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Apostila DAN Unidade I

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Direito Aplicado aos 
Negócios 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material teórico 
 
Responsável pelo Conteúdo: 
Prof Ms. Tercius Zychan De Moraes 
 
Revisão Textual: 
Profa. Ms. Magnólia Gonçalves Mangolini 
O Direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para iniciar a disciplina, falaremos do que vem o ser o direito, o que são e como são 
solucionados os conflitos de interesses, trataremos de identificar as fontes do direito do direito 
e, por fim, anunciaremos que existe uma hierarquia entre as normas jurídicas. 
Assim, nosso objetivo neste encontro e dar uma noção da disciplina e também permitir ao 
estudante uma iniciação no mundo jurídico. 
 
Ao final desta Unidade, o aluno será capaz de: 
 1. Entender o que vem a ser Direito; 
 2. Identificar o que é um conflito de interesses e como resolver uma lide; 
 3. Quais são as fontes do direito; 
 4. Qual a hierarquia entre as normas jurídicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Direito 
Estamos iniciando a primeira unidade da disciplina de 
“Direito Aplicado aos Negócios”. 
A ideia é discutirmos os seguintes tópicos, neste nosso 
primeiro módulo: 
• O que é direito. 
• Conflito de interesses. 
• Solução de uma Lide. 
• Fontes do Direito. 
• Hierarquia das normas. 
Atenção 
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar 
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Qual a importância do Direito nos dias atuais? 
 
Quando se analisa a história das sociedades, verifica-se que o indivíduo não nasceu 
para viver de forma isolada, faz-se necessário um conjun to de regras ou normas jurídicas que 
visam orientar e disciplinar estas condutas humanas dentro das interferências subjetivas das 
sociedades, sob pena de causar desordem social e um Estado de insegurança jurídica entre as 
pessoas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Direito, por ser fruto da elaboração humana, sofre influência do tempo e do local, e 
por isso deve estar sempre aberto às mudanças que ocorrem durante as diferentes épocas. O 
tempo faz surgir inúmeras e constantes transformações, e, devido a isso, o Direito deverá estar 
sempre atualizado. 
Assim, a cada dia as relações jurídicas entre as pessoas tem aumentado muito, fruto da 
evolução das relações econômicas ou sociais, com isto o conhecimento, mesmo que não 
muito aprofundado do que vem a ser Direito e noção de alguns de seus ramos, torna-se 
necessário a qualquer profissional. 
Dessa forma, precisamos entender os mecanismos que formam essa importante 
disciplina, a qual cada vez mais faz parte de nossas vidas. 
 
 
Contextualização 
 
 
 
 
 
O que é Direito? 
 
É certo que o direito faz parte da vida e do 
cotidiano de cada pessoa, independentemente de 
seu conhecimento técnico a respeito do assunto ou 
do tema que se trata, assim, ele não está reservado 
somente aos seus operadores, como a doutrina 
costuma chamar os estudiosos deste ramo do 
conhecimento. 
Várias questões que envolvem o direito são tratadas no cotidiano, como por exemplo, 
um contrato de aluguel, ou de trabalho, bem como em uma relação de consumo, entre tantas 
outras. 
"Não é exagero mesmo afirmar que todos sentem o Direito e que, de certo modo, 
todos sabem o que o Direito é. Vocábulo corrente, empregado a todo instante nas relações da 
vida diária para exprimir sentimento que todos já experimentamos, está gravado na mente de 
cada um, representando ideia esboçada em traços mais ou menos vagos e obscuros. “Isto é 
direito”, “o meu direito foi violado”, “o juiz reconheceu o nosso direito", são expressões 
cotidianas ouvidas, que envolvem a noção vulgar a respeito do fenômeno jurídico"1. 
Em um primeiro momento entendemos por Direito, em uma visão positiva, um 
conjunto de regras que disciplinam a conduta entre as pessoas ou intersubjetiva, dotado de 
força coativa, a fim de buscar a chamada “paz social”. 
Na verdade, a vida em sociedade seria impossível sem a existência de um certo 
número de normas reguladoras do procedimento dos homens, por estes mesmos julgadas 
obrigatórias, e acompanhadas de punições para os seus transgressores. A punição é que torna 
a norma respeitada. De nada adiantaria a lei dizer, por exemplo, que matar é crime, se, 
paralelamente, não impusesse uma sanção àquele que matasse. 
A coação, ou possibilidade de constranger o indivíduo à observância da norma, torna-
se inseparável do Direito. Por isso, mostra a conhecida imagem da justiça, que sustenta numa 
das mãos a balança em que pesa o direito, e na outra a espada de que se serve para o 
defender. A espada sem a balança é a força brutal; a balança sem a espada é a impotência do 
Direito. 
 
