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APOSTILA - TEORIA GERAL DO DIREITO

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Prévia do material em texto

Teoria Geral do Direito
Professora Me. Letícia Carla Baptista Rosa
Diretor Geral 
Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino e Pós-graduação
Daniel de Lima
Diretor Administrativo 
Eduardo Santini
Coordenador NEAD - Núcleo
de Educação a Distância
Jorge Van Dal
Coordenador do Núcleo de Pesquisa
Victor Biazon
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Projeto Gráfico e Editoração
André Oliveira Vaz
Revisão Textual
Kauê Berto
Web Designer
Thiago Azenha
UNIFATECIE Unidade 1
Rua Getúlio Vargas, 333,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 2
Rua Candido Berthier
Fortes, 2177, Centro
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 3
Rua Pernambuco, 1.169,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 4
BR-376 , km 102, 
Saída para Nova Londrina
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
www.fatecie.edu.br
As imagens utilizadas neste 
livro foram obtidas a partir
do site ShutterStock
FICHA CATALOGRÁFICA
FACULDADE DE TECNOLOGIA E 
CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. 
Núcleo de Educação a Distância;
ROSA, Letícia Carla Baptista.
Teoria Geral do Direito. Letícia. Carla Baptista Rosa.
Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 89 p.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária
Zineide Pereira dos Santos.
AUTORA
Profa. Me. Letícia Carla Baptista Rosa
• Advogada. 
• Graduada em Direito pelo Centro Universitário Cesumar - UNICESUMAR (2006).
• Pós-graduada em Direito e Processo Penal pela Universidade Estadual de 
Londrina (2009). 
• Mestre em Ciências Jurídicas pelo Centro Universitário Cesumar - UNICESUMAR 
(2013). 
• Doutoranda em Função Social do Direito pela Faculdade Autônoma de Direito 
de São Paulo. 
• Professora do curso de graduação em Direito e Coordenadora do Curso de 
graduação em Direito da UNIFATECIE - Faculdade de Tecnologia e Ciência do 
Norte do Paraná.
• Coordenadora dos Cursos de Pós-graduação em Direito e professora dos cursos 
em Gestão Financeira e Secretariado Executivo (EAD) do Centro Universitário 
Cesumar - UNICESUMAR. 
• Professora do curso de graduação em Direito e Coordenadora do Curso de 
graduação em Direito da UNIFATECIE - Faculdade de Tecnologia e Ciência do 
Norte do Paraná.
• Professora do curso de graduação em Direito da UNIFCV - Centro Universitário 
Cidade Verde. 
• Professora do Curso de Pós-graduação em Direito Civil, Processo Civil e 
Direito do Trabalho, do Curso de Pós-graduação em Direito Penal e do Curso 
de Pós-graduação em de Direito Público do Centro Universitário Cesumar – 
UNICESUMAR.
• Professora dos cursos de Pós-graduação do curso de Pós-graduação lato 
sensu em Direito de Família e de Conciliação, Mediação e Arbitragem e do 
curso de Pós-graduação em Direito Penal e Processo Penal da Universidade 
Paranaense - UNIPAR, Umuarama- Pr. 
• Vice-presidente do Núcleo regional de Maringá do IBDFAM. 
• Membro da Comissão de Direito das Famílias da OAB, subseção de Maringá.
• Conciliadora e mediadora judicial com formação pelo Núcleo Permanente de 
Métodos Consensuais de Solução de Conflitos - NUPEMEC, em parceria com o 
Conselho Nacional de Justiça - CNJ.
http://lattes.cnpq.br/4850355058538339
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja muito bem-vindo(a)!
Prezado(a) aluno(a), se você se interessou pelos temas que vamos tratar nessa 
disciplina isso já é o início de uma grande jornada que trilharemos juntos a partir de agora. 
A partir de agora proponho, junto com você construir nosso conhecimento sobre os 
conceitos fundamentais do Direito, principalmente no que tange à Teoria Geral do Direito. 
Nessa disciplina vamos conhecer seus principais institutos e definições, bem como, explorar 
as mais diversas aplicações do desenvolvimento da teoria na prática jurídica. 
Na unidade I começaremos a nossa jornada pelos conceitos e definições do Direito, 
seus campos de estudo e um breve histórico e diferenças do Direito Positivo e do Direito 
Natural, Direito Subjetivo e do Direito Objetivo, realizando também de uma forma didática a 
dicotomia do Direito Público e do Direito Privado. 
Na unidade II passaremos a estudar as Fontes do Direito apresentando seus 
conceitos, classificações e espécies, abrangendo onde poderão ser aplicadas na prática 
jurídica.
Já na unidade III vamos ampliar nossos estudos, tratando do Direito enquanto 
sistema jurídico, apresentando a diferença entre as normas jurídicas, as normas éticas e as 
normas morais. Posteriormente estudaremos especificamente sobre as normas jurídicas, 
sua classificação, validade, vigência e eficácia. 
Por fim, na unidade IV continuaremos nossos estudos sobre a norma jurídica, 
aprendendo como poderemos interpretá-las por meio da hermenêutica jurídica, apresen-
tando as espécies de interpretações. Ademais, para finalizar nosso estudo sobre as normas 
jurídicas, estudaremos suas lacunas e antinomias e as formas de solucioná-las.
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada 
de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em 
nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. 
Muito obrigado e bom estudo!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 6
Conceito de Direito 
UNIDADE II ................................................................................................... 31
Fontes do Direito
UNIDADE III .................................................................................................. 52
Sistema Jurídico 
UNIDADE IV .................................................................................................. 70
Hermenêutica Jurídica
6
UNIDADE I
Conceito de Direito 
Professora Mestre Letícia Carla Baptista Rosa 
Plano de Estudo:
1.1 Direito Natural e Direito Positivo; 1.2 Direito Subjetivo e Direito Objetivo; 1.2.1Classificação 
dos Direitos Subjetivos; 1.2.1.1 Direitos Subjetivos Privado; 1.2.1.2 Direitos Absolutos e 
Relativos; 1.2.1.3 Direitos Transmissíveis e Não Transmissíveis; 1.2.1.4 Direitos Principais 
e Acessórios; 1.2.1.5 Direitos Renunciáveis e Não Renunciáveis; 1.2.2 Classificação do 
Direito Objetivo; 1.3 Dicotomia do Direito Público e Direito Privado; 1.4 Ramos do Direito 
Público; 1.5 Ramos do Direito Privado; 1.6 Ramos do Direito Difuso e Coletivo
Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar as definições do Direito 
• Compreender sobre os campos do direito natural; direito positivo e os ramos do direito 
público e privado 
• Estabelecer a importância de cada elemento do direito abordado. 
7UNIDADE I Conceito de Direito
INTRODUÇÃO
O mundo do Direito tem tamanha amplitude e tão largos horizontes que infinitas são 
as suas vias de acesso. Por tal motivo, o estudo da disciplina jurídica que discorre acerca 
da Teoria Geral do Direito deve ser profundo, requer dedicação e atenção. 
As disciplinas epistemológicas, que não tratam do teor normativo das leis, mas de 
suas categorias fundantes, devem ser a prioridade nos primeiros períodos. O acadêmico 
pode até, paralelamente, acompanhar o andamento de processos, engajando-se em algum 
escritório de advocacia, mas não deve ignorar os estudos de embasamento. A assimilação 
de práticas concretas, sem essa preparação, pode gerar vícios insanáveis. 
A implementação do jurista de amanhã se faz mediante muita dedicação. A leitura 
em geral, especialmente na área de ciências humanas, se revela da maior importância. 
É primordial que o espírito se mantenha inquieto, movido pela curiosidade científica, pela 
vontade de conhecer a organização social e política, na qual se insere o Direito. 
Quando se questiona “o que é direito?”, espera-se de imediato uma única resposta, 
no entanto, mesmo depois de séculos de espera, de hipóteses, teses e princípios, não foi 
possível definir em um mero conceito um significado tão extenso. Melhor seria perguntar 
“quais os possíveis significados da palavra direito?”, para o que seriam dadas várias 
respostas que nada mais são que interpretaçõespossíveis sobre o mesmo fenômeno. 
Dentre essas várias respostas, serão aqui tratadas o conceito do direito natural e do direito 
positivo. O direito subjetivo e suas várias vertentes, bem como o direito objetivo e suas 
classificações. A dicotomia entre o direito privado e o direito público, e iremos estudar sobre 
os ramos do direito difuso e coletivo. 
Entre os inúmeros conceitos que serão expostos, no final dessa apostila você 
também poderá conferir o material complementar que abordará temas atuais e relevantes 
do direito contemporâneo. 
8UNIDADE I Conceito de Direito
1. CONCEITO DE DIREITO
Não se pode indicar com simplicidade “o que é direito”, mas podemos reunir um 
valioso material preliminar, distinguindo quatro significados diferentes do termo (NADER, 
2014): 
1. Direito é o justo, aquilo que cada pessoa deve fazer ou deixar de fazer em uma 
sociedade bem ordenada e justa. Esse significado está relacionado diretamente 
com o termo latino directum, que significa reto, ou seja, bem direcionado, correto, 
como quando usamos a expressão: “fiz tudo direito”. 
2. Direito é aquilo que alguém pode fazer exercendo uma faculdade, por exemplo: 
direito de votar, exigindo com isso uma prestação: o direito do vendedor de 
receber o preço da mercadoria vendida, ou o direito por uma omissão: exigir 
que o vizinho deixe de incomodar quando escuta música alta após a meia-
noite. Essas podem ser definições do direito subjetivo, que será abordado mais 
profundamente em seguida. 
3. Direito é o estudo das normas jurídicas, o desígnio do conjunto de disciplinas 
jurídicas denominado pela comunidade acadêmica, como ciências jurídicas. 
4. Direito é o conjunto de normas que objetivam regulamentar o comportamento das 
pessoas na sociedade. São normas editadas pelas autoridades competentes, 
para prever casos de violação, bem como a imposição de penalidades caso seja 
descumprida a ordem jurídica. 
