Buscar

Fichamento_ Direito Civil Brasileiro 1 - Parte Geral de Carlos Roberto Gonçalves (cópia)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
FACULDADE DE DIREITO 
Fichamento sobre a obra: Direito Civil Brasileiro 1 - Parte Geral de Carlos Roberto 
Gonçalves. 
 
Introdução. 
 O presente fichamento tem como finalidade responder a atividade e a leitura proposta 
na disciplina Pessoas e Bens, além de auxiliar os alunos a interpretar e compreender a base do 
Código Civil vigente no Brasil. Portanto, será feito abaixo, um resumo dos principais tópicos 
da obra ‘Direito Civil Brasileiro 1, Parte Geral’ de Carlos Roberto Gonçalves, ao todo foram 
utilizados para este primeiro fichamento, tópicos e itens do Livro I Das Pessoas, contemplando 
todos seus quatro capítulos, ‘Da Personalidade e da Capacidade’; ‘Dos Direitos de 
Personalidade’; ‘Da Ausência’ e por fim ‘Da Pessoa Jurídica’. 
Livro I – DAS PESSOAS 
Título I – Das Pessoas Naturais 
Capítulo I – Da Personalidade e da Capacidade 
1. Nota Introdutória 
O Código Civil coordena todo e qualquer relação jurídica entre pessoas, tanto físicas 
quanto jurídicas, em uma vida na sociedade. Sendo primordialmente dividido em 3 partes: a 
primeira entre pessoas naturais e jurídicas; a segunda, em relação aos bens objeto do direito; e 
a terceira, relativo aos fatos jurídicos e suas influências no direito. 
2. Personalidade Jurídica 
O conceito de personalidade jurídica está vinculado totalmente à pessoa, ou seja, todas 
as pessoas genericamente são pessoas jurídicas. Fato constatado no art. 1º que “toda pessoa” é 
capaz de direitos e deveres. Importante relatar que o termo pessoa jurídico pode estar ligado a 
empresas ou organizações, simplesmente pelo fato que elas também têm direitos e deveres. 
3. Capacidade Jurídica e Legitimação 
O art. 1º "Toda pessoa é capaz de direito e deveres”, entrosa o conceito de personalidade e 
capacidade. Sendo assim, a personalidade jurídica pode existir ou não, porém a capacidade 
jurídica é a potencialidade de obter- se deveres. 
 
 
2 
 
A respeito dos direitos, da personalidade jurídica os detém. Independentemente de 
qualquer grau de desenvolvimento mental ou qualquer que seja o discernimento. A falta dele 
poderia acarretar frustração na personalidade do indivíduo. 
No entanto, como já dito anteriormente, não são todas as personalidades jurídicas que 
detém capacidade na prática, são os incapazes, como por exemplo, deficientes mentais, menores 
de idade, recém-nascidos etc. Para eles, é necessário alguém que legitime seus direitos, que é o 
caso dos curadores e tutores. 
Das Pessoas como Sujeitos da Relação Jurídica 
4. Os Sujeitos da Relação Jurídica 
O direito subjetivo consiste em uma relação jurídica com um sujeito ativo (titular desse 
direito) e um passivo, ou mais de um, gerando, portanto, alguma prerrogativa. Relação jurídica 
é toda relação social regulada pelo direito, estabelecida apenas por indivíduos. Os animais, por 
sua vez, não são sujeitos de direitos, embora mereçam proteção. Não fazem parte do conceito 
de sujeito as entidades místicas também. Existem apenas duas espécies na ordem jurídica: a 
pessoa natural/ física e a pessoa jurídica, que seria um agrupamento de pessoas naturais com 
interesses em comum. 
5. Conceito de Pessoa Natural 
Pessoa natural é o termo mais utilizado, visto que designa o ser humano tal como ele é, 
e significa que o ser humano é um sujeito de deveres e direitos. Para assim ser designado, basta 
nascer com vida, assim adquirindo personalidade. 
6. Começo da Personalidade Natural 
Descrito no artigo 2º: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; 
mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.” A lei informa que a partir 
do nascimento, tem-se o marco inicial da personalidade, sendo que a pessoa física é considerada 
nascida, quando é separada do ventre da mãe e com respiração, uma respiração já basta. 
É de extrema importância saber se o feto nasceu com vida ou não, pois se foi proferida 
a vida, o feto torna-se uma pessoa jurídica, portanto com direitos mesmo que venha falecer após 
 
 
3 
 
a sua primeira respiração. Está constatação é feita através de um exame clínico, chamado 
docimasia eletrostática de Galeno. 
Sobre a situação jurídica do nascituro, existem duas teorias principais: 
A natalista, afirma que o nascituro não tem personalidade, pois ainda não foi concebido 
o nascimento, contudo ressalvam-se seus direitos. Cabe citar um desdobramento da teoria 
natalista, que é chamada de personalidade condicional: nela é exposto o argumento de que o 
nascituro tem personalidade, porém só pode ser evidenciado após o nascimento. 
E a teoria concepcionista, admite que o nascituro tem personalidade, ou seja, desde sua 
concepção, ressalvados apenas os direitos patrimoniais, legado e doação. 
Há, no Código civil, um sistema de proteção ao nascituro, com as mesmas significações 
de uma pessoa física. Assim, é obrigatória a nomeação de um curador, caso a mãe não tenha 
condições e tenha um pai falecido (art. 1.779), a proibição do aborto, garantindo a vida (Art. 5º 
da CF), entres outros. 
O STF ainda não tem posicionamento certo, sendo que em algumas jurisprudências fica 
a favor da teoria natalista e em outras na concepcionista. Relativo à questão de pensão 
alimentícia, existe a respeito de um acórdão, a seguinte ementa, de um caso do STF: 
“1: Os alimentos gravídicos visam auxiliar a mulher, da concepção ao 
parto. 
2: Com o nascimento, os alimentos gravídicos, se alterariam para 
pensão alimentícia, sem que seja necessário pronunciamento judicial. 
3: Em regra, os alimentos gravídicos não perdem seu objeto, visto que 
a partir do nascimento, se alteraria para pensão alimentícia, até eventual ação 
revisional.” 
 
Já decidido pelo STF que apenas o seu representante legal poderá acatar essas medidas, 
cancelando qualquer antecipação de tutela, por exemplo. 
Das Incapacidades 
7. Conceitos e Espécies. 
Assim como já mencionado, pessoas portadoras de direitos, mas sem ter como acioná-
los, são chamados de incapazes, portanto, com o intuito de protegê-las, é exigido que sejam 
 
 
4 
 
representados ou assistidos nos atos jurídicos. Dessa forma, há dois tipos de incapacidade, a 
absoluta, e a relativa, às mesmas variam de acordo com o grau de deficiência física ou mental 
da pessoa, pelo nível de maturidade, pelos institutos de representação e da assistência. 
O artigo 3º do Código Civil menciona os absolutamente incapazes, e o art. 4° discorre 
sobre os relativamente incapazes. 
7.1 Incapacidade Absoluta. 
A incapacidade absoluta aborda os menores de 16 anos e acarreta a proibição total do 
exercício do direito, de modo que o ato somente poderá ser feito pelo representante legal. Se 
não for cumprida, provocará a nulidade do ato. 
 No estatuto civil de 1917, constava- se no art. 3º: Art. 3°: 
“São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da 
vida civil: I - os menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou 
deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática 
desses atos; III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir 
sua vontade.” 
 Entretanto, a Lei 13.146 promoveu uma mudança no sistema de incapazes, alterando o 
Código Civil nos art. 3º e 4º. Passou a ser da seguinte forma: 
Art. 3°: “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os 
menores de 16 (dezesseis) anos.” 
Art. 4°: 
“São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais 
e os viciados em tóxico III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, 
não puderem exprimir sua vontade IV - os pródigos. Parágrafo único. A 
capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.” 
 
 
5 
 
Relativo a essas mudanças, pode se dizer que a lei passa a ver as pessoas com deficiência 
com mais igualdade e inclusão social, visto que a principal diferença, é que a partir da novaperspectiva, o deficiente agora é uma pessoa plenamente capaz, salvo se não puder exprimir 
sua vontade. Portanto, permanecem absolutamente incapazes, apenas os menores de 16 anos. 
7.2. Incapacidade Relativa. 
A incapacidade relativa permite que o incapaz pratique atos civis, desde que assistido 
pelo seu representante legal, sob pena de anulabilidade caso isso seja descumprido; como as 
pessoas com incapacidade relativa, apresentam um razoável discernimento, ela pode seguir com 
certos atos, ainda que com exceções. A incapacidade relativa está descrita pelo art. 4º, como já 
dito acima. 
As pessoas que se classificam na condição de incapacidade relativa são os ébrios 
habituais e viciados em tóxicos, os que independente da causa, não podem exprimir sua vontade 
e os pródigos. 
a) Os classificados como ébrios habituais e os viciados em tóxicos, se enquadram no inciso 
II do art. 4º. Sendo assim, estes, caso venham a receber redução de capacidade, ficaram 
sob curatela do juiz, conforme o nível de intoxicação e comprometimento mental. 
b) Os classificados com “falta de expressão das vontades”, por causa transitória, ou 
permanente, faz referência a qualquer pessoa que não consiga exprimir suas vontades. 
Serão tratadas como relativamente incapazes, seja por causa permanente (doença 
mental), ou devido uma causa transitória, em virtude de alguma patologia (depressão). 
c) Os classificados como pródigos, são aqueles que dissipam seu patrimônio 
desvairadamente; na realidade trata- se de um desvio da personalidade, comumente 
relacionado a jogo, ou alcoolismo. Sua incapacidade é justificada, pelo fato de o 
indivíduo colocar em risco a si e sua família em detrimento da miséria, fazendo com 
que o Estado tenha que ajudá-lo posteriormente. 
 
