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02 Sociedade, economia e HPE Aula 1

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Sociedade, economia e HPE Aula 1 
História do Pensamento Econômico
Prof. Bruno Aidar
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Onde estudar?
POLANYI, Karl. Nossa obsoleta mentalidade de mercado [1947]. In: A subsistência do homem e ensaios correlatos. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012. p. 209-227.
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Questões
Questões de Polanyi:
Como organizar a vida humana em uma sociedade de máquinas?
Como manter a civilização industrial sem aniquilar o homem?
Como ter controle democrático sobre os processos sociais, entre os quais os processos econômicos?
Nossas questões:
O que diferencia a economia moderna (livre mercado) das economias antigas e primitivas?
Por que economia moderna está desvinculada da sociedade, do Estado e da religião?
Por que a teoria econômica parece viver em um mundo próprio, isolado das outras ciências sociais?
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Economias antigas e primitivas
Nas sociedades antigas e “primitivas”, a economia do ser humano está mergulhada nas relações sociais (p. ex., não é possível separar a posse material do status social). A economia era apenas um meio de existência e reprodução da organização social.
Estudos dos antropólogos e historiadores indicam a inexistência de uma propensão natural do ser humano para comerciar, permutar e trocar como queria Adam Smith.
Ausência do risco de passar fome e ausência do desejo de obter lucro pela produção e pela troca nas economias primitivas.
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Revolução industrial e liberalismo
Emergência da Revolução Industrial exigiu o capitalismo liberal
Transformação da economia humana em sistema autorregulador de mercados. 
Transformação técnica x transformação da mentalidade e dos valores.
Liberalismo utilitarista e marxismo vulgar: ideia de que motivações humanas são estritamente materiais e de que as instituições são determinadas pelo sistema econômico.
Apenas na economia de mercado a economia determina as relações sociais.
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A grande transformação da economia liberal
Generalização dos mercados isolados em um único sistema auto-regulador de mercados.
Transformação da terra e do trabalho em mercadorias fictícias. Antes, não havia compra e venda livre do trabalho e da terra. Ambos eram parte da sociedade, mercados eram restringidos.
Salário como preço de mercado da oferta e procura do trabalho.
Renda como preço de mercado da oferta e procura de terra.
O homem (trabalho) e a natureza (terra) passaram a ser regidos pelas leis de mercado.
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Economia de mercado cria nova forma de sociedade: o mecanismo institucional do mercado passou a regular os seres humanos e os recursos da natureza.
Medo da fome, pelos trabalhadores, e atração do lucro, pelos capitalistas, mantinham o sistema de mercado em funcionamento.
Mudança qualitativa: todos os rendimentos passaram a ser decorrentes de vendas e as mercadorias só poderiam ser obtidas por meio da compra.
A economia passou a ser uma esfera autônoma e que subordinava as outras esferas da sociedade.
Fome e ganho passaram a ser vistos como aspectos como “econômicos” porque eram orientados para a produção, mas não podem ser vista como os incentivos que fundamentam qualquer sistema econômico.
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Pilares do liberalismo econômico
Formação da economia de mercado dependeu de um alto grau de intervenção política.
Lei dos Pobres (1834): fim da assistência aos pobres com a extinção de asilos. 
Permite a existência de mercado auto-regulado de trabalho.
Lei dos Bancos (1844): fim do monopólio da cunhagem da moeda pelo Banco da Inglaterra. 
Permite a existência de mercado auto-regulado de dinheiro e instituição do padrão-ouro.
Lei dos Cereais (1846): fim da proteção à agricultura inglesa. 
Permite a existência de livre circulação internacional de mercadorias.
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Economia de mercado
Na economia de mercado, o homem deixa de ser um ser social (Aristóteles) para se tornar um ser econômico. 
Apenas na economia de mercado, o comportamento racional passa pelo busca de maximização da utilização dos recursos econômico.
Na economia de mercado, a economia do ser humano está desarticulada das relações sociais. Ela adquire um caráter autônomo e determinante. Princípio do lucro torna-se a força ordenadora da sociedade.
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Citação de Polanyi
“Os mercados existem em todas as sociedades, e a figura do mercador é conhecida em muitos tipos de civilizações. Mas os mercados isolados não se interligam para formar uma economia. A motivação do ganho era específica dos mercadores, como o eram a coragem do cavaleiro, a devoção do sacerdote e o orgulho do artesão. A ideia de universalizar a motivação do ganho nunca passou pela cabeça dos nossos antepassados. Em nenhuma época anterior ao segundo quartel do século XIX os mercados foram mais que um traço secundário na vida social” (POLANYI, 2012, p. 217; grifos meus B. A.).
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“Determinismo” econômico
Ilusão do determinismo econômico como lei geral para toda a sociedade humana. 
O mercado coloca o sistema econômico como determinante das relações sociais, invertendo a situação nos períodos anteriores da história na qual o sistema econômico inseria-se nas relações sociais.
Classes sociais, Estado, governo, artes, religião, estética etc. passaram a ser diretamente determinadas pelo mecanismo de mercado. 
Economia passa a ser vista não apenas como o núcleo da sociedade, mas como a própria sociedade. 
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Democracia e economia de mercado
Como conciliar o lucro com a felicidade individual e pública? Resposta positiva de Smith e negativa do socialista Robert Owen.
Liberdades benéficas: liberdade de consciência, expressão, reunião, associação, escolha do emprego etc. --> Domínio do político
Liberdades perniciosas: explorar o semelhante, lucros descomunais, proveitos privados a partir do público etc. --> Domínio do econômico
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Sociedade de mercado criou fosso entre o político e o econômico. 
Para defensores do liberalismo, como Hayek, as liberdades políticas foram produto da economia de mercado, se esta desaparecer desaparecem aquelas. 
Para Polanyi, sociedade verdadeiramente democrática passa pela intervenção planejada de produtores e consumidores na indústria. 
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O estudo da HPE pode mostrar...
O processo de constituição da economia como um saber autônomo de outras esferas do saber (política, moral, religião etc.).
O processo de subordinação das outras esferas da vida (especialmente a política) à esfera econômica.
As transformações no pensamento econômico para se adaptar a uma sociedade de máquinas gerada pela Revolução Industrial.
Se o capitalismo gera mais liberdades benéficas do liberdades perniciosas.
Se é possível ter controle democrático sobre os processos econômicos.

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