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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIENCIAS BIOLOGICAS DEPARTAMENTO DE ECOLOGIA E ZOOLOGIA DISCIPLINA: ECZ-5112 BIOSFERA, SUSTENTABILIDADE E PROCESSOS PRODUTIVOS PROFª PAULA BRÜGGER I. BIOSFERA, INTERVENÇÕES ANTRÓPICAS E SUSTENTABILIDADE Área equivalente à do Brasil pode estar degradada até 2050: Relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) alerta que o mundo pode ter 849 milhões de hectares - área equivalente ao Brasil - degradados até 2050 se os padrões atuais de uso da terra forem mantidos. A necessidade de produzir alimentos para uma população global em crescimento levou a agricultura a ocupar 30% das terras do mundo, o que resultou em degradação e perda de biodiversidade em 23% dos solos. O crescimento da renda e da urbanização faz com que as pessoas adotem dietas mais ricas em carne, o que exige mais terra para a pecuária. A crescente demanda por biocombustíveis também aumenta a necessidade de mais áreas cultiváveis. http://noticias.terra.com.br/ciencia/area-equivalente-a-do-brasil-pode-estar-degradada-ate-2050- alerta-pnuma,44bae2b1f51c3410VgnCLD2000000ec6eb0aRCRD.html Segundo outro estudo, enquanto na Europa e EUA o consumo de carne vem estagnando, nos países em desenvolvimento, ele aumenta – impulsionado sobretudo pela crescente classe média. http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2014/01/14/101763-ambientalistas-alertam-para-perigos-do- aumento-no-consumo-de-carne.html Entre 1960 e 2006 a população mundial cresceu 2,2 vezes, enquanto o consumo cresceu 6 vezes, ou seja, os gastos por pessoa praticamente triplicaram nos últimos 50 anos. Os 16% mais ricos são responsáveis por cerca de 78% do consumo mundial, enquanto os 84% restante s são responsáveis por apenas 22% do total (O Estado do Mundo 2010 – World Watch Institute). Consumo ultrapassou capacidade de renovação que a Terra poderia oferecer em 2013 A cota de recursos naturais que a natureza poderia oferecer em 2013 se esgotou em 20 de agosto. O cálculo é da Global Footprint Network (Rede Global da Pegada Ecológica) . O levantamento compara a demanda sobre os recursos naturais empregados na produção de alimentos e o uso de matérias-primas com a capacidade da natureza de regeneração e de reciclagem dos resíduos, a chamada pegada ecológica. Em menos de 8 meses, o consumo global exauriu tudo o que a natureza consegue repor em um ano e, entre setembro e dezembro, o planeta vai operar no vermelho, o que causa danos ao meio ambiente. No início dos anos 1960 a humanidade empregou apenas cerca de 2/3 dos recursos ecológicos disponíveis no planeta. Esse panorama mudou na década seguinte, quando o aumento das emissões de CO2 e a demanda humana por recursos naturais passaram a exceder a capacidade de produção renovável do planeta. Atualmente, mais de 80% da população mundial vivem em países que usam mais recursos do que seus próprios ecossistemas conseguem renovar. Os japoneses. p.ex, consomem 7,1 vezes mais do que têm e seriam necessárias 4 “It álias” para abastecer os italianos. O Brasil aparece ao lado das nações que ainda são credoras ambientais, mas isso está mudando. O país tem uma grande riqueza natural que está sob pressão devido ao aumento populacional e aos padrões de consumo. As pessoas podem fazer sua parte. Reduzir o desperdício de água e energia, o consumo de carne bovina e de alimentos altamente processados, usar mais transporte coletivo e adquirir produtos certificados são atitudes recomendadas.http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2013/08/26/97485-consumo-ultrapassou- capacidade-de-renovacao-que-a-terra-poderia-oferecer-em-2013.html 2 I.1 - Produção e decomposição: A vida na superfície da Terra se caracteriza por ciclos quer da energia, quer da matéria. Essas são as relações dinâmicas que existem entre os vários organismos e entre os organismos e o meio, através de transformações sucessivas. Todo ano milhões de toneladas de matéria orgânica são produzidas na Terra por organismos fotossintéticos. Uma quantidade aproximadamente igual é oxidada, voltando a constituir CO2 (gás carbônico) e H20 (água) durante o mesmo intervalo de tempo, como resultado da atividade respiratória dos organismos vivos. Porém, o balanço não é exato. Durante grande parte do tempo geológico (pelo menos desde o início do Cambriano, há cerca de 540 milhões de anos atrás), uma fração muito pequena, porém significativa, da matéria orgânica produzida é incompletamente decomposta em sedimentos anaeróbicos, ou é enterrada e fossilizada sem nunca ser ―respirada‖ ou decomposta. Essa fração de matéria orgânica não decomposta possibilitou a formação do que chamamos combustíveis fósseis, os quais vêm sendo intensamente utilizados pela sociedade industrial. Em escala de tempo geológico, a fotossíntese é responsável pela produção de oxigênio e ajuda na manutenção do equilíbrio de dióxido de carbono na a tmosfera. Mas a sua importância mais imediata é a de ser essencial à produção de matéria orgânica para a sustentação da vida. A atividade fotossintética, realizada pelos vegetais verdes, retira da atmosfera continuamente o CO2 e produz O2, enquanto