 
FÜHRER, Maximilianus C.A. e MILARÉ, Èdis. Manual de Direito Público e Privado. 11 ed. São 
Paulo:Editora Revista dos Tribunais, 1999, pp. 27-28. 
Material Teórico 
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Como podemos entender o direito? 
 
Podemos entender o que vem a ser direito sobre 
diversos prismas, vamos ver alguns deles. 
Chamamos de Direito Objetivo o conjunto de 
regras que obrigam a todos com a finalidade de 
disciplinar a conduta humana em sociedade visando o 
bem comum e a justiça. 
A possibilidade, poder do cidadão de exigir a 
prestação do Estado quando sente necessidade de fazer 
ou cobrar algo vinculado ao Direito, iremos denominar 
de Direito Subjetivo. 
Alguns direitos emanam da própria natureza humana, como, por exemplo, o direito à 
reprodução ou à constituição de família: a este chamamos de Direito Natural ele existe 
independentemente de qualquer regra imposta. 
Direito Positivo é a denominação dada ao sistema de normas jurídicas que em 
determinado momento histórico regula as relações de um povo. 
Podemos identificar o Direito como Público, com sendo aquele que regula ou disciplina 
os interesses gerais de uma comunidade. Exemplo: podemos mencionar o direito à vida, que 
não se traduz em interesse meramente particular e sim coletivo, pois cabe ao Estado proteger 
a vida do cidadão. E também podemos falar do Direito Privado, que disciplina os interesses 
advindos das relações entre particulares. Exemplo: o ressarcimento de danos materiais 
causados em acidente de trânsito. 
 
 
O Conflito de Interesses 
 
 
 
Fig. 02 
 
Fig.01 
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Um dos papéis do Direito, se não for seu principal, é o de harmonizar as relações entre 
as pessoas, com o objetivo de garantir a máxima satisfação no uso dos bens, com o mínimo 
conflito dos usuários deste. 
Ocorre que, por vezes, os interesses das pessoas no uso dos bens, ou mais 
precisamente naquilo que se acha “ter direito”, são antagônicos, gerando um conflito com 
posições distintas, ambivalentes, cabendo ao direito a função de compatibilizar estes conflitos. 
Ou seja, os conflitos emergem, por exemplo, no caso de uma pessoa, pretender para si 
determinado bem, não podendo obtê-lo, pois aquele que poderia satisfazer a pretensão 
reclamada não a faz, ou o próprio direito proíbe a satisfação voluntária da pretensão. 
Daí surge o que a doutrina do direito denomina de lide, que resumidamente significa 
uma pretensão que sofre resistência para a realização de um interesse. 
 
 
A Solução de uma Lide 
 
A solução de uma lide pode se dar de duas maneiras, em uma 
delas a solução parte de um ou todos os sujeitos envolvidos no conflito 
de interesses, sendo esta denominada de auto composição, na segunda 
há interferênciade um terceiro estranho ao conflito é o caso da mediação 
e do processo. 
 
