Buscar

SUJEITOS DE DIREITOS PESSOAS NATURAIS E JURIDICAS

Prévia do material em texto

INSTITUIÇÕES DE DIREITO
CURSO: ADMINISTRAÇÃO
Pessoas naturais e jurídicas.
Capacidade jurídica.
Domicilio.
SUJEITOS DE DIREITO
São sujeitos de direito os elementos subjetivos das relações jurídicas.
Como ensina Francisco Amaral: “Sujeito de direito é quem participa da relação jurídica, sendo titular de direitos e deveres. São sujeitos de direito as pessoas naturais isto é, os seres humanos, e as pessoas jurídicas, grupos de pessoas ou de bens a quem o direito atribui titularidade jurídica. Os animais não são sujeitos. São coisas e, como tal, possíveis objeto de direito. O direito protege-os para garantir-lhes a sua função ecológica, evitar a extinção de espécies ou defendê-los da crueldade humana (CF, art. 225, VII). Discute-se hoje, porém, se os animais podem ser sujeitos de direitos e de interesses, tendo a UNESCO elaborado uma declaração dos direitos dos animais (1 de outubro de 1978). Os animais são, assim, objeto de proteção jurídica, na qualidade de seres vivos autônomos a que se reconhece sensibilidade psicofísica e reação a dor.”�
Ensina, ainda, que “não há sujeito sem direitos, como não há direitos sem titular”.�
Ser pessoa é ter a possibilidade de ser sujeito de direitos, de relações jurídicas, como credor, devedor, pai, cônjuge etc.
É na pessoa que os direitos se localizam, por isso ela é sujeito de direitos.
Encontramos na doutrina dominante que o termo pessoa vem de “persona”, significando, na antiguidade clássica, a máscara com que os atores participavam dos espetáculos teatrais e religiosos, para tornarem mais forte a sua voz. A palavra passou a ser usada como sinônimo de personagem. E trazendo para a vida real, considerando que as pessoas desenvolvem papéis o termo passou a significar o ser humano nas relações sociais e jurídicas.
A pessoa pode ser: pessoa física ou natural ou pessoa jurídica.
PESSOA NATURAL OU FÍSICA
A pessoa natural ou física é o ser humano. 
O ser humano é sujeito de direitos e deveres. Esta teoria obedece a três princípios fundamentais:�
a) todo ser humano é pessoa, pelo simples fato de existir, e por isso, é capaz de direitos e deveres na ordem civil (CC art. 1º) ;
b) todos tem a mesma personalidade porque todos tem a mesma aptidão para a titularidade de relações jurídicas (CF, art. 5º); e
c) ela é irrenunciável;
O início da existência da pessoa física se dá formalmente com o nascimento com vida. (art. 2º do CC)
Para que ocorra o nascimento com vida, é necessária a completa separação do novo ser com o organismo materno, mediante o desligamento do cordão umbilical, passando o neonato a respirar de forma independente.
Assim, o neonato venha a falecer instantes após, é reconhecida sua personalidade de recém-nascido.
Na Espanha é neonato para ser considerado recém-nascido precisa sobreviver pelo menos 24 horas. Na França o neonato precisa estar fisiologicamente em condições de sobreviver.
No caso de natimorto, não houve o nascimento com vida, razão pela qual não se iniciou a existência da pessoa física.�
Personalidade Jurídica do Nascituro
Nascituro: ser humano concebido, mas ainda não nascido. (art.4ºCC)
Silvio Venosa afirma que o nascituro tem apenas uma expectativa de direito, embora tenha proteção legal. 
Caio Mário afirma que o nascituro ainda não é uma pessoa, mas um ser dotado de personalidade jurídica, sendo titular de direitos, dentre as quais destaca a vocação para herdar.
Carlos Alberto Bittar entende que o nascituro possui direitos da personalidade a serem resguardados.
Registro de Nascimento
O registro torna pública a existência de um ato ou negócio jurídico.
A pessoa jurídica terá registrado no cartório de registros civis: o nascimento, o casamento, o óbito, a emancipação voluntária ou judicial, a interdição e a sentença declaratória de ausência, a opção de nacionalidade e a adoção.
Todo nascimento deve ser registrado no local em que tiver ocorrido o parto ou no domicílio dos genitores, no prazo de quinze dias. Em se tratando de local distante em mais de trinta quilômetros do cartório, em noventa dias.
