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GESSO apostila

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Apostilha do curso de gesso em elaboração, atualização 01/2001 
Prof. Carlos Welligton Pires 
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1.0 - INTRODUÇÃO 
 O gesso é um material branco fino que em contato com a água se hidrata, num processo 
exotérmico, formando um produto, não hidráulico, rijo, de dureza MOHS inferior a 2 (dois). 
Este material pode ser produzido a partir da desidratratação da gipsita, por calcinação do 
minério , ou obtido como sub-produto da fabricação de diversos ácidos: de orígem mineral, 
como por exemplo o ácido fosfórico(fosfogesso).. 
 As propriedades específicas do gesso como:elevada plasticidade da pasta; pega e 
endurecimento rápido; finura equivalente ao cimento; pequeno poder de retração na 
secagem e estabilidade volumétrica, garantem desempenho satisfatório quando utilizado como 
aglomerante na fabricação de premoldados ou aplicado como revestimento. 
 A propriedade de absorver e liberar umidade ao ambiente confere aos revestimentos em 
gesso um elevado poder de equilíbrio higroscópico, além de funcionar como inibidor de 
propagação de chamas, liberando moléculas d’água quando em contato com o fogo. 
 Por outro lado, devido a solubilidade dos produtos em gesso ( 1,8 g/ l ), a utilização 
destes fica restrito a ambientes interiores e onde não haja contato direto e constante com água ( 
áreas molhadas) e desde que se considere certos cuidados, tais como: o alto poder oxidante do 
gesso quando em contato com componentes ferrosos; o alto poder expansivo das moléculas de 
etringita, formadas pela associação do gesso com o cimento em fase de hidratação; diminuição 
da resistência com o grau de umidade absorvida; a solubilidade e lixiviação com a percolação 
de água constante. 
 
 
2.0 - FORMULAÇÃO QUÍMICA 
 A GIPSITA é um mineral compacto, de baixa dureza ( riscado pela unha ), pouco 
solúvel em água e muito solúvel em ácido clorídico ( HC1 ), sua formulação química é 
identificada como sulfato de cálcio di-hidratado (CaSO4.2H2O) 
O gesso e gessos químicos são identificados como sulfato de cálcio hemi-hidratado 
(CaSO4.1/2H2O). 
 O gesso é obtido pela calcinação do mineral Gipsita, segundo representação indicada: 
2 CaSO4.2H2O) ---- Calor ----- (CaSO4)2.H2 O + 3.H2O 
 (Gipsita) ( gesso ) ( água ) 
 
 Os diversos tipos de gessos químicos são obtidos a partir da reação de ataque de ácido 
outra substância, o fosfogesso é o resultado do ataque do ácido sulfúrico à rocha de fosfato de 
cálcio, segundo representação indica: 
 Ca3.PO4 + 3.H2SO4 + 6.H2O _ 3.CaSO4.2H2O + 2.H3PO4 
 (rocha fosfáltica) (ácido sulfúrico diluido) (fosfogesso) (ácido fosfórico) 
 
 Embora os gessos quimicos sejam subprodutos de indústrias, e por issso de baixo custo, 
sua utilização é inviabilizada devido ao auto custo de desidratação e purificação, já que a mesma 
carrega consigo resíduos químicos diversos, alguns prejudiciais ao homem( fosforo, chumbo, 
cadmo, etc). 
 
3.0 - RESERVAS E EXPLORAÇÃO DA GIPSITA NO BRASL 
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 O Brasil possui reservas de gipsita da ordem de 1.250 bilhões de toneladas, sendo 
considerada uma das maiores do planeta, estando na frente dos Estados Unidos com 700 bilhões 
e Canada com 450 bilhões de tonaladas. 
As maiores resarvas brasileiras estão localizadas nos estados da Bahia, com 44%, Pará, 
com 31,4% e Pernambuco com 18,5% das reservas nacionais. . 
 A produção do Brasil porém é considerada muito tímida, embora crescente a taxa de 10% 
ao ano, é atualmante da ordem de 1,4mil tonedadas/ano, muito atraz dos Estados Unidos que 
explora 17,0 mil ton/ano e o Canadá que explora 8,0 mil ton/ano. 
 Quanto ao consumo de gipsita, é crescente sua utilização para calcinação, o que no início 
da década de 90 representava 35%, hoje é de quase 50%. A particiação da gipsita destinada à 
fabricação de cimento está hoje em 50%. Isto se deva ao aumento do consumo de gesso e pre-
moldados na Construção Civil, como também devido ao aumento da utilização do fosfogesso nas 
fabricas de cimento. 
O principal polo de exporação de gipsita no país está localizado na região do Araripe, 
região limítrofes dos estados de Pernambuco, Ceará e Piauí, sendo responsável por 92% da 
exploraçãode gipsita no País. Ë também esta região onde estão localizadas as maiores 
calcinadoras e fábricas de premoldados de gesso do país. 
 
