que terá incidência apenas naquele município. 
A maioria das Resoluções tem incidência em todo o território federal e são a mais importante fonte de direito eleitoral.
A quarta fonte formal do direito eleitoral são os estatutos dos partidos políticos. Há certas matérias que por força do princípio da autonomia dos partidos são restritas à regulamentação pelos estatutos dos partidos políticos. Assim, uma norma originária de um estatuto pode interferir no processo eleitoral. 
A Lei das Eleições estabelece que o candidato somente poderá concorrer às eleições se estiver filiado ao partido há pelo menos 1 ano. Todavia, se o estatuto do partido tiver previsão de prazo maior, é ele que deverá prevalecer. O próprio CE dispõe nesse sentido em relação às eleições proporcionais.
Art. 9º Para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de, pelo menos, um ano antes do pleito e estar com a filiação deferida pelo partido no mesmo prazo.
Art. 88. Parágrafo único. Nas eleições realizadas pelo sistema proporcional o candidato deverá ser filiado ao partido, na circunscrição em que concorrer, pelo tempo que fôr fixado nos respectivos estatutos.
A quinta fonte do direito eleitoral são os princípios. Existem princípios gerais aplicáveis ao direito eleitoral e princípios específicos. 
Exemplos de princípios específicos: princípio da anualidade (art. 16 da CR); princípio da cautela ou legitimidade das eleições; princípio da preclusão instantânea (a preclusão, em regra, é instantânea no direito eleitoral); princípio da celeridade; princípio da devolutividade dos recursos (os recursos, em regra, possuem apenas efeito devolutivo. Porém, cuidado, pois em relação à parte penal os recursos são dotados também de efeito suspensivo); princípio do aproveitamento do voto (havendo dúvida sobre a validade do voto deverá ser considerado válido). 
Um dos princípios mais importantes para o direito eleitoral é o princípio da anualidade. Estabelece que a lei que modifica o processo eleitoral entra em vigor com a sua publicação, mas só será aplicada naseleições que ocorrerem, pelo menos, depois de 1 ano de sua vigência. Isso que dizer que publicada a lei, ela entra em vigor, entretanto,só vai se aplicar às eleições que aconteçam há pelo menos 1 ano do início de sua vigência. 
Para o STF, esse princípio da anualidade aplica-se também às EC’s. Em julgado muito recente, o STF declarou que a LC 135 (Lei da Ficha Limpa) somente seria aplicada às eleições de 2012, uma vez que foi publicada em julho de 2010. Não pôde ser aplicada nas eleições de 2010, pois não fora respeitado o princípio da anualidade.
A jurisprudência é uma fonte relevante do direito eleitoral, pois tem força vinculante. Antes mesmo da criação das Súmulas Vinculantes, a jurisprudência eleitoral já possuía força vinculante. Os julgados servem como parâmetro de julgamento para outras ações. 
Os costumes eleitorais também são fonte formal de direito eleitoral. Contudo, não possuem muita relevância, pois demoram muito para se consolidar e hoje há uma intensa regulamentação das práticas eleitorais por outros instrumentos. 
A doutrina e a analogia, muito embora sejam tratadas como fontes pelos manuais, não são fontes de direito eleitoral, na visão de Márcio Luís. A analogia é método de integração do direito e a doutrina é fonte de inspiração para a criação da legislação eleitoral. Vale lembrar que a analogia não pode ser aplicada no direito penal eleitoral.
5. Instituições de direito eleitoral
As instituições que serão estudadas têm competência para regular ou efetivar o direito eleitoral. As instituições regulamentares são a Justiça Eleitoral e o Congresso Nacional. Quando houver delegação para os Estados, as Assembleias Legislativas é que possuirão competência regulamentar.
As instituições de efetivação do direito eleitoral são basicamente a Justiça Eleitoral, o MP, a DP, a Polícia eleitoral, PFN e os Delegados e Fiscais dos partidos políticos.
6. Justiça Eleitoral
O Poder Judiciário eleitoral no Brasil é um seguimento especializado da Justiça Federal. Dessa forma, os TRE’s são tribunais federais.
A Justiça Eleitoral existe desde a Constituição de 1934. Antes da sua existência, o processo eleitoral era realizado por mecanismos administrativos dos estados.
A Justiça Eleitoral possui quadro de funcionários permanente, mas não possui corpo judicante próprio. Os juízes eleitorais exercem a função eleitoral por um mandato de 2 anos, prorrogáveis por igual período. Há membros titulares e suplentes, escolhidos da mesma forma que os titulares. Existe, ainda, a figura do juiz auxiliar nos TRE’s. Serão três os juízes auxiliares nos TRE’s e das suas decisões caberá recurso para o Pleno do TRE. 
Assim, a CR estabelece que aos juízes dos tribunais eleitorais (juízes do TSE e do TRE) aplica-se a seguinte regra: deverão servir, salvo motivo justificado, por no mínimo, 2 anos e, no máximo, 4 anos consecutivos (2 biênios consecutivos). Cuidado com a pegadinha: se na prova não aparecer a expressão “consecutivos”, a questão estará errada. 
O juiz eleitoral poderá exercer a jurisdição eleitoral por 2 anos, ser reconduzido, passar um período sem jurisdição eleitoral e depois retornar. Quando se afirma que o juiz eleitoral pode exercer a jurisdição por no máximo 4 anos, na hipótese de ser reconduzido por mais 2 anos, nunca mais poderia retornar. Por isso a importância da expressão “consecutivos”. O que se veda é que um juiz exerça a jurisdição eleitoral por mais de 4 anos consecutivos.
O magistrado eleitoral possui todas as garantias inerentes à magistratura. A CR diz que inclusive possui inamovibilidade. A doutrina entende que os magistrados que têm funções eleitorais possuem todas as garantias dos demais magistrados, exceto a vitaliciedade. A vitaliciedade, na verdade, é a única garantia dos magistrados em geral que não será aplicada aos magistrados que estão no exercício da função eleitoral, pois não existe carreira de juiz eleitoral.
A organização da Justiça eleitoral se dá em três níveis: i) TSE; ii) TRE’s em cada estado e; iii) juízes e juntas eleitorais. 
6.1. TSE
6.1.1. Estrutura
O TSE é o órgão de cúpula da Justiça Eleitoral e tem jurisdição em todo o território nacional. É composto por 7 Ministros (serão 7 titulares e 7 suplentes).
Aos juízes eleitorais é devida uma gratificação por sessão de julgamento em que participam. Essa remuneração não integra o teto constitucional. Portanto, o magistrado que exerce função eleitoral pode receber mais do que o teto do STF (a remuneração tem natureza indenizatória).
Composição:
- 3 são Ministros do STF;
- 2 são Ministros do STJ;
- 2 são advogados, escolhidos através de duas listas tríplices elaboradas pelo STF. Veja que não é a OAB que forma essa lista. É exigido no mínimo 10 anos de exercício da advocacia e os juízes poderão advogar, havendo restrição apenas quanto à atuação na Justiça Eleitoral.
O STF indica três nomes para uma lista e três para outra. Feitas as listas, elas serão encaminhadas para o Presidente da República, que escolhe um advogado por lista. O mesmo procedimento é realizado para os suplentes. 
Um dos três Ministros do STF será escolhido como Presidente do TSE. Atualmente, a Ministra Carmen Lúcia Antunes Rocha é a presidente do TSE. UO outro Ministro será o Vice-Presidente do tribunal. 
O Ministro do STF que atua no TSE não fica impedido para julgar processos eleitorais em grau de recurso no STF. Isso já foi decidido pelo tribunal. É exatamente por isso que as decisões do TSE são raramente modificadas no STF em grau recursal.
O Corregedor-Geral Eleitoral será escolhido dentre os Ministros do STJ. Esse cargo é importante, pois o Corregedor-Geral exerce relevante poder de polícia durante o período eleitoral.
Vale lembrar que para cada titular haverá um suplente da mesma categoria.
Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;
II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.
Duas observações são importantes: os membros do MP não podem exercer a função da magistratura eleitoral. Nos demais tribunais, o MP acaba tendo assento através do quinto constitucional. No TSE, nenhum dos juízes vem do MP. 
