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Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] Início Links Fale conosco Você está em: Início > Consultas > Jurisprudência > Pesquisas > Jurisprudência do STJ Decisões Monocráticas Pesquisas Jurisprudência do STJ Jurisprudência do TFR Informativo de Jurisprudência Legislação Aplicada Pesquisa Pronta Recursos Repetitivos Súmulas Anotadas Jurisprudência em Teses Vocabulário Jurídico (Tesauro) Publicações Súmulas Íntegra de Acordãos Revista Eletrônica da Jurisprudência Saiba Mais Documentos Encontrados: 24202 Nesta página: 1 ~ 10 Ajuda Voltar para a lista de resultados Documento 1 Acompanhamento Processual Decisão Monocrática Certificada Resultado sem Formatação Imprimir/Salvar Processo REsp 1552762 Relator(a) Ministro FELIX FISCHER Data da Publicação 06/10/2015 Decisão RECURSO ESPECIAL Nº 1.552.762 - SP (2015/0211945-4) RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER RECORRENTE : MATHEUS HENRIQUE MAGLIA DE SOUZA ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO DECISÃO Como bem relatou o eminente representante do Ministério Público Federal (fls. 315-323): Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] "Trata-se de RECURSO ESPECIAL, interposto por MATHEUS HENRIQUE MAGLIA DE SOUZA, com base na alínea c do permissivo constitucional, contra acórdão proferido pela 9ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Extrai-se do caderno processual que o recorrente fora condenado, em primeira instância, à pena reclusiva de 1 ano, 4 meses e 10 dias, a ser cumprida inicialmente no regime fechado, pela prática do crime de receptação (art. 180, caput, do CP), nos termos da sentença de fls. 178/182. Inconformada, a defesa apelou, oportunidade em que requereu, dentre outros pedidos, a absolvição do acusado e, alternativamente, a alteração do regime prisional (fls. 187/193), tendo a Corte paulista rejeitado o recurso por meio do acórdão ora hostilizado (fls. 221/228). No presente recurso especial (fls. 236/253), a defesa aduz que o Tribunal a quo, ao manter a sentença de primeiro grau, deu interpretação distinta daquela exarada pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, em caso semelhante, no que diz respeito à inversão do ônus da prova para caracterização do tipo penal previsto no art. 180, caput, do CP. Segundo a Defensoria Pública, 'enquanto o E. Tribunal de Justiça de São Paulo, por meio do v. acórdão combatido, entendeu que a apreensão do objeto proveniente de ilícito em poder do acusado era suficiente para inverter o ônus probatório em desfavor do réu, presumindo-se a ciência da origem criminosa do bem, o E. Tribunal do Rio Grande do Sul, em situação em que o acusado também foi abordado em posse de objeto proveniente de delito, entendeu que o ônus da prova permanecia com a acusação, porque o processo penal deve-se guiar, entre outros princípios, pelo in dúbio pro reo, não se admitindo presunções em desfavor do imputado' (fls. 244/245). Ademais, a defesa sustenta que o Tribunal bandeirante, mesmo mantendo a sanção dentro dos limites previstos no art. 33, § 4°, c, do CP, decidiu que apenas o regime fechado é cabível, em razão da reincidência do acusado. Todavia, o Tribunal do Rio Grande do Sul, em caso semelhante, entendeu que o condenado por furto, à pena inferior a 4 anos, mesmo reincidente, pode iniciar o desconto da sanção corpórea em regime aberto. Pede, assim, a reforma do acórdão impugnado, fazendo prevalecer o entendimento exarado no acórdão paradigma, para afastar a inversão do ônus da prova e absolver o acusado. De forma subsidiária, requer a fixação do regime inicial aberto ou semiaberto. Contrarrazões apresentadas às fls. 276/297. Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] O Presidente da Seção de Direito Criminal do TJ/SP admitiu a irresignação (fls. 300)." O parecer foi pelo não conhecimento do recurso especial. É o relatório. Decido. Consoante relatado, o recorrente aponta dissídio jurisprudencial relacionado ao ônus da prova do crime de receptação e à fixação do regime fechado com base na reincidência do réu. Todavia, o recurso especial interposto com fulcro no art. 105, inciso III, alínea c, da Constituição Federal, exige a demonstração do dissídio jurisprudencial, através da realização do indispensável cotejo analítico, para demonstrar a similitude fática entre o v. acórdão recorrido e o eventual paradigma (arts. 541, parágrafo único, do CPC e 255, § 2º, do RISTJ), o que não ocorreu na espécie. A inobservância dessa formalidade obsta o conhecimento do recurso especial. Vale citar, os seguintes julgados: "AGRAVO REGIMENTAL. NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. FURTO QUALIFICADO. FORMA TENTADA. EMPREGO DE CHAVE FALSA. CONCURSO DE PESSOAS. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. REINCIDÊNCIA. PRÁTICA DO CRIME DO ART. 307. RES FURTIVA COFRE. VALOR R$ 97,00 (NOVENTA E SETE REAIS). 12 (DOZE) CONDENAÇÕES ANTERIORES QUE NÃO FORAM SUFICIENTES A COIBIR A PRÁTICA DE NOVOS DELITOS PATRIMONIAIS. AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO. INOBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DO ART. 105, III, C, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. DECISÃO RECORRIDA EM CONFORMIDADE COM O ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL DESTA CORTE DE JUSTIÇA. 1- O recurso especial interposto com amparo no art. 105, inciso III, alínea "c", da Constituição Federal, exige a demonstração do dissídio jurisprudencial, por meio da realização do cotejo analítico, para demonstrar a similitude fática entre o acórdão recorrido e o apontado acórdão paradigma. Precedente AgRg no REsp 1453786/SP, Rel. Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, julgado em 19/03/2015, DJe 30/3/2015. [...] 4- Agravo regimental improvido" (AgRg no AREsp 623.288/SP, Quinta Turma, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo - Desembargador Convocado do TJ/PE, DJe de 13/5/2015). "PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AGRAVO QUE INADMITIU RECURSO ESPECIAL. SÚMULA N. 315/STJ. DIVERGÊNCIA HAVIDA DENTRO DA MESMA TURMA JULGADORA. PARADIGMAS PROFERIDOS EM HABEAS CORPUS. Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] INADMISSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. [...] 3. Não se admite como paradigma, para fins de comprovação do dissídio jurisprudencial, o acórdão proferido em habeas corpus. 4. A mera transcrição de ementa de aresto paradigma, sem o cotejo analítico entre ele e o acórdão recorrido, mediante a transcrição dos trechos dos acórdãos que configurem o dissídio, de modo a demonstrar a similitude fático-jurídica, obsta o conhecimento dos embargos de divergência. 5. Agravo regimental improvido" (AgRg nos EAREsp 279.085/PR, Terceira Seção, Rel. Min. Nefi Cordeiro, DJe de 2/9/2014). "AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO DE DROGAS. RECURSO INTERPOSTO PELAS ALÍNEAS A E C DO PERMISSIVO CONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO NOS MOLDES LEGAIS E REGIMENTAIS. ALEGADA AUSÊNCIA DE MATERIALIDADE POR NÃO EXISTIR LAUDO TOXICOLÓGICO. PRESCINDIBILIDADE. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO POR FALTA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. ÓBICE DO VERBETE SUMULAR N.º 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. A demonstração do dissídio jurisprudencialnão se contenta com meras transcrições de ementas, sendo absolutamente indispensável o cotejo analítico nos moldes legais e regimentais. [...] 6. Agravo regimental desprovido" (AgRg no AREsp 293.492/MT, Quinta Turma, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe de 2/9/2014). Ante o exposto, nego seguimento ao recurso especial. P. e I. Brasília (DF), 28 de setembro de 2015. Ministro Felix Fischer Relator Documento 2 Acompanhamento Processual Decisão Monocrática Certificada Resultado sem Formatação Imprimir/Salvar Processo REsp 1544307 Relator(a) Ministro FELIX FISCHER Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] Data da Publicação 06/10/2015 Decisão RECURSO ESPECIAL Nº 1.544.307 - MS (2015/0173453-8) RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL RECORRIDO : L C C C ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL DECISÃO Como bem relatou o eminente representante do Ministério Público Federal (fls. 321-323): "Trata-se de recurso especial interposto pelo Ministério Público estadual (fls. 255-268), com fundamento no art. 105 III a e c da CR, em face de acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul (fls. 242-248), que deu provimento à apelação da defesa, para absolver LUIZ CRISTIANO CAMARGO CORRÊA por infração aos arts. 129 § 9o do CP, a pretexto de incidência do princípio da bagatela imprópria. Sustenta o recorrente ofensa ao art. 129 § 9o CP e divergência jurisprudencial, sob o fundamento de que o princípio da bagatela imprópria não deve ser aplicado nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, pois estes envolvem alta gravidade e extrema ofensividade social, exigindo a aplicação da pena não só para a prevenção de novos ilícitos penais, mas também para proteger a mulher em situação de vulnerabilidade. Afastada a aplicação do princípio em tela, requer o parquet, ao final, o provimento do apelo, a fim de que se restabeleça a sentença condenatória. As