Fig 01 - Mapa de localização do Polo gesseiro do Araripe 
 
4.0 - EXPLORAÇÃO 
 Estes depósitos, localizados na região do Polo Gesseiro do Araripe são importantes para 
exploração e produção de gesso , pelas seguintes razões 
 a) -são volumosos (reservas da ordem de de 230 milhões de toneladas); 
 b) - o mineral apresenta excelente grau de pureza ( entre 88 à 98%), 
 c) - afloram na região com horizontes (espessura da camada) de até 30 metros ( o que 
 permiten exploração a ceu aberto);. 
d) A relação espessura do capeamento/ horizonte muito pequena ( 1/5 ) o que justifica a 
 exploraçào econômica 
 A exploração de gipsita é feita em bancadas de exploração segundo planos de desmontes 
pré estabelecidos que permitem a fragmentação em pedras de até 40Kg de peso.. 
 
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Fig 02- Bancada de exploração 
 No plano de desmonte são normalmente utilizados marteletes para perfuração de furos, 
explosivos de média potência, bombas d’água, caminhões, pás carregadeiras, etc. 
 Após o desmonte da bancada, os blocos maiores são fragmentados de modo a ficar com 
o peso próximo a 40 kg. 
 Estes fragmentos de minério são então transportados em caninhões para o pátio de 
estocagem das indústrias onde sofrerão o beneficiamento de acordo com o processo de produção 
de cada uma. 
 
5.0 - BENEFICIAMENTO 
 O processo de fabricação do gesso depende do tipo de forno utilizado. De uma forma 
geral os blocos de minério passam por diversas fases, a saber: 
a) seleção da matéria prima; 
b) cominuição por britagem ( britadores de mandíbulas e de martelos ); 
c) desidratação por calcinação, com ou sem adições; 
d) ensacamento e expedição. 
 
5.1 - SELEÇÃO DA MATERIA PRIMA 
 O minério de gipsita da região é de um teor de pureza alto, variando na faixa de 88% à 
98%. . Na região estes minérios apresentam diversas formas alotrópicas, que variam na 
coloração, textura e forma de cristalização, por isso são conhecidos pelas seguintes 
denominações: Cocadinha, Rapadura, Alabasto, Pedra Branca e Pedra Ruim. 
Impregnado nos veios dos horizontes da gipsita é comum encontrar veios de anidrita 
(CASO4) e ao final do horizonte encontram-se as margas( rochas argilo-calcárias ) 
 Para se obter com gesso homogêneo é importante separar bem os minérios, se necessários 
lavar , e operar controladamente com uma só forma halotrópica. 
 
5.2 COMINUIÇÃO E BRITAGEM 
 As pedras de gipsita com tamanhos de até 30dm3 geralmente passam por dois processos 
de cominuição antes de entrarem nos fornos. No primeiro são reduzidos o tamanho de 7:1 nos 
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britadores de mandíbulas e em seguida rebritados em moinhos de martelos reduzidos até a malha 
especificada( de 04 à 1,6mm) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig 03a- Britador de mandíbulas Fig 03b- Moinho de martelos 
 
 
5.3 - FORNOS 
 Identificam-se basicamente quatro tipos de fornos, utilizados pelas indústrias gesseiras 
no Araripe: fornos tipo panela; fornos tipo marmita, fornos tipo rotativo e fornos tubulares 
paralelos e barriga quente. 
 
