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Direito Aplicado aos Negócios Material teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof Ms. Tercius Zychan De Moraes Revisão Textual: Profa. Ms. Magnólia Gonçalves Mangolini O Direito Para iniciar a disciplina, falaremos do que vem o ser o direito, o que são e como são solucionados os conflitos de interesses, trataremos de identificar as fontes do direito do direito e, por fim, anunciaremos que existe uma hierarquia entre as normas jurídicas. Assim, nosso objetivo neste encontro e dar uma noção da disciplina e também permitir ao estudante uma iniciação no mundo jurídico. Ao final desta Unidade, o aluno será capaz de: 1. Entender o que vem a ser Direito; 2. Identificar o que é um conflito de interesses e como resolver uma lide; 3. Quais são as fontes do direito; 4. Qual a hierarquia entre as normas jurídicas. O Direito Estamos iniciando a primeira unidade da disciplina de “Direito Aplicado aos Negócios”. A ideia é discutirmos os seguintes tópicos, neste nosso primeiro módulo: • O que é direito. • Conflito de interesses. • Solução de uma Lide. • Fontes do Direito. • Hierarquia das normas. Atenção Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. Qual a importância do Direito nos dias atuais? Quando se analisa a história das sociedades, verifica-se que o indivíduo não nasceu para viver de forma isolada, faz-se necessário um conjun to de regras ou normas jurídicas que visam orientar e disciplinar estas condutas humanas dentro das interferências subjetivas das sociedades, sob pena de causar desordem social e um Estado de insegurança jurídica entre as pessoas. O Direito, por ser fruto da elaboração humana, sofre influência do tempo e do local, e por isso deve estar sempre aberto às mudanças que ocorrem durante as diferentes épocas. O tempo faz surgir inúmeras e constantes transformações, e, devido a isso, o Direito deverá estar sempre atualizado. Assim, a cada dia as relações jurídicas entre as pessoas tem aumentado muito, fruto da evolução das relações econômicas ou sociais, com isto o conhecimento, mesmo que não muito aprofundado do que vem a ser Direito e noção de alguns de seus ramos, torna-se necessário a qualquer profissional. Dessa forma, precisamos entender os mecanismos que formam essa importante disciplina, a qual cada vez mais faz parte de nossas vidas. Contextualização O que é Direito? É certo que o direito faz parte da vida e do cotidiano de cada pessoa, independentemente de seu conhecimento técnico a respeito do assunto ou do tema que se trata, assim, ele não está reservado somente aos seus operadores, como a doutrina costuma chamar os estudiosos deste ramo do conhecimento. Várias questões que envolvem o direito são tratadas no cotidiano, como por exemplo, um contrato de aluguel, ou de trabalho, bem como em uma relação de consumo, entre tantas outras. "Não é exagero mesmo afirmar que todos sentem o Direito e que, de certo modo, todos sabem o que o Direito é. Vocábulo corrente, empregado a todo instante nas relações da vida diária para exprimir sentimento que todos já experimentamos, está gravado na mente de cada um, representando ideia esboçada em traços mais ou menos vagos e obscuros. “Isto é direito”, “o meu direito foi violado”, “o juiz reconheceu o nosso direito", são expressões cotidianas ouvidas, que envolvem a noção vulgar a respeito do fenômeno jurídico"1. Em um primeiro momento entendemos por Direito, em uma visão positiva, um conjunto de regras que disciplinam a conduta entre as pessoas ou intersubjetiva, dotado de força coativa, a fim de buscar a chamada “paz social”. Na verdade, a vida em sociedade seria impossível sem a existência de um certo número de normas reguladoras do procedimento dos homens, por estes mesmos julgadas obrigatórias, e acompanhadas de punições para os seus transgressores. A punição é que torna a norma respeitada. De nada adiantaria a lei dizer, por exemplo, que matar é crime, se, paralelamente, não impusesse uma sanção àquele que matasse. A coação, ou possibilidade de constranger o indivíduo à observância da norma, torna- se inseparável do Direito. Por isso, mostra a conhecida imagem da justiça, que sustenta numa das mãos a balança em que pesa o direito, e na outra a espada de que se serve para o defender. A espada sem a balança é a força brutal; a balança sem a espada é a impotência do Direito. FÜHRER, Maximilianus C.A. e MILARÉ, Èdis. Manual de Direito Público e Privado. 