que a atividade respiratória retira-lhe O2, e enriquece-a com CO2. Da mesma forma, muitas bactérias e outros microrganismos, da água ou do solo, consomem O2 e produzem CO2 nas reações de decomposição que restituem carbono ao meio. A decomposição, como um todo, resulta de processos tanto bióticos quanto abióticos. A decomposição orgânica constitui uma das mais importantes atividades biológicas em nosso planeta. Se considerarmos o processo de uma forma ampla, podemos constatar que toda a biota está envolvida em processos de decomposição. Os animais, por exemplo, ao se alimentarem para suprir suas necessidades vitais, estão também realizando parte desse processo de decomposição, pois, o alimento, ao passar pelo tubo digestivo desse animal, resulta na liberação de CO 2 e H20, como produtos finais do metabolismo respiratório. Devemos considerar ainda que seus dejetos serão decompostos por outros organismos. A existência e a sobrevivência dos seres humanos e milhares de outras espécies estão na dependência da continuidade de formas de vida mais ―primitivas‖ e microscópicas, tais como bactérias e muitos outros organismos que integram os ciclos da matéria e da energia na natureza. A putrefação de cadáveres no solo, a fermentação de alimentos ou do lixo, a decomposição de folhas, etc, são todos processos de decomposição orgânica realizados por microorganismos. Na verdade nada mais são do que processos naturais de nutrição e respiração. A decomposição biológica é um processo de assimilação. Pode-se dizer que o que é assimilável é decomponível biologicamente, ou seja, biodegradável — e o que não é assimilável é recalcitrante (não biodegradável). Há, pois, em torno de nós, uma intensa atividade biológica que não vemos mas cujos resultados são facilmente percebidos: A formação de substâncias húmicas (recalcitrantes naturais), a putrefação de alimentos mal conservados, etc. A propósito, a baixa degradabilidade das substâncias húmicas se deve à sua natureza química. São condensações de compostos aromáticos (fenóis) combinados com produtos da decomposição de proteínas e polissacarídeos. O tipo fenólico de anel de benzeno e as ligações das cadeias laterais tornam esses compostos resistentes à 3 decomposição microbiana. Ironicamente muitas substâncias tóxicas acrescentadas ao ambiente natural, como pesticidas e certos efluentes industriais, são derivadas do benzeno e causam sérios problemas devido à sua baixa degradabilidade e alta toxicidade. A poluição química a que estamos sujeitos hoje não conhece fronteiras ou barreiras geográficas. Muitos compostosquímicos cujos efeitos nocivos acreditava-se serem bem conhecidos começam a revelar novas facetas até então não imaginadas. Esse é o caso dos químicos que atuam como disruptores endócrinos. Eles afetam adversamente o sistema imune, endócrino e reprodutivo, causam infertilidade, câncer e malformações congênitas em seres humanos e provocam mudanças de sexo em animais machos selvagens. Tudo isso se encontra fartamente documentado em estudos tanto epidemiológicos, quanto provenientes de outras fontes. Esses químicos - alguns dos quais já reconhecidos como poluentes orgânicos persistentes (POPs) - estão muito presentes no nosso cotidiano como nos plásticos de diversos tipos (inclusive de embalagens de alimentos), detergentes, revestimentos internos de enlatados, resinas e selantes dentários, tintas, pesticidas, e uma infinidade de outros itens. Eles estão no ar, na água e nos alimentos que ingerimos. Os cientistas destacam ainda que os efeitos aditivos desses compostos é maior que a soma de suas partes, ou seja, somente dentro da perspectiva sistêmica pode-se entender seus efeitos nefastos (Brügger, 2004b, p.103-104). Também digno de nota é o fato de 41% das espécies de rãs e sapos estão em risco de extinção por causa de pesticidas. A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) culpa a perda de habitat, a poluição, incêndios, as mudanças climáticas, doenças e a superexploração da terra. Mas um novo estudo, publicado na Scientific Reports, destacou que os anfíbios são especialmente vulneráveis a estes produtos químicos porque sua pele é altamente permeável. “A toxicidade demonstrada é alarmante e um efeito negativo em larga escala da exposição terrestre a pesticidas nas populações de anfíbios parece provável” (25/01/2013) http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2013/01/25/91002-estudo- culpa-pesticidas-por-queda-na-populacao-de-anfibios.html Além dessas substâncias de baixa degradabilidade, o Homo sapiens industrial tem introduzido na natureza grandes quantidades de substâncias biodegradáveis que, devido ao seu enorme volume, têm tornado insuficiente a atuação dos processos naturais de ―digestão‖. Bons exemplos são o lixo urbano e os dejetos orgânicos provenientes de esgotos e instalações industriais como granjas, abatedouros etc. Calcula-se que Santa Catarina (SC) produziu 19,01 milhões de m3 de dejetos de suínos - fezes e urina, e 835.810,9 toneladas de cama de aviário, o que significa dizer que SC acumulou o equivalente a dejetos de mais de 23 milhões de humanos, somente com o abate de suínos no ano de 2001 - quase 5 vezes o