 
6 
 
7.3. Curatela de Pessoas Capazes (deficientes) e Incapazes. 
7.3.1. O Procedimento de Curatela. 
No procedimento de curatela, é obrigatório o exame pessoal do indivíduo, em audiência, 
ocasião que será julgado pelo juiz, acerca de sua vida, negócios, situação familiar, e tudo que 
seria importante para a prática da vida civil. É obrigatória também a nomeação do perito 
médico, para a realização do exame. Sob a ótica processual, alguns autores, no entanto, 
entendem que ela é constitutiva, pelo fato de seus efeitos ex nunc, o que pode acontecer, é se 
por meios de laudos, o curador conseguir provar que o indivíduo já apresentava problemas de 
incapacidade, poderá ser cancelado o ato jurídico praticado nesse período. 
 Para assegurar o efeito erga omnes, a sentença será publicada no registro de pessoas 
naturais e imediatamente publicada na rede mundial de computadores, onde permanecerá por 
seis meses, na imprensa local, e no órgão oficial, três vezes, com intervalo de dez dias, 
constando no edital o nome do curador e nome do interdito, a causa da interdição, os limites da 
curatela, e não sendo total interdição, os atos que o interdito pode fazer automaticamente. 
7.3.2. A Tomada de Decisão Apoiada. 
A tomada de decisão apoiada, se dá ao fato de pessoas que têm algum tipo de 
deficiência, apoie sua interdição, todavia, exprimindo sua vontade. É o caso de uma pessoa com 
síndrome de down, que ainda que apresente uma deficiência consegue exprimir suas vontades, 
então não será sujeito à curatela. 
8. A Situação Jurídica dos Índios. 
No atual Código Civil, os índios são tratados como índios, compatibilizando com a 
Constituição Federal que reconhecem agora, 
 “sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os 
direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo 
com a união demarcá-las, proteger e fazer respeitar seus bens.” 
 
 
7 
 
Foi com a função de exercer a tutela dos indígenas em nome da União que foi criada a 
Fundação Nacional do Índio (Funai), é de responsabilidade da mesma fazer todo o 
cadastramento da população indígena, conforme estabelecido na Lei dos Registros Públicos 
(Lei 6.015). 
 A tutela dos índios constitui na espécie de tutela, chamada de estatal e origina-se em 
âmbito administrativo. Os que não nascem em civilização, já estão sob tutela, portanto são 
considerados incapazes desde o nascimento. Para a mudança de capacidade absoluta, o índio 
precisa ter 21 anos, conhecer a língua portuguesa, compreensão dos usos e costumes da 
comunhão nacional, estar adepto a alguma atividade agregadora para a comunidade. A redução 
da maioridade não se aplica, por se tratar de uma regulamentação especial e cabe apenas ao 
Presidente da República decretar emancipação de uma comunidade e seus membros. 
Os índios são classificados em: 
a) Isolados, quando vivem em grupos desconhecidos; em vias de integração, 
quando em contato intermitente ou permanente com grupos nativos, sem alterar 
seu modo de vida nativo, mas aceitando algumas práticas de comunhão nacional 
b) Integrados, que já fazem parte da comunhão nacional, e reconhecidos com 
direitos civis. 
Importante lembrar, que a legislação brasileira oferece tratamento especial para ao índio 
que não é integrado à comunhão nacional. E tem única e exclusivamente o objetivo de protegê-
los. 
9. Modos de Suprimento da Incapacidade 
Prescrevia o art. 84 do Código de 1916: 
“As pessoas absolutamente incapazes serão representadas pelos pais, 
tutores, ou curadores em todos os atos jurídicos; as relativamente incapazes, 
pelas pessoas e nos atos que este Código determina”. 
Dispõe, com efeito, o art. 1.634, V, do Código Civil que compete aos pais, na qualidade 
de detentores do poder familiar, quanto à pessoa dos filhos menores, 
 
 
8 
 
 “...V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e 
assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o 
consentimento”. 
Em relação aos menores sob tutela, dispõe o art. 1.747, I, do Código Civil, que compete 
ao tutor “representar o menor, até os dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-lo, após 
essa idade, nos atos em que for parte”. 
10. Sistema de Proteção aos Incapazes 
O Código Civil contém um sistema de proteção aos incapazes como dito anteriormente. 
A proteção se dá por assistência e representação, para assegurar seu patrimônio e segurança, 
possibilitando o exercício do direito. O curador, por exemplo, exerce um múnus público, sem 
contar as outras várias medidas tutelares. Também o art. 1.692 do Código Civil contém 
expressiva regra de proteção aos menores: 
 “Sempre que no exercício do poder familiar colidir com o interesse 
dos pais com o do filho, a requerimento deste ou do Ministério Público o juiz 
lhe dará curador especial”. 
11. Cessação da Incapacidade. 
Cessa a incapacidade desaparecendo os motivos que a determinaram. Assim, quando o 
motivo é a menoridade, ocorre pela maioridade e emancipação. 
11.1. Maioridade. 
 A maioridade começa quando o indivíduo completa 18 anos de idade, sendo assim apto 
para participar plenamente de suas atividades civis. Se um indivíduo faz aniversário dia 29 de 
fevereiro de um ano bissexto, logo completará a maioridade em 1º de março. E o único critério 
para maioridade é unicamente etário, não levando em conta qualquer que seja a distinção 
pessoal. No direito anterior a maioridade civil era completa com 21 anos. Entendeu o legislador 
que os jovens de hoje amadurecem mais cedo, em decorrência da vida contemporânea. 
 
 
9 
 
Na atual legislação existe uma equiparação com a maioridade criminal, trabalhista e 
eleitoral, ou seja, elas não podem ser confundidas. 
11.2. Emancipação. 
A emancipação é a aquisição da capacidade civil plena antes da idade legal, seja pela 
concessão dos pais, pelo juiz, ou determinados fatos da lei. Dispõem o parágrafo único do art. 
5º do atual Código Civil: 
“I - Pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, 
mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, 
ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menortiver dezesseis anos 
completos; 
II - Pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - Pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de 
relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos 
completos tenha economia própria”. 
 
Conforme a sua causa ou origem, a emancipação pode ser de três espécies: voluntária, 
judicial e legal. 
11.2.1. Emancipação Voluntária. 
A emancipação voluntária é concedida pelos pais, se o menor tiver 16 anos completos. 
A única forma é a concessão feita pelos genitores titulares da família, reconhecendo que seu 
filho menor, já tem maturidade para reger seus bens e não necessita da proteção do Estado por 
se tratar de um relativamente incapaz. 
A emancipação só deve ser outorgada pelos pais, em função de uma vontade do filho. 
Caso, descumpra essa ordem, pode ser anulada. Isso evita o abuso dos pais, para por exemplo 
não serem obrigados a pagar pensão alimentícia. Importante destacar que a emancipação em 
qualquer uma das formas é irrevogável. Entretanto, a irrevogabilidade não se pode confundir 
com invalidade do ato, que pode ser reconhecida na ação anulatória. 
 