11 ed. São Paulo:Editora Revista dos Tribunais, 1999, pp. 27-28. Material Teórico AMB Realce Como podemos entender o direito? Podemos entender o que vem a ser direito sobre diversos prismas, vamos ver alguns deles. Chamamos de Direito Objetivo o conjunto de regras que obrigam a todos com a finalidade de disciplinar a conduta humana em sociedade visando o bem comum e a justiça. A possibilidade, poder do cidadão de exigir a prestação do Estado quando sente necessidade de fazer ou cobrar algo vinculado ao Direito, iremos denominar de Direito Subjetivo. Alguns direitos emanam da própria natureza humana, como, por exemplo, o direito à reprodução ou à constituição de família: a este chamamos de Direito Natural ele existe independentemente de qualquer regra imposta. Direito Positivo é a denominação dada ao sistema de normas jurídicas que em determinado momento histórico regula as relações de um povo. Podemos identificar o Direito como Público, com sendo aquele que regula ou disciplina os interesses gerais de uma comunidade. Exemplo: podemos mencionar o direito à vida, que não se traduz em interesse meramente particular e sim coletivo, pois cabe ao Estado proteger a vida do cidadão. E também podemos falar do Direito Privado, que disciplina os interesses advindos das relações entre particulares. Exemplo: o ressarcimento de danos materiais causados em acidente de trânsito. O Conflito de Interesses Fig. 02 Fig.01 AMB Realce AMB Realce AMB Realce AMB Realce AMB Realce AMB Realce AMB Realce AMB Realce AMB Realce Um dos papéis do Direito, se não for seu principal, é o de harmonizar as relações entre as pessoas, com o objetivo de garantir a máxima satisfação no uso dos bens, com o mínimo conflito dos usuários deste. Ocorre que, por vezes, os interesses das pessoas no uso dos bens, ou mais precisamente naquilo que se acha “ter direito”, são antagônicos, gerando um conflito com posições distintas, ambivalentes, cabendo ao direito a função de compatibilizar estes conflitos. Ou seja, os conflitos emergem, por exemplo, no caso de uma pessoa, pretender para si determinado bem, não podendo obtê-lo, pois aquele que poderia satisfazer a pretensão reclamada não a faz, ou o próprio direito proíbe a satisfação voluntária da pretensão. Daí surge o que a doutrina do direito denomina de lide, que resumidamente significa uma pretensão que sofre resistência para a realização de um interesse. A Solução de uma Lide A solução de uma lide pode se dar de duas maneiras, em uma delas a solução parte de um ou todos os sujeitos envolvidos no conflito de interesses, sendo esta denominada de auto composição, na segunda há interferênciade um terceiro estranho ao conflito é o caso da mediação e do processo. No caso da auto composição, as soluções têm como característica serem parciais, pois dependem da formatação da vontade dos envolvidos. Ela divide-se em três espécies: a) desistência (renúncia à pretensão); b) submissão (renúncia da resistência de uma das partes em favor da pretensão oferecida); c) transação (concessões recíprocas entre as partes). Atualmente, uma forma de solução de conflitos de interesse ocorre com o uso da denominada “arbitragem”, regulada pela Lei nº 9.307/96; nesta as pessoas capazes de contratar, podem valer-se dela como uma forma de solução de lides, ressalvando que o uso da arbitragem somente é possível quando o objeto em discussão tratar-se de um direito patrimonial disponível. Na arbitragem a resolução de conflitos se dá na área privada, ou seja, sem qualquer ingerência do poder estatal. As partes litigantes em comum acordo e no pleno e livre exercício da vontade, elegem uma ou mais pessoas, denominadas árbitros ou juízes arbitrais, estranhas ao conflito, no intuito de resolvê-lo, e submetendo-se à decisão final dada pelo árbitro. Fig. 03 Fig.04 AMB Realce AMB Realce AMB Realce AMB Realce AMB Realce AMB Realce AMB Realce AMB Realce AMB Realce Na arbitragem, o árbitro nomeado conduz um processo denominado de “processo arbitral”, semelhante ao processo judicial, porém mais rápido e de menor formalismo, aliado a questão de seu baixo custo. Nele