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STJ INSIGNIFICANCIA

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Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania
http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38]
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Documento 1
Acompanhamento
 Processual
 Decisão
 Monocrática
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Processo
REsp 1552762
Relator(a)
Ministro FELIX FISCHER
Data da Publicação
06/10/2015
Decisão
RECURSO ESPECIAL Nº 1.552.762 - SP (2015/0211945-4)
RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER
RECORRENTE : MATHEUS HENRIQUE MAGLIA DE SOUZA
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
DECISÃO
Como bem relatou o eminente representante do Ministério Público
Federal (fls. 315-323):
Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania
http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38]
"Trata-se de RECURSO ESPECIAL, interposto por MATHEUS HENRIQUE
MAGLIA DE SOUZA, com base na alínea c do permissivo constitucional,
contra acórdão proferido pela 9ª Câmara de Direito Criminal do
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Extrai-se do caderno processual que o recorrente fora condenado, em
primeira instância, à pena reclusiva de 1 ano, 4 meses e 10 dias, a
ser cumprida inicialmente no regime fechado, pela prática do crime
de receptação (art. 180, caput, do CP), nos termos da sentença de
fls. 178/182.
Inconformada, a defesa apelou, oportunidade em que requereu, dentre
outros pedidos, a absolvição do acusado e, alternativamente, a
alteração do regime prisional (fls. 187/193), tendo a Corte paulista
rejeitado o recurso por meio do acórdão ora hostilizado (fls.
221/228).
No presente recurso especial (fls. 236/253), a defesa aduz que o
Tribunal a quo, ao manter a sentença de primeiro grau, deu
interpretação distinta daquela exarada pelo Tribunal de Justiça do
Rio Grande do Sul, em caso semelhante, no que diz respeito à
inversão do ônus da prova para caracterização do tipo penal previsto
no art. 180, caput, do CP.
Segundo a Defensoria Pública, 'enquanto o E. Tribunal de Justiça de
São Paulo, por meio do v. acórdão combatido, entendeu que a
apreensão do objeto proveniente de ilícito em poder do acusado era
suficiente para inverter o ônus probatório em desfavor do réu,
presumindo-se a ciência da origem criminosa do bem, o E. Tribunal do
Rio Grande do Sul, em situação em que o acusado também foi abordado
em posse de objeto proveniente de delito, entendeu que o ônus da
prova permanecia com a acusação, porque o processo penal deve-se
guiar, entre outros princípios, pelo in dúbio pro reo, não se
admitindo presunções em desfavor do imputado' (fls. 244/245).
Ademais, a defesa sustenta que o Tribunal bandeirante, mesmo
mantendo a sanção dentro dos limites previstos no art. 33, § 4°, c,
do CP, decidiu que apenas o regime fechado é cabível, em razão da
reincidência do acusado. Todavia, o Tribunal do Rio Grande do Sul,
em caso semelhante, entendeu que o condenado por furto, à pena
inferior a 4 anos, mesmo reincidente, pode iniciar o desconto da
sanção corpórea em regime aberto.
Pede, assim, a reforma do acórdão impugnado, fazendo prevalecer o
entendimento exarado no acórdão paradigma, para afastar a inversão
do ônus da prova e absolver o acusado. De forma subsidiária, requer
a fixação do regime inicial aberto ou semiaberto.
Contrarrazões apresentadas às fls. 276/297.
Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania
http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38]
O Presidente da Seção de Direito Criminal do TJ/SP admitiu a
irresignação (fls. 300)."
O parecer foi pelo não conhecimento do recurso especial.
É o relatório.
Decido.
Consoante relatado, o recorrente aponta dissídio jurisprudencial
relacionado ao ônus da prova do crime de receptação e à fixação do
regime fechado com base na reincidência do réu.
Todavia, o recurso especial interposto com fulcro no art. 105,
inciso III, alínea c, da Constituição Federal, exige a demonstração
do dissídio jurisprudencial, através da realização do indispensável
cotejo analítico, para demonstrar a similitude fática entre o v.
acórdão recorrido e o eventual paradigma (arts. 541, parágrafo
único, do CPC e 255, § 2º, do RISTJ), o que não ocorreu na espécie.
A inobservância dessa formalidade obsta o conhecimento do recurso
especial.
Vale citar, os seguintes julgados:
"AGRAVO REGIMENTAL. NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. FURTO
QUALIFICADO. FORMA TENTADA. EMPREGO DE CHAVE FALSA. CONCURSO DE
PESSOAS. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE.
REINCIDÊNCIA. PRÁTICA DO CRIME DO ART. 307. RES FURTIVA COFRE. VALOR
R$ 97,00 (NOVENTA E SETE REAIS). 12 (DOZE) CONDENAÇÕES ANTERIORES
QUE NÃO FORAM SUFICIENTES A COIBIR A PRÁTICA DE NOVOS DELITOS
PATRIMONIAIS. AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO. INOBSERVÂNCIA DOS
REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DO ART. 105, III, C, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. DECISÃO RECORRIDA EM CONFORMIDADE COM O ENTENDIMENTO
JURISPRUDENCIAL DESTA CORTE DE JUSTIÇA.
1- O recurso especial interposto com amparo no art. 105, inciso III,
alínea "c", da Constituição Federal, exige a demonstração do
dissídio jurisprudencial, por meio da realização do cotejo
analítico, para demonstrar a similitude fática entre o acórdão
recorrido e o apontado acórdão paradigma. Precedente AgRg no REsp
1453786/SP, Rel. Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, julgado em
19/03/2015, DJe 30/3/2015.
[...]
4- Agravo regimental improvido" (AgRg no AREsp 623.288/SP, Quinta
Turma, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo - Desembargador Convocado
do TJ/PE, DJe de 13/5/2015).
"PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AGRAVO QUE INADMITIU RECURSO ESPECIAL.
SÚMULA N. 315/STJ. DIVERGÊNCIA HAVIDA DENTRO DA MESMA TURMA
JULGADORA. PARADIGMAS PROFERIDOS EM HABEAS CORPUS.
Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania
http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38]
INADMISSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO. AGRAVO REGIMENTAL
IMPROVIDO.
[...]
3. Não se admite como paradigma, para fins de comprovação do
dissídio jurisprudencial, o acórdão proferido em habeas corpus.
4. A mera transcrição de ementa de aresto paradigma, sem o cotejo
analítico entre ele e o acórdão recorrido, mediante a transcrição
dos trechos dos acórdãos que configurem o dissídio, de modo a
demonstrar a similitude fático-jurídica, obsta o conhecimento dos
embargos de divergência.
5. Agravo regimental improvido" (AgRg nos EAREsp 279.085/PR,
Terceira Seção, Rel. Min. Nefi Cordeiro, DJe de 2/9/2014).
"AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL PENAL.
TRÁFICO DE DROGAS. RECURSO INTERPOSTO PELAS ALÍNEAS A E C DO
PERMISSIVO CONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO NOS MOLDES
LEGAIS E REGIMENTAIS. ALEGADA AUSÊNCIA DE MATERIALIDADE POR NÃO
EXISTIR LAUDO TOXICOLÓGICO. PRESCINDIBILIDADE. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO
POR FALTA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. ÓBICE DO VERBETE SUMULAR N.º
7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. A demonstração do dissídio jurisprudencialnão se contenta com
meras transcrições de ementas, sendo absolutamente indispensável o
cotejo analítico nos moldes legais e regimentais.
[...]
6. Agravo regimental desprovido" (AgRg no AREsp 293.492/MT, Quinta
Turma, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe de 2/9/2014).
Ante o exposto, nego seguimento ao recurso especial.
P. e I.
Brasília (DF), 28 de setembro de 2015.
Ministro Felix Fischer
Relator
 
Documento 2
Acompanhamento
 Processual
 Decisão
 Monocrática
 Certificada
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Processo
REsp 1544307
Relator(a)
Ministro FELIX FISCHER
Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania
http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38]
Data da Publicação
06/10/2015
Decisão
RECURSO ESPECIAL Nº 1.544.307 - MS (2015/0173453-8)
RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER
RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
RECORRIDO : L C C C
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL
DECISÃO
Como bem relatou o eminente representante do Ministério Público
Federal (fls. 321-323):
"Trata-se de recurso especial interposto pelo Ministério Público
estadual (fls. 255-268), com fundamento no art. 105 III a e c da CR,
em face de acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso
do Sul (fls. 242-248), que deu provimento à apelação da defesa, para
absolver LUIZ CRISTIANO CAMARGO CORRÊA por infração aos arts. 129 §
9o do CP, a pretexto de incidência do princípio da bagatela
imprópria.
Sustenta o recorrente ofensa ao art. 129 § 9o CP e divergência
jurisprudencial, sob o fundamento de que o princípio da bagatela
imprópria não deve ser aplicado nos casos de violência doméstica e
familiar contra a mulher, pois estes envolvem alta gravidade e
extrema ofensividade social, exigindo a aplicação da pena não só
para a prevenção de novos ilícitos penais, mas também para proteger
a mulher em situação de vulnerabilidade. Afastada a aplicação do
princípio em tela, requer o parquet, ao final, o provimento do
apelo, a fim de que se restabeleça a sentença condenatória.
As contrarrazões foram apresentadas às fls. 295-303 e o recurso foi
admitido às fls. 305-307."
O parecer foi pelo provimento do recurso especial.
É o relatório.
Decido.
