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[Livro] Observando a Qualidade do Lugar Procedimentos para Avaliação Pós Ocupação

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Prévia do material em texto

Paulo Afonso Rheingantz 
Alice Brasileiro
Denise de Alcantara
Giselle Arteiro Azevedo
Mônica Queiroz
Observando a qualidade do lugar
 Procedimentos para a avaliação pós-ocupação
Rio de Janeiro
Proarq/FAU/UFRJ
O
PÓS - GRADUAÇÃO
EM ARQUITETURA FAU UFRJ
Coleção
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observando a Qualidade do Lugar: 
procedimentos para a avaliação pós-ocupação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal do Rio de Janeiro 
Reitor: Prof. Dr. Aloísio Teixeira 
 
Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa 
Pró-reitor: Prof. Dr. Ângela Uller 
 
Decano do Centro de Letras e Artes 
Decano: Prof. Léo Affonso de Moraes Soares 
 
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo 
Diretor: Prof. Dr. Gustavo da Rocha-Peixoto 
 
Programa de Pós-graduação em Arquitetura 
Coordenador: Prof. Dr. Cessa Guimaraens 
 
 
 
 
Coleção Proarq 
Coordenação Editorial: 
Prof. Dr. Luiz Manoel Gazzaneo 
Títulos publicados: 
DEL RIO, Vicente.(Org.) Arquitetura-Pesquisa e projeto. São Paulo: ProEditores: PROARQ/FAU-UFRJ, 1998. 
MARTINS, Ângela; CARVALHO, Miriam de. Novas Visões: Fundamentando o Espaço Arquitetônico e Urbano. Rio de Janeiro: PROARQ/FAU-UFRJ, 
2001. 
GAZZANEO, Luiz Manoel; SARAIVA, Suzana Barros C. (Org.). A Monarquia no Brasil. Vol. I - As Artes. Rio de Janeiro: PROARQ/FAU-UFRJ , 1ª 
edição: 2001 e 2ª edição: 2003. 
GAZZANEO, Luiz Manoel; SARAIVA, Suzana Barros C. (Org.). A Monarquia no Brasil. Vols. II - As Ciências. Rio de Janeiro: PROARQ/FAU-UFRJ , 
1ª edição: 2001 e 2ª edição: 2003. 
DEL RIO, Vicente; DUARTE; Cristiane Rose; RHEINGANTZ, Paulo Afonso. (Org.). Projeto do Lugar . Rio de Janeiro: PROARQ/FAU-UFRJ , 2002. 
GAZZANEO, Luiz Manoel; SARAIVA, Suzana Barros C. (Org.). A República no Brasil, Vol. I - A Arquitetura. Rio de Janeiro: PROARQ/FAU-UFRJ, 
2003. 
GAZZANEO, Luiz Manoel; SARAIVA, Suzana Barros C. (Org.). A República no Brasil, Vol. II – Urbanismo. Rio de Janeiro: PROARQ/FAU-UFRJ, 
2003. 
GAZZANEO, Luiz Manoel; SARAIVA, Suzana Barros C. (Org.). A República no Brasil, Vol. III – Artes, Ciências e Tecnologias. Rio de Janeiro: 
PROARQ/FAU-UFRJ, 2003. 
GUIMARAENS, Ceça (Org.). Arquitetura e Movimento Moderno. Rio de Janeiro: PROARQ/FAU-UFRJ, 2006. 
GAZZANEO, Luiz Manoel. (Org.). 200 Anos: da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil; da abertura dos portos às nações amigas e seus 
reflexos na arquitetura e no espaço brasileiro. Vol. I – Arquitetura. Rio de Janeiro: Four Print e PROARQ/FAU-UFRJ, 2007. 
GAZZANEO, Luiz Manoel. (Org.). 200 Anos: da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil; da abertura dos portos às nações amigas e seus 
reflexos na arquitetura e no espaço brasileiro. Vol. II – Urbanismo. Rio de Janeiro: Four Print e PROARQ/FAU-UFRJ, 2007. 
GAZZANEO, Luiz Manoel. (Org.). 200 Anos: da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil; da abertura dos portos às nações amigas e seus 
reflexos na arquitetura e no espaço brasileiro. Vol. III – Espacialização, Patrimônio e Sociedade. Rio de Janeiro: Four Print e PROARQ/FAU-UFRJ, 
2007. 
DUARTE, Cristiane R.; RHEINGANTZ, Paulo A.; AZEVEDO, Giselle A. N.; BRONSTEIN, Lais. (Org.). O Lugar do Projeto no ensino e na pesquisa 
em arquitetura e urbanismo. Rio de Janeiro: Contra Capa e PROARQ/FAU-UFRJ, 2007. 
TÂNGARI, Vera R.; SCHLEE, Mônica Bahia; ANDRADE, Rubens de; DIAS, Maria Ângela. (Org.). Águas urbanas: uma contribuição para a 
regeneração ambiental como campo disciplinar integrado. Rio de Janeiro: PROARQ/FAU-UFRJ, 2007. 
OLIVEIRA, Beatriz S. de O.; LASSANCE, Guilherme; ROCHA-PEIXOTO, Gustavo; BRONSTEIN, Lais (Org.) Leituras em Teoria da Arquitetura: 1 - 
Conceitos. Rio de Janeiro: Ed. Viana & Mosley, 2009 
RHEINGANTZ, Paulo A.; AZEVEDO, Giselle; BRASILEIRO, Alice; ALCANTARA, Denise de; QUEIROZ, Mônica. Observando a Qualidade do Lugar: 
procedimentos para a avaliação pós-ocupação. Rio de Janeiro: PROARQ/FAU-UFRJ, 2009 [livro eletrônico] 
TÂNGARI, Vera R.; SCHLEE, Mônica Bahia; ANDRADE, Rubens de (Org.). Sistemas de espaços livres: o cotidiano, apropriações e ausências. Rio de 
Janeiro: PROARQ/FAU-UFRJ, 2009. 
GAZZANEO, Luiz Manoel. (Org.). Ordem, Desordem, Ordenamento: Arquitetura; Urbanismo; Paisagismo; Patrimônio e Cidade. Rio de Janeiro: 
PROARQ/FAU-UFRJ, 2009. 
 
 
Proarq 
Programa de Pós-graduação em Arquitetura 
da Universidade Federal do Rio de Janeiro 
Av. Pedro Calmon, 550 
Prédio da FAU/Reitoria - sala 433 
Cidade Universitária, Ilha do Fundão 
CEP 21941-590 - Rio de Janeiro, RJ - Brasil 
+ 55 + 21 2598-1661/1662 - proarq@ufrj.br 
www.fau.ufrj.br/proarq 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observando a Qualidade do Lugar: 
procedimentos para a avaliação pós-ocupação 
 
 
Paulo Afonso Rheingantz 
Giselle Arteiro Azevedo 
Alice Brasileiro 
Denise de Alcantara 
Mônica Queiroz 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal do Rio de Janeiro / Faculdade de Arquitetura e Urbanismo 
 
 
 
Coleção 
 
 
 
Rio de Janeiro/RJ 
2009 
 
 
 
 
Observando a Qualidade do Lugar © 2009, dos autores 
 
Revisado em novembro de 2009 
 
 
Capa e projeto gráfico: 
Mônica Q. Araújo 
 
 
 
www.fau.ufrj.br/prolugar 
 
 
 
 
 
 
 
O14 Observando a qualidade do lugar : procedimentos para a 
 avaliação pós-ocupação / Paulo Afonso Rheingantz ... 
 [et al.]. -- Rio de Janeiro : Universidade Federal do Rio de 
 Janeiro, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Pós- 
 Graduação em Arquitetura, 2009. 
 117 p. : il. color. ; 21 cm. – (Coleção PROARQ) 
 
 Bibliografia: p. 111-117. 
 ISBN 978-85-88341-17-3 
 
 1. Avaliação pós-ocupação. I. Rheingantz, Paulo Afonso. 
 II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pós-Graduação 
 em Arquitetura. III. Série. 
 
 CDD: 721 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apoio 
 
 
 
 
 
UFRJ 
 
 
 
Dados dos autores 
 
 
Paulo Afonso Rheingantz 
Arquiteto, Doutor, Professor Associado da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Coordenador do Grupo Pro-LUGAR/PROARQ/FAU/UFRJ. 
 
Giselle Arteiro Nielsen Azevedo 
Arquiteto, Doutor, Professor Adjunto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Pesquisador do Grupo Pro-LUGAR/PROARQ/FAU/UFRJ 
 
Alice Brasileiro 
Arquiteto, Doutor, Professor Adjunto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Pesquisador do Grupo Pro-LUGAR/PROARQ/FAU/UFRJ 
 
Denise de Alcantara 
Arquiteto, Doutor, Pesquisador do Grupo Pro-LUGAR/PROARQ/FAU/UFRJ, Professor Visitante (2009-2010) 
Center for Iberian and Latin American Studies, University of California, San Diego 
 
Mônica Queiroz 
Arquiteto, Doutor, Professor da Faculdade SENAI/CETIQT do Rio de Janeiro, 
Pesquisador Grupo Pro-LUGAR/PROARQ/FAU/UFRJ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
Agradecimentos 09 
Apresentação 11 
Glossário 15 
1. Walkthrough 23 
2. Mapa Comportamental 35 
3. Poema dos Desejos 43 
4. Mapeamento Visual 50 
5. Mapa Mental 56 
6. Seleção Visual 63 
7. Entrevista 71 
8. Questionário 79 
9. Matriz de Descobertas 91 
10. Observação Incorporada 103 
11. Referências 111(Página intencionalmente deixada em branco) 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
Os autores agradecem ao CNPq e à Capes pelo apoio através de bolsas e de recursos 
concedidos aos seguintes projetos de pesquisa: 
 
CNPq: 
Bolsa de produtividade nos projetos Projeto do Lugar para o Trabalho: Cognição e 
Comportamento Ambiental na Avaliação de Desempenho de Edifícios de Escritório; 
Qualidade do Lugar e Cultura Contemporânea: uma proposta de revisão conceitual na 
perspectiva das redes de fluxos. Edital Universal 19/2004, Projeto e Qualidade do Lugar: 
Cognição, ergonomia e Avaliação Pós-ocupação do Ambiente Construído. 
 