No caso da auto composição, as soluções têm como característica serem parciais, pois 
dependem da formatação da vontade dos envolvidos. Ela divide-se em três espécies: 
a) desistência (renúncia à pretensão); 
b) submissão (renúncia da resistência de uma das partes em favor da pretensão 
oferecida); 
c) transação (concessões recíprocas entre as partes). 
 
Atualmente, uma forma de solução de conflitos de interesse ocorre 
com o uso da denominada “arbitragem”, regulada pela Lei nº 9.307/96; nesta 
as pessoas capazes de contratar, podem valer-se dela como uma forma de 
solução de lides, ressalvando que o uso da arbitragem somente é possível 
quando o objeto em discussão tratar-se de um direito patrimonial disponível. 
Na arbitragem a resolução de conflitos se dá na área privada, ou seja, 
sem qualquer ingerência do poder estatal. As partes litigantes em comum 
acordo e no pleno e livre exercício da vontade, elegem uma ou mais pessoas, 
denominadas árbitros ou juízes arbitrais, estranhas ao conflito, no intuito de 
resolvê-lo, e submetendo-se à decisão final dada pelo árbitro. 
Fig. 03 
 
Fig.04 
 
 
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Na arbitragem, o árbitro nomeado conduz um processo denominado de “processo 
arbitral”, semelhante ao processo judicial, porém mais rápido e de menor formalismo, aliado a 
questão de seu baixo custo. Nele a decisão, por vezes, é dada por pessoa especialista na 
matéria objeto da controvérsia, diferentemente do Poder Judiciário, em que o juiz, na maioria 
das vezes, para bem instruir seu convencimento quanto à decisão final a ser prolatada, 
necessita do auxílio de peritos, especialistas na matéria. Exemplos práticos de conflitos que 
podem ser solucionados pelo juízo arbitral: Locação residencial ou comercial, compra e venda 
de bens em geral, contratação de serviços, conflitos trabalhistas, seguros, inventários, questões 
comerciais em geral etc. 
Importante mencionar é que na arbitragem à decisão do árbitro, denomina-se de 
“sentença arbitral”, possuindo o mesmo valor de uma sentença judicial, e, sendo 
condenatória, terá força de título executivo. 
No entanto, recorrer à jurisdição estatal é a forma mais convencional da solução de 
conflitos de interesses. Nela, o Poder do Estado de solucionar as lides foi conferido pelo povo, 
por intermédio das leis. Assim, o Estado soluciona os conflitos expedindo decisões (sentenças) 
constitutivas, declaratórias ou condenatórias. 
Entre as vantagens da jurisdição está a maior segurança conferida pela credibilidade e 
imparcialidade do agente público, o “Juiz”, que irá decidir sobre a lide. 
Cumpre destacar que a Jurisdição se utiliza do processo como forma de solucionar os 
conflitos. Existem nele determinados insumos as partes como a garantia da ampla defesa, a 
isonomia, o contraditório, limitando, assim, os poderes do Juiz na condução do procedimento. 
A jurisdição nasce, segundo Rosemiro Leal2 , na seguinte conformidade: 
 
A jurisdição surgiu a partir do momento em que o Estado assumiu uma 
posição de independência, passando a exercer um poder mais acentuado de 
controle social. Surge pela atividade do julgador, constitui monopólio estatal 
de arbitrar o direito. O Pretor romano tinha jurisdição e ditava os 
procedimentos a seu modo para resolver os litígios. 
 
Importante é observar também o que cita Cézar Fiúza3 ao tratar de jurisdição: 
 
[...] o Estado, já suficientemente fortalecido, impõe sobre os particulares e, 
prescindindo da voluntária submissão destes, impõe-lhes autoritativamente a 
sua solução para os conflitos de interesses. À atividade mediante a qual os 
juízes estatais examinam as pretensões e resolvem os conflitos dá-se o nome 
de jurisdição. 
 
 
2 LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria Geral do Processo. Porto Alegre: Síntese, 1999. 2. ed., p. 179. 
3 FIUZA, César, Teoria Geral da Arbitragem. Belo Horizonte: Del Rey, 1995. p. 34. 
 
