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LICITAÇÃO (Atualizado e corrigido)

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LICITAÇÃO
Fontes: Aula Larissa Medeiros + Carvalho Filho + Matheus Carvalho
Para alcançar o interesse público, a Administração Pública se vale dos contratos, quer seja para a realização de obras, prestação de serviços, fornecimentos de bens, ou execução de serviços públicos, locação de imóveis, dentre outros. A escolha das pessoas a serem contratadas não poderia ficar a critério do administrador. Em vista disso, a licitação consiste em um procedimento anterior ao próprio contrato, permitindo que várias pessoas ofereçam as suas propostas e, assim, seja escolhida a mais vantajosa para a Administração Pública. Consiste, desse modo, no “procedimento administrativo vinculado por meio do qual os entes da Administração Pública e aqueles por ela controlados selecionam a melhor proposta entre as oferecidas pelos vários interessados, com dois objetivos– a celebração de contrato, ou a obtenção do melhor trabalho técnico, artístico ou científico”.
A natureza jurídica da licitação é a de procedimento administrativo seletivo. Tratando-se de ordenada sequência de atividades, a licitação é procedimento vinculado no sentido de que, fixadas suas regras, ao administrador cabe observá-las rigorosamente. A CF/88 referiu-se expressamente à licitação estabelecendo, no art. 22, XXVII, ser da competência privativa da União Federal legislar sobre “normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, §1º, III”, conforme redação dada pela EC nº 19/1998. Além disso, no art. 37, XXI, a Carta Magna estabelece o princípio da obrigatoriedade da licitação, prevendo que “as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes”, salvo os casos expressos em lei.
Sendo uma competência privativa da União Federal legislar normas gerais sobre o assunto, tem-se que aos Estados, Distrito Federal e Municípios será lícito legislar sobre normas específicas. A lei federal reguladora das licitações é a Lei 8.666/93, consistindo na fonte legislativa primária disciplinadora das licitações. Nesse texto legal, há, inclusive, vedações aos outros entes, como ampliar os casos de dispensa e inexigibilidade de licitação. Além dessa lei, há a Lei nº 10.520/02, que passou a regulamentar a nova modalidade de licitação, qual seja o pregão. Sendo uma lei específica, tem caráter especial em relação ao Estatuto, que passa a operar apenas subsidiariamente, no caso do pregão.
Sujeitam-se a suas normas as pessoas integrantes da federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), que formam a administração direta. Estados, Distrito Federal e Municípios, que já tinham as suas próprias leis, receberam a incumbência de adaptá-las aos princípios gerais da lei federal, com vistas à uniformidade do quadro normativo fundamental. A disciplina abrange todos os órgãos administrativos dos Poderes Legislativo, Judiciário, dos Tribunais de Contas e do Ministério Público, de todas as aludidas pessoas federativas, conforme dispõe expressamente o art. 117 do Estatuto.
São também alcançadas pela disciplina do Estatuto as entidades integrantes da administração indireta. É que a esta se refere o art. 37, caput, da CF, de modo que o inciso XXI, que estabelece a obrigatoriedade da licitação, terá que alcançar as pessoas descentralizadas – as autarquias, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as fundações públicas. Como a lei não deu distinção, consideram-se alcançadas tanto as sociedades de economia mista como as empresas públicas, seja prestando serviços ou explorando atividade econômica.
Por outro lado, em relação às empresas públicas e de economia mista que exercem atividades econômico-empresariais, é preciso se analisar o art. 173, §1º, da CF. Isso porque, no exercício das atividades econômico-empresariais, estão no exercício da atividade-fim da pessoa, o qual possui peculiaridades próprias de caráter econômico. Nesse caso, é forçoso reconhecer a inaplicabilidade do Estatuto por absoluta impossibilidade jurídica. Para as atividades-meio, contudo, deverá incidir normalmente a Lei nº 8.666/1993. Nesse mesmo artigo, há, ainda, a previsão da edição de uma lei que venha a regulamentar especificamente o regime de contratação dessas pessoas, derrogando a aplicabilidade da Lei 8.666/93 nesse caso. A nova lei deverá ter caráter genérico e suas normas gerais deverão ser da competência privativa da União, cabendo a Estados, Distrito Federal e Municípios a criação de normas suplementares para atender a suas peculiaridades. Ocorre que essa lei ainda não existe, mesmo que haja a exigência de que as empresas estatais que prestam atividades econômicas como atividade fim tenham uma regulamentação específica para as licitações estabelecidas.
Sobre esse tema, forçoso é discutir a questão da Petrobrás. A Lei 9.478/97, que discute a política energética nacional, em específico a atividade petroleira, em seu art. 67, prevê que “os contratos celebrados pela Petrobrás, para aquisição de bens e serviços, serão precedidos de procedimento licitatório simplificado, a ser definido em decreto do Presidente da República”. O Decreto 2.745/98, por sua vez, veio para regulamentar essa previsão, dispondo acerca de um regulamento chamado “Regulamento do Procedimento Licitatório Simplificado da Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRÁS”. Esse decreto nada mais veio do que para aprovar esse regulamento que especifica o procedimento de licitação no caso da Petrobrás, simplificando-o. O TCU entende pela inconstitucionalidade desse decreto por entender que essas disposições inovam o disposto na Lei 8666/93, indo além do que seria legalmente admissível. Sucede que decisão do TCU, contudo, não tem caráter vinculativo ou sancionador, nesses casos. Desse modo, ainda que tenha se determinado diversas vezes que a Petrobrás se adeque à Lei 8.666/93, ela entra com um Mandado de Segurança, conseguindo manter a regulamentação interna simplificada.
O Recurso Extraordinário nº 441.280/RS discute a constitucionalidade do art. 67 da Lei 9.478/97 e, por conseguinte, o Decreto 2.745/98, analisando a aplicação ou não da Lei 8.666/93 à Petrobrás. Submeter-se-ia a Lei 8.666/93 porque, na ausência da lei específica prevista pela Constituição Federal, este deveria ser o regramento adotado pelas empresas públicas. Atualmente, está pendente de julgamento. Como argumentos em favor da Petrobrás, tem-se a necessidade de desburocratizar e atender melhor aos consumidores, competitividade num setor dinâmico e o TCU não tem competência para decretar a inconstitucionalidade. Em favor do TCU tem-se que toda a administração deve licitar, a exigência é comando legal e crise ética por relativização do procedimento. Ademais, o ordenamento previu a edição de uma lei para tratar do processo licitatório e o problema é que uma lei delegou isso a um decreto.
O Estatuto faz menção, ainda, aos fundos especiais e às entidades controladas direta ou indiretamente pelas pessoas federativas. Como muitas dessas entidades ostentam personalidade de direito privado, o legislador flexibilizou os parâmetros alinhados na lei, permitindo que pudesse meditar regulamentos internos simplificados, desde que respeitados os princípios básicos estatuídos. Não os editando, porém, submetem-se inteiramente às regras do Estatuto.
Cabe, por fim, menção a um entendimento do STF, que concluiu que o regime adotado para as licitações realizadas em face de entidades paraestatais prestadoras de serviços de telecomunicações é o previsto na Lei nº 9.472, de 16.7.1997 (Lei Geral de Telecomunicações), não se lhes aplicando, em consequência, a Lei nº 8.666/1993.
De um modo geral, o art. 1º, p. ún., da Lei nº 8.666/93, prevê quem pode licitar. São eles: Órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias,as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estado, Distrito Federal e Municípios. Em resumo, podem licitar a Administração Publica indireta e direta e aquelas entidades que recebem recursos públicos e devem prestar contas ao Tribunal de Contas.
Os princípios da licitação
Como foi instituída por fundamentos próprios, a licitação é norteada por alguns princípios. Consideram-se básicos os princípios norteadores fundamentais do procedimento da licitação, expressos no art. 3º do Estatuto. São básicos os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo.
No campo das licitações, o princípio da legalidade impõe, principalmente, que o administrador observe as regras que a lei traçou para o procedimento. É a aplicação do devido processo legal, segundo o qual se exige que a Administração escolha a modalidade certa; que seja bem clara quanto aos critérios seletivos; que só deixe de realizar a licitação nos casos permitidos na lei; que verifique, com cuidado, os requisitos de habilitação dos candidatos, e, enfim, que se disponha a alcançar os objetivos colimados, seguindo os passos dos mandamentos legais.
Já princípio da moralidade exige que o administrador se paute por conceitos éticos, enquanto o da impessoalidade indica que a Administração deve dispensar o mesmo tratamento a todos os administrados que estejam na mesma situação jurídica.
Ao tratar da obrigatoriedade da licitação, a Constituição, de forma expressa, assegurou no art. 37, XXI, que o procedimento deve assegurar “igualdade de condições a todos os concorrentes”, refletindo o princípio da isonomia/igualdade. A igualdade na licitação significa que todos os interessados em contratar coma Administração devem competir em igualdade de condições, sem que a nenhum se ofereça vantagem não extensiva a outro. Corolário do princípio da igualdade é a vedação de se estabelecerem diferenças em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes, ou a proibição de tratamento diverso de natureza comercial, legal, trabalhista, previdenciária entre empresas brasileiras e estrangeiras (art. 3º, § 1º, I e II, do Estatuto).