número de habitantes humanos do estado*. http://www.vegetarianismo.com.br/sitio/index.php?option=com_content&task=view&id No Brasil, se forem excluídas as emissões de gases do efeito estufa (GEE) geradas pelas queimadas e desmatamentos, a pecuária (gado de corte e de leite) torna -se a maior fonte emissora, com mais de 42% das emissões (Schlesinger, 2010, p.57). Relativamente à agricultura, a pecuária emite um volume de GEE cerca de 40 vezes maior para produzir uma unidade do PIB (Zen, 2008, apud Schlesinger, 2010, p.72). Segundo relatório da ONU, uma mudança global para uma dieta vegana é vital para salvar o mundo da fome, da escassez de combustíveis e dos piores impactos das mudanças climáticas. A agricultura, sobretudo carne e laticínios, é responsável por 70% da água doce do planeta, 38% do uso da terra, e 19% da emissão de GEE http://portugalmundial.com/2014/03/onu-recomenda-mudanca-global-para-dieta-sem-carne- e-sem-laticinios/=344&Itemid=39 A criação de animais, em seu conjunto, é responsável por 12% do consumo de água no Brasil, uma demanda superior a do uso urbano (10%) e industrial (7%). Além disso, os abatedouros paulistas utilizam 2,6 mil litros de água para processar cada carcaça bovina 4 (Schlickmann & Schauman, 2007, apud Schlesinger, 2010, p.66-67) Nos últimos 60 anos a população mundial duplicou. No mesmo período o consumo de água pelas diferentes atividades humanas aumentou em 7 vezes. Acentuou-se, na mesma proporção, a degradação desse recurso fundamental para todas as formas de vida. A deterioração e o uso excessivo têm relação direta com o crescimento e a diversificação das atividades agrícolas e industriais, o aumento da urbanização e a intensificação das ações humanas nas bacias hidrográficas. A combinação da poluição dos mananciais com o desperdício, além das limitações naturais em certas regiões do planeta, é a principal razão de a escassez já ser um problema, em especial, nas grandes cidades (Haverá água para todos? Marussia Whately 22/03/2010;http://operamundi.uol.com.br/opiniao_ver.php?idConteudo=1076) A poluição pode ser então quantitativa, ou seja, por excesso de substâncias biodegradáveis; ou qualitativa, quando se trata de substâncias que apesar da pequena quantidade, são extremamente tóxicas. Não é difícil entender porque os processos de reciclagem devam se projetar como metas prioritárias em sociedades industriais. ―Contudo é preciso observar que a ―pedagogia dos 3Rs‖ estabelece uma hierarquia: ―1) Reduzir; 2) Reutilizar; e 3) Reciclar‖. O respeito a essa hierarquia costuma acarretar, entretanto, prejuízos econômicos pois, ―redução e reutilização‖, funcionam como freios no processo produtivo. É também impressionante o fato de a indústria de embalagens funcionar como um dos principais termômetros da economia (http://www.plastico.com.br/reportagem.php?rrid=88).Embalagens retornáveis são ecologicamente corretas, mas economicamente indesejáveis no que tange aos interesses dos fabricantes pois tendem a provocar uma forte queda nas vendas de muitos produtos, uma vez que poucas pessoas andariam com garrafas de vidro em suas bolsas, ou no porta-malas de seus automóveis. A reciclagem é portanto uma bandeira forte no setor empresarial porque a implementação dos dois prime iros ―Rs‖ seria desastrosa economicamente, dentro da lógica do contexto dominante‖. A reciclagem de latas de alumínio é um exemplo emblemático de vantagem para as empresas. O Brasil hoje é o líder mundial de reciclagem de latas de alumínio, mas essa liderança não se deve a uma conscientização ecológica e sim a questões de ordem econômica. Enquanto prestam um grande serviço à sociedade em troca de uma migalha em termos de retorno financeiro, os catadores de lixo de alumínio economizam para a indústria uma substancial soma de dinheiro via economia de energia (Brügger, 2004a, p.99 -100). I.2 - Ciclos biogeoquímicos e suas alterações: A energia que recebemos do sol atravessa constantemente os ecossistemas terrestres. No entanto, os ecossistemas não possuem qualquer fonte extraterrestre de carbono, nitrogênio, fósforo ou potássio, por exemplo, e muitos outros elementos indispensáveis à vida. Esses elementos devem ser reciclados permanentemente através dos ecossistemas, em vias características: do ambiente aos organismos e destes novamente ao ambiente. Essas vias mais ou menos circulares, chamam -se ciclos biogeoquímicos. Cada ciclo pode ser didaticamente dividido em dois compartimentos: O pool reservatório, componente maior, de movimentos lentos e geralmente não biológico; E o pool de ciclagem, menor, porém mais ativo, que se permuta rapidamente entre os organismos e o meio.Os ciclos biogeoquímicos podem ainda ser 5 classificados em gasosos (onde o reservatório está na atmosfera , hidrosfera, ou ambos) e sedimentares (onde o reservatório encontra-se na crosta terrestre). Os ciclos biogeoquímicos gasosos como o do carbono, nitrogênio ou oxigênio ajustam-se mais rapidamente a perturbações por causa dos grandes reservatórios atmosféricos, oceânicos ou ambos. Os aumentos locais na produção de CO2 por combustão, por exemplo, tendem a ser rapidamentedissipados por movimentos atmosféricos, sendo o aumento dessa