 
Os litigantes ao se submeterem no processo à jurisdição, acabam obtendo algumas 
vantagens, entre as quais: a garantia da ampla defesa, do contraditório e da isonomia entre as 
partes. Mas também assevera algumas desvantagens, como o custo elevado e o longo tempo 
necessário para a prática dos atos processuais, agravado pelo enorme acúmulo de processos 
no judiciário, que provoca uma inevitável demora até a solução da lide pela expedição da 
sentença. 
 
 
Fontes do Direito 
 
A palavra “fonte” possui vários significados, 
entre eles, pode ser entendida como um texto original 
de uma obra, o princípio de algo, a origem de alguma 
coisa, e outras premissas. 
Hugo de Brito Machado4, ao tratar da fonte do 
direito a descreve da seguinte forma: 
 
A fonte de uma coisa é o lugar de onde surge essa coisa. O lugar de onde ela 
nasce. Assim, a fonte do Direito é aquilo que o produz, é algo de onde nasce o 
Direito. Para que se possa dizer o que é fonte do Direito é necessário que se 
saiba de qual direito. Se cogitarmos do direito natural, devemos admitir que 
sua fonte é a natureza humana. Aliás, vale dizer, é a fonte primeira do Direito 
sob vários aspectos. 
 
Assim, pode-se concluir que a fonte do direito é o lugar de onde ele surge, ou seja, ao 
se tratar de fonte do direito, deve-se ter em mente que se está falando do seu ponto inicial, 
ponto de partida do direito. 
As fontes do direito descritas no artigo 4.º da Lei de Introdução ao Código Civil 
estabelecem: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os 
costumes e os princípios gerais de direito". 
De tal sorte que o intérprete do direito para reconhecer uma questão afeta a este; está 
obrigado a integra-se ao sistema jurídico, mesmo diante de uma aparente lacuna (a ausência 
de norma para o caso concreto), pois sempre há de se encontrar uma solução adequada ao 
caso concreto. 
 
 
 
4 MACHADO, Hugo de Brito. Uma Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Dialética. 2000, p. 57. 
 
Fig.05 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A lei é a fonte principal, sendo fontes secundárias a analogia, os costumes, os princípios 
gerais do direito, a doutrina e a jurisprudência. 
 
 
Lei 
 
A lei trata-se de um preceito jurídico escrito, originária 
do Poder Legislativo, tendo como principais características sua 
repercussão geral e obrigatoriedade. 
É uma norma geral de conduta, que disciplina as 
relações de fato incidentes no Direito, cuja observância é 
imposta pelo poder estatal. 
George Dell VECCHIO5 assim define o que vem a ser a 
lei: “é o pensamento jurídico deliberado e consciente, 
formulado por órgãos especiais, que representam a vontade 
predominante numa sociedade”. 
A lei pode ser empregada na solução de conflitos, a fim de definir quem tem “direito”, 
mas o usuário da norma deve estar ciente que entre as leis existe uma hierarquia, ou seja, é 
possível uma norma preponderar sobre outra. 
A Constituição Federal trata-se da lei maior, as leis complementares e ordinárias 
abaixo, os decretos, portarias e demais atos administrativos por último. 
 
 
Analogia 
 
A analogia pode ser definida como a utilização de uma determinada norma que 
apresente semelhança para a solução de um caso concreto, o qual não possui previsão – lei - 
para ser aplicada em sua solução. 
 
5 DEL VECCHIO, George. Lições de filosofia do direito. Coimbra: Arménio Amado. 1972, p. 148. 
 
Atenção 
Importante frisar que o artigo mencionado, não só delimita as fontes do direito, 
como estabeleceuma hierarquia entre elas, uma vez que autoriza o juiz a valer-se de outras 
fontes quando houver omissão na lei e impossibilidade de aplicação da analogia, buscando 
resoluções legais para casos semelhantes. 
 
