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Apostila de Materiais - 5 Gesso - Versão ALPHA

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Capítulo 5 Gesso 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gesso 
A norma brasileira ABNT NBR 13207 de 2017 define gesso para construção como: 
 
Capítulo 5 Gesso 
2 
 
 
O gesso é um ligante inorgânico, assim como a cal. Apresenta endurecimento 
rápido, o que permite elevada produtividade na produção de componentes, dispensando o 
uso de aditivos. Esse rápido endurecimento do gesso viabiliza a tecnologia de placas de 
gesso acartonado, um processo de produção muito bem-sucedido no exterior e que vem 
ganhando cada vez mais espaço no Brasil. Aqui no país o gesso já é bastante utilizado em 
revestimento para alvenaria, em blocos, painéis para forros e divisórias. 
 
 
Imagens 1, 2, 3 e 4 (sentido horário) - Aplicação de gesso acartonado, acabamento em 
gesso no teto, acabamento em gesso na alvenaria, aplicação projetada de revestimento de gesso. 
Fontes: metálica, knartgesso, guiadoconstrutor e construfacilrj. 
 
 
O gesso de construção é um ligante de baixo consumo de energia. Veja: 
 
AGLOMERANTE TEMPERATURA DE PROCESSAMENTO 
Clínquer Portland 1450°C 
Cal 800 °C a 1100°C 
Gesso 350 °C 
 
Os sulfatos de cálcio presentes na composição do gesso de construção são resumidos no 
quadro 1: 
Capítulo 5 Gesso 
3 
 
 
 
SULFATO FÓRMULA FUNÇÃO 
Hemidrato-β CaS O4 .0,5 H2 O É a fase mais comum em gessos 
de construção, produzido a partir 
da calcinação do gipso. 
Anidrita III (solúvel) CaS O4 .ε H2 O Por ser muito reativo (é o 
primeiro a reagir), age como 
acelerador de pega. 
(transforma-se em hemidrato 
com a umidade do ar) 
Anidrita II (insolúvel) CaS O4 Sendo de hidratação mais lenta, 
preenche os poros do produto de 
hidratação do hemidrato, 
acarretando diminuição da 
porosidade do gesso e, em 
consequência, um aumento da 
resistência mecânica e da dureza. 
Anidrita I (insolúvel) CaS O4 Trata-se de fase de pega (a que 
mais demora a reagir) e 
endurecimento lentos, resultando 
numa massa dura e tenaz. 
(resfriada volta a anidrita II, com 
óxido de cálcio) 
Gipsita CaS O4 .2 H2 O Participa da formulação do gesso 
no teor desejado para controle da 
evolução da reação, ajustando o 
efeito dos aditivos retardadores. 
 
 
Quadro 1. Sulfatos presentes no gesso. 
Fonte: Livro IBRACON. 
Capítulo 5 Gesso 
4 
 
 
Reações 
 
 
 
 
 
Até 100°C ocorre a secagem da 
umidade contida nos poros da matéria 
prima. Já entre 160°C e 190°C há a 
perda da meia molécula do hemidrato, 
formando a anidrita III. Acima de 
250°C, a anidrita III, solúvel, adquire uma 
estrutura tal que a torna insolúvel, 
denominada anidrita II. Se a calcinação 
se faz a essa temperatura, a gipsita 
perde as duas moléculas de água. 
 
 
 
 
Hidratação 
Na calcinação do gipso, à medida 
que a temperatura ultrapassa 100°C, 
há perda parcial ou total da água 
de cristalização. Em temperaturas 
acima de 800°C, ocorre a 
decomposição do sulfato, com perda 
do anidrido sulfúrico por evaporação 
-gerando chuva ácida- e 
permanência, no produto calcinado, 
do óxido de cálcio. 
 