Consoante relatado, o recorrente sustenta violação ao art. 129, §
9º, do Código Penal, alegando, em síntese, que não se aplica o
princípio da bagatela imprópria ao crime de lesão corporal cometido
no âmbito doméstico e familiar contra a mulher. O dissídio
jurisprudencial trata do mesmo tema.
O v. acórdão recorrido, fazendo referência ao princípio da bagatela
imprópria, apesar de manter a condenação do réu, entendeu
Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania
http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38]
desnecessária a aplicação da pena nos seguintes termos:
"À vista destas considerações, hei por bem manter a condenação.
Por outro lado, examinados os autos, vislumbra-se a desnecessidade
de aplicar a pena.
Isto porque, consoante informações colhidas nos autos o casal
restabeleceu a convivência harmônica" (fl. 244).
Todavia, esse entendimento diverge da orientação deste eg. Superior
Tribunal de Justiça, segundo a qual não se aplicam os princípios da
insignificância e da bagatela imprópria aos crimes praticados com
violência à pessoa, especialmente se cometidos no âmbito doméstico e
familiar contra a mulher.
Nesse sentido:
"PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL LESÃO
CORPORAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. PRINCÍPIO DA BAGATELA IMPRÓPRIA.
IRRELEVÂNCIA PENAL DO FATO. NÃO APLICAÇÃO.
1. Não têm aplicação aos delitos com violência à pessoa, no âmbito
das relações domésticas, tanto o princípio da insignificância como o
da bagatela imprópria, sendo pacífico o entendimento deste Superior
Tribunal de Justiça no sentido da relevância penal de tais condutas.
2. Agravo regimental improvido" (AgRg no REsp 1464335/MS, Sexta
Turma, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe 31/3/2015).
"AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. LESÃO CORPORAL E AMEAÇA.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO APLICAÇÃO.
REEXAME DO ACERVO PROBATÓRIO. VEDAÇÃO. REITERAÇÃO DA CONDUTA.
RECURSO NÃO PROVIDO.
1. A jurisprudência desta Corte Superior caminha no sentido de não
se admitir aplicação do princípio da insignificância no que se
refere aos crimes praticados com violência ou grave ameaça, haja
vista o bem jurídico tutelado. Maior atenção deve se ter quando se
tratar de violência praticada contra mulher no âmbito da relações
domésticas.
[...]
4. Agravo regimental não provido." (AgRg no HC 278.893/MS, Sexta
Turma, Rel. Min. Rogerio Schietti CruzDJe 9/4/2015).
Ante o exposto, dou provimento ao recurso especial para restabelecer
a r. sentença condenatória.
P. e I.
Brasília (DF), 30 de setembro de 2015.
Ministro Felix Fischer
Relator
Documento 3
Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania
http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38]
 Acompanhamento
 Processual
 Decisão
 Monocrática
 Certificada
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Processo
REsp 1519242
Relator(a)
Ministro GURGEL DE FARIA
Data da Publicação
06/10/2015
Decisão
RECURSO ESPECIAL Nº 1.519.242 - RS (2015/0046956-1)
RELATOR : MINISTRO GURGEL DE FARIA
RECORRENTE : MAURÍCIO PADILHA SAMPAIO
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
DECISÃO
Trata-se de recurso especial interposto por MAURÍCIO PADILHA
SAMPAIO, com fundamento no art. 105, inciso III, alínea "a", da
Constituição Federal, contra acórdão do Tribunal de Justiça do
Estado do Rio Grande do Sul que, ao dar provimento ao apelo do
Ministério Público, desconstituiu sentença de absolvição sumária
expendida pelo juízo singular, determinando a regular instrução do
feito.
Para tanto, o Tribunal de origem concluiu não estarem presentes os
elementos necessários à aplicação do princípio da insignificância
para absolver sumariamente o réu pelo crime de furto, uma vez que
não se considerou a res furtiva como de pequena monta, como também
se verificou constar em desfavor do recorrente denúncia pela prática
de crime contra o patrimônio (mau antecedente).
Nas razões do especial, sustenta o recorrente que teria ocorrido
afronta ao art. 155, caput, do Código Penal, uma vez que não se
teria demonstrado a tipicidade delitiva, porquanto insignificante.
Contrarrazões.
O Tribunal a quo admitiu o processamento do recurso especial.
Parecer do MPF pelo não conhecimento do REsp.
Passo a decidir.
Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania
http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38]
Compulsando os autos, verifico que assiste razão ao MPF, na função
de custos legis.
Convém registrar, num primeiro momento, trecho do acórdão, no qual
foram demonstradas as razões para afastar, in casu, a aplicação do
princípio da insignificância. In verbis (fl. 122):
O réu Maurício Padilha Sampaio restou absolvido sumariamente da
imputação pela prática do crime previsto no atigo 155, caput, c/c
artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal, com fulcro no artigo
397, inciso III, do Código de Processo Penal.
Contudo, analisando a prova dos autos, entendo que o feito merece
solução diversa.
Com efeito, ao contrário do sustentado pelo Magistrado singular,
tenho que o princípio da insignificância não se mostra aplicável ao
caso concreto. Primeiramente, cumpre esclarecer que a res subtraída,
embora tenha sido restituída à vítima, não pode ser considerada de
ínfimo valor, poisfoi furtada uma carteira que, além de documentos,
continha R$ 100,00.
Outrossim, a certidão de antecedentes criminais do acusado de fls.
32/33, revelam a recidiva em crimes contra o patrimônio, possuindo
uma denúncia recebida perante a 2ª Vara Criminal de Porto Alegre.
Logo, o fato sub judice não é fato isolado na vida do acusado, o que
impóe uma resposta penal efetiva para impedir o retorno do acusado
às atividades criminosas. Conforme decidido pela Suprema Corte, "O
princípio da insignificância não foi estruturado para resguardar e
legitimar constantes condutas desvirtuadas, mas para impedir que
desvios de condutas ínfimos, isolados, sejam sancionados pelo
direito penal, mesmo que insignificantes, quanto constantes, devido
a sua reprovabilidade, perdem a característica de bagatela e devem
se submeter ao direito penal".
Dessarte, não restando demonstrado cumulativamente as condições
objetivas ensejadoras da incidência do princípio da insignificância,
não há que se falar em sua aplicação. (Grifos do original).
Como se vê, ficou claro que a Corte a quo apontou dois fundamentos
para afastar a incidência do princípio da bagatela à hipótese,
sendo, portanto, imprescindível para o conhecimento do apelo nobre
sob exame, que ambas as razões esposadas no acórdão recorrido sejam
impugnadas, sob pena de incidência, por analogia, da Súmula 283 do
STF, clara ao pontificar que "é inadmissível o recurso
extraordinário quando a decisão recorrida assenta em mais de um
fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles."
No caso em apreço, o recorrente impugnou somente o fundamento do mau
antecedente, sem ao menos referir-se ao valor da res furtiva,
Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania
http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38]
restringindo-se a aduzir, de forma genérica, ser a conduta sub
judice insignificante.
Evidencia-se, portanto, a aplicação da Súmula 283 do STF.
Ante o exposto, com arrimo no art. 557, caput, do Código de Processo
Civil, NEGO SEGUIMENTO ao recurso especial.
Publique-se. Intimem-se.
Brasília (DF), 29 de setembro de 2015.
MINISTRO GURGEL DE FARIA
Relator
 
Documento 4
Acompanhamento
 Processual
 Decisão
 Monocrática
 Certificada
 Resultado sem
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Processo
AREsp 625128
Relator(a)
Ministro GURGEL DE FARIA
Data da Publicação
06/10/2015
Decisão
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 625.128 - SP (2014/0325307-2)
RELATOR : MINISTRO GURGEL DE FARIA
AGRAVANTE : JOSE EDUARDO ZAMARIAN
ADVOGADO : DANIEL LEON BIALSKI E OUTRO(S)
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
AGRAVADO : PAULO CELSO DA COSTA - ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO
ADVOGADO : HUGO ANDRADE COSSI E OUTRO(S)
DECISÃO
Trata-se de agravo interposto por JOSÉ EDUARDO ZAMARIAN contra
decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que não
admitiu recurso especial, fundado no art. 105, III, "a" e "c", da
Constituição Federal.
Consta nos autos que o agravante foi pronunciado como incurso nas
sanções do art. 121, § 2º, I, III, e IV, do Código Penal (fls.
Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania
http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=insignific%E2ncia&&b=DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true[06/10/2015 19:06:38]
513/515).
Contra a decisão a defesa interpôs recurso em sentido estrito, tendo
o Tribunal de origem negado provimento ao recurso (fls. 638/653).
Embargos de declaração rejeitados às fls. 706/711.
Nas razões do recurso especial, a defesa alega violação ao art. 7º,
IX, da Lei n. 8.906/1994, e aos arts. 413, 414, e 619 do Código de
Processo Penal. Ao final, requer: a) a anulação do julgamento do
recurso em sentido estrito, determinando-se a renovação para
realizar sustentação oral; b) a anulação do julgamento dos embargos
de declaração diante da ausência de enfrentamento de matérias
suscitadas; c) o reconhecimento da inexistência de justa causa para
a submissão do recorrente ao conselho de sentença, impronunciando-o
das acusações imputadas (fls. 717/759).
Contrarrazões às fls. 811/822 e 827/834.
O Tribunal a quo inadmitiu o recurso especial ao fundamento de que
incidem, no caso, os óbices das Súmulas 7 do STJ e 284 do STF, bem
como por inobservância ao art. 255 do RISTJ (fls. 837/839).
No presente agravo, o recorrente se insurge contra a aplicação das
referidas súmulas e alega ter realizado a comparação analítica
necessária para o conhecimento e processamento do recurso (fls.
