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Quem Quer Ser Professor - Atratividade, Seleção e Formação Docente no Brasil

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Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010 • 543
Quem quer ser professor? 
Atratividade, seleção e 
formação docente no Brasil1
PAULA LOUZANO* 
VALÉRIA ROCHA**
GABRIELA MIRANDA MORICONI***
ROMUALDO PORTELA DE OLIVEIRA****
RESUMO
Neste trabalho, buscou-se identi… car os problemas que o Brasil encontra para selecionar e 
contratar bons professores. Há poucos incentivos … nanceiros para os melhores alunos 
do ensino médio se tornarem docentes. Além disso, o Brasil atrai indivíduos com baixo 
rendimento acadêmico e com per… l socioeconômico mais baixo para cursos de formação de 
professores. Um estudo empírico buscou analisar a qualidade da formação inicial oferecida a 
esses futuros professores, utilizando os dados do Enade. Ele revelou que os cursos de Pedagogia 
das instituições públicas são, na média, melhores que os das instituições privadas, mesmo 
1 Este estudo, … nanciado pela Fundação Lemann e pelo Instituto Futuro Brasil (IFB), foi 
apresentado no seminário O Professor visto como um pro ssional: captação, formação e retenção 
de talentos realizado no Insper (antigo IBMEC), em julho de 2008. 
* Pesquisadora da Fundação Lemann (paula.louzano@fundacaolemann.org.br).
** Doutoranda em educação pela Universidade de Harvard (valeria_rocha@mail.harvard.edu).
*** Coordenadora-Geral de Instrumentos e Medidas Educacionais, Inep/MEC (gabriela.
moriconi@inep.gov.br).
**** Professor Titular da Faculdade de Educação da Universidade São Paulo (USP) 
(romualdo@usp.br).
544 • Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010
quando levamos em consideração o contexto socioeconômico dos alunos desses cursos. No 
entanto, essa vantagem desaparece quando se considera a experiência prévia na docência. Entre 
os graduados de Pedagogia que já deram aulas ou já são professores – dois terços dos alunos – 
não se observam diferenças signi… cativas no resultado Enade entre os alunos de instituições 
públicas e privadas. 
Palavras-chave: Magistério, Salário, Formação de professores, Análise quantitativa, Educação 
continuada.
RESUMEN
En este trabajo se buscó identi… car los problemas que Brasil encuentra para seleccionar y 
contratar buenos profesores. Hay pocos incentivos … nancieros para que los mejores alumnos 
de la enseñanza media se conviertan en docentes. Además, en Brasil, los cursos de formación 
de profesores atraen personas con bajo rendimiento académico y con un per… l socioeconómico 
más bajo. Un estudio empírico intentó analizar la calidad de la formación inicial ofrecida 
a los futuros profesores utilizando los datos del Enade. El estudio reveló que los cursos de 
pedagogía de las instituciones públicas son, en promedio, mejores que los de instituciones 
privadas, incluso cuando se tuvo en cuenta el contexto socioeconómico de los alumnos de esos 
cursos. Sin embargo, esa ventaja desaparece cuando se considera la experiencia previa en la 
docencia. No se observan diferencias signi… cativas en el resultado del Enade entre los alumnos 
de instituciones públicas y privadas, graduados en pedagogía que ya han dado clases o que ya 
son profesores –dos tercios de los alumnos.
Palabras clave: Magisterio, Salarios, Formación de profesores, Análisis cuantitativo, Educación 
continuada.
ABSTRACT
In this study we sought to identify Brazil’s problems in selecting and hiring good teachers. $ ere 
are few … nancial incentives for the best high school students to become teachers. In addition, 
Brazil’s teacher training courses attract individuals with a low academic performance and 
lower socioeconomic status. An empirical study attempted to examine the quality of training 
provided to these future teachers using data from Enade. It revealed that Pedagogy courses 
in public institutions are, on average, better than those at private institutions, even when 
taking into account the socioeconomic background of students in these courses. However, 
this advantage disappears when one considers previous teaching experience. Among Pedagogy 
graduates who have taught classes or are already teachers – two thirds of the students – no 
signi… cant di% erences were observed in the Enade results between students from public and 
private institutions.
Keywords: Teaching, Salary, Teacher training, Quantitative analysis, Continuing education.
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010 • 545
INTRODUÇÃO
Segundo o relatório publicado pela consultoria McKinsey How the world’s best 
performing schools systems come out on top (Como os sistemas escolares com melhor 
desempenho no mundo chegam ao topo), três ideias principais resumem o bom 
desempenho dos melhores países no Programa para Avaliação Internacional de 
Alunos (PISA2, no inglês) da Organização para a Cooperação e o Desenvolvi-
mento Econômico (OCDE): (a) esses países são capazes de atrair os estudantes de 
ensino médio com melhor desempenho para a carreira docente; (b) fornecem-lhes 
uma formação para o magistério de alta qualidade, e (c) asseguram que todas as 
crianças aprendam.
Isso coloca a qualidade do professor no centro do debate sobre política edu-
cacional. De fato, estudos mostram que a qualidade dos professores é um dos 
mais importantes preditores do desempenho acadêmico dos estudantes (Rivkin, 
 Hanushek e Kain, 2005). Sanders e Rivers (1996) constataram que alunos com 
capacidades e níveis iniciais de desempenho comparáveis podem ter resultados aca-
dêmicos diferentes, conforme a sequência de professores que lhes são atribuídos em 
dois anos consecutivos. Em 2000, Hammond (2000) analisou os estudos quan-
titativos e qualitativos que abordam a relação entre a qualidade dos professores e 
o desempenho dos alunos nos Estados Unidos. A pesquisadora descobriu que a 
formação e certi† cação de professores têm forte correlação com o desempenho dos 
alunos. Realmente, o relatório da McKinsey mostra que sistemas de alto desempe-
nho têm professores e† cazes, porque além de conseguirem atrair os mais capazes 
para a carreira docente, a entrada em cursos de formação de professores é altamente 
seletiva, os processos para selecionar os candidatos para a carreira docente são bas-
tante e† cazes, e o salário inicial é alto. Por exemplo, a Finlândia, que tem obtido o 
melhor desempenho nas avaliações do PISA desde 2000, seleciona seus professores 
dentre os 10% melhores alunos das universidades. A Inglaterra, embora não esteja 
entre os 10 primeiros colocados no PISA, melhorou sensivelmente a qualidade de 
sua educação nos últimos dez anos, investindo pesadamente na atratividade da car-
reira docente e na formação de seus professores.
Como o Brasil está atraindo, selecionando e formando seus professores? Como 
esses processos se comparam aos dos países de alto desempenho? Este trabalho tenta 
2 PISA é uma avaliação internacional padronizada desenvolvida conjuntamente pelos países 
participantes e administrada a alunos de 15 anos de idade. A pesquisa foi realizada em 43 paí-
ses na primeira avaliação em 2000, em 41 países na segunda avaliação em 2003, em 57 países 
na terceira avaliação em 2006, e 65 países participaram da quarta avaliação em 2009. 
546 • Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010
responder a essas perguntas, em duas seções. A primeira analisa a atratividade da 
carreira docente no Brasil. A segunda se debruça sobre a seleção e formação dos 
professores de ensino fundamental no país. 
COMO SÃO ATRAÍDOS E SELECIONADOS OS PROFESSORES NO BRASIL
Quem são os professores brasileiros?
Atualmente, existem 840 mil professores do ensino fundamental lecionando 
da 1ª à 4ª séries no Brasil. Entre 1991 e 2006, o Brasil ganhou em média 4.500 
novos professores de ensino fundamental por ano. Esse aumento no número de 
docentes do ensino fundamental se deve principalmente ao incremento no número 
de matrículas deste nível deensino na última década. Hoje há praticamente acesso 
universal ao ensino fundamental no Brasil. A % gura 1 mostra a evolução do número 
de professores do ensino fundamental no País3, entre 1991 e 2006.
 
