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Paper Discurso de posse Heidegger

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Alexandre Donizete Roque – 5° Semestre do curso de Filosofia – U.E – Lorena.
A Auto-Afirmação da Universidade Alemã - Martin Heidegger
Pode-se entender que Heidegger firmava-se na compreensão de que no movimento nacional-socialista existia uma possiblidade real de se renovar o povo alemão e, a partir deste, ocidente. Heidegger enxergou nesta possiblidade a chance de fazer parte dela, assim o pensador se aliou ao movimento que surgia, um movimento notadamente racista e antissemita, apesar de algumas afirmações tenderem a dizer que Heidegger discordava de tais aspectos da ideologia nazista, não é relevante uma conclusão a respeito desse fato. Todavia no que tange a sua filosofia, particularmente o pensamento político é necessário a compreensão do que consistia para ele, tal possibilidade de renovação, uma vez que a renovação alemã imaginada por Heidegger não era a mesma que propunham os ideólogos do nazismo. As divergências entre as suas propostas e as da ideologia oficial do partido principiam já no próprio ato de engajamento, ou seja, no discurso de reitorado.
Heidegger no discurso de posse sugere um diálogo a respeito da essência, ou seja, do autêntico modo de ser da ciência. O embasamento da questões apontadas pelo filósofo podem ser notadas na crítica bem explícita ao novo conceito de ciência nacional-socialista. Segundo o discurso de posse, entende-se por ciência a atitude questionante do homem diante do ente como um todo, essa atitude é determinante no nascimento da filosofia na Grécia antiga. A dúplice estratégia heideggeriana no discurso de posse do reitorado – a de autoafirmação e autodefesa – incide precisamente em afastar a ideia da ciência politizada e supri-la por um outro jeito de articulação entre filosofia e política. A autoafirmação da universidade alemã não afirma somente a essência da universidade e da ciência em sua independência de qualquer determinação política, mas também a preeminência da ciência – enquanto filosofia – no âmbito político. Com relação à pergunta “quem conduz quem?”, o discurso responde decididamente que, a filosofia é que deve conduzir a política, concluindo, portanto que é ela que detém a superioridade.
Contudo, ainda que seja notável o entrelaçamento do pensamento heideggeriano entre os discursos filosófico e político, a aceitação da reitoria da universidade alemã não pode ser compreendida simplesmente como adesão do filósofo ao ideário nazista em sua totalidade. Por certo que estavam em discussão mais do que questões propriamente políticas, tratava-se antes de sobrevivência.

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