845/868).
Contraminuta às fls. 870/882.
Contrarrazões da assistência de acusação (fls. 885/893).
O Ministério Público Federal opinou pelo desprovimento do agravo
(fls. 909/911).
Passo a decidir.
Inicialmente, em relação ao art. 619 do Código de Processo Penal,
cumpre destacar que o acórdão impugnado apreciou fundamentadamente
as controvérsias, apontando as razões de seu convencimento, não se
vislumbrando, na espécie, qualquer ofensa às normas ora invocadas.
Nesse sentido: AgRg no REsp 1455546/RS, Sexta Turma, rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, DJe 13/11/2014.
Ademais, consoante entendimento jurisprudencial pacífico, o órgão
julgador não está obrigado a se manifestar sobre todos os argumentos
colacionados pelas partes para expressar a sua convicção,
notadamente quando encontrar motivação suficiente ao deslinde da
causa, como ocorreu in casu.
Quanto ao pleito de anulação do julgamento do recurso em sentido
estrito, sob o argumento de que houve cerceamento de defesa em
virtude do advogado do recorrente não ter realizado sustentação
oral, o Tribunal de origem assim se manifestou (fl. 644):
[...] constatada a ausência, em plenário e nos corredores próximos à
Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania
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sala de sessão, do advogado de defesa ou de funcionário de seu
escritório e diante da manifestação do advogado presente, para que a
sustentação oral fosse convertida em preferência, passou-se à
leitura do voto e debates por parte da E. Turma Julgadora que, por
votação unânime, negou provimento ao recurso.
Com efeito, não há que se falar em cerceamento de defesa quando o
causídico, devidamente intimado, se descura de estar presente em
plenário para encetar sustentação oral. Além disso, é imprescindível
quando se trata de alegação de nulidade de ato processual a
demonstração do prejuízo sofrido, em consonância com o princípio pas
de nullité sans grief, o que não ocorreu na espécie. A propósito:
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 1º, INCISOS IV E XIV DO
DECRETO-LEI 201/67. PREFEITO MUNICIPAL. RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. NÃO
COMPARECIMENTO DO DEFENSOR CONSTITUÍDO. AUSÊNCIA DE NOMEAÇÃO DE
DEFENSOR AD HOC. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
I - "Implica nulidade absoluta, por cerceamento de defesa, a
realização de sessão em que se delibera acerca do recebimento ou
rejeição da denúncia, nos casos de ação penal originária, sem a
prévia intimação regular do acusado e de seu defensor." (HC
58.410/PE, 5ª Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJU de
14/05/2007).
II - Na hipótese dos autos, contudo, verifica-se que os advogados do
paciente foram devidamente intimados acerca da data designada para a
sessão de julgamento que recebeu a denúncia e, apesar disso, não
compareceram. Deste modo, não há que se falar em cerceamento de
defesa. (Precedentes desta Corte e do Pretório Excelso).
III. Por conseguinte, facultativa a sustentação oral, revela-se
dispensável a nomeação de defensor ad hoc (Lei nº 8.038/90),
mormente quando já apresentada a defesa escrita.
Ordem denegada. (HC 136.515/PR, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA
TURMA, julgado em 01/06/2010, DJe 28/06/2010).
HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. ALEGAÇÃO DE CERCEAMENTO DE
DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. PAS DE NULLITÉ SANS GRIEF.AUSÊNCIA DE
PREJUÍZO. PRECLUSÃO. ORDEM NÃO CONHECIDA.
1. Em matéria de nulidade, rege o princípio pas de nullité sans
grief, segundo o qual não há nulidade sem que o ato tenha gerado
prejuízo para a acusação ou para a defesa. Não se prestigia,
portanto, a forma pela forma, mas o fim atingido pelo ato. Por essa
razão, a desobediência às formalidades estabelecidas na legislação
processual só pode acarretar o reconhecimento da invalidade do ato
quando a sua finalidade estiver comprometida em virtude do vício
verificado, trazendo prejuízo a qualquer das partes da relação
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processual, o que, definitivamente, não é o caso, visto que o
paciente foi patrocinado por advogado em todas as fases do processo.
2. As nulidades relacionadas aos interesses das partes - analisadas
à luz do princípio da instrumentalidade das formas - devem levar em
consideração os prazos previstos no art. 571 do CPP, sob pena de
preclusão.
3. A alegação de cerceamento de defesa pela ausência de intimação da
advogada para apresentar alegações finais - sendo certo que a peça
foi apresentada por defensor público - só foi arguida nestes autos.
Nem mesmo na revisão criminal, julgada em 2006, foi levantada a
matéria, o que evidencia a preclusão do tema.
4. Habeas corpus não conhecido. (HC 261.698/SP, Rel. Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 24/03/2015, DJe
06/04/2015).
Outrossim, o art. 7º, IX, da Lei n. 8.906/1994, tido por violado,
foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, na
Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 1105, Dj. 04.06.2010.
No tocante à alegação de ofensa aos arts. 413 e 414 do CPP,
verifica-se que o Tribunal de origem considerou suficientes os
indícios para estabelecer a fundada suspeita de autoria delitiva a
fim de submeter o ora recorrente ao crivo do Tribunal do Júri, sendo
certo que a pretensão do réu de reverter a decisão de pronúncia,
implicaria, necessariamente, análise do conjunto probatório, o que é
inviável, na via eleita, ante o óbice da Súmula 7 do STJ, in verbis:
"A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso
especial". Nesse sentido:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. PRONÚNCIA. NULIDADE DA CITAÇÃO POR EDITAL.
INOCORRÊNCIA. FUGA DO DISTRITO DA CULPA. EXCESSO DE LINGUAGEM.
INEXISTÊNCIA. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS DE AUTORIA. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO
REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. Quanto à nulidade da citação editalícia, as razões recursais
contrapõem-se às assertivas do acórdão recorrido de que foram
realizadas diligências tendentes à localização do acusado, que, em
verdade, se evadiu do distrito da culpa, sem deixar informações
concretas sobre o lugar onde poderia ser encontrado, tanto que nessa
condição permaneceu por 24 anos. Nesse contexto, o acolhimento das
razões recursais demandaria incursão no acervo fático-probatório
carreado aos autos, providência inadmissível na via do recurso
especial, a teor da Súmula 7/STJ.
2. Inexiste nulidade, por excesso de linguagem, se a sentença de
pronúncia limitou-se à demonstração da prova da materialidade do
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delito e à indicação dos indícios de autoria que dão suporte à
acusação.
3. Considerações a respeito da existência de indícios de autoria,
por demandarem ampla incursão em aspectos fáticos e probatórios são
incabíveis na via cognitiva estreita do recurso especial, por
expressa vedação do enunciado 7 da Súmula desta Corte.
4. Agravo Regimental desprovido. (AgRg no AREsp 197.544/MG, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
30/06/2015, DJe 03/08/2015).
PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. PRONÚNCIA. INDÍCIOS DE AUTORIA E PROVA DA MATERIALIDADE.
SÚMULA N. 7 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - STJ. AGRAVO
DESPROVIDO.
- A análise da pretensão recursal exigiria, necessariamente,
incursão na matéria fática-probatória da lide, o que é defeso em
recurso especial, a teor do enunciado n. 7 da Súmula do Superior
Tribunal de Justiça.
Agravo regimental desprovido. (AgRg no AREsp 621.066/BA, Rel.
Ministro ERICSON MARANHO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), SEXTA
TURMA, julgado em 05/03/2015, DJe 13/03/2015).
Por fim, não houve o devido cotejo analítico entre os arestos
mencionados nas razões do especial, sendo certo que para a
demonstração do dissídio jurisprudencial não basta a simples
transcrição de ementas, devendo ser mencionadas e expostas as
circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.
Assim, o agravante não demonstrou o dissenso pretoriano conforme
preconizado nos arts. 541, parágrafo único, do Código de Processo
Civil, e 255 do RISTJ.
Ilustrativamente:
PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. OFENSA AO ART. 334 DO CP. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
DISPOSITIVO DE LEI QUE NÃO AMPARA A PRETENSÃO RECURSAL. APELO
ESPECIAL COM FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL. ART. 255/RISTJ. INOBSERVÂNCIA. AGRAVO REGIMENTAL
A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. Possuindo o dispositivo de lei indicado como violado comando
legal dissociado das razões recursais a ele relacionadas, resta
impossibilitada a compreensão da controvérsia arguida nos autos,
ante a deficiência na fundamentação recursal. Incidência do
enunciado 284 da Súmula do Supremo Tribunal Federal.
2. A não observância dos requisitos do artigo 255, parágrafos 1º e
2º, do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, torna
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inadmissível o conhecimento do recurso especial com fundamento na
alínea "c" do permissivo constitucional.
3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp
545.693/MS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
julgado em 23/09/2014, DJe 09/10/2014). Grifos acrescidos.
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PORTE ILEGAL DE
ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO. ABSOLVIÇÃO. REEXAME DE PROVA. SÚMULA
7/STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADO. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO.
1. Desconstituir a conclusão a que chegou o Tribunal a quo sobre a
existência de provas suficientes da autoria do delito, por demandar
ampla incursão no acervo fático-probatório dos autos, é defeso na
estreita via do recurso especial, ante o óbice da Súmula 7 do STJ.