contrarrazões foram apresentadas às fls. 295-303 e o recurso foi admitido às fls. 305-307." O parecer foi pelo provimento do recurso especial. É o relatório. Decido. Consoante relatado, o recorrente sustenta violação ao art. 129, § 9º, do Código Penal, alegando, em síntese, que não se aplica o princípio da bagatela imprópria ao crime de lesão corporal cometido no âmbito doméstico e familiar contra a mulher. O dissídio jurisprudencial trata do mesmo tema. O v. acórdão recorrido, fazendo referência ao princípio da bagatela imprópria, apesar de manter a condenação do réu, entendeu Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] desnecessária a aplicação da pena nos seguintes termos: "À vista destas considerações, hei por bem manter a condenação. Por outro lado, examinados os autos, vislumbra-se a desnecessidade de aplicar a pena. Isto porque, consoante informações colhidas nos autos o casal restabeleceu a convivência harmônica" (fl. 244). Todavia, esse entendimento diverge da orientação deste eg. Superior Tribunal de Justiça, segundo a qual não se aplicam os princípios da insignificância e da bagatela imprópria aos crimes praticados com violência à pessoa, especialmente se cometidos no âmbito doméstico e familiar contra a mulher. Nesse sentido: "PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL LESÃO CORPORAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. PRINCÍPIO DA BAGATELA IMPRÓPRIA. IRRELEVÂNCIA PENAL DO FATO. NÃO APLICAÇÃO. 1. Não têm aplicação aos delitos com violência à pessoa, no âmbito das relações domésticas, tanto o princípio da insignificância como o da bagatela imprópria, sendo pacífico o entendimento deste Superior Tribunal de Justiça no sentido da relevância penal de tais condutas. 2. Agravo regimental improvido" (AgRg no REsp 1464335/MS, Sexta Turma, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe 31/3/2015). "AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. LESÃO CORPORAL E AMEAÇA. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO APLICAÇÃO. REEXAME DO ACERVO PROBATÓRIO. VEDAÇÃO. REITERAÇÃO DA CONDUTA. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. A jurisprudência desta Corte Superior caminha no sentido de não se admitir aplicação do princípio da insignificância no que se refere aos crimes praticados com violência ou grave ameaça, haja vista o bem jurídico tutelado. Maior atenção deve se ter quando se tratar de violência praticada contra mulher no âmbito da relações domésticas. [...] 4. Agravo regimental não provido." (AgRg no HC 278.893/MS, Sexta Turma, Rel. Min. Rogerio Schietti CruzDJe 9/4/2015). Ante o exposto, dou provimento ao recurso especial para restabelecer a r. sentença condenatória. P. e I. Brasília (DF), 30 de setembro de 2015. Ministro Felix Fischer Relator Documento 3 Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] Acompanhamento Processual Decisão Monocrática Certificada Resultado sem Formatação Imprimir/Salvar Processo REsp 1519242 Relator(a) Ministro GURGEL DE FARIA Data da Publicação 06/10/2015 Decisão RECURSO ESPECIAL Nº 1.519.242 - RS (2015/0046956-1) RELATOR : MINISTRO GURGEL DE FARIA RECORRENTE : MAURÍCIO PADILHA SAMPAIO ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DECISÃO Trata-se de recurso especial interposto por MAURÍCIO PADILHA SAMPAIO, com fundamento no art. 105, inciso III, alínea "a", da Constituição Federal, contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul que, ao dar provimento ao apelo do Ministério Público, desconstituiu sentença de absolvição sumária expendida pelo juízo singular, determinando a regular instrução do feito. Para tanto, o Tribunal de origem concluiu não estarem presentes os elementos necessários à aplicação do princípio da insignificância para absolver sumariamente o réu pelo crime de furto, uma vez que não se considerou a res furtiva como de pequena monta, como também se verificou constar em desfavor do recorrente denúncia pela prática de crime contra o patrimônio (mau antecedente). Nas razões do especial, sustenta o recorrente que teria ocorrido afronta ao art. 155, caput, do Código Penal, uma vez que não se teria demonstrado a tipicidade delitiva, porquanto insignificante. Contrarrazões. O Tribunal a quo admitiu o processamento do recurso especial. Parecer do MPF pelo não conhecimento do REsp. Passo a decidir. Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] Compulsando os autos, verifico que assiste razão ao MPF, na função de custos legis. Convém registrar, num primeiro momento, trecho do acórdão, no qual foram demonstradas as razões para afastar, in casu, a aplicação do princípio da insignificância. In verbis (fl. 122): O réu Maurício Padilha Sampaio restou absolvido sumariamente da imputação pela prática do crime previsto no atigo 155, caput, c/c artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal, com fulcro no artigo 397, inciso III, do Código de Processo Penal. Contudo, analisando a prova dos autos, entendo que o feito merece solução diversa. Com efeito, ao contrário do sustentado pelo Magistrado singular, tenho que o princípio da insignificância não se mostra aplicável ao caso concreto. Primeiramente, cumpre esclarecer que a res subtraída, embora tenha sido restituída à vítima, não pode ser considerada de ínfimo valor, poisfoi furtada uma carteira que, além de documentos, continha R$ 100,00. Outrossim, a certidão de antecedentes criminais do acusado de fls. 32/33, revelam a recidiva em crimes contra o patrimônio, possuindo uma denúncia recebida perante a 2ª Vara Criminal de Porto Alegre. Logo, o fato sub judice não é fato isolado na vida do acusado, o que impóe uma resposta penal efetiva para impedir o retorno do acusado às atividades criminosas. Conforme decidido pela Suprema Corte, "O princípio da insignificância não foi estruturado para resguardar e legitimar constantes condutas desvirtuadas, mas para impedir que desvios de condutas ínfimos, isolados, sejam sancionados pelo direito penal, mesmo que insignificantes, quanto constantes, devido a sua reprovabilidade, perdem a característica de bagatela e devem se submeter ao direito penal". Dessarte, não restando demonstrado cumulativamente as condições objetivas ensejadoras da incidência do princípio da insignificância, não há que se falar em sua aplicação. (Grifos do original). Como se vê, ficou claro que a Corte a quo apontou dois fundamentos para afastar a incidência do princípio da bagatela à hipótese, sendo, portanto, imprescindível para o conhecimento do apelo nobre sob exame, que ambas as razões esposadas no acórdão recorrido sejam impugnadas, sob pena de incidência, por analogia, da Súmula 283 do STF, clara ao pontificar que "é inadmissível o recurso extraordinário quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles." No caso em apreço, o recorrente impugnou somente o fundamento do mau antecedente, sem ao menos referir-se ao valor da res furtiva, Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] restringindo-se a aduzir, de forma genérica, ser a conduta sub judice insignificante. Evidencia-se, portanto, a aplicação da Súmula 283 do STF. Ante o exposto, com arrimo no art. 557, caput, do Código de Processo Civil, NEGO SEGUIMENTO ao recurso especial. Publique-se. Intimem-se. Brasília (DF), 29 de setembro de 2015. MINISTRO GURGEL DE FARIA Relator Documento 4 Acompanhamento Processual Decisão Monocrática Certificada Resultado sem Formatação Imprimir/Salvar Processo AREsp 625128 Relator(a) Ministro GURGEL DE FARIA Data da Publicação 06/10/2015 Decisão AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 625.128 - SP (2014/0325307-2) RELATOR : MINISTRO GURGEL DE FARIA AGRAVANTE : JOSE EDUARDO ZAMARIAN ADVOGADO : DANIEL LEON BIALSKI E OUTRO(S) AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO AGRAVADO : PAULO CELSO DA COSTA - ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO ADVOGADO : HUGO ANDRADE COSSI E OUTRO(S) DECISÃO Trata-se de agravo interposto por JOSÉ EDUARDO ZAMARIAN contra decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que não admitiu recurso especial, fundado no art. 105, III, "a" e "c", da Constituição Federal. Consta nos autos que o agravante foi pronunciado como incurso nas sanções do art. 121, § 2º, I, III, e IV, do Código Penal (fls. Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] 513/515). Contra a decisão a defesa interpôs recurso em sentido estrito, tendo o Tribunal de origem negado provimento ao recurso (fls. 638/653). Embargos de declaração rejeitados às fls. 706/711. Nas razões do recurso especial, a defesa alega violação ao art. 7º, IX, da Lei n. 8.906/1994, e aos arts. 413, 414, e 619 do Código de Processo Penal. Ao final, requer: a) a anulação do julgamento do recurso em sentido estrito, determinando-se a renovação para realizar sustentação oral; b) a anulação do julgamento dos embargos de declaração diante da ausência de enfrentamento de matérias suscitadas; c) o reconhecimento da inexistência de justa causa para a submissão do recorrente ao conselho de sentença, impronunciando-o das acusações imputadas (fls. 717/759). Contrarrazões às fls. 811/822 e 827/834. O Tribunal a quo inadmitiu o recurso especial ao fundamento de que incidem, no caso, os óbices das Súmulas 7 do STJ e 284 do STF, bem como por inobservância ao art. 255 do RISTJ (fls. 837/839). No presente agravo, o recorrente se insurge contra a aplicação das referidas súmulas e alega ter realizado a comparação analítica necessária para o conhecimento e processamento do recurso (fls. 845/868). Contraminuta às fls. 870/882. Contrarrazões da assistência de acusação (fls. 885/893). O Ministério Público Federal opinou pelo desprovimento do agravo (fls. 909/911). Passo a decidir. Inicialmente, em relação ao art. 619 do Código de Processo Penal, cumpre destacar que o acórdão impugnado apreciou fundamentadamente as controvérsias, apontando as razões de seu convencimento, não se vislumbrando, na espécie, qualquer ofensa às normas ora invocadas. Nesse sentido: AgRg no REsp 1455546/RS, Sexta Turma, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe 13/11/2014. Ademais, consoante entendimento jurisprudencial pacífico, o órgão julgador não está obrigado a se manifestar sobre todos os argumentos colacionados pelas partes para expressar a sua convicção, notadamente quando encontrar motivação suficiente ao deslinde da causa, como ocorreu in casu. Quanto ao pleito de anulação do julgamento do recurso em sentido estrito, sob o argumento de que houve cerceamento de defesa em virtude do advogado do recorrente não ter realizado sustentação oral, o Tribunal de origem assim se manifestou (fl. 644): [...] constatada a ausência, em plenário e nos corredores próximos à Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] sala de sessão, do advogado de defesa ou de funcionário de seu escritório e diante da manifestação do advogado presente, para que a sustentação oral fosse convertida em preferência, passou-se à leitura do voto e debates por parte da E. Turma Julgadora que, por votação unânime, negou provimento ao recurso. Com efeito, não há que se falar em cerceamento de defesa quando o causídico, devidamente intimado, se descura de estar presente em plenário para encetar sustentação oral. Além disso, é imprescindível quando se trata de alegação de nulidade de ato processual a demonstração do prejuízo sofrido, em consonância com o princípio pas de nullité sans grief, o que não ocorreu na espécie. A propósito: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 1º, INCISOS IV E XIV DO DECRETO-LEI 201/67. PREFEITO MUNICIPAL. RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. NÃO COMPARECIMENTO DO DEFENSOR CONSTITUÍDO. AUSÊNCIA DE NOMEAÇÃO DE DEFENSOR AD HOC. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. I - "Implica nulidade absoluta, por cerceamento de defesa, a realização de sessão em que se delibera acerca do recebimento ou rejeição da denúncia, nos casos de ação penal originária, sem a prévia intimação regular do acusado e de seu defensor." (HC 58.410/PE, 5ª Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJU de 14/05/2007). II - Na hipótese dos autos, contudo, verifica-se que os advogados do paciente foram devidamente intimados acerca da data designada para a sessão de julgamento que recebeu a denúncia e, apesar disso, não compareceram. Deste modo, não há que se falar em cerceamento de defesa. (Precedentes desta Corte e do Pretório Excelso). III. Por conseguinte, facultativa a sustentação oral, revela-se dispensável a nomeação de defensor ad hoc (Lei nº 8.038/90), mormente quando já apresentada a defesa escrita. Ordem denegada. (HC 136.515/PR, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 01/06/2010, DJe 28/06/2010). HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. ALEGAÇÃO DE CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. PAS DE NULLITÉ SANS GRIEF.AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. PRECLUSÃO. ORDEM NÃO CONHECIDA. 1. Em matéria de nulidade, rege o princípio pas de nullité sans grief, segundo o qual não há nulidade sem que o ato tenha gerado prejuízo para a acusação ou para a defesa. Não se prestigia, portanto, a forma pela forma, mas o fim atingido pelo ato. Por essa razão, a desobediência às formalidades estabelecidas na legislação processual só pode acarretar o reconhecimento da invalidade do ato quando a sua finalidade estiver comprometida em virtude do vício verificado, trazendo prejuízo a qualquer das partes da relação Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] processual, o que, definitivamente, não é o caso, visto que o paciente foi patrocinado por advogado em todas as fases do processo. 2. As nulidades relacionadas aos interesses das partes - analisadas à luz do princípio da instrumentalidade das formas - devem levar em consideração os prazos previstos no art. 571 do CPP, sob pena de preclusão. 3. A alegação de cerceamento de defesa pela ausência de intimação da advogada para apresentar alegações finais - sendo certo que a peça foi apresentada por defensor público - só foi arguida nestes autos. Nem mesmo na revisão criminal, julgada em 2006, foi levantada a matéria, o que evidencia a preclusão do tema. 4. Habeas corpus não conhecido. (HC 261.698/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 24/03/2015, DJe 06/04/2015). Outrossim, o art. 7º, IX, da Lei n. 8.906/1994, tido por violado, foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 1105, Dj. 04.06.2010. No tocante à alegação de ofensa aos arts. 413 e 414 do CPP, verifica-se que o Tribunal de origem considerou suficientes os indícios para estabelecer a fundada suspeita de autoria delitiva a fim de submeter o ora recorrente ao crivo do Tribunal do Júri, sendo certo que a pretensão do réu de reverter a decisão de pronúncia, implicaria, necessariamente, análise do conjunto probatório, o que é inviável, na via eleita, ante o óbice da Súmula 7 do STJ, in verbis: "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial". Nesse sentido: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRONÚNCIA. NULIDADE DA CITAÇÃO POR EDITAL. INOCORRÊNCIA. FUGA DO DISTRITO DA CULPA. EXCESSO DE LINGUAGEM. INEXISTÊNCIA. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS DE AUTORIA. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. Quanto à nulidade da citação editalícia, as razões recursais contrapõem-se às assertivas do acórdão recorrido de que foram realizadas diligências tendentes à localização do acusado, que, em verdade, se evadiu do distrito da culpa, sem deixar informações concretas sobre o lugar onde poderia ser encontrado, tanto que nessa condição permaneceu por 24 anos. Nesse contexto, o acolhimento das razões recursais demandaria incursão no acervo fático-probatório carreado aos autos, providência inadmissível na via do recurso especial, a teor da Súmula 7/STJ. 2. Inexiste nulidade, por excesso de linguagem, se a sentença de pronúncia limitou-se à demonstração da prova da materialidade do Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] delito e à indicação dos indícios de autoria que dão suporte à acusação. 3. Considerações a respeito da existência de indícios de autoria, por demandarem ampla incursão em aspectos fáticos e probatórios são incabíveis na via cognitiva estreita do recurso especial, por expressa vedação do enunciado 7 da Súmula desta Corte. 4. Agravo Regimental desprovido. (AgRg no AREsp 197.544/MG, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 30/06/2015, DJe 03/08/2015). PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PRONÚNCIA. INDÍCIOS DE AUTORIA E PROVA DA MATERIALIDADE. SÚMULA N. 7 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - STJ. AGRAVO DESPROVIDO. - A análise da pretensão recursal exigiria, necessariamente, incursão na matéria fática-probatória da lide, o que é defeso em recurso especial, a teor do enunciado n. 7 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça. Agravo regimental desprovido. (AgRg no AREsp 621.066/BA, Rel. Ministro ERICSON MARANHO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), SEXTA TURMA, julgado em 05/03/2015, DJe 13/03/2015). Por fim, não houve o devido cotejo analítico entre os arestos mencionados nas razões do especial, sendo certo que para a demonstração do dissídio jurisprudencial não basta a simples transcrição de ementas, devendo ser mencionadas e expostas as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados. Assim, o agravante não demonstrou o dissenso pretoriano conforme preconizado nos arts. 541, parágrafo único, do Código de Processo Civil, e 255 do RISTJ. Ilustrativamente: PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. OFENSA AO ART. 334 DO CP. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. DISPOSITIVO DE LEI QUE NÃO AMPARA A PRETENSÃO RECURSAL. APELO ESPECIAL COM FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. ART. 255/RISTJ. INOBSERVÂNCIA. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Possuindo o dispositivo de lei indicado como violado comando legal dissociado das razões recursais a ele relacionadas, resta impossibilitada a compreensão da controvérsia arguida nos autos, ante a deficiência na fundamentação recursal. Incidência do enunciado 284 da Súmula do Supremo Tribunal Federal. 2. A não observância dos requisitos do artigo 255, parágrafos 1º e 2º, do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, torna Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] inadmissível o conhecimento do recurso especial com fundamento na alínea "c" do permissivo constitucional. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp 545.693/MS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 23/09/2014, DJe 09/10/2014). Grifos acrescidos. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO. ABSOLVIÇÃO. REEXAME DE PROVA. SÚMULA 7/STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. Desconstituir a conclusão a que chegou o Tribunal a quo sobre a existência de provas suficientes da autoria do delito, por demandar ampla incursão no acervo fático-probatório dos autos, é defeso na estreita via do recurso especial, ante o óbice da Súmula 7 do STJ. 2. Nos termos dos artigos 541, parágrafo único, do CPC e 255, § 1º, do RISTJ, a divergência jurisprudencial com fundamento na alínea "c" do permissivo constitucional requisita comprovação e demonstração, com a transcrição dos trechos dos acórdãos que configurem o dissídio, mencionando-se as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados, não se oferecendo como bastante a simples transcrição de ementas sem realizar o necessário cotejo analítico a evidenciar similitude fática entre os casos apontados e a divergência de interpretações. 3. Agravo regimental desprovido. (AgRg no AREsp 602.984/DF, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 16/06/2015, DJe 22/06/2015). Grifos acrescidos. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo em recurso especial, com fundamento no artigo 544, § 4º, II, "a", do Código de Processo Civil. Publique-se. Intimem-se. Brasília (DF), 25 de setembro de 2015. MINISTRO GURGEL DE FARIA Relator Documento 5 Acompanhamento Processual Decisão Monocrática Certificada Resultado sem Formatação Imprimir/Salvar Processo AREsp 615156 Relator(a)Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE) Data da Publicação 06/10/2015 Decisão AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 615.156 - SP (2014/0295837-5) RELATOR : MINISTRO LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE) AGRAVANTE : WAGNER DO AMARAL JÚNIOR AGRAVANTE : NELSON JANCHIS GROSMAN ADVOGADO : LUÍS GUSTAVO VENEZIANI SOUSA E OUTRO(S) AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO AGRAVADO : AGNES MARIA HERNANDEZ CASSAVIA ADVOGADO : PAULO RANGEL DO NASCIMENTO E OUTRO(S) DECISÃO Trata-se de agravo em recurso especial interposto por WAGNER DO AMARAL JÚNIOR e NELSON JANCHIS GROSMAN contra decisão proferida pela Vice-Presidência do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que não admitiu seu apelo nobre. Consta dos autos que os agravantes ofereceram queixa-crime contra os agravados pela suposta prática dos crimes previstos nos artigos 138, 139, 140 e 141, III, n/f do artigo 69, todos do Código Penal. O Juiz de primeiro grau rejeitou a exordial acusatória nos termos do artigo 395, II e III, do Código de Processo Penal. Inconformada, os querelantes interpuseram recurso em sentido estrito, ao qual o Tribunal de origem, por maioria de votos, negou provimento, mantendo, incólume, a decisão de rejeição da queixa-crime. Interposto recurso especial com fundamento na alínea a do inciso III do artigo 105 da Constituição Federal, este não foi admitido por ausência de prequestionamento e pela extinção da punibilidade dos agravados pela consumação da prescrição da pretensão punitiva do Estado. No presente agravo, sustenta o recorrente que o recurso merece ser conhecido e provido, eis que os temas expostos no apelo nobre estariam devidamente prequestionados. O Ministério Público Federal, em parecer de fls. 656/661, opina pelo não provimento do agravo. Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] É o relatório. O Tribunal estadual não admitiu o recurso especial interposto pelo agravante em decisão assim fundamentada (fls. 341/342): De início, cumpre registrar que o artigo 61 do Código de Processo Penal dispõe que em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo de ofício. Como é cediço, a prescrição constitui matéria de ordem pública e sempre precede o exame de qualquer outro tema. Considerando a rejeição da queixa-crime e o lapso temporal decorrido entre a data dos fatos e o presente momento, verifica-se a ocorrência da prescrição pela pena máxima em abstrato cominada à infração tipificada no art. 140, c.c. o art. 141, III, do Código Penal. Dessa forma, JULGA-SE EXTINTA A PUNIBILIDADE de AGNES MARIA HERNANDEZ CASSAVIA, relativamente à imputação de ter praticado o crime sobredito, com esteio nos artigos 107, inciso IV, e 109, incisos VI, do Código Penal. Por outro lado, o Colendo Supremo Tribunal Federal, no Recurso Extraordinário n° 602.527/RS, em sessão de julgamento realizada aos 19 de novembro de 2009, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, reconheceu a repercussão geral e reafirmou a jurisprudência a respeito da inadmissibilidade de extinção da punibilidade pela decretação da chamada prescrição em perspectiva. Assim, RESTA PREJUDICADO o pedido formulado pela Defesa em contrarrazões às fls. 480/482, nos termos do § 3o do artigo 543-B do Código de Processo Civil. Quanto ao mais, observa-se que a matéria ventilada no presente reclamo não restou prequestionada, como se exigia ao caso. O prequestionamento, como é cediço, implica em debate a respeito da norma em testilha. Era imperioso, portanto, que a questão fosse "suficientemente discutida a ponto de se construir tese sobre e/a"1 Cabe mencionar o julgamento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça no Agravo Regimental no Recurso Especial n° 927.731/SP, Rei. Min. Jane Silva, julgado em 15/04/2008: "(...) 2. O prequestionamento, entendido como a necessidade de o tema objeto do recurso haver sido examinado pela decisão atacada, constitui exigência inafastável da própria previsão constitucional, ao tratar do recurso especial, impondo-se como um dos principais requisitos ao seu conhecimento. Não examinada a matéria objeto do especial pela instância a quo, mesmo com a oposição de embargos de declaração, incide o enunciado 211 desta Corte." Ante o exposto, julga-se EXTINTA A PUNIBILIDADE de AGNES MARIA Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] HERNANDEZ CASSAVIA, relativamente à imputação de ter infringido o art. 140, c.c. o art. 141, III, do Código Penal, e, no mais, NÃO SE ADMITE o recurso especial. Procedidas as anotações de praxe, devolvam-se os autos à origem. Quanto à pretensão de recebimento da queixa-crime em relação aos delitos dos artigos 140 e 141, III, do Código Penal, o recurso não comporta conhecimento, pois, neste pormenor, o Tribunal a quo ressaltou ser inviável o processamento do apelo nobre pela extinção da punibilidade dos agentes e pela ausência de prequestionamento, sendo que, nas razões do agravo, os agravantes limitaram-se a impugnar tão somente o último óbice indicado no decisum agravado. Portanto, o recurso, neste pormenor, mostra-se incabível, consoante se extrai do Enunciado n.º 182 da Súmula do STJ, cujo teor é o que segue: É inviável o agravo do art. 545 do CPC que deixa de atacar especificamente os fundamentos da decisão agravada . É assente nesta Corte o entendimento segundo o qual os recursos devem impugnar, de maneira específica e pormenorizada, os fundamentos da decisão contra a qual se insurgem, sob pena de vê-los mantidos. Não são suficientes meras alegações genéricas sobre as razões que levaram à inadmissão do agravo ou do recurso especial ou à insistência no mérito da controvérsia (AgRg no AREsp 542.855/SC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 23/06/2015, DJe 29/06/2015). A propósito: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. RAZÕES DO RECURSO QUE NÃO ATACAM O FUNDAMENTO DA DECISÃO RECORRIDA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 182 DESTA CORTE. I- O Agravante, nas razões do agravo regimental, não atacou especificamente os fundamentos da decisão agravada, o que impõe a aplicação, por analogia, da Súmula n.º 182 do Superior Tribunal de Justiça. II- Agravo Regimental não conhecido. (AgRg no AREsp 343579/SP, Rel. Min. REGINA HELENA COSTA, Quinta Turma, DJe 14/05/2014.) AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RAZÕES DO REGIMENTAL QUE NÃO INFIRMAM OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. ARGUMENTOS AVENTADOS QUE DIZEM RESPEITO AO VALOR DE IMPOSTOS ELIDIDOS UTILIZADO PELA JURISPRUDÊNCIA PARA FAZER INCIDIR O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO CONHECIDO. 1. A decisão agravada negou seguimento ao recurso especial interposto pela Acusada baseada no seguinte fundamento: no crime de descaminho a reiteração delitiva afasta a incidência do princípio da insignificância. Para tanto, utilizou-se de precedentes desta Corte Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] e do Supremo Tribunal Federal. 2. A Agravante, nas razões do agravo regimental, não atacou especificamente os fundamentos da decisão agravada, limitando-se a tecer argumentação relativa ao patamar utilizado pela jurisprudência para fazer incidir o princípio da insignificância, o que impõe a aplicação do verbete sumular n.º 182 do Superior Tribunal de Justiça. 3. Agravoregimental não conhecido. (AgRg no REsp 1418785/SC, Rel. Min. LAURITA VAZ, Quinta Turma, DJe 28/03/2014.) AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. PREQUESTIONAMENTO IMPLÍCITO NÃO CONFIGURADO. PENSÃO POR MORTE. LEI VIGENTE À ÉPOCA DO ÓBITO DO INSTITUIDOR. LEI N. 3.807/1960. PREVISÃO DE QUE A PENSÃO PODERIA SER REQUERIDA A QUALQUER TEMPO. RAZÕES QUE NÃO INFIRMAM OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. ÓBICE DO ENUNCIADO N. 182 DA SÚMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. O recurso não foi provido, e assim deve permanecer, em razão da carência do prequestionamento, até mesmo de modo implícito, dos dispositivos apontados como violados no recurso especial. 