 
 
 
O gesso, misturado com água suficiente, forma uma pasta homogênea que, após poucos 
minutos, torna-se consistente e trabalhável. A consistência aumenta até o endurecimento, 
quando ganha resistência, esse fenômeno ocorre devido à hidratação das espécies químicas 
presentes. As reações de hidratação são inversas às da formação dos produtos, ou 
seja, o hemidrato e as anidritas regeneram a gipsita (e retomam a quantidade de água 
perdida na calcinação).Ou seja, a hidratação é a volta a pedra original, o hemidrato 
dissolve-se liberando íons Ca+ e SO ₄ ² + , quando ocorre a saturação 
Capítulo 5 Gesso 
5 
 
 
4 
é levado a formar microcristais de dihidrato de baixa solubilidade, onde vai-se depositando 
íons e os cristais crescem com forma de agulha. 
 
 
Os estudiosos Lavoisier (1798) e Le Chatelier (1887) distinguiram três etapas no 
mecanismo de hidratação, são elas: 
1. Fenômeno químico da dissolução; 
No contato do pó com a água inicia-se imediatamente a dissolução dos sulfatos com a 
liberação de íons C a2+ e S O2+ . 
 
2. Fenômeno físico de cristalização; 
Com a saturação da solução, a gipsita passa a precipitar em cristais aciculares, formando 
núcleos de cristalização. À medida que a hidratação evolui, a concentração de íons liberados 
assim como a formação de novos núcleos, diminui. 
3. Fenômeno mecânico de endurecimento (teoria da cristalização) 
Depois de a velocidade passar por um máximo, decresce até o fim da hidratação, quando 
a concentração atinge um valor mínimo. O crescimento dos cristais nessa etapa vai 
influenciar diretamente as propriedades mecânicas. 
 
Já a hidratação do hemidrato ocorre em quatro etapas, as quais podem ser facilmente 
visualizadas nos resultados de microcalorimetria, conforme figura 1: 
 
 
 
Figura 5. Etapas de hidratação do hemidrato. 
Fonte: Livro Ibracon 
Capítulo 5 Gesso 
6 
 
 
Etapa 1: Inicialmente, primeiro ocorre o pico de molhagem com duração de 30 segundos 
e inicia-se a dissolução; 
Etapa 2: Definida como o período de indução. Depois de 2 ou 3 minutos, os hidratos se 
estabilizam e começam a organizar-se formando um arranjo cristalino. Essa etapa é afetada 
pelo tempo de mistura, temperatura da água de amassamento ou presença de 
impurezas ou aditivos; 
Etapa 3: Essa fase corresponde ao final do período de indução, coincidindo com o início 
da pega. Ocorre um forte aumento da temperatura que indica o aumento da velocidade de 
reação (os hidratos se precipitam formando cristais), a porosidade diminui e a resistência 
aumenta.; 
Etapa 4: Por último, há uma diminuição progressiva da velocidade da reação, indicando o 
fim da hidratação. Nessa etapa tem-se o crescimento dos cristais, fato que vai influenciar 
diretamente nas propriedades mecânicas do gesso. 
● A pega do gesso finaliza em até 2 horas, e continua a ganhar resistência por até 20 
horas. 
Na hidratação, as reações dos componentes do gesso apresentam velocidades 
diferentes. Em ordem decrescente: 
 
Sendo a hidratação da anidrita II mais lenta do que a do hemidrato, a sua hidratação 
preenche os vazios e impede a retração de secagem e a consequente fissuração do 
gesso. Em condições ambientais normais e na ausência de aditivos retardadores, a maior 
parte da hidratação é completada em até duas horas, mas a reação de hidratação das 
anidritas pode levar meses. Sendo assim, do ponto de vista prático, a pega do gesso se 
encerra em cerca de duas horas, porém o material continua a ganhar resistência até vinte 
horas. 
O fenômeno de pega e o ganho de resistência são os resultados da redução do 
volume de água líquida que se combina com os anidros, formando o sulfato de cálcio 
hidratado. O início de pega depende do constituinte de pega mais rápida e o 
endurecimento, do constituinte de pega mais lenta. A partir da idade de vinte horas, 
exceto quando existe teor elevado de anidrita, o ganho de resistência de deve, 
predominantemente, aos ganhos devido à secagem pela evaporação do excesso de água 
de amassamento – necessária para garantir condições de trabalhabilidade - não consumida 
na reação de hidratação. 
Anidrita III 
Hemidrato 
Anidrita II 
Anidrita I 
Capítulo 5 Gesso 
7 
 