5.3.1- FORNOS TIPO PANELA 
 Historicamente foram os primeiros a serem utilizados na região, adaptados das casas de 
farinhaque sofreram desativação pela queda da produção da mandioca . Este tipo de forno ainda 
é muito utilizado pelas pequenas empresas Caracterizam-se por terem forma de panelões de aço, 
são circulares, abertos, de grande diâmetro e de pequena altura. Estes estão assentados sobre 
uma fornalha de alvenaria de tijolos refratários, onde se utiliza lenha para combustão. 
Nestes tipo de forno, a chama não entra em contato direto com o material, as pás 
agitadoras homogeneizam a calcinação. O controle de temperatura e tempo de residência do 
material no forno são controlados empiricamente, através de observação visual. 
 
 
fig 03- diagrama esquemático de um forno panela 
 
5.3.2-FORNOS TIPO MARMITA 
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 Objeto de pesquisa desenvolvida no ITEP no início da década de 80, estes tiveram 
desenvolvimento nas empresas da região. Caracterizam-se por ter a forma de panelões fechados 
(cubas), onde o calor é gerado na parte inferior, através da queima de óleo BPF ou de lenha. 
 Neste, a chama não entra em contato com o material e a temperatura pode ser controlada 
através de pirômetros e o tempo de residência pode ser controlado por gravimetria. Um sistema 
de palhetas internas, na cuba, garante a homogeneidade do material. 
 
fig 04- fluxograma do processo de produção - hemidrato - forno marmita 
 
5.3.3-FORNOS TIPO ROTATIVO 
 Adaptados da indústria de cimento, estes foram introduzidos na região nos meados da 
década de 80. Caracterizam-se por terem a forma de um tubo giratório, são de aço e revestido 
com material refratário, de grande extensão, com uma pequena inclinação. 
Neste, o material moído entra em contato direto com a chama, que sai de um maçarico, na 
entrada do tubo. O material percorre, por gravidade e/ou forçado por palhetas, toda a extensão 
do forno. O tempo de residência é controlado pela velocidade de rotação do tubo e a temperatura 
pela chama do maçarico . 
 
fig 05- fluxograma de produção do hemidrato - forno rotativo 
 
5.3.4-FORNOS TIPO TUBULARES PARALELOS 
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 Tecnologia européia trazida nos meados da década de 80, tiveram pouco 
desenvolvimento na região. Caracterizam-se por terem a forma de um tubo central e tubos 
periféricos por onde os gases quentes circulam. 
Neste, o material moído não entra em contato direto com a chama, tem controle de tempo 
de permanência variando com a velocidade de rotação e/ou inclinação do forno. Alguns destes 
podem apresentar controle de temperatura monitorados por pirômetros colocados ao longo do 
forno A carga e descarga são realizadas de forma contínua. 
Apresenta disposição semelhante ao anterior com característica de existir uma tubulação 
interior que conduzem os gases quentes do maçarico a extremidade oposta, e a gipsita percorre 
entre dois tubos num fluxo contra corrente. 
 
5.3.5-FORNOS TIPO BARRIGA QUENTE 
 Tecnologia trazida da Europa nos meados da década de 90, fruto do processo de 
globalização, estão em pleno desenvolvimento de adaptação na região. Caracterizam-se por 
terem a forma tubular,tronco-cônica, em aço especial . A produção deste tipo de forno é 
intermitente, em bateladas., tendo seus controles automatizados', onde o processo de calcinação 
poderá que seguir gerenciamento através de sistemas de computadores. 
Neste, o material moído não entra em contato direto com a chama, tem controle de tempo 
e temperatura, baseado em perda de massa. Alguns destes podem apresentar controle de pressão 
interna. O material permanece na cuba e sua descarga é intermitente. 
 
 
fig 06- fluxograma de produção - forno barriga quente 
 
 
6.0 - CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DO GESSO 
A depender do tipo de forno e do processo de controle da produção empregado dois tipos 
de gessos podem ser produzidos: o gesso beta e o gesso alfa. 
O gesso beta é produzido através da calcinação da gipsita sob a temperatura atmosférica e 
com agitação da massa, desta forma a água de cristalização é liberada rapidamente formando 
cristais mal formados e porosos. Os fornos panela, barriga quente e rotativos só produzem este 
tipo de gesso 
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O gesso alfa é obtido através da calcinação sob pressão, vapor de caldeira, o controle do 
processo é fundamental, desta forma é possível controla a liberação da água de cristalização 
formando cristais bem formados e uniformes. Este tipo de gesso é normalmente fabricados em 
autoclave, podendo ser obtido em fornos tipo marmita quando bem controlados. 
Para entender o comportamento das propriedades do gesso faz-se necessário observar o 
processo de hidratação do gesso ou de cristalização da gipsita. 
 Quando gesso e a água são misturados, o hemidrato se dissolve formando uma solução 
saturada. Os cristais de gipsita existentes formam núcleos de cristalização. A partir destes 
núcleos, crescem os cristais formando um arcabouço tridimensional.Os pontos de contato se 
solidificam, crescendo a resistência com a saída da água em excesso. 
 
fig 07-representação diagramática da secagem do sistema gesso + água; 
 a) água provocando dissolução da superfície dos cristais de gipsita em contato após a pega; 
 b) arcabouço tridimensional mais rígido após a água haver secado.. 
 