Capes: 
Bolsa de Doutorado e de Estágio ao Doutorado na San Diego State University, que 
resultaram na tese Abordagem Experiencial e Revitalização de Centros Históricos: os casos 
do Corredor Cultural no Rio de Janeiro e do gaslamp Quarter em San Diego, Tese de 
Doutorado, de Denise de Alcantara. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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  11 
APRESENTAÇÃO 
 
Com a publicação deste livro, pretendemos contribuir para a consolidação das pesquisas e estudos 
sobre as relações pessoa-ambiente e sobre a avaliação de desempenho do ambiente construído, ou 
avaliação pós-ocupação (APO). Nosso principal objetivo é disponibilizar uma publicação de cunho 
didático contendo a revisão de um conjunto de oito instrumentos e ferramentas de avaliação 
consagrados - walkthrough, mapa comportamental, poema dos desejos, mapeamento visual, mapa 
mental, seleção visual, entrevista e questionário – complementados por outros dois, produzidos pelos 
pesquisadores envolvidos com a avaliação pós-ocupação (APO) do grupo Qualidade do Lugar e 
Paisagem (ProLUGAR) do Programa de Pós-graduação em Arquitetura da FAU/UFRJ1 - a matriz de 
descobertas e a observação incorporada – e relacionados com três projetos de pesquisa: 
• Projeto do Lugar de Trabalho: cognição e comportamento ambiental na avaliação de 
desempenho de edifícios de escritório2, 
• Projeto e Qualidade do Lugar: Cognição, Ergonomia e Avaliação Pós-Ocupação do Ambiente 
Construído3, e 
• Cognição, comportamento ambiental e identidade do lugar: avaliação de desempenho ambiental 
do Centro Histórico da cidade do Rio de Janeiro.4 
Seguindo a recomendação de Hazel Henderson (apud Capra 1991)5, ao disponibilizar o conjunto de 
procedimentos utilizados em nossos trabalhos de campo, estamos colocando nossa fala para andar. 
Além dos instrumentos e ferramentas, o livro apresenta os fundamentos da abordagem experiencial 
(AE), que se baseia no entendimento de que a percepção é um conjunto de “ações perceptivamente 
guiadas” (Varela 1992: 22) e focaliza a experiência vivenciada por um observador em um 
determinado ambiente em uso – que muda de significado conforme mudam as circunstâncias6; e um 
glossário de termos e conceitos-chave. 
Na abordagem experiencial, o observador se transforma em sujeito ou protagonista de uma 
experiência produzida no processo de interação com o ambiente e com seus usuários, a ser explicada 
com base na subjetividade7. Sua atenção ou percepção consciente (Vygotsky) se volta, 
principalmente, para o entendimento das razões, nuanças e significados da experiência vivenciada no 
cotidiano de um determinado ambiente em uso. A observação incorporada se configura como uma 
                                                            
1 Além dos autores, o grupo de APO do ProLUGAR contou com a parceria dos professores Rosa Pedro, Vera Vasconcellos, 
Ligia Leão de Aquino, Vera Tângari, Cristiane Duarte e Mario Vidal; dos doutorandos Fabiana dos Santos Souza, Iara 
Castro, Luiz Carlos Toledo; dos mestrandos Monique Abrantes, Ana Claudia Penna, Ana Paula Simões, José Ricardo Flores 
Faria, Helena da Silva Rodrigues, Michael Dezan Alvarenga, Heitor Derbli, Marcelo Hamilton Sbarra e Hélide Steenhagen 
Blower; dos estudantes de graduação e bolsistas de iniciação cioentífica Aldrey Cavalcante, Henrique Houayek, Tatiana 
Ferreira, Lina Correa, Gilmar Guterres, Alexandre Melcíades, Aline Fayer e Aline Rita Laureano. 
2 Contemplado com bolsa de produtividade do CNPq. 
3 Contemplado com recursos do Edital Universal 19/2004 do CNPq. 
4 Contemplado com uma bolsa de doutorado da Capes e uma de iniciação científica do CNPq. 
5 Economista autodidata, autora dos livros Creating alternative futures (1978) e The politics of the Solar Age (1988) e titular 
da página Hazel Henderson - Celebrating cultural and biodiversity - and a new "earth ethics" beyond "economism." 
<http://www.hazelhenderson.com/ >. 
6 Esta natureza dinâmica da atividade humana, caracterizada por Newman e Holzman (2002: 61) como algo, “que está 
sempre mudando o que está mudando, que está mudando o que está mudando.” 
7 Subjetividade – segundo Guattari, a subjetividade é o efeito das conexões de uma rede, e é preciso ter cuidado para não 
confundi-la com “individualidade” (Castro 2008: 49). 
Observando a Qualidade do Lugar: Procedimentos para a Avaliação Pós-Ocupação 
 
  12
atividade “ao mesmo tempo processo e produto, instrumento-e-resultado” (Newman; Holzman 2002: 
79). 
Ao procurar integrar a bagagem sócio-histórica do observador e dos usuários, as observações 
realizadas tanto em ambientes internos quanto urbanos, a abordagem experiencial modifica o 
significado e a compreensão da qualidade do lugar. 
A abordagem experiencial implica em (1) uma visão crítica não dualista, mas somativa; em uma 
postura aberta e atenta ao ambiente ou “coletivo” (Latour 2001) composto de homens, coisas e 
técnicas cujo movimento “apaga” as fronteiras entre sujeito e objeto (Pedro 1998); (2) aceitar a 
indissociável e interdependente relação pessoa-ambiente; (3) reconhecer a impossibilidade de 
representação de um ambiente que é independente e pré-existente e do entendimento de “uma mente 
lá dentro” observar “um mundo lá fora” (Latour 2001: 338); (4) atentar para a inadequação do 
distanciamento crítico e sua pretensa neutralidade. 
Ela também baseia-se no pressuposto da cognição atuacionista de que a “cognição não é formada 
por representações, mas por ações incorporadas. [E que] ... o conhecimento é sempre um saber-fazer 
modelado sobre as bases do concreto” (Varela 1992: 27)8. Não é possível ter acesso a uma 
realidade independente do observador, uma vez que ela não é algo pré-determinado, estático e 
imutável, mas o resultado de uma explicação que também não é independente do observador. A 
“realidade é uma proposição explicativa.” (Maturana 2001: 37)9 “Explicar é uma operação distinta 
da experiência que se quer explicar ... O explicar é sempre uma reformulação da experiência que se 
explica. [...] mas nem toda reformulação da experiência é uma explicação. Uma explicação é uma 
reformulação da experiência aceita por um observador” (Maturana 2001: 28-29). Assim, um relato 
de APO é uma tradução10, termo mais adequado para caracterizar a negociação ou a comunicação 
entre o observador e o usuário, que também pressupõe a possibilidade dela vir a ser recusada, 
negociada ou até mesmo ser novamente traduzida. 
Por fim, a abordagem experiencial caracteriza a experiência do homem no lugar, ou o modo como a 
um só tempo cada lugar influencia a ação humana; como a presença humana dá sentido e 
significado a cada lugar. Dessa forma, faz emergir descobertas e significados da interação que é 
produzida nos lugares e “se configura como uma transformação qualitativa ... do conjunto de 
técnicas e instrumentos para a Avaliação do Ambiente Construído” (Alcantara, 2008: 05).11 
Em relação ao conjunto de instrumentos elencados neste o livro, inicialmente se apresenta a 
walkthrough. Originária daPsicologia Ambiental, pode ser definida como um percurso dialogado 
complementado por fotografias, croquis gerais e gravação de áudio e de vídeo, abrangendo todos os 
ambientes, no qual os aspectos físicos servem para articular as reações dos participantes em relação 
ao ambiente. Criado por Kevin Lynch, é um instrumento de grande utilidade tanto na APO quanto na 
programação arquitetônica, uma vez que possibilita que os observadores se familiarizem com a 
edificação em uso, bem como que façam uma identificação descritiva dos aspectos negativos e 
positivos dos ambientes analisados. 
                                                            
8 Segundo Maturana e Varela (1995), homem e meio são faces de um mesmo processo vital, onde o homem cria uma 
relação de circularidade na forma como vê o mundo e age nele num processo contínuo de produção de si mesmo. 
9 Segundo Latour (2001), este processo contínuo de produção não se restringe ao homem, uma vez que o ambiente 
também se produz continuamente na relação com o homem. 
10 Traduzir, segundo Law (2008), é fazer conexão, é “se ligar a”, e também supõe percepção, interpretação e apropriação. 
Cf. Law (2008), “a tradução também supõe percepção, interpretação e apropriação [...] estão envolvidas nesta dinâmica 
tanto a ‘possibilidade de equivalência’ quanto a ‘transformação’ ”. 
11 O grifo é nosso. 
Apresentação 
 