Essa igualdade, no entanto, deve ser analisada sob duas vertentes: a determinação de serem tratados isonomicamente os licitantes, vedando-se discriminações, e assegurar a oportunidade de participação nas licitações em geral a quaisquer interessados que tenham condições de assegurar o futuro cumprimento do contrato. Não configura, por esta razão, violação à isonomia, o estabelecimento de requisitos mínimos de habilitação dos licitantes cuja finalidade seja garantir a adequada execução do contrato. A lei 12.349/2010 trouxe algumas diferenças de tratamento entre licitantes, visando, em linhas gerais, fortalecer empresas atuantes em áreas relacionadas à pesquisa científica e à criação de tecnologias nacionais.
O princípio da publicidade informa que a licitação deve ser amplamente divulgada, de modo a possibilitar o conhecimento de suas regras a um maior número possível de pessoas. Há de se pontuar que a publicidade não é necessariamente a publicação do instrumento convocatório, admitindo-se a possibilidade da ausência de publicação em determinados casos previstos em lei, como ocorre na modalidade convite. Não permite, por outro lado, a ausência de publicidade.
O princípio da probidade administrativa exige que o administrador atue com honestidade para com os licitantes,e sobretudo para com a própria Administração, e, evidentemente, concorra para que sua atividade esteja de fato voltada para o interesse administrativo, que é ode promover a seleção mais acertada possível.
O princípio da vinculação ao instrumento convocatório é garantia do administrador e dos administrados. Significa que as regras traçadas para o procedimento devem ser fielmente observadas por todos. Se a regra fixada não é respeitada, o procedimento se torna inválido e suscetível de correção na via administrativa ou judicial.
O princípio do julgamento objetivo é corolário do princípio da vinculação ao instrumento convocatório. Consiste em que os critérios e fatores seletivos previstos no edital devem ser adotados inafastavelmente para o julgamento, evitando-se, assim, qualquer surpresa para os participantes da competição. Nesse sentido, é incontrastável o art. 45 do Estatuto.
Há ainda o princípio da adjudicação obrigatória ao vencedor. Adjudicar significa atribuir o objeto do certame ao licitante vencedor. Tal princípio impede que a administração, concluindo o procedimento, atribua seu objeto a outrem que não o legítimo vencedor. Esse princípio também veda que se abra nova licitação enquanto válida a adjudicação anterior. Não se deve confundir a adjudicação com a celebração do contrato. A adjudicação é apenas um ato declaratório, podendo haver a adjudicação e não haver a celebração do contrato, em face de motivos como a anulação do procedimento. A Administração Pública deverá convocar regularmente o interessado para assinar o termo de contrato dentro do prazo e condições estabelecidos, podendo esse prazo ser prorrogado uma única vez. Caso o adjudicatário deixe de celebrar o contrato no prazo estabelecido, decairá o seu direito à contratação e ficará caracterizado o descumprimento total da obrigação assumida, sujeitando-o às penalidades. Nesse caso, a administração poderá convocar os licitantes remanescentes nas mesmas condições propostas pelo primeiro classificado. É facultado, à administração, alternativamente, revogar a licitação.
Dispensa de Licitação
Há algumas hipóteses que, pela sua particularidade, não se compatibilizam com o rito e a demora do processo licitatório. Essa ressalva ao princípio da obrigatoriedade é prevista na própria Constituição Federal, que a admite em seu art. 37, XXI. O legislador delineou tais hipóteses, em cumprimento ao dispositivo, no art. 24, do Estatuto. A dispensa se caracteriza pela circunstância de que, em tese, poderia o procedimento ser realizado, mas que, pela particularidade do caso, decidiu o legislador não torná-lo obrigatório. Essas hipóteses são excepcionais e o art. 24 é taxativo. 
Alguns autores costumam distinguir a licitação dispensável e a licitação dispensada. Aquela tem previsão no art. 24 do Estatuto e indica as hipóteses em que a licitação seria juridicamente viável, embora a lei dispense o administrador de realizá-la. A licitação dispensada, a seu turno, estampa as hipóteses em que o próprio Estatuto ordena que não se realize o procedimento licitatório; tais hipóteses estão previstas no art. 17, I e II, do Estatuto, e referem-se a alguns casos específicos de alienação de bens públicos.
Em observância ao princípio da motivação dos atos administrativos, levando-se em consideração o entendimento de Carvalho Filho, no que tange a obrigatoriedade de motivação apenas nos casos previstos em lei, exige o Estatuto que sejam expressamente justificados no processo os casos de dispensa de licitação previstos no art. 24, inciso III e ss, do Estatuto, devendo o administrador comunicar a situação de dispensa em três dias à autoridade superior, e a esta caberá ratificá-la e publicá-la na imprensa oficial em cinco dias; a publicação é condição de eficácia do ato. Superado esse ponto, passa-se à análise das hipóteses de dispensa.
- Critério de valor (art. 24, I e II, da Lei 8.666/93): Tratas-se de hipótese em que até determinados limites de valor poderia o administrador não licitar, distinguindo duas faixas, uma para obras e serviços de engenharia, mais elevada em razão do tipo de trabalho, e outra para serviços comuns e compras. Os valores que correspondem aos limites da dispensa de licitação são fixados no percentual de 10% sobre as importâncias limitadoras da modalidade de convite (arts. 23, I, “a”, e 23, II, “a”). Deveriam ser atualizados, conforme preceitua o art. 120, do Estatuto, mas nãoo foram.
Se as obras, serviços e compras forem contratados por sociedade de economia mista e empresa pública, bem como por autarquia ou fundação qualificadas por lei como agências executivas, ou, ainda, por consórcios públicos, o percentual será de 20% sobre a mesma base de cálculo. Estão excluídas da norma as demais autarquias, inclusive as qualificadas como agências reguladoras. A ampliação da faixa de dispensa passou a alcançar, da mesma forma, os consórcios públicos formados por entes da federação.
- Situações excepcionais: É dispensável a licitação em situações de flagrante excepcionalidade. Uma delas ocorre em casos de guerra ou grave perturbação da ordem (art. 24, III). Outro caso de dispensa é aquele em que ocorre a calamidade pública, situação, natural ou não, que destrói ou põe em risco a vida, a saúde ou os bens de certos agrupamentos sociais. Verificada tal situação fática, a licitação se torna dispensável, dada a necessidade de contratação rápida de obras, serviços e compras. A lei previu, também, a dispensa nos casos de emergência. Em ambos os casos, as situações devem caracterizar-se pela urgência no atendimento. Os contratos, nessas hipóteses, não podem ser prorrogados e somente podem abranger os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e, assim mesmo, devendo concluir-se as obras e serviços no prazo máximo de 180 dias. Ainda que esse prazo não seja prorrogável, o TCU tem admitido a sua flexibilização quando inviável a sua observância sem culpa da Administração. Outra hipótese é quando há risco de comprometimento da segurança nacional, caso em que se trata de segurança para a própria soberania do país.
- Gêneros perecíveis e obras de arte: É dispensável a licitação na aquisição de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis. Isso porque a compra desses produtos, que visam basicamente à alimentação fornecida pela entidade licitante, não pode ficar aguardando o curso do procedimento licitatório. Então, enquanto se realiza o certame, a compra pode ser feita diretamente, com base no preço do dia. Mas a dispensa não é permanente; somente é admissível no tempo necessário para que seja realizada a licitação (art. 24, XII).
Se a Administração quiser adquirir ou restaurar obras de arte e objetos históricos, dispensável será a licitação (art. 24, XV). A obra de arte pode ser mais ou menos reconhecida, dependendo da opinião pública e da crítica especializada. Há de resultar do talento pessoal do seu autor. A lei, porém, estabelece duas condições: a primeira reside em que a obra ou o objeto devem ter autenticidade certificada; a segunda, em que os bens a serem adquiridos ou restaurados sejam compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade, o que é o caso de museus, bibliotecas, escolas, não podendo servir para ardonar, por exemplo, gabinetes de autoridades públicas.
- Desinteresse na contratação: É dispensável a licitação quando não acudirem interessados à licitação anterior e a repetição do procedimento redundar em prejuízo para a Administração, mantidas as condições preestabelecidas. Isso porque a repetição da licitação dificilmente deixa de causar prejuízo à Administração, já que acarreta demora na contratação e alteração de preço de bens e serviços. Para Carvalho Filho, o desinteresse decorre tanto da licitação deserta como da licitação frustrada. A primeira consiste em quando nenhum particular assume a postura de desejar a contratação, sequer atendendo à convocação. A segunda ocorre quando os que se tenham apresentado forem provadamente inidôneos. Para haver dispensa, cumpre se mantenham as condições básicas preestabelecidas, que são as fixadas anteriormente no instrumento convocatório. Esse dispositivo, no entanto, deve ser interpretado admitindo a possibilidade de que haja visível alteração no cenário econômico, como ocorre em caso de elevação inflacionária. Desse modo, não pode haver a revogação do certame, o que só aconteceria se a Administração não mais tivesse interesse na contratação.
