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Teoria da Pena Unidade VII Suspensão Condicional da Pena Sursis

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UNIDADE VII – SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA – 
SURSIS – Art. 77/82 do CP e Art. 156 e seguintes da LEP. 
 
 
VALDINEI CORDEIRO COIMBRA 
Especialista em Direito Penal e Processual Penal pelo ICAT/UNIDF 
Especialista em Gestão Policial Judiciária – APC/Fortium 
Coordenador do www.conteudojuridico.com.br 
Delegado de Polícia Civil do Distrito Federal 
Ex-analista judiciário do TJDF 
Ex-agente de polícia civil do DF 
Ex-agente penitenciário do DF 
Ex-policial militar do DF 
vcoimbr@yahoo.com.br 
 
Conceito 
 
Sursis: Palavra francesa que significa suspensão, derivando do 
surseoir, que significa suspender. 
Nas palavras de Ney Moura Teles: “ É um instituto jurídico pelo qual 
a pena privativa de liberdade não superior a dois anos tem sua execução 
suspensa, por dois a quatro anos, mediante o cumprimento de determinadas 
condições estabelecidas pela lei e pelo juiz”.1 
 
 
Natureza jurídica: (duas posições) 
 
a) Direito público subjetivo do sentenciado: quando presentes os 
requisitos legais para a concessão do sursis, o juiz não pode 
negá-lo, no entanto resta alguma discricionariedade ao julgador, 
quando da verificação do preenchimento dos requisitos objetivos 
e subjetivos, os quais devem ficar induvidosamente comprovados 
nos autos, não se admitindo seja presumidos (CAPEZ, 
DAMÁSIO); 
b) Forma de execução da pena: é medida penal de natureza 
restritiva da liberdade e não um benefício. É a posição recente do 
STJ: "o sursis do CP, deixou de ser mero incidente da execução 
para tornar-se modalidade de execução da condenação. Livra o 
condenado da sanção que afeta o status libertatis, todavia, impõe-
lhe pena menos severa, eminentemente pedagógica". 
 
O sursis surgiu em França com o senador René Bereger, em 26.05. 
1884, mas foi adotado primeiramente na Bélgica, e por isso o sistema 
denomina-se franco-belga, ou continental europeu. 
 
1 TELES, Ney Moura. Direito Penal. Parte Geral. São Paulo: Atlas, 2004, p. 461. 
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Sistema belga-francês (europeu continental): o juiz condena o 
réu, mas suspende a execução da pena imposta, desde que aquele seja 
primário e a pena não ultrapasse 2 anos (é o adotado pelo nosso código). 
Sistema anglo-americano (probation system): onde o juiz declara 
o réu culpado, mas não o condena, suspendendo o processo, 
independentemente da gravidade do delito, desde que as circunstâncias 
indiquem que o réu não tornará a delinqüir. 
 Sursis processual: não se confunde com a suspensão do Código 
Penal. A lei 9.099/95 permite, por proposta do Ministério Público, a aceitação 
do acusado e decisão do juiz, a suspensão condicional do processo nos 
crimes em que a pena mínima cominada seja igual ou inferior a um ano (art. 
89). Instituto este que se assemelha ao sistema anglo-americano, entretanto o 
juiz não chega a analisar as provas dos autos (o mérito), pois a proposta de 
suspensão do processo ocorre no oferecimento da denúncia.2 
 
Requisitos 
 
1) Requisitos objetivos 
a) qualidade da pena: somente a pena privativa de liberdade 
permite o sursis, isto é, reclusão, detenção ou prisão simples 
(CP, art. 77 e LCP, art. 11). Penas restritivas de direitos: não 
admitem sursis. Pena de multa: não admite sursis. Prisão 
administrativa ou prisão civil: não admite sursis. Medida de 
segurança: não admite sursis. 
b) Quantidade da pena: em regra, somente a pena não superior a 
dois anos admite o sursis. As exceções são: (a) sursis etário (réu 
com mais de 70 anos) e (b) sursis humanitário (razões de saúde 
do réu), são cabíveis em relação à pena até quatro anos; c) crime 
contra o meio ambiente, admite-se o benefício desde que a pena 
privativa de liberdade não exceda a 03 anos, Lei nº 9.605/98, art. 
16. 
c) Impossibilidade da restritiva de direitos: só é cabível o sursis 
se não for o caso de substituição da pena de prisão por penas 
restritivas de direito. A substituição tem preferência sobre o sursis. 
Com isso, houve esvaziamento, depois da Lei 9.714/98, do sursis. 
d) Reparação do dano (para o sursis especial), art. 78 § 2º. 
 