A segunda observação é que a OAB não participa do processo de escolha, pois os advogados são indicados pelo STF e não pela OAB. Nos demais tribunais, os advogados são indicados pela OAB, o que não ocorre no TSE. O STF, julgando a constitucionalidade do EOAB, entendeu que os advogados podem exercer a magistratura eleitoral sem, no entanto, perder a sua qualidade de advogado. Portanto, os advogados indicados para atuarem como juízes eleitorais no TSE poderão continuar advogando, exceto perante a JE.
6.1.2.. Funcionamento do TSE
O TSE decide por maioria de votos, estando a maioria dos seus membros presentes. Assim, se 4 dos membros estiverem presentes, o julgamento poderá ser realizado.
Todavia, há exceções. Nas exceções, devem estar presentes todos os membros, porém, o voto continua sendo por maioria. A diferença é que nessas exceções, se não estiverem presentes os 7 membros, o feito não pode ser julgado. São elas:
a) questões de validade do CE frente à CR. Ex.: ação em que se requer a declaração de nulidade de algum dispositivo da lei eleitoral;
b) cancelamento de registro de partido político. Isso porque esse julgamento é muito importante. O partido político só poderá atuar a partir do momento em que é registrado perante o TSE e o seu cancelamento é uma decisão grave;
c) anulação geral de eleições. Ex.: recurso que trata sobre a anulação de alguma eleição;
d) perda de diploma. Aqueles que foram eleitos a mandato eletivo ou na condição de suplentes, terão direito a diploma. Com a perda do diploma, proíbe-seque essa pessoa exerça o mandato eletivo;
Caso algum membro justificadamente não possa comparecer, atuará em seu lugar o substituto. É por isso que existem os substitutos. Atentar para o fato de que a votação continua sendo por maioria, mesmo nas exceções. 
6.1.3.. Impedimento e suspeição 
Compete ao TSE julgar o impedimento e a suspeição dos seus membros, do Procurador-Geral Eleitoral (aquele que exerce as funções do MP junto ao TSE) e dos seus servidores.
Note que o impedimento é uma presunção absoluta, que não admite prova em contrário de que a pessoa não tem condições de realizar, de forma imparcial, suas atribuições. Por isso estará impedida e não há como, naquele processo, cessar o impedimento. Sendo absoluto, poderá ser arguido a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição.
Por outro lado, a suspeição ocorre quando há amizade íntima ou inimizade notória. Não é tão grave quanto o impedimento e se por isso mesmo se não for requerida no prazo legal, não poderá mais sê-lo. Opera-se a preclusão. 
No entanto, a suspeição será ilegítima quando for o próprio excipiente (aquele que argui a suspeição de alguém) que a provocar. Entendendo-se que determinado magistrado do TSE é suspeito, deve-se iniciar a chamada exceção de suspeição. Todavia, se a própria pessoa que inicia a exceção é que provocou a amizade ou animosidade com o magistrado, por saber que suas opiniões são contrárias ao seu entendimento, a exceção será ilegítima. 
Será, ainda, ilegítima a suspeição quando o excipiente praticar ato que importe a aceitação do arguido. Basta que o excipiente não entre com a exceção de suspeição no prazo previsto em lei para que se entenda que ele se conformou com a situação. Observe que no impedimento não há forma de se aceitar o arguido, pois é absoluto. 
Art. 19. O Tribunal Superior delibera por maioria de votos, em sessão pública, com a presença da maioria de seus membros.
Parágrafo único. As decisões do Tribunal Superior, assim na interpretação do Código Eleitoral em face da Constituição e cassação de registro de partidos políticos, como sobre quaisquer recursos que importem anulação geral de eleições ou perda de diplomas, só poderão ser tomadas com a presença de todos os seus membros. Se ocorrer impedimento de algum juiz, será convocado o substituto ou o respectivo suplente.
A preocupação em relação ao impedimento e à suspeição é sempre relacionada à imparcialidade dos magistrados.
6.1.4.. Irrecorribilidade das decisões do TSE
O art. 121, §3º, da CR dispõe que as decisões do TSE são, em regra, irrecorríveis. 
§ 3º - São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição e as denegatórias de "habeas-corpus" ou mandado de segurança.
Quando couber recurso das decisões do TSE deverá ser interposto para o STF. Exceções à irrecorribilidade:
i) decisões que contrariam a CR;
ii) decisões denegatórias de HC;
iii) decisões denegatórias de MS;
Isso significa que as decisões que concedem HC ou MS não comportam recurso para o STF. 
6.1.5. Competência do TSE
A competência do TSE é dividida entre competência judicial e administrativa.
A competência judicial está prevista no art. 22 do CE. 
Art. 22. Compete ao Tribunal Superior:
I - Processar e julgar originariamente:
a) o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus diretórios nacionais e de candidatos à Presidência e vice-presidência da República;
b) os conflitos de jurisdição entre Tribunais Regionais e juizes eleitorais de Estados diferentes;
c) a suspeição ou impedimento aos seus membros, ao Procurador Geral e aos funcionários da sua Secretaria;
d) os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos cometidos pelos seus próprios juizes e pelos juizes dos Tribunais Regionais;
f) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto à sua contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos;
g) as impugnações á apuração do resultado geral, proclamação dos eleitos e expedição de diploma na eleição de Presidente e Vice-Presidente da República;
h) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos nos Tribunais Regionais dentro de trinta dias da conclusão ao relator, formulados por partido, candidato, Ministério Público ou parte legitimamente interessada. (Redação dada pela Lei nº 4.961, de 1966)
i) as reclamações contra os seus próprios juizes que, no prazo de trinta dias a contar da conclusão, não houverem julgado os feitos a eles distribuídos. (Incluído pela Lei nº 4.961, de 1966)
j) a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro de cento e vinte dias de decisão irrecorrível, possibilitando-se o exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em julgado. (Incluído pela  LCP nº 86, de 1996)
II - julgar os recursos interpostos das decisões dos Tribunais Regionais nos termos do Art. 276 inclusive os que versarem matéria administrativa.
Parágrafo único. As decisões do Tribunal Superior são irrecorrível, salvo nos casos do Art. 281.
A competência judicial é subdividida em i) originária e ii) recursal. 
A competência administrativa está prevista no art. 23 e subdividida em i) regulamentar e ii) consultiva
  Art. 23 - Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior,
I - elaborar o seu regimento interno;
II - organizar a sua Secretaria e a Corregedoria Geral, propondo ao Congresso Nacional a criação ou extinção dos cargos administrativos e a fixação dos respectivos vencimentos, provendo-os na forma da lei;
III - conceder aos seus membros licença e férias assim como afastamento do exercício dos cargos efetivos;
        IV - aprovar o afastamento do exercício dos cargos efetivos dos juizes dos Tribunais Regionais Eleitorais;
V - propor a criação de Tribunal Regional na sede de qualquer dos Territórios;
VI - propor ao Poder Legislativo o aumento do número dos juizes de qualquer Tribunal Eleitoral, indicando a forma desse aumento;
VII - fixar as datas para as eleições de Presidente e Vice-Presidente da República, senadores e deputados federais, quando não o tiverem sido por lei:
VIII - aprovar a divisão dos Estados em zonas eleitorais ou a criação de novas zonas;
IX - expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste Código;
X - fixar a diária do Corregedor Geral, dos Corregedores Regionais e auxiliares em diligência fora da sede;
XI - enviar ao Presidente da República a lista tríplice organizada pelos Tribunais de Justiça nos termos do ar. 25;
XII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por autoridade com jurisdição, federal ou órgão nacional de partido político;
XIII - autorizar a contagem dos votos pelas mesas receptoras nos Estados em que essa providência for solicitada pelo Tribunal Regional respectivo;
XIV - requisitar a força federal necessária ao cumprimento da lei, de suas próprias decisões ou das decisões dos Tribunais Regionais que o solicitarem, e para garantir a votação e a apuração; (Redação dada pela Lei nº 4.961, de 1966)
XV - organizar e divulgar a Súmula de sua jurisprudência;
XVI - requisitar funcionários da União e do Distrito Federal quando o exigir o acúmulo ocasional do serviço de sua Secretaria;
XVII - publicar um boletim eleitoral;
XVIII - tomar quaisquer outras providências que julgar convenientes à execução da legislação eleitoral.