- Entidades sem fins lucrativos: Pode a Administração dispensar a licitação quando quiser contratar instituição brasileira que tenha o objetivo estatutário de pesquisa, ensino ou desenvolvimento institucional, ou que exerça atividade de recuperação social do preso (art. 24, XIII). Deve ser observado, no entanto, que a instituição não tenha fins lucrativos e que seja detentora de indubitável reputação ético-profissional. Cabe à Administração verificar a presença do vínculo de pertinência (esta, não absoluta, mas ao menos relativa) entre os objetivos da instituição e o objeto do contrato.
- Organizações Sociais: Em 1998, houve a inclusão de nova hipótese de dispensa de licitação: a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais para atividades contempladas no contrato de gestão (art. 24, XXIV). Essas organizações sociais não têm caráter econômico; ao contrário, dedicam-se a atividades de cunho social, como ensino, cultura, saúde, pesquisa científica, desenvolvimento científico e proteção ao meio ambiente. Celebram com o Estado ajuste específico denominado de contrato de gestão, o qual mais se assemelha a um convênio do que a um contrato propriamente dito. Em virtude dessa natureza real é que o Estatuto afastou o regime de competição próprio das licitações e incluiu as contratações como mais uma hipótese de dispensa. A dispensa de licitação teve por foco a modalidade do contrato visando ao cumprimento de atividades contempladas no contrato de gestão e não ao próprio contrato de gestão. Quanto ao contrato de gestão em si, a dispensa de licitação decorre do fato de que se cuida de ajuste de caráter social e porque retrata regime de parceria, incompatível com o processo de licitação. Assim, a Administração é livre para escolher a organização social coma qual celebrará o contrato. É assim a opinião de Carvalho Filho, em contraponto a de Marçal Justen Filho. Essa discussão possui bastante divergência na doutrina.
Ainda em relação a essa dispensa, uma discussão é trazida em face das OSCIP’s, também instituídas pela Lei nº 9.790/99. Conquanto o Estatuto não as tenha mencionado, incide a norma em foco sobre eventuais contratos– denominados na lei de termos de parceria – celebrados entre o ente federativo e as pessoas que tenham recebido a referida qualificação: será direta a contratação dos serviços decorrentes do ajuste principal, sendo, pois, dispensada a licitação. No entanto, a dispensa de licitação alcança apenas os contratos de prestação de serviços firmados entre a organização social e o ente público ao qual se vinculou, não alcançando, portanto, contratos firmados com esferas diversas de governo.
- Disparidade de propostas: Consiste em situações em que candidatos à contratação, não raras vezes em conluio, fixam preços incompatíveis com as condições de mercado, isto é, manifestamente superiores aos praticados no mercado, ou aqueles que, por serem por demais irrisórios, tornam inexequível o cumprimento do contrato. Há, ainda, a possibilidade de que os preços sejam incompatíveis com os fixados pelos órgãos estatais em registros próprios. Ocorre que poucos órgãos administrativos possuem tais registros de preços, embora previstos no Estatuto, sendo necessário se realizar pesquisa de mercado. Se todas as propostas tiverem essa impropriedade e forem, por isso, desclassificadas,pode a Administração tentar superar o vício, dando aos licitantes o prazo de oito dias úteis para a apresentação de propostas compatíveis (art. 48, § 3º, Estatuto).
- Intervenção no domínio econômico: A União pode atuar como agente regulador da atividade econômica, permissão contida no art.174 da Constituição, cabendo-lhe, inclusive, reprimir o abuso do poder econômico (art. 173, § 4º, CF). Enquanto estiver intervindo no domínio econômico com vistas à regularização dos preços ou à normalização do abastecimento, os órgãos federais podem contratar diretamente, porque a licitação seria incompatível com a peculiaridade de que se reveste a situação.Carvalho Filho entende que essa hipótese de dispensa é exclusiva da União, eis que é sua a competência de intervenção no domínio econômico.
- Complementação do objeto: Quando a Administração Pública rescinde um contrato anterior no qual o objeto não foi concluído, ela pode, excepcionalmente, dispensar a licitação quando houver necessidade de complementar obra, serviço ou fornecimento anterior (art. 24, XI). A contratação, entretanto, tem que obedecer a certas condições. Exige-se que a Administração observe a ordem de classificação dos participantes do certame licitatório e, ainda, que o convocado aceite as mesmas condições do contrato anterior. Se esta última condição se verificar inviável, terá que promover nova licitação.
- Pessoas Administrativas: O Estatuto torna dispensável a licitação em situações obrigacionais firmadas entre pessoas ligadas à própria Administração. Desse modo, pode ser feita contratação direta quando pessoa jurídica de direito público interno pretende adquirir bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública, criados para esse fim específico (art. 24, VIII). Exige-se, mesmo assim, a verificação do preço do contrato; só será válido o ajuste se o preço for compatível com as condições regulares de mercado. Essa hipótese de dispensa vem trazendo algumas divergências doutrinárias.
Para Carvalho Filho, essa dispensa só alcança a hipótese em que a pessoa administrativa é da mesma órbita federativa do ente de direito público, mas nãose aplica a pessoas de esferas diversas. Por outro lado, a norma não alcança pessoas da administração indireta dedicada à exploração de atividades econômicas, pois essas devem atuar no mercado nas mesmas condições que as empresas do setor privado, observando-se, assim, o art. 37, XXI, da CF. (Rever pgs. 265/266)
- Locação e compra de imóvel: Quando a Administração Pública pretende adquirir ou alugar imóvel destinado ao atendimento de suas finalidades precípuas, pode dispensar a licitação e contratar diretamente com o vendedor ou locador (art. 24, X). Exige o Estatuto que o imóvel a ser adquirido ou alugado seja realmente indispensável à Administração, em razão das necessidades de instalação e localização. Além disso, deve a Administração providenciar a avaliação prévia do imóvel, pois que não será legítimo o ajuste se o preço da compra ou do aluguel for incompatível com as condições normais de mercado. O art. 26, impõe, ainda, a necessidade de motivação da escolha. Discute-se a aplicação dessa hipótese de dispensa no caso de a compra ou locação visar atendimento a terceiro (moradia funcional, por exemplo). Carvalho Filho entende que a lei não faz nenhuma distinção a respeito.
- Negócios internacionais: Há acordos internacionais que possibilitam condições vantajosas para a aquisição de bens e serviços. Todavia, é necessário que o acordo internacional seja aprovado pelo Congresso Nacional e, ainda, que as condições sejam manifestamente vantajosas para o Poder Público.
- Pesquisa científica e tecnológica: Dispõe o art. 24, XXI, do Estatuto, que é dispensável a licitação no caso de aquisição de bens e insumos destinados a pesquisa científica e tecnológica com recursos concedidos pela CAPES, FINEP, CNPq e outras entidades de fomento à pesquisa credenciadas pelo CNPq. Há, no entanto, a exigência de que o processo administrativo seja instruído com o documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos quais se vincularão os recursos financeiros fornecidos (art. 26, parágrafo único, IV).
- Energia elétrica: a licitação é dispensável, também, no caso de contratação do fornecimento ou suprimento de energia elétrica com concessionário, permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica. A legislação sobre energia elétrica é dispersa e abundante. Desse modo, referem-se à matéria as Leis nos 8.987/1995e 9.074/1995 (concessões); 9.427/1996 (ANEEL), e a própria Lei nº 9.648/1998.
O atual sistema previu regime de competição entre os prestadores de tais serviços, cabendo ao cliente a busca do melhor preço, inclusive à Administração. Desse modo, ao administrador caberá sempre optar pelo melhor prestador do serviço, quer considerando a qualidade da prestação (princípio da eficiência), quer levando em conta o preço cobrado (princípio da economicidade). Assim, o administrador não está inteiramente livre para a contratação; ao contrário, deverá sempre justificá-la a fim de que seja avaliada sua conduta e condenado eventual arbítrio. Em caso de no local houver apenas um concessionário de energia, a situação é típica de exclusividade e, pois, de inexigibilidade, nos termos do art. 25, caput, do Estatuto.
- Transferência de tecnologia: é dispensável a licitação nos casos de contratação firmada por instituição científica e tecnológica – ICT (entidade administrativa que visa à execução de pesquisa básica ou aplicada, de caráter científico ou tecnológico) ou por agência de fomento (entidade pública ou privada que objetive o financiamento de ações para desenvolvimento da ciência e tecnologia), quando o objeto do ajuste for a transferência de tecnologia ou o licenciamento de direito de uso ou de exploração de criação protegida. Nessa hipótese, não há interesse econômico direto na contratação.
- Consórcios públicos e convênios de cooperação: Com a lei 11.107/2005, passou-se a ser dispensável a licitação no caso de ser celebrado contrato de programa entre o consórcio público e entidade da administração direta ou indireta, visando à prestação de serviços públicos de forma associada, na forma prevista no instrumento do consórcio público ou em convênio de cooperação. O contrato de programa é aquele em que um ente federativo projeta e regula as obrigações que assume perante outra pessoa da federação ou consórcio público, alvitrando a gestão associada de serviços públicos. Isso porque, em virtude da natureza dessa contratação, não há competitividade a ser preservada.