 
Expansão do gesso 
Quando é misturado com água, o hemidrato transforma-se em dihidrato. Devido a 
diferença de densidades entre os dois componentes, 2,63 g/cm³ e 2,31 g/cm³ 
respectivamente, esperar-se-ia que uma ligeira contração. No entanto, depois de uma fase 
inicial de contração, observa-se um incremento de volume devido ao arranjo geométrico dos 
cristais que resulta na formação de poros que ocorre durante a hidratação e prossegue até 
os três dias. É a chamada expansão dimensional. 
Esta característica, única dos gessos, praticamente elimina o risco de fissuração de 
revestimentos e auxilia na moldagem de componentes, pois preenche todos os vazios e 
detalhes do molde, gerando excelenteacabamento superficial. 
 
 
Produção do Gesso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 5 Gesso 
8 
 
 
 
 
 
 
A calcinação pode ser feita: 
Em forno rotativo, conforme figura 
2, com contato direto com os gases 
de combustão, sendo um processo 
de baixa eficiência energética; 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 - Forno Rotativo 
 
Em forno tipo panela, conforme figura 3, 
e marmita de aquecimento indireto, não 
existindo contato direto com gases de 
combustão; 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3: Forno tipo panela 
PS: Nesse vídeo pode-se observar o forno rotativo em funcionamento: 
https://www.youtube.com/watch?v=RWGcm4BCx0w 
O processo de produção do gesso de construção no Brasil é realizado, normalmente, a 
partir de matérias primas naturais. A extração do minério é realizada, em geral, a céu aberto, 
seguida de britagem, moagem grossa e estocagem com homogeneização. A seguir é 
precedida a secagem, pois a umidade da matéria prima pode chegar a 10%, a calcinação, 
moagem fina e ensilagem. 
Além disso, a calcinação pode consistir em forno único produzindo hemidrato puro, além 
de gipsita e anidrita; como também por forno duplo, produzindo hemidrato e anidrita 
separados e, posteriormente, misturados em diferentes proporções para se produzir 
produtos com propriedades pré estabelecidas. 
O armazenamento em silos proporciona homogeneização e estabilização do produto. 
Essa estabilização nada mais é do que a hidratação da anidrita III ao hemidrato, ela se dá 
https://www.youtube.com/watch?v=RWGcm4BCx0w
Capítulo 5 Gesso 
9 
 
 
após 12 horas de armazenamento; uma fração dessa fase pode estar presente no gesso 
na ocasião do consumo. 
 
 
Matéria prima 
O gesso pode ser produzido a partir de matéria 
prima natural – o gipso – ou de sulfatos de cálcio oriundos 
de resíduos industriais. Estes sulfatos residuais são 
originados nos processos de produção de fertilizantes, 
ácido fluorídrico ou de remoção de enxofre de gases de 
combustão, visando reduzir a chuva ácida. 
SULFATOS NATURAIS 
São um tipo particular de rocha sedimentar, 
denominada evaporito. São as rochas mais solúveis, 
constituídas principalmente de cloretos e sulfatos de 
sódio, cálcio (figura 8), magnésio e potássio. Por causa 
da sua solubilidade, quando expostos ao ar, alteram-se 
mais rapidamente do que os outros minerais. 
No Brasil, cerca de 90% das reservas de sulfatos 
estão restritas aos estados do Pará e Pernambuco, 
ficando o restante distribuído entre Maranhão, Ceará, 
Rio Grande do Norte, Piauí e Tocantins. 
SULFATOS DE SUBPRODUTOS INDUSTRIAIS 
SUBPRODUTO DA INDÚSTRIA DE FERTILIZANTES 
Nas regiões sul e sudeste existem também um volume disponível elevado de gipsita, 
subproduto de processos industriais, denominado fosfogesso. Esse subproduto é obtido a 
partir da produção de fertilizantes fosfáticos, que se baseia na solubilização de rochas 
fosfáticas por ácidos clorhídrico, nítrico ou sulfúrico. No processo de solubilização com ácido 
sulfúrico, são gerados o ácido fosfórico e o sulfato de cálcio sólido precipitado em partículas 
finas. 
Para cada tonelada de ácido sulfúrico formam-se 2,5t de gipsita, sendo o subproduto 
o fosfogesso. Quando no processo é adicionado um produto orgânico, o fosfogesso é 
suscetível ao crescimento de fungos, dificultando a sua aplicação na produção de gesso 
para revestimento e de componentes. 
No processo em via seca o sulfato é cristalizado na forma anidra (CaS O4 ) e no 
processo por via úmida o sulfato é cristalizado na forma de di-hidrato (CaS O4 .2 H2 O) ou 
ainda do hemidrato (CaS O4 .0,5 H2 O ). 
Reação do processo di-hidrato: 
 