3 A partir de 1996, houve uma mudança no processo de coleta de dados, o que explica as dife-
renças signi% cativas entre 1995 e 1996, bem como uma lacuna no ano de 1997.
Figura 1 – Evolução do número de professores do ensino 
fundamental no Brasil (1991-2006) 
740.000
760.000
780.000
800.000
820.000
840.000
860.000
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
 
 
 
 
 Fonte: Censo Escolar, Inep/MEC. 
 
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010 • 547
A mudança na legislação educacional (LDB), em 1996, que estabelecia que todos 
os professores do ensino fundamental tivessem formação universitária, levou a um 
aumento signi‚ cativo no número de professores com nível superior no País. A ‚ gura 
2 mostra a distribuição dos professores por nível de formação nos últimos 15 anos. Em 
1991, cerca de 20% dos docentes tinham formação superior. Em 2006, 60% tinham 
obtido um diploma universitário e pouco menos de 40% dos professores tinham ape-
nas o diploma de ensino médio. Professores sem diploma eram quase inexistentes.
Conforme se observa na tabela 1, o percentual de professores por nível de esco-
laridade não está distribuído de forma homogênea entre as regiões. Em 1996, cerca 
de um terço dos professores do ensino fundamental nas regiões Norte e Nordeste 
tinha menos do que o ensino médio. No entanto, em 2006, esses professores eram 
a minoria (cerca de 2%). Simultaneamente, o número de universitários formados 
aumentou signi‚ cativamente no Norte e Nordeste, passando de 3% e 8%, respec-
tivamente, para 35%. É importante notar que ainda existem grandes diferenças 
entre as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e as do Norte e Nordeste no que diz 
respeito à formação de professores. Enquanto dois terços dos professores no primei-
ro grupo têm curso superior, apenas um terço deles no segundo grupo têm a mesma 
 quali‚ cação.
Figura 2 – Distribuição de professores por nível 
de escolaridade no Brasil (1991-2006) 
0%
20%
40%
60%
80%
100%
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Superior
 
 
 Fonte: Censo Escolar, Inep/MEC. 
 
548 • Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010
Apesar do aumento da escolaridade dos professores do ensino fundamental, o 
desempenho dos alunos de ensino básico não aumentou no mesmo período no país. 
Se partimos do pressuposto de que a qualidade dos professores é de fato um dos 
melhores preditores para a aprendizagem dos alunos, temos que ir além do nível de 
escolaridade desses docentes e da qualidade dos cursos de formação de professores, 
assim como a atratividade da carreira do magistério no Brasil. 
Quão atraente é a carreira docente?
A literatura internacional sobre incentivos sugere que a atratividade da carreira 
docente pode estar ligada a diversos fatores, entre eles4:
1. Flexibilidade. A maioria dos professores tem a opção de trabalhar em tempo 
parcial e acomodar outros trabalhos dentro ou fora da escola onde atuam, de 
acordo com suas necessidades pessoais e ! nanceiras;
2. Férias. Os professores têm geralmente férias mais longas (e mais frequentes) 
do que pro! ssionais de outras áreas;
3. Taxas de desemprego baixas. Os professores raramente ! cam desempregados 
por longos períodos de tempo;
4. Altruísmo. Os professores acreditam que podem contribuir para o desenvol-
vimento social.
Atualmente não existem estudos quantitativos que documentem a atratividade 
da carreira docente no Brasil. Entretanto, a pesquisa qualitativa sugere que o bene-
fício mais signi! cativo oferecido – estabilidade no emprego para os contratados – 
4 World Bank (2005) e OECD (2005). 
Tabela 1 – Professores com ensino médio incompleto 
e curso superior no Brasil (1996 e 2006) 
 Ensino médio incompleto 
 % 
Curso superior 
% 
 1996 2006 1996 2006 
Brasil 15,3 1,0 20,3 57,7 
Norte 33,3 2,2 2,7 34,9 
Nordeste 27,7 1,7 7,8 35,2 
Sudeste 2,9 0,3 31,3 74,2 
Sul 5,6 0,5 32,1 71,9 
Centro-Oeste 11,4 1,1 26,2 73,7 
 Fonte: Censo Escolar, Inep/MEC. 
 