 
10 
 
11.2.2. Emancipação Judicial. 
A única emancipação que exige sentença do juiz é a do menor tutelado que já completou 16 
anos de idade. Entende o legislador que o tutor pode apenas se encarregar do encargo imposto, 
sendo necessária a sentença. As emancipações voluntárias e judiciais devem ser registradas em 
livro próprio do 1º Ofício do Registro Civil da comarca de domicílio do menor. Quando 
concedida por sentença, deve o juiz comunicar, de ofício, a concessão ao oficial do registro 
civil. 
11.2.3. Emancipação Legal. 
A emancipação legal decorre de determinados acontecimentos atribuídos pela lei. O 
casamento válido, produz o efeito da emancipação, uma vez separados, não retornará a ele a 
condição de incapaz; referente a um casamento nulo, não produz nenhum efeito, e o menor 
continua incapaz, nesse caso, mesmo que aconteça o casamento, porém posteriormente seja 
anulado, será como se ele nunca tivesse existido. 
O casamento acarreta a emancipação, pois não é razoável que sua família seja 
administrada por um estranho, seja seus pais, ou tutor, de modo que aquele que constitui sua 
família deve ter autoridade. Contudo, a idade mínima para se casar são 16 anos, com autorização 
de ambos os pais. 
Com relação ao exercício de emprego público efetivo, a pessoa deve ter o status de 
servidor(a) pública, admitindo-se que o serviço público já denota maturidade e discernimento 
suficiente. A principal questão acerca deste tópico, se justifica devido a mudança do Código 
Civil (CC). Antigamente a maioridade seria com 21 anos, porém ela foi alterada no novo CC, 
fazendo com que a emancipação para servidor público não fizesse sentido, visto que a idade 
mínima para ingressar seria com os 18 anos do atual Código vigente. 
A colação de grau em curso superior, e o estabelecimento civil ou comercial, ou a 
existência na relação de emprego, desde que em função deles, o menor tenha economia própria, 
se justifica a emancipação, sendo nas duas últimas hipóteses, os pais, ou tutor, podendo 
desamparar a gestão dos negócios, ou no exercício do emprego do menor. É muito improvável 
 
 
11 
 
que um menor consiga colar grau antes dos 18 anos, assim como manter uma economia própria. 
Portanto, em relação ao segundo ponto, houve uma alteração no Código de 2002, que acaba 
agora aceitando o jovem que comprove renda com emprego informal. 
12. Modos de Extinção. 
Decorre o Art. 6º do Código Civil, que a existência da pessoa natural termina com a 
morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de 
sucessão definitiva. 
 Assim, pela doutrina, pode-se falar em: morte real, morte simultânea (comoriência), 
morte civil e morte presumida. 
12.1. Morte Real. 
A morte real se justifica pelo diagnóstico da paralisação encefálica. Quando acontece, 
se extingue a capacidade e se dissolve tudo (mors omnia solvit), não sendo mais um sujeito de 
deveres e obrigações. Todavia, existe uma ressalva, pois o “de cujus” não é descartado, ou seja, 
suas vontades sobrevivem por meio do testamento. Além disso, ao cadáver ainda é exigido 
respeito, existindo até crimes no Código Penal a esse respeito. 
12.2. Morte Simultânea ou Comoriência. 
A comoriência ou morte simultânea, como é citada no Art. 8º do Código Civil, se dá 
pelo fato de dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, entretanto não 
necessariamente no mesmo lugar. Quando duas pessoas morrem em um acidente, só interessa 
saber a ordem da morte se um for herdeiro ou beneficiário do outro, nessa ocasião importa, pois 
se não for provado que um faleceu antes do outro, a morte é considerada simultânea, ou seja, 
não há tempo para transferência de bens. 
Desse modo, os colaterais da mulher ficam a menção dela, e o do homem a dele. No 
caso de descoberta de quem faleceu primeiro, por meio de diagnóstico científico, o que faleceu 
 
 
12 
 
depois herda seus bens, e após sua morte, passa para os colaterais. A situação de dúvida que o 
artigo propõe é a incerteza invencível. 
12.3. Morte Civil. 
A chamada morte civil foi adotada na Idade Média para circunstâncias em que a pessoa 
falecia socialmente, como em sentença de caráter perpétuo ou recolhimento para profissão 
religiosa. No Código Civil atual, há um fragmento no artigo 1816 de "morte civil", valendo 
quando o herdeiro é afastado da herança. 
 12.4. Morte Presumida 
A morte presumida pode ser com ou sem declaração de ausência. Presume-se morte, 
quando ausente, no caso que a lei permite sucessão definitiva, ou seja, 10 anos de sucessão 
provisória (Art. 37). A declaração de ausência, ou seja, de que o ausente desapareceu de seu 
domicílio sem dar notícia de seu paradeiro e sem deixar um representante, produz efeitos 
patrimoniais, permitindo a abertura da sucessão provisória e, depois, a definitiva. 
 É prescrito, 
“O casamento só se dissolve com a morte de um dos cônjuges, ou pelo 
divórcio, aplicando- se a presunção estabelecida neste código quanto ao 
ausente). Se este estiver vivo e aparecer, depois de presumida a sua morte e 
aberta a sucessão definitiva, com a dissolução da sociedade conjugal, e seu 
cônjuge houver contraído novo matrimônio, prevalecerá o último.” 
 O art. 7o do Código Civil permite a declaração de morte presumida, para todos os 
efeitos, sem decretação de ausência: 
“I - Se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo 
de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não 
for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único. A 
declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida 
depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data 
provável do falecimento”. 
 
 
13 
 
Normalmente quando os parentes requerem a declaração de ausência, eles têm a 
intenção de gerir os negócios deixados, além de obter primeiramente a sucessão provisória e 
posteriormente a definitiva. Em relação ao Art. 7º, pretende-se declarar a morte que se supõem 
com indícios fortes de ter ocorrido. Em ambos os casos a morte presumida será registrada em 
registro público, a Lei dos Registros Públicos, prevê que se haja uma declaração feita pelo 
médico, visto que não se obtém uma declaração de óbito pela falta do corpo. 
Individualização da Pessoa Natural 
13. Modos de Individualização. 
 Os principais elementos individualizadores para uma pessoa natural são: O nome, o 
estado e domicílio. 
13.1. Nome. 
 O “nome”, que em integra o nome completo, isso é o nome com o sobrenome, é o fator 
que individualiza o indivíduo tanto em vida, quanto em morte além de indicar sua procedência 
familiar. 
13.1.2. Conceito de Nome. 
O nome éa expressão mais característica da sociedade, o elemento inalienável e 
imprescritível da individualidade, designação essa que impacta diretamente nas relações 
concernentes ao aspecto civil da pessoa jurídica. 
Destacam-se no estudo do nome, um aspecto público e um individual. O aspecto público 
decorre do fato de o Estado querer que todos os indivíduos sejam perfeitamente identificados, 
sendo assim existindo até uma legislação principiada na Lei dos Registros Públicos que impede 
a pessoa de alterar o prenome por exemplo, salvo em raras exceções. Já o aspecto individual 
desdobra-se sobre o direito ao nome, de forma que o dono possa reprimir abusos cometidos por 
 
 
14 
 
terceiros. Esse direito permite usá-lo e defendê-lo de usurpação, contra casos de infração de 
direitos autorais, ou exposição ao ridículo. 
No Código Civil, são os artigos 17 e 18 que tratam sobre tais tópicos; 
Art. 17.: O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou 
representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção 
difamatória. 
Art. 18.: Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. 
Aqueles que negam o nome civil, admitem a concepção de um nome comercial, direito 
exclusivo do comerciante, que pode impedir que outro o use no exercício mercantil. Os literatos 
e artistas usam de pseudônimos ou codinomes para se identificar, e que se usados de forma 
lícita estão salvaguardados assim como o nome civil. 
Além disso, está previsto no Art. 19 do Código Civil que o pseudônimo adotado para 
atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. A tutela do nome, alcança o pseudônimo, 
propiciando os mesmos direitos, como indenização em caso de má utilização, ou com intuito 
de obter vantagem política, religiosa etc. 
13.1.2. Natureza Jurídica. 
Existem diversas teorias acerca da natureza jurídica do nome, no entanto, a mais aceita 
e que melhor define é a que considera o nome como um direito da personalidade, ao lado de 
outros, como o direito à vida, a honra, a liberdade etc. 
13.1.3. Elementos do Nome. 
O nome contempla-se acerca de dois elementos: prenome e o sobrenome ou apelido 
familiar. Em alguns casos, tem-se o agnome, sinal que distingue pessoas da mesma família com 
o mesmo nome (Filho, Neto etc.). Nada impede que também, que irmãos ou gêmeos tenham o 
 
 
15 
 
mesmo prenome, desde que com prenome duplo, ou nome completo diverso, para que se 
possam distingui-los. 
Exônimo é designação que se dá a forma cortês de tratamento, como por exemplo: Sr., 
Vossa Santidade etc., podendo algumas vezes também integrar-se a títulos acadêmicos, como: 
doutor, mestre, professor etc., além dos títulos de classificação da nobreza, como: conde, 
comendador etc. 
13.1.4. Prenome. 
O prenome pode ser simples (João, Lucas), duplo (João Lucas, Luís Felipe), podendo 
até ser triplo ou quadruplo. Os responsáveis legais, têm a autonomia de colocar o nome que 
quiserem a seus filhos, desde que não os exponham ao ridículo. Aplica-se também a apelidos 
públicos notórios. 
13.1.5 Sobrenome. 
Sobrenome é o que identifica a procedência da pessoa, indicando filiação, sendo 
transmitido por sucessão familiar. Não existe a possibilidade de uma pessoa natural não obter 
sobrenome, podendo o escrivão lançá-lo diante do nome dos pais. O sobrenome pode ser apenas 
o do pai, ou o da mãe, ou o dos dois, pode também ser simples ou composto. São expressos pela 
Lei dos Registros Públicos, nos Art. 59 e Art. 60 
 Art. 59. Quando se tratar de filho ilegítimo, não será declarado o nome do pai sem que 
este expressamente o autorize e compareça, por si ou por procurador especial, para, 
reconhecendo-o, assinar, ou não sabendo ou não podendo, mandar assinar a seu rogo o 
respectivo assento com duas testemunhas. 
 Art. 60. O registro conterá o nome do pai ou da mãe, ainda que ilegítimos, quando 
qualquer deles for o declarante. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicou o Provimento 
16, que permite que as mães registrem seus filhos, mesmo sem a presença dos pais. Além disso, 
 