2. (...). 3. No caso, deveria o agravante ter demonstrado a impertinência do outro motivo invocado na decisão agravada que também serviu de arrimo para negar seguimento ao recurso especial, o que não ocorreu na presente hipótese. 4. É inviável o agravo que deixa de atacar especificamente os fundamentos da decisão agravada. Incidência, por analogia, da Súmula 182 do STJ. 5. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1091930/RJ, Rel. Min. MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Quinta Turma, DJe 14/05/2014.) Quanto à pretensão de recebimento da queixa-crime quanto aos delitos dos artigos 138 e 139, do Estatuto Penalista, tenho que a utilidade e o interesse recursal não mais subsistem, em razão da perda superveniente do objeto. Constata-se dos autos que os fatos datam de 15/02/2011 (fl. 399) e até o presente momento não houve qualquer marco interruptivo da prescrição, devendo-se ressaltar que, acaso provido o apelo nobre nos termos do Enunciado n.º 709 da Súmula do Supremo Tribunal Federal, o recebimento da exordial dataria da presente data - 30/09/2015. Levando-se em consideração as penas máximas cominadas aos crimes previstos nos artigos 138 e 139 do Código Penal, respectivamente, estabelecidas em 2 (dois) anos e 1 (um) ano de Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] detenção, tem-se que o prazo prescricional será de 4 (quatro) anos para cada um, nos termos dos artigos 109, V, e 119 do mesmo Diploma Repressor, já consumados desde 14/02/2015. Portanto, constata-se que, conquanto fosse dado provimento ao recurso especial para fins de recebimento da queixa-crime, a punibilidade dos agravados já se encontrariam extintas pela prescrição da pretensão punitiva do Estado, haja vista o implemento de lapso superior a 4 (quatro) anos (art. 109, V, c/c o artigo 119 do Estatuto Penalista) em relação aos fatos criminosos imputados aos agentes. Assim, pelas razões expostas, verifica-se estar inócuo o processamento do presente recurso quanto aos delitos dos artigos 138 e 139 do Código Penal. Por tais razões, afigurando-se inadmissível o recurso especial, conhece-se do agravo para negar-lhe provimento, nos termos do artigo 544, § 4.º, inciso II, alínea a, do Código de Processo Civil, combinado com o artigo 3.º do Código de Processo Penal. Publique-se e intimem-se. Cientifique-se o Ministério Público Federal. Brasília, 30 de setembro de 2015. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE) Relator Documento 6 Acompanhamento Processual Decisão Monocrática Certificada Resultado sem Formatação Imprimir/Salvar Processo AREsp 545180 Relator(a) Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA Data da Publicação 06/10/2015 Decisão Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 545.180 - SP (2014/0168927-0) RELATOR : MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA AGRAVANTE : MAICON MARQUES ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL DECISÃO Trata-se de agravo interposto por MAICON MARQUES contra decisão que inadmitiu recurso especial manejado contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, assim ementado (e-STJ fl. 118): PENAL E PROCESSUAL PENAL. REVISÃO CRIMINAL. DESCAMINHO CIGARROS. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO APLICAÇÃO. DOSIMETRIA: SÚMULA 444 STJ. JÁ EXISTENTE À ÉPOCA DA SENTENÇA RESCINDENDA. DEVE SER APLICAÇÃO. COMPENSAÇÃO DA ATENUANTE DA CONFISSÃO COM A AGRAVANTE DE PRATICAR O DELITO MEDIANTE PAGA DE RECOMPENSA. POSTERIOR ALTERAÇÃO JURISPRUDENCIAL. NÃO APLICAÇÃO. REVISÃO CRIMINAL PARCIALMENTE PROCEDENTE. 1. Da simples leitura da sentença condenatória, na parte em que deixou de aplicar o princípio da insignificância, observa-se que não há clara contradição a texto expresso de lei, ou à evidência dos autos, a ensejar a rescisão do decisum, de modo que pretende o requerente verdadeira reanálise do julgamento visando à absolvição. 2. Ademais, trata-se de matéria controversa nos Tribunais, pois há entendimento no sentido de que a importação de cigarros de origem estrangeira em território nacional, sem o preenchimento dos requisitos legais, configura o crime de contrabando e não de descaminho, situação em que não se aplica o princípio da insignificância. 3. A Súmula STJ n.° 444 (Dje 13.05.2010), que dispõe ser "vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base", já havia sido editada à época da prolação da sentença condenatória, proferida em 13.06.2011, razão pela qual entendo deva ser acolhido o pedido do requerente, no sentido de que sua pena-base não poderia ter sido majorada com fundamento em inquéritos policiais e ações penais em andamento. 4. Na segunda fase da dosimetria, deve ser mantida a sentença rescindenda, ao fazer prevalecer a agravante prevista no artigo 62, iy, do Código Penal (prática do crime mediante pagamento de recompensa), em detrimento da atenuante da confissão, pois o fez com fundamento no art. 67 do Código Penal e posterior alteração jurisprudencial, em Tribunal Superior, não autoriza a revisão criminal. 5. Revisão criminal julgada parcialmente procedente para reduzir a Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] pena-base ao mínimo legal, nos termos da Súmula 444 do STJ. Nas razões do recurso especial, fundado nas alíneas "a" e "c" do permissivo constitucional, alega a parte recorrente: (i) a aplicação do princípio da insignificância; (ii) que a Portaria n. 75 de 22/03/2012 do Ministério da Fazenda aumentou de R$ 10.000,00 para R$ 20.000,00 o limite mínimo para o ajuizamento das execuções fiscais por débito com o Fisco; (iii) a ocorrência de equívoco no processo do cálculo do imposto elidido; (iv) a possibilidade de compensação da atenuante de confissão com a promessa de recompensa. Busca apresentar a ocorrência de dissídio jurisprudencial acerca da aplicação do princípio da insignificância. As contrarrazões foram apresentadas (e-STJ fls. 153/163) e o Tribunal local negou seguimento ao recurso especial (e-STJ fls. 165/171). O Ministério Público Federal opinou pelo não provimento do agravo (e-STJ fls. 201/206), cuja ementa do parecer é a seguinte: AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CRIME DE CONTRABANDO. REVISÃO CRIMINAL. PRINCIPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. SÚMULA 83/STJ. ALEGADA UTILIZAÇÃO ERRÔNEA DE BASE CALCULO. SÚMULA 211/STJ. COMPENSAÇÃO DA ATENUANTE DE CONFISSÃO ESPONTÂNEA COM O AGRAVANTE DE PROMESSA DE RECOMPENSA. POSTERIOR ALTERAÇÃO JURISPRUDENCIAL DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA NÃO CONFIGURA HIPÓTESE DE CABIMENTO DE REVISÃO CRIMINAL. PARECER PELO CONHECIMENTO E NÃO PROVIMENTO DO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. É o relatório. Decido. Preenchidos os requisitos formais e impugnado o fundamento da decisão agravada, conheço do agravo. O recurso não merece acolhida. O Tribunala quo, ao concluir pela inaplicabilidade do princípio da insignificância, assim consignou (e-STJ fls. 111): 1. Quanto à aplicação do princípio da insignificância, a sentença condenatória fundamentou devidamente a sua não aplicação (fls. 28-v): "Não há dúvida, portanto, de que os acusados, em concurso de vontades, praticaram o delito descrito na inicial, não havendo a incidência, no presente caso do princípio da insignificância, visto que o valor dos tributos iludidos em casos de contrabando de cigarros é calculado à alíquota de 330% só a título de IPI, sem contar a incidência dos demais tributos (II, PIS, COFINS, ICMS), que também são computados para efeito de tributação de mercadorias estrangeiras que ingressam em território brasileiro. ' Nesse contexto, resta evidente que o valor dos tributos iludidos em relação aos cigarros encontrados em poder dos acusados'-, que Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] atuaram em comunhão de desíginios e identidade de propósitos (R$t 5.138,00 -fl. 104 + R$ 4.312,00 -fl. 155 = R$ 9.450,00, com incidência apenas da alíquota relativa ao IPI, de 300% = R$ 28.350, 00) excede\o patamar de dez mil reais, adotado jurisprudencialmente para aplicação do principio da insignificância." 1 Ora, verifica-se que o Tribunal a quo, ao verificar que o recorrente sonegou mais de R$ 10.000,00 com a prática do crime de descaminho, não aplicou o princípio da insignificância. . Nessa linha, não divergiu do entendimento da Terceira Seção desta Corte Superior que, sob a égide dos recursos repetitivos, art. 543-C do CPC, no julgamento do REsp 1112748/TO, Rel. Ministro FELIX FISCHER, DJe 13/10/2009, firmou posicionamento no sentido de que incide o princípio da insignificância no crime de descaminho quando o valor dos tributos elididos não ultrapassar o montante de R$ 10.000,00, de acordo com o disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002. Abaixo, ementa do referido julgado: RECURSO ESPECIAL REPETITIVO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 105, III, A E C DA CF/88. PENAL. ART. 334, § 1º, ALÍNEAS C E D, DO CÓDIGO PENAL. DESCAMINHO. TIPICIDADE. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. I - Segundo jurisprudência firmada no âmbito do Pretório Excelso - 1ª e 2ª Turmas - incide o princípio da insignificância aos débitos tributários que não ultrapassem o limite de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei nº 10.522/02. II - Muito embora esta não seja a orientação majoritária desta Corte (vide EREsp 966077/GO, 3ª Seção, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe de 20/08/2009), mas em prol da otimização do sistema, e buscando evitar uma sucessiva interposição de recursos ao c. Supremo Tribunal Federal, em sintonia com os objetivos da Lei nº 11.672/08, é de ser seguido, na matéria, o escólio jurisprudencial da Suprema Corte. Recurso especial desprovido. (REsp 1112748/TO, Rel. Ministro FELIX FISCHER, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 09/09/2009, DJe 13/10/2009) Ademais, a decisão recorrida está na mais absoluta consonância com a jurisprudência desta Corte, firmada no sentido de que a Portaria MF 75/2012 que estipulou como limite mínimo o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) para o ajuizamento de execuções fiscais não possui força de lei, portanto não pode ser utilizada como parâmetro para a aferição do princípio da bagatela. Precedente: AgRg no REsp 1525154/PR, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 15/09/2015, DJe 21/09/2015. No que tange à ocorrência de equívoco no processo do cálculo do imposto, além de tal tema não ter sido prequestionado (Súmula Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] 282/STF), para rever tal valor seria inevitável a reapreciação da matéria fático-probatória, providência inadmissível na via eleita, a teor da Súmula n. 7/STJ. Por fim, quanto à possibilidade de compensação da atenuante de confissão com a promessa de recompensa, não há a indicação incisiva do dispositivo e da lei federal, supostamente, ofendidos, além de não atender à técnica própria de interposição do recurso especial, configura deficiência de fundamentação. Incidência da Súmula 284/STF. Mesmo que assim não fosse, conforme consignado pelo Ministério Público, o recurso está amparado em mudança de orientação jurisprudencial e não em violação de dispositivo de lei federal, tampouco em dissídio jurisprudencial, o qual sequer foi realizado devidamente. A sentença foi prolatada em conformidade com o dispositivo do artigo 67 do Código Penal. Aumentou a pena do condenado, na segunda fase da dosimetria, em razão da prevalência da agravante (prática do crime mediante pagamento de recompensa). Transitou em julgado para a defesa em 13/9/2011. A posterior alteração jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça, acerca da possibilidade da compensação da atenuante da confissão com a agravante da reincidência, não configura hipótese de cabimento de revisão criminal (e-STJ fl. 206). Ademais, tal fundamento utilizado pelo acórdão recorrido posterior mudança da orientação jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça não configura hipótese de cabimento da revisão criminal não foi impugnado nas razões do recurso especial, o que enseja a incidência da Súmula 283/STF. Ante o exposto, nego provimento ao agravo. Publique-se. Intimem-se. Brasília (DF), 30 de setembro de 2015. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA Relator Documento 7 Acompanhamento Processual Decisão Monocrática Certificada Resultado sem Formatação Imprimir/Salvar Processo AREsp 539284 Relator(a) Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE) Data da Publicação 06/10/2015 Decisão AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 539.284 - RJ (2014/0160736-4) RELATOR : MINISTRO LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE) AGRAVANTE : ERIALDO RODRIGUES SARAIVA AGRAVANTE : ANTÔNIO CARLOS GOMES JOAQUIM ADVOGADO : MARCO ANTONIO NOSSAR AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DECISÃO Trata-se de agravo interposto por ERIALDO RODRIGUES SARAIVA e ANTÔNIO CARLOS GOMES JOAQUIM contra decisão do Tribunal de Justiça local que negou seguimento ao recurso especial. Consta dos autos que o agravante ERIALDO foi condenado pela prática do crime previsto no art. 1º, a , c/c §§ 3º e 4º, da Lei n.º 9.455/97 e o agravante ANTÔNIO foi condenado pelo crime previsto no art. 1º, a , c/c §§ 3º e 4º, da Lei nº 9455/97, na forma do art. 29 do Código Penal. Irresignadas, a acusação e a defesa interpuseram recursos de apelação, os quais tiveram o seguinte julgamento (fl. 860 do e-STJ): APELAÇÃO CRIMINAL. TORTURA (Art. 1º, a , c/c §§ 3º e 4º, da Lei 9.455/97). RECURSO DA DEFESA E DA ACUSAÇÃO. RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. Exasperação da pena-base. Cabimento. Culpabilidade dos agentes que não é a normal para o injusto praticado. O agir criminoso dos apelantes merece um grau maior de censurabilidade, em razão da intensidade do dolo que, no caso em tela, transcendeu a normalidade do tipo penal em questão. Conduta social e personalidade dos agentes também devem ser valoradas negativamente. Acusados integrantes da facção criminosa envolvida com o tráfico de drogas no município de Macaé, além de terem demonstrado intensa agressividade, frieza emocional, insensibilidade acentuada, bem como maldade, covardia e perversidade no cometimento do delito. Motivo do crime torpe e fútil praticado por vingança e para servir de exemplo para os demais membros da facçãocriminosa. Circunstancias e consequências do crime nefastas. Crime praticado em local ermo, de Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] forma premeditada e, por pouco, não causou a morte da vítima. Durante a tortura, foram utilizados objetos como faca em brasa para cortar partes do corpo da vítima, foram causadas queimaduras em 40% do corpo, além de choques e mordidas de cachorro. Pena base majorada. CONHEÇO DOS RECURSOS, NEGO PROVIMENTO AOS RECURSOS DEFENSIVOS E DOU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO, A FIM DE MAJORAR A PENA BASE DOS ACUSADOS PARA 08 ANOS, ALCANÇANDO A PENA FINAL 09 ANOS E 4 MESES DE RECLUSÃO. MANTENHO, NO MAIS, A SENTENÇA TAL COMOPROFERIDA. Nas razões do recurso especial (fls. 890/908 do e-STJ), interposto com fundamento nas alíneas a e c do permissivo constitucional, os recorrentes indicam, além do dissídio jurisprudencial, violação aos artigos 155, 156 e 157, do Código de Processo Penal e artigo 5º, da Lei nº 9.296/96. Contrarrazões apresentadas às fls. 1.000/1.014 do e-STJ. Inadmissão do apelo especial constante às fls. 1.030/1.048 do e-STJ. Em seu agravo (fls. 1.100/1.104 do e-STJ), a parte agravante impugnou os fundamentos esposados na decisão vergastada. Em sede de contrarrazões, manifestou-se o agravado pelo não conhecimento do agravo, mantendo-se a decisão que inadmitiu o recurso especial (fls. 1.163/1.167 do e-STJ). Por fim, o Ministério Público Federal opinou pelo não conhecimento do agravo (fls. 1.181/1.185 do e-STJ). É o relatório. DECIDO. A insurgência não merece prosperar. Os recorrentes alegam violação ao art. 5º, da Lei nº 9.296/96, na medida em que as interceptações telefônicas foram prorrogadas por lapso temporal indefinido e sem a devida fundamentação, e aos arts. 155 e 157, do Código de Processo Penal. A despeito dos argumentos expostos pelos recorrentes, impõe-se reconhecer que carecem de prequestionamento, uma vez que os temas tratados pelos dispositivos supostamente violados não foram enfrentados pelo Tribunal de origem. Incidem, portanto, os enunciados n. 211 do STJ e 356 do STF. Nesse sentido, o seguinte julgado desta Corte: PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. OFENSA AOS ARTS. 157 DO CPP E 5º DA LEI N. 9.296/96. MATÉRIA BIPARTIDA. (I) - 1ª TESE JURÍDICA. MÉTODO DE AFERIÇÃO DE TEMPO DE CONTAGEM DE PRAZO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. (II) - 2ª TESE JURÍDICA. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS REALIZADAS FORA DO LAPSO TEMPORAL PERMITIDO EM LEI. ACÓRDÃO ASSENTADO EM MAIS DE UM Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] FUNDAMENTO SUFICIENTE. RECURSO QUE NÃO ABRANGE TODOS ELES. SÚMULA 283/STF. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL E OFENSA AOS ARTS. 59, 61, II, "H", 71, E 332, P.Ú., TODOS DO CP, E 381 E 387, AMBOS DO CPP. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. TESE JURÍDICA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 211/STJ, 282/STF E 356/STF. VILIPÊNDIO AOS ARTS. 381 E 387, AMBOS DO CPP. VIOLAÇÃO GENÉRICA. OFENSA AO ART. 78, IV, DO CPP. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. APELO ESPECIAL COM FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. NEGATIVA DE VIGÊNCIA AOS ART. 5º, XII, 93, IX, E 109, I, TODOS DA CF/88. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. NÃO CABIMENTO. OFENSA AO ART. 59 DO CP. PLEITO DE REDUÇÃO DE PENA. VILIPÊNDIO AO ART. 71 DO CP. CONTINUIDADE DELITIVA. CONTRARIEDADE AO ART. 158 DO CP. CONFIGURAÇÃO DO DELITO DE EXTORSÃO. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. (I) - ART. 255/RISTJ. INOBSERVÂNCIA. (II) - ACÓRDÃOS PARADIGMAS PROFERIDOS EM HABEAS CORPUS. IMPROPRIEDADE. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. É condição sine qua non ao conhecimento do especial que o acórdão recorrido tenha emitido juízo de valor expresso sobre a tese jurídica que se busca discutir na instância excepcional, sob pena de ausência de pressuposto processual específico do recurso especial, o prequestionamento. Inteligência dos enunciados 211/STJ, 282 e 356/STF. [...] (AgRg no AREsp 457.376/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 05/02/2015, DJe 20/02/2015) (original sem grifos) Assim, resta prejudicada a análise dos artigos 155 e 157, do CPP e do artigo 5º, da Lei nº 9.296/96, em relação às alíneas a e c do permissivo constitucional. No tocante ao artigo 156, do CPP, os agravantes alegam dissídio jurisprudencial com fundamento na alínea "c" do permissivo constitucional. Entretanto, observa-se que os recorrentes não se desobrigaram de atender os requisitos do artigo 255, parágrafos 1º e 2º, do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. De fato, esta Corte tem reiteradamente decidido que, para comprovação da divergência jurisprudencial, não basta a simples transcrição de ementas, devendo ser mencionadas e expostas às circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados. Na espécie, contudo, verifica-se dos autos que os agravantes não cumpriram as exigências insculpidas nos mencionados dispositivos, pois não realizaram o devido cotejo analítico entre os acórdãos ditos divergentes, não demonstrando a similitude fática entre os Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] arestos mencionados na petição do apelo especial, bem como não comprovaram o dissídio através de certidões ou cópias autenticadas dos acórdãos apontados divergentes. Dessa forma, o recurso não merece prosperar, como se depreende da leitura do seguinte precedente: PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INTERPOSIÇÃO PELA ALÍNEA C. AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO. DISSIDIO NÃO DEMONSTRADO. O recurso especial interposto com fulcro no art. 105, inciso III, alínea c, da Constituição Federal, exige a demonstração do dissídio jurisprudencial, por meio da realização do indispensável cotejo analítico, para demonstrar a similitude fática entre o v. acórdão recorrido e o eventual paradigma (arts. 541, parágrafo único, do CPC e 255, § 2º, do RISTJ), o que não ocorreu na espécie. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 1453786/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 19/03/2015, DJe 30/03/2015) Por fim, em relação à admissibilidade do recurso pela alínea "a" do permissivo constitucional, observa-se da leitura da peça recursal que não foi explanada a razão violadora da norma infraconstitucional apontada. A jurisprudência desta Corte considera que quando a arguição de ofensa ao dispositivo de lei federal é genérica, sem demonstração efetiva da contrariedade, há deficiência em sua fundamentação, razão pela qual deve ser aplicada ao presente caso, por analogia, a Súmula nº 284 do STF. Por oportuno, transcrevo a seguinte decisão judicial: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CÉDULA DE PRODUTO RURAL. SÚMULA 284 DO STF E INVIABILIDADE DE DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. NECESSIDADE DE REEXAME DOS FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. 1. Em relação à admissibilidade do recurso pela alínea "a" do permissivo constitucional, ressalta-se que a alegação genérica, sem a indicação incisiva do dispositivo, supostamente, ofendido, além de não atender à técnica própria de interposição do recurso especial, configura deficiência de fundamentação. Inteligência da Súmula 284/STF. [...] 4. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp 738.856/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 15/09/2015, DJe 18/09/2015) Ante o exposto, conheço do agravo para negar seguimento ao recurso Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/201519:06:38] especial. Publique-se. Intimem-se. Brasília (DF), 29 de setembro de 2015. MINISTRO LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE) Relator Documento 8 Acompanhamento Processual Decisão Monocrática Certificada Resultado sem Formatação Imprimir/Salvar Processo AREsp 381525 Relator(a) Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE) Data da Publicação 06/10/2015 Decisão AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 381.525 - SP (2013/0276931-3) RELATOR : MINISTRO LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE) AGRAVANTE : IVAN CESAR DA CRUZ ADVOGADOS : JOAQUIM DE JESUS BOTTI CAMPOS MAYCON LIDUENHA CARDOSO AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO DECISÃO Trata-se de agravo em recurso especial interposto por IVAN CESAR DA CRUZ contra decisão proferida pela Presidência da Seção Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que inadmitiu seu apelo nobre. Consta dos autos que o agravante foi condenado à pena de 1 (um) ano, 1 (um) mês e 19 (dezoito) dias de detenção, em regime inicial aberto, como incurso no art. 129, § 9.º, combinado com o art. 71, ambos do Código Penal. Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] Inconformada, a defesa interpôs recurso de apelação, ao qual o Tribunal estadual deu parcial provimento tão somente para reduzir a pena imposta, fixando-a em 4 (quatro) meses e 2 (dois) dias de detenção, mantidos os demais termos do édito condenatório. Opostos embargos de declaração, estes foram rejeitados. Seguiu-se a interposição de recurso especial, que não foi admitido, com fulcro nos óbices previstos no Enunciado n.º 284 da Súmula do Supremo Tribunal Federal e no Verbete n.º 7 da Súmula desta Corte. No presente agravo, sustenta o insurgente que o Tribunal estadual, ao analisar os requisitos de admissibilidade do apelo nobre, invadiu a competência do Superior Tribunal de Justiça, analisando as questões de mérito daquela insurgência. Aduz que teria observado os requisitos legais, demonstrando que o acórdão impugnado contrariou e negou vigência a dispositivos legais e divergiu do entendimento predominante adotado por outros tribunais, que em casos idênticos decidiram de forma contrária. Alega que demonstrou em suas razões recusais, de forma clara e precisa, que as leis federais não foram corretamente interpretadas pela Corte local. Requer o provimento da insurgência a fim de que seja conhecido o recurso especial interposto. O Ministério Público Federal, em parecer de fls. 364/367, opinou pelo reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva estatal, julgando-se, em consequência, o agravo prejudicado. É o relatório. Primeiramente, cumpre destacar que é possível a incursão no mérito da lide pelo Tribunal local quando necessária à análise dos pressupostos constitucionais de admissibilidade do recurso especial, sem que isso configure usurpação de competência, ou supressão de instância recursal, consoante pacífica jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça. Nessa linha: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA DO STJ. NÃO OCORRÊNCIA. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. RESPONSABILIDADE CONTRATUAL. OBRIGAÇÃO ILÍQUIDA. DATA DA CITAÇÃO (ART. 219 DO CPC). SÚMULA N. 83 DO STJ. 1. É possível o juízo de prelibação realizado na origem adentrar o mérito do recurso especial, uma vez que o exame de admissibilidade pela alínea "a" do permissivo constitucional, em face dos seus pressupostos constitucionais, envolve o próprio mérito da controvérsia. 2. O Tribunal a quo decidiu que, tratando-se de responsabilidade Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] contratual, os juros de mora são devidos a partir da citação, por força do art. 219 do CPC, ainda que se trate de obrigação ilíquida. 3. A perfeita harmonia entre o acórdão recorrido e a jurisprudência dominante do STJ impõe a aplicação da Súmula n. 83 do STJ. 4. Agravo regimental desprovido. (AgRg no AREsp 132.301/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/04/2014, DJe 29/04/2014) No que tange ao mérito do presente recurso, verifica-se que este não merece ser conhecido, na medida em que o agravante, em suas razões, não atacou especificamente todos os fundamentos da decisão agravada. O decisum que não admitiu o apelo nobre assentou-se em dois fundamentos, quais sejam: incidência do Enunciado n.º 284 da Súmula do Supremo Tribunal Federal e que a tese defendida implicaria em revolvimento de matéria de cunho fático-probatório, o que seria vedado na via eleita pelo Verbete Sumular n.º 7/STJ. O agravante infirmou tão somente o óbice do Enunciado n.º 284 da Súmula do STF, omitindo-se quanto ao fundamento remanescente - incidência da vedação do Enunciado Sumular n.º 7/STJ -, não tendo, pois, se desincumbido de seu ônus de refutar todos os fundamentos da decisão impugnada, a fim de demonstrar a sua incorreção. Destaque-se que, em sede recursal, é necessário que a parte refute de forma direta todos os impedimentos apontados para a não admissão de seu apelo nobre, explicitando os motivos pelos quais estes não incidiriam na hipótese em testilha, o que não se verifica in casu. É assente nesta Corte o entendimento segundo o qual os recursos devem impugnar, de maneira específica e pormenorizada, os fundamentos da decisão contra a qual se insurgem, sob pena de vê-los mantidos. Não são suficientes meras alegações genéricas sobre as razões que levaram à inadmissão do agravo ou do recurso especial ou à insistência no mérito da controvérsia (AgRg no AREsp 542.855/SC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 23/06/2015, DJe 29/06/2015). A propósito: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. RAZÕES DO RECURSO QUE NÃO ATACAM O FUNDAMENTO DA DECISÃO RECORRIDA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 182 DESTA CORTE. I- O Agravante, nas razões do agravo regimental, não atacou especificamente os fundamentos da decisão agravada, o que impõe a aplicação, por analogia, da Súmula n.