O nascimento ocorrido a bordo de embarcação aeronáutica ou marítima deverá ser declarado em cinco dias da data de desembarque, no cartório ou no consulado brasileiro, se o desembarque ocorrer no exterior.
PERSONALIDADE E CAPACIDADE DA PESSOA FÍSICA OU NATURAL
Roberto Senise Lisboa traz de forma objetiva a diferenciação entre personalidade e capacidade:
“...personalidade é atributo do sujeito, inerente à sua natureza, desde o início de sua existência. Capacidade é a aptidão para o exercício de atos e negócios jurídicos.”�
Quanto a capacidade o Código Civil adotou três critérios para sua determinação: a idade, a integridade psíquica, a aculturação e a localização da pessoa.
- o critério da idade:
Somente o ser humano com, ao menos, dezoito anos é considerado plenamente capaz perante a lei civil.
Porém, a idade avançada não constitui critério para se estabelecer a incapacidade. O idoso, no entanto, poderá ser declarado interdito por sentença judicial, sujeitando-se a administração de seus bens e a realização de seus atos e negócios a um curador, caso esteja inválido para praticar atos civis por doença degenerativa das suas faculdades mentais.
- o critério da integridade psíquica:
Algumas pessoas com atitudes anormais ou atípicas à normalidade social não possuem a plena capacidade civil (princípio da razoabilidade).
É o caso dos portadores de deficiência mental que não tiverem discernimento para a prática de atos jurídicos, os pródigo e os que por motivo transitório não consiga exprimir sua vontade.
- o critério da aculturação à civilização colonizadora:
Quem não possui grau suficiente de civilidade, nos moldes concebidos pela sociedade. É o caso do silvícola, isto é, o nativo da terra não aculturado à civilização, cuja capacidade deve ser fixada conforme legislação especial.
Esse critério não encontra-se previsto no novo Código, que relegou a questão do silvícola à legislação especial.
A Lei nº 6.001/73 estabelece que o silvícola é absolutamente incapaz.
- o critério da localização do indivíduo
O desaparecimento do sujeito que possui bens e negócios sucessíveis a herdeiros enseja a necessidade de nomeação de pessoa plenamente capaz para geri-los. É o que acontece com o sujeito declarado ausente, por sentença judicial.
Entretanto o Código Civil não incluiu o ausente na relação dos absolutamente incapaz, porque o grande efeito da declaração judicial de ausência é a morte ficta da pessoa.
Incapacidade absoluta e seus efeitos Art. 3º do Código Civil
O absolutamente incapaz é aquele que tem a sua vontade desprezada pelo direito.
O Novo Código Civil considera absolutamente incapaz:
a) os menores de dezesseis anos;
b) os portadores de enfermidade ou deficiência mental que não possuem discernimento para praticar atos ou negócios jurídicos; e
c) os que por motivo ainda que transitório, não podem exprimir sua vontade.
Os absolutamente incapaz são representados, para o exercício de direitos e obrigações, por sujeito plenamente capaz.
Caso o absolutamente incapaz venha a praticar algum ato ou negócio jurídico, este será tido como nulo. É como se o negócio nunca tivesse existido.
Incapacidade relativa e seus efeitos – Art. 4º do Código Civil
O relativamente incapaz somente pode praticar ato ou negócio jurídico se assistido pelo seu respectivo assistente legal.
O Novo Código Civil considera relativamente incapaz:
a) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
b) os ébrios habituais, os viciados em tóxicos e os que, por deficiência mental, tem o discernimento reduzido;
c) os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; e
d) os pródigos.
As obrigações contraídas pelo relativamente incapaz são anuláveis se ele não se encontrava devidamente assistido no momento do ato. A anulação somente pode ser invocada pela outra parte em proveito próprio.O relativamente incapaz por idade não pode se eximir do cumprimento de obrigação, se ocultou a sua realidade ou se foi declarado plenamente capaz perante a outra parte.
São os seguintes representantes ou os assistentes legais dos absoluta ou relativamente incapazes:
- os detentores do poder familiar
- o tutor, quando há falta de quem detenha o poder familiar
- o curador, para os casos dos pródigos, dos ausentes, dos mentalmente enfermos, dos toxicômanos, dos psicopatas e dos surdos-mudos que não tem condições de exteriorizar de forma inteligível a sua vontade.
Cessação da incapacidade: (art. 5º CC)
A incapacidade deixa de existir com o término de sua causa geradora.
A incapacidade por idade cessa aos dezoito anos.