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010 • 549
não é su ciente para compensar as condições negativas de trabalho, como o pouco 
 reconhecimento público, e o baixo status, além dos baixos salários e poucas opor-
tunidades de in" uenciar as políticas públicas, especialmente aquelas que afetam o 
trabalho docente em sala de aula (Moreira, 1999; Lapo; Bueno, 2002). 
Dada a falta de dados sobre a maioria destes benefícios, nossa análise inci-
dirá somente sobre os salários dos professores. A evidência empírica mostra que 
existe relação entre incentivos  nanceiros e a entrada na carreira docente5. De 
acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) as ocupa-
ções no setor privado compreendem o maior grupo de trabalho no Brasil (75%), 
seguido por outras ocupações no setor público (20%). Professores das escolas 
públicas e particulares representam apenas 4,4% e 1,1% da população ativa, 
respectivamente.
A tabela 2 mostra as diferenças salariais entre esses grupos pro ssionais6. Tra-
balhadores com níveis mais elevados de escolaridade, que idealmente deveriam ser 
atraídos para a carreira docente, encontram oportunidades de emprego com muito 
melhor remuneração no setor privado. Em média, um professor na escola pública 
ganha 36% menos do que outros trabalhadores quali cados no setor privado e 19% 
menos do que seus colegas em escolas particulares. As diferenças são ainda mais 
acentuadas entre os professores de escolas públicas e outras ocupações no setor pú-
blico (52% menos). 
5 Vide Barros, Mendonça e Blanco (2001), Afonso, Barbosa Filho, Pessôa (2007) e Moriconi 
(2008) para estudos sobre a remuneração de professores no Brasil. Para estudos internacionais, 
vide Allegretto, Corcoran, Mishel (2004), Hernani-Limarino (2005) e Asadullah (2006). 
6 Moriconi (2008) utilizou a técnica de Oaxaca para controlar as características dos 
 trabalhadores e estimar a diferença entre os salários dos professores do setor público e outros 
grupos de comparação (outras pro ssões nos setores público e privado, e professores das escolas 
particulares) com mesmo nível de escolaridade. 
Tabela 2 – Diferenças salariais entre professores de escolas públicas e grupos 
de comparação (médias para 1995 a 2006) 
Escolaridade do 
trabalhador 
Outras ocupações 
no setor privado 
% 
Outras ocupações 
no setor público 
% 
Professores do 
setor privado 
% 
Educação superior -36,0 -52,1 -19,3 
Educação secundária 33,5 0,9 -1,5 
 Fonte: PNAD/IBGE, 1995 a 2006 in Moriconi (2008). 
 
550 • Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010
No entanto, no mesmo período (1995 a 2006), o salário dos professores de es-
colas públicas aumentou sensivelmente em relação a outras ocupações. Esses profes-
sores ganhavam 62% menos que outras pro… ssões do setor privado em 1995, e em 
2006 a diferença caiu para 17%. 
Enquanto esta análise leva em conta a compensação … nanceira média dos pro-
fessores públicos em relação às ocupações em outros setores, a comparação entre 
os salários iniciais ajuda a explicar a capacidade de atração dos melhores candi-datos para a carreira docente. A tabela 4 mostra as diferenças salariais estimadas 
por anos de experiência. Professores com até dois anos de experiência no mercado 
de trabalho ganhavam menos do que seus pares em outras pro… ssões nos setores 
privado e público (4,4% e 32,6%, respectivamente). A diferença salarial aumenta 
signi… cativamente entre indivíduos com 20 ou mais anos de experiência. Esses 
resultados sugerem que, além de salários iniciais pouco competitivos, a carreira 
docente não parece promissora no longo prazo, pois para indivíduos com mais 
experiência de trabalho, outras ocupações que não o ensino são mais vantajosas 
… nanceiramente.
 
Tabela 3 – Diferenças salariais entre professores de escolas públicas e grupos 
de comparação (para trabalhadores com educação superior) 
Ano 
Outras ocupações 
no setor privado 
% 
Outras ocupações 
no setor público 
% 
Professores do 
setor privado 
% 
1995 -61,9 -60,4 -30,1 
2006 -16,8 -43,3 -4,7 
 Fonte: PNAD/IBGE, 1995 e 2006 in Moriconi (2008). 
 
Tabela 4 – Diferenças salariais entre professores de escolas públicas e grupos de comparação 
de acordo com anos de experiência (para trabalhadores com educação superior) 
Anos de 
experiência 
Outras ocupações no 
setor privado 
% 
Outras ocupações 
no setor público 
% 
Professores do 
setor privado 
% 
Até 2 anos -4,4 -32,6 3,6 
20 anos ou mais -34,9 -46,2 -6,4 
 Fonte: PNAD/IBGE, 2006 in Moriconi (2008). 
 
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010 • 551
Quem está sendo atraído para a carreira docente?
Atualmente, não há estudos empíricos que analisam a quali‚ cação dos candi-
datos à carreira docente no Brasil. No entanto, os dados do Exame Nacional do 
Ensino Médio (Enem) nos permite analisar aqueles que pretendem cursar algum 
curso superior que prepare para o magistério. O Enem é um exame feito por estu-
dantes que terminam (ou estão prestes a concluir) o ensino médio e que pretendem 
ingressar numa universidade. Além de ser testado no conhecimento das disciplinas 
básicas, os alunos que participaram do Enem em 2005 responderam a perguntas 
sobre suas condições socioeconômicas, seu background familiar, e seus futuros pla-
nos de carreira.
Os resultados, apresentados na ‚ gura 3, mostram que 11% de todos os alunos 
que ‚ zeram o exame estavam interessados em se tornar professores do ensino funda-
mental ou médio. Entre esses, apenas 5% estavam entre os 20% dos estudantes com 
melhor desempenho, e 16% estavam entre os 20% com pior desempenho. Isso sig-
ni‚ ca que apenas 10% dos interessados na carreira docente estão entre os melhores 
alunos do ensino médio do país. Por outro lado, cerca de um terço dos estudantes 
interessados na carreira docente estão entre os piores em sua coorte. Vale ressaltar 
que na Finlândia os professores estão entre os 10% melhores alunos da coorte. Es-
tes dados sugerem que a carreira docente no Brasil parece atrair uma porcentagem 
elevada de estudantes menos quali‚ cados.
À semelhança do Enem, o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes 
(Enade) fornece informações sobre as características de formação do estudante e nos 
permite comparar candidatos que optaram por campos distintos de estudo. Todos 
os estudantes que entram numa instituição de ensino superior e concluem a gradu-
ação submetem-se a esse exame. Nossa análise compara estudantes de Pedagogia 
com estudantes de Engenharia. Além de ambas as carreiras terem participado do 
Enade 2005, Engenharia e Pedagogia são duas áreas de estudo que gozam de status 
bastante diferente na sociedade brasileira e tradicionalmente atraem indivíduos de 
grupos socioeconômicos muito distintos.
552 • Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010
Como a tabela 5 indica, há uma porcentagem muito maior de estudantes de 
Pedagogia que frequentaram escolas públicas do que estudantes de Engenharia. 
Como, na média, o desempenho dos alunos das escolas públicas é inferior ao das 
escolas privadas, podemos inferir que no geral os estudantes de Pedagogia entram 
na universidade menos preparados do que seus colegas de Engenharia. Da mesma 
forma, os níveis de escolaridade materna e a renda familiar são muito mais baixos 
entre os estudantes de Pedagogia que de Engenharia. Como vários estudos apon-
tam, a escolaridade materna e a renda têm forte correlação com o desempenho 
do estudante. Outra evidência dos diferentes per† s socioeconômicos de estudantes 
de Engenharia e Pedagogia reside na porcentagem de alunos que trabalhavam ao 
mesmo tempo em que estudavam. Em média, há maior porcentagem de estudantes 
de Engenharia cujas famílias ganhavam mais de três salários mínimos e que não 
tinham de trabalhar enquanto estavam na universidade. Este fator está associado 
com a alocação de tempo aos estudos por parte dos alunos antes da formatura. Os 
alunos cujas famílias são pobres e que precisam trabalhar enquanto estudam são 
menos propensos a dedicar tempo aos estudos e, portanto, têm menor possibilidade 
de obter sucesso acadêmico.
Figura 3 – Desempenho no Enem e opção profissional 
���
��
���
���
�	� ���
���
���
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Piores alunos Melhores alunos
Biologia e Ciências da
Saúde
Engenharia e Ciências da
Computação
Ciências Humanas
Professor de Ensino
Fundamental e Médio
 
