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N O Ç Õ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR A TI V O 1 LEI N. 9.784/1999 PROCESSO ADMINISTRATIVO NA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL INTRODUÇÃO Para uniformizar as regras administrativas em relação aos processos administrativos no âmbito da Administração Pública Federal foi editada a Lei n. 9.784/1999. Processo em sentido amplo é a forma, o instrumento utilizado pelos três poderes do Estado (Judiciário, Legisla- tivo e Executivo) para a consecução de seus fins. Nesse sentido, o processo “se apresenta como uma série de atos coordenados para realização dos fins estatais, pode-se fazer um primeira classificação, separando-se, de um lado, o processo legislativo, pelo qual o Estado elabora a lei, e, de outro, os processos judicial e administrativo, pelo quais o Estado aplica a lei” (DI PIETRO, 2004, p. 528, grifo nosso). No processo administrativo a Administração atua como parte interessada, a relação que se forma é bilateral, ou seja, o administrado deduz uma pretensão perante a Admi- nistração e esta decide conforme seus interesses utilizando a lei como parâmetro. Já nos processos judiciais o Estado atua como terceira pessoa, o Poder Judiciário, quando pro- vocado, resolve conflito de interesses particulares, tem-se, portanto, uma relação jurídica trilateral: autor, réu e o juiz. A Lei n. 9.784/1999, tem características de lei federal, visto que é aplicada apenas na tramitação dos processos admi- nistrativos dentro da Administração Pública Federal (Executivo, Legislativo e Judiciário Federal). Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, em razão de suas autonomias, podem estabe- lecer suas próprias regras a respeito de seus processos admi- nistrativos. No entanto, nada impede que essas pessoas se uti- lizem dos dispositivos contidos na Lei n. 9.784/1999. Por fim, vale destacar que as normas contidas na Lei n. 9.784/1999 têm caráter genérico e subsidiário, nesse sen- tido o art. 69 disciplina que “os processos administrativos específicos continuarão a reger-se por lei própria, aplicando- -se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei”. Sendo assim, os processos administrativos específicos, como é o caso do Processo Administrativo Disciplinar (regu- lado pela Lei n. 8.112/1990); os processos tributários, regu- lados pelo Código Tributário Nacional, ou seja, as leis refe- rentes a processos administrativos específicos continuam sendo normalmente aplicadas. Exemplificando o tema: considere que uma equipe de fiscalização do IBAMA, ao fiscalizar uma determinada ADENDO POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL – MÓDULO II NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO empresa, aplicasse uma multa motivando a ocorrência de dano ambiental. Nessa situação hipotética, a empresa multada poderia exercer o direito do contraditório e da ampla defesa, no qual seria aberto um processo administrativo para apurar a legalidade e a veracidade da situação narrada. Outro exemplo pode-se dar quando um administrado solicita um laudo técnico à Administração para posteriormente obter alvará de licença. Nesse caso, a Administração Pública irá iniciar um processo administrativo para o consentimento ou não da referida licença. PRINCÍPIOS ORIENTADORES DOS PROCESSOS ADMINIS- TRATIVOS Com base na doutrina de Hely Lopes Meirelles, o pro- cesso administrativo deve observância constante a cinco princípios: o da legalidade objetiva, o da oficialidade, o do informalismo, o da verdade material e o da garantia de defesa. Legalidade objetiva O princípio da legalidade objetiva exige que o processo administrativo deve ser instaurado e conduzido com base na lei. Todo processo administrativo deve embasar-se em uma norma legal específica para estar em conformidade com a legalidade objetiva, portanto, se o processo for conduzido contrariamente a determinação da lei, esse deverá ser inva- lidado. Oficialidade (princípio do impulso oficial) Compete à Administração a movimentação dos pro- cessos administrativos, mesmo os iniciados pelo particu- lar. Por esse princípio, após o início do processo, mesmo os iniciados pelo particular, aquele passa a pertencer ao Poder Público, a quem compete seu impulsionamento, até a decisão final. Diferentemente do processo administrativo, é o judicial, naquele a Administração movimenta o processo mesmo que o particular não dê prosseguimento; no judicial, cabem às partes impulsionar o processo, sob pena da para- lisação. Informalismo Pelo princípio do informalismo são dispensados ritos sacramentais e formas rígidas para o processo adminis- trativo. Bastam as formalidades estritamente necessárias J.W . G R A N JEIR O / R O D R IG O C A R D O SO 2 à obtenção da certeza jurídica e à segurança processual. Esse princípio é justamente para beneficiar o particular, pois não é necessária a participação, em regra, de advogado. Meirelles (2008, p. 696) leciona que o processo admi- nistrativo deve ser simples, despido de exigências formais excessivas. No entanto, “quando a lei impõe uma forma ou uma formalidade, esta deverá ser atendida, sob pena de nulidade do procedimento”. Outra característica dos processos administrativos é que o interessado tem a faculdade de atuar pessoalmente sem o acompanhamento de um advogado. Mesmo nos pro- cessos administrativos instaurados para o fim de aplicação de sanções disciplinares a servidores públicos não é exigido a presença de advogado, é esse o conteúdo da Súmula Vin- culante n. 5: “A falta de defesa técnica por advogado no pro- cesso administrativo disciplinar não ofende a Constituição”. Verdade material O princípio da verdade material retrata uma das diferen- ças entre os processos administrativos e judiciais. Por esse princípio o importante é conhecer o fato efetivamente ocorrido. Importa saber como ocorreu o fato no mundo real. As provas podem ser apresentadas em qualquer fase do processo. Nos processos judiciais vale “o que não está nos autos, não está no mundo jurídico”. Partindo do princípio da verdade material é aceito a reforma em prejuízo reformatio in pejus. Logo, por exemplo, se uma pessoa jurídica em um processo fiscal levar duas multas e recorrer, e por acaso for acolhido que uma delas é indevida, poderá haver outro recurso para uma instância superior, logo, esta poderá reformar a decisão, mantendo a multa que foi invalidada primeiramente. Isso decorre da verdade material, que é proibida nos processos judiciais. Contraditório e ampla defesa Esse princípio é de necessário entendimento tanto nos processos administrativos quanto nos judiciais. A Constituição Federal em seu art. 5º, LV, expressa que “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. A ampla defesa está relacionada à utilização de todos os meios lícitos, pelo acusado, para provar sua inocência. Já o contraditório é a garantia de que seja dada ao acusado a oportunidade de manifestar-se a respeito de todos os fatos a ele imputados e de todas as provas contra ele produzidas. PRINCÍPIOS EXPRESSOS NA LEI N. 9.784/1999 Está disposto no art. 2º da Lei do processo administrativo que “a Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência”. Esses princípios devem ser atendidos de maneira conjunta com os princípios informadores dos processos administrativos em geral. • legalidade: exige que o processo administrativo seja conduzido com base em lei e no direito. • finalidade: o processo administrativo deve ser con- duzido de modo a satisfazer o interesse públicoe não o interesse particular. • motivação: indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão. • razoabilidade: adequação entre meios e fins. Cri- tério de bom senso, o administrador deve ter uma atitude equilibrada. • proporcionalidade: “princípio da proibição de excesso”. A edição do ato deve ser proporcional ao dano ou ao perigo. Segundo a Lei n. 9.784/1999 a proporcionalidade “veda a imposição de obriga- ções, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público”. • moralidade: atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé. • ampla defesa (art. 5º, LV): possibilidade de utiliza- ção de todos os meios, pelo acusado, para provar sua inocência. • contraditório (art. 5º, LV): é necessário que seja dado ao acusado a oportunidade de manifestar-se a respeito de todos os fatos a ele imputados e de todas as provas contra ele produzidas. • segurança jurídica: veda a aplicação retroativa de nova interpretação de lei no âmbito da Administra- ção