A por deficiência da integridade psíquica cessa com a cura do mal.
A incapacidade pela falta de aculturação à civilização cessa com integração do silvícola à sociedade.
Também pode cessar a incapacidade pela emancipação: 
Emancipação a declaração irrevogável de maioridade civil. Nela ocorre a isenção do poder familiar. 
A cessação da incapacidade, então, decorre da vontade de quem o detém ou da lei.
Pelo Código Civil, cessa a incapacidade:
- pela emancipação
- pelo casamento 
- pelo exercício de emprego público
- pela colação de grau em curso de ensino superior
- pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
A extinção da capacidade civil da pessoa natural ou física
A pessoa física ou natural se extingue com a morte, que pode ser real ou presumida.
Morte real é aquela que se verifica com a falência dos órgãos responsáveis pela existência da vida.
A certidão de óbito é o comprovante do fim da pessoa natural.
A importância de se definir o momento da morte traz repercussão para o direito de sucessão.
Assim, se um pai viúvo e seu filho casado vierem a falecer em um acidente, deixando aquele um irmão, a prova de quem morreu primeiro será eficiente para alterar a sucessão.
A morte presumida somente poderá ser considerada por ocasião da declaração judicial de ausência da pessoa em decorrÊncia da ausência do cadáver.
PESSOA JURÍDICA
Pessoa Jurídica é a entidade diversa da pessoa natural, solenemente constituída pela vontade de outras pessoas, físicas ou jurídicas, com personalidade e patrimônio próprios e distintos dos de seus constituintes, e determinada finalidade prevista na ato constitutivo.
Para alguns doutrinadores a pessoa jurídica é a união formal de duas ou mais pessoas para a criação de uma entidade com determinada finalidade. Todavia não é muito aceita, uma vez que existe sociedade unipessoal, portanto, não alcançada pelo conceito.
Como preceitua o Código Civil Brasileiro em seu art. 40 e seguintes, as pessoas jurídicas podem ser de direito público, interno e externo e de direito privado.
São pessoas jurídicas de direito público interno a União, Estados, Distrito Federal, os Territórios e os Municípios, as autarquias, as demais entidades de caráter público criadas por lei.
São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.
São pessoas jurídicas de direito privado as associações, as sociedades, as fundações, as organizações religiosas e os partidos políticos.
O início da existência da pessoa jurídica ocorre com o ato solene do registro de seu ato constitutivo no cartório público pertinente.
A pessoa jurídica possui personalidade própria e distinta dos seus fundadores ou de seus representantes legais.
A pessoa jurídica é titular de direito da personalidade que são com ela compatíveis por natureza, entre eles: direito à honra, direito à liberdade, direito à obra intelectual, direito de identidade, direito ao desenvolvimento de sua atividade que equivale ao direito à vida da pessoa natural.
O funcionamento da pessoa jurídica se dá mediante a representação indireta ou anômala para agir em seu nome, decorrente do contrato social ou do estatuto associativo respectivo.
A personificação da pessoa jurídica consiste no reconhecimento da personalidade jurídica de um grupo de pessoas (associações e sociedades), ou de um conjunto de bens (fundações), observados os requisitos da lei, tendo em vista os objetivos comuns a realizar.
As associações são pessoas jurídicas de direito privado que se constituem para a realização de fins não econômicos.
As sociedades são pessoas jurídicas de direito privado, formadas por pessoas que reúnem bens e serviços para o exercício de atividade econômica e partilha de resultados. Seu objetivo é sempre de natureza lucrativa.
A fundação é um complexo de bens que assume a forma de pessoa jurídica para a realização de um fim de interesse público, de modo permanente e estável. Decorre da vontade de uma pessoa, o instituidor, e seus fins, de natureza religiosa, moral, cultural ou assistencial.
As organizações religiosas são espécies de associação que, pela importância de seus objetivos, merecem referência específica no Código. Compreende as igrejas, as ordens monásticas, as congregações religiosas, as irmandades, centros de variados cultos.
Partidos políticos são associações voluntárias de pessoas com determinada ideologia e programa que, por meio de uma organização estável, visam alcançar o poder e, assim, satisfazer os interesses comuns de seus membros.
Do processo de personificação surgem os seguintes efeitos:
com a constituição da pessoa jurídica surge um novo sujeito de direitos e deveres totalmente distintos dos direitos e deveres das pessoas físicas que participam daquela pessoa jurídica.
O destino de seu patrimônio é distinto do patrimônio de seus sócios.