- Navios, embarcações, aeronaves e tropas: Consiste na hipótese de necessidade de abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento, quando houver estada eventual de curto período em portos, aeroportos ou locais diversos de sua sede. Nesse caso, o serviço público se sobrepõe à competitividade, em face da celeridade necessária. Há, no entanto, alguns requisitos: o valor contratual não pode exceder R$80.000,00, que é o limite fixado no art. 23, II, “a”, do Estatuto; o deslocamento deverá decorrer de operação ou adestramento; e demonstração de que o curto período de permanência demanda realmente a contratação direta.
- Peças no período de garantia técnica: quando a Administração adquirir, do fornecedor original, componentes ou peças, nacionais ou estrangeiros, para a manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica, é dispensável a licitação. Para a licitude da dispensa, a condição de exclusividade deve ser indispensável à contratação da garantia. O que está em foco no dispositivo é a compra de peças para o equipamento no período de garantia técnica (e não a compra do equipamento). Em outras palavras, quando o equipamento foi adquirido (para o qual servirão as peças e componentes), é necessário que tenha se feito a previsão, quando da aquisição, de que a assistência no referido período se faria exclusivamente pela aquisição de peças junto ao fornecedor. Não é uma situação, todavia, que deve ser amplamente colocada como requisito no contrato de aquisição. Para ser aceitável tal condição, devem ser detalhadamente esclarecidos os motivos que inspiraram sua imposição. Alguns entendem que é hipótese de inexigibilidade. Carvalho Filho entende ser hipótese de dispensa.
- Materiais de uso militar: O art. 24, XIX, do Estatuto, prevê a hipótese de dispensa de licitação na compra de materiais de uso pelas Forças Armadas no caso de ser necessário manter padronização exigida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres. A padronização deve resultar de parecer de comissão instituídapor decreto. Alguns entendem que é hipótese de inexigibilidade, como Marçal Justen Filho. Carvalho Filho entende ser hipótese de dispensa.
Além disso, dispõe o art. 24, XXIX, do Estatuto, que contingentes militares das Forças Singulares brasileiras a serviço de operações de paz no exterior podem adquirir bens e serviços por contratação direta e, pois, com dispensa de licitação. Os fatores preço e escolha do fornecedor ou prestador devem ser devidamente justificados, com ratificação do Comandante do contingente.
- Catadores de materiais recicláveis: o Poder Público pode contratar diretamente associações ou cooperativas constituídas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda, reconhecidas estas oficialmente como catadores de materiais recicláveis (art. 24, XXVII, do Estatuto). O contrato é celebrado com a associação ou com a cooperativa e é uma hipótese em que a Administração Pública não tem interesse econômico, mas, sim, social. É necessário, todavia, que se edite ato de regulamentação para o fim de estabelecer quais as condições para que tais pessoas tenham a qualificação legal de catadores.
 - Agricultura Familiar e Reforma Agrária: O art. 24, XXX, do Estatuto, prevê a dispensa no caso de contrato com instituição ou organização, pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária (PRONATER). Carvalho Filho critica a possibilidade de dispensa no caso de organização privada, pois esta deveria estar submetida ao regime privado e à competitividade.
- Produtos estratégicos para o SUS: Essa hipótese de dispensa figura no inciso XXXII do art. 24 do Estatuto e foi incluída pela Lei nº 12.715, de 17.9.2012. A dispensa alcança, ainda, as contratações para a aquisição desses produtos durante as etapas de absorção tecnológica. Os produtos estratégicos deverão estar relacionados em ato administrativo oriundo da direção nacional do SUS. O ato de dispensa, então, caracterizar-se-á como ato vinculado, exigindo a referência expressa do produto no ato anterior da direção nacional.
- Programas de cisternas e acesso à água: está expresso no inciso XXXIII do art. 24, inserido pela Lei nº 12.873, de 24.10.2013. A dispensa, em tal situação, visa beneficiar as famílias de baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de água. Pode, assim, haver contratação direta de pessoas privadas, sem fins lucrativos, para a implementação de cisternas ou outras tecnologias sociais de acesso à água, para consumo humano e produção de alimentos.
Inexigibilidade de licitação
Ao contrário da dispensa, nos casos de inexigibilidade de licitação há a inviabilidade da própria competição. Diz assim o art. 25 do Estatuto: “É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição”. O rol trazido nesse artigo, também ao contrário do que ocorre na dispensa, é meramente exemplificativo. Não estão excluídas, assim, outras situações que se enquadram no conceito básico de inexigibilidade. Configurada a hipótese, deve ser justificada e comunicada em três dias à autoridade superior, a esta cabendo ratificar e publicar a justificativa no prazo de cinco dias, a fim de que o ato tenha eficácia.
Pode ocorrer, também, que ainda que o caso seja de inexigibilidade, o valor do contrato esteja fixado na faixa de dispensa de licitação (art. 24, I e II, do Estatuto). Haveria, em tese, possibilidades concomitantes. Alguns alegam que a preferência é da dispensa, em face de não ser exigida publicação, colaborando com a economicidade. Para Carvalho Filho, no entanto, o primeiro aspecto a ser examinado é se a licitação é viável ou não; se não o for, o caso é logo de inexigibilidade. Só depois de constatada a viabilidade é que o administrador verifica se a situação se enquadra em algum caso de dispensa.
São as seguintes as hipóteses de inexigibilidade:
- Fornecedor exclusivo: A licitação é inexigível para a aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, sendo, porém, vedada a preferência de marca (art. 25, I, Estatuto). A exclusividade pode ser absoluta ou relativa. A absoluta ocorre quando só há um produtor ou representante comercial no país, enquanto a relativa ocorre quando a exclusividade se dá apenas na praça em relação à qual vai haver a aquisição do bem. Nessa última, havendo fora da praça outros fornecedores, poderá a Administração Pública realizar licitação. No caso da exclusividade absoluta, a inexigibilidade é a única opção. Essa exclusividade precisa ser comprovada, o que se dá através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação, a obra ou o serviço; pelo sindicato, federação ou confederação patronal; ou, ainda, por entidades equivalentes.
O dispositivo é peremptório ao vedar preferência de marca, o que pode ser relativizado pelo princípio da necessidade administrativa, o qual se configura pela continuidade da utilização de marca já adotada no órgão; para a utilização de nova marca mais conveniente; e para o fim de padronização de marca no serviço público, todas evidentemente justificadas pela necessidade da Administração.
- Atividades artísticas: A segunda hipótese é a contratação de profissionais do setor artístico, quando consagrados pela crítica especializada ou pela opinião pública (art. 25, III). Sendo a arte é personalíssima, não se pode sujeitar a fatores objetivos de avaliação. A Administração, na hipótese, pode firmar diretamente o contrato. A lei ressalva, todavia, que deva o artista ser consagrado pela crítica ou pela opinião pública.
- Serviços técnicos especializados: Outra situação específica é a necessidade de contratar serviços técnicos especializados, de natureza singular, executados por profissionais de notória especialização (art. 25, II, do Estatuto). Há a exigência	 de que sejam serviços técnicos e especializados. O serviço é técnico quando sua execução depende de habilitação específica. Nesse sentido, a lei faz remissão ao art. 13, onde estão mencionados vários desses serviços. A notória especialização, por sua vez, significa que o profissional deve desfrutar de prestígio e reconhecimento no campo de sua atividade.
É preciso que a Administração conclua que o trabalho a ser executado por esse profissional seja essencial e o mais adequado à plena consecução do objeto do contrato. Para Carvalho Filho, a lei não impõe restrições no sentido de ser necessário que só haja uma única pessoa para a contratação direta. Pode, assim, haver mais de um e a Administração escolher o que julgar mais adequado.
Outro requisito é que os serviços tenham natureza singular, ou seja, os executados segundo características próprias do executor. Julgando a contratação direta de advogados, o STF entendeu necessários os seguintes requisitos: procedimento administrativo prévio; notória especialização do profissional; singularidade do serviço; inadequação do serviço pelos integrantes da entidade pública; (e) preço compatível com o mercado.
Modalidades de licitação
São cinco as modalidades de licitação expressas na Lei 8.666/93. Nenhuma outra, além delas, pode ser criada pela a Administração Pública, nem sofrer combinações entre si. Ressalva-se, apenas, a modalidade do pregão, que será posteriormente analisada, por ser regulada por lei especial, a Lei nº 10.520/2002.
A concorrência é uma modalidade de licitação adequada a contratações de valores expressivos. Assim, a lei estabelece determinadas faixas, as quais, sendo ultrapassadas, exigem a realização de licitação por meio da concorrência. A primeira faixa se refere a obras e serviços de engenharia, enquanto a segunda faixa consiste em compras e serviços (art. 23, I, “c”, e II, “c”). Se contratante for um consórcio público, as faixas de valor serão alteradas: o dobro, em se tratando de consórcio formado por até três entidades federativas, e o triplo,no caso de número superior de pactuantes (art. 23, § 8º). Por se tratar de valores mais elevados, há mais rigor em seu procedimento, além de ampla divulgação. Por isso, dela podem participar quaisquer interessados que demonstrem possuir os requisitos mínimos de qualificação fixados no edital (art. 22, I e § 1º, do Estatuto).