6.1- DEFINIÇÕES 
 6.1.1- FINURA 
 A finura do gesso é definida por um índice (número), que representa globalmente a 
proporção das diferentes dimensões das partículas do material. Este índice é definido como 
MÓDULO DE FINURA. 
 O módulo de finura é determinado pela norma brasileira MB-3468 - GESSO PARA 
CONSTRUÇÃO - DETERMINAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DO PÓ, e consiste 
basicamente de uma avaliação granulométrica segundo uma série de peneiras padrão. 
 6.1.2 - CONSISTÊNCIA NORMAL 
 É a relação entre a quantidade de água e a massa do gesso, determinada segundo a norma 
brasileira NBR 12128- GESSO PARA CONSTRUÇÃO- DETERMINAÇÃO DAS 
PROPRIEDADES FÍSICAS DA PASTA, na qual se obtém uma fluidez da pasta adequada à 
manipulação. Esta consistência é tomada como padrão para a determinação das propriedades 
físico-mecânicas do gesso. 
 6.1.3 - TEMPO DE PEGA 
 O tempo de pega se relaciona diretamente com o tempo necessário para que os cristais de 
gipsita estejam presentes em número suficiente, capazes de suportar tensões. 
 O tempo de início de pega, determinado segundo a norma brasileira NBR 12128, é o 
tempo decorrido a partir do momento que o gesso tomou contato com a água até o instante em 
que a agulha do aparelho de VICAT não mais penetra até o fundo, estacionando a l mm do 
fundo. 
 O tempo de fim de pega é o tempo decorrido a partir do momento que o gesso entra em 
contato com a água até o instante que a agulha do aparelho de VICAT não mais deixa impressão 
na superfície. 
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 6.1.4 - RESISTÊNCIA MECÂNICA 
 A resistência à compressão, determinada segundo a norma brasileira NBR 12129- 
GESSO PARA CONSTRUÇÃO - DETERMINAÇÃO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS, 
é calculada em função da carga de ruptura em corpos de prova de forma cúbica de 5 cm de 
aresta. 
 6.1.5 - DUREZA 
 Determinada segunda a norma brasileira NBR 12129, representa a resistência a 
penetração de uma esfera de 1 mm de diâmetro na superfície do corpo de prova. 
 
6.2 - FATORES QUE INFLUENCIAM AS PROPRIEDADES DO GESSO 
 Os principais fatores que influênciam o processo de hidratação do gesso estão 
apresentados a seguir: 
 6.2.1 - GRAU DE CRISTALIZAÇÃO 
 A depender do processo de calcinação do gesso, duas cristalizações podem acontecer, a 
alfa, onde os cristaissão bem formados e homogêneos e a beta onde são mal formados e 
heterogêneos. Os gessos alfa tem maior tendência a formar produtos com maior tempo de pega e 
maior resistência, já os gessos beta tem mais tendência a formar produzir de menor tempo de 
pega e menor resistência. 
 
 6.2.2 - HOMOGENEIDADE 
 Gessos com grau de cristalização ou de desidratação diferentes aceleram o tempo de pega 
e diminuem a resistência mecânica do produto final. 
 
 6.2.3- FINURA 
 Quanto menores forem as partículas de gesso mais rápido será a pega, pois a superfície de 
contato será maior e consequentemente mais saturada será a mistura, favorecendo a cristalização, 
diminuindo o tempo de pega e a resistência final. 
 
 6.2.4 - CONSISTÊNCIA ( fator água/gesso) 
 Quanto maior for este fator, maior quantidade d’água em relação a massa de gesso, e 
maior o tempo de pega, pois, a solução estará menos saturada, porém menor será sua resistência 
final. 
 
 
fig 08-influência do fator água/gesso no tempo de pega do gesso 
 
 
6.2.5- ESPATULARIZAÇÃO ( energia de mistura) 
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 Quanto mais longa a enérgica for realizada a mistura, menor o tempo de pega. Na 
mistura há o fraturamento e dispersão dos cristais, aumentando o número de núcleos de 
cristalização, diminuindo também sal resistência final. 
 