 
16 
 
os filhos acima de 18 anos que não tem o nome do genitor no registro civil, poderão adicioná-
los. 
13.2. Imutabilidade do Nome. 
13.2.1. Retificação do sobrenome. 
O Art. 58 da Lei dos Registros Públicos, em sua redação original, dispunha que o 
prenome era imutável. Todavia, permitia que caso em evidente erro gráfico, bem como em 
casos que exponham ao ridículo, no Art. 55. 
Os apelidos públicos notórios também podem ser adicionados entre o prenome e o 
sobrenome, como aconteceu com o Ex Presidente, Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva. Pode haver 
mudança de prenome também em caso de adoção, como consta no Art. 47, § 5º, do Estatuto da 
Criança e do Adolescente “§ 5o a sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido 
de qualquer deles, poderá determinar a modificação do prenome.” 
13.2.2. Adições Intermediárias. 
Como já dito anteriormente, admitido adicionar apelidos notórios ao nome. Outra 
mudança que também é admitida é a prescrita no Art. 56 da lei 6.015, onde é citado que no 
primeiro ano após a maioridade, é permitido que faça alguma alteração no nome, desde que não 
prejudique os apelidos de família. Decorrido esse prazo, precisa- se também ir ao cartório, mas, 
“por exceção e motivadamente” para retificar, como previsto no art. 57. 
13.2.3. Mudanças no sobrenome. 
O sobrenome só poderá ser alterado em casos excepcionais. Em 2009, foi adicionado 
ao Art. 57, que o enteado ou a enteada pode requerer ao juiz competente, no registro de 
nascimento, seja averbado o nome da família do padrasto. O Art. 97 também foi alterado, 
dispensando papel do ministério público para a lavratura das averbações. 
 
 
17 
 
13.2.4. Outras Hipóteses. 
O nome completo pode também sofrer alterações no casamento e na separação judicial 
e divórcio, na adoção, no reconhecimento de filhos, na união estável e no caso de 
transexualismo. A Lei n. 6.515, introduzindo parágrafo único que conferia à mulher o direito 
de “acrescer” aos seus os apelidos do marido. O atual Código Civil dispõe do princípio de 
igualdade dos cônjuges, permitindo que o marido também adicione o sobrenome da mulher. 
Relativo à conservação no caso de divórcio, por geralmente o nome se mantém, salvo 
algumas exceções, como no caso de separação judicial. Caso o casamento seja nulo, o cônjuge 
perde o direito de preservação do sobrenome, isso é justificado pois seus efeitos civis deixarão 
de existir. No entanto, no caso de um cônjuge de boa-fé, os efeitos do casamento, se manifestam 
de forma ex nunc, ou seja, os direitos até então adquiridos não retroagem. 
Na adoção, o adotado não pode usar o sobrenome dos seus pais de sangue, e sim o do 
adotante (Art.41, caput, Estatuto da Criança e do Adolescente). 
O transexualismo, também tem sido motivo para pedidos de retificação do nome e de 
sexo no registro civil. Porém a jurisprudência não aceitava fazer a retificação, alegando que 
para ser mulher precisaria ter os órgãos genitais femininos. Desse modo só estava sendo 
admitido a retificação no caso de engano no ato registral, ou após perícia e intervenções 
cirúrgicas para determinar o sexo correto. Depois de muitos casos e muitas divergências de 
opiniões, 
13.2 Estado. 
É uma situação jurídica resultante de certas qualidades inerentes à pessoa. 
13.2.1 Aspectos do Estado. 
 Influenciados pela divisão do direito romano, a doutrina geral do estado se distingue 
em três ordens: o individual ou físico, o familiar, e o político. 
 
 
18 
 
a) Estado individual é o modo de ser da pessoa quanto á idade, ao sexo, a cor, altura 
etc.; são os aspectos particulares que exercem influência sobre capacidade civil. 
b) Estado familiar é o estado em relação ao matrimônio (solteiro, casado, viúvo 
etc.), e ao parentesco (pai, filho, irmão etc.). 
c) Estado político é a qualidade que advémda posição do indivíduo na sociedade 
política, podendo ser nacional (nato ou naturalizado) e estrangeiro. Decorre o 
Art. 12 da CF, que são brasileiros: 
“I - Natos: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais 
estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que 
qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que 
sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na 
República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de 
atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; 
II - Naturalizados: 
 a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos 
originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano 
ininterrupto e idoneidade moral; 
 b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República 
Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação 
penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira”. 
Por fim, o Estatuto do Estrangeiro, Art. 95, reconhece que os estrangeiros residentes no 
Brasil têm todos os direitos assegurados nos termos da Constituição Federal e da Lei. Referente 
a isso, cabe também definir a diferença de cidadania e nacionalidade, a cidadania garante apenas 
os direitos políticos, já a cidadania permite que o indivíduo tenha a condição de ser um eleitor 
e está constatado no sistema legislativo. 
13.2.1. Caracteres. 
 As principais características ou atributos do estado são: 
a) Indivisibilidade: O Estado é uno e indivisível, assim como não há a possibilidade 
de ter dupla personalidade também não é possível possuir mais de um Estado. 
b) Indisponibilidade: O Estado civil é reflexo de nossa personalidade, e é 
irrenunciável e inalienável. 
 
 
19 
 
c) Imprescritibilidade: O Estado é elemento da personalidade, e assim, a pessoa 
nasce e morre com ela. Por isso as ações do mesmo são imprescritíveis, pois se 
por um lado não se perde o Estado por prescrição, por outro não se pode obtê-lo 
por usucapião. 
13.3. Domicílio. 
Domicílio é muito importante no direito, pois é necessário que as pessoas tenham um 
espaço onde possam ser encontradas para responder por suas obrigações, além disso o domicílio 
interessa também ao direito processual, para determinar o foro competente. 
No direito internacional privado é a lei do domicílio que regula o estado, a capacidade 
das pessoas, o nome e o direito de família 
13.3.1. Domicílio da Pessoa Natural. 
O novo Código trata conjuntamente do domicílio da pessoa natural e da pessoa jurídica 
no Título III do Livro I da Parte Geral. 
Domicílio é a sede da pessoa jurídica, onde ela presume presente para efeitos de direito, 
e prática seus hábitos e negócios jurídicos. A esse respeito, se sobressaem duas principais ideias: 
a de morada e a de centro de atividade. De morada, diz respeito à família, ao lar, a vida íntima 
e o repouso; e a segunda, relativa à vida extrema, relações sociais e desenvolvimento de 
faculdades. 
O Código Civil brasileiro, define nos Art. 70 e 72: 
 Art. 70: O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência 
com ânimo definitivo. 
Art. 72: É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à 
profissão, o lugar onde está é exercida. 
 
 
20 
 
O conceito de domicílio civil se compõe de dois elementos: o objetivo, que é a 
residência, mero estado de fato material; e o subjetivo, de caráter psicológico, consistente no 
ânimo definitivo, na intenção de aí fixar-se de modo permanente. 
Residência, é apenas um elemento de domicílio, não podendo ser confundidas. 
Residência é o simples estado de fato, enquanto domicílio é uma situação jurídica. Também 
não se pode confundir residência com morada ou habitação, já que eles são locais esporádicos 
de moradia, de modo que uma pessoa pode ter só um domicílio e mais de uma residência. Para 
ter mais de um domicílio, basta que tenha residências onde alternativamente viva, como 
prescreve o Art. 71, se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, 
viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer dela. 
Entretanto, o mesmo artigo apresenta uma exceção que está prevista no parágrafo único, 
onde se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio 
para as relações que lhe corresponderem. É possível também que uma pessoa possa ter 
domicílio sem ter uma residência, o que é entendido como residência é o domicílio 
aparente/ocasional, que seria o lugar que se cria aparência, caso dos ciganos e andarilhos. 
Sobre esse tópico, dispõem o Art. 73, “Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que 
não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada”, ou seja, as pessoas podem mudar 
de domicílio, e para tal mudança é necessário a intenção de se mudar, como descrito no Art. 74. 
A perda de um domicílio ocorre por determinação de lei (quando venha a ocorrer uma 
hipótese de domicílio legal que prejudique o anterior) e/ou pela vontade ou eleição das partes, 
nos contratos, no que respeita à execução das obrigações deles resultantes 
13.3.2. Espécies. 
O primeiro domicílio da pessoa, prende- se ao de seu nascimento e é chamado de 
domicílio de origem. O domicílio pode ser: a) voluntário; e b) necessário ou legal. 
 