produção compensado pelo aumento de absorção pelas plantas no processo de fotossíntese e formação de carbonatos no mar. Os ciclos gasosos são então considerados menos passíveis de perturbação, em termos globais, devido à sua maior capacidade de se ajustarem às mudanças. Entretanto, existem limites quanto a essa capacidade de ajuste. É bom lembrar, por exemplo, que a destruição de florestas em todo o mundo e o massivo lançamento de CO2 na atmosfera (devido à queima de combustíveis fósseis e outras atividades industriais), tornam esse ajuste menos viável. Vejamos estas matérias: Demanda por carne e soja aumenta pressão sobre a Amazônia O aumento da demanda externa por carne bovina e soja vai induzir o Brasil a desmatar mais a floresta amazônica, revertendo o sucesso recente na diminuição das perdas florestais, mostrou um estudo divulgado em 04/04/2013. Cerca de 30% do desmatamento no Brasil na primeira década deste século ocorreram porque agricultores e pecuaristas procuraram terras para expandir a produção de carne e soja para exportação, contra cerca de 20 por cento na década de 1990, disse o relatório.“O comércio está emergindo como o principal motor do desmatamento no Brasil”, de acordo com especialistas do Centro de Pesquisas Internacionais sobre Clima e Meio Ambiente. “Isso pode contribuir indiretamente para a perda das florestas que os países industrializados estão tentando proteger por meio de acordos internacionais”, escreveram eles na revista Environmental Research Letters. As exportações de carne bovina e soja responderam por 2,7 bilhões de toneladas de emissões de carbono causadas pelo desmatamento no Brasil na década de 2010, disse o relatório. Isso excede as emissões de gases de efeito estufa de uma nação como o Egito, no mesmo período. Mundialmente, o desmatamento representa até um quinto das emissões de gases do efeito estufa de origem humana, de acordo com estimativas da ONU (Agência Brasil: http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2013/04/05/93078 - demanda-externa-por-carnes-e-soja-aumenta-pressao-sobre-amazonia.html Desmatamento cresce na Amazônia (Greenpeace) A parceria com a bancada ruralista começa a passar uma amarga fatura para o governo Dilma: o desmatamento da floresta amazônica, que demorou tanto para começar a ser controlado, mostra sinais evidentes de subida. Segundo dados do Deter, em maio de 2013 a Amazônia perdeu 46,5 mil hectares de floresta, quase a área da cidade de Porto Alegre. Isso representa um aumento de mais de 400% em comparação com o mesmo período de 2012. Isso tudo com uma cobertura de nuvens de 42% sobre a Amazônia Legal, o que prejudica a detecção de focos de desmatamento pelos satélites. E mais: o Deter só identifica corte raso em áreas médias e grandes - as pequenas e fragmentadas, que se tornaram frequentes para justamente sumirem aos olhos do satélite, não entram nessa conta. Segundo Kenzo Jucá (Greenpeace), “o governo Dilma cedeu aos ruralistas e, em nome de um modelo atrasado e predador de desenvolvimento, avança sobre unidades de conservação e territórios indígenas”. No acumulado de agosto de 2012 a maio de 2013, o país perdeu 233,8 mil hectares de floresta – um aumento de 35% em comparação com o mesmo período do ano anterior. A pressão não poupa nem unidades de conservação (UCs) e terras indígenas (TIs), que são alvo atual dos ruralistas. Em maio, o Deter viu 5,4 mil hectares de florestas desmatadas em UCs e 8,9 mil hectares em TIs. Os Estados campeões foram Mato Grosso, com 27,7 mil ha, seguido de Pará (13,4 mil), Amazonas (3,3 mil), Tocantins (900), Rondônia (770) e Maranhão (440).http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Dilma-poe-mais-essa-na- conta/?utm_source=SilverpopMailing&utm_medium=email&utm_campaign=Transicao_20130710_DZ%20%282%29&utm_content= 6 Os ciclos sedimentares que envolvem elementos como o fósforo e o fe rro, tendem a ser muito menos estáveis e são, portanto, mais afetados por perturbações locais, porque a grande massa de material está no reservatório relativamente inativo e imóvel da crosta terrestre. Aceleramos tanto o movimento de muitos materiais que, ou os ciclos tendem a se tornar imperfeitos, ou o processo se torna acíclico, resultando em carências em um lugar e excessos em outros. Por exemplo, mineramos e processamos a rocha de fosfato com tanta negligência que criamos séria poluição local perto das minas e usinas de fosfato. Depois, com igual ―miopia‖ aguda aumentamos a entrada de fertilizantes fosfatados em sistemas agrícolas, sem controlarmos de modo algum o aumento inevitável da quantidade que escoa, prejudicando gravemente a qua lidade das águas de rios e outros corpos d’água. Os mecanismos de devolução do fósforo, por exemplo, podem ser insuficientes para compensar a perda. Em algumas partes do mundo não está havendo, atualmente uma elevação extensiva de sedimentos; e o transporte de peixes do mar para a terra, não é suficiente para compensar o fósforo que flui da terra para o mar. É relevante observar também que a pesca excessiva (na tentativa de ―reaver‖ o fósforo perdido) tem graves conseqüências no ambiente marinho. Pesca e poluição ameaçam esgotar os mares até 2048: Ostras, mariscos, bacalhau e até espetinhos de peixe frito poderão virar uma memória distante em poucas décadas se a tendência atual de pesca predatória e poluição dos mares continuar. Populações de praticamente todos os frutos do mar entrarão em colapso por volta de 2048, segundo pesquisa publicada na Science. Embora o foco do estudo tenha sido o oceano, já se manifestaram preocupação com espécies de água doce também. “Neste momento, 29% das espécies de peixes e frutos do mar entraram em colapso, ou seja, o rendimento da pesca caiu mais de 90%”, alerta Worm. Pesquisadores pedem mais reservas marítimas, um gerenciamento mais eficiente para evitar a pesca excessiva e um controle mais rígido para a poluição (http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2006/11/03/27641 -pesca-e- poluicao-ameacam-esgotar-os-mares-ate-2048.html); Veja também: http://urbantimes.co/2012/04/the-state-of- the-oceans-an-interview-with-dr-boris-worm/ Segundo o Panorama da Biodiversidade Global 3 – GBO3 (2010; p.80), a procura por frutos do mar continua a crescer com o aumento da população e com mais pessoas tendo renda suficiente para incluí-los em sua dieta. Estoques pesqueiros continuam sob pressão e a aqüicultura se expande. A crescente tendência da extensão da exploração pesqueira para toda a cadeia alimentar marinha, dos predadores de topo para os demais níveis tróficos, ocorre às custas da biodiversidade marinha. As mudanças climáticas fazem com que as populações de peixes se redistribuam em direção aos polos e os oceanos tropicais se tornem comparativamente menos diversificados. A acidificação do oceano enfraquece a capacidade de moluscos, crustáceos, corais e fitoplânctons marinhos formarem seus esqueletos, ameaçando destruir a cadeia alimentar marinha, bem como as estruturas de recifes. As descargas crescentes de nutrientes e de poluição aumentam a incidência de zonas costeiras mortas, e o aumento da globalização cria mais danos por espécies exóticas invasoras transportadas em águas de lastro de navios. Há mais ou menos 20 anos cerca de 1/5 dos estoques de peixes encontravam-se superexplorados; essa cifra subiu para 40%. A degradação da terra hoje afeta cerca de ¼ da superfície terrestre em graus e extensão variados e vem crescendo em torno de 1% ao ano desde a década de 1980 (Rumo a uma Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza/UNEP, 2011) 7 Golfo do México pode ter área tóxica do tamanho de Sergipe, diz NOAA (28/06/2013) A zona morta do Golfo do Méxicopode alcançar este ano uma extensão recorde de águas sem O2 devido à contaminação (dados da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica - (NOAA). As zonas mortas, tóxicas para a vida marinha, são geradas pela contaminação excessiva da água com o transporte de nutrientes usados na agricultura. Quando há pouco O2 na água, a maior parte da vida marinha que permanece perto do fundo do mar não consegue sobreviver.De acordo com a NOAA, a zona morta do Golfo do México pode alcançar 22.171 km², área pouco maior que o estado do Sergipe. Nos últimos 5 anos, a zona morta do Golfo ocupou, em média, 14.504 km². A NOAA informou que a zona morta do Golfo do México afeta a pesca “comercial e recreativa e põe em risco a economia da região”http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2013/06/28/95718 -golfo-do-mexico-pode-ter- area-toxica-do-tamanho-de-sergipe-diz-noaa.html Outro fato é que, embora as aves marinhas desempenhem um papel importante na devolução do fósforo para o ciclo (considere os fabulosos depósitos de guano na costa do Peru), essa transferência não mais ocorre na velocidade em que ocorria no passado. Da mesma forma que alteramos o ciclo do fósforo e do carbono, outros ciclos naturais vêm sendo drasticamente alterados. Tanto o ciclo do nitrogênio como o do enxofre vêm sendo cada vez mais afetados pela poluição atmosférica industrial. Os óxidos de nitrogênio (N2 O e NO ) e de enxofre (SO2), ao contrário dos nitratos e dos sulfatos, são tóxicos em diversos graus. Normalmente, constituem apenas etapas transitórias nos seus respectivos ciclos, estando presentes em concentrações muito baixas na maioria dos ambientes. A queima de combustíveis fósseis, entretanto, aumentou a concentração desses óxidos voláteis na atmosfera, principalmente nas áreas urbanas, a ponto de afetarem adversamente componentes bióticos dos ecossistemas. Esses óxidos constituem cerca de 1/3 dos poluentes atmosfér icos industriais liberados nos EUA e em muitos lugares são causadores da chuva ácida. Alteração nos ciclos de carbono e nitrogênio preocupa pesquisadores (02/07/2014) Para atender à crescente demanda por alimento e energia, a humanidade vem alterando o ciclo de dois importantes nutrientes para a vida no planeta: o nitrogênio e o carbono. Entre os efeitos indesejáveis da mudança estão a chuva ácida, o aumento na concentração de gases-estufa na atmosfera e a consequente elevação da temperatura global. http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2014/07/02/106668-alteracao-nos- ciclos-de-carbono-e-nitrogenio-preocupa-pesquisadores.html http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2013/04/15/93362-cientistas-alertam-para- desequilibrio-de-nitrogenio-na-america-latina.html