a decisão, por vezes, é dada por pessoa especialista na matéria objeto da controvérsia, diferentemente do Poder Judiciário, em que o juiz, na maioria das vezes, para bem instruir seu convencimento quanto à decisão final a ser prolatada, necessita do auxílio de peritos, especialistas na matéria. Exemplos práticos de conflitos que podem ser solucionados pelo juízo arbitral: Locação residencial ou comercial, compra e venda de bens em geral, contratação de serviços, conflitos trabalhistas, seguros, inventários, questões comerciais em geral etc. Importante mencionar é que na arbitragem à decisão do árbitro, denomina-se de “sentença arbitral”, possuindo o mesmo valor de uma sentença judicial, e, sendo condenatória, terá força de título executivo. No entanto, recorrer à jurisdição estatal é a forma mais convencional da solução de conflitos de interesses. Nela, o Poder do Estado de solucionar as lides foi conferido pelo povo, por intermédio das leis. Assim, o Estado soluciona os conflitos expedindo decisões (sentenças) constitutivas, declaratórias ou condenatórias. Entre as vantagens da jurisdição está a maior segurança conferida pela credibilidade e imparcialidade do agente público, o “Juiz”, que irá decidir sobre a lide. Cumpre destacar que a Jurisdição se utiliza do processo como forma de solucionar os conflitos. Existem nele determinados insumos as partes como a garantia da ampla defesa, a isonomia, o contraditório, limitando, assim, os poderes do Juiz na condução do procedimento. A jurisdição nasce, segundo Rosemiro Leal2 , na seguinte conformidade: A jurisdição surgiu a partir do momento em que o Estado assumiu uma posição de independência, passando a exercer um poder mais acentuado de controle social. Surge pela atividade do julgador, constitui monopólio estatal de arbitrar o direito. O Pretor romano tinha jurisdição e ditava os procedimentos a seu modo para resolver os litígios. Importante é observar também o que cita Cézar Fiúza3 ao tratar de jurisdição: [...] o Estado, já suficientemente fortalecido, impõe sobre os particulares e, prescindindo da voluntária submissão destes, impõe-lhes autoritativamente a sua solução para os conflitos de interesses. À atividade mediante a qual os juízes estatais examinam as pretensões e resolvem os conflitos dá-se o nome de jurisdição. 2 LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria Geral do Processo. Porto Alegre: Síntese, 1999. 2. ed., p. 179. 3 FIUZA, César, Teoria Geral da Arbitragem. Belo Horizonte: Del Rey, 1995. p. 34. Os litigantes ao se submeterem no processo à jurisdição, acabam obtendo algumas vantagens, entre as quais: a garantia da ampla defesa, do contraditório e da isonomia entre as partes. Mas também assevera algumas desvantagens, como o custo elevado e o longo tempo necessário para a prática dos atos processuais, agravado pelo enorme acúmulo de processos no judiciário, que provoca uma inevitável demora até a solução da lide pela expedição da sentença. Fontes do Direito A palavra “fonte” possui vários significados, entre eles, pode ser entendida como um texto original de uma obra, o princípio de algo, a origem de alguma coisa, e outras premissas. Hugo de Brito Machado4, ao tratar da fonte do direito a descreve da seguinte forma: A fonte de uma coisa é o lugar de onde surge essa coisa. O lugar de onde ela nasce. Assim, a fonte do Direito é aquilo que o produz, é algo de onde nasce o Direito. Para que se possa dizer o que é fonte do Direito é necessário que se saiba de qual direito. Se cogitarmos do direito natural, devemos admitir que sua fonte é a natureza humana. Aliás, vale dizer, é a fonte primeira do Direito sob vários aspectos. Assim, pode-se concluir que a fonte do direito é o lugar de onde ele surge, ou seja, ao se tratar de fonte do direito, deve-se ter em mente que se está falando do seu ponto inicial, ponto de partida do direito. As fontes do direito descritas no artigo 4.º da Lei de Introdução ao Código Civil estabelecem: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito". De tal sorte que o intérprete do direito para reconhecer uma questão afeta a este; está obrigado a integra-se ao sistema jurídico, mesmo diante de uma aparente lacuna (a ausência de norma para o caso concreto), pois sempre há de se encontrar uma solução adequada ao caso concreto. 