 
 
 Fonte: Enem/Inep, 2005. 
 
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010 • 553
 
Embora não se possa fazer inferências sobre o real desempenho dos alunos de 
Pedagogia em instituições de ensino superior com base nas informações apresenta-
das na tabela 5, os dados lançam luz sobre o perƒ l dos indivíduos atraídos para a 
carreira docente no Brasil e a associação entre essas características e o desempenho 
acadêmico.
FORMAÇÃO DE PROFESSORES 
Quem forma os professores no Brasil?
Segundo a OCDE (2005), a carreira de professor deve ser pensada como um 
processo de aprendizagem constante, e não somente como a oferta de uma formação 
inicial. De fato, os países de melhor desempenho no PISA empenham-se em não 
só oferecer formação de qualidade aos professores iniciantes, mas também oportu-
nidades e incentivos para o desenvolvimento proƒ ssional contínuo ao longo da sua 
carreira. No entanto, a formação inicial de professores não deixa de ser um alicerce 
importante para a atuação desse proƒ ssional. 
Tabela 5 – Características dos estudantes que ingressam 
em Pedagogia e Engenharia 
 Pedagogia 
% 
Engenharia 
% 
Onde você cursou o ensino médio? 
Escola pública 80 45 
Escola particular 20 55 
Escolaridade materna 
4ª série ou menos 50 19 
5ª a 8ª séries 19 16 
Ensino médio 22 35 
Faculdade 9 30 
Renda familiar 
Menos de 3 SM 48,5 12 
3 a 10 SM 15 56 
11 a 20 SM 5 21 
Mais de 20 SM 1,5 11 
Status de trabalho do estudante 
Não trabalha 27 47 
Trabalha, mas não dá dinheiro à família 36 33 
Trabalha e dá algum dinheiro à família 37 20 
 Fonte: Enade/Inep, 2005. 
 
554 • Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010
Ao contrário desses melhores sistemas – onde a seleção para ser professor ocorre 
antes do ingresso em curso de formação docente – no Brasil futuros professores bus-
cam uma colocação no mercado de trabalho depois de passarem por programas de 
formação universitária. Para se tornar professor em escolas públicas brasileiras, os for-
mados prestam concurso público composto por prova escrita e análise das credenciais 
pro" ssionais (experiência anterior como professor e formação complementar).Não há 
avaliações práticas. Embora, em teoria, haja um período probatório durante o qual 
os professores recém-selecionados podem ser avaliados antes de se tornarem efetivos, 
essa prática raramente vigora. Além disso, cada Estado e município tem seu próprio 
sistema de ensino, de modo que os processos de seleção pública não são uni" cados.
Os países de alto desempenho, como Finlândia e Cingapura, selecionam seus 
professores antes de lhes oferecer a formação especí" ca para a docência; isso signi" ca 
que esses países concentram seus esforços e recursos em formar apenas aqueles que 
vão ocupar postos de trabalho. Além disso, por estarem diretamente vinculados ao 
mercado de trabalho, a interação dos futuros professores com a escola é intenso. 
Preparação de aulas, aulas práticas, estratégias para ensinar alunos com di" culdades 
de aprendizagem são parte importante do curso de formação docente. 
Atualmente, existem no Brasil 2.500 programas de formação voltados para 
professores de educação infantil e primeiro ciclo do ensino fundamental (Normal 
 Superior e Pedagogia) e mais de 4.000 programas para formação de professores do 
segundo ciclo do ensino fundamental e ensino médio (Licenciaturas). Como mostra 
a tabela 6, os programas de formação de professores representam 30% de todos os 
programas de ensino superior no País. Portanto, a matrícula em programas de for-
mação de professores é alta em comparação com as demais carreiras.
Atualmente, existem 900.000 pessoas recebendo formação para serem 
professores – 360.000 delas especializando-se no primeiro ciclo do ensino funda-
mental. No entanto, nem todos vão se tornar professores. Na verdade, segundo o 
Tabela 6 – Número de programas de formação de professores no Brasil 
Tipos de curso de graduação N % 
Pedagogia 1.584 24 
Normal superior 855 13 
Licenciaturas 4.109 63 
Total de cursos de formação de professores 6.548 30 
Total de cursos de graduação 22.101 
 Fonte: Censo do Ensino Superior/Inep, 2006. 
 
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010 • 555
Ministério da Educação há escassez de professores qualiƒ cados em algumas regiões 
do País e para algumas disciplinas (Risto† , 2008).
Até 1996, os professores do primeiro ciclo do ensino fundamental necessitavam 
apenas de um diploma de ensino médio proƒ ssionalizante para ensinar (Magistério). 
No entanto, após a aprovação da nova lei (LDB n. 9394/96) determinou-se que, até 
2007, todos os professores da educação básica deveriam ser formados em institui-
ções de ensino superior. Como resultado, houve um boom no número de programas 
concebidos para treinar professores do ensino fundamental, principalmente no se-
tor privado (ver Figura 4). Outro aspecto da nova legislação foi a criação do curso 
Normal Superior, uma versão mais curta dos programas de Pedagogia. Em geral, 
esses programas têm duração média de três anos, enquanto os de Pedagogia duram 
quatro anos. Embora ambos sejam considerados programas de educação superior, 
o Normal Superior acabou se tornando um programa para formar proƒ ssionais em 
exercício que não tinham as qualiƒ cações adequadas no âmbito da nova lei.
Antes de 1996, os cursos de Pedagogia preparavam tanto professores para a 
docência nos cursos proƒ ssionalizantes de Magistério quanto para o primeiro ciclo 
do ensino fundamental. Os cursos de Pedagogia também preparavam diretores de 
Figura 4 – Mudança no número de cursos de formação de professores 
de ensino fundamental no Brasil (2001-2006) 
-
200
400
600
800
1.000
1.200
1.400
1.600
1.800
2001 2002 2003 2004 2005 2006
N
ú
m
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ro
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 C
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s 
d
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 G
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u
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çã
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Pedagogia
Normal Superior
 
 
 Fonte: Censo do Ensino Superior/Inep, 2001- 2006. 
 