Um outro exemplo lamentável é o do estrôncio-90, subproduto da fissão do urânio, que tende a entrar no ciclo do cálcio. O tecido hematopoiético da medula óssea é particularmente sensível à radiação beta do estrôncio-90. Os sistemas ecológicos são dinâmicos e têm estado em constante evolução desde os primórdios da vida. Eles se alteram em resposta às modificações das condições físicas, químicas, etc, e diante de novas informações genéticas. Se não houvessem essas contínuas alterações, também não ocorreriam os fenômenos de adaptação e seleção que resultaram na grande diversidade que conhecemos hoje. Mas o homem industrial se tornou um poderoso agente geológico. Assim, o objetivo da conservação dos recursos da natureza, estritament e falando, é tornar mais cíclicos os processos que tornamos acíclicos. Isso implica em rever 8 muitos de nossos hábitos de consumo, incluindo, é claro, diversos processos produtivos a eles associados. II. RECURSOS NATURAIS E ECOSSISTEMAS Nossa sociedade industrial vem explorando e perturbando componentes dos ecossistemas e suas funções. Tem feito maior uso dos ecossistemas em relação a outras sociedades e aos outros animais, porque estes usos são muito mais diversificados, uma vez que não se restringem à satisfação de necessidades, mas também visam a atender desejos hedonistas (i.e aqueles que buscam a gratificação imediata, individual, como única e possível forma de vida moral, evitando tudo o que possa ser desagradável) Mas, afinal, o que é um recurso natural? O significado há longo tempo aceito é que recurso é estoque de material de uso ou valor para o homem. Os recursos naturais são ainda os materiais não alterados disponíveis na litosfera, hidrosfera e biosfera, que através de outros recursos (como capital e trabalho, por exemplo) podem ser explorados e utilizados para gerar riqueza. Como vemos, trata -se de uma visão bastante instrumental da natureza. É comum se dividir os recursos em materiais orgânicos e inorgânicos, sendo os primeiros renováveis e os segundos não renováveis, em geral, disponíveis apenas em quantidades fixas e finitas. Mas tal divisão é muito problemática, pois seri a um erro crasso considerar um jequitibá de 300 anos como um recurso renovável! Na verdade, todos os recursos naturais são renováveis, pois são parte de ciclos naturais (geológicos, sedimentares, hidrológicos, oceânicos, atmosféricos e biológicos). Mas o fato é que ciclos naturais têm durações variadas. Somente recursos baseados em ciclos de curta duração podem se auto-renovar dentro de um espaço de tempo compatível com seu aproveitamento pelos seres humanos em seus processos produtivos. Assim de forma geral, todos os recursos biológicos, junto com vários físicos - como água e energia solar - podem ser incluídos como renováveis. Alguns recursos como combustíveis fósseis e metais formam-se tão lentamente que, do ponto de vista humano, os limites de suprimento são considerados como fixos. Estes são, pois, não renováveis. Mas a desvantagem dessa divisão didática simplista é que ela não mostra adequadamente a complexa troca entre os componentes renováveis e não renováveis e que também, há limites para a quantidade de recursos renováveis que podem ser produzidos. Os recursos renováveis podem ser modificados, esgotados, conservados ou ―aumentados‖ pelas ações humanas. Desde que a Terra é um sistema fechado, exceto pela entrada de radiação solar e cósmica, o aumento de recursos renováveis se faz a custa de gastos de outros recursos essenciais e não renováveis. Culturas agrícolas, por exemplo são recursos renováveis a curto prazo e aumentam ou são mantidas às custas de recursos não renováveis como fertilizantes, energia fóssil e solo. O processo de exploração de recursos não renováveis interfere com ciclos de recursos renováveis a curto prazo, como água e ar, dos quais dependem todos os recursos biológicos. II.1 -Avaliação de recursos: Por definição, a existência de um recurso depende basicamente de seu valor humano (eis aqui, mais uma vez, um traço marcante do antropocentrismo e de um a ética ecológica rasa). A avaliação de recursos é difícil, pois se baseia em variáveis 9 interdependentes, que sempre se alteram. Para criar recursos, o ser humano emprega habilidades tecnológicas e organizacionais. Entretanto suas ações podem ser restringidas por resistências ecológicas (como poluição) e dificuldades técnicas para exploração do recurso, passando-o novamente à condição de estoque na natureza. A utilização de um recurso depende da oferta e da demanda que são determinadas por condições sócio-econômicas. Desse modo a relação entre um estoque de material e um recurso é reversível. De acordo com habilidades técnicas ou científicas, um estoque pode gradualmente ou subitamente se tornar um recurso e o que foi um recurso, pode voltar a ser um estoque. Os recursos não têm valores nem absolutos nem constantes desde que são função de um conjunto de variáveis interdependentes que mudam com o tempo. Dependendodo tipo de exploração do recurso ele pode ser ―aumentado‖ ou ―diminuído‖. O valor de um recurso depende, pois, da extensão de