9UNIDADE I Conceito de Direito
O direito pode ser dividido conforme esteja simplesmente prescrito pelo legislador, 
ou conforme esteja estabelecido nos preceitos da natureza racional humana. Como um 
ramo da ciência humana, a Ciência do Direito tem como essência de pesquisa o homem 
em todas as suas particularidades valorativas de personalidade. Do mesmo modo que não 
se pode compreender uma ciência humana que exclui do seu âmbito de pesquisa o ser 
humano, é inadmissível pensar o mesmo de uma Ciência do Direito que não tenha o mesmo 
fundamento e o centro de suas atenções, o próprio homem (NADER, 2014).
Segundo Hans Kelsen (1938), o Direito é uma ordem de conduta humana, ou seja, 
é um conjunto de normas. O filósofo entende que o Direito possui uma espécie de unidade, 
que forma um sistema. Em suas próprias palavras, Kelsen formula o seu conceito inicial: 
“O Direito é uma ordem normativa da conduta humana, ou seja, um sistema de normas que 
regulam o comportamento humano.” 
Uma ordem advém de um sistema de normas cuja unidade é constituída pelo fato 
de todas elas terem o mesmo fundamento de validade. Nesse sentido, pode-se afirmar 
inicialmente que, na visão kelseniana, o Direito, ou a Ordem Jurídica, é um sistema de normas 
jurídicas positivas o que significa que são normas transcritas, ou seja, um ordenamento 
jurídico positivo que detém de um único fundamento de validade. 
A condição existencial do homem é colocada como princípio de investigação. A 
Ciência do Direito deve, portanto, respeitar o homem na sua plenitude, ou seja, respeitar 
a sua dignidade e os limites estabelecidos e reconhecidos universalmente como seus: 
a vida, a saúde, a honra, a intimidade, a educação, a liberdade, são bens essenciais e 
indisponíveis que, em conjunto com bens sociais como a verdade, o bem comum e a justiça, 
são norteadores dos estudos da Ciência do Direito (MAZZILLI, 2015).
A Ciência do Direito, investiga as condutas que visam os deveres jurídicos, isto é, 
as normas jurídicas das sociedades. Estas prescrevem aos indivíduos certas regras de 
conduta que devem ser obedecidas. Contudo, nessas simples observações, oculta-se uma 
enormidade de questões que precisam ser ponderadas. Podemos tomar como exemplo, 
um simples e corriqueiro problema, visto a partir de uma lei escrita, como por exemplo, uma 
norma jurídica que disciplina o trânsito (NADER, 2014).
A ordem que corresponde ao motorista o “dever de parar”, é o sinal de luz vermelha. 
Essa ordem é um “dever-ser” jurídico, pois aponta o que a norma jurídica pretende que 
seja. Esse comando é direcionado especificamente aos indivíduos que estão conduzindo 
um veículo automotor, ou seja, os motoristas. Quando diante de um sinal vermelho a 
ordem é cumprida, ocorre um fato que se ajusta ao conteúdo da norma, a norma jurídica é 
10UNIDADE I Conceito de Direito
vivenciada como um acontecimento no mundo do “ser”, dos fatos. Já quando o motorista 
desobedece à norma, não parando seu automóvel e ultrapassando o sinal, há uma violação 
do comando e ao mesmo tempo outro tipo de “ser”, que é um fato sancionado pela norma 
jurídica (BOLESINA; REIS, 2015).
A violação é consequentemente um fato, e um acontecimento no mundo do 
ser. O sistema jurídico, em suma são condutas que ditam as regras, mas também, é a 
conduta negativa ou não querida, isto é, o direito é também ao infrator, a sanção que 
pune a desobediência da norma. No caso do sinal vermelho, há uma multa imposta ao 
transgressor. Não que o Direito queira primordialmente aplicar a multa, mas a sanção faz 
parte da estrutura da norma para que esta seja cumprida, e não para que seja violada 
(AYRES, 2006). 
Mas para conceituar o que é o direito não basta apenas sintetizar o seu significado 
genérico, é preciso compreender as concepções principiológicas, e as diversas categorias 
que subdividem o entendimento doutrinário, conforme veremos a seguir. 
1.1 DIREITO NATURAL E DIREITO POSITIVO
Quando ouvimos falar em Direito, podemos associar o termo ao Direito Natural 
ou ao Direito Positivo, que constituem duas ordens distintas, mas que possuem recíproca 
concordância. O Direito Natural revela ao legislador os princípios fundamentais de proteção 
ao homem, que forçosamente deverão ser consagrados pela legislação, a fim de que se 
obtenha um ordenamento jurídico substancialmente justo (MAZZILLI, 2015). 
O Direito Natural não é escrito, não é criado pela sociedade, tão pouco formulado 
pelo Estado. Como o seu próprio adjetivo natural sinaliza, é um Direito espontâneo, que se 
origina da própria natureza social do homem, revelado pela união da experiência e razão 
(MAZZILLI, 2015). 
É formado por conjuntos de princípios de caráter universal, e não de regras, é 
eterno e imutável. Podemos tomar como exemplos maiores o direito à vida e à liberdade. 
Em contato com as realidades concretas, esses princípios são desdobrados pelo legislador, 
mediante normas jurídicas, que devem adaptar-se ao momento histórico de cada sociedade 
(ANDRADE, 1983). 
Já o positivismo é o direito institucionalizado pelo Estado, ou seja, uma ordem 
jurídica obrigatória em determinado lugar e tempo. Apesar de imprópria, a expressão Direito 
Positivo foi usada para efeito de distinção com o Direito Natural. Logo, se não houvesse este 
não haveria razão para aquele adjetivo. As normas costumeiras, que se manifestam pela 
11UNIDADE I Conceito de Direito
oralidade, constituem também Direito Positivo. As diversas formas de expressão jurídica, 
admitidas pelo sistema adotado pelo Estado, configuram o Direito Positivo (MAZZILLI, 
2015). 
Assim, pode-se afirmar que, na antiga Roma, a doutrina de alguns jurisconsultos, 
como Ulpiano, Papiniano, Modestino, Gaio e Paulo, constituía parte do Direito Positivo 
daquele povo, pois condicionava as decisões prolatadas pelos orientadores. Alguns autores 
entendem que separando a positividade da vigência, admite-se como Direito Positivo não 
somente as normas em vigor como também as que organizaram a vida no passado ejá se 
encontram revogadas (MAZZILLI, 2015). 
No entanto, tais conceitos configuram noções distintas, positividade e vigência são 
interdependentes. Direito, por definição, é conjunto normativo que ordena o convívio social, 
portanto o Direito que perdeu a vigência não se impõe mais às relações interindividuais, 
deixando de ser Direito para ser apenas história do Direito (BOLESINA, 2015). 
Mesmo quando se opera a ultratividade da lei, que em síntese, é o poder que a lei 
possui de ser aplicada, após a sua revogação sobre um fato produzido sob a sua vigência, se 
tratando de determinadas matérias, não se deve entender que o Direito Positivo prescinde 
da vigência (NADER, 2014). 
As normas que se aplicam já não estão vigentes, mas estiveram em vigor à época 
em que o fato jurídico se realizou, nele permanecendo ligadas por todo o tempo sem se 
destacar. Tais normas, que perdem a generalidade, transformando-se em individualizadas, 
se assemelham às normas de um contrato (NADER, 2014). 
O entendimento aqui exposto é confirmado pelo jurista português Antunes Varela 
(1945, p. 11): “Por direito positivo devemos entender o conjunto de normas jurídicas vigentes 
em determinada sociedade.”
Portanto, entende-se que no positivismo, a lei tem destaque total, e advém da 
necessidade de afastar a abertura do sistema jurídico aos valores jusnaturais, vez que 
muitas atrocidades eram legitimadas em nome do Direito Natural. Buscou-se segurança 
jurídica e objetividade do sistema.
1.2 DIREITO SUBJETIVO E DIREITO OBJETIVO
O Direito vigente pode ser analisado sob dois ângulos diferentes: objetivo ou 
subjetivo que não são duas realidades distintas, mas dois lados de um mesmo objeto. Isso 
quer dizer que, entre ambos os conceitos, não há uma antítese ou oposição. Do ponto de 
vista objetivo, o Direito é norma de organização social (NADER, 2014). 
12UNIDADE I Conceito de Direito
É o chamado Jus norma agendi. Quando se afirma que o Direito do Trabalho não é 
formalista, emprega-se o vocábulo Direito em sentido objetivo, como referência às normas 
que organizam as relações de emprego. O direito subjetivo corresponde às possibilidades 
ou poderes de agir, que a ordem jurídica garante a alguém. Equivale à antiga colocação 
romana, hoje superada, do Jus facultas agendi (NADER, 2014). 
O direito subjetivo é um direito personalizado, em que a norma, perdendo o seu 
caráter teórico, projeta-se na relação jurídica concreta, para permitir uma conduta ou 
estabelecer consequências jurídicas. Quando dizemos que “fulano tem direito à indenização”, 
afirmamos que ele possui direito subjetivo. É a partir do conhecimento do Direito objetivo 
que deduzimos os direitos subjetivos de cada parte dentro de uma relação jurídica (NADER, 
2014). 
Pode-se entender que, o direito subjetivo é a prerrogativa colocada pelo direito 
objetivo à disposição do sujeito do direito. É a possibilidade de uso e exercício efetivo do 
direito, posto à disposição do sujeito. Assim, o direito subjetivo é tanto o efetivo exercício do 
direito objetivo quanto a potencialidade do exercício desse mesmo direito.
Por exemplo, a lei do Inquilinato, que regula o despejo do inquilino por falta de 
pagamento, faz nascer para o proprietário-locador o direito subjetivo de pleitear o despejo 
do inquilino (NADER, 2014).
Esse direito subjetivo, que é o direito de propor ação para despejar o inquilino, é 
posto à disposição do locador como uma prerrogativa, ou como dito anteriormente, uma 
faculdade. Em outras palavras, o locador não tem a obrigação de ingressar com ação de 
despejo contra o inquilino, ele terá a escolha que dependerá somente dele, ou seja, um 
direito subjetivo seu, e somente a ele cabe decidir se o exercita ou não (NUNES, 2017)
Pode-se, assim, ampliar o sentido dado ao conceito de direito subjetivo para dizer 
que ele é não só a potencialidade e o exercício, como também o uso da ameaça do exercício, 
e que este tem de ser efetivado de forma não abusiva (NUNES, 2017).