Os direitos e dívidas da pessoa jurídica não se confundem com os da pessoa física que o compõe.
Modificação e extinção da pessoa jurídica
As pessoas jurídicas nascem, desenvolvem-se, modificam-se e extinguem-se. Nas sociedade empresárias, as modificações compreendem a transformação, a incorporação e a fusão. 
Transformação é a operação pela qual a sociedade passa, independente de dissolução ou liquidação, de um tipo para outro. 
A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações.
A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar uma sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações.
A dissolução extingue a pessoa jurídica. A entidade personificada perde a capacidade de direito.
A liquidação refere-se ao patrimônio, significando o pagamento das dívidas e a partilha dos bens. 
A pessoa jurídica subsiste, para os fins de liquidação, até que esta se conclua.
Averba-se a dissolução no registro em que a pessoa jurídica estiver inscrita e, encerrada a liquidação, promove-se o cancelamento da respectiva inscrição.
Atributos da pessoa jurídica
Assim como a pessoa natural, a jurídica tem, como atributos, capacidade, nome, domicílio, estado e patrimônio. A capacidade é de direito e de fato. Não pode, todavia, participar de atos que se relacionam com o estado pessoal do sujeito, como os de família. O nome tem regras próprias. O domicílio será o local onde funcionar a sede, podendo ter mais que um domicílio se houverem filiais.
Entidades despersonalizadas
A pessoa jurídica pode se encontrar desprovida de personalidade própria, apesar de aparente existência regular, ao que chamamos de entidades despersonalizadas ou personificação anômala.
São entidades despersonalizadas: a sociedade de fato, a sociedade irregular, o condomínio, a massa falida, a massa hereditária, o grupo de consórcio e o grupo de convênio médico.
- sociedade de fato é a entidade constituída sem registro no cartório
- sociedade irregular é aquela que embora registrada possui vício de constituição(agente incapaz, objeto ilícito)
- o condomínio é a co-propriedade de bem móvel ou imóvel. Não é pessoa jurídica porque falta aos co-proprietários a intenção de constituir uma pessoa jurídica (animus societatis) e o vincule entre eles é real e não pessoal
- a massa falida é o acervo deixado pela sociedade empresarial cuja quebra foi decretada judicialmente.
- a massa hereditária é o acervo deixado pelo de cujus a ser partilhado entre os seus herdeiros. Recebe o nome de espólio.
- grupo de consórcio é a comunhão de interesses entre sujeitos que celebram contratos individuais de aquisição de cota de consórcio com a administradora, com interesse de adquirir um bem móvel ou imóvel até o término do negócio jurídico.
- grupo de convênio médico é a comunhão de interesses existentes entre as pessoas que celebram contrato de plano de saúde, objetivando a utilização eventual dos serviços hospitalares, médicos e laboratoriais.
DOMICÍLIO – art. 70 CC
Domicílio é o local no qual a pessoa física ou jurídica reside com ânimo definitivo.
Não se confunde com residência, pois esta é o local no qual a pessoa habita. A expressão domicilio engloba a noção de residência e a vontade da pessoa de ali exercer as suas atividades.
O domicílio civil refere-se onde a pessoa exerce direitos e obrigações dessa natureza.
Nos termos do Código Civil, o domicilio da pessoa física é onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Se tiver várias residências, o domicilio será qualquer uma delas. Também é domicilio da pessoa natural, quanto as relações profissionais, o lugar onde exerce a profissão. 
Se a pessoa física não tiver moradia, o domicílio será o lugar onde for encontrada.
Já o domicilio das pessoa jurídicas será:
- da União, o Distrito Federal
- dos Estados e Territórios, as respectivas capitais
- do Município, o lugar onde funcione a administração municipal
- das demais, o lugar onde funcionar as respectivas diretorias e administrações ou onde elegerem no ato constitutivo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil. 3ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003
AMARAL, Francisco. Direito Civil: Introdução. 6ª Ed. – Rio de Janeiro: Renovar, 2006
PEREIRA, Caio Mario da Silva. Instituições de Direito Civil. 18ª Ed. Forense, 1997
� AMARAL, Francisco. Direito Civil: Introdução. 6ª Ed. – Rio de Janeiro: Renovar, 2006. p.215
� Op.cit. p.216
� Op.cit. p.219
� LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil. 3ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. p.293
� Op. Cit. P. 303
�PAGE �
�PAGE �2�

Continue navegando