sua utilidade ou de quanto é desejável e de quanto é possível modificar o ecossistema a ele associado. II.2 - Conservação de recursos naturais: As intervenções antrópicas da sociedade industrial têm deixado poucos locais na Terra não sujeitos aos nefastos efeitos diretos ou indiretos de tais ações. Uma série de reações em cadeia têm se desenvolvido, estendendo-se por áreas cada vez maiores e persistindo por períodos de tempo muito superiores aos inicialmente previstos. Infelizmente, o conhecimento das implicações totais de tais impactos na biosfera são ainda incompletos. Entretanto, algumas questões que há pouco eram apontadas como meras conjecturas são hoje reconhecidas como problemas graves, de dimensão global. E o que vem a ser conservar ? Termo difícil de precisar porque pode abranger um amplo espectro de conceitos. Estritamente falando, significa preservar, manter intacto ou inalterado. Num contexto mais amplo, significa manejo ou uso sensato. A idéia de conservação dos recursos naturais não é nova. Na China, três séculos A.C., existiam responsáveis para regular a extração de madeira e manter stands de florestas nas montanhas, devido ao alto grau de desflorestamento e erosão dos solos em áreas montanhosas. Na Idade Média, a aristocracia demarcava áreas nas quais a caça e a exploração de produtos florestais eram para seu uso exclusivo. Dessa forma, muitos reis poderiam estar apenas tentando manter um estoque de caça para seu próprio uso e diversão. E quanto ao movimento de conservação moderno? Será ele isento de interesses desse tipo? (Brügger, 2004a, p.20-29). O movimento de conservação moderno começou no inicio do século XIX, nos EUA, como reação pública à devastação de florestas virgens na parte oeste do continente. O estabelecimento de reservas estaduais e federais foi o primeiro passo no estabelecimento de parques e florestas nacionais e estaduais. Seca e depressão agrícola, nos anos 30’, revelaram o grau de erosão acelerada, conseqüente do cultivo nos EUA e outras partes do mundo. Erosão de solo era uma expressão tão forte quanto poluição hoje. Em 1934 foi estabelecido o Serviço de Conservação do Solo, nos EUA, sendo um dos maiores marcos no desenvolvimento e difusão do pensamento conservacionista moderno. Hoje, as discussões sobre ´o que´ e ´como conservar´ aumentaram muito, tanto em número, quanto em complexidade. Mas também cresceu o nível de devastação, o que nos faz pensar que a visão de mundo que permeia o conservacionismo não está dando conta da tarefa a que se propõe. Na verdade a ética conservacionista moderna encontra-se imersa numa racionalidade instrumental, marcada pelo antropocentrismo e pelas ego -ações. Muitas atitudes conservacionistas são portanto guiadas pelo medo, por necessidades 10 prementes ou coerção, e não pela liberdade como tomada de consciência. No que tange à preservação da vida, a lógica é a mesma: preserva-se genes valiosos, ou seja, preserva-se a vida pelo seu valor instrumental, não pelo seu valor intrínseco. Assim, todos os componentes da biosfera - sejam eles estoques de materiais, ou seres vivos - ficam reduzidos a meros recursos, ou seja, meios para se atingir um fim. No que tange aos seres vivos sencientes - isto é, capazes de experimentar prazer, dor e outras sensações (os animais!)- isso se torna especialmente grave, pois tais seres deveriam ser tratados como fins em si mesmos e não como meios, ou recursos (Brügger, 2004a, p.22). A questão ambiental é hoje uma questão de poder e, assim, grande parte das decisões supostamente ―favoráveis ao meio ambiente‖, escondem motivos escusos, como interesses econômicos. O conceito de meio ambiente deve ser compreendido como um espaço-tempo socialmente instituído, como o resultado das relações entre as diversas sociedades e a natureza e não somente como os recursos naturais, ecossistemas, ciclos naturais ou os seus distúrbios, como a poluição. Entretanto esse conceito naturalista prevalece no mundo ocidental e acaba esvaziando o conteúdo político e ético da problemática ambiental, fazendo dela uma questão meramente técnica. É preciso estarmos atentos às diversas medidas que hoje são rotuladas como ―boas para o meio ambiente‖, como a criação de parques e reservas (de forma pontual e pouco criteriosa), enquanto se permite a perpetuação de processos produtivos altamente impactantes, muitos dos quais, considerados ―bons para a economia‖. II.3 - Conservação de valores biológicos, ecológicos e científicos: O uso crescente de recursos orgânicos tem acarretado uma diminuição de valores ecológicos na biosfera. Há um favorecimento de espécies ―cultivadas‖ pelo homem às custas de outras. Isso acontece desde o início da agricultura e da domesticação, mas hoje essa tendência é muito mais acirrada. A caça e a pesca predatórias, a poluição e muitas práticas de biotecnologia acentuam essa tendência. Mas a atividade hoje mais impactante nesse sentido é a pecuária extensiva e as gigantescas áreas do Cerrado e Amazônia destinadas às monoculturas, como a soja. De acordo o GBO-3, vários ecossistemas podem estar próximos de sofrer mudanças irreversíveis, como o rápido desaparecimento de florestas, a proliferação de algas em