É preciso dizer, ainda, que alguns direitos subjetivos não precisam do exercício 
ou da constatação de sua potencialidade para existirem, embora para se garantirem, por 
vezes, precisem da utilização de outros direitos subjetivos.
É o caso dos direitos subjetivos inerentes à pessoa, tais como o direito à vida, à 
honra, à imagem etc. São eles subjetivos, independentemente de exercício de prerrogativa. 
São direitos subjetivos plenos, de fato, bastando para tanto a existência da pessoa de 
direito (NADER, 2014).
13UNIDADE I Conceito de Direito
E é importante ressaltar que, não se deve confundir direito subjetivo com o chamado 
direito-função, que é o exercido por um sujeito em função de outrem. Quando por exemplo, 
o pátrio poder é exercido pelos pais, em função do direito subjetivo dos filhos. Esse é um 
tipo de direito-função que vem antes como um dever obrigação do que uma prerrogativa 
(NADER, 2014).
1.2.1 Classificação dos direitos subjetivos
A primeira classificação que apresentamos sobre o direito subjetivo refere-se ao 
seu conteúdo, figurando, como divisão maior, a relativa ao Direito Público e Direito Privado 
(NUNES, 2017).
 
1.2.1.1. Direitos subjetivos privado
Sob o aspecto econômico, os direitos subjetivos privados dividem-se em patrimoniais 
e não patrimoniais. Os primeiros possuem valor de ordem material, podendo ser apreciados 
pecuniariamente, o que não sucede com os não patrimoniais, de natureza apenas moral. Os 
patrimoniais subdividem-se em reais, obrigacionais, sucessórios e intelectuais. Os direitos 
reais, do latim, jus in re, têm por objeto um bem móvel ou imóvel, como o domínio, usufruto, 
penhor (SALDANHA, 2005). 
Os obrigacionais, também chamados de crédito ou pessoais, têm por objeto uma 
prestação pessoal, como ocorre no mútuo, contrato de trabalho etc. Sucessórios são os 
direitos surgidos em decorrência do falecimento de seu titular e transmitidos aos herdeiros. 
Finalmente, os direitos intelectuais dizem respeito aos autores e inventores, que têm o 
privilégio de explorar a sua obra, com exclusão de outras pessoas. Os direitos subjetivos 
de caráter não patrimonial desdobram-se em personalíssimos e familiais (MAZZILLI, 2015). 
Os primeiros são os direitos da pessoa em relação à sua vida, integridade corpórea 
e moral, nome etc. São também denominados inatos, porque tutelam o ser humano a partir 
do seu nascimento. Já os direitos familiais decorrem do vínculo familiar, como os existentes 
entre os cônjuges e seus filhos. A segunda classificação dos direitos subjetivos refere-se 
à sua eficácia. Dividem-se em absolutos e relativos, transmissíveis e não transmissíveis, 
principais e acessórios, renunciáveis e não renunciáveis (SARMENTO, 2010).
1.2.1.2. Direitos absolutos e relativos
Nos direitos absolutos a coletividade figura como sujeito passivo da relação. São 
direitos que podem ser exigidos contra todos os membros da coletividade, por isso são 
chamados erga omnes. O direito de propriedade é um exemplo. Os relativos podem ser 
14UNIDADE I Conceito de Direito
opostos apenas em relação a determinada pessoa ou pessoas, que participam da relação 
jurídica, categorizado pela doutrina, como inter partes. Os direitos de crédito, de locação, os 
familiais são alguns exemplos de direitos que podem ser exigidos apenas contra determinada 
ou determinadas pessoas, com as quais o sujeito ativo mantém vínculo, seja decorrente de 
contrato, de ato ilícito ou por imposição legal (NADER, 2014).
1.2.1.3. Direitos transmissíveis e não transmissíveis
Como os nomes indicam, os primeiros são os direitos subjetivos que podem passar 
de um titular para outro, o que não ocorre com os não transmissíveis, seja por absoluta 
impossibilidade de fato ou por impossibilidade legal. Os direitos personalíssimos são sempre 
direitos não transmissíveis, enquanto os direitos reais, em princípio, são transmissíveis. A 
transmissibilidade dos direitos se opera inter vivos ou mortis causa,isto é, entre pessoas 
vivas, como nos contratos de locação e comodato, ou em razão de morte, como na sucessão 
legítima e na testamentária. 
Na sucessão mortis causa, os direitos se transmitem no momento da morte do autor 
da herança, abertura da sucessão, ainda que os herdeiros sejam desconhecidos. Trata-se 
de uma ficção jurídica, que visa a evitar a figura de direitos subjetivos sem titularidade. Com 
a aceitação da herança pelos herdeiros verifica-se a ratificação da aquisição da propriedade 
e da posse, que se mantêm indivisíveis até o momento da partilha (SARMENTO, 2010).
1.2.1.4. Direitos principais e acessórios
Os primeiros são independentes, autônomos, enquanto os direitos acessórios estão 
na dependência do principal, não possuindo existência autônoma. No contrato de mútuo, o 
direito ao capital é o principal e o direito aos juros, acessório (SARMENTO, 2010).
1.2.1.5. Direitos renunciáveis e não renunciáveis
 Os direitos renunciáveis são os que o sujeito ativo, por ato de vontade, pode 
deixar a condição de titular do direito sem a intenção de transferi-lo a outrem, enquanto nos 
irrenunciáveis tal fato é impraticável, como se dá com os direitos personalíssimos (NADER, 
2014).
1.2.2 Classificação do direito objetivo
No que se refere ao direito objetivo, esse é o conjunto em si, das normas jurídicas 
escritas e não escritas, independentemente do momento do seu exercício e aplicação 
concreta. É o direito norma de organização social, conjunto de normas jurídicas de 
15UNIDADE I Conceito de Direito
determinado país. É a partir do conhecimento do direito objetivo que se deduz o direito 
subjetivo. 
Constitui-se como o conjunto das normas que integram o ordenamento jurídico 
das quais se irradiam as relações jurídicas entre sujeitos e objetos, dando proteção aos 
interesses e à vontade que caracterizam o Direito Subjetivo (SALDANHA, 2005).
Por isso, o direito objetivo acaba sendo confundido com o direito positivo. O 
direito objetivo corresponde à norma jurídica em si, enquanto comando que pretende um 
comportamento. É aquele objetivado independentemente do momento de uso e exercício 
(VARELA, 1945).
Cada comando, cada determinação de comportamento constitui uma norma 
geradora de uma faculdade individual, o conjunto das normas, o seu complexo, forma o 
direito objetivo.
O Direito Objetivo tem guarida na lei como sua fonte primária, essa serve para 
ensejar a possibilidade de que seja capaz de realmente se configurar como um conjunto 
de normas que asseguram os interesses e vontades que caracterizam o Direito Subjetivo, 
precisa ser dotada de validade, vigência e eficácia. Contudo, resta o questionamento acerca 
de como se dá a interpretação do texto legal para dele se extrair o corpo de normas que 
compõem o Direito Objetivo (NUNES, 2017).
Diante disso, a própria Lei de Introdução, se manifesta ao determinar, em seu 
artigo 5°, que: “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige 
e às exigências do bem comum”. Ora, o Direito é interpretado para ser aplicado, daí 
compreender-se que o escopo do referido dispositivo é o de fazer com que o texto legal seja 
interpretado de forma a permitir a consecução dos objetivos sociais das normas, permitindo 
que as relações jurídicas que emanam do Direito Objetivo atendam às exigências do bem 
comum (NUNES, 2017). 
No entanto, o problema da interpretação, dada sua importância, não se esgota 
aí. Miguel Reale (2009), para ilustrar, assim escreve: “O problema da Ciência do Direito 
resolveu-se, de certa maneira, no problema da interpretação melhor da lei. 
Por fim, resta provado, pela diversidade temática e pelos diversos desdobramentos 
que, o Direito Objetivo tem importância cabal para a própria compreensão do Direito, sendo 
melhor conceituado, levando em consideração o ordenamento jurídico pátrio, como o 
conjunto das normas que possuem, como principal fonte, a lei dotada de validade, eficácia 
e vigência, passível de diversas interpretações e capaz de determinar a configuração das 
relações jurídicas, que se estabelecem entre sujeitos e objetos, e resguardar os interesses 
e vontades componentes do Direito Subjetivo.
16UNIDADE I Conceito de Direito
1.3 DICOTOMIA DO DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO
Antes de tudo: o que é uma dicotomia? Bobbio (2010) sustenta que uma dicotomia se 
constrói sobre dois requisitos fundantes, que é a existência de duas esferas conjuntamente 
exaustivas e excludentes, e a divisão total de cada uma, de modo que todos os elementos 
encontrem lugar em uma ou outra esfera e que outras dicotomias sejam secundárias diante 
da grande dicotomia. 
Assim, para Bobbio (2010), os ramos do direito público e privado seriam esferas 
específicas e dignas de estudos próprios, de modo que o privado seria tudo aquilo que não 
é público ou o público seria tudo aquilo que não é privado (NUNES, 2017).
Essa é a ideia da dicotomia que segue o critério de dividir dois universos de uma 
forma que os respectivos elementos de cada um não pertencessem ao outro e vice-versa, 
e que nenhum ente fosse excluído. A divisão deveria ser total e, principalmente, deveria 
agrupar-se em direção de outras dicotomias (AYRES, 2006). 
Embora não tenha existido um critério satisfatório capaz de denominar claramente 
a distinção pretendida pela dogmática jurídica, entre Direito Público e Direito Privado, a 
separação, de cunho eminentemente prático, está estabelecida desde o Direito Romano, 
nasceu no Ocidente através da história do pensamento político social da época (AYRES, 
2006) e tem por função estabelecer taxativamente segurança e certeza para as tomadas 
de decisões, 
17UNIDADE I Conceito de Direito
Neste sentido, vale citar o estudo elaborado por Saldanha (2005), no qual demonstra 
que as ideias de público e de privado, genericamente, variam no espaço e no tempo. 