Capítulo 5 Gesso 
10 
 
 
 
 
 
 
 
SUBPRODUTO DA PRODUÇÃO DE ÁCIDO FLUORÍDRICO 
● O ácido fluorídrico é o insumo básico da produção de plásticos fluorados, como o 
teflon. É produzido através da fluorita segundo a reação: 
𝐶𝑎𝐹2 + 𝐻2𝑆𝑂4 → 𝐶𝑎𝑆𝑂4 + 2 𝐻𝐹 
 
 
 
● A anidra residual no Brasil tem sido reciclada na produção de cimento Portland. 
 
 
SUBPRODUTO DA PURIFICAÇÃO DE GASES 
Os gases de combustão sulfurados, antes de serem lançados na atmosfera, passam 
por um processo de purificação com cal. O subproduto é designado como sulfogesso. 
 
 
COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO GESSO 
● Água livre ou umidade; 
● Água combinada ou água de cristalização da gipsita; 
● Anidrido sulfúrico (procedente do sulfato); 
● Óxido de cálcio (procedente do sulfato e do carbonato); 
Capítulo 5 Gesso 
11 
 
 
● Anidrido carbônico (procedente dos carbonatos – calcita ou dolomita); 
● Sílica procedente do quartzo; 
● Resíduo insolúvel; 
● Óxidos de ferro e de alumínio dos argilominerais; 
● Anidrido fosfórico; 
● Acidez livre; 
● Gipsita calculada. 
 
 
INFLUÊNCIA DAS IMPUREZAS 
GIPSO 
 
 
 
a resistência mecânica do gesso hidratado. 
Quantitativamente, todos os minerais 
acessórios são indesejáveis por reduzirem 
o teor de hemidrato ou de anidrita do gesso, 
as quais são espécies químicas 
responsáveis pelas suas propriedades 
aglomerantes. Diminuem a resistência 
mecânica do gesso hidratado. De forma 
qualitativa, influem: 
Minerais insolúveis em água, como 
calcário, dolomito, anidrita, argilominerais 
desidratados e minerais silicosos, reduzem 
 
Minerais solúveis em água, como halita e silvita, afetam a temperatura de calcinação 
e propriedades da pasta fresca, como a consistência e o tempo de pega. 
Minerais hidratados, como outros sais de sulfato e o argilomineral montmorilonita, 
quando se desidratam juntamente com a gipsita, podem desestabilizar o produto final, 
após endurecimento, por terem a capacidade de absorção de água. 
Fosfogesso 
 
Impurezas da apatita ou subprodutos de 
seu processamento, tais como matéria 
orgânica, fluoretos e fosfatos precipitados 
na hidratação do hemidrato e da anidrita, 
com reflexo nas propriedades do produto 
endurecido, como massa específica 
aparente e resistências mecânicas. Vale 
lembrar que, a eliminação dessas 
impurezas do fosfogesso é antieconômica. 
 
 
 
 
Propriedades físicas e mecânicas do pó 
Capítulo 5 Gesso 
12 
 
 
ESPECIFICAÇÕES DO GESSO EM PÓ 
A ABNT NBR 13207 de 1994 classifica dois tipos de gesso em função da aplicação: 
em revestimento e em fundição, sendo este último aplicado na produção de elementos e 
componentes de construção. Ambos têm como requisitos o tempo de pega e o módulo de 
finura, cujos critérios estão detalhados no Quadro 1. 
 