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Miguel Reale6 ao conceituar a interpretação com o emprego da analogia, assim a 
descreveu: “pelo processo analógico, estendemos a um caso não previsto aquilo que o 
legislador previu para outro semelhante, em igualdade de razões”. 
Assim, a analogia tem por fundamento a harmonização e a devida coerência com o 
ordenamento jurídico. 
O objetivo do emprego da analogia é de propiciar o tratamento igualitário, vez que 
para situações semelhantes serão disciplinadas da mesma forma. 
Um bom exemplo do emprego da analogia ocorre na seguinte situação: O artigo. 1899 
do Código Civil Brasileiro ao dispor que quando a cláusula testamentária for suscetível de 
interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do 
testador. 
Como não há previsão na solução de uma controvérsia similar na doação o emprego 
analógico, é utilizado no sentido que o Poder Judiciário, nos casos de doação, quando a 
cláusula for suscetível de interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a 
observância da vontade do DOADOR. 
Mas é preciso ter cuidado e não confundir analogia com a interpretação extensiva, que 
pode causar certa confusão. 
No uso da interpretação extensiva, o processo desencadeado tem origem na 
diversidade de interpretações que a lei sugere em virtude da deficiência de linguagem da 
norma. 
 
 
Costumes 
 
O costume, no direito, é uma norma social, que mais claramente denota sua 
capacidade de se manifestar, pois, no caso do costume, a norma advém do povo que a cria e 
a torna obrigatória, um exemplo são as filas, que são regras que as pessoas estabelecem em 
determinadas situações do cotidiano. 
 
Fig. 06 
 
6 REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva. 2002.p.298 
 
 
 
Para Rizzatto Nunes7, o costume assim deve ser compreendido: “o costume jurídico é 
norma jurídica obrigatória, imposta ao setor da realidade que regula, possível de imposição 
pela autoridade pública e em especial pelo poder judiciário.” 
Desta forma, pode-se deduzir que os costumes de um determinado povo são a fonte de 
seu direito, sendo inclusive de aplicabilidade por parte do Poder Judiciário. 
O direito costumeiro detém dois requisitos: subjetivo e objetivo. 
No primeiro, que corresponde ao opinio necessita, há uma aceitação de sua 
obrigatoriedade, isto é, a crença que, em caso de descumprimento, incide sanção. 
Para o requisito objetivo o entendimento é o diuturnidade, ou seja, a simples utilização 
constante de um determinado procedimento social. 
 
 
Jurisprudência 
 
Entende-se por jurisprudência a interpretação e aplicação das leis a todos os casos 
concretos que se submetam a julgamento da justiça. O hábito de interpretar e aplicar as leis 
aos fatos concretos, para que, assim, se decidam as causas semelhantes, ou seja, 
“jurisprudência” é diversas decisões no mesmo sentido. 
A jurisprudência é uma função atípica da jurisdição, considerada também como uma 
fonte do direito, como explica Hugo de Brito Machado8: 
 
A palavra jurisprudência pode ser empregada em sentido amplo, significando 
a decisão ou o conjunto de decisões judiciais, e em sentido estrito, significando 
o entendimento ou diretiva resultante de decisões reiteradas dos tribunais 
sobre um determinado assunto. 
 
Resumindo, de acordo com o exposto, jurisprudência trata-se das decisões reiteradas, 
constantes e pacíficas do Poder Judiciário sobre determinada matéria, num determinado 
sentido, formando quase que um entendimento unívoco da aplicação do direito ao caso 
concreto. 
 