fig 09- influência do tempo de mistura (espatularização) na pega do gesso 
 
6.2..6 - INTERVALO DE DESCANSO 
 O aumento no tempo de descanso provoca aumento proporcional no tempo de pega. Não 
havendo espatularização a cristalização se processa de forma lente com a formação de cristais 
maiores, maior o tempo de pega e maior a resistência final. 
 
fig 10-influência do tempo de descanso no tempo de pega do gesso 
 
6.2.7- INFLUÊNCIA DA MISTURA COM AREIA- 
 A mistura de gesso com areia para formar argamassa é possível, porém as propriedades 
físico-mecânias diminuem sensivelmente: a consistência, o tempo de pega e a resistência 
mecânica decrescem proporcionalmente com o acréscimo da proporção de areia. 
fig 11-influência da areia nas propriedades da argamassa de gesso 
6.2.8 - ADITIVOS 
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 A ação de aditivos químicos interfere no tempo de pega. 
5. Denominam-se aceleradores, os agentes que diminui o tempo de pega - a exemplo destes 
estão os sulfatos ( o maior exemplo é a gipsita ). 
6. Denominam-se retardadores, os agentes que aumentam o tempo de pega - a exemplo 
destes estão os ácidos e os colóides. 
7. Denomina-se retentores de água, os agentes que incorporam/absorvem água em suas 
moléculas/rede molecular e liberam aos poucos para o processo de hidratação. Exemplo 
hidroxietil-celulose e hidróxido de cálcio. 
8. Denominam-se adesivos, os agentes que promovem adesão através da polimerização 
química. Exemplo: PVA e EVA. 
9. Denominam-se plastificantes, os agentes que diminuem a tensão superficial das moléculas 
formada na mistura , aumentando de sobre maneira fluidez. Exemplo os sabões e 
detergentes.. 
 
6.2.9 - TEMPERATURA 
 O aumento da temperatura favorece as reações de cristalização, diminuindo 
sensivelmente o tempo de pega e a resistência final.. 
 
 
7.0 PRINCIPAIS UTILIZAÇÕES DO GESSO NA CONSTRUÇÃO CIVIL 
O consumo de gesso vem crescendo muito rapidamente no país, e isto se deve 
principalmente a globalização do com o conseqüente aumento da competitividade e da entrada 
de empresas multinacionais no mercado brasileiro. 
Os dois principais vetores que contribuem para esse aumento de consumo, são os de 
fabricação de premoldados e de gessos especiais e o de aplicação de sistemas construtivos em 
gesso. 
 
7.1 FABRICAÇÃO DE COMPONENTES PREMOLDADOS E GESSOS ESPECIAIS 
O setor de fabricação de componentes premoldados pode ser dividido em duas grandes 
linhas, a de fabricação de componentes premoldados fundidos e a linha de prefabricados 
acartonados. 
7.1.1- COMPONENTES PREMOLDADOS FUNDIDOS EM GESSO 
 A fabricação de componentes fundidos em gesso se baseia, atualmente, no processo de 
moldagem artezanal, estando em fase de testes no ITEP uma planta semi-automatiza para 
fabrcação de placas . Genericamente esse processo consiste em misturar uma determinada 
quantidade de gesso de fundição( gesso rápido) a uma quantidade determinada de água( que 
varia com a qualidade do gesso e da peça a ser formada), misturados com agitador mecanizado, e 
o preenchimento de moldes individuais. 
No caso de placas autoportantes para forro, cujas características fisico-mecânicas devam 
satisfazer as especificação do projeto de norma PN 02.103.040-008-Placas lisas de gesso para 
forro-especificação,. Em geral as placas são quadradas com arestas de 600mm e espessura 
central de 1mm, bordas espessas em autorelevo e rabaixo(macho e fêmea) para permitir encaixe. 
No processo artezanal de moldagem se utiliza uma mesa com tampo liso 
impermeável(vidro ou granito), esquadros em perfis( um par para peças f6emeas e um par para 
peçasmacho) de duralumínio e tampão de chapa fundida de duralumínio. Em poucos minutos 
após a moldagem é possível retirar a placa e encaminha-la para estantes de secagem. A figura 12 
apresenta, o fluxograma do processo de fabricação de placas autoportantes de gesso. 
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Fig 12 - Fluxograma de fundição de componentes premoldados em gesso 
 
No caso da fabricação de blocos para alvenaria, cujas características fisico-mecânicas 
devam satisfazer as especificação do projeto de norma PN 02.103.040-010,-Blocos de gesso 
utilizados na vedação vertical interna de edificações-Especificação. Em geral estes blocos 
apresentam dimensões de 50mm x 666,66mm x 76mm 
No processo artezanal de moldagem se utiliza de uma mesa em tampo de vidro, ou chapa 
de granito polida, esqruadros em perfis vazados de duralumínio e com acoplamento de tubos 
(quase cilíndricos). Neste caso não existe o tampão, o acabamento é feito com réguas planas. 
A figura 13 mostram esquematicamente a forma dos principais componentes 
premoldados produzidos em gesso( placas autoportantes para forro e blocos vasados para 
alvenaria). 
 