rios e a morte generalizada de corais. A Amazônia é citada como um dos ecossistemas ameaçados de atingir esse “ponto de ruptura” (tipping point) - uma situação na qual um ecossistema experimenta um deslocamento para um nova situação, com mudanças significativas para a biodiversidade e serviços às pessoas que ele sustenta, em uma escala regional ou global. As alterações são de longa duração e de di fícil reversão. Continuamos a perder biodiversidade em um ritmo nunca visto antes na História. Em 2010, Ano Internacional da Biodiversidade, não houve nada a comemorar: nem a meta de redução de perda de biodiversidade, nem outras 21 metas subsidiárias – como a redução da perda e degradação de habitats - foram cumpridas globalmente. Este cenário sombrio pode ser constatado em dados que tratam do desmatamento anual e acumulado na Amazônia brasileira; do aumento das zonas mortas marinhas; e das perdas floresta is projetadas até 2050. Interessante também são os indicadores de biodiversidade e informações sobre diversidade cultural e tendência de perda de línguas indígenas. Há ainda a pressão das mudanças climáticas sobre a biodiversidade, com efeitos mais devastadores à medida em que são associadas à perda de gelo marinho no Ártico e à acidificação dos oceanos, resultante de concentrações mais altas de CO2 na atmosfera. Não há sinais de diminuição no aumento das pressões sobre a biodiversidade com base em tendências de indicadores como a “pegada ecológica”; ao contrário, a maior parte deles mostra tendências negativas. 11 Carnívoros em extinção Em ecossistemas ao redor do mundo, o declínio de grande predadores como leões, dingos, lobos, lontras e ursos tem mudado as paisagens selvagens desde os trópicos até o Ártico. A pesquisa descobriu que mais de 75% das 31 grandes espécies de carnívoros estudadas estão em declínio, e 17 dessas espécies agora ocupam menos da metade do território em que costumavam viver anteriormente. A Amazônia está entre as áreas onde diversos animais estão perdendo sua população, assim como no sudeste da Ásia e em parte da África. Com algumas exceções, grandes carnívoros já foram exterminados de boa parte do mundo desenvolvido, incluindo Europa Ocidental e EUA. “Estamos perdendo nossos grandes carnívoros, ironicamente, quando estamos aprendendo sobre seus importantes efeitos ecológicos” http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2014/01/10/101670-declinio-de-grandes-predadores-representa-risco-a-preservacao-global.html II.4 - Conservação de valores estéticos: É problemático porque valor cênico é subjetivo, dependendo da percepção de beleza a qual é condicionada pelo ambiente cultural. Outra dificuldade é reconciliar o conflito entre demanda para recreação e aumento de valores biológicos, já que estes últimos estão diretamente ligados ao desempenho da economia de um país. A conservação de valores estéticos está diretamente ligada ao uso recreacional da Terra. E hoje, embora exista uma tendência de valorização de espaços naturais para a prática de esportes de aventura e turismo ecológico, por exemplo, ainda prevalece a ética da destruição de paisagens naturais para a implantação de ambientes artificiais para recreação e lazer, como os grandes shoppings. Segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), em relatório intitulado “Previsões Ambientais da OCDE para 2050″, a perda agregada de biodiversidade e dos benefícios associados aos serviços ambientais com a perda global, por exemplo, das florestas é calculada entre US$ 2 trilhões e US$ 5 trilhões. O relatório retomou os apelos por uma mudança de política. Poluir deveria se tornar mais caro e os subsídios aos combustíveis fósseis, danosos ao meio ambiente, deveriam ser reduzidos. Ao contrário, as riquezas naturais deveriam ser valoradas monetariamente de forma que seu real valor seja apreciado. “Avanços com base em implementações ou reformas feitas ao cenário atual nas próximas décadas não serão suficientes”. (Fonte: G1; 16/03/2012) Bibliografia citada e de interesse BRÜGGER, Paula. Educação ou adestramento ambiental? 3ªed. Chapecó: Argos; Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2004a. BRÜGGER, Paula. Amigo Animal – reflexões interdisciplinares sobre educação e meio ambiente: animais, ética, dieta, saúde, paradigmas. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2004b. EHRLICH, Paul R. & EHRLICH, A.H. População Recursos e Ambiente . São Paulo: EDUSP/Polígono, 1974. ODUM, Eugene P. Ecologia. 1ª ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 1985. SCHLESINGER, Sérgio. Onde pastar? O gado bovino no Brasil. Rio de Janeiro, FASE, 2010. STRAHLER, Arthur N. & STRAHLER. Alan H. Introduction to Environmental Science . California: Santa Barbara, 1974: 235-260. TIVY, Joy. Human Impact on the Ecosystem . Nova Iorque: Oliver & Boyd, 1981:170-189. A Biosfera. Texto do Scientific American , trad. Prof. Luiz Roberto Tommasi. São Paulo: EDUSP, 1974. O Panorama da Biodiversidade Global 3GBO-3 Destaques do relatório ―Rumo a uma Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza – Uma Síntese para Tomadores de Decisão‖ (UNEP, 21 de fev 2011 )
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