 
 
 
 
 
 
7 RIZZATTO, Nunes. Manual de Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Saraiva, 2002, pp. 130-131. 
8 Op cite, p. 63 
 
 
Fig.07 
Princípios gerais do direito 
 
Os Princípios Gerais do Direito são as ideias basilares e fundamentais do Direito; estes 
lhe dão apoio e coerência, almejam ideal de Justiça, que envolve o sistema jurídico de um 
Estado. Ou seja, tratam-se das ideias fundamentais de caráter geral, podendo ser encontradas 
em cada ramo do Direito. 
Para Maria Helena Diniz9 podem ser definidos: 
 
 
 
Quando a analogia e o costume falham no preenchimento da lacuna, o 
magistrado supre a deficiência da ordem jurídica, adotando princípios gerais 
do direito, que, às vezes, são cânones que não foram ditados, explicitamente, 
pelo elaborador da norma, mas que estão contidos de forma imanente no 
ordenamento jurídico. 
 
 
 
 
Os princípios gerais são dotados de dupla função, uma de orientar o legislador na 
elaboração das normas, e outra serve ao aplicador do Direito, diante de uma lacuna ou 
omissão legal. 
Para o aplicador do direito, os princípios serão empregados como sua última 
salvaguarda, pois este precisa se socorrer deles para integrar o fato ao sistema. 
Vejamos alguns exemplos de enunciados que traduzem princípios gerais do direito: 
• “Todos devem ser tratados como iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza”. 
• “Todos são inocentes até prova em contrário”. 
• “Ninguém deverá ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei”. 
• “Nas declarações de vontade deverá ser mais considerada a intenção do que o sentido 
literal da linguagem”. 
• “O dano causado por dolo ou culpa deve ser reparado”. 
• “Irrenunciabilidade de direitos”. 
• “In dubio pro operário”. 
• “Os valores essenciais da pessoa humana são intangíveis e devem ser respeitado”. 
• “Ninguém deve ser responsabilizado mais de uma vez pelo mesmo fato”. 
 
9 Op cite, p. 458 
 
 
Doutrina 
 
Entende-se por doutrina um conjunto de obras e 
pareceres jurídicos de estudiosos do direito que contribuem 
para a formação e modificação do ordenamento jurídico. 
Para Paulo Nader10 a doutrina é:“[...] como fonte do 
direito, é o conjunto de regras, ideias e princípios jurídicos 
extraídos das obras dos jurisconsultos”. 
Sua influência normativa é menor que as demais 
fontes, embora possua uma grande relevância no estudo das 
demais fontes, pois lhes dá argumento de interpretação, além 
de seu posicionamento, por vezes crítico, contribui para a 
evolução do sistema jurídico de um Estado. 
Não tem como não destacar a importância da doutrina para o operador do direito, pois 
esta permite desvendar o exato alcance da norma e sua exata aplicação, sendo fundamento 
para debates jurídicos, eliminando controvérsias. 
 
 
Hierarquia Das Normas Jurídicas 
 
A compreensão da hierarquia das normas jurídicas é fundamental para o seu bom 
entendimento, notadamente quando ocorrer um conflito entre as normas. 
 
Fig.9 
 
10 NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito, 16. ed., Rio de Janeiro 1998, p.211. 
 
 
Fig. 08 
 
 
 
As normas constitucionais estão no ápice de qualquer ordenamento jurídico, isto 
quer dizer que são hierarquicamente superiores a todas as demais regras jurídicas. 
Desta forma, nenhuma outra norma pode contrariar um preceito constitucional, o que 
será considerado um vício de inconstitucionalidade. 
Da subordinação às normas constitucionais derivam todas as outras normas. 
 