2) Requisitos subjetivos: 
a. condenado não reincidente em crime doloso: condenado 
irrecorrivelmente pela prática de crime doloso que cometeu novo 
crime doloso após o trânsito em julgado não pode obter o sursis. 
b. Circunstâncias judiciais favoráveis ao agente: assim maus 
antecedentes impedem o sursis. A intensidade do dolo não 
impede o sursis. Exige-se a necessária demonstração de 
periculosidade do réu para indeferimento do sursis, de modo que 
 
2 Bitencourt, dedicou um capítulo do seu livro Tratado de Direito Penal, para explicar a 
suspensão condicional do processo, nos termos da Lei n° 9.099/95, confira: BITENCOURT, 
Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 597-616. 
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deve estar apoiada em indícios válidos à presunção de futura 
reincidência. 
 
Observações: 
 Em si tratando de concurso de crimes, o entendimento majoritário 
é que deve ser computado o acréscimo decorrente do concurso 
para efeito de consideração do limite quantitativo da pena (dois 
anos). 
 Se ao sentenciado for imposta pena superior a dois anos, que, 
posteriormente, venha a ser reduzida, por graça ou indulto parcial, 
integrando-se no limite dos dois anos, pode a suspensão da pena 
ser concedida. Neste caso a competência será do Juiz da 
Execução Penal 
 SÚMULA Nº 499 STF: Não obsta a concessão do sursis 
condenação anterior a pena de multa. 
 Reincidência em pena de multa, art. 77, § 1º do CP. 
 
Crime hediondo: antes da decisão do STF no HC 82.959/SP (rel. 
Min. Marco Aurélio, 23.02.2006), bem como da Lei nº 11.464/07, havia duas 
posições: 
 
1) não cabe o sursis para os crimes previstos na lei 8.072/90, ante a 
incompatibilidade do benefício com o tratamento mais rigoroso 
imposto por essa legislação (crime hediondo, tortura, tráfico de 
drogas e terrorismo). 
 
STF: É incabível a concessão do sursis em favor daquele que foi condenado 
pelo delito de atentado violento ao pudor, ainda que satisfeitos os pressupostos 
subjetivos e objetivos fixados pelo art. 77 do Código Penal, pois, tratando-se de 
crime hediondo, a sanção privativa de liberdade deve ser cumprida 
integralmente em regime fechado.” (HC 72.697, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 
21/05/99) 
 
2) não existe na lei dos crimes hediondos, norma expressa a vedar a 
concessão do sursis, não podendo o interprete lançar mão de 
interpretação extensiva ou dilatória para suprimir o benefício, o que 
consistiria em analogia in mallam partem. 
 
Espécies de sursis: 
 