Quadro 1. Critérios de classificação do gesso. 
Fonte: Livro IBRACON. 
Já as exigências mecânicas são as mesmas para todos os tipos, valores esses que 
estão indicados no Quadro 2. 
 
 
Quadro 2. Exigências mecânicas do gesso. 
Fonte: Livro IBRACON. 
As exigências químicas por sua vez, estão especificadas no Quadro 3. 
 
Quadro 3. Especificações químicas do gesso. 
Fonte: Livro IBRACON. 
 
 
PROPRIEDADES FÍSICAS DO PÓ 
A granulometria do pó de gesso é determinada com a utilização de amostra seca por 
peneiramento na série padrão de peneiras: 0,840 mm, 0,420 mm, 0,210 mm, 0,105 mm, 
conforme ABNT NBR 12127 de 1991. O peneiramento se dá sob água corrente e a 
massa retida em cada peneira é determinada após secagem em estufa a 110 °C. 
Ps: Neste vídeo é possível observar a moagem e britagem do gesso 
https://www.youtube.com/watch?v=cLDRtqzBDgk 
A massa unitária do pó é determinada em recipiente com capacidade de 1000 ± 20 
cm³, que recebe o gesso vertido através de um funil cônico de 15 cm de altura, 
https://www.youtube.com/watch?v=cLDRtqzBDgk
Capítulo 5 Gesso 
13 
 
 
colocado sobre um tripé, contendo uma peneira de 2,0 mm de abertura e ajustado na 
metade da altura do funil. 
 
 
Propriedades da pasta 
TEOR DE ÁGUA PARA CONSISTÊNCIA NORMAL 
Ensaios realizado s com pasta de consistência normal 
determinada com o aparelho de Vicat modificado, cuja haste 
está acoplada a uma sonda de alumínio cônica, ambos 
pesando 35. A sonda é protegida com uma ponteira de aço 
inox. A água empregada no preparoda pasta contém citrato de 
sódio com o intuito de evitar a pega. A penetração da agulha 
deve ser de 30 ± 2 mm. 
 
 
O pó é pulverizado durante 1 minuto sobre a água contida no recipiente e 
homogeneizada ligeiramente, e o resultado é expresso por relação água/gesso, ao 
contrário do que se expressa habitualmente para outros aglomerantes. 
 
 
TEMPO DE PEGA 
A medição dos tempos de início e fim de pega é considerada uma das propriedades 
mais importantes na tecnologia do gesso, visto que a velocidade de reação do produto 
é, em muitos casos, um limitante de uso. 
A norma reguladora, ABNT NBR 12128 de 1991, define que o tempo de pega deve 
ser determinado com a pasta na consistência normal, sem o retardador de pega, em 
aparelho de Vicat (figura 6) provido de haste (300 ± 0,5) g e de agulha com diâmetro de 
1,13 ± 0,02 mm. O início de pega é considerado quando a agulha estaciona a 1 mm da 
base. O final se dá quando a agulha não mais penetra na pasta, deixando uma leve 
impressão. 
 
 
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO E DUREZA 
Ensaios realizados em corpos de prova cúbicos de 
50mm de aresta, moldados em moldes com três 
compartimentos. A dureza é determinada pela medida da 
profundidade de impressão de uma esfera de aço duro, 
com 10,0 ± 5,0 mm de diâmetro, sob uma carga fixa de 
500 ± 5 N em superfícies com área mínima de 2500 m². 
O resultado é calculado pela equação: 
 F 
πΦT 
D = 
Capítulo 5 Gesso 
14 
 
 
 Onde: F é a carga em Newton, 
 Φ é o diâmetro da esfera em milímetros, 
 T é a média da profundidade em milímetros. 
A resistência à compressão é determinada em cubos de 50 mm de aresta em uma prensa 
de ensaio com capacidade de carga superior a 20.000 N, com exatidão mínima de 200 
N. Como em muitos materiais, a resistência mecânica do gesso tem boa correlação com 
sua dureza. Observe o gráfico 2. 
 