Logo, o mesmo pode-se dizer do “direito público” e do “direito privado”, os quais tendem a 
transformarem-se reflexivamente nas variações dos espaços público-privado (SARMENTO, 
2010).
Essas representações das classes do Direito Público e do Direito Privado são, em 
suma, uma das maiores divisões do Direito Positivo, e também a mais antiga, peculiar aos 
sistemas jurídicos de tradição romano germânica (NADER, 2014).
Então quando a norma tutelar o interesse do Estado e de seu funcionamento, esse 
será o Direito Público. Mas quando a norma regular as relações jurídicas entre particulares, 
esse será o direito privado. 
1.4 RAMOS DO DIREITO PÚBLICO
Leis de ordem pública se constituem pela tutela da família, dos direitos 
personalíssimos, pela capacidade das pessoas, com a prescrição, a nulidade de atos, 
normas constitucionais, administrativas, penais, processuais, e as pertinentes à segurança 
e à organização judiciária. Garantem o tratamento digno ao trabalhador e dispõe sobre 
previdência e acidente do trabalho. 
A jurisprudência é um instrumento fundamental para o reconhecimento dessas leis, 
diante da função relevante de prover a segurança da sociedade. Entende a doutrina que tais 
normas devam ser aplicadas em conjunto, como condição à garantia do equilíbrio social. 
A interpretação deve ser estrita, condenando-se tanto a amplitude quanto a limitação do 
alcance de suas normas jurídicas. A interpretação extensiva e a analogia não são admitidas, 
as únicas normas que podem ser interpretadas extensivamente são as que se destinam 
apenas à organização, pois não tratam de limitações aos direitos individuais (NUNES, 
2017).
A lei de ordem pública, ao contrário das que integram a ordem privada, reúne 
preceitos de importância fundamental ao equilíbrio e à segurança da sociedade, pois 
disciplina os fatos de maior relevo ao bem-estar da coletividade. Por tutelar os interesses 
fundamentais da sociedade, prevalece independentemente da vontade das pessoas. 
É indispensável e se destaca à opinião de todos, inclusive daqueles a quem beneficia. 
Tal entendimento serefere ao fato de que o Direito Público não pode ser substituído pelas 
convenções dos particulares (BOLESINA, 2015). 
18UNIDADE I Conceito de Direito
O ordenamento jurídico é um conjunto harmônico de regras que não impõe, por si, 
qualquer divisão em seu campo normativo. A setorização em classes e ramos é obra de 
iniciativa da Ciência do Direito ou Dogmática Jurídica, na deliberação de organizar o Direito 
Positivo, para fazê-lo prático ao conhecimento, às investigações científicas, à metodologia 
do ensino e ao aperfeiçoamento das instituições jurídicas.
Destacamos, novamente, que é essencial a necessidade de considerar todo ramo 
do Direito como espécie de um gênero comum. Antes de ser adjetivo, público, privado, 
penal, civil, o conjunto de normas expressa o “substantivo próprio” Direito. Assim, cada 
ramo do Direito Positivo, além de possuir caracteres próprios, participa das propriedades 
inerentes à árvore jurídica, que seriam os processos de adaptação social, às normas 
coercitivas sob o comando do Estado, a sujeição à variação histórica e submissão aos 
princípios fundamentais do Direito Natural, a fórmula de realização dos valores segurança 
e justiça (BOLESINA, 2015). 
O critério adotado na classificação dos ramos jurídicos é o da antiga divisão do 
Direito Público e Privado que, apesar de sua reconhecida deficiência, revela duas tendências 
fundamentais no estudo da Jurisprudência. 
A seguir, veremos as principais áreas do direito público: 
1. O Direito Constitucional é o ramo do Direito Público que dispõe sobre a estrutura do 
Estado, define a função de seus órgãos e estabelece as garantias fundamentais da pessoa. 
É um direito que limita a ação do governo, pois estabelece faixas de competência para os 
poderes. É também um direito de garantia das pessoas, pois as constituições modernas 
estabelecem um elenco de garantias fundamentais aos seres humanos. Denomina-se parte 
orgânica da constituição a que dispõe sobre a estrutura do Estado e parte dogmática a que 
se refere aos direitos e garantias individuais. Em nossa Constituição, esta parte se acha 
inserida no art. 5º e seus setenta e oito itens.
2. O Direito Administrativo estabelece a fórmula jurídica para a realização do serviço 
público, cujo conceito pode ser definido como “toda organização de caráter permanente 
destinada a satisfazer as necessidades públicas de um modo regular e contínuo” (NADER, 
2014) 
Como a execução e o controle dos serviços públicos dependem do trabalho de 
funcionários qualificados, o Estado admite servidores de acordo com o que estabelecem 
as normas específicas, que se incluem no objeto do Direito Administrativo. Este ramo, é o 
conjunto de princípios e normas jurídicas que presidem ao funcionamento das atividades 
19UNIDADE I Conceito de Direito
do Estado, à organização e ao funcionamento dos serviços públicos, e às relações da 
administração com os indivíduos (NADER, 2014).
Além de se orientar pelos princípios comuns ao Direito Público, como os da 
legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade, eficiência, o Direito Administrativo 
consagra os princípios específicos da supremacia do interesse público sobre o privado e o 
da indisponibilidade dos interesses públicos.
3. O Direito Internacional Público é o ramo jurídico que disciplina as relações entre 
os Estados soberanos e os organismos análogos. As suas principais fontes formais são 
os tratados e os costumes internacionais. A sua existência pressupõe as chamadas bases 
sociológicas: a) pluralidade de Estados soberanos, pois se houvesse apenas um Estado, 
o Estado Mundial, não haveria dualidade de interesses e, consequentemente, não se 
justificariam quaisquer normas que não fossem as internas; b) comércio internacional, pois a 
grande massa de interesses apresenta conteúdo econômico e envolve a troca de riquezas; 
c) princípios jurídicos coincidentes, de vez que, inexistindo valores comuns, faltariam os 
critérios de entendimento (NUNES, 2017).
4. O Direito Tributário, disciplina a receita e a despesa pública. Para realizar os 
serviços públicos, o Estado necessita de recursos financeiros, que são obtidos mediante 
cobrança de impostos, contribuições, taxas, bem como por sua atividade empresarial. O 
movimento de arrecadação do dinheiro público e seu emprego em obras e despesas gerais 
constituem o objeto do Direito Tributário (NUNES, 2017).
Considerado como sub-ramo do Direito Financeiro, o Direito Tributário ganhou suma 
importância, especialmente na segunda metade de nosso século, por força da intervenção 
cada vez maior do Estado no domínio econômico, com sua necessidade de arrecadação 
sempre crescente.
O Direito Processual, conhecido como direito adjetivo, porque é instrumento 
do direito material, um tipo direito substantivo, regula o processo judicial, bem como a 
organização judiciária. Engloba as normas jurídicas que cuidam das regras relativas à ação 
judicial, isto é, do direito de ver qualquer pretensão sendo analisada e julgada pelo Poder 
Judiciário.
O Direito Processual está dividido por áreas relativas ao direito material, com três 
subdivisões básicas:
a) Direito Processual Civil, que regula as situações relativas à órbita civil, comercial, 
fiscal, administrativa, do consumidor etc.; seu principal instrumento é o Código de Processo 
Civil (CPC);
20UNIDADE I Conceito de Direito
b) O Direito Processual Penal, que regula as situações relativas à órbita penal; 
seus principais textos legais são o Código de Processo Penal (CPP), as leis das execuções 
penais e a Lei dos Juizados Especiais Criminais;
c) O Direito Processual do Trabalho, que regula as situações relativas à órbita tra-
balhista. Serve-se ele, subsidiariamente, para os casos não previstos, do Direito Processual 
Civil; sua principal base legal é a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e o Código de 
Processo Civil (CPC).
5. O Direito Penal é o ramo do Direito Público que define os crimes, estabelece 
as penalidades correspondentes e dispõe sobre as medidas de segurança. É o conjunto 
de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado, ligando o delito, como pres-
suposto, a pena como consequência. A missão deste ramo, consiste na proteção de bens 
jurídicos fundamentais ao indivíduo e à comunidade”.
 Além da denominação Direito Penal, a mais divulgada atualmente, esse ramo é 
também designado por Direito Criminal. Enquanto a primeira denominação faz referência à 
consequência jurídica a que está sujeito o autor do crime, a segunda se reporta ao conceito 
nuclear do ramo, que é o crime (NUNES, 2017).
1.5 RAMOS DO DIREITO PRIVADO
A seguir veremos quais são os ramos do direito privado: 
1. O Direito Civil, pertence ao Direito Privado por excelência, pois visa regular as 
relações dos indivíduos, estabelecendo direitos e impondo obrigações. O Direito Civil atua 
em toda a vida do indivíduo, pois disciplina todos os campos de interesses individuais. O 
Código Civil, ou seja, é estruturado em duas grandes partes: geral, que contém normas 
de caráter abrangente, que servem a qualquer área do Direito Civil e parte especial, que 
trata dos assuntos específicos. Na parte Geral encontram-se as normas que contém os 
temas relativos às pessoas, aos bens e aos fatos jurídicos. Já a parte especial os livros 
são: obrigações, Direito de Empresa, Direito das Coisas, Direito de Família, Direito das 
Sucessões e um livro complementar das disposições finais e transitórias. Assim verifica-se 
que o Direito Civil abrange todas as áreas do relacionamento humano, que serão objeto de 
estudo durante todo o Curso de Direito (NADER, 2014).
2. Direito comercial ou empresarial, com a unificação das obrigações civis e comer-
ciais, promovida pelo Código Civil de 2002, o Direito Comercial, em nosso país, passou por 
ampla reformulação. Entre as mudanças, verificou-se a substituição da figura do comer-
ciante pela do empresário.