2. Nos termos dos artigos 541, parágrafo único, do CPC e 255, §
1º, do RISTJ, a divergência jurisprudencial com fundamento na alínea
"c" do permissivo constitucional requisita comprovação e
demonstração, com a transcrição dos trechos dos acórdãos que
configurem o dissídio, mencionando-se as circunstâncias que
identifiquem ou assemelhem os casos confrontados, não se oferecendo
como bastante a simples transcrição de ementas sem realizar o
necessário cotejo analítico a evidenciar similitude fática entre os
casos apontados e a divergência de interpretações.
3. Agravo regimental desprovido. (AgRg no AREsp 602.984/DF, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
16/06/2015, DJe 22/06/2015). Grifos acrescidos.
Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo em recurso especial, com
fundamento no artigo 544, § 4º, II, "a", do Código de Processo
Civil.
Publique-se. Intimem-se.
Brasília (DF), 25 de setembro de 2015.
MINISTRO GURGEL DE FARIA
Relator
 
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Processo
AREsp 615156
Relator(a)Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania
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Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO
 DO TJ/PE)
Data da Publicação
06/10/2015
Decisão
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 615.156 - SP (2014/0295837-5)
RELATOR : MINISTRO LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TJ/PE)
AGRAVANTE : WAGNER DO AMARAL JÚNIOR
AGRAVANTE : NELSON JANCHIS GROSMAN
ADVOGADO : LUÍS GUSTAVO VENEZIANI SOUSA E OUTRO(S)
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
AGRAVADO : AGNES MARIA HERNANDEZ CASSAVIA
ADVOGADO : PAULO RANGEL DO NASCIMENTO E OUTRO(S)
DECISÃO
Trata-se de agravo em recurso especial interposto por WAGNER DO
AMARAL JÚNIOR e NELSON JANCHIS GROSMAN contra decisão proferida pela
Vice-Presidência do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que
não admitiu seu apelo nobre.
Consta dos autos que os agravantes ofereceram queixa-crime contra os
agravados pela suposta prática dos crimes previstos nos artigos 138,
139, 140 e 141, III, n/f do artigo 69, todos do Código Penal.
O Juiz de primeiro grau rejeitou a exordial acusatória nos termos do
artigo 395, II e III, do Código de Processo Penal.
Inconformada, os querelantes interpuseram recurso em sentido
estrito, ao qual o Tribunal de origem, por maioria de votos, negou
provimento, mantendo, incólume, a decisão de rejeição da
queixa-crime.
Interposto recurso especial com fundamento na alínea a do inciso III
do artigo 105 da Constituição Federal, este não foi admitido por
ausência de prequestionamento e pela extinção da punibilidade dos
agravados pela consumação da prescrição da pretensão punitiva do
Estado.
No presente agravo, sustenta o recorrente que o recurso merece ser
conhecido e provido, eis que os temas expostos no apelo nobre
estariam devidamente prequestionados.
O Ministério Público Federal, em parecer de fls. 656/661, opina pelo
não provimento do agravo.
Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania
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É o relatório.
O Tribunal estadual não admitiu o recurso especial interposto pelo
agravante em decisão assim fundamentada (fls. 341/342):
De início, cumpre registrar que o artigo 61 do Código de Processo
Penal dispõe que em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer
extinta a punibilidade, deverá declará-lo de ofício. Como é cediço,
a prescrição constitui matéria de ordem pública e sempre precede o
exame de qualquer outro tema.
Considerando a rejeição da queixa-crime e o lapso temporal decorrido
entre a data dos fatos e o presente momento, verifica-se a
ocorrência da prescrição pela pena máxima em abstrato cominada à
infração tipificada no art. 140, c.c. o art. 141, III, do Código
Penal.
Dessa forma, JULGA-SE EXTINTA A PUNIBILIDADE de AGNES MARIA
HERNANDEZ CASSAVIA, relativamente à imputação de ter praticado o
crime sobredito, com esteio nos artigos 107, inciso IV, e 109,
incisos VI, do Código Penal.
Por outro lado, o Colendo Supremo Tribunal Federal, no Recurso
Extraordinário n° 602.527/RS, em sessão de julgamento realizada aos
19 de novembro de 2009, por unanimidade e nos termos do voto do
Relator, reconheceu a repercussão geral e reafirmou a jurisprudência
a respeito da inadmissibilidade de extinção da punibilidade pela
decretação da chamada prescrição em perspectiva.
Assim, RESTA PREJUDICADO o pedido formulado pela Defesa em
contrarrazões às fls. 480/482, nos termos do § 3o do artigo 543-B do
Código de Processo Civil.
Quanto ao mais, observa-se que a matéria ventilada no presente
reclamo não restou prequestionada, como se exigia ao caso.
O prequestionamento, como é cediço, implica em debate a respeito da
norma em testilha. Era imperioso, portanto, que a questão fosse
"suficientemente discutida a ponto de se construir tese sobre e/a"1
Cabe mencionar o julgamento proferido pelo Superior Tribunal de
Justiça no Agravo Regimental no Recurso Especial n° 927.731/SP, Rei.
Min. Jane Silva, julgado em 15/04/2008: "(...) 2. O
prequestionamento, entendido como a necessidade de o tema objeto do
recurso haver sido examinado pela decisão atacada, constitui
exigência inafastável da própria previsão constitucional, ao tratar
do recurso especial, impondo-se como um dos principais requisitos ao
seu conhecimento. Não examinada a matéria objeto do especial pela
instância a quo, mesmo com a oposição de embargos de declaração,
incide o enunciado 211 desta Corte."
Ante o exposto, julga-se EXTINTA A PUNIBILIDADE de AGNES MARIA
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HERNANDEZ CASSAVIA, relativamente à imputação de ter infringido o
art. 140, c.c. o art. 141, III, do Código Penal, e, no mais, NÃO SE
ADMITE o recurso especial. Procedidas as anotações de praxe,
devolvam-se os autos à origem.
Quanto à pretensão de recebimento da queixa-crime em relação aos
delitos dos artigos 140 e 141, III, do Código Penal, o recurso não
comporta conhecimento, pois, neste pormenor, o Tribunal a quo
ressaltou ser inviável o processamento do apelo nobre pela extinção
da punibilidade dos agentes e pela ausência de prequestionamento,
sendo que, nas razões do agravo, os agravantes limitaram-se a
impugnar tão somente o último óbice indicado no decisum agravado.
Portanto, o recurso, neste pormenor, mostra-se incabível, consoante
se extrai do Enunciado n.º 182 da Súmula do STJ, cujo teor é o que
segue: É inviável o agravo do art. 545 do CPC que deixa de atacar
especificamente os fundamentos da decisão agravada .
É assente nesta Corte o entendimento segundo o qual os recursos
devem impugnar, de maneira específica e pormenorizada, os
fundamentos da decisão contra a qual se insurgem, sob pena de vê-los
mantidos. Não são suficientes meras alegações genéricas sobre as
razões que levaram à inadmissão do agravo ou do recurso especial ou
à insistência no mérito da controvérsia (AgRg no AREsp 542.855/SC,
Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
23/06/2015, DJe 29/06/2015).
A propósito:
AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSUAL
PENAL. RAZÕES DO RECURSO QUE NÃO ATACAM O FUNDAMENTO DA DECISÃO
RECORRIDA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 182 DESTA CORTE.
I- O Agravante, nas razões do agravo regimental, não atacou
especificamente os fundamentos da decisão agravada, o que impõe a
aplicação, por analogia, da Súmula n.º 182 do Superior Tribunal de
Justiça.
II- Agravo Regimental não conhecido. (AgRg no AREsp 343579/SP, Rel.
Min. REGINA HELENA COSTA, Quinta Turma, DJe 14/05/2014.)
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RAZÕES DO REGIMENTAL
QUE NÃO INFIRMAM OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. ARGUMENTOS
AVENTADOS QUE DIZEM RESPEITO AO VALOR DE IMPOSTOS ELIDIDOS UTILIZADO
PELA JURISPRUDÊNCIA PARA FAZER INCIDIR O PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO CONHECIDO.
1. A decisão agravada negou seguimento ao recurso especial
interposto pela Acusada baseada no seguinte fundamento: no crime de
descaminho a reiteração delitiva afasta a incidência do princípio da
insignificância. Para tanto, utilizou-se de precedentes desta Corte
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e do Supremo Tribunal Federal.
2. A Agravante, nas razões do agravo regimental, não atacou
especificamente os fundamentos da decisão agravada, limitando-se a
tecer argumentação relativa ao patamar utilizado pela jurisprudência
para fazer incidir o princípio da insignificância, o que impõe a
aplicação do verbete sumular n.º 182 do Superior Tribunal de
Justiça.
3. Agravoregimental não conhecido. (AgRg no REsp 1418785/SC, Rel.
Min. LAURITA VAZ, Quinta Turma, DJe 28/03/2014.)
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO.
PREQUESTIONAMENTO IMPLÍCITO NÃO CONFIGURADO. PENSÃO POR MORTE. LEI
VIGENTE À ÉPOCA DO ÓBITO DO INSTITUIDOR. LEI N. 3.807/1960. PREVISÃO
DE QUE A PENSÃO PODERIA SER REQUERIDA A QUALQUER TEMPO. RAZÕES QUE
NÃO INFIRMAM OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. ÓBICE DO ENUNCIADO
N. 182 DA SÚMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. AGRAVO REGIMENTAL
IMPROVIDO.
1. O recurso não foi provido, e assim deve permanecer, em razão da
carência do prequestionamento, até mesmo de modo implícito, dos
dispositivos apontados como violados no recurso especial.
2. (...).
3. No caso, deveria o agravante ter demonstrado a impertinência do
outro motivo invocado na decisão agravada que também serviu de
arrimo para negar seguimento ao recurso especial, o que não ocorreu
na presente hipótese.