 
As Leis 
 
As leis estão abaixo das normas constitucionais. Elas são fruto de um processo 
legislativo emanado no Poder Legislativo.A Diferença entre lei complementar, lei ordinária, lei delegada e medida provisória está 
resumidamente centrada no seu processo de formação, conhecido como processo legislativo. 
A Lei Complementar trata de matérias especificamente previstas na Constituição 
Federal, na qual o rigor do seu processo legislativo de criação será maior, com quorum 
mínimo de aprovação da maioria absoluta (Art. 69 – CF). 
Quanto a Lei Ordinária, sua matéria não reservada pela Constituição Federal exige um 
quorum menos expressivo que a lei complementar para sua aprovação, a qual se dará por 
maioria simples. 
A Lei Delegada é elaborada pelo Presidente da República, mediante delegação do 
Congresso Nacional. 
E por fim, a Medida Provisória, que tem força de lei e é adotada pelo Presidente da 
República em caso de relevância e urgência, no entanto deverá ser submetida de imediato ao 
Congresso Nacional (Art. 62 – CF). 
Como já dito, essas quatro normas estão no mesmo patamar hierárquico. Assim, 
havendo um conflito entre tais leis, há de se avaliar qual delas extrapolou os limites de 
competência previstos na Constituição Federal. 
Há de se registrar, porém, que existem juristas que entendem que a Lei Complementar 
está acima da Lei Ordinária. 
 
 
Os Decretos 
 
Logo abaixo das Leis encontram-se os Decretos, que, resumidamente, são um 
instrumento legislativo, da competência do Presidente da República (Art. 84, IV – CF) que 
serve para regulamentar a lei, de forma a possibilitar o fiel cumprimento desta. 
Importante destacar que o Decreto regula questões além dos limites da lei para alterar 
ou acrescentar normas. 
 
 
Os governadores e prefeitos municipais também têm competência para expedir 
decretos. 
 
 
As Portarias e Resoluções 
 
A Portaria trata-se de um instrumento legislativo utilizado pelos auxiliares diretos dos 
chefes de Poder Executivo, cujo objetivo é de regular as atividades de suas pastas. 
Importante destacar que a Portaria deve estar em perfeita consonância com as Leis e 
Decretos. 
Por fim temos as Resoluções para regular as deliberações normativas de órgãos 
colegiados. 
Nada impede que a resolução também extrapole os limites da lei e da competência do 
órgão que a editar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para quem esta iniciando o estudo do Direito é importante conhecer uma Instituição 
que muito o representa no denominado “Estado Democrático de Direito”, a reconhecida 
Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. 
 
Conheça mais sobre ela visitando o sítio na rede mundial de computador, para isso 
clique nos seguintes links: 
 
− site das Museu Histórico da OAB: http://www.oab.org.br/museuoab/criacao.asp 
 
− site do OAB: http://www.oab.org.br/ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Complementar 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 out. 1988. Senado 
Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. 
 
DEL VECCHIO, George. Lições de filosofia do direito. Coimbra: Arménio Amado. 1972. 
 
FIUZA, César. Teoria Geral da Arbitragem. Belo Horizonte: Del Rey, 1995. 
 
FÜHRER, Maximilianus C.A. e MILARÉ, Èdis. Manual de Direito Público e Privado. 11. 
ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1999. 
 
LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria Geral do Processo. 2. ed. Porto Alegre: Síntese, 1999. 
 
MONTENEGRO FILHO, Misael. Curso de direito processual civil. Teoria geral do 
processo e processo de conhecimento. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 
 
NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 16. ed. Rio de Janeiro, 1998, p.211. 
 
REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p.298. 
 
SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991. 
 
 
Figuras 
 
Fig. 1 - http://apnendenovaodessa.blogspot.com.br. Acesso em 20/12/2012. 
Fig. 2 - http://inepad.org.br. Acesso em 20/12/2012. 
Fig. 3 - http://mandy-oliveira15.blogspot.com.br. Acesso em 20/12/2012. 
Fig. 4 - http://terra-longe.blogspot.com.br. Acesso em 17/01/2013. 
Fig. 5 - http://prjosuegomes.wordpress.com. Acesso em 20/12/2012. 
Fig. 6 - http://prjosuegomes.wordpress.com. Acesso em 20/12/2012. 
Fig. 7 - http://estudoscristaos.com. Acesso em 20/12/2012. 
Fig. 8 - http://www.artigojus.com.br. Acesso em 20/12/2012. 
 
Referências 
 
 
 
 
 
 
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