 
21 
 
O voluntário, pode ser geral (escolhido livremente) e especial (fixado com base no 
contrato, sendo denominado, conforme o caso, foro contratual ou de eleição). O domicílio 
voluntário geral ou comum é aquele que depende exclusivamente do interessado. O domicílio 
especial pode ser o do contrato, a que alude o art. 78 do Código Civil, e o de eleição, 
disciplinado no art. 63 do Código de Processo Civil. 
Domicílio necessário ou legal, é o determinado pela lei, em razão da condição ou da 
situação da pessoa, de modo que nesse caso não existe liberdade de escolha. Está prescrito no 
Art. 76: 
“Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o 
marítimo e o preso. Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu 
representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer 
permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha 
ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente 
subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o 
lugar em que cumprir a sentença.” 
 Há outras hipóteses de domicílio necessário na lei civil: a) o de cada cônjuge, será o do 
casal; b) o agente diplomático do Brasil que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade 
sem designar onde tem, no país, o seu domicílio poderá ser demandado no Distrito Federal ou 
no último ponto do território brasileiro onde o teve; c) o viúvo sobrevivente conserva o 
domicílio conjugal, enquanto, voluntariamente, não adquirir outro. 
7.16. Domicílio da Pessoa Jurídica. 
A rigor a pessoa jurídica tem estabelecimento ou sede, não residência. Trata-se de 
domicílio especial. O Art. 75, § 1º admite que “Tendo a pessoa jurídica diversos 
estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos 
nele praticados.” 
Assim, caso existirem filiais, poderá ser demandado no foro que tiver feito o ato; no § 
2º, é citado que se a administração tiver sede no estrangeiro, o domicílio da pessoa jurídica será 
o estabelecimento situado no Brasil onde as obrigações forem contraídas. 
 
 
22 
 
14. Atos do Registro Civil. 
 Registro civil é a perpetuação mediante anotação de uma pessoa autorizada, dos dados 
pessoais e jurídicos de maior relevância, cuja finalidade é provar a situação jurídica. 
O Art. 9º indica os atos sujeitos a registro público, serão registrados em registro público: 
 I - Os nascimentos,casamentos e óbitos; 
II - A emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; 
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; 
IV - A sentença declaratória de ausência e de morte presumida. 
Além disso, no Art. 10 fala-se sobre a averbação dos registros públicos: 
“Far-se-á averbação em registro público: I - das sentenças que 
decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação 
judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; II - dos atos judiciais ou 
extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação;” 
Capítulo II – Dos Direitos de Personalidade 
1. Conceito. 
Os direitos de personalidade são direitos relacionados ao direito natural, ou seja, 
inalienáveis; neles estão os direitos à vida, liberdade, ao nome, ao próprio corpo e à honra. 
Esses direitos só foram adicionados de fato na Constituição Federal de 1988, no Art. 5º, 
“são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o 
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. 
O Código Civil dedicou um capítulo aos direitos de personalidade, sendo estes do artigo 
11° ao 21°. 
 
 
23 
 
2. Fundamentos dos Direitos da Personalidade. 
 Os direitos de personalidade dividem- se em duas categorias: os inatos, como o direito 
à vida, e a integridade física e moral, e os chamados de adquiridos, que decorrem do status 
individual e existem já no direito positivo. 
3. Características dos Direitos da Personalidade. 
Dispõem o Art. 11 do Código Civil, “com exceção dos casos previstos em lei, os direitos 
da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer 
limitação voluntária.” Na verdade, eles são também absolutos, ilimitados, imprescritíveis, 
impenhoráveis, inexpropriáveis e vitalícios. 
Intransmissibilidade e irrenunciabilidade: Não se pode transmitir esses direitos a 
terceiros, nem mesmo renunciá-los. Evidentemente que ninguém pode desfrutar em nome de 
outrem, a vida, a liberdade etc. Alguns atributos da personalidade admitem cessão, é o caso da 
imagem, que pode ser vendida para alguma propaganda. 
Absolutismo: O caráter absoluto é consequência de oponibilidade erga omnes, ou seja, 
vale para todos. 
 Não limitação: Existem apenas onze artigos no Código Civil, porém eles são ilimitados, 
mesmo não sendo tipificados, como por exemplo, velhice digna, liberdade de pensamento à 
identidade pessoal, ao leite materno etc. 
Imprescritibilidade: Essa medida existe, pois, esses direitos não se extinguem pelo 
decurso e pelo tempo na pretensão de defendê-los. 
 Impenhorabilidade: Se são direitos inseparáveis, por isso indisponíveis, não podem ser 
penhoráveis. 
Não sujeito a desapropriação: Não podem de ela ser retirados contra a sua vontade, nem 
o seu exercício sofrer limitação voluntária. 
Vitaliciedade: Os direitos da personalidade inatos são adquiridos no instante da 
concepção e acompanham a pessoa até sua morte. 
 
 
24 
 
4. Disciplina no Código Civil. 
Todo um capítulo novo foi dedicado aos direitos da personalidade no Código Civil de 
2002, visando à sua salvaguarda, sob múltiplos aspectos. Tal importante inovação representa 
um grande progresso e coloca o novo diploma, nesse campo, entre os mais avançados do 
mundo. 
4.1. Da proteção aos Direitos de Personalidade. 
O respeito à dignidade humana encontra- se em primeiro plano na Constituição 
brasileira. Dispõem o parágrafo único do Art. 12, 
“Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da 
personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções 
previstas em lei. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a 
medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em 
linha reta, ou colateral até o quarto grau”. 
 A violação do direito da personalidade que causa danos à pessoa acarreta a 
responsabilidade civil extracontratual do agente, decorrente da prática de ato ilícito. O direito 
subjetivo à sua reparação é interpretado de acordo com os ditames constitucionais, pois a 
responsabilidade pela violação do direito de personalidade não permanece exclusivamente no 
nível civil. 
4.2. Os Atos de Disposição do Próprio Corpo. 
 Dispõe o Art. 13 do Código Civil: 
“Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio 
corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou 
contrariar os bons costumes. Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será 
admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial”. 
Por sua vez, prescreve o art. 14 que é válida, com objetivo científico, ou altruístico, a 
disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. O corpo 
 
 
25 
 
humano sem vida é cadáver, coisa fora do comércio, insuscetível de apropriação, mas passível 
de disposição na forma da lei. 
Se por um lado os elementos destacados do corpo deixam de ser objeto dos direitos da 
personalidade, por outro, passam a integrá-lo os elementos ou produtos, orgânicos ou 
inorgânicos, que nele se incorporaram, como enxertos e próteses. A retirada de tecidos, órgãos 
e partes do corpo do falecido dependerá da autorização de qualquer parente maior, da linha reta 
ou colateral até o 2º grau, ou do cônjuge sobrevivente, firmada em documento subscrito por 
duas testemunhas presentes à verificação da morte. Em se tratando de pessoa falecida 
juridicamente incapaz, a remoção de seus órgãos e tecidos apenas poderá ser levada a efeito se 
houver anuência expressa de ambos os pais ou por seu representante legal. E se o corpo for de 
pessoa não identificada, está proibida a remoção post mortem de seus órgãos e tecidos, portanto, 
se a pessoa em vida expressou que não queria ser doadora, nem com a autorização da família 
isso acontecerá. 
4.3. O Tratamento Médico de Risco. 
O Art.15 destaca que ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, 
a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica, devido a essa regra os médicos são obrigados, 
nos casos mais graves, a pedir permissão ao paciente para continuar o tratamento. Vale ressaltar 
a importância de manter o paciente ciente de tudo que está ocorrendo, como prevê o Código de 
Defesa do Consumidor; na impossibilidade de o doente manifestar a sua vontade, deve-se obter 
a autorização escrita, para o tratamento médico ou a intervenção cirúrgica de risco, de qualquer 
parente maior, da linha reta ou colateral até o 2º grau, ou do cônjuge. 
Caso não haja tempo hábil para ouvir o paciente ou para tomar essas providências, e se 
tratar de emergência que exige pronta intervenção médica, como na hipótese de parada cardíaca, 
por exemplo, terá o profissional a obrigação de realizar o tratamento, independentemente de 
autorização, eximindo-se de qualquer responsabilidade por não a ter obtido. 
 
 
26 
 
4.4. Direito ao Nome. 
O direito e a proteção ao nome e ao pseudônimo são assegurados nos artigos 16 ao 19 
do Código Civil, assim como mencionado previamente. 
4.5. A Proteção a Palavra Imagem. 
O artigo 20 do Código Civil, considerando tratar-se de direitos da personalidade, 
prescreve que tais atos poderão ser proibidos, a requerimento do autor e sem prejuízo da 
indenização que couber, “se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se 
destinarem a fins comerciais, salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça 
ou à manutenção da ordem pública”. Adiciona o parágrafo único, “tratando de morto ou de 
ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os 
descendentes”, esse mesmo tratamento é dado à imagem da pessoa. 
 A Carta Magna foi explícita para assegurar indenização pelo uso da imagem, decorrente 
de dano moral ou violação de intimidade. 
4.6. A Proteção à Intimidade 
 Assim como prescreve o Art. 21, a vida privada da pessoa natural é inviolável,e o juiz, 
a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar 
o ato contrário a esta norma. Nesse artigo é garantido a proteção de qualquer violação de 
privacidade, caso o dano já tenha ocorrido, é assegurado a indenização. Esta proteção à vida 
privada visa resguardar os direitos a intromissões a sua família, vida econômica etc. Além do 
direito de se manter isolado, de estar só. 
 