A possibilidade de expedir instruções e de responder a consultas estão na lei e integram a competência administrativa. 
Há um macete que deve ser utilizado na hora da prova para identificar se a competência é do TSE, TRE, juízes eleitorais ou das Juntas Eleitorais. A competência da JE deve ser dividida em razão das eleições.
Ao TSE caberá decidir acerca das eleições presidenciais (Presidente e Vice). Ao TRE caberá decisões sobre eleições federais e estaduais. As eleições federais são aquelas nas quais se escolhem os senadores e deputados federais. Não obstante sejam cargos federais, a escolha é feita em âmbito estadual, portanto, cada estado escolhe seus Senadorese Deputados Federais. Os Juízes e Juntas Eleitorais decidem acerca das eleições municipais. Em resumo:
TSE: eleição para Presidente e Vice-Presidente da República;
TRE: eleição federais (Senadores e Deputados Federais) e estaduais;
Juízes e Juntas Eleitorais: eleições municipais;
Todavia, existem 3 exceções a essa regra que serão tratadas posteriormente. 
O art. 22 do CE estabelece a competência judicial do TSE. O inciso I nos traz a competência judicial originária e parcela desse artigo não foi recepcionada pela CF. O CE é de 1965.
6.1.5.1. Competência judicial originária
I) o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus diretórios nacionais e de candidatos à Presidência e vice-presidência da República;
Para que os partidos políticos possam funcionar é necessário que seus estatutos estejam registrados perante o TSE. Os partidos políticos são divididos em vários diretórios nacionais (direção do partido), regionais (estados e DF) e municipais. Permite-se, ainda, a criação de diretórios zonais, o que ocorreria no DF, vez que não se subdivide em municípios. Os diretórios nacionais dos partidos políticos devem estar registrados perante o TSE. Os diretórios regionais e municipais são registrados perante o TER. 
Utilizando o macete para se averiguar a competência fica claro que a competência para o registro e cassação de registro de candidatos à presidência e vice-presidência compete ao TSE, uma vez que são eleições presidenciais.
II) conflitos de jurisdição entre TRE’s e juízes eleitorais de estados diferentes;
Os conflitos de jurisdição ocorrem quando mais de um juiz se entende competente ou incompetente para determinada matéria. Será instaurado um conflito de jurisdição e o tribunal deverá indicar qual órgão é que deverá julgar aquela determinada causa. 
Note que se os juízes eleitorais forem do mesmo estado, a competência passa a ser do TRE.
III) a suspeição ou impedimento aos seus membros, ao Procurador-Geral Eleitoral e aos funcionários da sua Secretaria;
IV) crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos cometidos pelos seus próprios juízes e pelos juízes dos TREs;
Atenção, pois esta alínea não foi recepcionada pela CR/88. A CR afirma que quando um membro de um tribunal superior comete um crime, seja ele eleitoral ou não, deverá ser julgado pelo STF. 
Assim, os crimes cometidos pelos membros do TSE serão julgados pelo STF. Da mesma forma, os crimes cometidos pelos membros do TRE serão julgados pelo STJ. 
V) os HCs ou MSs, em matéria eleitoral, relativos a atos do Presidente da República, dos Ministros de Estado e dos Tribunais Regionais; ou ainda, o HC, quando houver perigo de se consumar a violência antes que o juiz competente possa prover sobre a impetração;
Parcela desta alínea também não foi recepcionada pela CR/88. Compete ao STF julgar o MS impetrado contra o Presidente da república, tenha natureza eleitoral ou não. Compete, ainda, ao STJ julgar o MS contra Ministro de Estado, independentemente do ato ilegal ter sido de natureza eleitoral ou não. 
MS contra Presidente da República STF
MS contra Ministro de Estado STJ
Já com relação ao MS impetrado contra ato de natureza eleitoral praticado por juízes do TRE, a competência, de fato, é do TSE. Todavia, MS contra ato do TRE só será de competência do TSE quando o ato tiver natureza eleitoral. Isso significa que contra os atos produzidos pelo TRE, ainda que ilegais, porém de natureza administrativa, não ensejarão MS para o TSE. Ex.: quando se discute em MS as férias de um servidor do TRE, a competência não é do TSE, por não possuir natureza eleitoral.
Por outro lado, MS contra ato ilegal do Presidente do TRE é de competência do TSE. Trata-se de exceção.
Caberá, ainda, nos termos da alínea “e” do art. 22, I, do CE, HC contra ato do Presidente da República, Ministro de Estado, do TRE ou nas hipóteses em que a autoridade competente não tiver condições de analisar o HC antes de consumada a violência (no direito eleitoral significa deixar alguém preso, impedindo-o de votar). Ressalta-se que este ato ilegal praticado deve ter natureza eleitoral. Nesse ponto, há grande divergência doutrinária.
Parte da doutrina entende que, desde 1984, este dispositivo está suspenso pela Resolução 132 do Senado Federal. O professor sustenta que o entendimento que deve prevalecer é o de que o HC contra ato do Presidente será julgado pelo TSE, se de natureza eleitoral. O mesmo ocorre com os atos dos Ministros de Estado e dos membros do TRE. Isso porque a CF determina que caberá ao STF julgar o HC quando o Presidente da República está sendo coagido, mas não quando é a autoridade coatora. Se é o Presidente da República que ameaça retirar a liberdade de expressão para o voto de alguém, caberá HC contra ele perante o TSE. O entendimento majoritário é que com relação ao HC o dispositivo fora recepcionado.
A ausência de recepção ocorreu apenas no MS contra ato do Presidente (STF) e contra ato do Ministro de Estado (STJ). Com relação ao HC, a competência do TSE fora mantida e recepcionada pela CF.
VI) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto à sua contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos;
Quando é feita uma reclamação, desde que ela seja relativa a obrigação imposta por lei aos partidos políticos quanto à contabilidade ou origem de seus recursos, deve ser julgada pelo TSE.
Os partidos políticos submetem-se ao princípio da autonomia partidária. Isso significa que a JE poderá se imiscuir na atuação dos partidos políticos apenas nos casos previstos na legislação, em razão de os partidos políticos tomarem várias decisões de caráter interno. 
VII) as impugnações à apuração do resultado geral, proclamação dos eleitos e expedição de diploma na eleição de Presidente e Vice-Presidente da república;
Tratando-se de questão relacionada ao Presidente e Vice-Presidente da República (eleições presidenciais), a competência será do TSE, conforme visto.
VIII) pedidos de desaforamento dos feitos não decididos nos TREs dentro de 30 dias da conclusão ao relator, formulados por partido, candidato, MP ou parte legitimamente interessada;
Pedidos de desaforamento ocorrem quando se requer que determinada causa seja julgada por um outro órgão judicial. O desaforamento na Justiça Eleitoral ocorre quando há um feito em trâmite no TRE que não foi decidido dentro de 30 dias, contados da conclusão ao relator. Nesse caso, a parte pode pedir o desaforamento, ou seja, que seja julgado pelo TSE (e não pelo TRE). 
Note que o pedido deve ser formulado por partidos políticos, candidato, MP ou parte legitimamente interessada. Logicamente, não se pode formular pedido de desaforamento quando a demora se dá no âmbito do próprio TSE. 
IX) as reclamações contra os seus próprios juízes que, no prazo de 30 dias a contar da conclusão, não houverem julgado os feitos a ele distribuídos;
Como dito, não cabe pedido de desaforamento, pois o TSE é o órgão de cúpula da JE, não havendo, no âmbito da JE, tribunal hierarquicamente superior.
X) a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro de 120 dias de decisão irrecorrível, possibilitando-se o exercício de mandato eletivo até o seu trânsito em julgado;
A ação rescisória é uma ação ajuizada, nos termos do CPC, quando uma sentença transitou em julgado com algum vício tão grave que a lei acaba por relativizar os seus efeitos. É uma ação que ataca a coisa julgada. 