  13
A seguir é apresentado o mapa comportamental, também originário da Psicologia Ambiental, 
concebido para o registro gráfico das observações relacionadas com as atividades dos usuários em 
um determinado ambiente, este instrumento possibilita: (a) identificar os usos, os arranjos espaciais, 
os fluxos e as relações espaciais observados; (b) indicar as interações, os movimentos e a distribuição 
das pessoas em um determinado ambiente. 
Desenvolvido por Henry Sanoff, o poema dos desejos ou wish poem permite que os usuários de um 
determinado ambiente declarem, por meio de um conjunto de sentenças escritas ou de desenhos, 
suas necessidades, sentimentos e desejos relativos ao edifício ou ambiente analisado. É um 
instrumento que se baseia na espontaneidade das respostas de fácil elaboração e aplicação que, de 
um modo geral, produz resultados ricos e representativos das demandas e expectativas dos usuários. 
Por sua vez, o mapeamento visual, concebido por Ross Thorne e J. A. Turnbull, possibilita identificar a 
percepção dos usuários em relação a um determinado ambiente, com foco na localização, na 
apropriação, na demarcação de territórios, nas inadequações a situações existentes, no mobiliário 
excedente ou inadequado e nas barreiras, entre outras características. Apesar de concebido para ser 
utilizado em ambientes internos, o mapeamento visual pode ser aplicado com facilidade em 
ambientes urbanos. 
Formulado nos anos 50 por Kevin Lynch, o mapa mental ou mapeamento cognitivo consiste na 
elaboração de desenhos ou relatos de memória representativas das idéias ou da imageabilidade que 
uma pessoa ou um grupo de pessoas têm de um determinado ambiente. Os desenhos tanto podem 
incorporar a experiência pessoal como outras informações, quanto experiências relatadas por outras 
pessoas, pela imprensa falada e escrita, ou pela literatura. 
Valendo-se de um conjunto de imagens referenciais pré-selecionadas, a seleção visual ou visual 
preferences é um instrumento concebido por Henry Sanoff adequado para identificar os valores e os 
significados agregados pelos usuários aos ambientes analisados. Ele possibilita fazer emergir o 
imaginário, os símbolos e aspectos culturais de um determinado grupo de usuários, bem como 
avaliar o impacto causado por determinadas tipologias arquitetônicas, organizações espaciais, cores 
e texturas sobre a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas. 
Muito utilizada no campo das ciências sociais, a entrevista pode ser definida como um relato verbal 
ou uma conversação voltada para atender a um determinado objetivo, que resulta em um conjunto 
de informações sobre os sentimentos, crenças, pensamentos e expectativas das pessoas. O sucesso 
de sua aplicação depende tanto da qualificação e da competência dos pesquisadores – que precisam 
ter agilidade para informar sua avaliação e reconhecer a contribuição daqueles que colaboraram 
com o trabalho – quanto da sua sensibilidade e capacidade de interação com o respondente. 
Largamente utilizado nas avaliações de desempenho, o questionário, por sua vez, é um instrumento 
de grande utilidade quando se necessita descobrir regularidades entre grupos de pessoas por meio 
da comparação de respostas relativas a um conjunto de questões (Zeisel 1981), que contém um 
conjunto de perguntas relacionadas a um determinado assunto ou problema. As perguntas devem ser 
respondidas por escrito sem a presença do pesquisador e os questionários podem ser entregues 
pessoalmente, enviados por correio, por e-mail, ou ainda disponibilizados em páginas de internet. 
A matriz de descobertas é um instrumento de análise que permite identificar e comunicar 
graficamente as descobertas, especialmente aquelas relacionadas com: (a) as adaptações e 
improvisações decorrentes de falhas de projeto ou de execução; (b) a incompreensão e o 
desconhecimento dos seus diversos grupos de usuários, que dificultam a operacionalidade necessária 
no dia-a-dia de um ambiente. Concebido por Helena Rodrigues e Isabelle Soares (Rodrigues, Castro, 
Rheingantz 2004) e aperfeiçoada pela equipe técnica do Programa de APO da Dirac/Fiocruz (Castro, 
Lacerda, Penna 2004). Por reunir e apresentar graficamente um resumo das principais descobertas 
Observando a Qualidade do Lugar: Procedimentos para a Avaliação Pós-Ocupação 
 
  14
de uma avaliação de desempenho, facilita a leitura e a compreensão dos resultados por parte dos 
clientes e usuários. Seu sucesso depende da hierarquização das informações e descobertas 
produzidas em uma avaliação de desempenho. 
Desdobramento prático da abordagem experiencial , a observação incorporada, procura lidar com 
os aspectos subjetivos das observações, ao incorporar as emoções e reações dos lugares, entendidos 
como “coletivos” (Latour 2001) que são configurados pela mistura de homens, ambiente contruído e 
técnicas, cujo movimento “apaga” as fronteiras entre sujeito e objeto (Pedro 1996)12 presentes em 
qualquer experiência vivenciada da realidade. Além de uma mudança de atitude do observador em 
relação ao ambiente observado, incorpora a experiência humana aos instrumentos e procedimentos 
tradicionalmente utilizados em uma APO. Ao assumir uma postura menos distanciada e neutra, o 
observador passa a ter consciência da subjetividade das emoções e reações que são vivenciadas com 
os usuários no ambiente, que também devem ser considerados como sujeitos ou protagonistas da 
experiência. 
* * * 
 
Cabe observar que, por mais bem elaborados e aplicados que sejam, os instrumentos não garantem 
o sucesso de uma avaliação de desempenho, uma vez que são incapazes de, por si só, apreender a 
experiência que é produzida em um mundo que não é pré-definido e que não depende do 
observador. Acreditamos que a realidade de uma experiência no mundo relevante ou percebido é o 
produto inseparável do entrelaçamento do observador imerso na situação ou experiência que ele se 
propõe a relatar ou traduzir. Assim, os resultados da aplicação de um conjunto de instrumentos 
devem ser vistos como complementos capazes de corroborar a experiência reflexiva e intuitiva 
vivenciada durante a observação. Conforme lembra Francisco Varela (1992: 95), “a reflexão [o 
relato de uma APO] não é apenas sobre a experiência, mas que ela própria é uma forma de 
experiência e que é possível realizar semelhante forma reflexiva de experiência graças à consciência 
intuitiva.” 
 