 
27 
 
Capítulo III – Da Ausência 
1. Introdução. 
Ausente é a pessoa que desaparece de seu domicílio sem dar notícia de seu paradeiro e 
sem deixar um representante ou procurador para administrar-lhe os bens. Protege o Código, 
através de medidas, inicialmente o seu patrimônio, pois quer esteja ele viva, quer esteja morto, 
é importante considerar o interesse social de preservar os seus bens, impedindo que se 
deteriorem, ou pereçam. Prolongando-se a ausência e crescendo as possibilidades de que haja 
falecido, a proteção legal volta-se para os herdeiros, cujos interesses passam a ser considerados. 
2. Da curadoria dos bens do ausente 
 O artigo 22 aponta que constatado o desaparecimento do indivíduo, sem que tenha 
deixado um curador para tomar conta dos seus bens, a requerimento do interessado, o MP 
declarará ausência; além disso o artigo 23 também alega que será declarado a ausência, e se 
nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou 
continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes. 
Por fim, no artigo 25, é previsto que se o cônjuge do ausente, se não estiver separado 
judicialmente ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu 
legítimo curador. Na falta do cônjuge, recairá para os pais e descendentes. 
 A situação do ausente passa por três fases, a curadoria do ausente, é quando se 
preservam os bens, supondo sua eventual volta; sucessão provisória, é quando o legislador se 
preocupa com os interesses do requerente, permitindo a sucessão provisória. Depois de longo 
período de ausência, é autorizada a sucessão definitiva. Cessa a curadoria, pelo comparecimento 
do ausente, ou de quem o represente; pela certeza da morte. 
 
 
28 
 
3. Da sucessão provisória. 
 Presentes os pressupostos exigidos no art. 26 do Código Civil, legitimam-se para 
requerer a abertura da sucessão provisória: 
“I - O cônjuge não separado judicialmente; II - os herdeiros 
presumidos, legítimos ou testamentários; III - os que tiverem sobre os bens do 
ausente direito dependente de sua morte; IV - os credores de obrigações 
vencidas e não pagas”. 
Não podendo negar esse direito à companheira, dispõe o art. 28 do Código Civil que: 
“a sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só 
produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, 
logo que passe em julgado , proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, 
e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido”. 
 Sendo esse o prazo para o ausente ter conhecimento e poder talvez retornar; os 
herdeiros ficaram com os bens, com caráter condicional e provisório, ou seja, desde que prestem 
garantias da restituição deles. Os ascendentes, descendentes e o cônjuge, provando sua 
qualidade de herdeiro, poderão entrar na posse dos bens do ausente, independente de garantia. 
 Está prescrito no artigo 33, que o descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor 
provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os 
outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o 
disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente 
contas ao juiz competente. 
Por sua vez, o artigo 36, aponta que se caso o ausente aparecer, ou se lhe provar a 
existência, depois de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos 
sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias 
precisas, até a entrega dos bens a seu dono. Cessará a sucessão provisória pelo comparecimento 
do ausente e converter-se-á em definitiva; certeza da morte do ausente; dez anos depois da 
provisória; quando o ausente fizer 80 anos de idade e cinco de desaparecimento. 
 
 
29 
 
4. Da Sucessão Definitiva 
Poderão passar para sucessão definitiva, após dez anos depois da sucessão provisória ou 
quando o ausente fizer 80 anos de idade e cinco de desaparecimento “dez anos depois de 
passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os 
interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas” (Art. 37). 
5. Do Retorno do Ausente 
 Mesmo com sucessão definitiva, esse fato pode retroagir, como mostra o Art. 39: 
“Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão 
definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes 
haverá só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em 
seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem 
recebido pelos bens alienados depois daquele tempo. Parágrafo único. Se, nos 
dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum 
interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao 
domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas 
circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em 
território federal.” 
A sucessão é quase definitiva, visto a possibilidade de volta do ausente, já no caso dos 
herdeiros venderam seus bens, ou tiverem sido alienados, acontece uma sub-rogação real, isto 
é, os bens adquiridos tomam o lugar. 
Se o ausente retornar e ficar provado que o desaparecimento foi voluntário, perderá ele 
em seus rendimentos, entretanto, cessarão as vantagens dos sucessores. Retornando o ausente 
no período da curadoria de seus bens, esta cessará automaticamente, recuperando-o todos os 
seus bens. 
6. Ausência como a Causa de Dissolução da Sociedade Conjugal. 
 O cônjuge do ausente não precisa aguardar tanto tempo, ou seja, mais de dez anos, para 
ver o seu casamento legalmente desfeito e contrair novas núpcias, podendo antes requerer o 
divórcio direto, com base na separação de fato por mais de dois anos, requerendo a citação do 
 
 
30 
 
ausente por edital. No entanto, se, por razões de ordem pessoal, preferir esperar o retorno do 
ausente, não necessitará, não ocorrendo tal regresso, e desde que preenchidos os requisitos para 
a abertura da sucessão definitiva, requerer seja declarada dissolvida a sua sociedade conjugal, 
pois estará configurada a morte presumida daquele e rompido o vínculo matrimonial ex vi legis. 
 Nesse caso, poderá habilitar-se a novo casamento. 
Título II - Das Pessoas Jurídicas. 
1. Conceito. 
Pessoas jurídicas consistem num conjunto de pessoas ou de bens, dotado de 
personalidade jurídica própria, constituído na forma da lei, para consecução de fins comuns, 
basicamente, são entidades que a lei confere capacidade e elas têm deveres e obrigações. 
2. Natureza Jurídica. 
Existem diversas teorias que tentam explicar esse fenômeno, elas são as teorias de ficção 
e o das teorias de realidade. 
2.1. Teorias da Ficção. 
As concepções ficcionistas podem ser divididas em duas categorias; ficção legal e ficção 
doutrinária, na primeira, a pessoa jurídica constitui criação artificial da lei. Desse modo, só 
entendida como uma ficção pode essa capacidade ser entendida pelas pessoas jurídicas. 
A teoria doutrinária afirma que as pessoas jurídicas não têm existência real, apenas 
intelectual, ou seja, na visão dos juristas. Essas teorias não são aceitas porque elas não justificam 
o conceito de Estado. Seria a mesma coisa que dizer que ele é ficcional, ou seja, tudo que tem 
nele também. 
 
 
31 
 
2.2. Teorias da Realidade. 
Existem também as teorias quevão contra as teorias ficcionais e tratam as pessoas 
jurídicas como realidades vivas. São elas a teoria da realidade objetiva ou orgânica que sustenta 
que a pessoa jurídica é uma realidade sociológica, ser com vida própria, que nasce por 
imposição das forças sociais, essa teoria busca proclamar que a vontade independente se pública 
ou privada é capaz de dar vida a um organismo e o tornar sujeito de direito, real e verdadeiro; 
a teoria da realidade jurídica ou institucionalista que se assemelha à da realidade objetiva pela 
ênfase dada ao aspecto sociológico, além de considerar as pessoas jurídicas como organizações 
sociais destinadas a um serviço ou ofício, e por isso personificadas; a teoria da realidade técnica, 
a qual seus adeptos entendem que a personificação dos grupos sociais é expediente de ordem 
técnica, a forma encontrada pelo direito para reconhecer a existência de grupos de indivíduos, 
que se unem na busca de fins determinados. 
3. Requisitos para a Constituição da Pessoa Jurídica. 
 A formação da pessoa jurídica exige uma pluralidade de pessoas ou de bens e uma 
finalidade específica, além de um órgão formal. A vontade humana materializa-se no ato de 
constituição, que deve ser escrito, por isso são necessárias duas ou mais pessoas com vontades 
convergentes, ligadas por uma intenção comum (af ectio societatis). 
 O ato constitutivo é requisito formal exigido pela lei e se denomina estatuto, em se 
tratando de associações, que não têm fins lucrativos; contrato social, no caso de sociedades, 
simples ou empresárias, antigamente denominadas civis e comerciais; e escritura pública ou 
testamento, em se tratando de fundações. A liceidade de seu objetivo é indispensável para a 
formação da pessoa jurídica, ou seja, sendo objetivado o lucro, ou nas fundações os fins só 
podem ser religiosos, morais etc. 
 