No direito eleitoral, a AR só é possível nos casos de inelegibilidade. Cuidado com as questões de prova que costumam trocar a expressão “inelegibilidade” por “elegibilidade”. Somente caberá AR quando se tratar de inelegibilidade e desde que ajuizada a ação dentro de 120 dias da decisão irrecorrível. O prazo de decadência é de 120 a partir do momento em que se tronou irrecorrível. 
Cuidado para não confundir com o prazo de 2 anos na rescisória prevista no CPC. 
O STF, na ADI 1459-5, julgou a última parte desse dispositivo inconstitucional. Isso porque pela última parte,o sujeito já teria uma decisão transitada em julgado que determinaria a saída do candidato eleito ao mandato eletivo. O fato de ajuizar uma AR em relação a esse mandato eletivo, por si só, fazia com que o sujeito continuasse no mandato eletivo até que essa AR transitasse em julgado. O simples fato do ajuizamento da AR manteria o sujeito no mandato, já tendo ele uma decisão que determinava a sua saída.
A AR é de competência apenas do TSE e somente pode ser ajuizada contra decisão final transitada em julgado do próprio TSE. Se porventura a decisão tenha transitado em julgado perante o TRE, contra ela não caberá AR. É necessário que a AR tenha chegado ao TSE e no TSE transitado em julgado. 
O TSE possui, ainda, a competência originária recursal, que será adiante estudada.
6.1.5.2. Competência administrativa
Essa competência administrativa é subdividida em i) regulamentar e ii) consultiva. 
O TSE tem a competência administrativa prevista no art. 23, I, do CE de criar o seu próprio regimento interno. 
Outra competência administrativa bastante interessante é a designação de datas para as eleições presidenciais, mas também para as eleições de senador e deputado federal, desde que essas datas nas estejam determinadas no ordenamento jurídico. Aqui, surge uma primeira questão: em direito constitucional é ensinado que as eleições dar-se-ão no primeiro domingo de outubro em primeiro turno e no último domingo de outubro em segundo turno. 
Todavia, há hipóteses que, apesar de tudo, não se encontram previstas na CR ou na lei. Um exemplo é quando uma eleição presidencial é anulada e é necessário marcar uma nova eleição. Esta nova data não está prevista na CR. Nessa situação, esta nova data deverá ser fixada pelo TSE.
Chama a atenção o detalhe que cabe também ao TSE fixar a data de eleições de Senador e Deputado Federal quando se verifica que não há data determinada no ordenamento jurídico. Se utilizássemos a regra de competência anteriormente estudada, a competência para organização das eleições federais e estaduais seria do TRE.
Aqui temos a primeira exceção à regra de competência: para a fixação de data de eleições que não estejam determinadas no ordenamento jurídico, caberá ao TSE fixá-las tratando-se de senador, deputado federal, presidente e vice-presidente.
Competência regulamentar: cabe ao TSE expedir instruções na forma de resolução e servirão para esclarecer e complementar a lei eleitoral, permitindo, assim, uma maior exequibilidade. 
É possível e bem comum que a legislação eleitoral possua algumas lacunas (a legislação é omissa). Em outros pontos, a lei eleitoral é bastante obscura. Para sanar essa imperfeição, o TSE edita instruções para que a lei eleitoral possa ser bem aplicada. Um exemplo interessante é a Resolução 21.538 que traz uma instrução acerca de alistamento eleitoral. Nessa instrução encontram-se os entendimentos do TSE sobre a legislação existente que demonstra de que maneira essa alistamento é processado. 
A instrução possui força de lei. Nesse ponto, o professor concorda com José Jairo Gomes quando afirma que possuir a instrução força de lei não significa que ela seja lei. Possuir força de lei significa que essa instrução, na verdade, é obrigatória. Disso decorre que a instrução, não sendo lei, deve respeitar os ditames legais, pois caso contrário, será declarada sua ilegalidade. Apesar da importância das instruções editadas pelo TSE, ela ainda está colocada em um nível hierárquico abaixo da lei.
Essa instrução expedida pelo TSE pode ser a) primária ou b) secundária. Será primária quando cria algo novo, pois, na verdade, acaba atuando na lacuna da lei e trazendo um dispositivo novo. Quando cria algo novo, contra essa resolução, caberá ADI porque não está baseada em lei, mas no ordenamento jurídico como um todo, inclusive a CR. E, se essa resolução modifica o processo eleitoral, a ela é aplicável o princípio da anualidade.
Essa instrução secundária não cria nada de novo, apenas interpreta a legislação. É por isso que contra ela não cabe ADI (o vício não é de inconstitucionalidade, mas sim de ilegalidade), bem como pode ser expedida até o dia 5 de março do ano do pleito eleitoral. Também no caso da instrução secundária, se ela alterar o processo eleitoral, deverá também obedecer ao princípio da anualidade, entrando em vigor na data da publicação, mas só será aplicada às eleições que ocorrerem há um ano de sua vigência.
Outra competência administrativa importante é aquela que determina caber ao TSE aprovar a divisão do estado em zonas eleitorais ou a criação de novas zonas. 
Zona eleitoral é um conceito de direito eleitoral que equivale ao conceito de comarca do direito processual civil. É o espaço de atuação (competência) do juiz eleitoral. Apesar de a Zona eleitoral ter o mesmo sentido de comarca, nem sempre uma zona eleitoral corresponderá ao território de um município. Há municípios que possuem mais de uma Zona eleitoral.
Não cabe ao TSE dividir o estado em Zonas ou criar novas Zonas eleitorais. A sua competência é aprovar a divisão ou a criação de novas zonas. Quem faz essa divisão e cria novas Zonas é o TRE.
Competência consultiva: está relacionada à competência do TSE de responder a consultas em matéria eleitoral, que deverão ser respondidas em tese. O TSE entende que não caberá consultas em relação a matérias administrativas ou constitucionais, mas apenas em matéria eleitoral. Exemplo: consulta para saber se o índio que está completamente incorporado aos usos e costumes nacionais poderá ser alistado eleitoralmente. 
Em tese significa que essa consulta deverá ser realizada nos termos da matéria eleitoral posta a conhecimento da JE, mas não pode se referir ao caso concreto posto em juízo. Deve referir-se a uma situação em tese, abstrata, que possa atingir várias pessoas ao mesmo tempo, sem que elas estejam nominadas. O TSE entende, ainda, que não pode ser feita uma consulta muito genérica, deve ter um ponto de divergência, que será discutido pelo tribunal.
Por isso é que se proíbe que seja respondida consulta no período eleitoral que se inicia a partir das convenções partidárias para a escolha de candidatos. Isso porque, a partir desse momento, muitas das hipóteses postas a consulta, serão causas concretas que deverão ser analisadas pelo tribunal. A probabilidade de se tornar um caso concreto de algum dos candidatos é muito grande.
Esta consulta não pode ser feita por qualquer pessoa. A legitimidade para a consulta é de autoridade com jurisdição federal, como por exemplo, o Presidente da República, o PGR, o membro do Congresso Nacional ou por órgão nacional de partido político. A legitimidade é restrita.
A eficácia da consulta é erga omnes, mas ao mesmo tempo é não vinculativa. Significa dizer que, na verdade, não é obrigatória. O peso da consulta pode ser comparado ao de uma simples jurisprudência. A consulta sequer obriga o próprio órgão que a respondeu, isto é, o TSE pode responder a uma consulta de uma forma hoje e depois alterar seu posicionamento. 
Em razão de não ter caráter vinculativo, contra ela não cabe ADI, segundo entendimento do STF. Da mesma forma, por ser exercício de competência administrativa, contra a resposta a consulta não caberá recurso. É um simples entendimento que serve para a orientação sobre certa matéria.