21UNIDADE I Conceito de Direito
O CódigoCivil inovou ao instituir, na Parte Especial, o Direito de Empresa, onde 
dispõe sobre a figura do empresário e regula as diferentes espécies de sociedades, sem 
esgotar a abordagem destas. Assim cabe a legislação especial o regulamento das socie-
dades anônimas. Figuram, também, as leis ordinárias nº 9.279/96, que dispõe sobre a 
propriedade industrial, Lei nº 7.357/85, que disciplina os cheques; Lei nº 6.404/76, que trata 
das sociedades por ações; Lei nº 5.474/68, que regula a emissão de duplicatas (NADER, 
2014).
 O antigo Código Comercial, de 1850, não se encontra revogado por inteiro. O art. 
2.045 do Código Civil extinguiu toda a sua Parte Primeira, correspondente aos arts. 1º ao 
456, conservando a vigência da Parte Segunda, que afeta ao comércio marítimo (NADER, 
2014). 
Importante documento legislativo se liga também às empresas: Lei nº 11.101/05, 
que dispõe sobre recuperação e falência. Não obstante o novo Código tenha regulado o 
Direito Empresarial e, na parte das Obrigações, disciplinado a matéria de títulos de crédito, 
tais campos normativos não passaram a integrar o Jus Civile. Somente uma visão codicista, 
retrógrada, sustentaria tal integração (NADER, 2014). 
O Direito Empresarial gira em torno da figura do empresário e este pode ser definido 
como pessoa física ou jurídica que desenvolve atividade de natureza econômica, produzin-
do ou promovendo a circulação de bens ou serviços. O comércio, atualmente, é apenas um 
dos objetos do Direito Comercial ou Empresarial, que dispõe, mais extensamente, sobre as 
atividades econômicas dedicadas à produção ou circulação de bens ou serviços, tendo o 
lucro por finalidade (NUNES, 2017).
1.6 RAMOS DO DIREITO DIFUSO E COLETIVO
São direitos indivisíveis, que abrange um número indeterminado de pessoas 
unidas pelo mesmo fato. Pertence a sujeitos indeterminados. Os processos baseados 
em direitos difusos se tornaram uma solução eficiente para resolver conflitos coletivos de 
ordem econômica, social ou cultural. Os direitos difusos se preocupam com questões da 
coletividade, como as ligadas ao meio ambiente, patrimônio público, direitos do consumidor, 
direitos trabalhistas (NUNES, 2017).
Os interesses difusos são “como um feixe ou um conjunto de interesses individuais, 
de objeto indivisível, compartilhados por pessoas indetermináveis, que se encontram unidas 
por circunstâncias de fato conexas (MAZZILLI, 2015).
22UNIDADE I Conceito de Direito
O primeiro ramo dos direitos difusos é o direito do trabalho, que engloba as normas 
jurídicas que regulam as relações entre o empregado e o empregador, compreendendo 
o contrato de trabalho, o registro do empregado, a rescisão, a despedida, as verbas 
trabalhistas, os salários e seus reajustes, a duração da jornada de trabalho etc.
Essas normas regulam, também, o chamado Direito Coletivo do Trabalho, que trata 
dos acordos coletivos de trabalho, da organização sindical, do direito de greve etc.
Seu principal diploma legal é a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1º 
de maio de 1943, acrescida e alterada por uma série de leis esparsas, leis de acidente do 
trabalho, do empregado doméstico, do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), 
etc.
O Direito Previdenciário, é outro ramo do direito difuso e cuida da Seguridade 
Social que diz respeito à Saúde, à Previdência Social e a Assistência Social, atuando por 
intermédio de seus órgãos (INSS, SUS, etc) estabelecendo os benefícios e as formas de sua 
obtenção, o auxílio-doença, salário-maternidade, aposentadoria por tempo de contribuição 
e por invalidez, direito à pensão na viuvez e na orfandade (AYRES, 2006).
Seus principais instrumentos legais são a Lei de Organização e Custeio da 
Seguridade Social (Lei n. 8.212/91), o Plano de Benefícios da Previdência Social (Lei n. 
8.213/91), a Lei Orgânica da Saúde (Lei n. 8.080/90), a Lei Orgânica da Assistência Social 
(Lei n. 8.742/93); e o Programa do Seguro-Desemprego (Lei n. 7.998/90). 
O Direito do Consumidor, são normas instituídas para a proteção e defesa do 
consumidor, de ordem pública e interesse social (AYRES, 2006).
Consumidor, para esse sistema legal, é “toda pessoa física ou jurídica que adquire 
ou utiliza produto ou serviço como destinatário final” (art. 2º do CDC), ao qual se equipara 
“a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de 
consumo” (parágrafo único do art. 2º, citado).
Equiparam-se também ao consumidor todas as vítimas de evento danoso (art. 
17 do CDC), bem como “todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas” 
comerciais (art. 29 do CDC).
Fornecedor “é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou 
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de 
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, 
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços” (art. 3º do CDC).
Produto “é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial” (§ 1º do art. 
3º, citado), e serviço “é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante 
23UNIDADE I Conceito de Direito
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária” (§ 2º 
do mesmo art. 3º).
Está excluída da abrangência do CDC, como se viu, a prestação de serviço 
oferecida a título gratuito. As de caráter trabalhista também estão excluídas, e continuam 
regidas pela CLT e demais normas jurídicas trabalhistas. As relações existentes entre os 
próprios fornecedores, isto é, de fornecedor a fornecedor, continuam regidas pela legislação 
já existente (civil, comercial, penal etc.) (NUNES, 2017).
Por essas singelas considerações relativas ao Direito do Consumidor, pode-se 
referir que certas operações de compra e venda de produtos e serviços estão submetidas 
à legislação consumerista, tendo saído da órbita das normas privativas.
SAIBA MAIS
Que as mulheres sofreram para conquistar um espaço na sociedade, nós já sabemos, 
porém há mais de 100 anos, precisamente em 1897, o Brasil teve a primeira mulher a 
ingressar no curso de Direito na Faculdade do Largo de São Francisco. Maria Augusta 
Saraiva, nascida em 1879 no estado de São Paulo, conseguiu se formar em 1902 no 
curso de direito, com excelência e muitos méritos, afinal de contas conseguiu um prêmio 
onde foi consagrada com uma viagem à Europa por se destacar no curso. Além do mais, 
Maria foi a primeira mulher a atuar no Tribunal do Júri no Brasil.
Fonte: As mulheres e o Direito: histórias de pioneirismo. Migalhas do 
Direito. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/quentes/235253/as-
mulheres-e-o-direito-historias-de-pioneirismo. Acesso em: 08 nov. 2019.
Figura 1 – Maria Augusta Saraiva. Fonte: As mulheres e o Direito: 
histórias de pioneirismo. Migalhas do Direito. Disponível em: https://www.
migalhas.com.br/quentes/235253/as-mulheres-e-o-direito-historias-de-
pioneirismo. Acesso em: 08 nov. 2019.
24UNIDADE I Conceito de Direito
REFLITA 
Nossa capacidade de raciocinar está intimamente ligada à nossa capacidade de sermos 
livres. Juntas, essas capacidades nos tornam únicas e nos distinguem da existência 
meramente animal. Ela nos transforma em algo mais do que meras criaturas com 
apetites.1
¹ SANDEL, Michael J. Justiça: o que é fazer a coisa certa. 4. ed. Trad. de Heloisa Matias e Maria Alice 
Máximo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.
25UNIDADE I Conceito de Direito
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dentre os inúmeros conceitos que foram abordados nesta unidade I, deduz-se que, 
o direito natural é em suma o direito não escrito, que advém da própria natureza social 
do homem, revelado por meio da união da experiência e da razão do homem. Já o direito 
positivo é o conjunto de normas jurídicas vigentes em determinada sociedade, transcritos e 
regulamentados conformes os devidos trâmites legislativos. 
Os direitos subjetivos se debruçam sobre os préstimos dos direitos inerentes aoser humano, e tendem a ter relação com a vida, com a integridade corpórea e a moral. Tu-
telam o ser humano a partir do seu nascimento. Podem ser direitos substantivos privados, 
relacionados aos direitos patrimoniais do indivíduo, mas também podem não tem caráter 
patrimonial, de natureza apenas moral. 
Já o direito objetivo, possui ramificações correspondente à norma jurídica em si, 
como um comando que propõe um comportamento. É aquele objetivado independentemen-
te do momento de uso e exercício. Cada comando, cada determinação de comportamento 
constitui uma norma geradora de uma faculdade individual, o conjunto das normas, o seu 
complexo, forma o direito objetivo.
Os direitos públicos são aqueles de ordem pública, e reúne preceitos de importân-
cia fundamental ao equilíbrio e à segurança da sociedade, disciplinam os fatos de maior 
relevância ao bem-estar da coletividade e independem da vontade das pessoas. Os direitos 
privados regulamentam as relações particulares, os interesses, e obrigações, observando 
sempre a boa-fé entre as partes.
E por fim, os direitos difusos, diz respeito a tutela da coletividade são indivisíveis, 
que alcançam um número indeterminado de pessoas, unidas pelo mesmo fato. Pertence a 
sujeitos indeterminados. Os processos baseados em direitos difusos se tornaram uma so-
lução eficiente para resolver conflitos coletivos de ordem econômica, social ou cultural. Se 
preocupam com questões da coletividade, como as ligadas ao meio ambiente, patrimônio 
público, direitos do consumidor, direitos trabalhistas.
26UNIDADE I Conceito de Direito
LEITURA COMPLEMENTAR 
O PAPEL DO JUIZ CRIMINAL NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
Por Luiz Eduardo Oliveira de Faria, juiz de direito
Acredita-se que o autoritarismo não é apenas síndrome do Poder Judiciário, mas, 
sim, da própria sociedade brasileira. Logo, avizinha-se a percepção popularizada de que 
o arquétipo ideal de juiz criminal é, no Brasil, aquele de viés autoritário, encarcerador e 
eminentemente punitivista.
O Brasil atravessa uma quadra histórica delicada, iniciada formalmente em 
2013, quando se deflagrou um projeto político-jurídico que culminou no esgarçamento do 
tecido normativo-democrático e que teve como fatos exponenciais o afastamento de uma 
presidenta da República, eleita democraticamente, e a artificial condenação criminal de um 
ex-presidente, com seu respectivo encarceramento. 