7.1.2- COMPONENTES PREFABRICADOS EM GESSO ACARTONADOS 
 A fabricação de placas de gesso acartonados seguem processos automatizados e 
patenteados. Genericamente o processo consiste em calcinar a gisita, misturar a água e aditivos 
expansores, distrubuir esta mistura sobre uma folha contínua de papel craft, extrudar e colocar 
uma outra folha de papel craft superior , colar as abas, cortar, curar sob à vapor e secar. 
As placas de gesso acartonados devem atender as especificações contidas no projeto de 
norma PN 18.107.01.001 Chapas extrudadas de gesso- especificação. . m geral estas oplacas 
apresentam largura definida em 1200mm e comprimento máximo de 3600mm, podendo 
apresentar bordas retilíneas ou rebaixadas e tipo standard, resistente a umidade e ao fogo. A 
figura 14 apresenta um fluxograma de fabricação de placas de gesso acartnadas. 
Fig. 14 Fluxograma de fabricação de placas de gesso acartonadas 
 
7.1.3- FABRICAÇÃO DE GESSOS ESPECIAIS. 
 São gessos produzidos com adições e/ou aditivados que potencializam aplicações 
específicas. São geralmente produzidos em plantas de misturas com controle gravimétrico de 
adições, tendo um apoio laboratorial sistemático para controle de sua qualidade. As principais 
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adições utilizadas são filllers calcários, agregados quartozo, hidróidos e óxidos minerais. Já os 
principais aditivos utilizados são da linha de plastifcantes, adesivos e retentores deágua. 
 Os principais gessos aditivados são da linha dos gessos e argamassas para projeção, 
gessos colante, gessos autonivelante e gessos para faiança e apliques. 
 
7.2. APLICAÇÕES EM GESSO E SISTEMAS CONSTRUTIVOS 
As principais aplicações esistemas construtivos em gesso aplicados na construções civil 
são: 
• Revestimento de gesso em paredes e tetos; 
• Divisórias em blocos ou paineis de gesso pré-moldados; 
• Divisórias em painéis estruturados de gesso acartonado; 
• Forro em placas de gesso pré-moldadas; 
• Forro em painéis acartonados 
 
7.1 REVESTIMENTO DE GESSO EM PAREDES E TETOS. 
 Revestimento de gesso é o recobrimento de superfícies, paredes e tetos, com pasta ou 
argamassa de gesso confecionado in-loco. Cuidados especiais quando do revestimento for em 
argamassa, a proporção, a qualidade e a natureza da areia interfere significativamente na 
aplicação e qualidade final do revetimento, quase sempre necessitando de aditivos. 
O revestimento com gesso é particularmente recomendado para superfícies internas e 
secas, já que a umidade e á agua permanente altera as características do gesso. 
 
7.1.1 VANTAGENS E CUIDADOS BÁSICOS 
 Os revestimentos em gesso apresentam as seguintes vantagens: 
• Têm elavada aderência aos diversos tipos de substratos: cerâmica, concreto, sílico-
calcários, argamassa de cimento, , madeira etc; 
• Facilitam o acabamento lisos e decorativos, devido a textura fina e baixa retração, 
pdendo aceitar a pintura direta sem a utilização de massa corrida; 
• Têm endurecimento rápido e dspensam prazos de cura prolongados, sendo apenas 
necessário aguardar o período de secagem, que depende da umidade e velocidade de 
troca de ar do ambiente e da espessura do revestimento aplicado. 
• Têm baixa massa específica (da ordem de 1050 Kg/m3) o que pode contribuir para 
redução do peso próprio; 
• Têm baixa condutividade térmica e resistência ao fogo, o que contribui para 
prolongar o tempo de proteção contra fogo 
• Contribui para manter o equilíbrio higrotérmico com o meio ambiente e pode reduzir 
o efeito da umidade de condensação em ambientes com excesso de vapor de água.. 
 