O TSE possui, ainda, competência para requisitar força federal em matéria eleitoral para cumprimento de suas decisões ou das decisões emanadas dos TREs, ou ainda, para garantir a segurança das eleições. Já se chegou a arguir a inconstitucionalidade desse dispositivo perante o STF ao argumento que a CR quando prevê requisição de força federal por órgão do Poder Judiciário, faz isso com relação somente ao STF. Caberia apenas ao STF requisitar força federal. Nesses casos, o STF entendeu que não qualquer inconstitucionalidade desse dispositivo do CE, pois, para as matérias eleitorais, poderia o TSE, em virtude de suas próprias atribuições, requisitar diretamente o emprego de forças federais.
Requisitar diretamente o emprego de forçasfederais significa que não há necessidade sequer de manifestação do Presidente da República, pois a requisição é obrigatória. 
6.2. TRE
Haverá um TRE em cada estado da Federação e um no DF. 
Será composto também por 7 juízes titulares e os seus respectivos suplentes.
Composição:
- 2 serão Desembargadores do TJ ou do TJDFT;
- 2 serão juízes de direito, escolhidos pelo TJ;
- 1 será Desembargador do TRF, onde houver sede do TRF. Não havendo sede do TRF no estado, será um juiz federal de 1ª instância (art. 120 da CR);
- 2 serão advogados. O TJ do estado elabora as listas tríplices dos advogados. Aqui também não há participação da OAB no processo de escolha. Essa designação do TJ é encaminhada para o TRE do estado, que irá averiguar a satisfação dos requisitos e encaminhar para o TSE. Em sessão administrativa, o TSE deve aprovar a lista, encaminhando-a para o Presidente da República. 
Um dos Desembargadores do TJ será o Presidente do tribunal e o outro será o Vice-Presidente. O cargo de Corregedor-Geral regional será provido de acordo com o regimento de cada TRE. O Vice-Presidente é também o Corregedor-Geral regional, na maioria dos casos. Em alguns tribunais, é o Desembargador do TRF ou o juiz federal. Em poucos TRE’s será um advogado. 
Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito Federal.
§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo;
III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.
§ 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente- dentre os desembargadores.
Como visto, os 2 advogados são nomeados pelo Presidente da República. Cuidado, pois na prova pode aparecer alternativa que aponta que é o Governador do Estado quem nomeará os advogados que irão compor o TRE dentre lista sêxtupla indicada pelo TJ. O TRE, não obstante seja um tribunal estadual integra o Poder Judiciário da União.
Aqui, há uma diferença em relação ao TSE, pois neste, os 2 advogados que o compõe são indicados pelo STF, enquanto no TRE os 2 advogados são indicados pelo TJ.
Aqueles que tenham entre si parentesco até o 4º grau, inclusive cônjuges e companheiros, não poderão integrar o TRE. Alguns Regimentos Internos desceram o grau de parentesco até o 3º grau. 
Não poderá integrar o TRE aquele advogado que seja sócio, diretor, membro ou proprietário de empresa que receba benefícios do poder público, nem possuir cargo exonerável ad nutum ou, ainda, não poderá exercer mandato eletivo.
Com relação à indicação dos advogados, deverá ser realizada pelo próprio TJ, como visto. Essa indicação de 6 advogados, segundo o CE é feita a partir de duas listas tríplices. Na prova, portanto, poderá constar simplesmente a indicação de 6 advogados ou, ainda, duas listas tríplices ou uma lista sêxtupla. 
Dessa lista não podem fazer parte o nome de membro do MP e de magistrado aposentado. Já se questionou perante o STF se o magistrado aposentado que hoje exerce a advocacia estaria ou não abrangido pela proibição. O STF já decidiu que não é inconstitucional o dispositivo, ou seja, ainda que o magistrado esteja aposentado persiste a proibição de integrar o TRE. 
Obs.: antes o CE não reservava essas duas vagas a advogados, mas a cidadãos que não precisavam ser advogados.
Vale ressaltar que essas listas não são enviadas diretamente ao Presidente da República, mas ao TSE. É o TSE que irá publicá-las para que, no prazo de 5 dias, possam ser apresentadas impugnações pelos partidos políticos. Caso alguma pessoa indicada possua parente até 4º grau no TRE ou seja magistrado aposentado ou membro do MP, caberá aos partidos políticos apresentarem impugnação.
Havendo impugnação e se for julgada procedente pelo TSE, o tribunal irá remeter a lista novamente ao TJ para que este a complemente. Ao complementar a lista, o TJ a enviará novamente o TSE para que o procedimento seja repetido. Não havendo impugnação, a lista é enviada ao Presidente da República.
Sendo uma lista sêxtupla, o Presidente nomeará 2 advogados que constem dessa lista e, havendo duas listas tríplices, o Presidente nomeará 1 advogado de cada lista.
Para a função de Corregedor Regional Eleitoral, nem a CR nem o CE afirmam quem será o Corregedor Regional Eleitoral perante o TRE. O art. 26 do CE que fazia expressa remissão não foi recepcionado pela CR, pois o TRE era formado por3 desembargadores do TJ e não por 2, como atualmente. Sendo 3 desembargadores do TJ, 1 seria o Presidente, 1 o Vice-Presidente e 1 o Corregedor Geral Eleitoral. 
Hoje, como não há mais 3 desembargadores, mas apenas 2, o CE não mais se aplica. Assim, a escolha do Corregedor Geral Eleitoral depende do regimento interno do TRE. Para a prova do concurso, observar no regimento do tribunal quem será o Corregedor. Note que alguns regimentos internos afirmam que será necessariamente o Vice-Presidente do tribunal, outros propõem seja realizada uma eleição na qual participem todos os membros, salvo o Presidente ou apenas a classe de magistrados. 
6.2.1. Questão polêmica em relação ao número de membros do TRE
Como visto, o TRE é composto de 7 membros e não por no mínimo 7 membros como o TSE. 
Contudo, essa questão pode variar de acordo com a organizadora do concurso. Nesse caso, se a organizadora for a Cespe, deve-se optar pela alternativa que o TRE é composto por 7 membros, em número fixo. No caso da FCC, optar pela alternativa que traga “no mínimo 7 membros”, pois ela admite que esse número seja elevado até 9 membros.
Parte da doutrina entende que o entendimento do Cespe é o mais correto, pois a CR não repetiu a mesma fórmula utilizada quando tratou do TSE. Em relação ao TSE, a CR é categórica ao afirmar que o TSE é composto por, no mínimo, 7 membros. Porém, quanto ao TRE só dispôs que é composto por 7 membros, passando a designá-los.
Porém, o CE traz um dispositivo que afirma que o TRE jamais poderá ter menos de 7, nem mais de 9 membros. Então, o problema é que o Cespe considera que esse dispositivo não fora recepcionado pela CR, por isso já cobrou que o TRE é composto por apenas 7 membros.
A FCC, por outro lado, entende que o TRE pode ter de 7 a 9 membros, dependendo para a ampliação do número de membros de uma lei complementar.
A CR estabelece que haverá um TRE na capital de cada estado e além disso, no DF. Ao contrário do que ocorre com os TRF’s e com os TRT’s, em relação aos TRE’s não é possível que se tenham um estado sem um TRE, nem é possível que se tenha um estado com mais de um TRE. 
6.2.2. Funcionamento do TRE
No TRE, os julgamentos ocorrem por maioria de votos, estando a maioria dos seus membros presente.
Obs.: no TSE, em algumas hipóteses, o julgamento só poderá ser realizado, quando estivessem presentes todos os membros do Tribunal. Hipóteses: discussão da validade da lei eleitoral frente à CR; cassação do registro de partido político; recursos interpostos contra anulação geral de eleições ou perda de diploma.
Em se tratando de TRE, não há hipótese na qual se exija a presença de todos os membros para que se realize os julgamentos. Não há exceções. 
6.2.3. Impedimento e suspeição 
Em relação ao impedimento e suspeição aplicam-se, basicamente, todas as regras aplicáveis ao TSE. Lembrando que o impedimento é absoluto, enquanto a suspeição é relativa.
Cabe ao TRE julgar o impedimento e suspeição de seus próprios membros, do Procurador Regional Eleitoral (membro do MP que atua perante o TRE), dos seus servidores, bem como, do juiz eleitoral e dos escrivães eleitorais que hoje, na verdade, são chamados chefesde cartório eleitoral.