Gráfico 2. Relação resistência à compressão versus dureza para o gesso. 
Fonte: Livro IBRACON. 
 
 
MICROESTRUTURA, POROSIDADE E RESISTÊNCIA MECÂNICA 
O desempenho do gesso depende de sua microestrutura. As ligações entre os cristais 
de dihidrato garantem a resistência mecânica do produto. No entanto, entre esses cristais 
existem defeitos, os poros. Garantidas as condições de moldagem, é a porosidade 
produzida pela evaporação da massa de água não consumida pela reação de hidratação, 
que governa a resistência de um determinado gesso. 
O hemidrato, que é a espécie química dominante no gesso, consome 0,186 g/g de 
água para se hidratar e, na maioria das situações práticas, as exigências reológicas e 
até mesmo de tempo de pega, exigem teores de água superiores a 0,5. Com a redução 
da densidade, cai também o consumo de gesso por metro cúbico de produto endurecido, 
com importante vantagem econômica e ambiental na produção de componentes e 
revestimentos. 
A resistência à compressão do gesso é muito sensível a variações de umidade. 
Ela se reduz em aproximadamente 50% quando o produto sai do estado seco em estufa 
(50°C) para o estado úmido. No entanto, a variação da umidade de equilíbrio do gesso 
devido a variações da umidade relativa do ar não afeta significativamente a resistência 
mecânica. 
O aumento da relação água/gesso provoca sensível incremento na permeabilidade 
do material ao vapor, acelerando o processo de movimentação higroscópica, que são 
os movimentos relacionados à absorção de água 
Capítulo 5 Gesso 
 
 
 
 
Aditivos retardadores de pega 
 
. 
 
 
Os aditivos afetam a velocidade da reação de hidratação da pasta e, consequentemente, 
altera não só a pega, mas também outras propriedades do material. 
 
 
 
 
 
Na literatura, os aditivos retardadores estão agrupados em três categorias conforme o 
seu modo de atuação. 
 
15 
Capítulo 5 Gesso 
16 
 
 
 
 
 
 
 
 
A hidratação depende, principalmente, da relação a/g, da presença do aditivo e do tipo 
de gesso comercial. No uso das proteínas, observa-se o efeito do pH do gesso sobre as 
mesmas, devendo ser empregadas em gessos com pH entre 6 e 12, chegando a 
retardar até 20 vezes, dependendo do tipo de proteína. 
As proteínas são menos eficientes em gessos ácidos (pH baixo) ou fortemente alcalinos 
(pH alto). O gráfico 3 mostra essa faixa ótima de atuação das proteínas. 
 
Gráfico 3. Relação entre pH da pasta de gesso e o seu fator de retardamento. 
Fonte: Livro IBRACON. 
 
Alguns aditivos retardadores aumentam ou diminuem a fluidez da pasta, melhorando 
ou piorando a trabalhabilidade em obra. 
A presença de retardadores proporciona uma diminuição da expansão em pastas, 
fato que é atribuído à mudança da microestrutura do dihidrato na presença de 
retardadores. Os cristais curtos e grossos tem mais espaço para crescer, diminuindo as 
forças que geram as expansões. 
A porosidade, por sua vez, pode aumentar ou diminuir dependendo do tipo de aditivo. 
Da literatura conclui-se que os retardadores pertencentes ao grupo das proteínas 
aumentam a porosidade, enquanto que o ácido cítrico pertencente ao grupo I a diminui. 
Capítulo 5 Gesso 
17 
 
 
 
 
Aplicações 
REVESTIMENTO EM PASTAS DE GESSO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando a pasta é aplicada, 
oferece uma superfície branca 
que facilmente é coberta por 
pintura e acabamento liso, 
dispensando a aplicação da 
massa corrida, necessária 
quando a tinta é aplicada sobre 
base de argamassa. Além disso, 
o gesso se hidrata rapidamente, 
encurtando o período entre 
aplicação e acabamento com a 
pintura, permitindo aumentar a 
velocidade da obra com 
simplificação do processo.
 