a) Simples ou comum: é o mais rigoroso, é aquele em que, 
preenchidos os requisitos objetivos e subjetivos, fica o réu sujeito, no 
primeiro ano de prazo, a uma das condições previstas no art. 78, § 1º 
do CP (prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de 
semana). 
Obs.: existe uma posição minoritária sustentando que é 
inconstitucional colocar uma pena restritiva de direitos como 
condição para suspender a execução de outra pena principal, no 
caso, a privativa de liberdade. Haveria bis in idem. O STJ tem firme 
entendimento no sentido de que é admissível o sursis simples na 
forma do art. 78, § 1º do CP, mesma posição do STF (RT, 724/567). 
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b) Especial: é menos rigoroso, o condenado
fica sujeito a condições 
mais brandas, previstas cumulativamente no art. 78, § 2º, do CP, 
quais são elas: a) proibição de freqüentar determinados lugares; b) 
proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização 
do juiz; c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, 
mensalmente, para informar e justificar suas atividades. Todas essas 
condições são cumulativas. Para ficar sujeito a essas condições mais 
favoráveis, o sentenciado deve, além de preencher os requisitos 
objetivos e subjetivos normais, reparar o dano e ter as 
circunstâncias judiciais inteiramente favoráveis para si, sendo 
que a recusa em reparar o dano, também é causa de revogação do 
beneficio (art. 81, II, parte final do CP). Daí que se é causa de 
revogação, é causa impeditiva da concessão, erigindo-se à categoria 
de requisito. 
c) Etário (simples ou especial): concedido ao maior de 70 anos à data 
da sentença concessiva. Pode ser concedido desde que a pena não 
exceda a 4 anos, cujo período de prova será aumentado para o 
mínimo de 4 e um máximo de 6 anos (art. 77, § 2º, 1ª parte). Será 
simples ou especial, dependendo da reparação dos danos e das 
circunstancias judiciais. 
d) Humanitário (simples ou especial): é aquele em que o condenado, 
por razões de saúde, independentemente de sua idade, tem direito 
ao sursis, desde que a pena não exceda 4 anos, aumentando-se, em 
contrapartida, o período de prova para um mínimo de 4 anos e 
máximo 6 anos. Foi criado pela Lei 9.714/98. Deve ser aplicado para 
os casos de doenças graves (ex. portador do vírus da AIDS, 
paraplégico). Será simples ou especial, dependendo da reparação 
dos danos e das circunstancias judiciais. 
 
Condições impostas no sursis: 
 
Na prática, o juiz da condenação apenas concede o sursis e o da 
Execução é quem fixa as condições obrigatórias e as facultativas, se for o 
caso. Talvez por força da redação do art. 160 da LEP: “Transitada em julgado a 
sentença condenatória, o Juiz a lerá ao condenado, em audiência, advertindo-o 
das conseqüências de nova infração penal e do descumprimento das 
condições impostas”. 
Alguns doutrinadores pregam que o juiz da condenação é quem 
deveria, quando da concessão do Sursis, fixar as condições obrigatórias e se 
for o caso, as facultativas, e após o transito em julgado realizar a audiência 
admonitória para, só após remeter carta de guia ao juiz da execução, para 
fazer cumprir o sursis. 
 
As condições são: 
 
a) Legais: prevista em lei. São as condições do sursis simples (art. 
78, §1ª parte, "no primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar 
serviços à comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de 
semana (art. 48)".) e as do sursis especial ( art. 78, § 2º: a) 
proibição de freqüentar determinados lugares; b) proibição de 
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ausentar-se da comarca onde reside, sem prévia autorização do juiz; 
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para 
informar e justificar suas atividades) – essas condições são 
semelhantes às do regime aberto (art. 115 da LEP) 
b) Judiciais: são as condições impostas livremente pelo juiz, não 
estando prevista em lei (art. 79: "a sentença poderá especificar 
outras condições a que fica subordinada a suspensão desde que 
adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado"). ex.: 
obrigação de freqüentar curso de habilitação profissional ou instrução 
escolar. É vedado impor condições que comprometam as liberdades 
garantidas constitucionalmente, que exponha o condenado ao 
ridículo, de modo a lhe causar constrangimento desnecessário, que 
viole a sua integridade física ex.: condicionar o sursis à doação de 
sangue pelo condenado; à visitação a vítima de acidente de transito 
pelo condenado etc. 
 
Obs.: antes da reforma de 1984, havia o sursis incondicionado. 
Hoje este instituto foi banido da nossa legislação. 
 
O juiz da Execução Penal pode alterar as condições impostas no 
Sursis (art. 158, § 2º da LEP). 
 
Período de prova 
 
É o prazo em que a execução da pena privativa de liberdade imposta 
fica suspensa, mediante o cumprimento das condições estabelecidas. O 
período de prova do sursis simples e do especial varia de 2 a 4 anos e no 
etário/ humanitário, varia de 4 a 6 anos. Quando se trata de condenação por 
ilícito contravencional, o prazo de suspensão é de um a três anos (art. 11 da 
LCP). 
O início do prazo começa a correr da audiência de advertência 
(admonitória), em que se dá conhecimento da sentença ao beneficiário (art. 
158, LEP). 
 