6.2.4. Irrecorribilidade das decisões do TRE
Assim como no TSE, as decisões do TRE são, em regra, irrecorríveis, nos termos do art. 29, parágrafo único, do CE. 
Art. 29. Parágrafo único. As decisões dos Tribunais Regionais são irrecorríveis, salvo nos casos do Art. 276.
Todavia, há exceções, nas quais cabe recurso para o TSE:
a) decisão contrária à CR ou à lei federal; (RE)
Obs.: não é possível recurso de uma decisão do TRE diretamente para o STF, sob pena de supressão de instância. Os recursos serão, sempre, endereçados ao TSE.
b) decisões que trazem divergência entre Tribunais Eleitorais. É o caso de jurisprudências conflitantes entre TSE e algum TRE, ou de TRE’s de estados distintos, caberá, em observância à segurança jurídica, recurso para o TSE; (RE)
c) tratando-se de perdas de mandatos ou concessão de diplomas, apenas referente às eleições federais e estaduais. (RO)
Obs.: não se aplica às eleições municipais.
d) inelegibilidade e perda de diplomas, também com relação às eleições federais e estaduais. (RO)
e) denegação e não concessão de HC, MS, HD ou MI; (RO)
Nas duas primeiras hipóteses, dá-se o nome de recurso especial. Nas restantes dá-se o nome de recurso ordinário.
6.2.5. Competência do TRE
Assim como o TSE, o TRE possui competências judiciais e administrativas. As judiciais são subdivididas em originárias e recursais. Contudo, diferentemente do TSE, a competência judicial do TRE foi inteiramente recepcionada pela CR.
6.2.5.1. Competência originária judicial
A competência originária judicial do TRE está prevista no art. 29 do CE. Na verdade, as competências do TRE são as mesmas competências do TSE, porém, com adaptações.
I) registro e o cancelamento do registro dos diretórios estaduais e municipais de partidos políticos, bem como de candidatos a Governador, Vice-Governador, e membro do Congresso Nacional (senadores e deputados federais) e das Assembleias Legislativas (deputados estaduais);
Obs.: a competência do TSE refere-se ao diretório nacional, bem como ao próprio partido. 
II) conflitos de jurisdição entre juízes eleitorais do respectivo estado;
Lembrar que, quando o conflito de jurisdição se dá entre juízes de estados diferentes, a competência é o TSE.
III) a suspeição ou impedimentos aos seus membros, ao Procurador Regional Eleitoral e aos funcionários da sua Secretaria, assim como aos juízes e escrivães eleitorais;
IV) crimes cometidos pelos juízes eleitorais;
Obs.: esse dispositivo fora completamente recepcionado.
V) o HC ou MS, em matéria eleitoral, contra ato de autoridades que respondam perante os TJs por crime de responsabilidade e, em grau de recurso, os denegados ou concedidos pelos juízes eleitorais; ou, ainda, o HC quando houver perigo de se consumar a violência antes que o juiz competente possa prover sobre a impetração;
VI) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto a sua contabilidade e apuração da origem de seus recursos;
VII) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos pelos juízes eleitorais em trinta dias a partir da sua conclusão para julgamento, formulados por partido, candidato, MP ou parte legitimamente interessada sem prejuízo das sanções decorrentes do excesso de prazo;
Obs.: no TSE, o desaforamento ocorre em relação aos processos que estavam conclusos para o relator do TRE e que não foram decididos no prazo de 30 dias; aqui, o desaforamento refere-se aos juízes eleitorais, porém, com o mesmo prazo. 
Essa preocupação justifica-se em razão de o processo eleitoral ser bastante célere, portanto, não há lugar para demoras indevidas de juízes ou quaisquer outras autoridades. 
O inciso II do art. 29 traz a competência recursal. As decisões do TSE e dos TRE’s são, em regra, irrecorríveis, mas as decisões dos juízes e juntas eleitorais são, em regra, recorríveis. 
6.2.5.2. Competência judicial recursal
A competência judicial recursal, como visto, está prevista no inciso II, do art. 29 do CE. Compete ao TRE julgar os recursos interpostos:
I) dos atos e das decisões proferidas pelos juízes e juntas eleitorais; 
II) das decisões dos juízes eleitorais que concederem ou denegarem HC ou MS;
Na verdade, das decisões do TSE e TRE, em se tratando de HC ou MS só cabem quando forem denegatórios. Como cabe recurso de qualquer das decisões, salvo as interlocutórias, dos juízes e juntas eleitorais, seja a decisão que denega ou concede HC ou MS, caberá recurso ao TRE.
6.2.5.3. Competência administrativa
Os TRE’s também possuem competência administrativa, prevista no art. 30 do CE. Serão destacados apenas os pontos de maior interesse para o concurso.
I) elaborar o seu regimento interno;
II) fixar datas para eleições quando essas datas não forem previstas pelo ordenamento (nem pela CR nem por qualquer lei), em relação às eleições estaduais (governador, vice-governador e deputados estaduais), bem como em relação às eleições municipais; 
Obs.: essa alínea é uma exceção à fixação da competência, pois, a competência para dispor sobre as eleições estaduais e municipais seria dos juízes e juntas eleitorais. Contudo, para a fixação de datas, quando não estiverem previstas no ordenamento, a competência será do TRE. 
6.2.5.4. Competência consultiva
A competência consultiva não pode ser confundida com a competência regulamentar. A competência consultiva somente poderá ser exercida para trazer esclarecimentos, quando o TRE for competente para responder a consultas realizadas em tese sobre matéria eleitoral, formuladas por partido político ou por autoridade pública. O TSE tem entendimento bem firme no sentido de que não cabe a órgão municipal de partido político fazer qualquer tipo de consulta. 
Assim, a consulta somente poderá ser feita por órgão nacional diretamente ao TSE ou por órgão regional. 
A consulta tem eficácia erga omnes, mas apesar disso, na verdade, é não vinculativa. Quer dizer, apesar de valer para todos, não obriga, possuindo característica de jurisprudência (não vincula o tribunal). É, de fato, uma orientação.
Cabe ao TRE dividir o estado em zonas eleitorais, bem como criar novas zonas e submeter tal divisão ou criação à aprovação do TSE. Cuidado, pois a criação e divisão do estado em zonas não é de competência do TSE, mas sim do TRE. Cabe ao TSE, apenas aprovar ou não a criação ou divisão do estado em zonas. 
Por outro lado, cabe ao TRE a requisição de força pública e, quando for necessário, a solicitação ao TSE para que ele possa fazer a requisição de força federal. Isso significa que o TRE pode, diretamente, requisitar força pública, como, por exemplo, a polícia militar. Contudo, se o problema na eleição é mais grave e é necessário força federal, não pode o TRE requisitar diretamente. O TRE deve solicitar ao TSE a requisição de força federal. 
O TRE pode, ainda, requisitar servidores da União, dos Estados e do DF para atuarem em sua secretaria, quando o exigir o acúmulo ocasional de serviço. Antigamente, o TRE possuía diversos servidores de outros órgãos atuando em sua secretaria. 
O TRE também pode requisitar servidores da União, dos Estados e dos Municípios para atuarem junto aos escrivães eleitorais. Na verdade, o servidor atuará no cartório de 1ª instância eleitoral. A zona eleitoral é a 1ª instância da JE. O servidor municipal só poderá ser requisitado para atuar em auxílio dos escrivães eleitorais. Os servidores municipais não poderão, no entanto, ser requisitados para atuarem na secretaria do TRE, porque a lei determina que apenas atuarão na secretaria os servidores da União, Estados e DF.
6.3. Juízes eleitorais
Os juízes eleitorais são órgãos monocráticos da 1ª instância eleitoral. Órgão monocrático, pois o juiz atua decidindo sozinho. Não podem ser confundidos com as Juntas eleitorais, que também são órgãos de 1ª instância, mas colegiados. 
Juízes eleitorais são os juízes de direito que possuem as garantias previstas no art. 93, da CR, quais sejam, a vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade de subsídios. Cuidado, pois quandose fala que o juiz eleitoral é vitalício, a vitaliciedade em questão é do juiz de direito, pois a função eleitoral é sempre temporária.