Pública. O princípio da segurança jurídica não permite que novas orientações extraídas de inter- pretações firmadas pela Administração sobre deter- minadas matérias tenham aplicação retroativa. • interesse público: é decorrente da impessoali- dade (vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades). • eficiência: (art. 37, da CF/1988). DIREITOS DO ADMINISTRADO São direitos do administrado em relação aos processos administrativos: I – ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações; II – ter ciência da tramitação dos processos admi- nistrativos em que tenha a condição de interessa- do, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas; III – formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objetos de consi- deração pelo órgão competente; IV – fazer-se assistir, facultativamente, por advoga- do, salvo quando obrigatória a representação, por força de lei. Em razão do exposto, a lei do processo administra- tivo federal disciplina uma lista exemplificativa de direitos dos administrados perante a administração no decorrer dos processos. Vale dizer que o Poder Público deve atender, também, ao disciplinado no art. 5º, LXXVIII, da CF/1988, que N O Ç Õ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR A TI V O 3 estabelece a condução do processo nos seguintes termos: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegura- dos a razoável duração do processo e os meios que garan- tam a celeridade de sua tramitação”. Essa determinação constitucional é conhecida como princípio da celeridade pro- cessual. Cabe mencionar outro direito dispensado ao adminis- trado incluído pela Lei n. 12.008/2009, que acrescentou o art. 69-A ao texto da Lei n. 9.784/1999, nos seguintes termos: Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em qual- quer órgão ou instância, os procedimentos adminis- trativos em que figure como parte ou interessado: (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009) I – pessoa com idade igual ou superior a 60 (ses- senta) anos; (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009) II – pessoa portadora de deficiência, física ou men- tal; (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009) III – (Vetado) (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009) IV – pessoa portadora de tuberculose ativa, es- clerose múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose an- quilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, es- tados avançados da doença de Paget (osteíte de- formante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após o início do processo. (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009) §1º A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade administrativa competente, que deter- minará as providências a serem cumpridas. (Incluí- do pela Lei n. 12.008, de 2009) §2º Deferida a prioridade, os autos receberão iden- tificação própria que evidencie o regime de tramita- ção prioritária. (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009) Esse direito de prioridade na tramitação do processo é justificado pela situação pessoal do administrado. É oportuno observar que o administrado não tem apenas direitos. A lei em estudo disciplina que são deveres do administrado perante a Administração (art. 4º): I – expor os fatos conforme a verdade; II – proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; III – não agir de modo temerário; IV – prestar as informações que lhe forem solicita- das e colaborar para o esclarecimento dos fatos. INÍCIO DO PROCESSO Conforme dispõe o art. 5º, o processo administrativo pode ser iniciado pela Administração (de ofício) ou pelo interessado (a pedido). O requerimento inicial do interessado deve ser formu- lado por escrito, salvo nos casos em que for admitida solici- tação oral, e conterá os seguintes elementos: I – órgão ou autoridade administrativa a que se di- rige; II – identificação do interessado ou de quem o re- presente; III – domicílio do requerente ou local para recebimen- to de comunicações; IV – formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos; V – data e assinatura do requerente ou de seu re- presentante. O art. 8º orienta que os pedidos de diferentes interes- sados poderão ser formulados em um único requerimento, quando estes tiverem conteúdo e fundamento idêntico, salvo preceito legal em contrário. Por fim, o art. 9º define como legitimadores no processo, na qualidade de interessados: I – pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de representação; II – aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada; III – as organizações e associações representati- vas, no tocante a direitos e interesses coletivos; IV – as pessoas ou as associações legalmente constituídas quanto a direitos ou interesses difusos. Regra: São considerados capazes, para fins de pro- cesso administrativo, os maiores de 18 anos. COMPETÊNCIA A competência para apreciar o processo administrativo é do órgão administrativo a que foi atribuída esta função. No entanto, nos casos admitidos, a competência poderá ser delegada ou avocada. • Delegação: os atos podem ser delegados, desde que não tenham impedimento legal. O art. 13 da lei em estudo estabelece as matérias indelegáveis, a saber: Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: I – a edição de atos de caráter normativo; II – a decisão de recursos administrativos; III – as matérias de competência exclusiva do órgão ou utoridade. Características a) a competência é irrenunciável; b) é admitida a delegação entre órgãos que não sejam subordinados. Ex.: O Ministério da Saúde delega ao Ministério do Trabalho a competência para estabe- lecer regras referente a prevenção de doenças la- borais. Note que não há hierarquia entre os órgãos envolvidos; c) o ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial (art. 14); d) o ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante (§2º do art. 14); e) as decisões adotadas por delegação devem men- cionar explicitamente esta qualidade e considerar- -se-ão editadas pelo delegado (§3º do art. 14). J.W . G R A N JEIR O / R O D R IG O C A R D O SO 4 • Avocação: é o exercício de atribuição de órgão infe- rior pelo superior(o órgão chama para si a compe- tência originariamente atribuída ao órgão inferior). Para haver a avocação é necessário haver poder hierárquico entre os órgãos envolvidos. Enquanto a delegação é a regra, a avocação é medida excepcional. O art. 15 disciplina a matéria nos seguintes termos: “será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior”. IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO O impedimento gera a incapacidade absoluta de pra- ticar o ato; o servidor fica absolutamente impedido de atuar no processo. O servidor impedido deve comunicar o ato à autoridade competente, abstendo-se de atuar, sob pena de incorrrer em falta grave, para efeitos disciplinares. O art. 18 estabelece que é impedido de atuar em pro- cesso administrativo o servidor ou autoridade que: I – tenha interesse direto ou indireto na matéria; II – tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se tais situ- ações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau; III – esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou com- panheiro. A suspeição gera uma incapacidade relativa, restando o vício sanado se o interessado não alegá-la no momento oportuno. Se não for alegada a suspeição pela parte interessada, o ato praticado pela autoridade suspeita será válido. O art. 20 da lei em estudo dispõe que: “pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau”. Segundo essa orientação a suspeição é disciplinada como faculdade da parte interessada, visto que a lei não estabelece para o servidor a obrigação de se declarar sus- peito, como ocorre no caso de impedimento. Obs.:� Ambos os institutos tornam o ato anulável, passí- vel de convalidação por uma autoridade competen- te, que não esteja na situação de impedimento ou suspeição. FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO Em razão ao princípio do informalismo, os atos do pro- cesso não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir. No entanto, devem ser produzidos por escrito, em vernáculo (língua portuguesa), com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável. Atendendo ao princípio do informalismo, o §2º do art. 22 dispõe que o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver dúvida de autenticidade. E o §3º do mesmo artigo estabelece que a “autenticação de documentos exi- gidos em cópia