Detração e sursis, não é possível, pois o sursis é um instituto que 
tem por finalidade impedir o cumprimento da pena privativa de liberdade, assim 
impossível o abatimento de uma pena que sequer está sendo cumprida, por se 
encontrar suspensa. Entretanto se for revogado, vindo o condenado a cumprir 
a pena privativa de liberdade, caberá a detração penal. 
 
Efeitos das decisões que concedem o sursis: duas posições: 
a) alguns entendem que as decisões que concedem o sursis não 
tornam definitivas porque sursis constituiria um incidente da 
execução da pena e, nesta, o juiz da execução não exerceria função 
jurisdicional e sim administrativa; 
b) outra corrente entende que a decisão que concede o sursis, faz 
coisa julgada material, não podendo ser cassado ainda quando 
concedido indevidamente. 
 
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Revogação e cassação obrigatória: o Juiz está obrigado a proceder na 
revogação, devendo o réu cumprir toda a prisão imposta, qualquer que 
seja o regime: 
 
 Superveniência de condenação definitiva pela prática de crime 
doloso (art. 81, I). Não importa o momento em que tenha sido praticada 
a infração penal, o importante é que a condenação ocorra durante o 
período de prova. Também só será revogado se for condenação à pena 
privativa de liberdade ou restritivas de direito, não havendo revogação 
se for pena de multa. 
 Frustração da execução da pena de multa, sendo o condenado 
solvente. Com a Lei 9.268/96, essa hipótese de revogação não existe 
mais, em face da nova redação do art. 51 do CP (art. 81, II); 
 Descumprimento de qualquer das condições legais do sursis 
simples (art. 78, § 1º: "no primeiro ano do prazo, deverá o condenado 
prestar serviços à comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de 
fim de semana (art. 48)"); 
 Intimado pessoalmente ou por edital com prazo de 20 dias, o réu não 
comparecer à audiência admonitória, a suspensão ficará sem efeito e 
será executada imediatamente a pena privativa de liberdade, salvo 
prova de justo impedimento (art. 161 da LEP) – Hipótese de cassação. 
 A suspensão condicional da pena, ficará sem efeito se, em virtude de 
recurso, a pena for aumentada de modo que exclua a concessão do 
benefício (art. 706) do CPP - hipótese de cassação. 
 
Obs.: O STF já se manifestou que a revogação obrigatória e a 
prorrogação obrigatória, são automáticas, não exigindo a lei decisão do juiz. 
Em sentido contrário o STJ entende que na vigência de uma ordem 
constitucional que conferiu maior relevo aos postulados da defesa e do 
contraditório, e diante dos novos contornos da execução penal, inteiramente 
judicializada, em decorrência da reforma penal de 1984, não há de se conceber 
a revogação de plano do sursis. 
 
É possível a revogação do sursis depois de expirado o período 
de prova?: o STF e STJ, já se manifestaram que "nada impede a revogação 
do sursis, mesmo depois do término do prazo de prova, se verificado que, no 
seu decurso, o réu veio a ser condenado por crime doloso, mediante sentença 
irrecorrível. O princípio legal estabelece revogação automática (art. 81, I do 
CP). Entretanto se o juiz já declarou a extinção da pena,
pelo decurso do prazo 
do sursis, não poderá mais inovar no processo de modo a revogar o sursis, 
caso tenha conhecimento que o beneficiado foi condenado irrecorrivelmente 
durante o período de prova". 
 
Revogação facultativa: o juiz não está obrigado a revogar o 
benefício, podendo optar por advertir novamente o sentenciado, prorrogar o 
período de prova até o máximo ou exacerbar as condições impostas (art. 707, 
parágrafo único do CPP, c/c art. 81, §§ 1º e 3º do CP): 
a) Superveniência de condenação irrecorrível à pena privativa de 
liberdade ou restritiva de direitos, pela prática de contravenção 
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penal ou crime culposo (se for condenação a pena de multa não 
haverá a revogação). 
b) Descumprimento das condições legais do sursis especial (art. 78, 
§ 2º); 
c) Descumprimento de qualquer outra condição não elencada em 
lei, mas imposta pelo juiz (art. 79, do CP, condições judiciais). 
 