556 • Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010
escolas, supervisores e coordenadores pedagógicos, sendo que cada uma dessas áreas 
tinha um currículo nacional comum. As discussões sobre como reorganizar a for-
mação desses professores começou em 1997, porém, somente em 2005, foi estabele-
cida uma nova norma nacional. Em primeiro lugar, o currículo nacional comum foi 
substituído por diretrizes nacionais. De acordo com essas orientações, a Pedagogia 
deveria focar na preparação de professores, tanto para a educação infantil quanto 
para o primeiro ciclo do ensino fundamental. As novas diretrizes determinam que 
a formação deve variar entre 2.800 a 3.600 horas (3 a 4 anos letivos) divididos em:
• Créditos: com foco em teorias relacionadas ao ensino e aprendizagem, práti-
ca pedagógica, orientação de alunos, planejamento e avaliação educacional, 
e políticas públicas na educação (2.500/3.000 horas).
• Estágio ou prática: relacionado à observação, bem como à participa-
ção no planejamento, na execução e avaliação das atividades educativas 
(300/600 horas).
• Pesquisa ou atividades práticas: (Iniciação Cientí# ca e Extensão) relacio-
nadas a outras atividades curriculares orientadas por professores da Faculda-
de de Educação (não obrigatórias).
A de# nição sobre o foco do curso, mais especi# camente a divisão dos créditos, 
# ca a critério de cada universidade ou faculdade, e no geral há pouca homoge-
neidade nos currículos dos cursos de Pedagogia no País. O debate educacional se 
concentra em torno da ênfase que deve ser dada às disciplinas de conhecimentos 
gerais – tais como Filoso# a, Sociologia e Psicologia – e às metodologias de ensino 
(metodologia do ensino de ciências, por exemplo) ou mesmos disciplinas voltadas à 
gestão da sala de aula. Apesar do tema gerar grande controvérsia, não há pesquisas 
empíricas que avaliem a formação inicial de professores no Brasil e a e# cácia de di-
ferentes currículos na capacitação do docente para o ensino. 
Qual a qualidade dos programas de formação de professores?
Avaliar a qualidade dos programas de formação de professores, principalmente 
no que diz respeito ao possível impacto que o futuro professor formado em determi-
nado programa terá junto aos seus alunos, não é tarefa fácil. Nos Estados Unidos, 
Rice (2003) concluiu que disciplinas que focam em conteúdos destinados a desen-
volver habilidades essenciais nos professores, tais como metodologias de ensino, ges-
tão da sala de aula, avaliação escolar e desenvolvimento curricular, contribuem para 
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010 • 557
a e cácia do trabalho docente somente quando combinadas com o conhecimento 
sólido do conteúdo a ser ensinado. Portanto, foco em disciplinas mais práticas asso-
ciadas ao domínio do conteúdo parece ser o mais importante. 
No Brasil, o debate sobre a qualidade dos professores sempre esteve relacionado 
a maiores níveis de escolaridade, portanto a falta de diploma de nível superior por 
uma parcela considerável dos professores explicava a baixa qualidade do ensino. 
Entretanto, a pesquisa internacional que examina a associação entre a formação 
de professores e o desempenho dos alunos apresenta resultados controversos. Utili-
zando os dados do Terceiro Estudo Internacional de Matemática e Ciências sobre 
o desempenho de alunos com 13 anos de idade em 39 países, (2003) 
constatou que o nível de escolaridade dos professores tem relação positiva com o 
desempenho do aluno. No entanto, segundo Rice (2003), as evidências americanas 
sobre o nível de escolaridade dos professores no desempenho dos alunos não são tão 
conclusivas.
No Brasil, a pesquisa quantitativa mostra que a formação em nível superior tem 
pouco ou nenhuma correlação com o desempenho dos alunos, principalmente nas 
séries iniciais (Menezes-Filho, 2007; Soares, 2003; Louzano, 2007). Uma possível 
explicação para esses resultados é a má qualidade dos cursosde formação de profes-
sores vigentes no País. Nos últimos dez anos o boom mal regulamentado das insti-
tuições de Pedagogia e Normal Superior pode ser parte dessa explicação. 
Com o objetivo de medir a qualidade dos cursos de nível superior no Brasil, 
entre eles os de Pedagogia, o Ministério da Educação vem desenvolvendo indicado-
res. Desde 1996, o Brasil usa o exame Enade como uma aproximação da qualida-
de dos graduados em programas de ensino superior7. Este exame é especí co para 
cada carreira, e baseia-se numa amostra de graduados e numa amostra de alunos 
recém-admitidos. Como medida de qualidade institucional, foram desenvolvidos 
dois índices: o Conceito Enade e o Conceito IDD. O primeiro representa a pontua-
ção média do programa, e o último o valor que o curso agrega ao aluno. Ambos os 
índices variam de 1 a 5. 
Há muita controvérsia em torno da precisão técnica e posterior utilização des-
ses índices (Schwartzman, 2005). O Conceito IDD foi desenvolvido como forma 
de compensar as diferenças de formação no nível dos ingressantes entre as diversas 
instituições. Em média, as instituições públicas tendem a receber estudantes mais pre-
parados do que as particulares. Portanto, muito poucas instituições particulares iriam 
7 No período, houve mudanças no nome e no desenho dessas avaliações. 
Wö�mann 
558 • Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010
conseguir as pontuações mais altas no Conceito Enade (4 e 5). Como o Conceito IDD 
tenta medir o valor agregado pelas instituições, esse problema seria minimizado.
No entanto, esses índices não são uma medida objetiva de qualidade. Repre-
sentam a posição de determinada instituição ou programa em relação às outras 
instituições dentro da mesma carreira, e não o nível de qualidade ideal esperado de 
um programa. Se dentro de uma carreira as médias forem baixas, como é o caso 
da Pedagogia, estar acima da média não signi… ca ter boa qualidade (só signi… ca 
que o programa é melhor do que a média de programas do mesmo tipo). Medir de 
fato a qualidade de um programa de formação de professores, implicaria de… nir 
de antemão um conjunto de habilidades e competências que esses cursos deveriam 
desenvolver nos futuros professores, o que não ocorre no caso do Enade e seus 
indicadores. 
Atualmente, o Brasil não dispõe de instrumentos para avaliar a qualidade “ ideal” 
dos seus programas de formação de professores. Embora limitados, os indicadores 
disponíveis – principalmente os resultados do Enade – mostram que os estudantes 
de Pedagogia têm a menor média em comparação com outros programas de for-
mação de professores (Licenciaturas) que recebem alunos com características de 
formação semelhantes (Brito, 2007). Assim, os programas de Pedagogia precisam 
ser mais estudados. 
Estudo empírico sobre a formação inicial de professores
Em 2005, mais de 55.000 estudantes de mais de 600 cursos de Pedagogia di-
ferentes participaram do Enade. A tabela 7 mostra a distribuição dos resultados do 
Conceito Enade e do Conceito IDD entre os programas. Enquanto 27% dos pro-
gramas têm a maior pontuação no Conceito Enade, 30% têm o Conceito IDD mais 
baixo. Como a pontuação é convertida para uma distribuição normal, as tabelas a 
seguir não mostram que 27% dos programas que recebem notas de 4 e 5 no Enade 
são programas bons e que os abaixo da média (1 e 2) são ruins. Elas mostram a dis-
tribuição dos programas acima e abaixo da média.
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010 • 559
Do ponto de vista da política pública, este indicador nos ajuda apenas a identi -
car a posição de um programa em relação a outros, dentro de um Estado ou mesmo 
do País. No entanto, não nos diz nada sobre a qualidade dos programas de Peda-
gogia, quanto eles preparam os futuros professores para a sala de aula e o possível 
impacto na aprendizagem dos alunos das escolas brasileiras.
Na tentativa de remediar o problema, em 2008, o Ministério da Educação criou 
um novo índice que integra outras dimensões ao exame do aluno. O Conceito Pre-
liminar de Curso (CPC) combina os dois índices anteriormente descritos (Conceito 
IDD e Conceito Enade), com medidas da qualidade dos professores (avaliada por 
meio de suas credenciais acadêmicas e do tempo dedicado ao programa), e a dispo-
nibilidade de recursos institucionais. Este indicador pressupõe que, em média, os 
recursos e as quali cações dos professores tornam um programa melhor. No entan-
to, restam algumas questões. Isso é verdade para a formação inicial de professores? 
O que faz um bom programa de ensino? Usando os dados do Enade 2005 para os 
programas de Pedagogia, este estudo empírico explora a relação entre fatores insti-
tucionais e os resultados dos graduados no exame.
Uma forma possível de criar indicadores para avaliar a qualidade de um pro-
grama reside em identi car as características institucionais associadas a níveis mais 
elevados de desempenho dos alunos ao  nal do programa. Neste estudo analisamos 
uma amostra de 20.480 graduados em Pedagogia de 532 instituições dos 27 estados 
brasileiros. Além do resultado das provas, o conjunto de dados contém informações 
sobre formação dos estudantes e suas percepções sobre o programa. 
A pontuação média da Pedagogia no Enade 2005 é de 49, e como se trata de 
uma prova clássica, isso signi ca que, em média, os graduados em Pedagogia acer-
Tabela 7 – Conceito Enade (n=646) e Conceito IDD (n=599) 
para programas de Pedagogia 
 Conceito Enade Conceito IDD 
Conceito 
Programas % Programas % 
1 13 2 22 4 
2 87 13 150 25 
3 374 58 251 41 
4 160 25 136 23 
5 12 2 40 7 
 Fonte: Enade/Inep, 2005. 
 