                                                            
12 Cf. Latour (2001: 29), “emlugar de três pólos – uma realidade “fora”, uma mente “dentro” e uma multidão “embaixo” –, 
chegamos por fim a um senso que chamo de coletivo”. 
15 
GLOSSÁRIO DE TERMOS E CONCEITOS CHAVE 
Abordagem Atuacionista – abordagem proposta por Francisco Varela, Evan Thompson e Eleanor 
Rosch (2003), que entende a cognição como ação incorporada e que conjuga a percepção e suas 
capacidades sensório-motoras embutidas num amplo contexto biológico, psicológico e cultural, com 
a ação perceptivamente orientada. Esta proposta recupera a consciência como um problema da 
ciência cognitiva, questionando a idéia de representação objetiva e puramente mental, supondo-se 
que tem a ver com algo externo e independente da experiência. Enfatiza ainda que a cognição 
emerge das interações indissociáveis e intersubjetivas do cérebro, do corpo e do ambiente, ou seja, a 
mente e o mundo atuam um sobre o outro, interferindo e influenciando-se mútua e reciprocamente. 
“O ponto de partida da abordagem atuacionista é o estudo de como o observador pode orientar 
suas ações em sua situação local.” (Varela; Thompson; Rosch 2003: 177). 
Abordagem Experiencial – designação adotada a partir de 2004 pelo ProLUGAR, por sugestão de 
Rosa Pedro para caracterizar as observações que incorporam as interações homem-ambiente – 
alinhada com a abordagem atuacionista – em sua experiência de viver (habitar, trabalhar, consumir, 
lazer, etc.), enriquecendo e conferindo novo significado ao entendimento do lugar. 
Ação Incorporada – cf. Varela, Thompson e Rosch (2003: 177), “Usando o termo incorporada 
queremos chamar a atenção para dois pontos: primeiro, que a cognição depende dos tipos de 
experiência decorrentes de se ter um corpo com várias capacidades sensório-motoras, e segundo, 
que essas capacidades sensório-motoras individuais estão, elas mesmas, embutidas em um contexto 
biológico, psicológico e cultural mais abrangente. Utilizando o termo ação queremos enfatizar 
novamente que os processos sensoriais e motores – a percepção e a ação – são fundamentalmente 
inseparáveis na cognição vivida. De fato, os dois não estão apenas ligados contingencialmente nos 
indivíduos: eles também evoluíram juntos.” Os autores também observam que “o mundo e a pessoa 
que o percebe, especificam-se mutuamente.”(Varela; Thompson; Rosch 2003: 176) 
Acoplamento estrutural – v. Entrelaçamento Estrutural 
Ambiente – cf. Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa (2001-2002), palavra derivada 
do Latim ambìenséntis particípio presente de ambíre 'andar ao redor, cercar, rodear'; ver ambie, meio 
em que se vive, que rodeia ou envolve os seres vivos e as coisas; meio ambiente; recinto, espaço, 
âmbito em que se está ou vive. Palavra mais abrangente e adequada do que espaço, “atualmente 
mais utilizada, para fazer referência ao espaço sideral interplanetário” (Santos 1997), pois traduz 
com maior propriedade o meio no qual todos os coletivos compostos por seres humanos e não-
humanos estão imersos. Como seu significado inclui o conjunto de condições materiais, históricas, 
sociais e culturais, o ProLUGAR utiliza a palavra ambiente em lugar de espaço – cuja conotação 
abstrata ajusta-se perfeitamente para a afirmação dos propósitos e ideais modernistas cuja 
concepção de futuro separa humanos e não-humanos (Latour 2001) – para traduzir com maior 
propriedade o espaço significante ou meio no qual todos os coletivos compostos por seres humanos 
e não-humanos estão imersos. 
Ambiente construído – cf. Ornstein et al (1995: 7), “todo o ambiente erigido, moldado ou adaptado 
pelo homem. São artefatos humanos ou estruturas físicas realizadas ou modificadas pelo homem.” 
Ambiente natural – é o meio pré-existente envolvente dos homens, artefatos e objetos, ou que ainda 
não sofreu as conseqüências da ação humana. 
Análise de Conteúdo – cf. Bardin (1995: 31), “conjunto de técnicas de análise de comunicações” 
cujos princípios se originam na lingüística e na psicologia social. Visam obter indicadores 
quantitativos ou qualitativos, por meio de procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do 
Observando a Qualidade do Lugar: Procedimentos para a Avaliação Pós-Ocupação 
16 
conteúdo das mensagens, para a inferência dos conhecimentos relativos às condições de sua 
produção e/ou recepção. 
APO – avaliação pós-ocupação; é um processo interativo, sistematizado e rigoroso de avaliação de 
desempenho do ambiente construído, passado algum tempo de sua construção e ocupação. Focaliza 
os ocupantes e suas necessidades para avaliar a influência e as conseqüências das decisões 
projetuais no desempenho do ambiente considerado, especialmente aqueles relacionados com a 
percepção e o uso por parte dos diferentes grupos de atores ou agentes envolvidos. 
APP – avaliação pré-projeto; é um processo sistematizado de simulação do desempenho do ambiente 
construído realizado ao longo do processo decisório do projeto (Ornstein et al, 1995) ou após a sua 
conclusão, com o objetivo de identificar, com a ajuda dos futuros ocupantes, possíveis falhas ou 
problemas, tanto para a vida dos ocupantes como para o desempenho do ambiente considerado. 
Muito utilizada pelos ergonomistas, a APP ainda carece de reconhecimento por parte dos arquitetos. 
Atenção ou Consciência – método proposto por Varela, Thompson e Rosch para examinar a 
experiência humana inspirado na meditação atenta da filosofia budista Abhidharma, que reconhece 
a tendência da mente em divagar quando as pessoas estão tentando desempenhar alguma tarefa – 
inclusive durante a observação em uma APO. “As pessoas que meditam descobrem que a mente e o 
corpo não são coordenados. O corpo está parado, mas a mente é com freqüência surpreendida por 
pensamentos, sentimentos, conversas internas, sonhos diurnos, fantasias, sonolência, opiniões, 
teorias, julgamentos sobre pensamentos e sentimentos, julgamentos sobre julgamentos – uma torrente 
interminável de eventos mentais desconectados que aqueles que meditam nem mesmo percebem que 
está ocorrendo, exceto naqueles breves instantes quando se lembram do que estão fazendo.” (Varela; 
Thompson; Rosch 2003: 41) Integrando corpo, mente e ambiente, o observador deve esvaziar a 
mente dos pensamentos e se deixar levar com atenção e naturalidade pelo fluxo das sensações e 
emoções que são experienciadas durante a observação. A experiência do observador que 
experiencia seu corpo, sua mente, os objetos e artefatos e suas relações no ambiente deve ser 
destituída (esvaziada) de qualquer influência da existência real, independente ou permanente, e a sua 
“descrição também funciona como uma recomendação e uma ajuda para a contemplação” (Varela; 
Thompson; Rosch 2003: 231). As técnicas de atenção são projetadas para deslocar a mente das 
amaras da atitude abstrata relacionada com suas teorias e preocupações, para uma situação de 
consciência ou atenção para a própria experiência vivenciada por uma determinada pessoa. 
Atuação – termo proposto por Varela, Thompson e Rosch para caracterizar uma nova abordagem 
para as ciências cognitivas que questiona “explicitamente a pressuposição, prevalente nas ciências 
cognitivas como um todo, de que a cognição consiste na representação de um mundo que é 
independente de nossas capacidades perceptivas, por um sistema cognitivo que existe independente 
desse mundo. Ao invés disto delineamos uma visão de cognição como ação incorporada... “; 
(Varela; Thompson; Rosch 2003: 17). 
Autopoiético – aquilo que nós produzimos, de criação contínua, sendo feito o tempo todo na relação 
com o mundo (Maturana; Varela 1995). 
Cognição – “campo que trata do sujeito cognoscente e da possibilidade de conhecer o/no mundo" 
(Pedro 1996: 5); o termo é usado num sentido amplo como a ação de conhecer ou conhecimento, 
porém seu sentido varia conforme diferentes perspectivas e contextos (neurologia, filosofia, 
psicologia, inteligência artificial)sendo também tradicionalmente aceito como processamento de 
informações sob a forma de computação simbólica ou manipulação de símbolos baseada em regras. 
A evolução dos estudos da mente, ou das ciências cognitivas, a partir dos anos 1950, apresenta três 
principais abordagens que, apesar de terem se desenvolvido em diferentes momentos e de forma 
seqüencial, permanecem coexistindo na pesquisa contemporânea: 
Glossário de termos e conceitos chave 
 17
• Cognitivismo – o modelo da mente computacional considera o cérebro como um computador, 
um sistema físico de símbolos, no qual processos mentais ocorrem pela manipulação de 
representações simbólicas no cérebro. O cognitivismo funcionalista, em seu lado mais extremo, 
sustenta que a incorporação é essencialmente irrelevante na natureza da mente. 
• Conexionismo – surge nos anos 1970 como um desafio à abordagem cognitivista, e tem como 
ferramenta principal a auto-organização da rede neural – não mais símbolos no sentido 
tradicional da computação, mas sistemas dinâmicos não lineares, nos quais ocorrem os 
processos mentais através da emergência de padrões globais de atividades. Como herança do 
cognitivismo, a mente ainda é a região das rotinas inconscientes e sub-pessoais, e a experiência 
humana continua não tendo lugar nesta abordagem. 
• Emergência – o mesmo que conexionismo. 
• Cognição atuacionista – ver abordagem enativa ou atuacionista da cognição. 
Comunicação – cf. Maturana e Varela “como observadores, designamos como comunicativas as 
condutas que ocorrem num acoplamento
13
 social, e como comunicação a coordenação 
comportamental que observamos como resultado dela” (1995: 217) ... “da perspectiva do 
observador, sempre há ambigüidade numa interação comunicativa. O fenômeno da comunicação 
não depende do que se fornece, e sim do que acontece com o receptor. E isso é muito diferente de 
‘transmitir informação’.”(1995: 219). 
Conduta – cf. Maturana e Varela (1995: 167) denominam “as mudanças de postura ou posição de 
um ser vivo que um observador descreve como movimentos ou ações em relação a um determinado 
meio.” 
Deriva Natural – proposição de Maturana e Varela (1995: 147) que se contrapõem à “visão 
popularizada da evolução como um processo em que seres vivos se adaptam progressivamente a um 
mundo ambiental, otimizando sua exploração.” Os autores propõem “que a evolução ocorre como 
um fenômeno de deriva estrutural sob contínua seleção filogênica, em que não há progresso nem 
otimização do uso do meio. Há apenas conservação da adaptação e da autopoiese, num processo 
em que o organismo e meio permanecem em contínuo acoplamento estrutural.” (Maturana; Varela 
1995: 147). 
Ecosofia – frente à sensação de crise ecológica mencionada na introdução, Félix Guattari (2004) 
propõe uma revolução eco-lógica – política, social e cultural – e uma reorientação dos objetivos da 
produção material e imaterial e sugere o conceito de ecosofia, que congrega três ecologias – a 
social, a mental e a ambiental. Segundo Guattari, não é só o planeta que está doente: as relações 
sociais em todos os âmbitos – familiar, trabalho, contexto urbano, etc. – e as do sujeito com sua 
mente e do corpo, com sua identidade e subjetividade, também estão doentes. Para fazer frente à 
uniformização e a banalização promovidas pelas mídias e modismos junto com as manipulações da 
opinião pela publicidade amplificam os efeitos deste contexto globalizante e criam um paradoxo: 
enquanto o desenvolvimento produz novos meios técnico-científicos potencialmente capazes de 
resolver as problemáticas ecológicas dominantes e de re-equilibrar das atividades socialmente úteis, 
aumenta a incapacidade das forças sociais organizadas se apropriarem desses meios para torná-los 
operativos. Em contrapartida, as culturas particulares e outros contatos de cidadania devem ser 
desenvolvidos. A singularidade, a exceção e a diversidade devem agir em uníssono com uma ordem 
estatal menos opressiva e limitante, pois, é “na articulação da subjetividade em estado nascente, do 
 