No entanto, a lei exige a concorrência em algumas situações em que não se considera o valor, mas a natureza do contrato a ser celebrado, tais como alienação de bens imóveis, quando o certame tem cunho internacional, e quando se pretende celebrar contrato de concessão de direito real de uso. A Lei nº 11.284, de 2.3.2006, que dispõe sobre a gestão de florestas públicas, também exigiu a modalidade de concorrência para a contratação de concessões florestais (art. 13, § 1º).
A concorrência pode ser nacional ou internacional. A primeira é a realizada para as empresas nacionais dentro do território do país. A internacional é aquela da qual podem participar empresas estrangeiras. Além disso, como características marcantes da concorrência tem-se o formalismo mais acentuado, razão por que é sempre exigível uma fase inicial de habilitação preliminar, aferindo-se as condições de cada participante; bem como a publicidade mais ampla, o que se traduz na necessidade de participação de todos quantos estiverem interessados na contratação.
A tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados previamente cadastrados nos registros dos órgãos públicos e pessoas administrativas, ou que atendam a todas as exigências para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas (art. 22, §2º). Em virtude de não se destinar aos contratos de valores mais extremos como a concorrência, a tomada de preços possui menos formalismo, tendo suas faixas estabelecidas em lei (art. 23, I, “b”, e II, “b”). Do mesmo modo que ocorre com a concorrência, as referidas faixas são consideradas em dobro, no caso de consórcios públicos com até três participantes, e em triplo, se esse número for mais elevado. Por outro lado, é menos amplo o círculo de divulgação do certame.
Como o próprio nome diz, os participantes básicos da tomada de preços são aqueles os quais estão previamente cadastrados nas repartições públicas. Desse modo, os interessados na contratação com o Poder Público já apresentam os elementos da habilitação no momento do registro, não precisando reapresentá-los no momento da convocação por edital. Dito isso, ao contrário do que ocorre na concorrência, na tomada de preços a habilitação se configura enquanto uma fase autônoma que ocorre antes mesmo do edital junto às repartições públicas. Na lei anterior, somente os já cadastrados participavam da tomada de preços. A lei vigente ampliou o universo de participantes.
Uma característica da tomada de preços é o fator substituição, isto é, ainda que o vulto do futuro contrato comporte a tomada de preços, pode o Administrador Público realizar a concorrência, ainda que a recíproca não seja verdadeira. É usualmente utilizada a frase “quem pode mais, pode menos”, porque sendo a concorrência uma modalidade mais formal, pode ser escolhida, ainda que o valor enseje uma modalidade menos formal.
O convite é a modalidade de licitação que comporta menos formalismo, em face de se destinar a contratações de menor vulto. Nessa modalidade, não há edital, sendo o instrumento convocatório denominado “carta-convite” e é neste que estão as regras da licitação. As cartas-convite são remetidas, no mínimo, a três interessados no ramo a que pertence o objeto do contrato, os quais são livremente escolhidos pelo administrador, entre empresas cadastradas ou não. Na lei anterior, apenas os convidados tinham direito de participar do convite. A lei vigente ampliou o grupo de destinatários, admitindo a participação de interessados não convidados diretamente, mas cadastrados junto aos órgãos administrativos. Nessa hipótese, os interessados ficam sabendo da licitação em face da exigência de que seja fixada cópia do instrumento convocatório em local adequado. O prazo entre a expedição e o recebimento de propostas ou a realização do evento é de 5 dias.
Em caso de a Administração Pública não conseguir o número mínimo de três, em razão de desinteresse dos convidados ou de limitação de mercado, a lei considera válido realizar o confronto entre apenas duas propostas, ou, se uma só for apresentada, celebrar diretamente o contrato. Para tanto, deverá o órgão administrativo justificar minuciosamente o fato e aquelas circunstâncias especiais; se não o fizer, o convite terá que ser repetido (art. 22, § 7º). Há jurisprudência no STJ, no entanto, no sentido de permitir à Administração Pública anular o convite por insuficiência de participantes quando apenas dois interessados se apresentam. Mas a doutrina não converge a respeito. Além disso, os interessados que se apresentaram legitimamente têm direito subjetivo à participação e à consequente apreciação de suas propostas, não se podendo atribuir-lhes culpa pelo desinteresse de outros convidados. 
Por fim, quando existirem na praça mais de três interessados, não podem ser sempre os mesmos, e apenas eles, os convidados. Dessa maneira, realizando-se novo convite para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o chamamento de, no mínimo, mais um interessado, enquanto houver cadastrados não convidados nas últimas licitações (art.22, § 6º). A obrigação da Administração é a de convidar outro interessado, cadastrado ou não, que tenha aptidão para executar o objeto do contrato.
Outra modalidade prevista é a do concurso. Essa modalidade de licitação visa à escolha de trabalho técnico, artístico ou científico. É uma aferição, assim, de caráter eminentemente intelectual. Quando faz um concurso, a Administração não pretende contratar com ninguém, ao menos em princípio. Quer apenas selecionar um projeto de cunho intelectual e a seu autor conceder um prêmio ou determinada remuneração. Com o cumprimento desse ônus pela Administração, a licitação fica encerrada. Como se trata de seleção de projeto intelectual, cumpre que a comissão que dirige a licitação seja bastante criteriosa e apta intelectualmente, uma vez que não é difícil perceber que, em face do inevitável subjetivismo seletivo, pode ser facilitado eventual desvio de finalidade. Ainda que se trate de um julgamento relativo, não pode ser arbitrário.
Por fim, há o leilão. É uma modalidade de licitação que pode ter três objetivos, quais sejam vender bens móveis inservíveis; vender produtos legalmente apreendidos ou penhorados; e alienar bens imóveis adquiridos em procedimento judicial ou através de dação em pagamento, como o permite o art. 19 do Estatuto. O tipo de licitação vai ser o “maior lance”, devendo este ser igual ou superior à avaliação (art. 22, § 5º). No leilão, o princípio da publicidade deve ser rigorosamente observado, além do princípio da preservação patrimonial dos bens públicos, que faz com que os bens devam ser devidamente avaliados antes do processo. O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial ou a servidor designado pela Administração.
O procedimento licitatório
A licitação é um procedimento administrativo o qual possui suas formalidades. Desse modo, o procedimento se inicia com a instauração do processo administrativo, que deverá ser autuado, protolocado e numerado. Nesse processo, deverá conter a autorização para o certame, a descrição do objeto, bem como a demonstração de que há recursos financeiros, previstos na lei orçamentária, para a execução do objeto do contrato. Não é necessário, assim, que haja disponibilidade financeira integral imediata. Além disso, outros dados devem estar acostados aos autos, estando previstos na lista do art. 38 do Estatuto. 
Quem vai dirigir esse processo é a comissão de licitação, que deverá processá-lo e julgá-lo, e é composta por, no mínimo, três membros, sendo pelo menos dois deles servidores públicos qualificados. Todos são solidariamente responsáveis pelos atos da comissão, salvo se algum deles manifestar sua posiçãodivergente e formalizá-la na respectiva ata da reunião. Esses membros, no entanto, não podem ter a sua investidura excedendo um ano, sendo vedada a recondução da totalidade de seus membros para o período subsequente. Outro ponto é que, no caso de convite, pelo menor rigor formal, pode a comissão ser substituída por um servidor. Na hipótese de concurso, o julgamento estará a cargo de pessoas de reputação ilibada e indubitável conhecimento da matéria em pauta, nãose exigindo, por exceção, que sejam servidores públicos. 
O edital é o ato pelo qual a Administração divulga as regras a serem aplicadas em determinado procedimento de licitação. Em poucas palavras, o edital nada mais é do que uma “lei” firmada entre as partes que contrataram. Isso porque o edital traduz uma verdadeira lei porque subordina administradores e administrados às regras que estabelece. É uma das espécies de instrumento convocatório. Não é utilizado na modalidade de convite, porque nesta o instrumento é a carta-convite. A Administração Pública, desse modo, está vinculada aos termos das normas e condições do edital. Em caso de modificação, que deve ter natureza excepcional, a Administração Pública deve divulgar a modificação pela mesma forma em que se deu o texto original, além de reabrir o prazo estabelecido no início, salvo quando a alteração não afetar a formulação da proposta.
No caso de o edital conter alguma irregularidade, pode ser impugnado. A primeira hipótese é de impugnação por qualquer cidadão, o qual pode impugná-lo protocolando o pedido até cinco dias antes da data designada para a abertura dos envelopes de habilitação. Oferecida a impugnação, cabe à Administração decidi-la no prazo de três dias (art. 41, § 1º). Tal faculdade decorre do direito de petição, inscrito no art. 5º, XXXIV, “a”, da CF. A segunda hipótese se dá em face de que a lei assegurou também ao licitante a faculdade de impugnação aos termos do edital, que pode impugnar até o segundo dia útil que anteceder a abertura dos envelopes de habilitação (na concorrência), dos envelopes com as propostas (no convite, tomada de preços ou concurso) ou da realização do leilão (art. 41, § 2º). Se não o fizer nesse prazo, decai o seu direito.