 
 
32 
 
3.1. Começo da Existência Legal. 
A pessoa jurídica resulta da vontade humana, sem necessidade de qualquer ato 
administrativo de autorização, salvo em casos especiais. A existência legal, no entanto, das 
pessoas jurídicas de direito privado só começa efetivamente com o registro de seu ato 
constitutivo no órgão competente. Dispõe, com efeito, o art. 45 do Código Civil: 
 “Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado 
com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando 
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no 
registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo” 
 O registro no órgão competente, além de servir de prova, tem também natureza 
constitutiva, por ser atributivo da personalidade, da capacidade jurídica. Em casos especiais de 
necessidade de autorização do governo, o registro só será efetivado depois da chancela ter sido 
expressa e previamente obtida, sob pena de nulidade do ato. O art. 46, I a VI, do Código Civil 
indica os dados ou elementos que devem conter o registro. Os direitos e deveres das pessoas 
jurídicas decorrem dos atos de seus diretores no âmbito dos poderes que lhes são concedidos 
no ato constitutivo. 
O art. 47 do Código Civil, a propósito, obriga que a pessoa jurídica os atos dos 
administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo. 
3.2. Sociedades Irregulares ou de Fato. 
Sem o registro do seu ato constitutivo, a pessoa jurídica não está regular, é apenas 
quando efetivado o registro a pessoa jurídica começa a existir legalmente, passando a ter aptidão 
para ser sujeito de direitos e obrigações e a desfrutar de capacidade patrimonial, com vida 
própria e patrimônio que não se confunde com o de seus membros. 
O patrimônio das sociedades não personificadas responde pelas obrigações, mas os seus 
sócios têm o dever de concorrer com os seus haveres, na dívida comum, proporcionalmente à 
sua entrada. A responsabilidade incidente sobre o acervo repercute no patrimônio dos sócios, 
confundindo-se os direitos e obrigações daquelas com os destes. 
 
 
33 
 
3.3. Grupos Despersonalizados. 
 Nem todo grupo social, tem objetivado um fim comum, esse são chamados grupos 
despersonalizados, dentre os mesmos se destacam: A família, o agrupamento familiar não se 
encaixa como pessoa jurídica, pois cada membro tem uma perspectiva e objetivos diferentes, 
além dos seus bens próprios; da massa falida, após a sentença declaratória de falência 
decretando a perda do direito à administração e à disposição do referido patrimônio, bem como 
o ente despersonalizado voltado à defesa dos interesses gerais dos credores e ainda, embora que 
não tenha personalidade jurídica, não podendo por isso ser titular de direitos reais nem contrair 
obrigações, exerce a massa falida os direitos do falido; a herança jacente e vacante, se diz 
vacante quando não tenha um sucessor ou herdeiro para assumir por ordem legal, ficando nas 
mãos de um curador ou tutor por exemplo, já a vacante é quando não se tem um herdeiro para 
assumir a herança; O espólio que é o complexo de direitos e obrigações do falecido, abrangendo 
bens de toda natureza. 
Essa massa patrimonial não personificada surge com a abertura da sucessão, sendo 
representada no inventário inicialmente, ativa e passivamente, pelo administrador provisório, 
até a nomeação do inventariante. As sociedades sem personalidade jurídica, denominadas 
sociedades de fato ou irregulares, serão representadas em juízo, ativa e passivamente, “pela 
pessoa a quem couber a administração dos seus bens”. 
4. Classificação da Pessoa Jurídica. 
Referente a nacionalidade, divide-se em nacional e estrangeira; já quanto à estrutura 
interna, a pessoa jurídica pode ser: corporação e fundação. 
 A corporação, constitui um conjunto de pessoas, reunidas para melhor consecução de 
seus objetivos e na fundação o aspecto dominante é o material: compõe-se de um patrimônio 
personalizado, destinado a um determinado fim. 
As corporações podem ser divididas em associações e sociedades. As associações não 
têm fins lucrativos, mas religiosos, morais, culturais, assistenciais, desportivos ou recreativos e 
 
 
34 
 
as sociedades simples têm fim econômico e visam lucro, que deve ser distribuído entre os 
sócios. 
Quanto à função ou à órbita de sua atuação, as pessoas jurídicas dividem-se em: de 
direito público e de direito privado. As de direito público podem ser: de direito público externo 
e de direito público interno. As de direito privado são as corporações e as fundações. 
 Dispõem o artigo 45, que são pessoas jurídicas de direito público externo os Estados 
estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público”. Isto é, 
todas pessoas regidas pelo direito internacional. 
4.1. Pessoas Jurídicas de Direito Privado. 
São pessoas jurídicas no direito privado, as referidas no Art. 44, a partir de uma nova 
redação feita em 2003, sendo elas as associações; as sociedades; fundações; as organizações 
religiosas; e por fim os partidos políticos”. 
4.1.1. As Associações. 
As associações são pessoas jurídicas de direito privado constituídas de pessoas que 
reúnem os seus esforços para a realização de fins não econômicos. Nesse sentido, dispõe o art. 
53 do novo diploma: “Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem 
para fins não econômicos”. 
O art. 54 do Código Civil dispõe que o estatuto das associações conterá, sob pena de 
nulidade: 
“I - a denominação, os fins e a sede da associação; II - os requisitos 
para a admissão, demissão e exclusão dos associados; III - os direitos e deveres 
dos associados; IV - as fontes de recursos para sua manutenção; V - o modo 
de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; VI - as 
condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução; VII 
- a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas”. 
 
 
35 
 
Destaque para a exclusão do associado, que só poderáacontecer caso seja admitida uma 
justa causa, como prevê o Art. 57. Atendendo aos reclamos gerais, pois existia algumas 
controvérsias, a Lei n. 11.127, 2005, deu nova redação ao aludido art. 59 do Código Civil, do 
seguinte teor: 
“Compete privativamente à assembleia geral: I - destituir os 
administradores; II - alterar o estatuto. Parágrafo único. Para as deliberações 
a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da 
assembleia especialmente convocada para esse fim, cujo quórum 1será o 
estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos 
administradores”. 
No caso de dissolução de associação, os bens remanescentes serão destinados para as 
entidades de fins não econômicos designadas no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos 
associados, a instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes, como 
prevê 61. 
4.1.2. As Sociedades. 
 As sociedades podem ser simples ou empresariais. As simples são constituídas por 
profissionais da mesma área, para fins lucrativos ou econômicos, já as empresárias, também 
visam lucro, mas se diferenciam pois exercem a atividade própria de um empresário, ou seja, 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. 
4.1.3. As Fundações. 
 As fundações, como já foi dito, constituem um acervo de bens, que recebe 
personalidade jurídica para a realização de fins determinados, de interesse público, de modo 
permanente e estável. Dispõem para fundações os artigos 62 ao 69, sendo o primeiro: 
 “Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública 
ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se 
destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la”. 
 
1 Quórum, é p número mínimo de membros cuja presença é imprescindível para dar validade às deliberações e 
votos de um determinado órgão ou colegiado. 
 
Comentado [1]: fazer rodape para 
(quórum*, quantidade de representantes) 
 
 
36 
 
A constituição dela necessita de três fases: 
a) A do ato de doação ou de instituição, que compreende a reserva ou destinação 
de bens livres, com indicação dos fins a que se destinam e a maneira de 
administrá-los. Seja por ato ‘intervivos’ (escritura pública) ou causa mortis 
(testamento), como dispõe o mencionado art. 62. É interessante mencionar 
também que quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela 
destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em 
outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante, como é disposto no 
artigo 63. Denota-se também a intenção de respeitar a vontade do instituidor 
b) A da elaboração do estatuto, que pode ser direta ou própria (pelo próprio 
instituidor) ou fiduciária (por pessoa de sua confiança, por ele designada). 
Estatui o art. 65 do Código Civil: 
“Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em 
tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 
62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação 
da autoridade competente, com recurso ao juiz. Parágrafo único. Se o estatuto 
não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, 
em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público”. 
c) O de aprovação do estatuto; ele é encaminhado para o Ministério Público (MP) 
Estadual, onde acontecerá a verificação para aprovação, e vão ser analisadas 
diversos aspectos. O MP tem até 15 (quinze) dias para aprovar ou negar-lhe. 
Caso seja necessário alterar algo do estatuto, os requisitos exigidos são os do art. 
67 do Código Civil. 
“I - Seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a 
fundação; II - não contrarie ou desvirtue o fim desta; III - seja aprovada pelo 
órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue, poderá o juiz supri-la, a 
requerimento do interessado.” 
Ainda, caso não seja aprovado por unanimidade, Art. 68 “os 
administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério 
Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se 
 
 
37 
 
quiser, em dez dias”, o Ministério Público poderá tomar medidas para eliminar 
o ímprobo, o extingui-la caso se torne nociva, o Art. 69 diz: 
“Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a 
fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, 
ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu 
patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, 
em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou 
semelhante.” 
c) A do registro, que se faz no Registro Civil das Pessoas Jurídicas; a lei não 
coloca prazo para fim da fundação, porém ela pode extingui-la, como diz o Art. 
69 mencionado acima. Em relação ao patrimônio deixado caso aconteça, a lei 
não esclarece, deixando os bens vagos, passando-os para o Município ou Distrito 
Federal. 
4.1.4. Organizações Religiosas. 
A justificativa para a diferenciação de organizações religiosas, é que elas não têm fins 
econômicos como diz o Art. 53, também não são fundações porque elas têm normas específicas, 
desenquadrando-as. 
Uma entidade religiosa tem fins pastorais e evangélicos e envolve a complexa questão 
da fé, a simples inclusão das igrejas como meras associações civis, com a aplicação da 
legislação a estas pertinentes, causaria sério embaraço ao exercício do direito constitucional de 
liberdade de crença. 
 4.1.5. Partidos Políticos. 
Quanto aos partidos políticos, têm eles natureza própria, isso pois seus fins são políticos, 
não se caracterizando pelo fim econômico ou não. Assim, não podem ser associações ou 
sociedades, nem fundações, porque não têm fim cultural, assistencial, moral ou religioso. 
 