13
 Apesar de considerarmos a palavra entrelaçamento (ver verbete) mais adequada para expressar o significado pretendido 
pelos autores, nesta citação foi mantida a palavra acoplamento, utilizada pelo tradutor da edição brasileira. 
Observando a Qualidade do Lugar: Procedimentos para a Avaliação Pós-Ocupação 
18 
socius em estado mutante, do meio ambiente no ponto em que pode ser reinventado, que estará em 
jogo a saída das crises maiores de nossa época” (Guattari 2004: 55). 
EDRA – Environment Design Research Association - Associação profissional multidisciplinar criada 
com o propósito de “avançar a pesquisa na arte e na ciência do desenho ambiental, melhorar o 
entendimento dos relacionamentos entre as pessoas e os ambientes construído e natural, ajudando a 
produzir ambientes responsivos para as necessidades do homem.” Informação disponível na página 
da EDRA, em <http://www.telepath.com/edra/>. 
Empatia cognitiva – relação dinâmica indissociável do ser no mundo integrado ao ambiente natural e 
ao mundo humano social. Tipo singular de experiência direta, na qual os indivíduos se relacionam e 
entendem suas experiências e sua compreensão por meio da linguagem (verbal ou não verbal). Na 
empatia entendemos as experiências do outro intersubjetivamente – não uma representação delas – 
sem, entretanto, passarmos pela experiência diretamente. 
Entrelaçamento estrutural – reconhecendo a crítica de Vicente del Rio sobre a inadequação da 
designação acoplamento estrutural utilizada na edição brasileira de A Mente Incorporada (Varela; 
Thompson; Rosch 2003) para traduzir a palavra inglesa coupling – que também significa 
acoplamento, acasalamento – tem um forte caráter funcionalista, o ProLUGAR passou a utilizar a 
palavra entrelaçamento estrutural. Enquanto sistemas estruturais complexos, o cérebro se entrelaça 
estruturalmente ao corpo que, por sua vez, se entrelaça estruturalmente ao ambiente, produzindo 
interações que desencadeiam mudanças determinadas em cada sistema estrutural em si. Maturana 
(2001:75) propõe a seguinte analogia para seu melhor entendimento: “a cada um de nós acontece 
algo nas interações que diz respeito a nós mesmos, e não com o outro. E o que vocês escutam do 
que digo tem a ver com vocês e não comigo. Eu sou maravilhosamente irresponsável sobre o que 
vocês escutam, mas sou totalmente responsável sobre o que eu digo”. 
Espaço – cf. Corona e Lemos (1972: 198), “em arquitetura, expressa antes de tudo sua condição 
tridimensional ou seja, a possibilidade do homem participar de seu interior.” Os autores reportam a 
Bruno Zevi, que considerava espaço como o verdadeiro campo da arquitetura que possibilitou à 
arquitetura moderna afastar a preponderância decorativa, escultórica, etc. Cf. Dicionário Houaiss 
Eletrônico, “extensão ideal, sem limites, que contém todas as extensões finitas e todos os corpos ou 
objetos existentes ou possíveis”. Palavra de uso generalizado (e impreciso) entre os arquitetos para 
caracterizar o meio envolvente dos homens, artefatos e objetos. Em nossos trabalhos, utilizamos a 
palavra ambiente, mais apropriada para caracterizar o meio envolvente das relações entre homens, 
artefatos e objetos, inclusive sua espacialidade. 
Explicação – cf. Maturana (2001: 29), “nem toda reformulação da experiência é uma explicação. 
Uma explicação é uma reformulação da experiência aceita por um observador.” 
Explicar – cf. Maturana (2001: 28-29) “O explicar é sempre uma reformulação da experiência que se 
explica, mas nem toda reformulação da experiência é uma explicação. Uma explicação é uma 
reformulação da experiência aceita por um observador.” 
Imagem Ambiental – cf. Lynch (1982: 149) “a imagem ambiental é um processo bilateral entre 
observador e observado. O que ele vê é baseadona forma exterior, mas o modo como ele interpreta 
e organiza isso, e como dirige sua atenção, afeta por sua vez aquilo que ele vê. O organismo 
humano é extremamente adaptável e flexível, e grupos diferentes podem ter imagens muitíssimo 
diferentes da mesma realidade exterior.” 
Imageabilidade – cf. Lynch (1980), qualidade ou força evocativa da imagem de um edifício ou 
ambiente e de seu entorno, em termos de aparência, legibilidade e visibilidade. 
Glossário de termos e conceitos chave 
 19
Impregnação – cf. Cosnier (2001), período inicial da pesquisa de campo, quando o pesquisador 
permanece no ambiente apenas observando, se familiarizando e permitindo que o ambiente também 
se “familiarize” com a sua presença, a exemplo do que foi utilizado por Brasileiro (2007), no âmbito 
das pesquisas desenvolvidas pelo Grupo de Pesquisas Arquitetura, Subjetividade e Cultura (ASC ), 
<http://www.asc.fau.ufrj.br>. 
Intencionalidade – ou direcionamento da ação, é fundamental para compreender a cognição como 
ação incorporada. Cf. Varela, Thompson e Rosch (2003: 209), “a intencionalidade tem dois lados: 
primeiro, ... inclui como o sistema produz o mundo que vem a ser (especificado em termos de 
conteúdo semântico dos estados intencionais); segundo, ... inclui como o mundo satisfaz ou deixa de 
satisfazer esse constructo (especificado em termos das condições de satisfação dos estados 
intencionais).” 
Intersubjetividade – relação indissociável e subjetiva que ocorre nas interações homem-ambiente 
(Thompson 1999). 
Interação – cf. Morin (1996), conjunto de relações, ações e retroações que se efetuam e se realizam 
em um sistema; Cf. Damásio (1996: 255), “o organismo inteiro, e não apenas o corpo ou o cérebro, 
interage com o meio ambiente ... quando vemos, ouvimos, tocamos, saboreamos ou cheiramos, o 
corpo e o cérebro participam na interação com o meio ambiente.” 
Interpretação – em lugar de representação, a abordagem experiencial trabalha com a idéia de 
interpretação, atividade de configuração em que alguns aspectos se tornam relevantes porque nós os 
fazemos emergir de nossa experiência que, para ter validade, deve ser confrontada com o senso 
comum (Pedro 1996). 
Linguagem – cf. Maturana e Varela (1995: 235), ”operamos na linguagem quando um observador 
vê que os objetos de nossas distinções são elementos de nosso domínio lingüístico.” 
Lugar – ambiente ou espaço físico ocupado pelo homem e por objetos que adquire significado a 
partir da experiência, da memória, da história, das inter-relações sociais e humanas; base existencial 
humana, também considerado lugar fenomenológico. 
Meio – cf. Milton Santos, vocábulo relativamente abandonado pela geografia que, com “os 
progressos no conhecimento das galáxias, a palavra ‘espaço’ passou a ser utilizada com maior 
ênfase para o espaço sideral interplanetário. Também nesta fase da pós-modernidade, a mesma 
palavra ‘espaço’ ganhou um uso crescentemente metafórico em diversas disciplinas.” (Santos 
1997:1) “O meio resulta de uma adaptação sucessiva da face da Terra às necessidades dos homens. 
Nos primórdios da história registravam-se alterações isoladas, ao sabor das civilizações emergentes, 
até que o processo de internacionalização cria em diversos lugares feições semelhantes. Agora, 
conhecemos uma tendência à generalização à escala do mundo dos mesmos objetos geográficos e 
das mesmas paisagens.” (Santos 1997:1). 
Método dialético – proposto por Sandra Corazza, o método considera que “o processo de construção 
do conhecimento é um processo de transformação da realidade que se dá em três diferentes etapas: 
(1) parte do conhecimento prático ou empírico (síncrese), (2) teoriza sobre esta prática (análise), e (3) 
volta à prática para transformá-la (síntese)” (Rheingantz 2003). 
Narrativa imagética – narrativa da experiência através de imagens, desenhos ou modelos 
tridimensionais. 
Objetividade entre parênteses – no caminho da objetividade entre parênteses, o observador não 
pode fazer referência a entidades independentes de si na construção do seu explicar, pois "a 
explicação é uma reformulação da experiência com elementos da experiência" (Maturana 2001: 36). 
Observando a Qualidade do Lugar: Procedimentos para a Avaliação Pós-Ocupação 
20 
Objetividade sem parênteses – no caminho da objetividade sem parênteses as coisas e os fenômenos 
ocorrem independentemente do observador – ou seja, a existência precede à distinção. Nele só há 
uma realidade que é objetiva, independente e requer obediência e aceitação. (Maturana 2001: 36). 
Observação incorporada – modo de operacionalização e aplicação da Cognição Experiencial; pode 
ser definida como um encadeamento de associações dependentes do contexto que, em conjunto, 
configuram um ponto-de-vista aproximado e particular da experiência vivenciada por um observador 
ou grupo de observadores em um determinado ambiente ou conjunto de ambientes. O observador 
no ambiente "torna-se" um mundo que não pode ser “representado” a priori. O sucesso de uma 
experiência vivencial e local não deve ser entendido como uma verdade que possa vir a ser estendida 
a contextos diferentes e mais amplos. Como o observador está sempre imerso no ambiente, sua 
compreensão será sempre local ou situada. A atividade dos homens no mundo possibilita que eles 
criem padrões que são comparados aos já existentes (senso comum). Esta operação modifica tanto 
os padrões iniciais, quanto as próprias operações de comparação que acontecem durante a 
observação e, assim, indefinidamente. Nesse sentido, a observação, por ser um ato cognitivo, é 
sempre criadora (Pedro 1996). 
Olhar Compartilhado - conjunto de concepções, valores, percepções e práticas compartilhadas por 
um determinado grupo que dá forma a uma visão particular da realidade; configuração 
multidimensional do paradigma pós-moderno de Boaventura Santos (1995), de modo a assegurar 
maior coerência e racionalidade na definição dos atributos e do seu grau de importância. 
Percepção – diferentemente do que sugerem autores alinhados com o pensamento de Gibson (1979) 
– que o ambiente é independente e que a percepção é detecção direta, as abordagens atuacionista 
da cognição e experiencial consideram que o ambiente é atuado por histórias de entrelaçamento, e 
que “a percepção é atuação sensório-motora” (Varela; Thompson; Rosch 2003), ou seja, é uma 
ação orientada perceptivamente. Modo como o observador orienta suas ações em situações locais, 
por meio de sua estrutura sensório motora; princípios comuns ou conexões lícitas entre os sistemas 
sensorial e motor que explicam como a ação pode ser orientada perceptivamente em um mundo 
dependente de um sujeito percipiente. (in Cadernos de Subjetividade: O reencantamento do 
concreto). 
Percepção ambiental – processo recursivo de interação homem-ambiente que permite ao homem 
influenciar ou atuar sobre o ambiente como ser por ele influenciado ou atuado. Os homens, os 
artefatos e os ambientes são sujeitos que se co-produzem cotidianamente. 
PROARQ-FAU-UFRJ – Programa de Pós-Graduação em Arquitetura - Faculdade de Arquitetura e 
Urbanismo - Universidade Federal do Rio de Janeiro. 
ProLUGAR – sigla do grupo de pesquisas certificado pelo CNPq Qualidade do Lugar e Paisagem; 
vinculado à linha de pesquisa Cultura, Paisagem e Ambiente Construído do Programa de Pós-
Graduação em Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PROARQ-FAU-UFRJ), que 
desenvolve pesquisas relacionadas com a percepção e a cognição ambiental, a qualidade do lugar e 
com seus reflexos na arquitetura e no urbanismo. 
Psicogeografia do lugar – na Teoria da Deriva, a psicogeografia do lugar é constituída pelo relevo 
das cidades com correntes, pontos fixos e turbilhões e que relata as emoções do observador de um 
percurso qualquer. 
Qualidade do lugar – cf. del Rio (2001), principal atributo ou conjunto de atributosde um ambiente 
construído que atrai as pessoas, sejam elas moradores, usuários ou visitantes. Numa cidade, a 
qualidade do lugar determina preferências e expectativas, atratibilidades variadas, inserções em guias 
turísticos, valorizações fundiárias e comerciais. O autor também observa que o ser humano sempre 
Glossário de termos e conceitos chave 
 21
atentou para a qualidade dos lugares e, desde a antiguidade, busca explicações mágicas ou 
científicas. Segundo Norberg-Schulz (1980), os antigos romanos acreditavam que todo lugar era 
possuído por um genius loci – espírito próprio que o animava e protegia – que representava a 
energia, o princípio de unidade e a continuidade do lugar. A dificuldade de explicar a qualidade do 
lugar em toda a sua plenitude levou Christopher Alexander (1979) a designá-lo qualidade sem nome. 
Representação - a idéia de representação presente nos estudos das relações homem-ambiente 
implica no entendimento de um mundo pré-determinado e incompleto, uma vez que deixa de fora 
justamente a possibilidade de formular questões relacionadas com a experiência que é produzida 
nestas relações. A noção de representação, entendida como constructo pelos cognitivistas – que 
subentende a possibilidade de construir ou representar o mundo de determinada forma, como um 
padrão ou sistema que age com base em imagens mentais internas, independentes do mundo vivido 
– é questionada pela proposta atuacionista da cognição (Varela et al 2003). Em lugar da 
representação, a abordagem experiencial trabalha com a interpretação. 
Representação mental – cf. Damásio (1996: 259), resposta construída pelo cérebro humano para 
descrever uma determinada situação e os movimentos formulados como resposta a esta situação, 
que dependem de interações mútuas cérebro-corpo. Segundo as abordagens atuacionista da 
cognição e experiencial, esta resposta ou idéia é imperfeita e incompleta para caracterizar as 
relações homem-ambiente, uma vez que o corpo e o ambiente passam a ser tratados como simples 
coadjuvantes. Ambos são, na verdade, sujeitos que se co-produzem cotidianamente. 
Requalificação – atribuição de uma nova qualidade ao ambiente ou “rosário de intervenções de 
diferentes naturezas que conferem uma nova qualidade urbana.” (Yázigi 2006: 19). 
Subjetividade – cf. Guattari (apud Castro 2008: 49) efeito das conexões de uma rede. É importante 
frisar que a “subjetividade” aqui não se confunde com “individualidade”. 
Topofilia – palavra cunhada por Tuan (1980) para traduzir o sentimento ou o grau de familiaridade 
que faz com que as pessoas se afeiçoem e sejam atraídas por um determinado lugar , diretamente 
relacionado com seus afetos, valores, emoções e com a sua condição sócio-histórica-cultural. 
Traduzir – cf. Law (2008) é fazer conexão, é “se ligar a”, e também supõe percepção, interpretação e 
apropriação. Estão envolvidas nesta dinâmica tanto a ‘possibilidade de equivalência’ quanto a 
‘transformação’(Castro 2008). Foi utilizada neste livro por ser mais adequada para caracterizar a 
negociação ou a comunicação entre o observador e o usuário, uma vez que ela também pressupõe a 
possibilidade de vir a ser recusada, negociada ou até mesmo ser novamente traduzida. 
Walkthrough - palavra da língua Inglesa que pode ser traduzida como passeio ou entrevista 
acompanhado. Em função do reconhecimento mundial, inclusive por parte dos pesquisadores 
brasileiros, foi mantida a sua designação original em Inglês. Alguns autores acrescentam a palavra 
Entrevista – Walkthrough-Interview (Brill et al, 1985), Avaliação – Walkthrough-Evaluation (Preiser et 
al 1988), Análise (Rheingantz 2000), ou ainda Passeio (del Rio 1991). 
 