4 MACHADO, Hugo de Brito. Uma Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Dialética. 2000, p. 57. Fig.05 A lei é a fonte principal, sendo fontes secundárias a analogia, os costumes, os princípios gerais do direito, a doutrina e a jurisprudência. Lei A lei trata-se de um preceito jurídico escrito, originária do Poder Legislativo, tendo como principais características sua repercussão geral e obrigatoriedade. É uma norma geral de conduta, que disciplina as relações de fato incidentes no Direito, cuja observância é imposta pelo poder estatal. George Dell VECCHIO5 assim define o que vem a ser a lei: “é o pensamento jurídico deliberado e consciente, formulado por órgãos especiais, que representam a vontade predominante numa sociedade”. A lei pode ser empregada na solução de conflitos, a fim de definir quem tem “direito”, mas o usuário da norma deve estar ciente que entre as leis existe uma hierarquia, ou seja, é possível uma norma preponderar sobre outra. A Constituição Federal trata-se da lei maior, as leis complementares e ordinárias abaixo, os decretos, portarias e demais atos administrativos por último. Analogia A analogia pode ser definida como a utilização de uma determinada norma que apresente semelhança para a solução de um caso concreto, o qual não possui previsão – lei - para ser aplicada em sua solução. 5 DEL VECCHIO, George. Lições de filosofia do direito. Coimbra: Arménio Amado. 1972, p. 148. Atenção Importante frisar que o artigo mencionado, não só delimita as fontes do direito, como estabeleceuma hierarquia entre elas, uma vez que autoriza o juiz a valer-se de outras fontes quando houver omissão na lei e impossibilidade de aplicação da analogia, buscando resoluções legais para casos semelhantes. AMB Realce AMB Realce AMB Realce AMB Realce AMB Realce AMB Realce Miguel Reale6 ao conceituar a interpretação com o emprego da analogia, assim a descreveu: “pelo processo analógico, estendemos a um caso não previsto aquilo que o legislador previu para outro semelhante, em igualdade de razões”. Assim, a analogia tem por fundamento a harmonização e a devida coerência com o ordenamento jurídico. O objetivo do emprego da analogia é de propiciar o tratamento igualitário, vez que para situações semelhantes serão disciplinadas da mesma forma. Um bom exemplo do emprego da analogia ocorre na seguinte situação: O artigo. 1899 do Código Civil Brasileiro ao dispor que quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador. Como não há previsão na solução de uma controvérsia similar na doação o emprego analógico, é utilizado no sentido que o Poder Judiciário, nos casos de doação, quando a cláusula for suscetível de interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do DOADOR. Mas é preciso ter cuidado e não confundir analogia com a interpretação extensiva, que pode causar certa confusão. No uso da interpretação extensiva, o processo desencadeado tem origem na diversidade de interpretações que a lei sugere em virtude da deficiência de linguagem da norma. Costumes O costume, no direito, é uma norma social, que mais claramente denota sua capacidade de se manifestar, pois, no caso do costume, a norma advém do povo que a cria e a torna obrigatória, um exemplo são as filas, que são regras que as pessoas estabelecem em determinadas situações do cotidiano. Fig. 06 6 REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva. 2002.p.298 Para Rizzatto Nunes7, o costume assim deve ser compreendido: “o costume jurídico é norma jurídica obrigatória, imposta ao setor da realidade que regula, possível de imposição pela autoridade pública e em especial pelo poder judiciário.” Desta forma, pode-se deduzir que os costumes de um determinado povo são a fonte de seu direito, sendo inclusive de aplicabilidade por parte do Poder Judiciário. O direito costumeiro detém dois requisitos: subjetivo e objetivo. No primeiro, que corresponde ao opinio necessita, há uma aceitação de sua obrigatoriedade, isto é, a crença que, em caso de descumprimento, incide sanção. Para o requisito objetivo o entendimento é o diuturnidade, ou seja, a simples utilização constante de um determinado procedimento social. Jurisprudência Entende-se por jurisprudência a interpretação e aplicação das leis a todos os casos