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HUBENS HUDSON DIAS – 24M56 HETEROGENEIDADE ENUNCIATIVA A Jacqueline Authier-Revuz inicia o seu estudo mostrando que a “complexidade enunciativa”, atualmente muito empregada, em quadro teóricos diferentes, produzem formas linguísticas discursivas ou textuais que alteram a imagem de uma mensagem “monódica”. O discurso proferido terá caráter heterogêneo, pois haverá outros discursos fundamentando, reforçando e recebendo este discurso primeiro. Segundo à autora, a heterogeneidade enunciativa parte do princípio de que a linguagem é heterogênea na sua constituição e, consequentemente, o discurso, devido a sua materialidade de natureza linguística. O conceito de heterogeneidade enunciativa, revela este caráter singular da linguagem, onde se atribui um papel privilegiado à presença de discursos “outros” na fala do enunciador. Para o artigo, a problemática da heterogeneidade enunciativa é explicada a partir da noção de constitutiva e de mostrada. Authier-Révuz (1982) fez a divisão deste conceito entre heterogeneidade mostrada e constitutiva. A heterogeneidade enunciativa mostrada, que é a presença localizável do discurso do outro no fio do discurso, subdivide-se em: marcada, que é aquela que está claramente marcada no fio do texto, pelo uso de aspas, pelo discurso direto ou indireto etc.; e não-marcada, que é aquela em que percebemos a utilização do outro, mas não identificamos de maneira clara, isso ocorre no discurso indireto livre, nas alusões, ironias etc. Na heterogeneidade constitutiva, com base no conceito de (Bakhtin), há um dialogismo que se refere ao diálogo do discurso com o discurso do outro da interlocução (o destinatário); e há um dialogismo do discurso com os outros discursos; é a mesma ideia de Bakhtin em outro espectro: não mais o da palavra e sim do discurso. 0 Cabe ressaltar, com base na concepção de Authier-Revuz (1990, p. 26), que as palavras são sempre “as palavras dos outros (...) nenhuma palavra é neutra, mas inevitavelmente carregada, ocupada, habitada, atravessada pelos discursos nos quais viveu sua existência socialmente sustentada”. Desse contexto, a nossa palavra traz sempre a perspectiva do outro e que ao falar, o falante estabelece um diálogo com o discurso do interlocutor, não como um simples decodificador, mas como a personificação de um contra discurso. O artigo apresenta, ainda, outras ciências que comprovam o caráter heterogêneo do ser humano e consequentemente da linguagem, a Psicanálise, a partir das leituras de Freud feitas por Lacan; sem a linguagem, o ser humano não se constituiria como individuo no mundo real.
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