 
 
 
 
 
Observando a Qualidade do Lugar: Procedimentos para a Avaliação Pós-Ocupação 
22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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23 
WALKTHROUGH14 
Introdução 
Método de análise que combina simultaneamente uma observação com uma entrevista, a 
walkthrough tem sido muito utilizada na avaliação de desempenho do ambiente construído e na 
programação arquitetônica. Possibilita a identificação descritiva dos aspectos negativos e positivos 
dos ambientes analisados. Segundo Preiser (in Baird et al 1995), em uma walkthrough os aspectos 
físicos servem para articular as reações dos participantes em relação ao ambiente. O percurso 
dialogado abrangendo todos os ambientes, complementado por fotografias, croquis gerais e 
gravação de áudio e de vídeo, possibilita que os observadores se familiarizem com a edificação, com 
sua construção, com seu estado de conservação e com seus usos. 
Fundamentos 
Segundo Zeisel (1981), a primeira Walkthrough foi realizada por Kevin Lynch (1960) em Boston, 
quando convidou os grupos de respondentes voluntários para um passeio-entrevista pela área central 
da cidade. 
Esses mesmos voluntários foram levados a campo para fazerem um dos primeiros trajetos imaginários: 
aquele que vai do Hospital Geral de Massachusetts à Estação Sul. Estavam acompanhados pelo 
entrevistador, que usava um gravador portátil. Pedia-se ao entrevistado que seguisse à frente, discutisse 
por que escolhera determinado caminho, relatasse o que via ao longo do trajeto e indicasse os pontos 
onde se sentia seguro ou perdido (Lynch 1997: 164). 
Durante os anos 60 seguiram-se algumas experiências acadêmicas com grupos de alunos, em sua 
maioria não publicadas (Bechtel 1997), mas seu reconhecimento científico ocorreu nos anos 60 e 70 
com o advento da Psicologia Ambiental e com a organização, em 1968, da EDRA – Environment 
Design Research Association15 – acompanhando a consolidação conceitual e de procedimentos da 
APO. 
Aplicações e limitações 
Por ser relativamente fácil e rápida de aplicar, a walkthrough tem sido muito utilizada em APOs. Em 
geral, ela precede a todos os estudos e levantamentos, sendo bastante útil para identificar as 
principais qualidades e defeitos de um determinado ambiente construído e de seu uso. Sua realização 
permite identificar, descrever e hierarquizar quais aspectos deste ambiente ou de seu uso merecem 
estudos mais aprofundados e quais técnicas e instrumentos devem ser utilizados. Além disso, ela 
também permite identificar as falhas, os problemas e os aspectos positivos do ambiente analisado. 
Inicialmente deve-se formar uma equipe composta por especialistas e por representantes dos diversos 
grupos de usuários do ambiente construído. Munidos de plantas e fichas de registro (Figs. 1 e 2), os 
observadores realizam uma entrevista-percurso de reconhecimento ou ambientação, abrangendo 
todos os ambientes considerados no estudo. Para registrar as descobertas, podem ser utilizadas 
diversas técnicas de registro, como por exemplo, mapas, plantas, check-lists, gravações de áudio e de 
vídeo, fotografias, desenhos, diários, fichas, etc. 
 
14 Palavra da língua Inglesa que pode ser traduzida como passeio ou entrevista acompanhado. Em função do 
reconhecimento mundial, inclusive por parte dos pesquisadores brasileiros, foi mantida a sua designação original em Inglês. 
Alguns autores acrescentam a palavra Entrevista – Walkthrough-Interview (Brill et al 1985), Avaliação – Walkthrough-
Evaluation (Preiser et al 1988), Análise Walkthrough, (Rheingantz 2000), ou ainda Passeio Walkthrough (del Rio 1991). 
15 Associação profissional multidisciplinar criada com o propósito de “avançar a pesquisa na arte e na ciência do desenho 
ambiental, melhorar o entendimento dos relacionamentos entre as pessoas e os ambientes construído e natural, ajudando a 
produzir ambientes responsivos para as necessidades do homem.” Informação disponível na página da EDRA, em 
<http://www.telepath.com/edra/ >, consultarealizada em 20 abr. 2000. 
Observando a Qualidade do Lugar: Procedimentos para a Avaliação Pós-Ocupação 
 24
SETORES 
 
ATRIBUTOS
 
(Ambiente único) 
 
ÁREAS ÁREAS DE TRABALHO ÁREAS DE APOIO 
1. GERAL [g] 
1.1 SINALIZAÇÃO - - - - - - - - - - - B - B - 
1.2 CONFORTO TÉRMICO B B B A B B C A A A A D B D D 
1.3 CONFORTO AERÓBICO A A A A A B A A A B A B B B B 
1.4 ILUMINAÇÃO NATURAL C B B A A B A B A D A - C - - 
1.5 ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL A A A A A A A A A C A B A B B 
1.6 ACÚSTICA AMBIENTE D D D D D C D D D C A C C C B 
1.7 APARÊNCIA B B B A A A C B B B A C A B A 
2. PAREDES / DIVISÓRIAS 1-Inexist. 2-Divisória 3-Madeira 4-Lamin. 5-Papel 6-Pintura 7-Azulejo 
2.1 MAT. REVESTIMENTO 2 6 6 2 2 2/6 2 1 8 1 
6/
8 6 
2/
6 7 
6/
7 
2.2 APARENC. / CONSERV.[g] A A A A A A A - A - A A A B A 
2.3 ADEQUAÇÃO [g] A A A A A A A - A - A A A C A 
3. TETOS 2-Gesso 3-Pacote 4-Colméia 5-Pintura 
3.1 MAT. REVESTIMENTO 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2/4 2 2 2 2 2 
3.2 APARÊNC. / CONSERV.[g] A A A A A A A B A C A A A A A 
3.3 ADEQUAÇÃO [g] A A A A A A A A A C A A A A A 
4. PISOS ACABADOS 1-Taco 2-Vinílico 3-Cerâmico 5-Carpete 9-Fórmica 
4.1 MAT. REVESTIMENTO 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 
4.2 APARÊNC./ CONSERV. [g] A A A A A A A A A A A A A A A 
4.3 ADEQUAÇÃO A A A A A A A A A A A A A A A 
5. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS 
1=Embutida 2=Aparente 3=Mista 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 
5.1 TOMADA/INTERRUP. [g] B B B B B B B B B B A A B A A 
5.2 LUMINÁRIAS [g] A A A A A A A A A A A A A A A 
6. INSTALAÇÕES TELEFÔNICAS 
1=Embutida 2=Aparente 3=Mista 2 2 2 2 2 - 2 2 2 2 2 1 - - - 
6.1 APARÊNC./CONSERV. [g] A A A A A - A A A A A A - - - 
7. REDE DE COMPUTADOR 
1=Embutida 2=Aparente 2 2 2 2 2 - 2 2 2 2 2 - - - - 
8 . ESQUADRIAS 
8.1 PORTAS - APARÊNC. [g] A - - - - B - A A A A A B B A 
8.2 JANELAS - APARÊNC. [g] A A - A A - A A A A A - - - - 
9. EQUIPAMENTOS (QUANTIDADE) 
9.1 TELEFONE 2 4 2 1 3 - 2 1 1 2 1 1 - - - 
9.2 FAX - - - - - - - - - 1 - - - - - 
9.3 COMPUTADOR 2 4 2 1 3 1 3 1 1 2 1 - - - - 
9.4 IMPRESSORA - 1 - - - 1 - - - 1 1 - - - - 
9.5 COPIADORA - 1 - - - 1 - - - - 1 - - - - 
9.6 TELEVISÃO - 1 - - - - - - - - - - - - - 
9.7 GELADEIRA - - - - - - - - - - - 1 - - - 
9.8 APARELHO AR COND. - 1 - - - - - X - X X - - - - 
9.9 MÁQUINA DE ESCREVER - - - - - - - - - - - - - 1 - 
9.10 SCANNER - - - - - - - - - - - - - - - 
Grau de Avaliação [g]: A = Muoito Bom B = Telativ. Bom C = Relativ. Ruim D = MUitp Ruim X = não se aplica 
 OBS: X → saída do ar condicionado central 
 Usuários por área: 
Administrativo → V.T., V.M. e F.A Área V. → V., M.F., A.L. e S. Jurídico → F.C. (adv.), C. e T. 
Cobrança (sala de reunião) → C.N. e H. Financeiro → N. e A.R. Copa → G 
Figura 1 - Ficha de Avaliação Fatores Técnicos. Fonte: Abrantes (2004: 185) 
Walkthrough 
 25
 
Figura 2 – Ficha de Inventário Ambiental preenchida – APO Colégio Aplicação da UFRJ. Fonte: del Rio et al (1999) 
 