560 • Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010
tam 49% do exame (Tabela 8). Como não existe um resultado esperado para esta 
prova, este dado pode ser interpretado apenas de maneira comparativa. 
Noventa e dois por cento dos graduados em Pedagogia são do sexo feminino, 
e tem em média 32 anos. Ao redor de 36% dos graduados são pardos ou negros. 
Quase 40% dos graduados têm renda familiar inferior a 3 salários mínimos. É im-
portante notar que 72% deles têm experiência docente anterior. 
A pesquisa educacional tem demonstrado de forma consistente que a maior 
parte da variação no desempenho e na aprendizagem dos alunos deve-se às dife-
renças em seu background, isto é, suas habilidades anteriores e as características de 
sua família e comunidade. Portanto, um modelo que pretenda analisar a in! uên-
cia de um programa no desempenho de um graduado deve ser capaz de controlar 
esses fatores.
A tabela 9 mostra que 86% dos programas de Pedagogia são particulares. A 
maioria está concentrada nas regiões Sudeste (54%) e Sul (17%). Menos de um 
terço dos programas de formação inicial (29%) estão nas regiões Norte, Centro-
Oeste e Nordeste.
Tabela 8 – Características dos graduados em Pedagogia (n=20,480) 
Características dos alunos 
Resultado médio do Enade 49 
Feminimo 92% 
Idade média 32 
Negro ou pardo 36% 
Renda familiar mensal 
menos de 3 SM 37% 
3 a 10 SM 53% 
11 a 20 SM 7% 
acima de 20 SM 3% 
Experiência docente anterior 72% 
 Fonte: Enade/Inep, 2005. 
 
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010 • 561
A  m de analisar a relação entre o desempenho dos graduados e os fatores institu-
cionais, desenvolvemos dois índices que tentam captar o nível dos recursos institucio-
nais e as competências adquiridas pelos alunos no curso. O Índice de Competências 
é composto por 12 itens e representa a percepção dos graduados em relação à capaci-
dade que o curso teve em desenvolver habilidades essenciais nos futuros pro ssionais. 
Por outro lado, o Índice de Recursos é formado por dez itens e representaa percepção 
dos alunos sobre os recursos disponíveis em nível institucional (ver Apêndice 1 para 
detalhes sobre os itens utilizados no desenvolvimento desses índices).
A tabela 10 apresenta as características descritivas desses dois índices. Quanto 
maior o índice de competência de um programa mais seus alunos acreditam que o 
curso foi capaz de prepará-los para a vida pro ssional. Da mesma maneira, quanto 
maior o índice de recursos de um programa maior é a percepção dos alunos de que o 
curso dispunha dos recursos necessários para o ensino efetivo. Como indica a tabela 
10, há mais variação no índice de recursos do que no índice de competências. Além 
disso, a média para o primeiro é menor do que para o último. Isso mostra que, no 
Tabela 9 – Características institucionais (n=532) 
 Porcentagem Resultado médio 
Pública 14 50 
Particular 86 48 
CO 12 45 
NO 5 46 
NE 12 47 
SE 54 50 
S 17 50 
 Fonte: Enade/Inep, 2005. 
 