O TSE tem entendido que o juiz de direito ainda em estágio probatório pode ser juiz eleitoral, desde que naquela zona eleitoral não haja nenhum outro juiz de direito que seja vitalício. 
Onde houver mais de um juiz em condições de ocupar a função de juiz eleitoral, haverá entre eles o que se chama de sistema de rodízio. Esse sistema ocorre quando os juízes se alternam na função eleitoral. Nesse sistema, não se admite a recondução de juiz para um novo período subsequente no exercício da função eleitoral. 
O juiz eleitoral exercerá suas funções por apenas 2 dois anos subsequentes, não podendo permanecer por 4 anos consecutivos como ocorre com os juízes dos Tribunais Superiores. Alguns TRE’s tentaram implantar o sistema de 4 anos consecutivos, porém, o STF julgou inconstitucional esse regimento. Portanto, é proibida a recondução para período imediato após o término dos 2 anos.
Cabe aos juízes de direito atuarem perante as zonas eleitorais. A própria lei determina que caberá ao juiz eleitoral despachar na sede da zona eleitoral todos os dias. O juiz eleitoral, portanto, não pode se afastar da sede da zona eleitoral.
O juiz eleitoral é auxiliado pelo escrivão eleitoral, que hoje é chamado de chefe de cartório eleitoral e poderá ser nomeado para a função pelo biênio. Uma lei de 2003 estabelece que esse escrivão atuará diretamente com o juiz por 2 anos e é proibido que seja parente de até 2º grau de candidato na circunscrição, bem como fazer parte de diretório de partido político. 
Obs.: circunscrição não se confunde com zona eleitoral. Zona eleitoral é o espaço de competência da JE e circunscrição é o espaço no qual o pleito está sendo realizado. A circunscrição de um pleito municipal é o município, da eleição estadual é o estado, etc. 
Parte da doutrina entende que essas proibições são aplicadas quando o escrivão não é servidor da JE, porque se for servidor da JE além dessas proibições haverá outras, previstas no art. 366 do CE. Os servidores da JE não poderão ser filiados a partido político, nem realizar qualquer atividade político-partidária. 
6.3.1. Competência dos juízes eleitorais
Os juízes eleitorais também terão competências judiciais e administrativas. A diferença é que o CE não dividiu tão bem a competência como fez em relação ao TRE e ao TSE. Em relação aos juízes eleitorais, o CE estabeleceu todas as suas competências no art. 35, porém, sem dizer o que era judicial ou administrativa.
O art. 35 estabelece que compete aos juízes eleitorais:
I) cumprir e fazer cumprir as decisões e determinações do TSE e do TRE;
II) processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, ressalvada a competência originária do TSE e dos TRE’s;
Na verdade, o TSE não possui mais nenhuma competência originária para julgar crime eleitoral. Antes, o TSE possuía competência para julgar os crimes eleitorais praticados pelos seus próprios membros e pelos membros dos TRE’s. Hoje, os crimes praticados pelos membros do TSE são julgados pelo STF e os crimes praticados pelos membros do TRE são julgados pelo STJ. 
O TRE possui competência originária para julgamento de crimes cometidos pelos juízes eleitorais. 
III) decidir HC e MS, em matéria eleitoral, desde que essa competência não esteja atribuída privativamente a instância superior; 
Trata-se do HC ou MS julgados pelo juiz eleitoral. 
IV) fazer as diligências que julgar necessárias a ordem e presteza do serviço eleitoral;
V) tomar conhecimento das reclamações que lhe forem feitas verbalmente ou por escrito, reduzindo-as a termo, e determinando as providências que cada caso exigir;
Esse inciso demonstra que o juiz eleitoral tem um papel muito importante que é o contato direto com o eleitor. Se o eleitor traz ao seu conhecimento alguma situação ocorrida, caberá ao juiz eleitoral tomar-lhe as declarações por termo e as providências que julgar necessárias. Se a situação referir-se à inelegibilidades, abuso de poder ou propaganda ilícita, o juiz eleitoral deverá remeter para os órgãos competentes (principalmente o MP) para que, se necessário, seja iniciada uma ação judicial. 
VI) indicar, para aprovação do TRE, a serventia de justiça que deve ter o anexo da escrivania eleitoral;
Cabe ao juiz eleitoral indicar os oficiais de justiça que atuarão perante a JE. Não existe o cargo de oficial de justiça da JE, por isso devem ser indicados outros servidores que receberão um adicional à sua remuneração pela atuação na JE. Quem aprova é o TRE e quem indica é o juiz eleitoral.
VIII) dirigir os processos eleitorais e determinar a inscrição e a exclusão de eleitores;
Quem concede a inscrição do eleitor é o juiz eleitoral, desde que presentes os requisitos para que seja considerado eleitor.
IX) expedir títulos eleitorais e conceder a transferência de eleitor;
É por isso que, em regra, o título eleitoral possui a assinatura do juiz eleitoral no seu verso, embora a Resolução 21.538 admita que a assinatura do juiz eleitoral, em hipóteses excepcionais, seja substituída pela chancela eletrônica da assinatura do presidente do TRE.
X) dividir a zona em seções eleitorais;
É preciso ter cuidado, pois zona eleitoral, na verdade, é espaço de competência da JE. Lembrando que quem divide o estado em zonas e cria as zonas é o TRE, submetendo à aprovação pelo TSE. 
As seções eleitorais designam o local em que os eleitores irão proferir o seu voto. São subdivisões da zona eleitoral. Na prática, seria inviável que todos os eleitores de uma zona eleitoral votassem no mesmo lugar. As seções eleitorais desconcentram e dividem o número de eleitores que irão votar em determinado local, permitindo uma votação mais célere. 
Cuidado, pois as provas de concurso trazem pegadinha misturando as competências do TRE e dos juízes eleitorais quanto à divisão do estado em zonas eleitorais e das zonas eleitorais em seções eleitorais.
XI) mandar organizar, em ordem alfabética, relação dos eleitores de cada seção, para remessa à mesa receptora, juntamente com a pasta das folhas individuais de votação;
Esse dispositivo caiu em desuso, pois, atualmente, o registro é eletrônico. Portanto, o próprio TRE envia, eletronicamente, para as seções eleitorais a lista de eleitores que são assinadas pelos eleitores após a votação, recebendo um canhoto que comprova a sua participação no pleito eleitoral.
XII) ordenar o registro e a cassação do registro dos candidatos aos cargos eletivos municipais e comunicá-los ao TRE;
Note que, aqui, é utilizado o macete de competência, pois se trata de juiz eleitoral que possui competência para dispor sobre eleições municipais. 
XIII) designar, até 60 dias antes das eleições os locais das seções;
A designação pode ser dar antes do 60º dia antes das eleições.
XIV) nomear, 60 dias antes das eleições, em audiência pública anunciada com pelo menos 5 dias de antecedência, os membros das mesas receptoras;
A competência para designação dos mesários é do juiz eleitoral. Note que, aqui, a designação não se dá em até 60 dias antes, mas apenas no 60º dia antes das eleições. 
XV) instruir os membros das mesas receptoras sobre as suas funções;
XVI) providenciar para a solução das ocorrências que se verificarem nas mesas receptoras;
XVII) tomar todas as providências ao seu alcance para evitar os atos viciosos das eleições;
XVIII) fornecer aos que não votaram por motivo justificado e aos não alistados, por dispensados do alistamento, um certificado que os isente das sanções legais;
IXI) comunicar, até as 12h do dia seguinte à realização das eleições, ao TRE e aos delegados dos partidos credenciados, o número de eleitores que votarem em cada uma das seções da zona sob sua jurisdição, bem como o total de votantes da zona;
É preciso ressaltar que muitos dispositivos do CE caíram em desuso, mas não necessariamente foram revogados. Em muitas situações a lei continua em vigor, mas as disposições não se aplicam, pois o sistemaé totalmente eletrônico. 