4. É inviável o agravo que deixa de atacar especificamente os
fundamentos da decisão agravada. Incidência, por analogia, da Súmula
182 do STJ.
5. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp
1091930/RJ, Rel. Min. MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Quinta Turma, DJe
14/05/2014.)
Quanto à pretensão de recebimento da queixa-crime quanto aos delitos
dos artigos 138 e 139, do Estatuto Penalista, tenho que a utilidade
e o interesse recursal não mais subsistem, em razão da perda
superveniente do objeto.
Constata-se dos autos que os fatos datam de 15/02/2011 (fl. 399) e
até o presente momento não houve qualquer marco interruptivo da
prescrição, devendo-se ressaltar que, acaso provido o apelo nobre
nos termos do Enunciado n.º 709 da Súmula do Supremo Tribunal
Federal, o recebimento da exordial dataria da presente data -
30/09/2015. Levando-se em consideração as penas máximas cominadas
aos crimes previstos nos artigos 138 e 139 do Código Penal,
respectivamente, estabelecidas em 2 (dois) anos e 1 (um) ano de
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detenção, tem-se que o prazo prescricional será de 4 (quatro) anos
para cada um, nos termos dos artigos 109, V, e 119 do mesmo Diploma
Repressor, já consumados desde 14/02/2015.
Portanto, constata-se que, conquanto fosse dado provimento ao
recurso especial para fins de recebimento da queixa-crime, a
punibilidade dos agravados já se encontrariam extintas pela
prescrição da pretensão punitiva do Estado, haja vista o implemento
de lapso superior a 4 (quatro) anos (art. 109, V, c/c o artigo 119
do Estatuto Penalista) em relação aos fatos criminosos imputados aos
agentes.
Assim, pelas razões expostas, verifica-se estar inócuo o
processamento do presente recurso quanto aos delitos dos artigos 138
e 139 do Código Penal.
Por tais razões, afigurando-se inadmissível o recurso especial,
conhece-se do agravo para negar-lhe provimento, nos termos do artigo
544, § 4.º, inciso II, alínea a, do Código de Processo Civil,
combinado com o artigo 3.º do Código de Processo Penal.
Publique-se e intimem-se.
Cientifique-se o Ministério Público Federal.
Brasília, 30 de setembro de 2015.
Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE)
Relator
 
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Processo
AREsp 545180
Relator(a)
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA
Data da Publicação
06/10/2015
Decisão
Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania
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AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 545.180 - SP (2014/0168927-0)
RELATOR : MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA
AGRAVANTE : MAICON MARQUES
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
DECISÃO
Trata-se de agravo interposto por MAICON MARQUES contra decisão que
inadmitiu recurso especial manejado contra acórdão do Tribunal
Regional Federal da 3ª Região, assim ementado (e-STJ fl. 118):
PENAL E PROCESSUAL PENAL. REVISÃO CRIMINAL. DESCAMINHO CIGARROS.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO APLICAÇÃO. DOSIMETRIA: SÚMULA 444
STJ. JÁ EXISTENTE À ÉPOCA DA SENTENÇA RESCINDENDA. DEVE SER
APLICAÇÃO. COMPENSAÇÃO DA ATENUANTE DA CONFISSÃO COM A AGRAVANTE DE
PRATICAR O DELITO MEDIANTE PAGA DE RECOMPENSA. POSTERIOR ALTERAÇÃO
JURISPRUDENCIAL. NÃO APLICAÇÃO. REVISÃO CRIMINAL PARCIALMENTE
PROCEDENTE.
1. Da simples leitura da sentença condenatória, na parte em que
deixou de aplicar o princípio da insignificância, observa-se que não
há clara contradição a texto expresso de lei, ou à evidência dos
autos, a ensejar a rescisão do decisum, de modo que pretende o
requerente verdadeira reanálise do julgamento visando à absolvição.
2. Ademais, trata-se de matéria controversa nos Tribunais, pois há
entendimento no sentido de que a importação de cigarros de origem
estrangeira em território nacional, sem o preenchimento dos
requisitos legais, configura o crime de contrabando e não de
descaminho, situação em que não se aplica o princípio da
insignificância.
3. A Súmula STJ n.° 444 (Dje 13.05.2010), que dispõe ser "vedada a
utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para
agravar a pena-base", já havia sido editada à época da prolação da
sentença condenatória, proferida em 13.06.2011, razão pela qual
entendo deva ser acolhido o pedido do requerente, no sentido de que
sua pena-base não poderia ter sido majorada com fundamento em
inquéritos policiais e ações penais em andamento.
4. Na segunda fase da dosimetria, deve ser mantida a sentença
rescindenda, ao fazer prevalecer a agravante prevista no artigo 62,
iy, do Código Penal (prática do crime mediante pagamento de
recompensa), em detrimento da atenuante da confissão, pois o fez com
fundamento no art. 67 do Código Penal e posterior alteração
jurisprudencial, em Tribunal Superior, não autoriza a revisão
criminal.
5. Revisão criminal julgada parcialmente procedente para reduzir a
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pena-base ao mínimo legal, nos termos da Súmula 444 do STJ.
Nas razões do recurso especial, fundado nas alíneas "a" e "c" do
permissivo constitucional, alega a parte recorrente: (i) a aplicação
do princípio da insignificância; (ii) que a Portaria n. 75 de
22/03/2012 do Ministério da Fazenda aumentou de R$ 10.000,00 para R$
20.000,00 o limite mínimo para o ajuizamento das execuções fiscais
por débito com o Fisco; (iii) a ocorrência de equívoco no processo
do cálculo do imposto elidido; (iv) a possibilidade de compensação
da atenuante de confissão com a promessa de recompensa. Busca
apresentar a ocorrência de dissídio jurisprudencial acerca da
aplicação do princípio da insignificância.
As contrarrazões foram apresentadas (e-STJ fls. 153/163) e o
Tribunal local negou seguimento ao recurso especial (e-STJ fls.
165/171).
O Ministério Público Federal opinou pelo não provimento do agravo
(e-STJ fls. 201/206), cuja ementa do parecer é a seguinte:
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CRIME DE CONTRABANDO. REVISÃO CRIMINAL.
PRINCIPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. SÚMULA 83/STJ. ALEGADA UTILIZAÇÃO
ERRÔNEA DE BASE CALCULO. SÚMULA 211/STJ. COMPENSAÇÃO DA ATENUANTE DE
CONFISSÃO ESPONTÂNEA COM O AGRAVANTE DE PROMESSA DE RECOMPENSA.
POSTERIOR ALTERAÇÃO JURISPRUDENCIAL DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
NÃO CONFIGURA HIPÓTESE DE CABIMENTO DE REVISÃO CRIMINAL. PARECER
PELO CONHECIMENTO E NÃO PROVIMENTO DO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
É o relatório. Decido.
Preenchidos os requisitos formais e impugnado o fundamento da
decisão agravada, conheço do agravo.
O recurso não merece acolhida.
O Tribunala quo, ao concluir pela inaplicabilidade do princípio da
insignificância, assim consignou (e-STJ fls. 111):
1. Quanto à aplicação do princípio da insignificância, a sentença
condenatória fundamentou devidamente a sua não aplicação (fls.
28-v):
"Não há dúvida, portanto, de que os acusados, em concurso de
vontades, praticaram o delito descrito na inicial, não havendo a
incidência, no presente caso do princípio da insignificância, visto
que o valor dos tributos iludidos em casos de contrabando de
cigarros é calculado à alíquota de 330% só a título de IPI, sem
contar a incidência dos demais tributos (II, PIS, COFINS, ICMS), que
também são computados para efeito de tributação de mercadorias
estrangeiras que ingressam em território brasileiro. '
Nesse contexto, resta evidente que o valor dos tributos iludidos em
relação aos cigarros encontrados em poder dos acusados'-, que
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atuaram em comunhão de desíginios e identidade de propósitos (R$t
5.138,00 -fl. 104 + R$ 4.312,00 -fl. 155 = R$ 9.450,00, com
incidência apenas da alíquota relativa ao IPI, de 300% = R$ 28.350,
00) excede\o patamar de dez mil reais, adotado jurisprudencialmente
para aplicação do principio da insignificância." 1
Ora, verifica-se que o Tribunal a quo, ao verificar que o recorrente
sonegou mais de R$ 10.000,00 com a prática do crime de descaminho,
não aplicou o princípio da insignificância. .
Nessa linha, não divergiu do entendimento da Terceira Seção desta
Corte Superior que, sob a égide dos recursos repetitivos, art. 543-C
do CPC, no julgamento do REsp 1112748/TO, Rel. Ministro FELIX
FISCHER, DJe 13/10/2009, firmou posicionamento no sentido de que
incide o princípio da insignificância no crime de descaminho quando
o valor dos tributos elididos não ultrapassar o montante de R$
10.000,00, de acordo com o disposto no art. 20 da Lei n.
10.522/2002. Abaixo, ementa do referido julgado:
RECURSO ESPECIAL REPETITIVO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART.
105, III, A E C DA CF/88. PENAL. ART. 334, § 1º, ALÍNEAS C E D, DO
CÓDIGO PENAL. DESCAMINHO. TIPICIDADE. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA.
I - Segundo jurisprudência firmada no âmbito do Pretório Excelso -
1ª e 2ª Turmas - incide o princípio da insignificância aos débitos
tributários que não ultrapassem o limite de R$ 10.000,00 (dez mil
reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei nº 10.522/02.