º 182 do Superior Tribunal de Justiça. II- Agravo Regimental não conhecido. (AgRg no AREsp 343579/SP, Rel. Min. REGINA HELENA COSTA, Quinta Turma, DJe 14/05/2014.) Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RAZÕES DO REGIMENTAL QUE NÃO INFIRMAM OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. ARGUMENTOS AVENTADOS QUE DIZEM RESPEITO AO VALOR DE IMPOSTOS ELIDIDOS UTILIZADO PELA JURISPRUDÊNCIA PARA FAZER INCIDIR O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO CONHECIDO. 1. A decisão agravada negou seguimento ao recurso especial interposto pela Acusada baseada no seguinte fundamento: no crime de descaminho a reiteração delitiva afasta a incidência do princípio da insignificância. Para tanto, utilizou-se de precedentes desta Corte e do Supremo Tribunal Federal. 2. A Agravante, nas razões do agravo regimental, não atacou especificamente os fundamentos da decisão agravada, limitando-se a tecer argumentação relativa ao patamar utilizado pela jurisprudência para fazer incidir o princípio da insignificância, o que impõe a aplicação do verbete sumular n.º 182 do Superior Tribunal de Justiça. 3. Agravo regimental não conhecido. (AgRg no REsp 1418785/SC, Rel. Min. LAURITA VAZ, Quinta Turma, DJe 28/03/2014.) AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. PREQUESTIONAMENTO IMPLÍCITO NÃO CONFIGURADO. PENSÃO POR MORTE. LEI VIGENTE À ÉPOCA DO ÓBITO DO INSTITUIDOR. LEIN. 3.807/1960. PREVISÃO DE QUE A PENSÃO PODERIA SER REQUERIDA A QUALQUER TEMPO. RAZÕES QUE NÃO INFIRMAM OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. ÓBICE DO ENUNCIADO N. 182 DA SÚMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. O recurso não foi provido, e assim deve permanecer, em razão da carência do prequestionamento, até mesmo de modo implícito, dos dispositivos apontados como violados no recurso especial. 2. (...). 3. No caso, deveria o agravante ter demonstrado a impertinência do outro motivo invocado na decisão agravada que também serviu de arrimo para negar seguimento ao recurso especial, o que não ocorreu na presente hipótese. 4. É inviável o agravo que deixa de atacar especificamente os fundamentos da decisão agravada. Incidência, por analogia, da Súmula 182 do STJ. 5. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1091930/RJ, Rel. Min. MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Quinta Turma, DJe 14/05/2014.) Portanto, o recurso é incabível, consoante se extrai do Enunciado n.º 182 da Súmula do STJ: "É inviável o agravo do art. 545 do CPC que deixa de atacar especificamente os fundamentos da decisão Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] agravada". Ante o exposto, com fulcro no art. 544, § 4.º, I, do Código de Processo Civil, combinado com o art. 3.º do Código de Processo Penal, não se conhece o agravo em recurso especial. Publique-se. Cientifique-se o Ministério Público Federal. Brasília, 29 de setembro de 2015. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE) Relator Documento 9 Acompanhamento Processual Decisão Monocrática Certificada Resultado sem Formatação Imprimir/Salvar Processo HC 337399 Relator(a) Ministro FELIX FISCHER Data da Publicação 06/10/2015 Decisão HABEAS CORPUS Nº 337.399 - SP (2015/0245227-7) RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER IMPETRANTE : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO ADVOGADO : LUCIANA DE OLIVEIRA MARÇAIOLI IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO PACIENTE : MARCOS ANTÔNIO GOMES (PRESO) DECISÃO Trata-se de habeas corpus, com pedido liminar, impetrado em benefício de MARCOS ANTÔNIO GOMES, contra o indeferimento de idêntica medida na origem. Sustenta a impetrante, em síntese, que a segregação cautelar constitui constrangimento ilegal na medida em que o paciente não possui condições de arcar com o valor de R$ 200,00 (duzentos reais), Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] arbitrado a título de fiança. Aduz que constitui arbitrariedade a exigência de apresentação de comprovante de endereço e requer, em sede de liminar, "a expedição de alvará de soltura, a ser cumprido dentro de 24 horas (art. 1º, §1º da Resolução n° 108, CNJ), a fim de seja relaxada a prisão do paciente, tendo em vista a atipicidade da sua conduta, com o consequente trancamento o inquérito policial ou, ao menos, a fim de que o paciente seja isentado do pagamento da fiança, deixando-se, ainda, de condicionar a sua soltura com a apresentação de comprovante de residência fixa, tendo em vista a sua precária situação financeira". É o breve relatório. Decido. Pela análise da quaestio trazida à baila na exordial, verifica-se que o habeas corpus investe contra denegação de liminar. De fato, ressalvadas hipóteses excepcionais, é descabido o instrumento heróico, sob pena de ensejar supressão de instância. Assim o entendimento do Pretório Excelso: HC 103570, 1ª Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ acórdão Min. Rosa Weber, DJe de 22/8/2014; HC 121828, 1ª Turma, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 25/6/2014; HC 123549 AgR, 2ª Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe de 4/9/2014. Da mesma forma, nesta eg. Corte: AgRg no HC 285.647/CE, 5ª Turma, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe de 25/8/2014; AgRg no HC 296.890/SP, 5ª Turma, Rel. Min. Moura Ribeiro, DJe de 12/8/2014; AgRg no HC 295.913/SP, 6ª Turma, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, DJe de 5/8/2014; PET no HC 294.721/PR, 6ª Turma, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 24/6/2014. A matéria, inclusive, já se encontra sumulada: "Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar" (Súmula nº 691/STF). No caso dos autos, no entanto, é de se afastar a incidência do mencionado enunciado sumular, ante a ocorrência de flagrante ilegalidade. Isto porque, numa análise perfunctória dos autos, verifica-se que o paciente encontra-se preso única e exclusivamente por não possuir condições de adimplir o valor arbitrado, a título de fiança, de R$ 200,00 (duzentos reais), pelo suposto cometimento do crime de furto na forma tentada, e por não ter apresentado comprovante de endereço. A decisão ora reprochada está assim fundamentada, verbis: MARCOS ANTONIO GOMES foi preso em flagrante delito no dia 09 de Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38] setembro de 2015, em razão da suposta prática de crime provisoriamente tipificado no art. 155, caput do Código Penal. Segundo o relato dos autos, o averiguado ingressou em um supermercado e passou a colocar diversos produtos no interior de uma bolsa preta. Logo em seguida, deixou o local sem passar pelo caixa. Seguranças presenciaram a conduta do autuado e detiveram o averiguado já no lado de fora do mercado. Em audiência de custódia, o averiguado disse residir na Rua Rui Barbosa, 126, Santana, São Paulo. Quanto ao mérito, disse que apenas comeu um chocolate no supermercado e que os funcionários lhe imputaram a prática de crime. Não relatou abuso no momento de sua prisão. DECIDO. Inicialmente, por razões de segurança, consigno a necessidade de endereço. Ademais, o custodiado foi detido por delito semelhante e apresentado em audiência de custódia em 23 de julho de 2015. Assim, diante da ausência de comprovação de endereço fixo e emprego lícito do averiguado que é estrangeiro e não demonstrou possuir qualquer vínculo com o país, necessário (sic) a (sic) fixação da cautelar imposta no art. 319, VIII, do CPP, bem como a comprovação do endereço. A fixação de fiança se justifica como forma de reflexão, pois induvidoso que consequências de ordem financeira estimulam a adoção de comportamentos socialmente adequados, e deve ser arbitrada em R$ 200,00 (duzentos reais) [...] (fls. 49-50). Não é legítima a exigência de apresentação de comprovante de residência para concessão de liberdade provisória mediante pagamento de fiança quando se compreende, pelas circunstâncias do caso, ser possível o arbitramento de valor garantidor da liberdade, a não ser que se imponha ao paciente outra medida cautelar em cumulação, como, por exemplo, o recolhimento domiciliar noturno e nos dias de folga, o que não ocorreu no caso. Ademais, esta Corte já se posicionou no sentido de não ser possível a manutenção da custódia cautelar tão somente em razão do não pagamento do valor arbitrado a título de fiança, máxime quando se tratar de réu pobre, ex vi do art. 350 do CPP, assistido pela Defensoria Pública. Nesse sentido, precedentes das duas turmas que compõem a col. Terceira Seção deste Tribunal: "PENAL. HABEAS CORPUS. FURTO. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO. POSSE DE ARMA DE FOGO. PRÉVIO MANDAMUS DENEGADO. PRESENTE WRIT SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. INVIABILIDADE. VIA INADEQUADA. Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38]
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