A própria Administração Pública, em decorrência do princípio da autotutela, pode corrigir, de ofício, a irregularidade contida no edital, ainda que tenha decaído o direito à impugnação por parte dos licitantes. Isso porque a Administração Pública está regida, também, pelo princípio da legalidade. Decretada a ilegalidade do edital, a decisão opera ex tunc, isto é, elide os efeitos já produzidos no certame desde a ocorrência do vício. Além das hipóteses mencionadas, pode, ainda, o Tribunal de Contas sustar um contrato em decorrência de uma ilegalidade. Isso, todavia, não pode ser feito como um controle prévio, pois seria uma ingerência. É necessário, assim, que o contrato seja firmado, e que esse controle pelo Tribunal de Contas seja posterior.
A habilitação é a fase do procedimento em que a Administração verifica a aptidão do candidato para a futura contratação. Desse modo, a inabilitação acarreta a exclusão do licitante da fase do julgamento das propostas. As exigências para essa fase da habilitação devem ser pertinentes à consecução do contrato. Diante disso, “somente se permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações” (art. 37, XXI, CF). São cinco os aspectos a serem observados: habilitação jurídica; qualificação técnica; qualificação econômica-financeira; fiscal e trabalhista; e não existência de trabalho infantil (art. 7º, XXXIII, CF).
Na habilitação jurídica, tem-se a análise da regularidade formal do candidato, além da possibilidade jurídica de participar do certame. Nesse sentido, foi vedada a participação de cooperativas de mão de obra por caracterizar-se a hipótese como recrutamento de pessoal dissimulado e ilegal. Já a capacidade técnica diz respeito aptidão profissional e operacional do licitante para a execução do que vier a ser contratado, e pode ser genérica, específica e operativa. A primeira diz respeito à inscrição no órgão de classe, a segunda diz respeito à comprovação de que o candidato já prestou serviço idêntico a terceiros (o que é feito por meio de atestados) e a terceira diz respeito à comprovação da estrutura da empresa, que deve ser compatível com o vulto e a complexidade do objeto contrato. Observe-se que a lei exige a prova da capacidade técnica operativa da pessoa jurídica participante, e não dos profissionais que compõem seu quadro, como dispõe o art. 30, § 1º, I, do Estatuto. Por isso, os atestados devem ser expedidos em seu nome, o que não quer dizer que não se pode fazer exigências em relação a possíveis subempreiteiras, se for o caso.
A qualificação econômico-financeira é o conjunto de dados que fazem presumir que o licitante tem “capacidade para satisfazer os encargos econômicos decorrentes do contrato”. Com isso se quer dizer a exigência do balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social; certidão negativa de falências e concordatas; e garantia de, no máximo, 1% do valor estimado para contrato. Pode, ainda, exigir um capital mínimo, ou de patrimônio líquido mínimo. Não pode, no entanto, excederem a 10% do valor estimado para o contrato (art. 31, §§ 2º e 3º), devendo esses valores serem os correspondentes aos existentes na data da apresentação das propostas.
Tem-se, ainda, a regularidade fiscal e trabalhista, que nada mais é do que a prova de que o participante está quite com suas obrigações fiscais federais, estaduais e municipais. A doutrina diverge um pouco nesse ponto. Di Pietro, por exemplo, entende que o art. 37, XXI, da CF, teria suprimido essa exigência. Já Bandeira de Mello entende que a inabilitação só deve ocorrer quando os débitos fiscais puserem em risco a garantia do cumprimento das futuras obrigações. Deve, desse modo, provar sua inscrição nos cadastros fazendários cabíveis e provar, ainda, a regularidade relativa à seguridade social, ao fundo de garantia e às obrigações trabalhistas (art. 29, I a IV). Em relação à Previdência Social, os encargos resultantes da execução do contrato são de responsabilidade solidária da Administração Pública. Por esse motivo, esta durante todo o curso do contrato deve verificar se estão sendo recolhidas as contribuições previdenciárias.
Outro requisito a ser cumprido pelo licitante reside na comprovação de inexistência de débitos não solvidos perante a Justiça do Trabalho. Para tanto, deve apresentar a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT), expedida pelo mesmo ramo do Judiciário. É válido também apresentar Certidão Positiva de Débitos Trabalhistas, quando o débito estiver garantido por penhora suficiente ou com exigibilidade suspensa, caso em que terá os mesmos efeitos da primeira.
Por fim, tem-se a não existência de trabalho infantil, por força do que prevê o art. 7º, XXXIII, da CF, segundo o qual “é proibido o trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de 18 anos e de qualquer trabalho aos menores de 16, ressalvando-se apenas a condição do menor aprendiz, a partir de 14 anos”.
O procedimento seletivo
A abertura dos envelopes para habilitação e das propostas deve ocorrer em ato público, com data previamente fixada, em respeito ao princípio da publicidade. Antes de examinar as propostas oferecidas, no entanto, cabe à Comissão analisar os documentos necessários à habilitação dos candidatos. Por esse motivo, os candidatos devem fornecer dois envelopes, um contendo os documentos necessários à habilitação, e outro, com as propostas. Examinando-se o primeiro envelope, separam-se os candidatos que atenderam aos requisitos de habilitação. Estes são os habilitados. Formam outro grupo os que não conseguiram apresentar a documentação necessária à habilitação: são os inabilitados. A estes a Comissão devolve, fechados, os envelopes das propostas, e isso porque ficam alijados da competição (art. 43, I e II, do Estatuto). A sessão só poderáprosseguir se os candidatos inabilitados desistirem expressamente de recorrer. Do contrário, a sessão deverá esperar o julgamento dos recursos, ou depois de transcorrido in albis o prazo recursal.
Depois da habilitação, não pode mais o candidato desistir da proposta, salvo a ocorrência de um fato superveniente que a Administração Pública considere um motivo justo para tal. Além disso, não mais pode haver desclassificação calcada em motivo relativo à habilitação, a não ser que os fatos tenham ocorrido supervenientemente ou só tenham sido conhecidos após o julgamento (art. 43, §§ 5º e 6º).
Passada essa fase do julgamento da habilitação, tem-se o julgamento das propostas, na qual a Administração procede efetivamente à seleção daquela proposta que se afigura mais vantajosa para o futuro contrato. De início, dois são os aspectos analisados: a razoabilidade dos preços e a compatibilidade das propostas com as exigências do edital. Após essa verificação, agrupam-se, de um lado, os classificados, e, de outro, os desclassificados.
No julgamento, a Administração Pública deve levar em consideração apenas os fatores referidos no instrumento convocatório, como a qualidade, o rendimento, o preço, o prazo, entre outros. Esses são os fatores, o que não significa dizer o mesmo de critérios. Estes traduzem a conjugação dos fatores computados pela comissão para chegar à proposta mais vantajosa. Este critério, por sua vez, deve estar previamente fixado no edital. Além dos fatores e dos critérios de julgamento, são apontados no Estatuto os tipos de licitação: “a de menor preço, a de melhor técnica, a de técnica e preço e a de maior lanceou oferta”. Nesse ponto, cabe uma referência ao tipo de licitação “melhor técnica”, no qual há duas etapas uma, em que os candidatos se submetem a uma valorização de suas propostas; se a proposta não alcançar essa valorização mínima, está fora do certame. A outra é a fase da negociação: o candidato que ofereceu a proposta vitoriosa sob o critério técnico só celebra o contrato se aceitara execução do objeto ajustado pelo preço mínimo oferecido pelos participantes (art. 46, § 1º, I e II). Se recusar reduzir seu preço, será chamado o candidato que ficou em segundo lugar, e assim sucessivamente.
De acordo com o mencionado, há a classificação, que é “o ato administrativo vinculado mediante o qual a comissão de licitação acolhe as propostas apresentadas nos termos e condições do edital ou carta-convite”. Na classificação, a Administração ordena a lista daqueles que atenderam as condições do instrumento convocatório, de forma a que em primeiro lugar figure a melhor proposta (e, pois, a vitoriosa) e, após, as restantes, sempre se colocando, na relação, as melhores na frente das piores (art. 45, § 3º).
Fixada a classificação dos participantes, dela emerge o vencedor da licitação: o classificado em primeiro lugar. Esse resultado do procedimento licitatório deve ser proclamado por meio de ato administrativo declaratório. Esse ato não se confunde com a adjudicação, sendo esta ato diverso que emana da autoridade superior responsável pela homologação. O ato de resultado final produz o efeito de conferir ao licitante a qualidade de vencedor e de titular da preferência para a celebração do futuro contrato. Diante disso, o vencedor não adquire um direito à celebração do contato, eis que a Administração Pública não está obrigada a executar a obra ou o serviço. Por outro lado, há um direito subjetivo à preferência na contratação como efeito básico do ato de resultado final oriundo da Comissão licitatória. Além disso, são ainda efeitos do ato de resultado final a responsabilidade do vencedor, assumida ao participar do certame; bem como a impossibilidade de ser realizada nova licitação enquanto eficaz o ato de resultado final.
Na hipótese de só haver um único proponente para se prosseguir ou ser julgada a licitação, Carvalho Filho defende que se apenas comparecer um interessado, a licitação deve prosseguir; se compareceram vários, mas, em face da inabilitação ou desclassificação dos demais, remanesceu penas um licitante, deve este ser declarado vencedor do certame, com os efeitos regulares dessa situação jurídica. Isso porque a lei em nenhum momento exigiu número mínimo de interessados para participação e julgamento; só exigiu para a convocação.