Nos momentos críticos desta marcha, que ganhou ares novelizados pela cobertura 
da mídia de massa, o Judiciário viu-se tensionado a enfrentar questões sensíveis a uma dita 
opinião pública, fato que acabou por colocar em xeque o papel deste poder da República, 
no âmbito do Estado Democrático de Direito.
Mais recentemente, para tornar dramático este quadro, veio a público, por ação 
de uma fração da imprensa independente e alternativa, uma série de diálogos, tidos por 
intermédio de aplicativos digitais, havida entre membros do Ministério Público Federal e 
um Juiz Federal, no transcurso de procedimentos penais, intensificando-se, pois, a citada 
reflexão.
Então, neste lastro, e para aproveitar o ambiente reflexivo, indagar-se-ia: qual o 
verdadeiro papel do Juiz Criminal no âmbito do Estado Democrático de Direito? É o que se 
tenciona fazer doravante.
Para a análise proposta, acredita-se que é necessária a fixação de três pontos 
teóricos de partida, interligados indissociavelmente, e que fornecem o perfeito caráter 
interdisciplinar de apreciação.
O primeiro deles trabalha com a ideia de que a pena criminal, tida como uma resposta 
formal do Estado à infração punível, reflete a evolução histórica do Processo Penal desse 
Estado. Assim, um Estado de feição política autoritária, em tese, contemplaria punições 
virtualmente irracionais, ao passo que um Estado com aspirações democráticas traria em si 
27UNIDADE I Conceito de Direito
o caráter racional das punições criminais, sempre se tendo em mente o pleno respeito aos 
direitos e garantias fundamentais.
O segundo ponto a ser fixado é a própria aproximação conceitual do que pode 
ser concebido como Estado Democrático de Direito. Caracterizar-se-ia, ele, como uma 
organização política, administrativa e de feição burocrática, ditada pela participação popular 
plural e que aspira à legitimidade social. Rege-se, esta organização, por uma ordem 
constituinte que, atualmente, está cada vez mais interligada a uma rede jurídico-normativa 
humanitária internacional.
Por fim, acredita-se que não é possível conceber o fenômeno jurídico desgarrado 
do contexto histórico, visto este como o pano de fundo de toda a axiologia imanente à 
sociedade humana. 
Ora, é como sinalizou-se: sendo o Direito o termômetro da orientação política 
do Estado, da mesma forma é o processo penal. Dito de outra forma. Vislumbra-se uma 
perfeita aproximação científica entre o processo penal e a política, para comprovar-se que 
em casos de Estados com índole autoritária surge um processo penal com a mesma feição, 
ao passo que tendo-se um Estado democrático, certamente, o processo penal igualmente 
o será.
Daí, torna-se possível acabar com mitos processuais penais, tais como a suposta 
abstração igualitária do sistema penal, desnudando-se o seu verdadeiro caráter repressivo, 
seletivo, excludente e funcionalmente voltado para a gestão dos indesejáveis.
Cai por terra, também, o mito de que a pena criminal é fator de reinserção social. 
Evidencia-se que ela é, na verdade, a mola propulsora de estigmatização humana, exclusão 
social e potencialização criminógena.
Rui, por fim, o mito da verdade real no processo penal. Demonstra-se que este 
paradigma nada mais representa do que a consagração da feição inquisitiva e autoritária do 
processo penal, destacadamente o brasileiro, que contraria de modo violento a sistemática 
acusatória pura consagrada na Carta Magna de 1988.
Logo, da parte daqueles que se prestam a refletir sobre o processo penal, caberia 
uma indagação: Um processo penal para quê(m)? As respostas a esta questão vão orientar 
a interpretação e a aplicação das normas processuais penais, sempre tendo-se em vista 
os paradigmas científicos e políticos sobre os quais se apoia processo penal, quais sejam, 
paradigmas autoritários ou democráticos.
28UNIDADE I Conceito de Direito
Pois bem, A partir deste ponto, necessário se faz evidenciar a realidade histórico-
jurídica (processual penal) brasileira, já deixando patente que todas as faces dela se 
mostram interligadas.
A realidade histórica do processo penal pátrio é imersa numa tradição política de 
matrizes autoritárias. Basta ver que o período pós-Constituição de 1988, na história da 
República, é o mais extenso e duradouro de democracia político-eleitoral, desconsiderando-
se, por certo, as chamadas rupturas institucionais veladas.
Este panorama traz reflexos imediatos na sociedade brasileira, fazendo com que 
se adira, mesmo que de forma inconsciente, a um conjunto de crenças daí advindos. 
Dissemina-se, por exemplo, a noção de que são mais efetivas as respostas de força para 
os mais variados problemas sociais, em detrimento do conhecimento e do diálogo.
Em paralelo, crê-se na relativização dos direitos e garantias fundamentais, já que 
estes seriam obstáculos à eficiência do Estado e do mercado.
Mas o pior dos reflexos sociais é sinalizado pelo fato de que se aplaude, em grande 
monta, o arbítrio funcional dos agentes do Estado, o que abre espaço à criação de heróis 
autoritários, sejam eles políticos do Executivo, Legislativo, do Ministério Público e, o que é 
pior, Juízes.
Portanto, e para o que interessa aos fins deste articulado, acredita-se que o 
autoritarismo não é apenas síndrome do Poder Judiciário, mas, sim, da própria sociedade 
brasileira. Logo, avizinha-se a percepção popularizada de que o arquétipo ideal de juiz 
criminal é, no Brasil, aquele de viés autoritário, encarcerador e eminentemente punitivista.
O panorama autoritário descortinadoprojeta-se incisivamente no processamento do 
sistema de justiça criminal, desembocando na existência acrítica da ideia de processo penal 
como instrumento de segurança pública, assepsia e defesa social, substrato último da ideia 
do direito penal do inimigo. Isto leva, entre nós, à noção de sociedade polarizada e dividida, 
opondo-se, de um lado, pretensos cidadãos que merecem ter seus direitos respeitados, e 
do outro lado, aqueles cidadãos que não merecem ter seus direitos respeitados. Noutros 
termos, digladiar-se-iam os “cidadãos de bem” e os cidadãos indesejados.
Fica fácil perceber, então, que o autoritarismo no sistema de justiça criminal pátrio 
ganha corpo prático, fundamentalmente, pela existência de; a) juízes como gestores da 
produção de provas, atuando de ofício; b) juízes como tomadores de medidas restritivas de 
direitos também de ofício; c) juízes atuando como genuínos órgãos de acusação valendo-
se, por exemplo, do permissivo do Art. 385, do CPP; d) jurisprudência baseada em termos 
semânticos amplos e vagos, em nítida adesão ao moralismo de ocasião e decisionismo 
29UNIDADE I Conceito de Direito
estéril; e) percepção normativa que consagra o judiciário como órgão de segurança pública 
e o processo penal como ferramenta de combate à criminalidade, a despeito do alcance do 
Art. 144, da CR/88.
Mas, então, pergunta-se: qual seria a projeção plena da democracia no sistema de 
justiça criminal, contrapondo-se à citada ideia do autoritarismo? Em definitivo: qual seria 
verdadeiro papel do juiz criminal no estado democrático de direito?
Parte-se, primeiramente, da necessidade de promover-se a leitura constitucional do 
sistema de justiça criminal. Assim sendo, o texto constitucional, com toda a sua principiologia 
garantista, deve ser tido como base das normas jurídicas consequentes, buscando-se aferir 
a legitimidade valorativa destas, servindo, também, noutra volta, como filtro hermenêutico 
único de aplicabilidade e legitimidade.
Depois, é preciso redimensionar o sistema de justiça criminal, alocando-se o ser 
humano, e sua dignidade valorativa, como o epicentro hermenêutico. Com isso, é possível 
reformular o papel do juiz criminal, tornando-o agente garantidor e promotor da axiologia 
humanista dos réus, evitando-se a perniciosa noção de que juiz criminal deve ser visto 
como agente de segurança pública.
Redefine-se, portanto, o papel do juiz criminal no âmbito do Estado Democrático 
de Direito, para colocá-lo fielmente preso aos limites do texto constitucional, sendo agente 
guardião do sistema acusatório puro, com todas as suas implicações formais, tornando-se 
tomador de posições jurídicas contra-majoritárias aos interesses de ocasião. Ou seja, o juiz 
criminal deve ater-se apenas à vontade constitucional, e não à das ruas, tudo visando à 
promoção potencializada da dignidade humana.
Em conclusão acachapante. O Juiz criminal, no âmbito do Estado Democrático de 
Direito, deve ter em mente que punir faz parte do jogo civilizatório. Mas é preciso garantir 
para punir e punir garantindo.
Portanto, sempre atento às balizas constitucionais, o real papel do Juiz Criminal, 
dentro do já decantado Estado Democrático de Direito, é o de ser o fiel da balança desta 
garantia para punir, ou desta punição garantida, porque só assim realiza-se autenticamente 
o projeto humanístico-constitucional de plena e irrestrita salvaguarda da dignidade de todos 
os seres humanos, evitando-se a propagação do autoritarismo.
Luiz Eduardo Oliveira de Faria é juiz de Direito da Vara Criminal, Infância e 
Juventude e Execuções Penais de Timóteo/MG.
Fonte: Justificando, mentes inquietas pensam Direito. Disponível em: http://www.
justificando.com/2019/07/24/o-papel-do-juiz-criminal-no-estado-democratico-de-direito/. 
http://www.justificando.com/2019/07/24/o-papel-do-juiz-criminal-no-estado-democratico-de-direito/
http://www.justificando.com/2019/07/24/o-papel-do-juiz-criminal-no-estado-democratico-de-direito/
30UNIDADE I Conceito de Direito
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
Título: Manual de Introdução ao Estudo do Direito
Autor: Rizzato Nunes
Editora: Saraiva.