Duas posições com relação à obrigatoriedade da oitiva do 
condenado quando da revogação do sursis: 
 
STJ: é necessária a oitiva: "a revogação do sursis é ato jurisdicional que deve ser 
procedido com a garantia de defesa do beneficiado, assegurando-lhe o direito de 
demonstrar as causas que o levaram a descumprir as condições que lhe foram 
impostas pelo juiz". 
 
O STF: "é desnecessária a oitiva, pois a invocação do princípio do contraditório 
não obsta à revogação, de pronto, do benefício. Confronto do art. 707, parágrafo 
único, e 730 do CPP". 
 
Renúncia ao sursis: é possível, pois se trata de um benefício, cuja 
aceitação não é obrigatória, podendo ser renunciado pelo condenado por 
ocasião da audiência admonitória ou durante a entrada em vigor do período de 
prova. 
 
Audiência admonitória: é a audiência de advertência, que tem 
como única finalidade cientificar o sentenciado das condições impostas e das 
conseqüências de seu descumprimento. É ato ligado à execução da pena, logo 
após o transito em julgado da decisão condenatória (art. 160, da LEP). 
 
Prorrogação do período de prova 
Se o beneficiário esta sendo processado por outro crime ou 
contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento 
definitivo (art. 81, § 2º do CP). A lei fala em processo, daí que a simples prática 
da infração penal, ou mesmo instauração de inquérito policial, não prorroga o 
período de prova. 
Damásio dá o seguinte exemplo: suponha-se que o agente esteja em 
gozo de sursis por dois anos. Faltando alguns meses para o término do prazo 
da suspensão, comete novo delito, iniciando-se a ação penal. O período de 
prova é prorrogado até que transite em julgado a sentença com relação aos 
segundo crime, podendo a prorrogação ultrapassar o máximo de quatro ou seis 
anos. Se o réu vier a ser condenado, haverá revogação obrigatória, terá de 
cumprir a pena que estava suspensa e a nova sanção. Se absolvido, o juiz 
aplicará a regra do art. 82, determinando a extinção da pena que estava 
suspensa. 
Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, 
prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado (art. 81, §3º 
do CP). 
 
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Extinção da pena 
 
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, 
considera-se extinta a pena privativa de liberdade. 
Assim, também se expirado o prazo de suspensão ou de 
prorrogação, sem que tenha havido motivo para revogação, o juiz deve 
declarar extinta a pena privativa de liberdade. Trata-se de sentença 
declaratória da extinção da punibilidade. 
A extinção da pena ocorre na data do término do período de prova e 
não na data em que o juiz profere a decisão, ainda que seja muito tempo 
depois. 
A decisão que declarar extinta a pena, sem a prévia manifestação do 
Ministério Público é nula, face o dispositivo do art. 67, da LEP. 
 
Aplicado o Sursis, como ficam os direitos políticos? O código é 
silente a respeito dos direitos políticos, quando trata do sursis, sendo que a 
Constituição Federal (art. 15, III) dispõe que a perda ou suspensão de tais 
direitos dar-se-á no caso “de condenação criminal transitada em julgado, 
enquanto durarem seus efeitos”. Isso significa que aplicado o sursis implica a 
suspensão dos direitos políticos, até que se declare extinta a punibilidade pelo 
decurso do período de prova (posição para concurso). Entretanto o STF, já 
decidiu que a condenação, uma vez concedido o sursis, não implica a 
suspensão dos direitos políticos (RTJ 82/647). 
 
Observações gerais: 
 
 Pode o condenado obter dois sursis sucessivos: sim; 
 Estrangeiro pode obter sursis? Sim, pois no estatuto do 
estrangeiro, Lei n° 6.815/80, não prevê nenhuma restrição; 
 Enquanto dura o Sursis, não corre a prescrição; 
 Sursis ao semi-imputável é possível. Inimputável não pode obter 
sursis. 
 Réu foragido ou revel pode obter sursis, mas se não comparecer 
na audiência admonitória, ficará sem efeito. 
 A sentença que concede o Sursis faz coisa julgada, mas as 
condições poderão ser alteradas. 
 