Por ser um instrumento flexível, a walkthrough possibilita o emprego de diversas abordagens ou 
procedimentos. Em sua forma mais estruturada (Brill et al 1985), são utilizados dois tipos de grupos: 
grupos de tarefas e grupos de participantes. 
Os grupos de tarefas são compostos pelos líderes de grupo que planejam, conduzem e relatam o 
processo da walkthrough. Estes grupos têm como objetivos motivar os participantes a discutirem 
questões que forem surgindo durante a walkthrough, bem como propor recomendações e ações para 
resolvê-los. Durante a walkthrough, um membro conduz o trajeto pelo edifício e faz perguntas 
geradoras de comentários sobre o edifício e as suas características, sobre sua operação e uso. Um 
segundo membro registra os comentários e notas, bem como onde cada problema se localiza (Fig. 
3). O terceiro fica responsável pelas fotografias e pela ordenação e registro dos comentários. 
Observando a Qualidade do Lugar: Procedimentos para a Avaliação Pós-Ocupação 
 26
 
Figura 3 - Ficha de Observação Walkthrough preenchida. Fonte: Souza (2003: Anexo) 
Walkthrough 
 27
Já nos grupos de participantes, cada grupo tem funções e interesses diversos com relação ao edifício, 
à sua operação e uso. Os grupos de participantes mais comuns são formados por gerentes, 
funcionários, visitantes, pessoal de manutenção e de reparo, pessoal de segurança, projetistas, de 
proprietários e administradores do edifício. Se o número de participantes for pequeno (seis ou 
menos), um grupo walkthrough único pode incluir todos eles. Se for muito maior, pode ser 
conveniente formar outros grupos mais representativos do total de participantes. 
Uma segunda abordagem (Baird et al 1985) subdivide a tarefa em quatro procedimentos que, tanto 
podem ser aplicados em conjunto, como isoladamente: Walkthrough Geral, Walkthrough de 
Auditoria de Energia, Walkthrough de Especialistas e Passeio Walkthrough. 
Em uma Walkthrough Geral são utilizados grupos de técnicas da Walkthrough de edifícios ou 
ambientes. Esta técnica pode ser utilizada de diversos modos, tanto na avaliação de edifícios como 
de lugares urbanos e, a exemplo do grupo de participantes, pode envolver os usuários ou outros 
grupos de interesses mais específicos, como especialistas, ou administradores. Eles utilizam o próprio 
ambiente físico como estímulo para auxiliar os respondentes a articularem suas reações a este 
ambiente. Sua finalidade típica inclui a escolha de informações dos participantes da Walkthrough e 
de outros usuários, bem como levar a efeito avaliações técnicas do referido ambiente. Walkthroughs 
gerais podem servir de base para a construção de questionários ou outros tipos de observações mais 
específicas. 
Já uma Walkthrough de Auditoria de Energia, de um edifício, por exemplo, tem como propósito 
específico avaliar seu desempenho energético e de identificar oportunidades para o gerenciamento e 
a conservação de energia.16 
Já em uma Walkthrough de Especialistas, conforme o próprio nome sugere, organiza-se um grupo de 
especialistas cuja composição tanto pode ficar em aberto como ser previamente definida para 
examinar um conjunto determinado de aspectos de um ambiente ou edifício, tais como condições 
físicas, utilidade de algum aspecto, fator ou atributo específico. Em geral, nestas walkthroughs são 
utilizadas check-lists (Fig. 4), bem como entrevistas formais ou informais com os usuários no próprio 
local. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 Baird et al (1995) indicam um documento do Ministério de Energia da Nova Zelândia: Ministry of Energy, Energy 
Management Group. Public Organization Energy Audit Manual. Wellington, Nova Zelândia: Ministtry of Energy, 1988. 
Observando a Qualidade do Lugar: Procedimentos para a Avaliação Pós-Ocupação 
 28
2 DIVISÕES INTERNAS A B C D
 ALVENARIA DIVISÓRIA ALTA DIVISÓRIA BAIXA NENHUMA 
2.1 JUNTAS E FIXAÇÕES 
2.2 APARÊNCIA 
 2.2.1. DESGASTE / ARRANHÕES / MANCHAS 
 2.2.2. ESTADO DE CONSERVAÇÃO 
2.3 FACILIDADE DE MANUTENÇÃO 
3. TETOS A B C D 
3.1 NIVELAMENTO 
3.2 APARÊNCIA 
 3.2.1. ARRANHÕES / MANCHAS 
 3.2.2. PARTÍCULAS/PELÍCULAS DESCASCANDO 
 3.2.3 ESTADO DE CONSERVAÇÃO 
3.3 FACILIDADE DE MANUTENÇÃO 
3.4 ACESSO AO VÃO INTERNO 
4. PISOS A B C D
MADEIRA CARPETE VINÍLICO CERÂMICO PEDRA 
4.1 NIVELAMENTO 
4.2 APARÊNCIA 
 4.2.1. ARRANHÕES / MANCHAS 
 4.2.2. PARTES SOLTAS 
 4.2.3 ESTADO DE CONSERVAÇÃO 
4.3 RESISTÊNCIA A CIGARRO 
4.4 DESGASTE 
4.5 ADERÊNCIA 
4.6FACILIDADE DE MANUTENÇÃO 
4.7 SEGURANÇA CONTRA ESCORREGÕES 
Avaliação: A = MUITO BOM B = BOM C = RUIM D = MUITO RUIM 
Figura 4 - Checklist de fatores funcionais – divisões internas, tetos e pisos) Fonte: Adaptado de Preiser et al (1988) 
Por fim, o Passeio Walkthrough – modalidade mais utilizada nas APOs realizadas pelos integrantes do 
grupo APO/ProLUGAR – baseia-se no uso do ambiente físico como elemento capaz de ajudar os 
respondentes – tanto pesquisadores e/ou técnicos, quanto os usuários – na articulação de suas 
reações e sensações em relação ao edifício ou ambiente a ser analisado. 
Inspirados em del Rio (1991), os Passeios Walkthroughs realizados pelos integrantes do 
APO/ProLUGAR (Rheingantz et al 1998) têm adotado a abordagem de Zube (1980), que considera 
as experiências e emoções vivenciadas pelos usuários e pesquisadores como “instrumentos de 
medição” e de “identificação da qualidade” dos ambientes. Este procedimento simplifica e agiliza as 
walkthroughs em relação às recomendações de Brill et al (1985) e Baird et al (1995). De um modo 
geral, estas walkthroughs são realizadas por duplas de pesquisadores. Antes de ir a campo, são 
preparadas plantas baixas em escala 1/50 impressas em papel sulfite formato A3 ou A4, para 
facilitar seu manuseio em campo – em edificações com plantas muito extensas, as plantas são 
seccionadas em setores; eventualmente podem ser necessários cortes esquemáticos. Durante os 
percursos, enquanto os dois observam e analisam entre si os ambientes, um deles tira fotografias 
e/ou grava em áudio os comentários; o outro anota nas plantas baixas as observações e visadas das 
fotografias. Quando o percurso é realizado por um único pesquisador, recomenda-se a realização de 
dois percursos em sequência, um para anotar os resultados das observações e/ou gravar em áudio 
os comentários, outro para fazer as fotografias. Depois do trabalho de campo, as observações são 
lançadas em uma matriz composta de plantas baixas, fotografias e comentários (Fig 5). 
Esta simplificação de procedimentos torna-se particularmente importante nos trabalhos acadêmicos, 
cujos interesses e demandas emergem dos próprios pesquisadores, e não de uma demanda real e 
Walkthrough 
 29
concreta dos usuários dos ambientes observados. Como resultado, surge uma espécie de 
“consentimento tolerante” por parte dos usuários, que disponibilizam seus ambientes para as 
avaliações de desempenho, mas que dificilmente se envolvem eles próprios com os trabalhos de 
campo, se caracterizando numa das primeiras limitações da walkthrough. 
Outra limitação muito comum em uma walkthrough se deve a eventuais restrições de acesso dos 
pesquisadores aos ambientes, seja por riscos de contaminação – tanto do ambiente (centros 
cirúrgicos, laboratórios, centros de pesquisa das áreas biomédicas) quanto dos próprios 
pesquisadores (laboratórios e alas de doenças infecto-contagiosas em hospitais) – seja por receio de 
espionagem industrial. 
De mesma origem é a dificuldade, nestes trabalhos acadêmicos, de se formar equipes 
multidisciplinares ou de especialistas, uma vez que, em geral, são os próprios pesquisadores – 
estudantes de mestrado, de doutorado e/ou bolsistas de iniciação científica – que realizam as 
observações. Apesar destas limitações, deve ser mencionado que os resultados das observações 
realizadas pelo APO/ProLUGAR têm sido ricos e significantes em informações. 
Com relação à postura dos observadores, existem duas vertentes distintas: a primeira, alinhada com 
a abordagem clássica, que recomenda distanciamento crítico do observador com relação ao 
ambiente, e a segunda, alinhada com a abordagem experiencial, se baseia na impossibilidade do 
distanciamento crítico e recomenda que os observadores atentem e anotem as próprias emoções e 
reações experienciadas durante suas interações com o ambiente. 
Para melhor ilustrar a diferença entre as duas posturas e seus reflexos nos resultados, a seguir são 
apresentados dois relatos, respectivamente alinhados com a primeira abordagem, 
Condicionada pela aparência e pelo estado geral de aparente abandono, e apesar do evidente afeto 
expressado pelos funcionários com relação ao edifício – especialmente por seu reconhecido valor 
histórico, sua solidez e sua localização – a imagem percebida, por parte dos funcionários, é negativa e 
pouco condizente com a natureza e a importância estratégica do INPI; outro aspecto evidenciado foi o 
ceticismo dos funcionários com relação à quantidade de projetos de modernização e de reforma 
contratados e não implementados – a esperança de melhorias mistura-se com a descrença e a reserva 
e/ou o receio com a possibilidade de mudança para um outro local (Rheingantz 2000: 09).17 
e com a segunda abordagem: 
Levando em consideração que o setor de Informática ainda não está funcionando, e portanto, não há 
um fluxo grande para lá, fui pesquisar como seria o visual do canto entre a porta e a janela; tenho 
visão parcial de [A] e total de [B], mas pelas suas costas, fato que o incomodou bastante, eu noto. Só 
de eu me deslocar para lá sem nada, sem material, só eu, e ter ficado lá perto de um minuto, já foi 
suficiente para ele olhar para trás para ver o que eu estava fazendo. Logo depois, [A] reclamou da 
organização das pastas sobre o arquivo metálico, falou com [C] que não podia ficar desse modo; [A] 
fala de forma ríspida, causa um ‘clima’. [C], embora tenha se mantido respeitoso todo o tempo, foi 
incisivo também, ajudando a intensificar o clima. [B], lá de trás, faz ssshhh com os lábios, e eu 
lamento, sei que minha presença ainda os inibe, fato que não gostaria que acontecesse... ai, estou 
com dor nas costas, hoje tomei cataflan mas não adiantou muito, vou comprar um dorflex mesmo, 
assim também serve para a dor muscular (Brasileiro, 2006: não paginado). 
 