Finalizado o procedimento, este é encaminhado à autoridade competente superior, a qual pode: determinar o retorno dos autos para a correção de irregularidades, se estas forem supríveis; invalidar o procedimento, no todo ou em parte, se estiver inquinado de vício insanável; revogar a licitação por razões de ordem administrativa, observadas as condições do art. 49 do Estatuto; ou homologar o ato de resultado final da Comissão, considerando implicitamente a legalidade da licitação. A homologação se situa no âmbito do poder de controle hierárquico da autoridade superior e tem a natureza jurídica de ato administrativo de confirmação, confirmando a validade da licitação. O trabalho da comissão termina com a divulgação do resultado do julgamento e depois disso o processo passa para a autoridade competente para que ela homologue ou não. Nessa etapa é realizado um controle de legalidade do procedimento licitatório. Caso verifique atos irregulares, a autoridade irá devolver o procedimento para a comissão para que ela repita os atos e corrija as falhas. Caso isso não seja possível, o procedimento deve ser anulado.
Consequência jurídica da homologação é a adjudicação, que espelha o ato pelo qual a Administração, através da autoridade competente, atribui ao vencedor do certame a atividade (obra, serviço ou compra) que constitui o objeto da futura contratação. Uma vez homologados o resultado e a própria licitação, presume-se que a Administração tem interesse na atividade a ser contratada. Desse modo, é correto considerar-se que o vencedor tem inafastável direito à adjudicação e, consequentemente, ao próprio contrato. Diante disso, a Administração Pública não pode revogar a licitação e, ainda no prazo do edital, realizar outra licitação e contratar com pessoa diferente. Isso porque, em virtude do princípio da adjudicação, a administração não é obrigada a contratar, mas, se o fizer, deve contratar com a vencedora. Há, no entanto, divergência doutrinária no assunto, havendo quem defenda que não há esse direito.
A anulação
Havendo vício de legalidade, a anulação da licitação é decretada. A anulação pode ser decretada pela própria Administração (art. 49 do Estatuto). Mesmo que já celebrado o contrato, fica este comprometido pela invalidação do procedimento licitatório (art. 49, § 2º). A invalidação produz efeitos ex tunc e compromete todos os atos que se sucederam ao que estiver inquinado de vício, isso quando não compromete todo o procedimento. Por esse motivo, entende Carvalho Filho que a anulação é um ato vinculado, devendo haver a demonstração das razões que o provocaram.
Sendo anulado o procedimento, não há obrigação de indenizar por parte da Administração, salvo se o contratado já houver executado parte do objeto até o momento da invalidação. Há bastante divergência acerca do conteúdo desse art. 49, § 1º. Parte da doutrina defende, inclusive, a sua inconstitucionalidade por afronta ao art. 37, §6º, da CF. Ainda assim, tem prevalecido a ideia segundo a qual do ato nulo não podem originar-se direitos, ideia, aliás, consagrada na Súmula nº 473 do Supremo Tribunal Federal. Esta entende que:
A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Deve ser observado, quer seja para anulação ou para a revogação, o contraditório e a ampla defesa. A lei, no entanto, não prevê o momento em que será realizado, limitando-se a apontar a sua observância. Se a Administração se convencer de que foi indevido o ato de desfazimento, poderá desfazê-lo de pronto,no exercício de sua autoexecutoriedade, e dar prosseguimento ao certame.
A revogação
Revogação é o desfazimento dos efeitos da licitação já concluída, em virtude de critérios de ordem administrativa, ou por razões de interesse público. Esses critérios são avaliados pelo Administrador Público, em face de se a revogação se tratar de uma atividade discricionária. Isso não impede, no entanto, que o Poder Judiciário analise o ato sob os aspectos legais. O que ele não pode fazer é analisar os critérios discricionários utilizados pela Administração. O Estatuto impôs que tal revogação fosse uma “revogação condicionada”, criando condições para a sua realização, como a exigência de que a revogação seja um ato motivado, com expressa menção de seus motivos e justificação. Além disso, as razões de interesse público geradoras da revogação devem originar-se de fato superveniente devidamente comprovado, fato este pertinente e suficiente para conduzir à revogação (art. 49). Isso porque se o fato antecedeu o próprio procedimento licitatório, este sequer deveria ter ocorrido.
Os recursos administrativos
Os recursos cabíveis no procedimento da licitação estão previstos no Estatuto, o qual os classifica em três tipos, quais sejam: o recurso hierárquico, a representação e o pedido de reconsideração (art. 109).
O pregão
Em 2002, o pregão foi instituído pela Lei nº 10.520, passando a ser uma nova modalidade de licitação, com disciplina e procedimentos próprios, visando, principalmente, a acelerar o processo de escolha em hipóteses determinadas e específicas. Antes dessa lei, o que havia eram medidas provisórias regulando a matéria, as quais estabeleciam que o pregão era uma modalidade de licitação exclusiva da União Federal, o que ensejou diversos posicionamentos contrários. A Lei nº 10.520, na qual foi convertida a medida provisória, no entanto, expressou que a instituição do pregão poderá dar-se no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, introduzindo no texto as alterações necessárias à adequação do instituto a todos os entes federativos. 	Sendo uma lei posterior à Lei nº 8.666/93, suas normas prevalecem sobre as normas da lei antiga, quando confrontadas e apresentarem divergências. Isso não significa, porém, que houve uma revogação da Lei nº 8.666/93, mas, sim, uma derrogação ou uma revogação parcial, como entende Carvalho Filho.
Uma das características do pregão é a sua facultatividade na adoção. Sendo uma atividade discricionária, a Administração Pública pode adotar ou não o procedimento, desde que seja uma hipótese cabível. No entanto, sendo um procedimento célere, a União tornou obrigatória a adoção da modalidade de pregão para a aquisição de bens e serviços comuns, estabelecendo, ainda, que a preferência deverá recair sobre a modalidade na forma eletrônica. Essa norma consiste em mandamento direcionado exclusivamente aos órgãos da Administração federal, abrangendo todos os Poderes.
A Lei nº 10.520/2002, acrescentando dispositivo à legislação anterior, admitiu que fosse empregado o pregão para as compras de bens e contratações de serviços comuns, quando processadas pelo sistema de registro de preços, previsto no art. 15 do Estatuto geral das licitações.
Outra característica do pregão é que este é marcado pela oralidade. Desse modo, os participantes podem manifestar as suas vontades verbalmente na sessão pública. Por outro lado, a lei admite a atuação dos interessados através de lances. Um não é sinônimo do outro. A proposta consiste na oferta apresentada pelo interessado, enquanto os lances são ofertas sucessivas e progressivas decrescentes. Outro postulado, ainda nesse sentido, é o princípio do informalismo.
Duas são as modalidades de pregão: o pregão presencial (ou comum) e o pregão eletrônico. O primeiro se caracteriza pela presença, em ambiente físico, de agentes da Administração (como, v. g., o pregoeiro) e dos interessados em determinadas etapas do procedimento. O segundo é o que se processa, em ambiente virtual, por meio da tecnologia da informação (Internet). 
O objeto do pregão é restrito, destinando-se apenas à aquisição de bens e à contratação de serviços comuns, como dispõe o art. 1º da Lei nº 10.520/2002. Estes, por sua vez, são aqueles “cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado”. Ocorre que, ainda assim, é uma definição que comporta muitos significados. Diante disso, o Decreto nº 3.555/00 trouxe um anexo no qual consta uma enumeração, na qual praticamente todos os bens e serviços foram considerados comuns. Os bens comuns dividem-se em bens de consumo (os de frequente aquisição) e bens permanentes (mobiliário, veículos etc.). Outro ponto acerca do contrato é que não há nenhuma limitação a respeito do vulto do contrato. Desse modo, a contratação por meio do pregão independe de seu custo, ressalvadas as hipóteses de dispensa e inexigibilidade.
Na fase interna, o pregão, linhas gerais, assemelha-se ao procedimento licitatório constante na Lei nº 8.666/93. A diferença é que há a designação, pela autoridade competente, da figura do pregoeiro, a quem incumbe dirigir todos os trabalhos, inclusive receber as propostas e lances, analisar sua aceitabilidade e classificação e, ainda, decidir sobre a habilitação e proceder à adjudicação do objeto do pregão ao licitante vencedor. Ao invés da comissão de licitação, há um órgão unitário, representado por um só agente, que conta com uma equipe de apoio.
Na fase externa, como no procedimento comum, há a convocação por meio de publicação de aviso na imprensa oficial da entidade federativa interessada. Dependendo do vulto da contratação, exige a lei que o aviso seja publicado também em jornal de grande circulação (art. 4º, I). Há, também um edital, que funciona como instrumento convocatório, no qual há o detalhamento do pregão e que também vincula a Administração Pública aos seus termos. O prazo para apresentação das propostas é de, no mínimo, oito dias úteis, tendo como termo a quo da contagem a data da publicação do aviso. É possível, ainda, exercer o direito de impugnação do ato convocatório, mas o prazo fixado é de até dois dias úteis antes da data designada para o recebimento das propostas.