 
38 
 
5. Desconsideração da Pessoa Jurídica. 
 O ordenamento jurídico confere às pessoas jurídicas personalidade distinta da dos seus 
membros. Esse princípio da autonomia patrimonial possibilita que sociedades empresárias 
sejam utilizadas como instrumento para a prática de fraudes e abusos de direito contra credores, 
acarretando-lhes prejuízos. 
Entretanto se faz necessário distinguir, pois, despersonalização de desconsideração da 
personalidade jurídica. A primeira acarreta a dissolução da pessoa jurídica ou a cassação da 
autorização para seu funcionamento, enquanto na segunda, 
 “subsiste o princípio da autonomia subjetiva da pessoa coletiva, 
distinta da pessoa de seus sócios ou componentes, mas essa distinção é 
afastada, provisoriamente e tão só para o caso concreto”. 
Dispõem o Art. 50 para abuso da personalidade jurídico, que ele é caracterizado pelo 
desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, 
ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e 
determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos 
administradores ou sócios da pessoa jurídica. 
6. Responsabilidade Jurídica. 
 A responsabilidade jurídica por danos em geral pode ser penal e civil. 
6.1. Responsabilidade das Pessoas Jurídicas de Direito Privado. 
Toda pessoa jurídica de direito privado, tenha ou não fins lucrativos, responde pelos 
danos causados a terceiros, qualquer que seja a sua natureza e os seus fins (corporações e 
fundações). Responde, assim, a pessoa jurídica civilmente pelos atos de seus dirigentes ou 
administradores, bem como de seus empregados ou prepostos que, nessa qualidade, causem 
dano a outrem. 
 
 
39 
 
A responsabilidade da pessoa jurídica pode ser contratual e extracontratual, sendo para 
esse fim equiparada à pessoa natural. A pessoa jurídica de direito privado responde como 
preponente pelos atos de seus empregados ou prepostos (responsabilidade por fato de terceiro), 
como também pelos de seus órgãos(diretores, administradores, assembleias etc.), o que vai dar 
na responsabilidade direta ou por fato próprio; em consequência, a vítima pode agir contra 
ambos. 
6.2. Responsabilidade das Pessoas Jurídicas de Direito Público. 
6.2.1 Evolução Histórica. 
 A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público passou por diversas 
fases: 
a) a da irresponsabilidade do Estado, representada pela frase universalmente 
conhecida: The King can do not wrong2; 
b) b) a civilista e publicista, em que a responsabilidade passou a ser objetiva, na 
modalidade risco administrativo, de modo que assim, a vítima não tem mais o 
ônus de provar culpa ou dolo do funcionário, entretanto se admite a inversão do 
ônus da prova, o Estado exonerar-se-á da obrigação de indenizar se provar culpa 
exclusiva da vítima, força maior ou fato exclusivo de terceiro. Em caso de culpa 
concorrente da vítima, a indenização será reduzida pela metade. 
6.3. A Constituição Federal de 1988. 
O novo Código Civil tratou do assunto no art. 43, verbis: 
 “As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente 
responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a 
terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se 
houver, por parte destes, culpa ou dolo”. 
 
2 “O Rei não pode fazer errado” (tradução nossa). 
 
 
40 
 
Acrescentou, apenas, a palavra “interno”, não trazendo nenhuma inovação, mesmo 
porque, como já se afirmou, esta matéria é hoje tratada em nível constitucional. Tem sido 
decidido, em face do texto constitucional, que a 
 “pessoa jurídica de direito privado, na qualidade de concessionária 
de serviço público, responde imediata e diretamente pelos danos que as 
empresas contratadas causarem a terceiros, não se necessitando indagar da 
culpa ou dolo, pois sua responsabilidade está ancorada na culpa objetiva e 
surge do fato lesivo”. 
6.4. Responsabilidade por Atos Omissivos. 
Cabe ação contra o Estado mesmo quando não se identifique o funcionário causador do 
dano, especialmente nas hipóteses de omissão da administração. Estes casos são chamados de 
“culpa anônima” da administração. 
6.5. Danos Decorrentes de Atos Judiciais. 
6.5.1. Atos Judiciais em Geral 
Durante muito tempo entendeu-se que o ato do juiz é uma manifestação da soberania 
nacional. O exercício da função jurisdicional encontra-se acima da lei, e os eventuais desacertos 
do juiz não poderão envolver a responsabilidade civil do Estado, no entanto, soberania não quer 
dizer irresponsabilidade. 
A responsabilidade estatal decorre do princípio da igualdade dos encargos sociais, 
segundo o qual o lesado fará jus a uma indenização toda vez que sofrer um prejuízo causado 
pelo funcionamento do serviço público. Tem-se decidido, com efeito, que 
“a responsabilidade civil do magistrado somente se configura quando 
se apura tenha ele agido por dolo ou fraude e não pelo simples fato de haver 
errado. A independência funcional, inerente à Magistratura, tornar-se-ia letra 
morta se o juiz, pelo fato de ter proferido decisão neste ou naquele sentido, 
pudesse ser acionado para compor perdas e danos em favor da parte A ou da 
parte B pelo fato de a decisão ser reformada pela instância superior”. 
 
 
41 
 
6.5.2. Erro do Judiciário. 
A responsabilidade do Estado em decorrência de erro judiciário é expressamente 
reconhecida no art. 5º, LXXV, da Constituição Federal, nestes termos: “O Estado indenizará o 
condenado por erro judiciário, assim como o que ficará preso além do tempo fixado na 
sentença”. 
Impondo ao Estado a obrigação de indenizar aquele que ficar preso além do tempo 
fixado na sentença, estará implicitamente também assegurando ao sentenciado o direito de ser 
indenizado em virtude de prisão sem sentença condenatória, tem sido então deferida no caso de 
abuso de autoridade policial, a exceção de tempo na prisão por qualquer que seja o equívoco. 
Reconhecida a responsabilidade civil do Estado pelo erro judiciário, a indenização há 
de ser a mais completa possível, abrangendo os prejuízos materiais e morais que sofreu o 
ofendido, e que serão apurados por arbitramento. 
6.5.3 Danos Decorrentes de Atos Legislativos. 
 Diversos autores alegam soberania do Estado no caso de erros legislativos, outros, 
porém, em posição diversa, admitem que o Estado responde sempre por atos danosos, causados 
quer por lei inconstitucional, quer por lei constitucional. 
6.5.4. Danos causados pela Lei Institucional. 
Em princípio, a lei, enquanto norma genérica, abstrata e impessoal, ato legislativo típico, 
não pode causar prejuízo a ninguém; se a lei inconstitucional acarreta dano aos particulares, 
caberá a responsabilidade do Estado, desde que a inconstitucionalidade tenha sido declarada 
pelo Poder Judiciário 
 
 
42 
 
 6.5.5 Danos causados pela Lei Constitucionalmente Perfeita. 
 Entretanto, cabe indagar a responsabilidade do Estado em face da atividade legislativa 
normal, visto que mesmo a lei constitucionalmente perfeita pode causar um dano injusto aos 
particulares ou a uma certa categoria de particulares. 
6.6. Imunidade Parlamentar. 
A Emenda Constitucional n. 35, de 20 de dezembro de 2001, deu nova redação ao art. 
53 da Constituição Federal, para responsabilizar os deputados e senadores por crimes comuns, 
permitindo que sejam submetidos a julgamento pelo Supremo Tribunal Federal, limitando a 
imunidade parlamentar, civil e penalmente, aos atos legislativos, por “opiniões, palavras e 
votos”. 
7. Extinção da Pessoa Jurídica. 
O ato de dissolução pode assumir quatro formas distintas, conforme a natureza e a 
origem, correspondentes às seguintes modalidades de extinção: 
a) Convencional, por meio de deliberação de seus sócios unanimemente, caso uma 
minoria não esteja de acordo serão necessários meios judiciais; isso pode 
acontecer na convencional a pluralidade de sócios, que se entende pelo caso de 
um dos sócios falecer, a empresa tem seis meses para apresentar um novo. 
b) Legal, se dá por motivos determinantes da lei, desaparecimento de bens ou 
morte de sócios. 
c) Administrativa, relativo à quando as pessoas jurídicas dependem de autorização 
do Poder Público e esta é cassada, podendo ser por qualquer que seja o motivo. 
d) Judicial, quando se configura algum dos casos de dissolução previstos em lei ou 
no estatuto, especialmente quando a entidade se desvia dos fins para que se 
constituiu, mas continua a existir, obrigando um dos sócios a ingressar em juízo; 
assim como aponta o Art. 51 nos casos de dissolução da pessoa jurídica, “ela 
subsistirá para os fins de liquidação, até que está se conclua”. 
 
 
43

Outros materiais