Por outro lado, os revestimentos de gesso apresentam pontos negativos que demandam 
cuidados: 
• O gesso pode reagir com o cimento portland, em presença de umidade, cm isso o 
revestimentode gesso não pderá ser aplicado sobre superfícies de argamassa ou de 
concreto de cimento em prazo inferior ao um mês. Também não de ve ser aplicado 
nem receber pintura a base de cimento. 
• São bastante suscetíveis ao desenvovimento de bolor, pricipalmente em ambiente 
pouco ventilados e úmidos.Recomenda-se nestes casos utilizar um sistema de pintura 
permeável ao ar, e garantir a estanqueidade da base do revestimento com 
impermeabilização adequada. 
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• O gesso propicia a corrosão de metais ferrosos, podendo provocar manchas de 
ferrugem quando em contato. Devendo ser evitado a utilização de instrumentos 
ferrosos na aplicação e não utilizar componentes ferrossa não galvanizados nos 
revestimentos. 
 
7.2 SISTEMAS DE APLICAÇÃO DE REVESTIMENTO DE GESSO: 
 Basicamente existem dois sistemas são utilizados na aplicação de revestimento em gesso, 
o de aplicação manual e o de aplicação projetado. 
 De uma forma geral, independente do sistema de revestimento a ser utilizados, os 
principais cuidados que devem anteceder a aplicação do revestimento são: 
• Verificação da completa execução das instalações, elétricas e hidráulicas, inclusive 
testes preliminares de funcionamento para evitar o aparecimento de manchas de 
umidade e qreba para reparos. Todos os dispositivos,caixas de passagem e 
instalações, devem ser de material não oxidável em presença de sulfato (plástico, 
alumínio, zinco,etc), ou protegidos do gesso; 
• Verificação da natureza e tempo de execução dos substratos(alvenarias, revestimentos 
de regularização,painéis, pilares ou lajes) . As que foram assentadas e/ou executadas 
com argamassa ou concreto em cimento portland devem esperar pelo menos 28 dias 
para evitar a formação de compostos expansivos; 
• Verificação do nível e plano substratos, os enconstros de superfícies (parades, 
paredes/lajes), bem como os vãos abertos ( janelas e portas) para definição das 
mestras que definirão a superfície de revestimento final; 
• Limpesa da superfície, eliminando poeira e sujeiras que diminuam a aderência do 
revestimento, bem como a proteção localizada de componentes que possam oxidar em 
presença de gesso; 
As ferramentas e instrmental comum necessários para a execução de qualquer um dos 
revestimentos estão apresentados na figura 15.: 
fig 15- instrumental comum necessário á aplicação de revestimento em gesso 
 
7.2.1 REVESTIMENTO MANUAL EM PASTA DE GESSO 
As principais etapas a serem segidas para execução de revestimento manual em pasta de 
gesso estão apresentadas a seguir: 
7.2.1.1-CARACTERÍSTICAS DO GESSO 
 Gesso normalmente utilizado neste sistema é denominado comercialmente de gesso 
lento, cujas características devem atender à especificações estabelecidas na NBR-13207/94 , 
com especial atenção as características de tempo de início de pega (>10min) e resistência à 
compressão(>8,4Mpa). 
Apostilha do curso de gesso em elaboração, atualização 01/2001 
Prof. Carlos Welligton Pires 
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7.2.1.2- PREPARAÇÃO DA PASTA DE GESSO 
 A pasta deve ser preparada utilizando-se um caixão impermeável, de material não 
oxidante, na forma e no volume que facilite os trabalhos e dimensionada pelo rítmo da equipe.. 
Em geral uma equipe formada de 1 aplicador e 1 servente utiliza caixão de madeirit, na forma e 
dimensões apresentados na figura 16, bem como a desempenadeira específica para este tipo de 
aplicação. 
fig 16- instrumental utilizados no revestimento manual em pasta de gesso 
 O caixão deve estar limpo, isento de vestígios de gesso endurecido. Uma quantidade 
de água limpa e potável, que varia entre 60% à 80% da massa de gesso deve ser colocada no 
caixão. A seguir coloca-se a massa de gesso pulverizando-a sobre a superficie da água,de modo a 
uniformizar sua hidratação. Após 2 à 4 minutos todo o gesso deve estar embebido na água., 
pronto para ser aplicado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
fig 17- preparação da pasta de gesso e limpesa da superfície 
 