A sessão é a reunião entre o pregoeiro e os participantes da licitação, que tem por objetivo possibilitar a escolha do futuro fornecedor do bem ou do serviço previstos no edital. Ela deve ser pública, seja para os interessados em contratar, seja para os que desejam apenas assistir ao processo de escolha. Os participantes, como ocorre na Lei nº 8.666, devem apresentar, em envelopes separados, os documentos de habilitação e a proposta.
Abertos os envelopes contendo as propostas, cabe ao pregoeiro verificar, de imediato, se estão em conformidade com os requisitos previstos no edital. Verificadas as propostas formais e escritas apresentadas, tem início uma etapa na qual o autor da oferta de valor mais baixo e os das propostas com preços até dez por cento superiores àquela poderão fazer novos lances verbais e sucessivos, até que haja um vencedor final. Se não houver pelo menos três propostas nessas condições, será permitido que a oferta dos lances orais seja feita pelos autores das três melhores propostas, além do participante da proposta vencedora, independentemente do preço que tenham oferecido. Há uma ordem sequencial de chamadas, na qual cada um vai dando o seu lance.
O único critério seletivo é o de menor preço (art. 4º, X), mas devem ser examinados outros aspectos contemplados no edital, como o prazo de fornecimento, especificações técnicas e padrões mínimos de desempenho e qualidade. Julgadas e classificadas as propostas, sendo vencedora a de menor preço. Escolhido o vencedor, pode o pregoeiro negociar diretamente com ele no sentido de ser obtido preço ainda melhor. A negociabilidade é também viável no caso de não ser aceitável a proposta.
Após a classificação é que o pregoeiro vai proceder à análise dos documentos referentes à habilitação. Essa é maisuma das características do pregão: há inversão das etapas, primeiro há o julgamento e depois a habilitação. Diante disso, só haverá a necessidade de examinar os documentos de habilitação relativos ao licitante vencedor. Feita a classificação final, o pregoeiro irá praticar ato administrativo declaratório, pelo qual seja apontado o vencedor definitivo do pregão. Se algum interessado quiser recorrer da decisão, deverá manifestar o intuito recursal imediatamente e apresentar as razões recursais em até três dias úteis. O provimento do recurso implica a invalidação somente dos atos insuscetíveis de aproveitamento.
Outro ponto diferente no pregão diz respeito à adjudicação e à homologação. A adjudicação, no pregão, precede a habilitação. Decidido o recurso, a autoridade competente (e não o pregoeiro) faz a adjudicação ao licitante vencedor. Após, há a homologação do resultado.
Existem outros procedimentos diferenciados de licitação, como o registro de preços e o Regime Diferenciado de Contratação. O registro de preços tem todo o procedimento de licitação, mas não implica em uma contratação no fim. A administração faz uma licitação, que pode ser pregão, para fazer o registro de preços, as empresas participam e oferecem quanto vão poder pagar pelo produto. Quem oferecer o menor preço, a empresa vai ficar na ata de registro de preços e quando a administração contratar vai chamar aquela pessoa. A lei fala que esse registro de preço será regulamentado por decreto, sendo este o Decreto nº 7.892/13, o qual inseriu uma série de limitações à adesão à ata do registro de preços. Essa ata formada tem validade de 1 ano. Se um outro órgão quiser contratar o mesmo objeto do registro de preço dessa ata, pode “pegar carona” na ata e contratar esse vencedor. Isso ajuda porque os gastos são diminuídos e há uma melhor gestão de estoque. Há o órgão gerenciador, o órgão participante e o não participante, sendo este aquele que pega carona no registro de preço feito pelo outro órgão. É um procedimento (e não uma modalidade) que vem sendo bastante utilizado.
Sanções administrativas e tutela judicial na Lei de Licitações 
Algumas ilegalidades são passíveis de serem cometidas, inclusive infrações administrativas, quando há a violação de normas internas da Administração. Outras, de maior gravidade, podem configurar um ilícito penal. Nessa divisão, há as sanções administrativas e as sanções penais, sendo que uma não afasta a outra. Essa é a disposição geral da Lei de Licitações, que prevê que a responsabilidade de quem frauda uma licitação pode ser tanto civil quanto criminal, praticada por um agente público ou um particular, que se beneficia de uma fraude de um agente público. Acerca das infrações administrativas, a Lei 8.666/93 não contemplou infrações e sanções administrativas expressas para condutas ilegais ocorridas no procedimento licitatório, ao contrário do que faz nos contratos.
Essa omissão foi suprida com a Lei 12.846/2013, a qual ficou conhecida como a “Lei Anticorrupção”, que dispõe sobre a responsabilidade civil e administrativa de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a Administração Pública. Nessa lei, há a previsão de determinados ilícitos, quais sejam frustrar ou fraudar, mediante ajuste, a natureza competitiva; impedir, perturbar e fraudar o procedimento; afastar ou tentar o afastamento de licitante por fraude ou oferta de qualquer vantagem; fraudar o procedimento; criar, com fraude, pessoa jurídica visando à sua participação no certame. Essas providências adotadas às pessoas jurídicas não impedem, no entanto, a responsabilidade específica dos agentes por atos de improbidade.
No caso do funcionário público, além das sanções administrativas e penais, podem ser aplicadas sanções da Lei de Improbidade Administrativa (LIA), a Lei nº 8.429/92. Assim como o particular, sendo comprovado o conluio. Juntamente com as legislações supracitadas, essa lei vem como um instrumento de controle da Administração Público. Logo, há três leis que preveem a possibilidade de aplicação de sanções: A Lei 8.666/93, a Lei 12.846/2013 e a Lei 8.429/92. 
Microempresas e empresas de pequeno porte
A Lei Complementar nº 123/2006 instituiu o “Estatuto da microempresa e empresa de pequeno porte”, conferindo-lhes regime jurídico diferenciado, ampliando o seu acesso ao mercado e diminuindo ou eliminando determinados entraves burocráticos. Esse tratamento diferenciado e favorecido previsto no art. 179 da CF reflete hipótese de exceção quando confrontado com o art. 37, XXI, da CF, que consagra o princípio da igualdade entre os licitantes. Acerca desse regime de concessão de benefícios a microempresas e empresas de pequeno porte, no âmbito da licitação, não é necessário que os critérios de diferenciação do tratamento estejam previstos expressamente no edital. Assim, não havendo, mesmo assim os benefícios são aplicáveis.
Uma primeira diferenciação diz respeito à regularidade fiscal, que deve ser comprovada com a produção de provas a partir de documentos antecipadamente, pelos participantes. Para esse grupo, no entanto, é diferente. A regularidade fiscal, a ser comprovada pelas referidas empresas, somente deverá ser exigida para efeito de assinatura do contrato. Embora não seja examinada até o julgamento, toda a documentação relativa à regularidade fiscal precisa ser apresentada pelas empresas durante o certame, ainda que a situação fiscal se revele irregular, como no caso de débitos e restrições (art. 43). Sem a apresentação de tais documentos, a empresa será inabilitada, não pela irregularidade fiscal, mas sim pela ausência da documentação atinente ao requisito legal. Se vencer a licitação, é assegurado o prazo de cinco dias úteis para superar a restrição fiscal, contado do dia em que foi a empresa declarada vencedora. Não apresentando a regularização desses documentos, decai o seu direito à contratação.
Outra inovação da lei é o critério de desempate. O critério geral de desempate é o sorteio em ato público, como estabelece o art. 45, § 2º, do Estatuto das Licitações. Na LC nº 123, porém, o critério recai na preferência de contratação para as microempresas e empresas de pequeno porte. A preferência decorre de empate entre uma dessas empresas e outra (ou outras) que não tenha a mesma qualificação jurídica, isto é, não seja microempresa ou empresa de pequeno porte. Por outro lado, se o empate se der entre duas dessas empresas, o critério não pode ser adotado, tendo-se, então, que recorrer ao critério geral previsto na Lei nº 8.666/1993.
* Esse assunto está melhor explicado na transcrição das vídeo-aulas de Matheus Carvalho.
Serviços de publicidade
A Lei nº 12.232 dispõe acerca da licitação e contratação de serviços de publicidade. O primeiro ponto a considerar é o da obrigatoriedade de adotar os tipos “melhor técnica” ou “técnica e preço”, regulados no art. 46 do Estatuto. O edital deve ser acompanhado de um briefing, no qual sejam oferecidas, de forma objetiva e clara, as informações que permitam a elaboração das propostas pelos interessados. Duas são as propostas apresentadas: uma técnica, composta por um plano de comunicação publicitária e por um quadro de informações relativas ao proponente, e outra de preço, que conterá quesitos representativos dos itens de remuneração existentes no mercado publicitário.
Do mesmo modo, duas serão as comissões julgadoras: uma técnica incumbida de julgar as propostas técnicas, e a outra é a comissão permanente ou especial, responsável pelo julgamento das propostas de preço e pelo julgamento final. os documentos de habilitação somente serão apresentados pelos candidatos já classificados no julgamento final das propostas, após regular convocação. As particularidades do procedimento contempladas na Lei nº 12.232/2010 desafiam aplicabilidade primária, cabendo a aplicação subsidiária do Estatuto naquilo que não confrontar as normas da lei especial.

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