II - Muito embora esta não seja a orientação majoritária desta Corte
(vide EREsp 966077/GO, 3ª Seção, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe de
20/08/2009), mas em prol da otimização do sistema, e buscando evitar
uma sucessiva interposição de recursos ao c. Supremo Tribunal
Federal, em sintonia com os objetivos da Lei nº 11.672/08, é de ser
seguido, na matéria, o escólio jurisprudencial da Suprema Corte.
Recurso especial desprovido. (REsp 1112748/TO, Rel. Ministro FELIX
FISCHER, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 09/09/2009, DJe 13/10/2009)
Ademais, a decisão recorrida está na mais absoluta consonância com a
jurisprudência desta Corte, firmada no sentido de que a Portaria MF
75/2012 que estipulou como limite mínimo o valor de R$ 20.000,00
(vinte mil reais) para o ajuizamento de execuções fiscais não
possui força de lei, portanto não pode ser utilizada como parâmetro
para a aferição do princípio da bagatela. Precedente: AgRg no REsp
1525154/PR, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA,
julgado em 15/09/2015, DJe 21/09/2015.
No que tange à ocorrência de equívoco no processo do cálculo do
imposto, além de tal tema não ter sido prequestionado (Súmula
Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania
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282/STF), para rever tal valor seria inevitável a reapreciação da
matéria fático-probatória, providência inadmissível na via eleita, a
teor da Súmula n. 7/STJ.
Por fim, quanto à possibilidade de compensação da atenuante de
confissão com a promessa de recompensa, não há a indicação incisiva
do dispositivo e da lei federal, supostamente, ofendidos, além de
não atender à técnica própria de interposição do recurso especial,
configura deficiência de fundamentação. Incidência da Súmula
284/STF.
Mesmo que assim não fosse, conforme consignado pelo Ministério
Público, o recurso está amparado em mudança de orientação
jurisprudencial e não em violação de dispositivo de lei federal,
tampouco em dissídio jurisprudencial, o qual sequer foi realizado
devidamente.
A sentença foi prolatada em conformidade com o dispositivo do artigo
67 do Código Penal. Aumentou a pena do condenado, na segunda fase da
dosimetria, em razão da prevalência da agravante (prática do crime
mediante pagamento de recompensa). Transitou em julgado para a
defesa em 13/9/2011. A posterior alteração jurisprudencial do
Superior Tribunal de Justiça, acerca da possibilidade da compensação
da atenuante da confissão com a agravante da reincidência, não
configura hipótese de cabimento de revisão criminal (e-STJ fl. 206).
Ademais, tal fundamento utilizado pelo acórdão recorrido posterior
mudança da orientação jurisprudencial do Superior Tribunal de
Justiça não configura hipótese de cabimento da revisão criminal 
não foi impugnado nas razões do recurso especial, o que enseja a
incidência da Súmula 283/STF.
Ante o exposto, nego provimento ao agravo.
Publique-se. Intimem-se.
Brasília (DF), 30 de setembro de 2015.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA
Relator
 
Documento 7
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 Processual
 Decisão
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Processo
AREsp 539284
Relator(a)
Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania
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Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO
 DO TJ/PE)
Data da Publicação
06/10/2015
Decisão
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 539.284 - RJ (2014/0160736-4)
RELATOR : MINISTRO LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TJ/PE)
AGRAVANTE : ERIALDO RODRIGUES SARAIVA
AGRAVANTE : ANTÔNIO CARLOS GOMES JOAQUIM
ADVOGADO : MARCO ANTONIO NOSSAR
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
DECISÃO
Trata-se de agravo interposto por ERIALDO RODRIGUES SARAIVA e
ANTÔNIO CARLOS GOMES JOAQUIM contra decisão do Tribunal de Justiça
local que negou seguimento ao recurso especial.
Consta dos autos que o agravante ERIALDO foi condenado pela prática
do crime previsto no art. 1º, a , c/c §§ 3º e 4º, da Lei n.º
9.455/97 e o agravante ANTÔNIO foi condenado pelo crime previsto no
art. 1º, a , c/c §§ 3º e 4º, da Lei nº 9455/97, na forma do art. 29
do Código Penal. Irresignadas, a acusação e a defesa interpuseram
recursos de apelação, os quais tiveram o seguinte julgamento (fl.
860 do e-STJ):
APELAÇÃO CRIMINAL. TORTURA (Art. 1º, a , c/c §§ 3º e 4º, da Lei
9.455/97). RECURSO DA DEFESA E DA ACUSAÇÃO. RECURSO DO MINISTÉRIO
PÚBLICO. Exasperação da pena-base. Cabimento. Culpabilidade dos
agentes que não é a normal para o injusto praticado. O agir
criminoso dos apelantes merece um grau maior de censurabilidade, em
razão da intensidade do dolo que, no caso em tela, transcendeu a
normalidade do tipo penal em questão. Conduta social e personalidade
dos agentes também devem ser valoradas negativamente. Acusados
integrantes da facção criminosa envolvida com o tráfico de drogas no
município de Macaé, além de terem demonstrado intensa agressividade,
frieza emocional, insensibilidade acentuada, bem como maldade,
covardia e perversidade no cometimento do delito. Motivo do crime
torpe e fútil praticado por vingança e para servir de exemplo para
os demais membros da facçãocriminosa. Circunstancias e
consequências do crime nefastas. Crime praticado em local ermo, de
Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania
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forma premeditada e, por pouco, não causou a morte da vítima.
Durante a tortura, foram utilizados objetos como faca em brasa para
cortar partes do corpo da vítima, foram causadas queimaduras em 40%
do corpo, além de choques e mordidas de cachorro. Pena base
majorada. CONHEÇO DOS RECURSOS, NEGO PROVIMENTO AOS RECURSOS
DEFENSIVOS E DOU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DO MINISTÉRIO
PÚBLICO, A FIM DE MAJORAR A PENA BASE DOS ACUSADOS PARA 08 ANOS,
ALCANÇANDO A PENA FINAL 09 ANOS E 4 MESES DE RECLUSÃO. MANTENHO, NO
MAIS, A SENTENÇA TAL COMOPROFERIDA.
Nas razões do recurso especial (fls. 890/908 do e-STJ), interposto
com fundamento nas alíneas a e c do permissivo constitucional,
os recorrentes indicam, além do dissídio jurisprudencial, violação
aos artigos 155, 156 e 157, do Código de Processo Penal e artigo 5º,
da Lei nº 9.296/96.
Contrarrazões apresentadas às fls. 1.000/1.014 do e-STJ.
Inadmissão do apelo especial constante às fls. 1.030/1.048 do e-STJ.
Em seu agravo (fls. 1.100/1.104 do e-STJ), a parte agravante
impugnou os fundamentos esposados na decisão vergastada.
Em sede de contrarrazões, manifestou-se o agravado pelo não
conhecimento do agravo, mantendo-se a decisão que inadmitiu o
recurso especial (fls. 1.163/1.167 do e-STJ).
Por fim, o Ministério Público Federal opinou pelo não conhecimento
do agravo (fls. 1.181/1.185 do e-STJ).
É o relatório.
DECIDO.
A insurgência não merece prosperar.
Os recorrentes alegam violação ao art. 5º, da Lei nº 9.296/96, na
medida em que as interceptações telefônicas foram prorrogadas por
lapso temporal indefinido e sem a devida fundamentação, e aos arts.
155 e 157, do Código de Processo Penal.
A despeito dos argumentos expostos pelos recorrentes, impõe-se
reconhecer que carecem de prequestionamento, uma vez que os temas
tratados pelos dispositivos supostamente violados não foram
enfrentados pelo Tribunal de origem. Incidem, portanto, os
enunciados n. 211 do STJ e 356 do STF. Nesse sentido, o seguinte
julgado desta Corte:
PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. OFENSA AOS ARTS. 157 DO CPP E 5º DA LEI N. 9.296/96.
MATÉRIA BIPARTIDA. (I) - 1ª TESE JURÍDICA. MÉTODO DE AFERIÇÃO DE
TEMPO DE CONTAGEM DE PRAZO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. (II) - 2ª
TESE JURÍDICA. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS REALIZADAS FORA DO LAPSO
TEMPORAL PERMITIDO EM LEI. ACÓRDÃO ASSENTADO EM MAIS DE UM
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FUNDAMENTO SUFICIENTE. RECURSO QUE NÃO ABRANGE TODOS ELES. SÚMULA
283/STF. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL E OFENSA AOS ARTS. 59, 61, II,
"H", 71, E 332, P.Ú., TODOS DO CP, E 381 E 387, AMBOS DO CPP.
AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. TESE JURÍDICA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
SÚMULAS 211/STJ, 282/STF E 356/STF. VILIPÊNDIO AOS ARTS. 381 E 387,
AMBOS DO CPP. VIOLAÇÃO GENÉRICA. OFENSA AO ART. 78, IV, DO CPP.
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. APELO ESPECIAL COM FUNDAMENTAÇÃO
DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. NEGATIVA DE VIGÊNCIA AOS ART. 5º, XII,
93, IX, E 109, I, TODOS DA CF/88. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. NÃO
CABIMENTO. OFENSA AO ART. 59 DO CP. PLEITO DE REDUÇÃO DE PENA.
VILIPÊNDIO AO ART. 71 DO CP. CONTINUIDADE DELITIVA. CONTRARIEDADE AO
ART. 158 DO CP. CONFIGURAÇÃO DO DELITO DE EXTORSÃO. REEXAME DE
MATÉRIA FÁTICA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL. (I) - ART. 255/RISTJ. INOBSERVÂNCIA. (II) -
ACÓRDÃOS PARADIGMAS PROFERIDOS EM HABEAS CORPUS. IMPROPRIEDADE.
AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. É condição sine qua non ao conhecimento do especial que o acórdão
recorrido tenha emitido juízo de valor expresso sobre a tese
jurídica que se busca discutir na instância excepcional, sob pena de
ausência de pressuposto processual específico do recurso especial, o
prequestionamento. Inteligência dos enunciados 211/STJ, 282 e
356/STF.
[...]
(AgRg no AREsp 457.376/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS
MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 05/02/2015, DJe 20/02/2015) (original
sem grifos)
Assim, resta prejudicada a análise dos artigos 155 e 157, do CPP e
do artigo 5º, da Lei nº 9.296/96, em relação às alíneas a e c do
permissivo constitucional.
No tocante ao artigo 156, do CPP, os agravantes alegam dissídio
jurisprudencial com fundamento na alínea "c" do permissivo
constitucional. Entretanto, observa-se que os recorrentes não se
desobrigaram de atender os requisitos do artigo 255, parágrafos 1º e
2º, do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.
De fato, esta Corte tem reiteradamente decidido que, para
comprovação da divergência jurisprudencial, não basta a simples
transcrição de ementas, devendo ser mencionadas e expostas às
circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.
Na espécie, contudo, verifica-se dos autos que os agravantes não
cumpriram as exigências insculpidas nos mencionados dispositivos,
pois não realizaram o devido cotejo analítico entre os acórdãos
ditos divergentes, não demonstrando a similitude fática entre os
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arestos mencionados na petição do apelo especial, bem como não
comprovaram o dissídio através de certidões ou cópias autenticadas
dos acórdãos apontados divergentes.
Dessa forma, o recurso não merece prosperar, como se depreende da
leitura do seguinte precedente:
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. INTERPOSIÇÃO PELA ALÍNEA C. AUSÊNCIA DE COTEJO
ANALÍTICO. DISSIDIO NÃO DEMONSTRADO.
O recurso especial interposto com fulcro no art. 105, inciso III,
alínea c, da Constituição Federal, exige a demonstração do dissídio
jurisprudencial, por meio da realização do indispensável cotejo
analítico, para demonstrar a similitude fática entre o v. acórdão
recorrido e o eventual paradigma (arts. 541, parágrafo único, do CPC
e 255, § 2º, do RISTJ), o que não ocorreu na espécie.
Agravo regimental desprovido.
(AgRg no REsp 1453786/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA,
julgado em 19/03/2015, DJe 30/03/2015)
Por fim, em relação à admissibilidade do recurso pela alínea "a" do
permissivo constitucional, observa-se da leitura da peça recursal
que não foi explanada a razão violadora da norma infraconstitucional
apontada.
A jurisprudência desta Corte considera que quando a arguição de
ofensa ao dispositivo de lei federal é genérica, sem demonstração
efetiva da contrariedade, há deficiência em sua fundamentação, razão
pela qual deve ser aplicada ao presente caso, por analogia, a Súmula
nº 284 do STF.
Por oportuno, transcrevo a seguinte decisão judicial:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CÉDULA DE PRODUTO
RURAL. SÚMULA 284 DO STF E INVIABILIDADE DE DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL. NECESSIDADE DE REEXAME DOS FATOS E PROVAS.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.
1. Em relação à admissibilidade do recurso pela alínea "a" do
permissivo constitucional, ressalta-se que a alegação genérica, sem
a indicação incisiva do dispositivo, supostamente, ofendido, além de
não atender à técnica própria de interposição do recurso especial,
configura deficiência de fundamentação. Inteligência da Súmula
284/STF.
[...]
4. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no AREsp 738.856/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA
TURMA, julgado em 15/09/2015, DJe 18/09/2015)
Ante o exposto, conheço do agravo para negar seguimento ao recurso
Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania
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especial.
Publique-se. Intimem-se.
Brasília (DF), 29 de setembro de 2015.
MINISTRO LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE)
Relator
 
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Processo
AREsp 381525
Relator(a)
Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO
 DO TJ/PE)
Data da Publicação
06/10/2015
Decisão
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 381.525 - SP (2013/0276931-3)
RELATOR : MINISTRO LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TJ/PE)
AGRAVANTE : IVAN CESAR DA CRUZ
ADVOGADOS : JOAQUIM DE JESUS BOTTI CAMPOS
MAYCON LIDUENHA CARDOSO
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
DECISÃO
Trata-se de agravo em recurso especial interposto por IVAN CESAR DA
CRUZ contra decisão proferida pela Presidência da Seção Criminal do
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que inadmitiu seu apelo
nobre.
Consta dos autos que o agravante foi condenado à pena de 1 (um) ano,
1 (um) mês e 19 (dezoito) dias de detenção, em regime inicial
aberto, como incurso no art. 129, § 9.º, combinado com o art. 71,
ambos do Código Penal.
Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania
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Inconformada, a defesa interpôs recurso de apelação, ao qual o
Tribunal estadual deu parcial provimento tão somente para reduzir a
pena imposta, fixando-a em 4 (quatro) meses e 2 (dois) dias de
detenção, mantidos os demais termos do édito condenatório.
Opostos embargos de declaração, estes foram rejeitados.
Seguiu-se a interposição de recurso especial, que não foi admitido,
com fulcro nos óbices previstos no Enunciado n.º 284 da Súmula do
Supremo Tribunal Federal e no Verbete n.º 7 da Súmula desta Corte.
No presente agravo, sustenta o insurgente que o Tribunal estadual,
ao analisar os requisitos de admissibilidade do apelo nobre, invadiu
a competência do Superior Tribunal de Justiça, analisando as
questões de mérito daquela insurgência.
Aduz que teria observado os requisitos legais, demonstrando que o
acórdão impugnado contrariou e negou vigência a dispositivos legais
e divergiu do entendimento predominante adotado por outros
tribunais, que em casos idênticos decidiram de forma contrária.
Alega que demonstrou em suas razões recusais, de forma clara e
precisa, que as leis federais não foram corretamente interpretadas
pela Corte local.
Requer o provimento da insurgência a fim de que seja conhecido o
recurso especial interposto.
O Ministério Público Federal, em parecer de fls. 364/367, opinou
pelo reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva estatal,
julgando-se, em consequência, o agravo prejudicado.
É o relatório.
Primeiramente, cumpre destacar que é possível a incursão no mérito
da lide pelo Tribunal local quando necessária à análise dos
pressupostos constitucionais de admissibilidade do recurso especial,
sem que isso configure usurpação de competência, ou supressão de
instância recursal, consoante pacífica jurisprudência deste Superior
Tribunal de Justiça.
Nessa linha:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. USURPAÇÃO DA
COMPETÊNCIA DO STJ. NÃO OCORRÊNCIA. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL.
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL. OBRIGAÇÃO ILÍQUIDA. DATA DA CITAÇÃO
(ART. 219 DO CPC). SÚMULA N. 83 DO STJ.
1. É possível o juízo de prelibação realizado na origem adentrar o
mérito do recurso especial, uma vez que o exame de admissibilidade
pela alínea "a" do permissivo constitucional, em face dos seus
pressupostos constitucionais, envolve o próprio mérito da
controvérsia.
2. O Tribunal a quo decidiu que, tratando-se de responsabilidade
Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal da Cidadania
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contratual, os juros de mora são devidos a partir da citação, por
força do art. 219 do CPC, ainda que se trate de obrigação ilíquida.
3. A perfeita harmonia entre o acórdão recorrido e a jurisprudência
dominante do STJ impõe a aplicação da Súmula n. 83 do STJ.
4. Agravo regimental desprovido. (AgRg no AREsp 132.301/SP, Rel.
Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em
22/04/2014, DJe 29/04/2014)
No que tange ao mérito do presente recurso, verifica-se que este não
merece ser conhecido, na medida em que o agravante, em suas razões,
não atacou especificamente todos os fundamentos da decisão agravada.
O decisum que não admitiu o apelo nobre assentou-se em dois
fundamentos, quais sejam: incidência do Enunciado n.º 284 da Súmula
do Supremo Tribunal Federal e que a tese defendida implicaria em
revolvimento de matéria de cunho fático-probatório, o que seria
vedado na via eleita pelo Verbete Sumular n.º 7/STJ.
O agravante infirmou tão somente o óbice do Enunciado n.º 284 da
Súmula do STF, omitindo-se quanto ao fundamento remanescente -
incidência da vedação do Enunciado Sumular n.º 7/STJ -, não tendo,
pois, se desincumbido de seu ônus de refutar todos os fundamentos da
decisão impugnada, a fim de demonstrar a sua incorreção.
Destaque-se que, em sede recursal, é necessário que a parte refute
de forma direta todos os impedimentos apontados para a não admissão
de seu apelo nobre, explicitando os motivos pelos quais estes não
incidiriam na hipótese em testilha, o que não se verifica in casu.
É assente nesta Corte o entendimento segundo o qual os recursos
devem impugnar, de maneira específica e pormenorizada, os
fundamentos da decisão contra a qual se insurgem, sob pena de vê-los
mantidos. Não são suficientes meras alegações genéricas sobre as
razões que levaram à inadmissão do agravo ou do recurso especial ou
à insistência no mérito da controvérsia (AgRg no AREsp 542.855/SC,
Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
23/06/2015, DJe 29/06/2015).