concretos que se submetam a julgamento da justiça. O hábito de interpretar e aplicar as leis aos fatos concretos, para que, assim, se decidam as causas semelhantes, ou seja, “jurisprudência” é diversas decisões no mesmo sentido. A jurisprudência é uma função atípica da jurisdição, considerada também como uma fonte do direito, como explica Hugo de Brito Machado8: A palavra jurisprudência pode ser empregada em sentido amplo, significando a decisão ou o conjunto de decisões judiciais, e em sentido estrito, significando o entendimento ou diretiva resultante de decisões reiteradas dos tribunais sobre um determinado assunto. Resumindo, de acordo com o exposto, jurisprudência trata-se das decisões reiteradas, constantes e pacíficas do Poder Judiciário sobre determinada matéria, num determinado sentido, formando quase que um entendimento unívoco da aplicação do direito ao caso concreto. 7 RIZZATTO, Nunes. Manual de Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Saraiva, 2002, pp. 130-131. 8 Op cite, p. 63 Fig.07 Princípios gerais do direito Os Princípios Gerais do Direito são as ideias basilares e fundamentais do Direito; estes lhe dão apoio e coerência, almejam ideal de Justiça, que envolve o sistema jurídico de um Estado. Ou seja, tratam-se das ideias fundamentais de caráter geral, podendo ser encontradas em cada ramo do Direito. Para Maria Helena Diniz9 podem ser definidos: Quando a analogia e o costume falham no preenchimento da lacuna, o magistrado supre a deficiência da ordem jurídica, adotando princípios gerais do direito, que, às vezes, são cânones que não foram ditados, explicitamente, pelo elaborador da norma, mas que estão contidos de forma imanente no ordenamento jurídico. Os princípios gerais são dotados de dupla função, uma de orientar o legislador na elaboração das normas, e outra serve ao aplicador do Direito, diante de uma lacuna ou omissão legal. Para o aplicador do direito, os princípios serão empregados como sua última salvaguarda, pois este precisa se socorrer deles para integrar o fato ao sistema. Vejamos alguns exemplos de enunciados que traduzem princípios gerais do direito: • “Todos devem ser tratados como iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. • “Todos são inocentes até prova em contrário”. • “Ninguém deverá ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. • “Nas declarações de vontade deverá ser mais considerada a intenção do que o sentido literal da linguagem”. • “O dano causado por dolo ou culpa deve ser reparado”. • “Irrenunciabilidade de direitos”. • “In dubio pro operário”. • “Os valores essenciais da pessoa humana são intangíveis e devem ser respeitado”. • “Ninguém deve ser responsabilizado mais de uma vez pelo mesmo fato”. 9 Op cite, p. 458 Doutrina Entende-se por doutrina um conjunto de obras e pareceres jurídicos de estudiosos do direito que contribuem para a formação e modificação do ordenamento jurídico. Para Paulo Nader10 a doutrina é:“[...] como fonte do direito, é o conjunto de regras, ideias e princípios jurídicos extraídos das obras dos jurisconsultos”. Sua influência normativa é menor que as demais fontes, embora possua uma grande relevância no estudo das demais fontes, pois lhes dá argumento de interpretação, além de seu posicionamento, por vezes crítico, contribui para a evolução do sistema jurídico de um Estado. Não tem como não destacar a importância da doutrina para o operador do direito, pois esta permite desvendar o exato alcance da norma e sua exata aplicação, sendo fundamento para debates jurídicos, eliminando controvérsias. Hierarquia Das Normas Jurídicas A compreensão da hierarquia das normas jurídicas é fundamental para o seu bom entendimento, notadamente quando ocorrer um conflito entre as normas. Fig.9 10 NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito, 16. ed., Rio de Janeiro 1998, p.211. Fig. 08 As normas constitucionais estão no ápice de qualquer ordenamento jurídico, isto quer dizer que são hierarquicamente superiores a todas as demais regras jurídicas. Desta forma, nenhuma outra norma pode contrariar um preceito constitucional, o que será considerado um vício de inconstitucionalidade. Da subordinação às normas constitucionais derivam todas as outras normas. As Leis As leis estão abaixo das normas constitucionais. Elas