 
17 Este exemplo foi intencionalmente transcrito da tese de Rheingantz (2000) para reforçar que os pesquisadores do 
ProLUGAR, em diversas situações, e em função da natureza das demandas, como por exemplo as APOs com ênfase nos 
aspectos funcionais e técnicos adotam em parte ou totalmente a abordagem clássica. 
Observando a Qualidade do Lugar: Procedimentos para a Avaliação Pós-Ocupação 
 30
 
Figura 5 - Análise Walkthrough: Síntese das observações – Creche no Rio de Janeiro. Fonte: Santos et al (2005) 
Recomendações e cuidados 
Para que membros dos grupos de tarefa possam conduzir adequadamente uma walkthrough, é 
preciso que se submetam a um treinamento com especialistas familiarizados com o método. 
Inicialmente o treinamento deve cobrir duas áreas: (a) objetivos, contexto e assuntos ou tópicos 
prováveis para o evento; (b) a natureza real da walkthrough e do treinamento, técnicas para fazer 
perguntas e registrar respostas, e o desenvolvimento e uso das fichas e formulários necessários. 
Os ministrantes devem simular a condução de um passeio tendo como participantes os membros dos 
grupos de tarefas, para que eles possam praticar e testar suas habilidades. A primeira Walkthrough , por 
sua vez, deve ser conduzida com a orientação de um pesquisador experiente, seguida de uma revisão, 
para auxiliar os grupos de tarefas a melhor conduzirem os trabalhos subsequentes. 
Walkthrough 
 31
Planejamento 
No planejamento e na montagem de uma walkthrough, Brill et al (1985: 242) indicam alguns 
procedimentos ou cuidados importantes: 
• Definir o grupo de trabalho. 
• No caso de mais de um edifício ou ambiente, selecionar os edifícios e ambientes a serem 
percorridos, bem como definir a ordem sequencial dos percursos. 
• Informar os departamentos ou setores envolvidos com a walkthrough, buscando a sua cooperação 
e consentimento/permissão. 
• Verificar a disponibilidade de recursos para realizar as melhorias e reformas necessárias paraimplementar os benefícios de modo a que os usuários ou respondentes percebam e se beneficiem 
desta experiência/participação. A concretização destes benefícios possibilita que os participantes 
acreditem nas vantagens de participar do processo de avaliação. 
• Treinar o grupo de trabalho na preparação e na programação da walkthrough. 
• Propor os grupos de participantes; em geral, seis a dez grupos de até cinco pessoas cada são 
suficientes. Quando a população envolvida for muito grande, são utilizados múltiplos grupos. 
Neste caso, são constituídos dois a três grupos para cada 100 pessoas, tais como: pessoal de 
suporte, funcionários de escritório, pessoal de segurança, etc. 
• Explicar aos participantes o que se espera deles em termos de melhorias, de feedback ou 
resultados, de oportunidade de comunicar-se e de serem ouvidos e, se necessário, a sua 
remuneração durante o trabalho. 
• Determinar/estimar o tempo de realização da própria walkthrough e quantos grupos vão realizar o 
percurso – recomendável de 6 a 10 – e quanto tempo cada um deve durar. Para edifícios ou 
ambientes maiores, mais complexos e/ou mais populosos, será necessário mais tempo. 
• Prever e incluir o tempo necessário para fotografar e medir – entre 2 e 6 horas. Isto pode ser 
realizado durante a própria walkthrough, ou por cada participante ou grupo, imediatamente após 
a mesma. 
• Prever e incluir o tempo necessário para preparar os arquivos e registros dos métodos, dos 
participantes e dos resultados – em geral, em uma walkthrough de pequeno porte, a previsão é de 
duas pessoas por dia. 
• Verificar limitações e impedimentos (datas, tempo, acesso a ambientes, disponibilidade dos 
usuários, etc.). 
• Preparar um plano ou roteiro de trabalho que explicite: quem faz o que, quando e onde. 
 
Organização dos participantes: 
• O objetivo é poder contar com as pessoas certas no lugar certo e no momento oportuno. Também 
é conveniente ter como exemplo um relatório já concluído, com o objetivo de orientar passo-a-
passo o processo da Walkthrough – esta medida é particularmente eficaz quando os grupos de 
participantes são formados exclusivamente por usuários. 
• Na composição dos grupos de participantes, é conveniente contar com a ajuda da instituição 
contratante, para evitar a participação de pessoas com tendência a dominar ou a interromper 
Observando a Qualidade do Lugar: Procedimentos para a Avaliação Pós-Ocupação 
 32
desnecessariamente os outros nos trabalhos de grupo, bem como para assegurar a variedade de 
experiências, contextos e opiniões em cada grupo. 
• Confirmar com alguns dias de antecedência a presença das pessoas nos encontros ou reuniões de 
trabalho. 
• Finalizar o programa e compartilhar as descobertas e resultados com a administração e com os 
usuários dos edifícios/ambientes afetados. 
Preparativos (Daish et al 1982 apud Brill et al 1985: 243): 
• Conseguir plantas dos pavimentos e outros documentos significantes e/ou informativos que 
possam auxiliar na análise e/ou diagnóstico. 
• Os participantes de um Grupo de Tarefa devem saber os nomes de seus colegas, conhecer suas 
tarefas e ter à mão os formulários e o equipamento necessário. É conveniente preparar uma 
listagem do equipamento necessário para avaliar o exterior e/ou o interior do edifício ou 
ambiente. 
Conduzindo uma walkthrough 
Nesta fase do trabalho, os resultados e as atividades e intenções dos participantes, suas avaliações e 
as características dos ambientes, fotografias, medições e recomendações devem ser registrados e 
devidamente arquivados. Torna-se importante: 
• Verificar a organização dos planos e arranjos – se as salas de reunião são suficientemente grandes 
e com um nível adequado de privacidade. 
• Planejar os trajetos a serem percorridos, para otimizar o tempo e, quando possível, preparar uma 
análise gráfica das informações que possa ser consultada durante o percurso com o objetivo de 
alimentar os debates e discussões na reunião de avaliação. 
• Durante a reunião introdutória (duração máxima de 30 minutos), os participantes dos grupos 
devem ser esclarecidos sobre (a) os objetivos e benefícios da walkthrough; (b) os procedimentos 
para registro de comentários, fotos e medições; (c) as atividades e responsabilidades de cada 
participante, quais registros devem fazer, em que instrumentos, com que notação e simbologia 
gráfica. O objetivo desta reunião é ressaltar a importância das suas atividades, sua 
utilidade/importância para o trabalho, bem como esclarecer sobre o que se pretende realizar com 
o edifício/lugar com que intenções. 
• Conduzindo uma walkthrough (de 30 a 60 minutos), inicialmente é conveniente esquematizar o 
percurso e estimular o grupo a acrescentar seus percursos paralelos. Enfatizar as questões mais 
importantes relacionadas com a avaliação de cada ambiente ou lugar a ser visitado. 
Durante a walkthrough, Brill et al (1985: 243) sugerem algumas perguntas para motivar a discussão 
com vistas a explicitá-las com mais detalhes: 
O que você considera importante neste ambiente ou lugar? 
O que parece estar funcionando? 
O que parece não estar funcionando? 
O que acontece ali? 
O que deve ser mantido como está? 
O que deve ser modificado? 
Walkthrough 
 33
Também deve ser perguntado: "Você pode dizer-me mais alguma coisa sobre...?" . Registre a 
essência do que está sendo dito em folhas especialmente preparadas - e evite fazer interpretações. 
Considere ainda: 
• Fazer fotografias para ilustrar questões e recomendações, especialmente relacionadas com o 
percurso. Se forem necessárias fotos adicionais, elas devem ser feitas posteriormente. 
• Neste primeiro percurso, não são realizadas medições de qualquer natureza; em princípio, 
considera-se que um avaliador experiente pode utilizar seu conhecimento e seus sentidos como 
“instrumentos” de medição das condições de conforto e bem estar (Zube, apud del Rio 1991). 
• Quando forem identificados ambientes ou lugares que necessitem medições complementares – 
temperatura, umidade relativa do ar, índices de iluminamento, etc – eles devem ser precisamente 
indicados; nestes casos, se realiza um ou mais percursos – é recomendável walkthrough de 
especialistas – em geral restritos aos lugares e ambientes indicados. Se algo for registrado como 
muito alto ou muito inclinado, esta medida deve ser claramente explicitada (em metros ou 
declividade, por exemplo). 
Revisão da walkthrough 
• A reunião para revisão deve ser realizada imediatamente após o término do percurso (com 
duração de até 60 minutos). 
• Objetivos: propiciar que os participantes, com base em suas observações, façam suas 
recomendações sobre a operação, a manutenção, o projeto e a construção. Deve ser ressaltado 
que o procedimento implica na revisão dos seus comentários (com base nas anotações realizadas 
durante o percurso) para, se possível, chegar a um consenso sobre a observação e sobre as 
recomendações relativas às questões levantadas. Se possível, as descobertas devem ser 
priorizadas. 
• As questões e recomendações devem ser registradas em um quadro ou flip-chart de modo que 
todos possam visualizá-las e comentá-las. 
• Deve ser explicado o modo como os resultados vão ser comunicados, de modo que todos 
possam, se necessário, solicitar feedbacks. 
• Também deve ser definido o sistema de organização e arquivo dos dados e informações, que seja 
fácil de manusear e de encontrar as informações desejadas. As fotos e medições devem ser 
arquivadas nas fichas de registro das demais informações escritas. 
Análise dos Resultados 
Inicialmente é necessário assegurar-se de que todos os dados e informações estão devidamente 
arquivados e disponíveis para manuseio. O arquivo deve facilitar a compreensão de todo o processo, 
as informações sobre todos os respondentes, onde eles estão, o que eles

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