Tabela 10 – Estatísticas descritivas para o índice de recursos 
do programa e o índice de competências 
Variáveis (range) Mínimo Máximo Média 
Desvio 
Padrão 
Índice de recursos (0-40) 9,8 39,0 28,9 3,8 
Índice de competências (0-52) 27,2 52,0 41,5 3,3 
 Fonte: Enade/Inep, 2005. 
 
562 • Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010
caso do índice de competências, a maioria dos programas é bem avaliada por seus 
graduados, ou seja, em uma escala de 0-52, a média obtida foi 41. Revela também 
que há muito menos homogeneidade nos recursos disponíveis aos alunos nos dife-
rentes cursos de Pedagogia do País. 
Com o objetivo de testar a hipótese de que diferenças institucionais dos cur-
sos de Pedagogia (gestão pública ou privada, recursos disponíveis, capacidade de 
desenvolver determinadas habilidades nos alunos) estão associadas às diferenças na 
qualidade desses programas, medida pela nota Enade dos seus graduados, foi de-
senvolvido um modelo multinível que correlaciona os resultados dos graduados no 
exame com as suas características e a dos programas. 
O modelo ˆ nal de análise (ver Apêndice 2) produziu os resultados apresentados 
a seguir8:
Características dos alunos e pontuação Enade
Conforme esperado, sexo, raça e renda têm associação negativa com a pontua-
ção Enade. Além disso, o fato de o estudante de Pedagogia ter experiência docente 
anterior à sua graduação mostra uma associação positiva com a nota Enade do 
 graduado, mantendo todas as demais variáveis constantes. 
Características dos cursos de Pedagogia e pontuação Enade
O nível de recursos disponíveis para os alunos nos cursos de Pedagogia tem 
uma relação positiva com o resultado do Enade. No entanto, o desenvolvimento de 
competências não foi estatisticamente signiˆ cativo. Além disso, a região onde está 
localizado o programa também parece importar. Em média, os alunos matriculados 
em programas localizados nas regiões Sul e Sudeste têm pontuação superior aos 
estudantes matriculados em instituições localizadas nas regiões Norte, Nordeste e 
Centro-Oeste9, controlando as demais variáveis. 
8 Como a pergunta que orienta este estudo e os dados utilizados são multiníveis, foram utilizadas 
técnicas de modelagem multinível. Esse método é recomendado quando duas fontes de dados 
provenientes de dois ou mais níveis de hierarquia são combinados (Lee; Bryk, 1989; Raudenbush; 
Bryk, 2002). Neste estudo, os graduados estão inseridos dentro de programas. Assim, os dados 
dos graduados representam o nível mais baixo, e os dados do programa o nível mais elevado.
9 O teste de hipótese linear geral não indicou diferenças entre as regiões Sul e Sudeste, bem 
como entre o Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Portanto, essa variável indica se o programa 
pertence a um desses dois grupos.
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010 • 563
Além disso, alunos graduados de cursos de Pedagogia de instituições públicas 
têm desempenho superior, no Enade, aos de cursos privados, controlando as ca-
racterísticas dos estudantes. No entanto, a relação entre a experiência anterior dos 
graduados com a docência e a nota Enade pode variar entre os diferentes cursos de 
Pedagogia. Observamos que entre os graduados com experiência prévia em sala de 
aula (72% do total da amostra) não se observa diferença entre as instituições públi-
cas e privadas. 
Ainda que cursos de Pedagogia de instituições públicas sejam em média me-
lhores que os privados, mesmo levando em consideração as diferenças de nível 
 socioeconômico de seus egressos, essa vantagem desaparece quando se leva em conta 
a experiência docente prévia dos graduados. Se considerarmos que esse é o caso de 
mais de dois terços dos indivíduos que egressam de programas de Pedagogia do país, 
podemos dizer que na maioria dos casos não se observa diferença no resultado Enade 
dos graduados oriundos de cursos de Pedagogia de instituições públicas ou privadas. 
CONCLUSÃO 
Os problemas que o Brasil encontra para selecionar e contratar bons professores 
para a rede pública de ensino são muitos. Neste trabalho buscou-se identi! car al-
guns dos fatores associados a essas di! culdades. Há poucos incentivos ! nanceiros 
para os melhores alunos do ensino médio se tornarem professores. Embora as dispa-
ridades salariais entre os professores do setor público e as demais carreiras tenham 
diminuído ao longo dos anos, os professores com nível superior recebem, em mé-
dia, salários mais baixos do que outros pro! ssionais, tanto do setor público como 
do privado. Além disso, essa diferença aumenta signi! cativamente com os anos de 
experiência. De qualquer forma, o salário inicial de um professor do setor público 
ainda é mais baixo que o de outras carreiras. A essa baixa remuneração soma-se o 
baixo status social da carreira. 
Diferentemente dos países de alto desempenho, o Brasil atrai indivíduos com 
baixo rendimento acadêmico e com per! l socioeconômico mais baixo para progra-
mas de formação de professores. Além do per! l dos que são atraídos para a carreira 
docente, há que se levar em conta também a qualidade da formação oferecida a esses 
futuros professores. 
É importante notar que a expressiva mudança no per! l educacional dos pro-
fessores brasileiros nos últimos anos não produziu melhorias no desempenho dos 
alunos nos testes padronizados nacionais. Apesar do esforço de levar educação su-
perior aos professores, cursos de baixa qualidade podem tê-lo comprometido. Nosso 
564 • Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010
estudo empírico buscou analisar a qualidade desses cursos utilizando os dados do 
Enade. Ele revelou que os cursos de Pedagogia das instituições públicas são, na 
média, melhores que os das instituições privadas, mesmo quando levamos em con-
sideração o contexto socioeconômico dos alunos desses cursos. No entanto, essa 
vantagem desaparece quando se considera a experiência prévia na docência. Entre 
os graduados de Pedagogia que já deram aulas ou já são professores – dois terços dos 
ingressantes dos cursos de Pedagogia – não se observam diferenças signiˆ cativas no 
resultado Enade dos alunos de cursos públicos e privados. 
Diferenças no currículo dessas instituições talvez possam explicar essa relação 
aparentemente contraditória. Enquanto as instituições públicas tendem a oferecer 
uma abordagem mais teórica, centrando-se na pesquisa educacional, instituições 
particulares tendem a desenvolver uma abordagem mais pragmática do trabalho 
docente na formação de seus futuros professores. Assim, os indivíduos que já são 
professores, têm, provavelmente, expectativas diferentes, com relação a um progra-
ma de formação, daqueles que não têm experiência de sala de aula. Isso pode afetar 
sua relação com o programa a ponto de, em um contexto mais teórico, como é o 
caso dos cursosde instituições públicas de Pedagogia, esses alunos se sentirem mais 
desconectados, e isso afetar negativamente seu desempenho no Enade. 
A falta de mais informações acerca dos cursos de formação de professores, es-
pecialmente sobre seus currículos e abordagens, impede-nos de estimar a relação 
entre os resultados no Enade e as diferenças curriculares. Isso limita, portanto, a 
capacidade que esse tipo de estudo venha a ter no desenvolvimento e implementa-
ção de políticas públicas nessa área. O desenvolvimento de padrões de desempenho 
docente, especiˆ cando o que se espera de um bom professor, poderia não só apoiar 
a avaliação dos cursos de Pedagogia, ao fornecer elementos mais precisos que os que 
hoje balizam o Enade, mas também servir de apoio para programas de seleção e 
certiˆ cação docente. 
Não há dúvidas de que para atrair indivíduos mais qualiˆ cados para a carreira 
docente devemos melhorar os incentivos salariais e o status social da proˆ ssão. No 
entanto, compreender a eˆ cácia dos cursos de formação de professores, tanto das 
intituições privadas como públicas, se faz urgente. Para isso, necessitamos de mais 
pesquisas que foquem nos desenhos curriculares e na capacidade que os distintos 
cursos têm de preparar os nossos futuros professores para o desaˆ o das salas de aulas 
das escolas públicas brasileiras.
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010 • 565
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ON EDUCATION IN BRAZIL. Paper… Oxford: 
566 • Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010
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WÖBMANN, L. Schooling resources, 
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performance: the international evidence. 
Oxford Bulletin of Economics and Statistics, n. 65, 
v. 2, p. 117-170, 2003.
WORLD BANK. Incentives to improve teaching: 
lessons from Latin America. Washington: 
World Bank, 2005.
Recebido em: maio 2010
Aprovado para publicação em: julho 2010
Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010 • 567
APÊNDICE 1 
 