 
 
 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 
 
01) Qual dos requisitos abaixo relacionados não é exigível para a concessão do 
chamado sursis simples? 
a) não reincidência em crime doloso em que a condenação anterior não tenha sido à pena 
de multa 
b) reparação do dano 
c) condenação à pena privativa de liberdade não superior a dois anos 
d) não cabimento da substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito 
e) que as circunstâncias judiciais sejam favoráveis ao condenado 
 
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02) A suspensão condicional da pena privativa de liberdade - sursis - em regra cai sobre 
pena não superior a dois (2) anos. Excepcionalmente, poderá recair sobre pena superior, 
não excedente, porém, a quatro (4) anos. Isso se verifica, quando: 
a) o condenado for semi-imputável; 
b) o condenado reparou integralmente o dano proveniente do crime; 
c) o condenado for menor de vinte e um (21) anos de idade; 
d) o condenado for maior de setenta (70) anos de idade. 
 
03) Assinale a alternativa CORRETA(OABDF8_2005): 
A suspensão condicional da pena é viável se: 
a) houver condenação em pena de multa. 
b) houver condenação em pena restritiva de direitos. 
c) houver reparação do dano causado pela infração. 
d) houver imposição de pena privativa de liberdade não superior a dois anos. 
e) houver confisco de bens. 
 
04) Pode o Magistrado conceder ''sursis'' num processo, sabedor que já fora concedido 
''sursis'' ao mesmo sentenciado em outro processo? 
a) tudo dependerá de que tipo de delito o réu praticou. 
b) não pode, eis que o ''sursis'' só é concedido a réus primários. 
c) pode, desde que preenchidos os requisitos previstos no código penal. 
d) não pode, tendo em vista que só compete ao juiz das execuções criminais a concessão 
do ''sursis''. 
 
05) PROMOTOR DF 2003 MPDFT (Penal, questão 3). Julgue os itens abaixo. 
I No que concerne à suspensão condicional da pena, a legislação penal brasileira adota o 
sistema anglo-saxão. 
II A suspensão condicional da pena não é cabível quando a pena privativa de liberdade 
aplicada foi substituída por pena restritiva de direitos. 
III Nos crimes culposos, a substituição da pena privativa de liberdade por penas restritivas 
de direitos poderá ocorrer mesmo que a sanção fixada seja superior a quatro anos. 
IV A prestação pecuniária, fixada em substituição à pena privativa de liberdade, poderá 
ter como destinatários tanto a vítima como entidade pública ou privada com destinação social. 
A quantidade de itens certos é igual
a: a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 
Gabarito: 1B, 2 D, 3 D, 4 C, 5 C 
 
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Bibliografia consultada: 
 
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Saraiva, 2004. 
 
2. BITTENCOURT, Cézar Roberto. Tratado de Direito Penal - Parte Geral - Vol. 1 - 13ª 
Ed. . São Paulo: Saraiva, 2008 
 
3. CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Parte Geral. São Paulo: Saraiva, 2008. 
 
4. CAPEZ, Fernando e BONFIM, Edilson Mougenot. Direito penal. Parte Geral. São 
Paulo: Saraiva, 2004. 
 
5. GOMES, Luiz Flávio. Direito Penal. Culpabilidade e Teoria da pena. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2005. 
 
6. JESUS, Damásio de. Direito Penal Vol. 1 - Parte Geral - 29ª Ed. São Paulo: Saraiva, 
2008. 
 
7. MASSON. Cleber. Direito Penal Esquematizado. Parte Geral. Rio de Janeiro: Forense; 
São Paulo: Método, 2008. 
 
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Fabbrini. São Paulo: Atlas, 2004. 
 
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11. NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. Parte Geral. Parte Especial. 4ª 
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12. GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte geral, 3ª ed. Editora Impetus, Rio de 
Janeiro – 2003. 
 
13. PRADO, Luiz Régis. Curso de Direito Penal Brasileiro - Vol. 1 - Parte Geral - 8ª Ed. 
São Paulo: RT. v.1. 2008 
 
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2005. 
 
15. TELES, Ney Moura. Direito Penal Vol. I - Parte Geral - Art. 1 a 120 - 2ª Ed. São Paulo: 
Atlas, 2006 
16. Questões extraidas do Banco de Questões do WWW.CONTEUDOJURIDICO.COM.BR 
 
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