Sinopse: Reunindo temas da disciplina introdutória do direito, esta 
obra apresenta uma visão atual e apurada dos fenômenos jurídi-
cos. Em linguagem direta e abordagem didática, o autor examina 
os elementos que compõem o estudo da matéria, como os princí-
pios jurídicos, a interpretação jurídica, a questão da retroatividade 
da lei e a eficácia das normas jurídicas. Prestando-se ainda como 
instrumento de trabalho ao docente, traz inúmeras séries de exer-
cício, sugestões de temas para seminários e acórdãos sobre as 
matérias ministradas. Apresenta um completo índice alfabético de 
assuntos e uma relação dos principais diplomas legais ordenados 
por seus nomes, facilitando o aprendizado e a consulta.
FILME/VÍDEO
Título: O Auto da Compadecida
Ano: 2000.
Sinopse: Após suas Respectivas mortes, os Personagens seguem 
para o Julgamento Final. Onde terão que escapar das acusações 
do diabo, para assim chegarem ao Céu. 
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=3GAAkhwXzFI
https://www.youtube.com/watch?v=3GAAkhwXzFI
31
Plano de Estudo:
1. Fontes Do Direito
1.1 Fontes Estatais e Não Estatais; 1.1.1 Das Fontes Estatais; 1.1.2 Das Fontes não Estatais; 
1.2 Fontes Materiais; 1.3 Espécies de Fontes do Direito; 1.3.1 Lei; 1.3.2 Doutrina;1.3.3 
Jurisprudência; 1.3.4 Costumes; 1.3.5 Princípios Gerais de Direito; 1.3.6 Analogia.
Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar as fontes do Direito;
• Compreender as espécies das fontes do direito;
• Estabelecer a importância da lei, da doutrina, da jurisprudência, dos princípios gerais e 
da analogia como fontes do direito. 
UNIDADE II
Fontes do Direito
Professora Mestre Letícia Carla Baptista Rosa 
32UNIDADE II Fontes do Direito
INTRODUÇÃO
Quando nos referimos às fontes do direito, encontramos um assunto com muitas 
divergências doutrinárias. No entanto, tal divergência é em relação a considerar o que 
realmente deve ser apontado como fonte do direito e o que não pode, sendo unânimes ao 
destacar o papel relevante que têm no ordenamento jurídico, sendo elas escritas ou não, 
materiais ou formais, são necessárias a qualquer sistema democrático de direito.
Ao se debruçar sobre qualquer objeto de estudo a pergunta pela fonte é uma das 
primeiras a ocorrer àqueles que aspiram compreender com maior profundidade o tema 
estudado. A pergunta sobre o que é a sabedoria, a justiça, o amor, remete sempre ao 
conhecimento de suas fontes. Em “O Banquete”, por exemplo, Platão, ao propor a discus-
são sobre o que é o amor, ilustra como é imprescindível se saber a fonte para, só assim, 
formular qualquer discurso sobre a questão. 
Como não poderia deixar de ser, um dos assuntos centrais no âmbito da Ciência 
do Direito diz respeito às suas fontes, questão de grande relevância tanto para formação 
quanto para ação prático-profissional dos operadores do Direito, vez que a compreensão 
do que seja fonte do Direito influi na própria concepção do que seja Direito e, por sua 
vez, condiciona desde os fundamentos jurídicos que se formula, a pretensão alegada, as 
possíveis contestações até o próprio provimento jurisdicional. 
De forma geral, o presente tema das fontes do Direito é permeado por abordagens 
sobre as suas espécies, as leis, os costumes, a jurisprudência, a doutrina e os princípios 
gerais. 
33UNIDADE II Fontes do Direito
1. FONTES DO DIREITO
A doutrina jurídica não se apresenta uniforme quando se trata do estudo das fontes 
do Direito. Entre os estudiosos da Ciência do Direito, há uma grande diversidade de opiniões 
quanto ao presente tema, principalmente em relação ao elenco das fontes. Esta palavra 
provém do latim, fons, fontis e significa nascente de água. No âmbito de nossa Ciência é 
empregada como metáfora (ANDRADE, 1983).
Distinguimos três espécies de fontes do Direito: históricas, materiais e formais, as 
fontesHistóricas, apesar do Direito ser um produto que altera com o tempo e espaço, 
contém muitas ideias permanentes. A evolução dos costumes que se conservam presentes 
na ordem jurídica (ANDRADE, 1983). 
A evolução dos costumes e o progresso induzem o legislador a criar novas formas 
de aplicação para esses princípios. As fontes históricas do Direito indicam a gênese das 
modernas instituições jurídicas: a época, o local, as razões que determinaram a sua 
formação.
Limitando-se aos antecedentes históricos mais recentes ou aprofundando no 
passado, em busca das concepções originais. Esta ordem de estudo é significativa não 
apenas para a memorização do Direito, mas também para a melhor compreensão dos 
quadros normativos atuais. No setor da interpretação do Direito, onde o fundamental é 
captar-se a finalidade de um instituto jurídico, sua essência e valores capitais, a utilidade 
dessa espécie de fonte revela-se com toda evidência (KELSEN, 1938). 
A Dogmática Jurídica, que desenvolve o seu estudo em função do ordenamento 
vigente, com o objetivo de revelar o conteúdo atual do Direito, proporcionando um 
34UNIDADE II Fontes do Direito
conhecimento pleno, deve buscar subsídios nas fontes históricas. Aquele que quer realizar 
o Direito sem a História não seria jurista, nem sequer um utopista, não traria à vida nenhum 
espírito de ordenamento social consciente, senão mera desordem e destruição. Nessa 
perspectiva de análise, o retorno aos estudos do Direito Romano, fonte do Direito ocidental, 
torna-se imperativo (KELSEN, 1938). 
1.1 FONTES ESTATAIS E NÃO ESTATAIS
Dentre os vários conceitos e classificações possíveis, vamos apresentar aquilo que 
há de comum e básico na doutrina. O direito positivo as normas jurídicas escritas, fruto 
de ato do Estado, é um marco divisório importante. É nele que a dogmática jurídica e 
hermenêutica contemporânea tem sua base de investigação. Decorre uma classificação 
possível, a que divide as fontes em estatal e não estatal. Como fontes estatais temos: as 
leis e a jurisprudência, e como fontes não estatais: o costume jurídico e a doutrina (NUNES, 
2017).
Além disso, hodiernamente, é necessário inserir como fonte, classificadas como 
estatais os princípios, especialmente aqueles existentes no plano constitucional. 
1.1.1 Das fontes estatais
Fontes principais são caracterizadas como lei em sentido geral e amplo, ou seja, não 
deixando espaço para o juiz julgar com base em qualquer outra fonte. A lei é a expressão 
máxima do direito. Somente em casos de expressa omissão legal é que o juiz poderá 
decidir com base nas fontes acessórias, quais seja, os bons costumes, as analogias, e os 
princípios gerais de direito (NUNES, 2017). 
Fontes do direito são os processos dos quais as regras jurídicas se positivam com 
legítima força obrigatória, isto é, com vigência e eficácia no contexto de uma estrutura 
normativa. O direito resulta de um complexo de fatores que a Filosofia e a Sociologia 
estudam, mas se manifesta, como ordenação vigente e eficaz, por meio de estruturas 
normativas, que são o processo legislativo, os usos e costumes jurídicos, a atividade 
jurisdicional e o ato negocial. Para que exista fonte do direito, é preciso que haja um poder 
capaz de especificar o conteúdo, para exigir o seu cumprimento, não sendo indispensável 
que ele mesmo aplique a sanção (MAZZILLI, 2015).
Toda fonte do direito implica uma estrutura normativa de poder, haja vista que a 
gênese de qualquer regra de direito, só ocorre em virtude da interferência de um centro de 
poder, o qual, diante de um complexo de fatos e valores, opta por dada solução normativa 
com características de objetividade (MAZZILLI, 2015).
35UNIDADE II Fontes do Direito
À luz desse conceito, quatro são as fontes de direito, porque quatro são as formas de 
poder: o processo legislativo, expressão do Poder Legislativo; a jurisdição, que corresponde 
ao Poder Judiciário; os usos e costumes jurídicos, que exprimem o poder social, ou seja, 
o poder decisório anônimo do povo; e, finalmente, a fonte negocial, expressão do poder 
negocial ou da autonomia da vontade.
Nota-se que o direito se realiza através de um conjunto sistemático de regras que 
determinam atos e abstenções, sob pena de se imputar ao transgressor consequências ou 
sanções punitivas (NADER, 2014).
Legislação é um tipo de fonte material, é o conjunto das normas jurídicas emanadas 
do Estado, através de seus vários órgãos, dentre os quais se realça, com relevo, nesse 
tema, o Poder Legislativo. Essas normas jurídicas têm uma série de características, sendo 
algumas próprias. Por ora, é importante destacar que o conjunto da legislação se dá pela 
junção de todas as normas jurídicas escritas, publicadas oficialmente pelo Estado através 
de seus órgãos (NADER, 2014).
Como “legislação” é um conceito que advém do vocábulo “lei”, muitas vezes tais 
expressões são tomadas como sinônimas, definindo-se, então, legislação como um conjunto 
de leis. Na verdade, é preciso que se faça um esclarecimento acerca do uso do termo “lei”.
O vocábulo “lei” apresenta uma série de significados diversos. Pode ser utilizado 
para expressar as leis divinas, os mandamentos de Deus, as leis da natureza ou, a lei 
firmada pelas ciências, como fruto da descoberta científica.
A lei jurídica propriamente, de sua parte, aponta também para alguns sentidos, que 
são análogos. A lei é tanto a norma constitucional quanto uma lei ordinária, por exemplo, o 
Código Civil, ou até uma cláusula contratual, que se diz ser “lei entre as partes” (SALDANHA, 
2005).
De fato, a terminologia adequada a ser utilizada é a que dispõe o gênero como 
norma jurídica e as espécies como: norma jurídica escrita e norma jurídica não escrita, 
sendo que a Constituição, a lei complementar, a lei ordinária, a medida provisória, são 
espécies de norma jurídica escrita, e o costume jurídico é o caso da norma jurídica não 
escrita.