 
A) Variáveis incluídas no Índice de Recursos (o número corresponde ao item do questionário 
da Enade 2005): 
 
45. O espaço pedagógico é adequado ao número de estudantes? 
46. O material de consumo oferecido é suficiente para o número de estudantes? 
47. Os equipamentos disponíveis são suficientes para o número de estudantes? 
50. Como você avalia o acervo da biblioteca, quanto à utilização, face às necessidades curriculares do 
seu curso? 
51. Com relação aos livros mais usados no curso, o número de exemplares disponíveis na biblioteca 
atende ao alunado? 
52. Como você avalia o acervo de periódicos científico-acadêmicos disponíveis na biblioteca, quanto 
à atualização? 
53. A biblioteca de sua instituição oferece serviço de empréstimo de livros? 
54. Como é o serviço de pesquisa bibliográfica oferecido? 
55. A biblioteca tem um horário de funcionamento que atenda às suas necessidades? 
56. Instalações para leitura e estudo? 
 
 
B) Variáveis incluídas no Índice de Competências (o número corresponde ao item do 
questionário da Enade 2005): 
 
75. Como você avalia os procedimentos de ensino adotados pela maioria dos professores quanto à 
adequação aos objetivos do curso? 
80. Como é a disponibilidade dos professores do curso, na instituição, para orientação extraclasse? 
81. Seus professores têm demonstrado domínio atualizado das disciplinas ministradas? 
 
 
Em que medida o conjunto de disciplinas do curso contribui para você desenvolver as 
competências relacionadas abaixo: 
 
94. Atuação ética, com responsabilidade social, para a construção de uma sociedade includente e 
solidária. 
95. Organização, expressão e comunicação de pensamento. 
96. Raciocínio lógico e análise crítica. 
97. Compreensão de processos, tomada de decisão e resolução de problemas no âmbito de sua área 
de atuação. 
98. Atuação em equipes multi, pluri e interdisciplinares. 
99. Atuação profissional responsável em relação ao meio ambiente. 
100. Observação, interpretação e análise de dados e informações. 
101. Utilização de procedimentos de metodologia científica e de conhecimentos tecnológicos para a 
prática da profissão. 
102. Utilização de recursosde informática necessários para o exercício profissional. 
 
 
 
568 • Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010
APÊNDICE 2 
Modelo Analítico 
 
Modelo do Primeiro Nível: estudantes de Pedagogia 
Enade = β00+ β10*(IDADE) + β20*(RAÇA) + β30*(SEXO) + β40*(RENDA) + β50 *(TC_EXP) + r 
 
Modelo de Segundo Nível: cursos de Pedagogia 
β00 = γ00 + γ01*(PÚBLICO) + γ02*(IN_REC) + γ03*(IN_COMP) + γ04*(REGIÃO) 
β10 = γ10 
β20 = γ20 
β30 = γ30 
β40 = γ40 
β50 = γ50 + γ51*( PÚBLICO) +u5 
β60 = γ60 
 
Resultados 
Nível um: estudantes 
 Coeficiente 
Constante -0,077883 
IDADE 0,16264*** 
SEXO -0,098432** 
NÃO_BRAN -0,059003** 
RF_3A10 0,283090*** 
RF_M11 0,403604*** 
EXP_MAG 0,256328*** 
 
Nível dois: cursos de Pedagogia 
Efeitos Fixos 
 Coeficiente 
RESULTADO -0,356508*** 
SUMREC2 0,039586** 
SUMCOMP2 -0,004392 
PÚBLICO 0,374849*** 
SUL_SUDE 0,277379*** 
 
Efeitos Aleatórios 
 Coeficiente 
EXP_MAG 0,343810*** 
PÚBLICO -0,355372***

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