6.4. Juntas eleitorais
São órgãos colegiados da Justiça Eleitoral que funcionam durante o período da apuração e totalização dos votos e da proclamação dos eleitos. Funciona, portanto, na fase pós-eleitoral.
Atua na apuração dos votos, em qualquer eleição. Na totalização, na proclamação e diplomação dos eleitos, atua apenas nas eleições municipais.
Compõem-se de três ou de cinco membros, a depender da quantidade de eleitores da comarca. As juntas eleitorais, portanto, são formadas por um juiz de direito, que será sempre um juiz eleitoral e por 2 ou 4 cidadãos de notória idoneidade, não se exigindo notório conhecimento jurídico. O órgão é formado por 3 ou 5 membros, conforme determinado na legislação.
O juiz eleitoral é sempre o Presidente da Junta eleitoral, juntamente com mais dois ou quatro cidadãos que a compõem. Os cidadãos serão escolhidos pelo TRE, no período máximo de 60 dias antes da eleição (art. 36 do CE). 
Art. 36. Compor-se-ão as juntas eleitorais de um juiz de direito, que será o presidente, e de 2 (dois) ou 4 (quatro) cidadãos de notória idoneidade.
§ 1º Os membros das juntas eleitorais serão nomeados 60 (sessenta) dia antes da eleição, depois de aprovação do Tribunal Regional, pelo presidente deste, a quem cumpre também designar-lhes a sede.
Os membros as juntas eleitorais não são remunerados e são nomeados pelo presidente do TRE, como visto, após os nomes terem sido aprovados pelo próprio TRE. A lista com a nomeação deve ser publicada com 10 dias de antecedência, para que os partidos políticos possam realizar a impugnação, no prazo de 3 dias. A impugnação pode ser feita também pelo MP, que exerce função essencial na JE, controlando e fiscalizando os atos eleitorais, uma vez que todo ato eleitoral é de interesse da sociedade. 
6.4.1. Proibições (art. 36, parágrafo 3º)
Não podem ser nomeados membros das juntas eleitorais:
a) os candidatos e seus parente até o 2º grau, inclusive por afinidade, cônjuge ou companheiro de candidato;
Observa-se, aqui, que o candidato deve ser da mesma circunscrição que o membro da junta eleitoral. 
b) os membros de diretórios de partidos políticos devidamente registrados e cujos nomes tenham sido oficialmente publicados;
c) as autoridades e agentes policias;
d) os funcionários no desempenho de cargo de confiança do Poder Judiciário; 
Obs.: O inciso III, do art. 36, parágrafo 3º fala em funcionário no desempenho de cargo de confiança do Poder Executivo. 
e) aqueles que pertencerem ao serviço eleitoral (servidores da JE);
A Lei das Eleições (9.504/97) traz mais duas proibições:
f) fazer parte da mesma junta, parentes de qualquer grau ou servidores da mesma repartição ou da mesma empresa;
Imagine-se uma junta eleitoral é formada por 3 servidores. Um candidato não poderá ser parente de até 2º grau dos membros da junta. Agora, os membros da mesa entre si não podem ser parentes de qualquer grau. 
Candidato e membro da mesa 2º grau
Membros da mesa entre si qualquer grau
O TSE tem abrandado essa proibição, dispondo que se as pessoas fazem parte da mesma empresa, porém, pertencem a setores diferentes, poderão atuar na mesma junta eleitoral. O próprio TSE tem entendimento de que essas proibições constituem um rol exemplificativo. Isso significa que, se uma pessoa exercer cargo ou função que seja incompatível com a imparcialidade exigida na atuação da junta, constituirá outra proibição. É o que ocorre com os membros do MP que, segundo a doutrina, não podem ser indicados para compor as juntas eleitorais.
g) os menores de 18 anos;
O CE deixa bem claro que haverá indicação, aprovação pelo TRE e nomeação pelo presidente do TRE, todavia, curiosamente, o CE não diz quem deve fazer a indicação. 
A principal atuação das Juntas eleitorais restou prejudicada pela implantação do sistema eletrônico de votação. Anteriormente, despendia-se muito tempo na apuração de uma urna eleitoral e só se tinha o resultado após a soma com os resultados das demais urnas.
Hoje, o documento chamado de boletim de urna é expedido logo ao final da votação.
O presidente da Junta tinha a faculdade de nomear escrutinadores e auxiliares. A Junta eleitoral decidia quanto à apuração que é um ato jurídico. Todavia, a contagem dos votos, à época da votação manual, era realizada pelos escrutinadores e auxiliares. Assim, o presidente da Junta poderia nomear escrutinadores e auxiliares para o bom andamento do serviço eleitoral, prática que caiu em desuso com a votação eletrônica.
Entretanto, essa faculdade se tornava obrigação quando havia mais de 10 urnas a apurar. 
Obs.: as proibições aplicadas aos membros da Juntas são também aplicáveis aos escrutinadores e auxiliares.
Para que se tenha bom andamento, a lei atribuía ao juiz comunicar ao TRE as nomeações que tenha feito, até 30 dias antes do pleito eleitoral. O presidente da junta eleitoral será sempre um juiz de direito. Era possível a divisão da junta eleitoral em turmas, até o limite de 5 turmas.
Cada membro da Junta eleitoral seria o presidente da turma. Portanto, só poderia a junta ser dividida em 5 turmas caso fosse composta por 5 membros. Se fosse composta por apenas 3 membros, nessa situação, a junta só poderia ser dividida em 3 turmas. 
Antigamente, só se iniciava a apuração de uma urna, se a apuração da urna anterior estivesse completamente terminada. Os valores contidos na urna anterior já deveriam estar no boletim de urna e inseridos no mapa de votação. O mapa de votação tinha a função de trazer a quantidade de votos em cada uma das urnas. 
Com a divisão da Junta em turmas, cada turma poderia fazer a apuração de uma urna de votação, diminuindo o tempo de votação. O membro da junta que assumisse a função de presidente da turma poderia escolher um escrutinador para assumir a função de seu secretário, auxiliando-o diretamente. A divisão da junta em turmas ocorreria apenas para a contagem dos votos, pois havendo qualquer problema em relação à contagem dos votos, é a junta com todos os seus membros que deve proferir a decisão.
Um escrutinador deveria, também, ser indicado para ser o secretário geral. Sua função é dar protocolo nos recursos contra a apuração, neles funcionando como se escrivão fosse, sendo o responsável pela produção da ata da apuração.
Ata da apuração é documento que registra todo o ocorrido durante a apuração. Havendo incidentes ou impugnações, deverão constar da ata da apuração. 
Em uma única zona eleitoral poderia haver mais de uma junta eleitoral, principalmente quando essa zona fosse composta por muitos eleitores. A lei estabelece que é possível, embora não seja a regra, que exista mais de uma junta por zona eleitoral. Havendo mais de uma junta em determinada zona, não é possível que apenas um juiz eleitoral presida todas as zonas eleitorais que devem, sempre, ser presididas por um juiz de direito. Nesse caso, a presidência da segunda junta caberá a um juiz de direito que não o juiz eleitoral.
Em regra, a presidência da Junta é do juiz eleitoral, contudo, a segunda Junta pode ser presidida por um juiz de direito que não o juiz eleitoral, apenas nesse caso específico. Assim, nem sempre o presidente da junta eleitoral será um juiz eleitoral.
Outra diferença que se faz entre o juiz eleitoral e a Junta eleitoral é que o juiz eleitoral é um órgão permanente e apenas há alternância entre seus ocupantes. Já a Junta eleitoral não é permanente, pois o presidente do TRE somente faz a nomeação dos membros da Junta eleitoral 60 dias antes das eleições. Então, a Junta eleitoral atuará apenas nos 60 dias anteriores à eleição, fundamentalmente na apuração das eleições. 
Lembrar que nas eleições municipais, a Junta eleitoral terá competência para trazer a diplomação dos candidatos eleitos (art. 40, IV).
Diplomação é uma declaração emitida pela JE, atestando que foi realizada uma eleição e existem candidatos eleitos. Em se tratando se eleição municipal, a competência para a diplomação é da Junta eleitoral. Havendo mais de uma Junta em um município, a diplomação será realizada

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