poderá ser feita pelo órgão administrativo”. Em regra “os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no horário normal de funcionamento da repartição na qual tramitar o processo” (art. 23). No entanto os atos já iniciados poderão ser concluídos depois do horário normal, pois, em determinadas situações, o adiamento pode prejudi- car o curso regular do procedimento ou cause dano ao inte- ressado ou à Administração. Em relação ao lugar dos atos processuais, o art. 25 dis- ciplina que “os atos do processo devem realizar-se preferen- cialmente na sede do órgão, cientificando-se o interessado se outro for o local de realização”. Por fim, o art. 24 estabelece o prazo de cinco dias, podendo ser prorrogado por até mais cinco (mediante jus- tificativa), para a prática de atos processuais pela Adminis- tração ou pelo particular quando inexistentes disposições específicas. Logo, a lei estabeleceu um prazo genérico que só deverá ser utilizado quando na falta de prazos específi- cos previstos na lei. INTIMAÇÃO DO INTERESSADO O particular deve ser intimado das decisões do pro- cesso ou da realização de diligências. Se necessário o com- parecimento do particular à repartição, deverá ser ele inti- mado com no mínimo três dias úteis de antecedência. O §3º do art. 26 estabelece que “a intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do interessado”. Quando a Administra- ção pretender intimar interessados indeterminados, desco- nhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por meio de publicação oficial (§4º do art. 26). A intimação por meio de edital somente deverá se realizada quando não for possível a intimação pelos outros meios autorizados pela lei, como: ciência no processo, via postal, por telegrama etc. Obs.:� Em observância ao princípio da verdade material, o desatendimento da intimação não importa o reco- nhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia do direito pelo administrado (art. 27). INSTRUÇÃO É a fase do processo que se destina ao levantamento de todas as provas e elementos capazes de confirmar ou refutar os fatos alegados. As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados necessários à tomada de decisão reali- zam-se de ofício ou mediante impulsão do órgão responsá- vel pelo processo, sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações probatórias. O órgão competente para a instrução fará constar dos autos os dados necessários à decisão do processo. Os atos de instrução que exijam a atuação dos inte- ressados devem realizar-se do modo menos oneroso para estes. N O Ç Õ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR A TI V O 5 São inadmissíveis no processo administrativo as provas obtidas por meios ilícitos. O art. 31 da lei prevê a possibilidade de haver consulta pública na qual a Administração procura obter a opinião dos administrados sobre assuntos relevantes discutidos no pro- cesso. É o seguinte o teor do art. 31 da Lei n. 9.784/1999: Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de interesse geral, o órgão competente poderá, mediante despacho motivado, abrir período de consulta pública para manifestação de terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo para a parte interessada. O art. 32 prevê a possibilidade de realização de audi- ência pública, que também é uma forma de consulta, e tem como função obter manifestações orais e provocar debates em sessão pública realizada para debater sobre matéria específica. A abertura da consulta pública será objeto de divulga- ção pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de alegações escritas. O comparecimento à consulta pública não confere, por si, a condição de interessado do processo, mas confere o direito de obter da Administração resposta fundamentada, que poderá ser comum a todas as alegações substancial- mente iguais. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria relevante, poderão estabelecer outros meios de participação de administrados, diretamente ou por meio de organizações e associações legalmente reconhecidas. Os resultados da consulta e audiência pública e de outros meios de participação de administrados deverão ser apresentados com a indicação do procedimento adotado. Quando necessária à instrução do processo, a audiên- cia de outros órgãos ou entidades administrativas poderá ser realizada em reunião conjunta, com a participação de titula- res ou representantes dos órgãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos autos. Cabe ao interes- sado a prova dos fatos que tenha alegado. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Adminis- tração responsável pelo processo ou em outro órgão admi- nistrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias. O interessado poderá, na fase instrutóriae antes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, reque- rer diligências e perícias, bem como aduzir alegações refe- rentes à matéria objeto do processo. Quando for necessária a prestação de informações ou a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão expedidas intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo, forma e condições de atendimento. Não sendo atendida a intimação, poderá o órgão competente, se enten- der relevante a matéria, suprir de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao interessado forem necessários à apreciação de pedido for- mulado, o não atendimento no prazo fixado pela Administra- ção para a respectiva apresentação implicará arquivamento do processo. Os interessados serão intimados de prova ou diligên- cia ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis, mencionando-se data, hora e local de realização. Quando deve ser obrigatoriamente ouvido um órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de quinze dias, salvo norma especial ou comprovada neces- sidade de maior prazo. Obs.:� Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva apresentação, respon- sabilizando-se quem der causa ao atraso. Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento e ser decidido com sua dispen- sa, sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento. Quando por disposição de ato normativo devem ser previamente obtidos laudos técnicos de órgãos administrati- vos e estes não cumprirem o encargo no prazo assinalado, o órgão responsável pela instrução deverá solicitar laudo técnico de outro órgão dotado de qualificação e capacidade técnica equivalentes. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado. Em caso de risco iminente, a Administração Pública poderá motivadamente adotar providências acauteladoras sem a prévia manifestação do interessado. Os interessados têm direito à vista do processo e a obter certidões ou cópias reprográficas dos dados e docu- mentos que o integram, ressalvados os dados e documentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito à privaci- dade, à honra e à imagem. O órgão de instrução que não for competente para emitir a decisão final elaborará relatório indicando o pedido inicial, o conteúdo das fases do procedimento e formulará proposta de decisão, objetivamente justificada, encami- nhando o processo à autoridade competente. DECISÃO DO PROCESSO Concluída a instrução, a Administração tem o prazo de até 30 dias para emitir a decisão, esse prazo poderá ser prorrogado, desde que motivado, por mais 30 dias (art. 49). Disciplina o art. 48 que a “Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrati- vos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência”. Por fim, quando o órgão responsável pela instrução não for competente para emitir a decisão final, elaborará relatório indi- cando o pedido inicial, o conteúdo das fases do procedimento e formulará proposta de decisão, objetivamente justificada, enca- minhando o processo à autoridade competente (art. 47). J.W . G R A N JEIR O / R O D R IG O C A R D O SO 6 MOTIVAÇÃO Em regra, os atos devem ser motivados. O art. 50 da lei em estudo exemplifica alguns atos de motivação obrigatória, a saber: Art. 50. Os atos administrativos deverão ser moti- vados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I – neguem, limitem ou afetem direitos ou interes- ses; II – imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III – decidam processos administrativos de concur- so ou seleção pública; IV – dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V – decidam recursos administrativos; VI – decorram de reexame de ofício; VII – deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, pro- postas e relatórios oficiais; VIII – importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. Deve-se entender que não são só apenas os atos transcritos nesse artigo que devem ser motivados. Di Pietro (2004, p. 204) leciona “que a motivação é, em regra, neces- sária, seja para os atos vinculados, seja para os atos discri- cionários, pois constitui garantia de legitimidade, que tanto diz respeito ao interessado como à própria Administração Pública; a motivação é que permite a verificação, a qualquer momento, da legalidade do ato, até mesmo pelos demais Poderes do Estado”. Por fim o §1º do art. 50 disciplina que “a motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato”. DESISTÊNCIA E EXTINÇÃO DO PROCESSO A desistência do processo poderá ser requerida a qualquer momento pelo interessado. O art. 51 estabelece que “o interessado poderá, mediante manifestação escrita, desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis”. Se houver vários interessados no processo, a desistên- cia ou renúncia atinge somente a quem a tenha formulado (§1º do art. 5º). A desistência ou a renúncia do interessado não prejudica o prosseguimento do processo, se a Adminis- tração considerar que é de interesse público o seu prosse- guimento (§2º do art. 5º). ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO Embora a Lei n. 9.784/1999 tenha como objetivo esta- belecer regras referentes ao processo administrativo, seus mandamentos têm grande influência na teoria dos atos administrativos. Com efeito, esse tema já foi amplamente lecionado no capítulo específico que trata desta teoria dos atos, contudo vale repetir alguns pontos estabelecidos pela lei em estudo. Os atos ilegais devem ser anulados pela própria Admi- nistração Pública ou pelo Poder Judiciário. Já a revogação só é realizada pela própria Administração. Nesse sentido, o art. 53 disciplina que “Administração deve anular seus pró- prios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, res- peitados os direitos adquiridos”. O art. 55 admite a possibilidade da convalidação dos atos administrativos defeituosos. Com o advento da lei do processo administrativo federal, ficou pacificada a possibilidade de con- validação, pois a doutrina até então não admitia a possibili- dade da convalidação dos atos administrativos. Os autores que não admitiam a convalidação argumentavam que: os atos são legais ou ilegais, válidos ou nulos, não existindo a possibi- lidade de correção e são incapazes de produzir efeitos. O teor do art. 55, que disciplina a convalidação, é o seguinte: Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarre- tarem lesão ao interesse público nem prejuízo a ter- ceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração. Prazo para anulação do ato na esfera federal (art. 54 da Lei n. 9.784/1999): a) é de 5 anos, se o ato for favorável ao administrado e se este estiver de boa-fé; b) não há prazo se for desfavorável ao administrado ou se em ato favorável o administrado estava de má-fé. Obs.:� No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primei- ro pagamento (5 anos). RECURSO ADMINISTRATIVO E REVISÃO Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade e de mérito (art. 56). A Lei n. 9.784/1999 autoriza a interposição de recursoadministrativo para combater suas próprias decisões. Nesse caso, estamos diante do denominado recurso hierárquico (decidido por autoridade superior à que proferiu a decisão recorrida) O art. 57 estabelece que o recurso administrativo trami- tará no máximo por três instâncias administrativas, salvo dis- posição legal diversa. Isso que dizer que haverá no máximo dois recursos, como, por exemplo: cabe um recurso da pri- meira decisão, que levará o processo a ser decidido em segunda instância, e outro recurso para combater a decisão proferida na segunda instância, que levará o processo a ser decidido em terceira instância. Vale lembrar que outras leis específicas podem disciplinar processos com mais de três instâncias ou com menos instâncias recursais. O §1º do art. 56 disciplina que “o recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, aqueles, se não a recon- siderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior”. Vale repetir: antes de ser encaminhado o recurso à autoridade superior, a autoridade que proferiu a decisão recorrida terá de manifestar-se quanto à possibilidade de reconsideração (possibilidade de modificar a decisão que N O Ç Õ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR A TI V O 7 ela própria proferiu), no prazo de cinco dias, contudo, se não houver reconsideração, o recurso será encaminhado para autoridade superior – recurso hierárquico. O prazo para interpor recurso, não havendo disposição específica, é de dez dias contados da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida, restando à autoridade decidir o recurso no prazo de trinta dias (podendo ser prorrogado por igual período mediante justificativa) a partir do recebimento do recurso. O prazo de 10 dias para interpor recurso é preclusivo, desse modo o recurso interposto fora do prazo não será reconhecido. O art. 58 da lei em estudo arrola os legitimados para interpor recurso administrativo: I – os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo; II – aqueles cujos direitos ou interesses forem indi- retamente afetados pela decisão recorrida; III – as organizações e associações representati- vas, no tocante a direitos e interesses coletivos; IV – os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos. Questão relevante a respeito do provimento do recurso é disciplinado no art. 63, o qual estabelece a seguinte regra: Art. 63. O recurso não será conhecido quando in- terposto: I – fora do prazo; II – perante órgão incompetente; III – por quem não seja legitimado; IV – após exaurida a esfera administrativa. Contudo, o §2º do art. 63 possibilita, em decorrência da autotutela administrativa, que “o não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão administra- tiva”. Em regra, a lei estabelece a inexigibilidade de caução para interposição de recurso administrativo. Essa inexigibili- dade é disposta nos seguintes termos (§2º do art. 56): §2º Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo independe de caução. Consoante se consta, a lei deixou oportunidade para outras leis específicas adotarem ou não a necessidade de depósito de valores como garantia como condição para a interposição de recursos em processos administrativos. Contudo, o Supremo Tribunal Federal entende ser inconstitucional a existência, mesmo que estabelecida em lei, de caução como condição de admissibilidade de recur- sos em processos administrativos concernentes a tributos. Para o STF, a exigência dessa ordem configura ofensa ao art. 5º, LV, da Constituição: “aos litigantes, em processo judi- cial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegu- rados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recur- sos a ela inerentes”. Esse posicionamento foi cristalizado na redação da Súmula Vinculante n. 21, que tem a seguinte redação: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrola- mento prévios de dinheiro ou bens para admissibili- dade de recurso administrativo. Decorre, então, que, se alguma lei estipular exigên- cia de depósito ou arrolamento de bens como condição de admissibilidade de recursos em processo administrativo, será inconstitucional nessa parte. O art. 61 dispõe que: salvo disposição legal em contrá- rio, o recurso não tem efeito suspensivo. Isso quer dizer que, em regra, o recurso só possui efeito devolutivo (será apre- ciado por outra autoridade), isso significa que a Administra- ção não fica impedida de praticar o ato que esteja sendo revisionado por outra esfera administrativa. Como exemplo, temos a interdição de um estabeleci- mento comercial realizado pelos fiscais da vigilância sanitá- ria. Nesse exemplo, se o interessado entrar com um recurso questionando o ato de interdição, o estabelecimento conti- nuará fechado até a decisão do recurso (efeito devolutivo), se esse tivesse efeito suspensivo o estabelecimento seria primeiro reaberto, e posteriormente decidido o recurso. Contudo, o efeito suspensivo pode ser excepcional- mente concedido conforme disciplina o parágrafo único do art. 61, a saber: “havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso”. O art. 64 estabelece que o órgão competente para deci- dir o recurso poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência. E no caso da decisão recorrida ocorrer gravame à situação do recorrente (reformatio in pejus), este deverá ser cientificado para que formule suas alegações antes da decisão. De forma diversa, o art. 65 que dispõe sobre a revisão do processo administrativo não se admite o agravamento das sanções (reformatio in pejus). Os processos administra- tivos de que resultem sanções poderão ser revistos, a qual- quer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada (art. 65). DECISÃO DE RECURSO CONTRA SÚMULA DO STF Caso o recorrente alegar que a decisão administrativa contrariou enunciado de súmula vinculante editada pelo STF, “caberá à autoridade prolatora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou inapli- cabilidade da súmula, conforme o caso” (§3º do art. 56). Não reconsiderada a decisão que contrariou o enun- ciado de súmula vinculante, a autoridade encaminhará o recurso ao órgão competente para decidir o recurso, a qual explicitará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso (art. 64-A). Finalmente, se o interessado entender que a admi- nistração violou enunciado de súmula vinculante, poderá propor reclamação perante o STF, no entanto deverá pri- meiramente esgotar as vias administrativas (art. 7º da Lei n. 11.417/2006). Nos termos do art. 64-B se “acolhida pelo Supremo Tribunal Federal à reclamação fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á ciência à autori- dade prolatora e ao órgão competente para o julgamento do J.W . G R A N JEIR O / R O D R IG O C A R D O SO 8 recurso, que deverão adequar às futuras decisões adminis- trativas em casos semelhantes, sob pena de responsabiliza- ção pessoal nas esferas cível, administrativa e penal”. CONTAGEM DOS PRAZOS Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluindo-se o do vencimento. Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver expediente oueste for encerrado antes da hora normal. Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo. Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a data. Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente àquele do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, os prazos processuais não se suspendem. LEI N. 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999 Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 1º Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direi- tos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração. §1º Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho de função administrativa. §2º Para os fins desta Lei, consideram-se: I – órgão – a unidade de atuação integrante da estru- tura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta; II – entidade – a unidade de atuação dotada de perso- nalidade jurídica; III – autoridade – o servidor ou agente público dotado de poder de decisão. Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiên- cia. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: I – atuação conforme a lei e o Direito; II – atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei; III – objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades; IV – atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé; V – divulgação oficial dos atos administrativos, ressal- vadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição; VI – adequação entre meios e fins, vedada a imposi- ção de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do inte- resse público; VII – indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; VIII – observância das formalidades essenciais à garan- tia dos direitos dos administrados; IX – adoção de formas simples, suficientes para pro- piciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; X – garantia dos direitos à comunicação, à apresenta- ção de alegações finais, à produção de provas e à interpo- sição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; XI – proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei; XII – impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados; XIII – interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. CAPÍTULO II DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam asse- gurados: I – ser tratado com respeito pelas autoridades e servi- dores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações; II – ter ciência da tramitação dos processos administra- tivos em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhe- cer as decisões proferidas; III – formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente; IV – fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a representação, por força de lei. CAPÍTULO III DOS DEVERES DO ADMINISTRADO Art. 4º São deveres do administrado perante a Adminis- tração, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo: I – expor os fatos conforme a verdade; II – proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; III – não agir de modo temerário; IV – prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos. N O Ç Õ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR A TI V O 9 CAPÍTULO IV DO INÍCIO DO PROCESSO Art. 5º O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de interessado. Art. 6º O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for admitida solicitação oral, deve ser formu- lado por escrito e conter os seguintes dados: I – órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; II – identificação do interessado ou de quem o repre- sente; III – domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações; IV – formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos; V – data e assinatura do requerente ou de seu repre- sentante. Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada de recebimento de documentos, devendo o ser- vidor orientar o interessado quanto ao suprimento de even- tuais falhas. Art. 7º Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar modelos ou formulários padronizados para assun- tos que importem pretensões equivalentes. Art. 8º Quando os pedidos de uma pluralidade de inte- ressados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, pode- rão ser formulados em um único requerimento, salvo pre- ceito legal em contrário. CAPÍTULO V DOS INTERESSADOS Art. 9º São legitimados como interessados no processo administrativo: I – pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titu- lares de direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de representação; II – aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada; III – as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos; IV – as pessoas ou as associações legalmente consti- tuídas quanto a direitos ou interesses difusos. Art. 10. São capazes, para fins de processo administra- tivo, os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão espe- cial em ato normativo próprio. CAPÍTULO VI DA COMPETÊNCIA Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como pró- pria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos. Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular pode- rão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de competência dos órgãos colegia- dos aos respectivos presidentes. Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: I – a edição de atos de caráter normativo; II – a decisão de recursos administrativos; III – as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial. §1º O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da atribuição dele- gada. §2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante. §3º As decisões adotadas por delegação devem men- cionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão edi- tadas pelo delegado.Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquica- mente inferior. Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulga- rão publicamente os locais das respectivas sedes e, quando conveniente, a unidade fundacional competente em matéria de interesse especial. Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo administrativo deverá ser iniciado perante a autori- dade de menor grau hierárquico para decidir. CAPÍTULO VII DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO Art. 18. É impedido de atuar em processo administra- tivo o servidor ou autoridade que: I – tenha interesse direto ou indireto na matéria; II – tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau; III – esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro. Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impe- dimento deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de atuar. Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares. Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau. Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo. CAPÍTULO VIII DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO Art. 22. Os atos do processo administrativo não depen- dem de forma determinada senão quando a lei expressa- mente a exigir. J.W . G R A N JEIR O / R O D R IG O C A R D O SO 10 §1º Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realiza- ção e a assinatura da autoridade responsável. §2º Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver dúvida de autentici- dade. §3º A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá ser feita pelo órgão administrativo. §4º O processo deverá ter suas páginas numeradas seqüencialmente e rubricadas. Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no horário normal de funcionamento da repartição na qual tramitar o processo. Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do procedimento ou cause dano ao interes- sado ou à Administração. Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos admi- nistrados que dele participem devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior. Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação. Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se prefe- rencialmente na sede do órgão, cientificando-se o interes- sado se outro for o local de realização. CAPÍTULO IX DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo administrativo determinará a intimação do interes- sado para ciência de decisão ou a efetivação de diligências. §1º A intimação deverá conter: I – identificação do intimado e nome do órgão ou enti- dade administrativa; II – finalidade da intimação; III – data, hora e local em que deve comparecer; IV – se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se representar; V – informação da continuidade do processo indepen- dentemente do seu comparecimento; VI – indicação dos fatos e fundamentos legais perti- nentes. §2º A intimação observará a antecedência mínima de três dias úteis quanto à data de comparecimento. §3º A intimação pode ser efetuada por ciência no pro- cesso, por via postal com aviso de recebimento, por tele- grama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do interessado. §4º No caso de interessados indeterminados, desco- nhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por meio de publicação oficial. §5º As intimações serão nulas quando feitas sem observância das prescrições legais, mas o comparecimento do administrado supre sua falta ou irregularidade. Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado. Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garantido direito de ampla defesa ao interessado. Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do pro- cesso que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse. CAPÍTULO X DA INSTRUÇÃO Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averi- guar e comprovar os dados necessários à tomada de deci- são realizam-se de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos inte- ressados de propor atuações probatórias. §1º O órgão competente para a instrução fará constar dos autos os dados necessários à decisão do processo. §2º Os atos de instrução que exijam a atuação dos inte- ressados devem realizar-se do modo menos oneroso para estes. Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as provas obtidas por meios ilícitos. Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de interesse geral, o órgão competente poderá, mediante despacho motivado, abrir período de consulta pública para manifestação de terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo para a parte interessada. §1º A abertura da consulta pública será objeto de divul- gação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de alegações escritas. §2º O comparecimento à consulta pública não confere, por si, a condição de interessado do processo, mas confere o direito de obter da Administração resposta fundamentada, que poderá ser comum a todas as alegações substancial- mente iguais. Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autori- dade, diante da relevância da questão, poderá ser realizada audiência pública para debates sobre a matéria do processo. Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria relevante, poderão estabelecer outros meios de participação de administrados, diretamente ou por meio de organizações e associações legalmente reconhecidas. Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de outros meios de participação de administrados deve- rão ser apresentados com a indicação do procedimento ado- tado. Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a audiência de outros órgãos ou entidades administrativas poderá ser realizada em reunião conjunta, com a participa- ção de titulares ou representantes dos órgãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos autos. Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na pró- pria Administração responsável pelo processo ou em outro N O Ç Õ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR A TI V O 11 órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das res- pectivas cópias. Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da decisão, juntar documentos e parece- res, requerer diligências e perícias, bemcomo aduzir alega- ções referentes à matéria objeto do processo. §1º Os elementos probatórios deverão ser considera- dos na motivação do relatório e da decisão. §2º Somente poderão ser recusadas, mediante deci- são fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou pro- telatórias. Art. 39. Quando for necessária a prestação de infor- mações ou a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão expedidas intimações para esse fim, men- cionando-se data, prazo, forma e condições de atendimento. Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o órgão competente, se entender relevante a maté- ria, suprir de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão. Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos soli- citados ao interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado pela Administração para a respectiva apresentação implicará arquivamento do processo. Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou diligência ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis, mencionando-se data, hora e local de realização. Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de quinze dias, salvo norma especial ou compro- vada necessidade de maior prazo. §1º Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva apresentação, responsabilizando-se quem der causa ao atraso. §2º Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá ter pros- seguimento e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento. Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser previamente obtidos laudos técnicos de órgãos administrativos e estes não cumprirem o encargo no prazo assinalado, o órgão responsável pela instrução deverá soli- citar laudo técnico de outro órgão dotado de qualificação e capacidade técnica equivalentes. Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado. Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública poderá motivadamente adotar providências acaute- ladoras sem a prévia manifestação do interessado. Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a obter certidões ou cópias reprográficas dos dados e documentos que o integram, ressalvados os dados e docu- mentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito à privacidade, à honra e à imagem. Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para emitir a decisão final elaborará relatório indicando o pedido inicial, o conteúdo das fases do procedimento e for- mulará proposta de decisão, objetivamente justificada, enca- minhando o processo à autoridade competente. CAPÍTULO XI DO DEVER DE DECIDIR Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrativos e sobre soli- citações ou reclamações, em matéria de sua competência. Art. 49. Concluída a instrução de processo adminis- trativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada. CAPÍTULO XII DA MOTIVAÇÃO Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motiva- dos, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I – neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II – imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III – decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV – dispensem ou declarem a inexigibilidade de pro- cesso licitatório; V – decidam recursos administrativos; VI – decorram de reexame de ofício; VII – deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII – importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. §1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fun- damentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. §2º Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os funda- mentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados. §3º A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito. CAPÍTULO XIII DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO PROCESSO Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita, desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis. §1º Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia atinge somente quem a tenha formulado. §2º A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se a Administração considerar que o interesse público assim o exige. J.W . G R A N JEIR O / R O D R IG O C A R D O SO 12 Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente. CAPÍTULO XIV DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá- -los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeita- dos os direitos adquiridos. Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. §1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro paga- mento. §2º Considera-se exercício do direito de anular qual- quer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato. Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarreta- rem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser con- validados pela própria Administração. CAPÍTULO XV DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade e de mérito. §1º O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior. §2º Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo independe de caução. §3º Se o recorrente alegar que a decisão administrativa contraria enunciado da súmula vinculante, caberá à autori- dade prolatora da decisão impugnada, se não a reconside- rar, explicitar, antes de encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Lei n. 11.417, de 2006). Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa. Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso admi- nistrativo: I – os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo; II – aqueles cujos direitos ou interesses forem indireta- mente afetados pela decisão recorrida; III – as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos; IV – os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos. Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo para interposição de recurso administrativo, contado a partir da ciênciaou divulgação oficial da decisão recorrida. §1º Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso administrativo deverá ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir do recebimento dos autos pelo órgão compe- tente. §2º O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser prorrogado por igual período, ante justificativa explícita. Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requeri- mento no qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de reexame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes. Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito suspensivo. Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a auto- ridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso. Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele conhecer deverá intimar os demais interessados para que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem alegações. Art. 63. O recurso não será conhecido quando inter- posto: I – fora do prazo; II – perante órgão incompetente; III – por quem não seja legitimado; IV – após exaurida a esfera administrativa. §1º Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso. §2º O não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão administrativa. Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou par- cialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua com- petência. Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas alega- ções antes da decisão. Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado da súmula vinculante, o órgão competente para decidir o recurso explicitará as razões da aplicabilidade ou inaplicabili- dade da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Lei n. 11.417, de 2006). Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o julgamento do recurso, que deve- rão adequar as futuras decisões administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal. (Incluído pela Lei n. 11.417, de 2006). Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada. Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção. N O Ç Õ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR A TI V O 13 CAPÍTULO XVI DOS PRAZOS Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluindo-se o do vencimento. §1º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver expediente ou este for encerrado antes da hora normal. §2º Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo. §3º Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a data. Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente àquele do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês. Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente com- provado, os prazos processuais não se suspendem. CAPÍTULO XVII DAS SANÇÕES Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade competente, terão natureza pecuniária ou consistirão em obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado sempre o direito de defesa. CAPÍTULO XVIII DAS DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 69. Os processos administrativos específicos con- tinuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei. Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão ou instância, os procedimentos administrativos em que figure como parte ou interessado: (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009). I – pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos; (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009). II – pessoa portadora de deficiência, física ou mental; (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009). III – (Vetado) (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009). IV – pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversí- vel e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopa- tia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imu- nodeficiência adquirida, ou outra doença grave, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após o início do processo. (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009). §1º A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à auto- ridade administrativa competente, que determinará as pro- vidências a serem cumpridas. (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009). §2º Deferida a prioridade, os autos receberão identifi- cação própria que evidencie o regime de tramitação prioritá- ria. (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009). §3º (Vetado) (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009). §4º (Vetado) (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009). Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- cação. Brasília 29 de janeiro de 1999; 178º da Independência e 111º da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Renan Calheiros Paulo Paiva E X E R C Í C I O S PROCESSO ADMINISTRATIVO – LEI N. 9.784/1999 1. (ESAF/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO/ 2010) A esposa de um servidor público é advogada e fez a defesa administrativa de uma empresa autuada pela fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego. Os honorários que ela pactuou com essa empresa, para a realização da defesa, foi com base no resultado (con- trato de êxito). Esse servidor é a autoridade competen- te para apreciar a defesa e julgar a autuação. Neste caso esse servidor: a. pode dar-se por suspeito se alguém arguir sua sus- peição. b. não está impedido, mas pode dar-se por suspeito, por razões de foro íntimo. c. deve, necessariamente, dar-se por suspeito. d. está impedido de atuar no feito. e. não está impedido de atuar no feito nem obrigado a dar-se por suspeito, ainda que alguém argua a sua suspeição. 