A propósito:
AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSUAL
PENAL. RAZÕES DO RECURSO QUE NÃO ATACAM O FUNDAMENTO DA DECISÃO
RECORRIDA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 182 DESTA CORTE.
I- O Agravante, nas razões do agravo regimental, não atacou
especificamente os fundamentos da decisão agravada, o que impõe a
aplicação, por analogia, da Súmula n.º 182 do Superior Tribunal de
Justiça.
II- Agravo Regimental não conhecido. (AgRg no AREsp 343579/SP, Rel.
Min. REGINA HELENA COSTA, Quinta Turma, DJe 14/05/2014.)
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AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RAZÕES DO REGIMENTAL
QUE NÃO INFIRMAM OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. ARGUMENTOS
AVENTADOS QUE DIZEM RESPEITO AO VALOR DE IMPOSTOS ELIDIDOS UTILIZADO
PELA JURISPRUDÊNCIA PARA FAZER INCIDIR O PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO CONHECIDO.
1. A decisão agravada negou seguimento ao recurso especial
interposto pela Acusada baseada no seguinte fundamento: no crime de
descaminho a reiteração delitiva afasta a incidência do princípio da
insignificância. Para tanto, utilizou-se de precedentes desta Corte
e do Supremo Tribunal Federal.
2. A Agravante, nas razões do agravo regimental, não atacou
especificamente os fundamentos da decisão agravada, limitando-se a
tecer argumentação relativa ao patamar utilizado pela jurisprudência
para fazer incidir o princípio da insignificância, o que impõe a
aplicação do verbete sumular n.º 182 do Superior Tribunal de
Justiça.
3. Agravo regimental não conhecido. (AgRg no REsp 1418785/SC, Rel.
Min. LAURITA VAZ, Quinta Turma, DJe 28/03/2014.)
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO.
PREQUESTIONAMENTO IMPLÍCITO NÃO CONFIGURADO. PENSÃO POR MORTE. LEI
VIGENTE À ÉPOCA DO ÓBITO DO INSTITUIDOR. LEIN. 3.807/1960. PREVISÃO
DE QUE A PENSÃO PODERIA SER REQUERIDA A QUALQUER TEMPO. RAZÕES QUE
NÃO INFIRMAM OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. ÓBICE DO ENUNCIADO
N. 182 DA SÚMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. AGRAVO REGIMENTAL
IMPROVIDO.
1. O recurso não foi provido, e assim deve permanecer, em razão da
carência do prequestionamento, até mesmo de modo implícito, dos
dispositivos apontados como violados no recurso especial.
2. (...).
3. No caso, deveria o agravante ter demonstrado a impertinência do
outro motivo invocado na decisão agravada que também serviu de
arrimo para negar seguimento ao recurso especial, o que não ocorreu
na presente hipótese.
4. É inviável o agravo que deixa de atacar especificamente os
fundamentos da decisão agravada. Incidência, por analogia, da Súmula
182 do STJ.
5. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp
1091930/RJ, Rel. Min. MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Quinta Turma, DJe
14/05/2014.)
Portanto, o recurso é incabível, consoante se extrai do Enunciado
n.º 182 da Súmula do STJ: "É inviável o agravo do art. 545 do CPC
que deixa de atacar especificamente os fundamentos da decisão
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agravada".
Ante o exposto, com fulcro no art. 544, § 4.º, I, do Código de
Processo Civil, combinado com o art. 3.º do Código de Processo
Penal, não se conhece o agravo em recurso especial.
Publique-se.
Cientifique-se o Ministério Público Federal.
Brasília, 29 de setembro de 2015.
Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE)
Relator
 
Documento 9
Acompanhamento
 Processual
 Decisão
 Monocrática
 Certificada
 Resultado sem
 Formatação
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Processo
HC 337399
Relator(a)
Ministro FELIX FISCHER
Data da Publicação
06/10/2015
Decisão
HABEAS CORPUS Nº 337.399 - SP (2015/0245227-7)
RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER
IMPETRANTE : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ADVOGADO : LUCIANA DE OLIVEIRA MARÇAIOLI
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PACIENTE : MARCOS ANTÔNIO GOMES (PRESO)
DECISÃO
Trata-se de habeas corpus, com pedido liminar, impetrado em
benefício de MARCOS ANTÔNIO GOMES, contra o indeferimento de
idêntica medida na origem.
Sustenta a impetrante, em síntese, que a segregação cautelar
constitui constrangimento ilegal na medida em que o paciente não
possui condições de arcar com o valor de R$ 200,00 (duzentos reais),
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arbitrado a título de fiança.
Aduz que constitui arbitrariedade a exigência de apresentação de
comprovante de endereço e requer, em sede de liminar, "a expedição
de alvará de soltura, a ser cumprido dentro de 24 horas (art. 1º,
§1º da Resolução n° 108, CNJ), a fim de seja relaxada a prisão do
paciente, tendo em vista a atipicidade da sua conduta, com o
consequente trancamento o inquérito policial ou, ao menos, a fim de
que o paciente seja isentado do pagamento da fiança, deixando-se,
ainda, de condicionar a sua soltura com a apresentação de
comprovante de residência fixa, tendo em vista a sua precária
situação financeira".
É o breve relatório.
Decido.
Pela análise da quaestio trazida à baila na exordial, verifica-se
que o habeas corpus investe contra denegação de liminar. De fato,
ressalvadas hipóteses excepcionais, é descabido o instrumento
heróico, sob pena de ensejar supressão de instância.
Assim o entendimento do Pretório Excelso: HC 103570, 1ª Turma, Rel.
Min. Marco Aurélio, Rel. p/ acórdão Min. Rosa Weber, DJe de
22/8/2014; HC 121828, 1ª Turma, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de
25/6/2014; HC 123549 AgR, 2ª Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe de
4/9/2014.
Da mesma forma, nesta eg. Corte: AgRg no HC 285.647/CE, 5ª Turma,
Rel. Min. Jorge Mussi, DJe de 25/8/2014; AgRg no HC 296.890/SP, 5ª
Turma, Rel. Min. Moura Ribeiro, DJe de 12/8/2014; AgRg no HC
295.913/SP, 6ª Turma, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, DJe de
5/8/2014; PET no HC 294.721/PR, 6ª Turma, Rel. Min. Maria Thereza de
Assis Moura, DJe de 24/6/2014.
A matéria, inclusive, já se encontra sumulada: "Não compete ao
Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra
decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tribunal
superior, indefere a liminar" (Súmula nº 691/STF).
No caso dos autos, no entanto, é de se afastar a incidência do
mencionado enunciado sumular, ante a ocorrência de flagrante
ilegalidade.
Isto porque, numa análise perfunctória dos autos, verifica-se que o
paciente encontra-se preso única e exclusivamente por não possuir
condições de adimplir o valor arbitrado, a título de fiança, de R$
200,00 (duzentos reais), pelo suposto cometimento do crime de furto
na forma tentada, e por não ter apresentado comprovante de endereço.
A decisão ora reprochada está assim fundamentada, verbis:
MARCOS ANTONIO GOMES foi preso em flagrante delito no dia 09 de
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setembro de 2015, em razão da suposta prática de crime
provisoriamente tipificado no art. 155, caput do Código Penal.
Segundo o relato dos autos, o averiguado ingressou em um
supermercado e passou a colocar diversos produtos no interior de uma
bolsa preta. Logo em seguida, deixou o local sem passar pelo caixa.
Seguranças presenciaram a conduta do autuado e detiveram o
averiguado já no lado de fora do mercado.
Em audiência de custódia, o averiguado disse residir na Rua Rui
Barbosa, 126, Santana, São Paulo. Quanto ao mérito, disse que apenas
comeu um chocolate no supermercado e que os funcionários lhe
imputaram a prática de crime. Não relatou abuso no momento de sua
prisão.
DECIDO.
Inicialmente, por razões de segurança, consigno a necessidade de
endereço. Ademais, o custodiado foi detido por delito semelhante e
apresentado em audiência de custódia em 23 de julho de 2015.
Assim, diante da ausência de comprovação de endereço fixo e emprego
lícito do averiguado que é estrangeiro e não demonstrou possuir
qualquer vínculo com o país, necessário (sic) a (sic) fixação da
cautelar imposta no art. 319, VIII, do CPP, bem como a comprovação
do endereço.
A fixação de fiança se justifica como forma de reflexão, pois
induvidoso que consequências de ordem financeira estimulam a adoção
de comportamentos socialmente adequados, e deve ser arbitrada em R$
200,00 (duzentos reais) [...] (fls. 49-50).
Não é legítima a exigência de apresentação de comprovante de
residência para concessão de liberdade provisória mediante pagamento
de fiança quando se compreende, pelas circunstâncias do caso, ser
possível o arbitramento de valor garantidor da liberdade, a não ser
que se imponha ao paciente outra medida cautelar em cumulação, como,
por exemplo, o recolhimento domiciliar noturno e nos dias de folga,
o que não ocorreu no caso.
Ademais, esta Corte já se posicionou no sentido de não ser possível
a manutenção da custódia cautelar tão somente em razão do não
pagamento do valor arbitrado a título de fiança, máxime quando se
tratar de réu pobre, ex vi do art. 350 do CPP, assistido pela
Defensoria Pública.
Nesse sentido, precedentes das duas turmas que compõem a col.
Terceira Seção deste Tribunal:
"PENAL. HABEAS CORPUS. FURTO. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO.
POSSE DE ARMA DE FOGO. PRÉVIO MANDAMUS DENEGADO. PRESENTE WRIT
SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. INVIABILIDADE. VIA INADEQUADA.
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