7.2.1.3-EXECUÇÃO DO REVESTIMENTO 
 Após a preparação da pasta, o operador mistura parcialmente a que irá utilizar em 
cada tempo,. e com ajuda da espátula distribui quantidades de pasta na desempenadeira em 
faixas longitudinas e nas bordas da mesma. A seguir posiciona a desempenadeira contra a 
superfície a se revestida, fazendo ângulo de 60º, deslizando no movimento linear de baixopaa 
cima, atendendo e se orientando pelas mestras, previamente colocadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
fig. 18- aplicação do revetimento na parede 
Apostilha do curso de gesso em elaboração, atualização 01/2001 
Prof. Carlos Welligton Pires 
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 Enquanto a pasta de gesso não atinge a pega é possível recobrir a superfície várias 
vezes. Na boa prática a superfície final , nivelada e plana , deve ser consegida nessa etapa, para 
isso a régua de alumínio de 2m é utilizada para dar nivelamento e prmo, sendo colocada, em 
momentos oportunos, a régua-nível apoiada nesta. 
 O acabamento final, na textura desejada, pode ser conseguido com o sarrafeamento, 
utilizando bucha e/ou desenpenadeira. 
 
 
fig 19- acabamento e conferência de nível 
 
7.2.2 - REVESTIMENTO PROJETADO EM PASTA OU ARGAMASSA DE GESSO 
 As principais etapas a serem segidas para execução de revestimento manual em pasta 
de gesso estão apresentadas a seguir: 
7.2.3 - CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO (gesso ou argamassa aditivado para projeção) 
 Ainda sem especificaçãonormativa definida, os produtos em gesso para projeção 
devem atender as características especificadas na embalagem, devendo atender as especificações 
gerais dos revestimentos internos(resistência de aderência > 0,3 Mpa). 
 
7.2.4- CARACTERÍSTICAS DO EQUIPAMENTO DE PROJEÇÃO 
 O máquina de projeção deve ser apropriada aos trabalhos de projeção do produto em 
questão. De uma forma geral possui uma câmara de silagem para armazenar 1 ou mais sacos do 
produto; uma câmara de mistura, com rotor adequado, dispositivo para receber água sob pressão 
e dosar o produto. Uma mangueira para conduzir a mistura e outra para conduzir ar comprimido. 
Este bocal ajusta a saida das duas manguiras e permite ajustar a forma e o volume do spray de 
projeção. A figura 20 mostra o esquema geal de um amáquina de projeção. 
 Para que este equipamento funcione adequadamente se faz necessario existir ponto de 
força trifasico e ponto de água com pressão manométrica de 2 bar, ou tambor de no mínimo 100 
litros com uma bomba centrífuga acoplada a máquina 
fig 20 - equipamento para projeção de pasta ou argamassa de gesso 
 
7.2.5-PREPARAÇÃO DO EQUIPAMENTO 
 Antes do iício dos trabalhos, o equipamento deverá ser posicionado no local de 
trabalho, promovendo-se as ligações elétricas e hidráulicas necessárias. Nesta etapa deve-se 
verificar a pressão manométrica de entrada dá água e ajustar à 2 bar. Com o equipamento 
ajsutado e em funcionamento ajusta-se a saida de mistura através do bico de projeção e 
regulagem na pressão da água e do ar comprimido. 
 
7.2.6- EXECUÇÃO DO REVESTIMENTO. 
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 Uma equipe monta as mestras, que pode ser em faixas ou em pontos isolados, sempre 
seguindo o nível e promo pre-estabelecidos. 
 Um operador controla a alimentação e o funcionamento da máquuina enquanto um 
outro projeta segundo panos discretos, sempre em movimento contínuo de vai e vem e de baixo 
para cima. 
 
 
fig-18- aplicação do revestimento projetado em paredes 
 Uma outra equipe com réguas adequadas imprime um sarrafeamento em movimento 
de baixo para cima procurando deixar a espessura no plano das mestras, cortando em 
movimentos incinados e verticais. Nesta etapa se faz necesário a verifcação sistemática do lano e 
prumo da superfície , no que se utiliza a régua-nível. 
 
 
fig 19- extensão e nivelamento do revestimento 
 Após o sarrafeamento, espera-se o puchar da massa para em seguida se iniciar o 
acabamento final, liso através de desempenadeira aclílica ou aço inox, ou camuçado através de 
desempenadeira com espuma.

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