Logo, as normas estatais escritas são: Constituição Federal; Leis complementares; 
Leis ordinárias; Medidas provisórias; Leis delegadas; Decretos legislativos; Resoluções; 
Decretos regulamentares; outras normas, tais como portarias, circulares, ordens de serviço 
etc. As não escritas são: costumes jurídicos (SALDANHA, 2005). 
36UNIDADE II Fontes do Direito
1.1.2 Das fontes não estatais
As fontes não estatais, por sua vez, abrangem o direito consuetudinário (costume 
jurídico), o direito científico (doutrina) e as convenções em geral ou negócios jurídicos. Essas 
normas jurídicas (leis, decretos, costumes, sentenças, contratos) não são, como se vê, 
produtoras do direito, mas consistem no próprio direito objetivo, que brota de circunstâncias 
políticas, históricas, geográficas, econômicas, axiológicas e sociais (fontes materiais) que se 
completam com um ato volitivo do Poder Legislativo, Executivo, Judiciário. (fontes formais) 
(BOLESINA, 2015). 
As fontes formais são os canais por onde se manifestam as fontes materiais. As 
fontes formais não são normas, são formas de expressão do direito positivo. São apenas 
meios que traduzem as normas (leis, costumes, súmulas etc.) em palavras para facilitar seu 
conhecimento pelo jurista e sua aplicação pelo órgão competente. As fontes formais seriam 
então os processos ou meios pelos quais as normas jurídicas se positivam com legítima 
força obrigatória, ou seja, com vigência e eficácia (NUNES, 2017)
1.2 FONTES MATERIAIS 
Fontes materiais ou reais são não só fatores sociais, que abrangem os históricos, 
os religiosos, os naturais (clima, solo, raça, natureza geográfica do território, constituição 
anatômica e psicológica do homem), os demográficos, os higiênicos, os políticos, os 
econômicos e os morais (honestidade, decoro, decência, fidelidade, respeito ao próximo), 
mas também os valores de cada época (ordem, segurança, paz social, justiça), dos quais 
fluem as normas jurídico-positivas (SALDANHA, 2005).
As fontes materiais vão nos dizer deonde o direito surge. Qual a “matéria-prima” 
do Direito. São as relações sociais, os diferentes conflitos, as diferentes tendências, as 
diferentes linhas de pensamento.
Embora as fontes materiais sejam muito importantes para compreendermos o 
fenômeno jurídico, elas não são objeto de estudo direto da ciência do Direito: elas são 
o objeto de estudo de outras ciências, como a história, a sociologia, a antropologia, a 
economia, a política, e assim por diante. Por isso, o positivismo jurídico clássico, de Kelsen, 
com sua “Teoria Pura do Direito” defendia que o Direito não deveria se preocupar com suas 
fontes materiais. Mas, cuidado, hoje não é mais assim: se nós não entendermos o que está 
por trás do Direito, às suas fontes materiais, nós jamais compreenderemos o Direito em si 
(SALDANHA, 2005).
37UNIDADE II Fontes do Direito
1.3 ESPÉCIES DE FONTES DO DIREITO
1.3.1 Lei
Primeiramente, e já com o intuito de apresentar as normas dentro da estrutura, é 
preciso entender que a legislação, é o conjunto das normas jurídicas escritas e, também, 
conhecida como “ordenamento jurídico” (NADER, 2014).
Esse ordenamento jurídico, no que tange a sua “realidade”, é um conjunto enorme 
de normas e princípios jurídicos legislados. São, na verdade, milhares de normas, desde 
as constitucionais até as portarias. Elas apontam para uma complexidade praticamente 
inapreensível ao nível de concretude. Isto porque comportam todas as matérias com as 
quais lida o Direito, todas as esferas de abrangência relativas às esferas do Poder Público 
de que emanam (Poder Público Federal, Estadual, Municipal, Autarquias, Repartições etc.) 
e aos destinatários (todos os cidadãos, só os empregados, só os empregados bancários, 
só os funcionários públicos federais etc.).
Em relação ao tempo de vigência, o ordenamento jurídico comporta desde normas 
editadas no século XIX, como o Código Comercial brasileiro, que é de 1850, até aquelas 
editadas hoje. Enfim, o conjunto das normas que compõem, de fato, o ordenamento jurídico 
é de um tamanho e de uma complexidade que dificultam muito sua apreensão in concreto 
(NADER, 2014).
Por isso, o pensamento jurídico dogmático constrói fórmulas e modelos, capazes de 
lidar com essa complexidade, visando à sua compreensão e, claro, aplicação. Na questão 
38UNIDADE II Fontes do Direito
do ordenamento jurídico um critério importante para seu entendimento é o relacionado a 
sua estrutura (NADER, 2014). 
A estrutura do ordenamento jurídico organizado é hierárquica. Por hierarquia legal, 
entende-se que algumas normas são superiores a outras, isto é, algumas normas para 
serem válidas têm de respeitar o conteúdo, formal e material, da norma jurídica superior. 
Assim, por exemplo, se diz que uma lei ordinária é inconstitucional, quando contrária à 
Constituição; que um decreto regulamentar é ilegal, quando contraria a lei que lhe é superior, 
nesse caso o decreto regulamentar é, também, simultaneamente, inconstitucional, porque 
contrariou, pelo menos, a hierarquia (NUNES, 2017).
Essa estrutura hierárquica, através da qual as normas jurídicas legisladas se 
inter-relacionam, umas se sobrepondo a outras, faz nascer aquilo que se chama “estrutura 
piramidal” que comporta o “sistema jurídico”. Vê-se, desse modo, que no ápice do sistema 
“piramidal” está a Constituição Federal. 
Note-se que as normas e os princípios constitucionais estão no topo do sistema, 
porém dentro dele e não fora. Dessa maneira, eles constituem o ponto de partida do 
ordenamento jurídico inteiro, mas são já o primeiro momento efetivo, isto é, as normas e 
os princípios constitucionais formam um conjunto de regras que estão em plena vigência 
“dentro” do sistema desde a sua edição, e que no caso da Constituição brasileira atual 
estão em vigor desde 5-10-1988 (NUNES, 2017).
 A Constituição espalha no sistema toda sua influência, é o chamado princípio 
da constitucionalidade, que obriga a que todas as outras normas de hierarquia inferior 
estejam conforme seus fundamentos, sob pena de se tornarem inconstitucionais e deixarem 
de pertencer ao ordenamento jurídico (BOLESINA, 2015)
A seguir, na hierarquia do sistema jurídico estão as leis complementares, as leis 
ordinárias, as leis delegadas, os decretos legislativos, resoluções e as medidas provisórias, 
todos no mesmo patamar hierárquico. Com a edição da Constituição Federal de 1988 
inaugurou-se um novo modelo lógico-jurídico, no qual as leis complementares deixaram de 
ter a sobrevalência hierárquica sobre as leis ordinárias (AYRES, 2006). 
A questão, inclusive, é bastante simples e implica apenas e tão somente o 
entendimento de uma questão lógica: a da hierarquia e desenvolvimento da noção de 
sistema, no caso, sistema jurídico. Até a edição da Carta Magna atual, a lei complementar 
tinha prevalência hierárquica sobre a lei ordinária. É que no modelo de sistema jurídico 
anterior, algumas leis ordinárias tinham seu comando hierárquico superior determinado por 
leis complementares que lhes impunham certas condições de validade (BOLESINA, 2015). 
39UNIDADE II Fontes do Direito
Era o caso, por exemplo, do Código Tributário Nacional (lei complementar) e sua 
relação com outras leis ordinárias tributárias. Acontece que, a partir de 5 de outubro de 
1988, quando entrou em vigor a nova Carta Constitucional, como dito, isso acabou: não 
existe mais hierarquia entre lei complementar e lei ordinária, isto é, a lei complementar não 
determina as condições de validade da lei ordinária. Todavia, conforme demonstraremos, 
apesar de não ser condicionante em função da forma, ao menos uma Lei Complementar, 
a Lei n. 95, exerce controle no modo de produção das demais leis, por se tratar de norma 
geral dirigida ao próprio legislador (NUNES, 2017). 
Continuando ainda a abordagem da questão da hierarquia, constata-se: é verdade 
que o legislador constitucional deu mais, podemos dizer, “peso” normativo à lei complementar, 
reservando para ela temas legislativos de relevo. No entanto, isso não significa que a lei 
complementar esteja situada em patamar mais elevado no sistema. As leis complementares 
têm como função tratar de certas matérias que a Constituição entende devam ser reguladas 
por normas, cuja aprovação exige controle mais rígido dos parlamentares ( NADER, 2014). 
Por isso, o quórum legislativo exigido para sua aprovação é especial, é o da maioria 
absoluta (CF, art. 69: “As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta”). E as 
matérias para as quais é feita essa exigência de votação aparecem taxativamente no texto 
constitucional. 
Por exemplo, o art. 93, que trata do Estatuto da Magistratura; o art. 131, que 
disciplina a Advocacia Geral da União; o art. 192, que cuida do sistema financeiro nacional 
etc. Portanto, o que diferencia a lei complementar da ordinária é a matéria específica e o 
quórum qualificado de aprovação para as leis complementares e não a hierarquia, que, 
repita-se, não existe entre elas (AYRES, 2006).
Surge, também, uma dúvida, às vezes apontada pela doutrina, em relação ao tema 
da hierarquia, por conta da existência de uma específica Lei Complementar, a de n. 95, 
de 26-2199824, que dispõe sobre a elaboração e consolidação das leis. E, em função do 
conteúdo dessa norma, argumenta-se que ela teria que ser hierarquicamente superior às 
leis ordinárias, para que estas a pudessem obedecer (BOBBIO,2010).
 Esse argumento, no entanto, é inconsistente. Em primeiro lugar, se isso fosse 
verdade, ao menos um tipo de norma não precisaria obedecê-la: exatamente as demais leis 
complementares, que estão no mesmo patamar, mas não é isso que se espera, conforme 
veremos. 
Em segundo lugar, não é o conteúdo da norma que define sua hierarquia, mas sua 
posição jurídico-política aceita historicamente pelos operadores do direito e em geral por toda 
40UNIDADE II Fontes do Direito
a sociedade. A citada Lei Complementar n. 95 é norma de organização. Diz como o

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