são fruto de um processo legislativo emanado no Poder Legislativo.A Diferença entre lei complementar, lei ordinária, lei delegada e medida provisória está resumidamente centrada no seu processo de formação, conhecido como processo legislativo. A Lei Complementar trata de matérias especificamente previstas na Constituição Federal, na qual o rigor do seu processo legislativo de criação será maior, com quorum mínimo de aprovação da maioria absoluta (Art. 69 – CF). Quanto a Lei Ordinária, sua matéria não reservada pela Constituição Federal exige um quorum menos expressivo que a lei complementar para sua aprovação, a qual se dará por maioria simples. A Lei Delegada é elaborada pelo Presidente da República, mediante delegação do Congresso Nacional. E por fim, a Medida Provisória, que tem força de lei e é adotada pelo Presidente da República em caso de relevância e urgência, no entanto deverá ser submetida de imediato ao Congresso Nacional (Art. 62 – CF). Como já dito, essas quatro normas estão no mesmo patamar hierárquico. Assim, havendo um conflito entre tais leis, há de se avaliar qual delas extrapolou os limites de competência previstos na Constituição Federal. Há de se registrar, porém, que existem juristas que entendem que a Lei Complementar está acima da Lei Ordinária. Os Decretos Logo abaixo das Leis encontram-se os Decretos, que, resumidamente, são um instrumento legislativo, da competência do Presidente da República (Art. 84, IV – CF) que serve para regulamentar a lei, de forma a possibilitar o fiel cumprimento desta. Importante destacar que o Decreto regula questões além dos limites da lei para alterar ou acrescentar normas. Os governadores e prefeitos municipais também têm competência para expedir decretos. As Portarias e Resoluções A Portaria trata-se de um instrumento legislativo utilizado pelos auxiliares diretos dos chefes de Poder Executivo, cujo objetivo é de regular as atividades de suas pastas. Importante destacar que a Portaria deve estar em perfeita consonância com as Leis e Decretos. Por fim temos as Resoluções para regular as deliberações normativas de órgãos colegiados. Nada impede que a resolução também extrapole os limites da lei e da competência do órgão que a editar. Para quem esta iniciando o estudo do Direito é importante conhecer uma Instituição que muito o representa no denominado “Estado Democrático de Direito”, a reconhecida Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. Conheça mais sobre ela visitando o sítio na rede mundial de computador, para isso clique nos seguintes links: − site das Museu Histórico da OAB: http://www.oab.org.br/museuoab/criacao.asp − site do OAB: http://www.oab.org.br/ Material Complementar BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 out. 1988. Senado Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. DEL VECCHIO, George. Lições de filosofia do direito. Coimbra: Arménio Amado. 1972. FIUZA, César. Teoria Geral da Arbitragem. Belo Horizonte: Del Rey, 1995. FÜHRER, Maximilianus C.A. e MILARÉ, Èdis. Manual de Direito Público e Privado. 11. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1999. LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria Geral do Processo. 2. ed. Porto Alegre: Síntese, 1999. MONTENEGRO FILHO, Misael. Curso de direito processual civil. Teoria geral do processo e processo de conhecimento. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006. NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 16. ed. Rio de Janeiro, 1998, p.211. REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p.298. SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991. Figuras Fig. 1 - http://apnendenovaodessa.blogspot.com.br. Acesso em 20/12/2012. Fig. 2 - http://inepad.org.br. Acesso em 20/12/2012. Fig. 3 - http://mandy-oliveira15.blogspot.com.br. Acesso em 20/12/2012. Fig. 4 - http://terra-longe.blogspot.com.br. Acesso em 17/01/2013. Fig. 5 - http://prjosuegomes.wordpress.com. Acesso em 20/12/2012. Fig. 6 - http://prjosuegomes.wordpress.com. Acesso em 20/12/2012. Fig. 7 - http://estudoscristaos.com. Acesso em 20/12/2012. Fig. 8 - http://www.artigojus.com.br. Acesso em 20/12/2012. Referências _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Anotações
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