2. (ESAF/ MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIO- NAL/ ANALISTA/ 2012) O desatendimento, pelo parti- cular, de intimação realizada pela Administração Públi- ca Federal em processo administrativo a. não importa o reconhecimento da verdade dos fa- tos, mas constitui renúncia a direito pelo adminis- trado, se se tratar de direito disponível. b. opera extinção do direito de defesa, por opção do próprio particular. c. importa o reconhecimento da verdade dos fatos, mas não constitui renúncia automática a direito pelo administrado, tratando-se de direito indisponível. d. importa o reconhecimento da verdade dos fatos, e a renúncia a direito pelo administrado. e. não importa o reconhecimento da verdade dos fa- tos, nem a renúncia a direito pelo administrado. Com base na Lei n. 9.784/1999, que regula o processo administrativo em âmbito federal, julgue os itens que se seguem. 3. (CESPE/ STJ/ ANALISTA JUDICIÁRIO/ ÁREA: JU- DICIÁRIA/ 2012) Os processos administrativos de que resultem sanções podem ser revistos a qualquer tem- J.W . G R A N JEIR O / R O D R IG O C A R D O SO 14 po, a pedido ou de ofício; dessarevisão pode resultar o agravamento da sanção, diferentemente do que ocorre na esfera judicial. 4. (CESPE/ STJ/ ANALISTA JUDICIÁRIO/ ÁREA: JU- DICIÁRIA/ 2012) Os preceitos dessa lei aplicam-se à administração pública direta e indireta no âmbito do Poder Executivo federal, mas não alcançam os Pode- res Legislativo e Judiciário da União, que dispõem de autonomia para editar atos acerca de sua organização e funcionamento quando no desempenho de função administrativa. Com base na Lei n. 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da administração pública fe- deral, julgue os itens subsecutivos. 5. (CESPE/ STJ/ TÉCNICO JUDICIÁRIO/ 2012) No processo administrativo, a norma administrativa deve ser interpretada de forma a garantir o atendimento do fim público a que se destine, vedada a aplicação retro- ativa de nova interpretação. 6. (CESPE/ STJ/ TÉCNICO JUDICIÁRIO/ 2012) A ad- ministração pode anular seus próprios atos por motivo de conveniência ou oportunidade. 7. (CESPE/ STJ/ TÉCNICO JUDICIÁRIO/ 2012) A Lei n. 9.784/1999 não se aplica aos órgãos dos Poderes Judiciário e Legislativo, ainda que no desempenho de funções de natureza administrativa. 8. (FCC/ TRE-SP/ ANALISTA JUDICIÁRIO/ ÁREA ADMINISTRATIVA/ 2012) Determinado cidadão apresentou requerimento a órgão público, que restou indeferido pela autoridade competente, de forma fun- damentada e observado o prazo legal para o exame do pleito. Ao tomar ciência da decisão, o cidadão, de acordo com a Lei n. 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito federal, a. não possui direito a recurso, podendo, contudo, im- pugnar o ato judicialmente, com a interposição de mandado de segurança. b. poderá apresentar recurso, dirigido ao superior hie- rárquico daquele que proferiu a decisão, mediante o oferecimento de caução. c. poderá apresentar recurso, dirigido à autoridade que proferiu a decisão, que poderá reconsiderá-la, no prazo de 5 dias, ou, em caso negativo, encami- nhá-lo à autoridade superior. d. não possui direito a recurso, mas apenas a pedido de reconsideração, dirigido à autoridade que prati- cou o ato, desde que fundamentado em elementos novos ou adicionais em relação àqueles que foram considerados na decisão original. e. poderá apresentar recurso ou pedido de reconside- ração, no prazo de 5 dias, à autoridade que proferiu o ato ou ao superior hierárquico, respectivamente, ao qual será atribuído efeito suspensivo mediante o recolhimento de caução. 9. (FCC/ TRE-PE/ ANALISTA JUDICIÁRIO ÁREA ADMINISTRATIVA/ 2011) Nos termos da Lei n. 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, os atos do processo administrativo não dependem de forma de- terminada senão quando a lei expressamente a exigir. Sobre o tema, é correto afirmar: a. Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver dúvida de au- tenticidade. b. A autenticação de documentos exigidos em cópia não poderá ser feita pelo órgão administrativo. c. Os atos do processo não podem, em qualquer hi- pótese, ser concluídos depois do horário normal de funcionamento da repartição. d. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos ad- ministrados que dele participem devem ser pratica- dos no prazo de quinze dias. e. Os atos do processo administrativo devem realizar- -se exclusivamente na sede do órgão, sob pena de serem considerados inexistentes. 10. (FCC/ TRE-SP/ TÉCNICO JUDICIÁRIO/ 2012) De- terminada autoridade administrativa detectou, em pro- cedimento ordinário de correição, vício de forma em relação a determinado ato administrativo concessório de benefício pecuniário a servidores. Diante dessa situação, foi instaurado procedimento para anulação do ato, com base na Lei Federal n. 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Admi- nistração Pública federal, no qual, de acordo com os preceitos da referida Lei, o ato a. poderá ser convalidado, em se tratando de vício sanável e desde que evidenciado que não acarre- ta lesão ao interesse público. b. não poderá ser anulado, por ensejar direito adqui- rido aos interessados, exceto se comprovado dolo ou má-fé. c. deverá ser revogado, operando-se os efeitos da revogação desde a edição do ato, salvo se decor- rido o prazo decadencial de 5 anos. d. poderá ser anulado, revogado ou convalidado, a critério da Administração, independentemente da natureza do vício, de acordo com as razões de in- teresse público envolvidas. e. poderá ser convalidado, desde que não transcorri- do o prazo decadencial de 5 anos e evidenciada a existência de boa-fé dos beneficiados. Acerca de direito administrativo, julgue os itens a seguir. 11. (CESPE/ TRE-ES/ ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA: JUDICIÁRIA/ 2010) Entre os princípios que orien- tam a condução do processo administrativo, está o da verdade formal, segundo o qual a administração pública deve decidir a controvérsia fundamentando-se somente nas provas produzidas no processo. N O Ç Õ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR A TI V O 15 De acordo com o que estabelece a lei que regulamen- ta o processo administrativo no âmbito da administra- ção pública federal, julgue o próximo item. 12. (CESPE/ TRE-ES/ ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA: JUDICIÁRIA/ 2010) O administrado tem o direito de ter ciência da tramitação dos processos administrati- vos nos quais figure na condição de interessado, bem como o direito de ter vista dos autos e o de obter có- pias de documentos neles contidos, mediante autori- zação prévia da autoridade hierarquicamente superior. Tendo em vista as disposições gerais da lei que regula o processo administrativo no âmbito da administração pública federal (Lei n. 9.784/1999), julgue os itens a seguir. 13. (CESPE/ MPU/ ANALISTA PROCESSUAL/ 2010) O processo administrativo pauta-se por uma série de princípios que devem ser observados pelas autorida- des, entre os quais se inclui o impulso de ofício, que lhes permite adotar as medidas necessárias à ade- quada instrução do processo. 14. (CESPE/ MPU/ANALISTA PROCESSUAL/ 2010) A referida lei estabelece normas básicas sobre o pro- cesso administrativo no âmbito da administração pú- blica direta e indireta, e seus preceitos também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciá- rio, quando no desempenho de função administrativa. Acerca da Lei n. 9.784/1999 – marco legal referente ao processo administrativo – e de aspectos relaciona- dos a esse tema, julgue os itens: 15. (CESPE/ TCU/ TÉCNICO FEDERAL DE CONTRO- LE EXTERNO/ 2009) A lei em apreço regulamenta o processo administrativo no âmbito da União, dos esta- dos e dos municípios, visando, entre outros aspectos, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da administração. 16. (CESPE/ TCU/ TÉCNICO FEDERAL DE CONTRO- LE EXTERNO/ 2009) A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atri- buída como própria. Como exceção, pode ser objeto de delegação a decisão a ser proferida em recursos administrativos. 17. (CESPE/ TCU/ TÉCNICO FEDERAL DE CONTRO- LE EXTERNO/ 2009) Segundo jurisprudência recente do STF, é inconstitucional a exigência de depósito pré- vio da multa aplicada pela administração pública como condição de admissibilidade do recurso na esfera ad- ministrativa. 18. (CESPE/ TRT-17ª/ TÉCNICO JUDICIÁRIO/ 2009) Em regra, o recurso da decisão proferida em processo administrativo não tem efeito suspensivo. Isso signi- fica, salvo disposição legal em contrário, que a deci- são proferida pela autoridade pode ser imediatamente cumprida, mesmo quando houver recurso pendente de julgamento da parte que teve seus interesses afeta- dos. 19. (ESAF/
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