 
A confecção de pastas de gesso é governada por dois fatores básicos: a necessidade 
de reologia adequada para a aplicação sobre a base; e o tempo útil, que é o tempo 
em que essa reologia é mantida. Em obras tradicionais, essa definição é feita pelo 
gesseiro, que, com base em sua experiência, define o teor de água, ou seja, a relação 
água/gesso. 
No quadro 4, observa-se a sequência de aplicação de pastas de gesso e os estágios de 
hidratação. 
Além de controlar os tempos de espera e as eventuais perdas, ao variar a relação 
água/gesso, o profissional responsável por essa etapa (gesseiro) também define a 
resistência mecânica da camada de revestimento – que é a aderência máxima do 
revestimento à base. Em estudos realizados no Brasil, a resistência de aderência variou 
entre 0,4 e 1,7 Mpa. 
A NBR 13867 de 1997 estabelece os procedimentos para a realização de revestimentos 
de gesso. 
A redução do tempo de espera é possível pela modificação da reologia, que pode ser 
conseguida através da adição de produtos com elevada área específica, como a cal 
hidratada ou aditivos espessantes como os derivados de celulose. Essa substituição 
parcial do gesso pela cal, mantendo-se o teor de água constante, provocou em estudos, 
a redução da resistência mecânica à compressão e no módulo de elasticidade dinâmico. 
Uma das limitações desse material é a sua elevada sensibilidade à exposição de 
umidade e a elevada geração de resíduos na aplicação do revestimento. 
Capítulo 5 Gesso 
18 
 
 
 
 
 
Quadro 5. Sequência de aplicação da pasta de gesso. 
Fonte: Livro IBRACON. 
 
 
 
 
GESSO ACARTONADO 
 
O gesso também pode ser aplicado em 
processo de construção a seco, são 
chapas de grandes dimensões finas de 
gesso revestidas externamente por duas 
lâminas de papel, são denominadas de 
dry wall. Os produtos são produzidos 
através do processo de laminação 
//contínua, o que permite grande escala 
de produção. Tem alta produtividade na 
montagem e permitem a execução de 
serviço com um baixo 
consumo de material. 
Capítulo 5 Gesso 
19 
 
 
PS: No link a seguir é possível ver um vídeo bastante interessante sobre a montagem
 de painéis de gesso acartonado (Drywall): 
https://www.youtube.com/watch?v=1j1ZJcVxbIk 
 
 
Patologias 
A umidade é prejudicial ao gesso dada a solubilidade da gipsita. Pela ação de ciclos 
úmido-seco do ambiente,a gipsita da superfície se dissolve e precipita continuamente, mas 
os cristais apenas se depositam sobre a superfície e não tem o mesmo imbricamento da 
primeira formação. A superfície torna-se, assim, pulverulenta. A indústria brasileira não 
produz gessos em pó especiais para ambientes úmidos. 
 
 
 
 
Os aditivos orgânicos empregados para controle de pega apresentam o 
inconveniente de alimentar o crescimento de fungos de difícil eliminação. 
Os aditivos minerais empregados em excesso podem ser trazidos para a superfície 
na evaporação da água de amassamento ou na secagem após a absorção de umidade e 
forma eflorescências. 
https://www.youtube.com/watch?v=1j1ZJcVxbIk
Capítulo 5 Gesso 
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Figura 16. Corrosão de armadura. 
Fonte: tecnosil.com 
 
O gesso de construção, particularmente quando exposto a umidades elevadas, 
provoca a corrosão do aço. Portanto, todos os componentes de aço que permanecerem em 
contato com o gesso devem ser protegidos contra a corrosão através, por exemplo, da 
galvanização. 
 
Capítulo 5 Gesso 
21 
 
 
 
Bibliografia 
ISAIA, G. C. Materiais de Construção Civil e Princípios de Ciência e Engenharia de 
Materiais. 2 ed. São Paulo. IBRACON, 2010. 2v. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13207: Gesso para 
construção civil: Referências. Rio de Janeiro, p. x. 2017.

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