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[1986]) descreve cinco estágios de desenvolvimento bancário. Dow (1999) incorpora um sexto estágio. No presente trabalho será utilizada a versão de Dow. 25 These features implied that an expansion of lending would entail a substantial loss of reserves even to the system as a whole. Banks are thus dependent of deposits for reserves and on reserves for lending capacity (Chick 1992 [1986], p. 194) Nesse cenário, a poupança determina o investimento. A capacidade de fornecer crédito está condicionada pela capacidade dos bancos em captar poupanças. Estas, por sua vez, estão condicionadas pela quantidade de moeda ofertada (high-powered money) não demandada pelo público na forma de cash ou por mudanças na preferência do público entre dinheiro vivo e depósitos bancários. Fundamental neste contexto é o fato do montante emprestado não retornar aos bancos sob a forma de depósitos, significando a existência de risco na atividade de concessão de empréstimo. No segundo estágio, o sistema bancário já possui a confiança do público, significando que os depósitos bancários podem ser usados como moeda. Além disso, esta possibilidade é ampliada pela consolidação de acordos de compensação entre bancos e pelo aumento do número de agências. Isto possibilita uma mudança radical no significado dos depósitos, uma vez que passam a representar toda a renda, seja ela destinada ao consumo ou não (poupança). Este desenvolvimento é de fundamental importância para a operação bancária, uma vez que o sistema não perde depósitos com empréstimos. Neste sentido, os bancos são encorajados a emprestar “dinheiro que não possuem” (além das reservas). Nas palavras de Dow, This development is crucial to the development of banking as opposed to financial intermediation. Now that there is less call on the intermediary’s reserves of coin, funds may be lent out without a prior matching deposit. The intermediary can generate what we now know as the ‘bank multiplier’. Deficit units can be financed without prior saving elsewhere in the system. The intermediary, now a bank, can itself create deposits as the counterpart to new lending which add to the local money supply and provide the basis for further financial intermediation (Dow 1999, p. 37) O multiplicador dos depósitos bancários é a teoria relevante: o sistema bancário pode emprestar um valor que é um múltiplo das reservas (sujeito à manutenção de um patamar mínimo de reservas). Nesse cenário, depósitos são uma conseqüência do processo de concessão de crédito. O sistema financeiro possui a capacidade de desenvolver os mecanismos para aumentar o estoque de depósitos bancários. O investimento pode preceder a poupança. 26 O estágio III é caracterizado pelo desenvolvimento de mecanismos de empréstimos inter-bancários, fato este que potencializa o uso das reservas, fazendo com que o multiplicador de depósitos bancários atue de forma ainda mais intensa. Como pode ser notado, este estágio é um aprofundamento do estágio anterior. O quarto estágio marca uma mudança significativa na forma de operação do sistema bancário, e, conseqüentemente na teoria necessária para analisá-lo. Este é o estágio onde a atuação dos bancos centrais sofre uma mudança significativa: ele passa a atuar como emprestador de última instância para qualquer banco que esteja em crise, mesmo que isoladamente.13 Under these circumstances, the supply of reserves has become endogenous, subject to the influence of the banks themselves. In turn, banks can now respond to the demand for loans, rather than being constrained by an exogenous stock of reserves (Dow 1993, p. 38) Neste estágio o banco central assume totalmente a responsabilidade pela manutenção da estabilidade do sistema bancário. No quinto estágio os bancos desenvolvem a administração do passivo, buscando atrair, ou reter, como depósitos, poupanças que poderiam ser mantidas em outras instituições financeiras. Esta é uma conseqüência do aumento da competição por depósitos dos bancos com instituições financeiras não-bancárias. The banks are forced to become much more pro-active, seeking lending opportunities and the deposits to match them, that is, to engage in liability management. This is where financial expansion starts to take on a life of its own, driven by the banks’ concern over market share rather than the financing needs of borrowers in the productive sector. There will always be demand for credit to finance speculation. (Dow 1999 [1986], p. 38 -9) O sexto e último estágio representa uma resposta às conseqüências da expansão do sistema financeiro ocorrida durante o estágio anterior, que não necessariamente tiveram rebatimentos positivos no setor produtivo. Como visto acima, a estratégia de gestão de passivos, através de uma busca constante por reservas, levou à expansão dos depósitos, facilitando o aumento tanto de 13 De acordo com Chick, (1992 [1986]) a atuação do banco central enquanto emprestador de última instância já havia sido defendida há bastante tempo atrás por Bagehot (1873). No entanto, tal intervenção ocorreria apenas quando ocorresse uma crise generalizada do sistema. No estágio IV, discutido acima, esta atuação ocorreria mesmo quando uma crise de liquidez afetasse apenas um único banco. 27 atividades em mercados especulativos, quanto ao aumento da taxa de juros. Estas duas últimas conseqüências significaram um abandono do financiamento de atividades produtivas enquanto estratégia central dos bancos em busca de lucratividade. Assim sendo, observa-se um esforço, por parte das autoridades monetárias, em controlar este processo especulativo e a oferta de reservas através de regras de adequação de capital. A resposta do sistema bancário foi o desenvolvimento da securitização. Banks turned existing loans into marketable securities and developed the provision of financial services in securities markets, facilitating borrowing by means of issuing securities, rather than lending directly themselves. At the same time, they encouraged the development of markets in derivative products which offered banks profit-making opportunities off the balance sheet, and thus not subject to capital requirements (although the requirements have since been changed to try to capture exposure to off – balance sheet risk). (Dow 1999, p. 39) É no contexto do quarto estágio de desenvolvimento bancário, acima descrito, que a teoria da endogenia da oferta de moeda emerge. Dito em outras palavras, este desenvolvimento teórico se situa em um contexto institucional relativo à forma de atuação do sistema bancário. Neste sentido é uma teoria datada no tempo. Além do quadro institucional em vigor, a situação em que os bancos se encontravam ao final da II Guerra também favoreceu o desenvolvimento desta teoria, que pode ser entendida através da evolução dos balanços dos bancos. Pelo lado do ativo, observa-se que os sistemas bancários possuíam um grande volume de títulos públicos devido à necessidade de financiamento dos custos de guerra. Este fato determinou o surgimento de uma grande liquidez, uma vez que estes títulos possuíam uma grande aceitação. Com o crescimento econômico do pós-guerra, os bancos passaram gradativamente a trocar os títulos públicos (resgate dos governos) por títulos e créditos junto ao setor privado, diminuindo a liquidez dos bancos (títulos com menor aceitação). Pelo lado do passivo, observou-se o desenvolvimento do mercado internacional de divisas e o surgimento de uma série de inovações financeiras que facilitavam a obtenção de 28 fundos por parte dos bancos. Com isto ocorreu uma