Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TEMA 6 – POLUIÇÃO NAS CIDADES Serão estudados: • Smog fotoquímico (gases poluentes + aerossóis + inversão térmica) • Monóxido de carbono • Material particulado atmosférico SMOG FOTOQUÍMICO A palavra “smog” vem do inglês: smoke (fumaça) + fog (neblina), sendo um termo amplamente usado em química ambiental porque reflete o que acontece em cidades poluídas nas quais formam-se grandes massas de ar estagnado e com grande concentração de poluentes. O smog qualifica-se de fotoquímico porque muitas das reações nele envolvidas são influenciadas pela luz solar. O smog fotoquímico é produzido pela interação de substâncias poluentes com a luz do sol, sendo que os óxidos de nitrogênio são os que iniciam o processo, no qual o ozônio tem um rol fundamental. A primeira etapa é a formação de NO nos motores de combustão dos automóveis a partir de N2 e O2 atmosféricos. N2 e O2 não reagem entre si na temperatura ambiente, mas nas elevadas temp. dos motores dos carros reagem para fornecer NO, o qual é oxidado rapidamente pelo O3 ou lentamente pelo O2 a NO2. É de se destacar que o ozônio, altamente necessário na estratosfera, é um poluente perigoso na troposfera, dado que é extremamente oxidante; sua concentração não deve exceder as 0,4 ppm para não atingir níveis tóxicos. N2 + O2 → 2 NO NO + O3 → NO2 + O2 NO2 + hν → NO + O (λ ≤ 430 nm) > estado estacionário O + O2 → O3 Estado estacionário: reagentes e produtos formam-se e decompõem-se continuamente, mantendo sua concentração praticamente constante. Quando esse equilíbrio se rompe, ou seja, quando o NO é oxidado por outros oxidantes diferentes do O3, a concentração do O3 na troposfera aumenta, atingindo níveis tóxicos. Por outra parte, os oxidantes atmosféricos (O, O3, NO2) podem reagir com COV (compostos orgânicos voláteis) procedentes da combustão incompleta dos combustíveis, principalmente com olefinas (hidrocarbonetos não saturados, alcenos) para formar radicais livres de tipo peróxido, que são oxidantes e podem oxidar o NO a NO2, além de formar nesses processos aldeídos (RCHO) e nitrato de peroxilacetila (PAN), que são tóxicos e irritantes. O, O3, NO2 + R-CH=CH-R → R-CHO + R-C(O)OO-NO2 (PAN) + radicais tipo peróxido Os PAN podem transportar o NO2 longe da fonte de formação do mesmo. Os oxidantes atmosféricos têm a vantagem de que através dos processos de oxidação formam-se compostos mais solúveis em água que seus predecessores, fato que facilita a remoção dos poluentes com a água de chuva. Mas, por outro lado, eles são tóxicos e provocam doenças respiratórias. Variação da composição dos gases atmosféricos envolvidos no smog fotoquímico ao longo do dia. Nas primeiras horas da manhã predomina o NO, que vai sendo oxidado rapidamente a NO2. Ao mesmo tempo, a concentração de COV (hidrocarbonetos) atinge o máximo sobe as 8-9 h., começando a diminuir devido a sua oxidação para aldeídos e PAN. Os aldeídos atingem seu máximo perto do meio dia. O ozônio vai aumentando em concentração na medida em que as concentrações de NO e COV diminuem, pois já não tem a quem oxidar e não é destruído. Além disso, o O3 pode se decompor pela luz solar para formar oxigênio atômico, o qual reage com o vapor de água para formar radicais OH·. O3 + hν → O2 + O O + H2O → 2 OH· Os radicais OH· reagem com o monóxido de carbono procedente da combustão incompleta dos motores dos carros para acabar formando mais NO2. CO + OH· → CO2 + H H + O2 → HO2· HO2· + NO → HO · + NO2 O NO2 é um gás amarelo-laranja; por essa razão, o smog dá lugar a um céu de cor marrão alaranjado sobre as cidades em dias de poluição intensa. Smog fotoquímico na cidade de São Paulo. Um mês para os Jogos de Pekín Inversão Térmica As condições ideais para a formação do somg fotoquímico se dão em dias relativamente frios, ensolarados e sem vento, que favorecem o acúmulo de poluentes através da chamada “inversão térmica”. A inversão térmica ocorre principalmente no inverno, quando o solo fica mais frio e absorve calor da camada imediata de ar, que atinge uma temperatura mais baixa que a camada imediata superior, de maneira que o ar inferior, mais frio, não sobe, interrompendo assim o fluxo de ar entre as altas e baixas camadas da atmosfera. Esse fenômeno, aliado à ausência de ventos, agrava fortemente a poluição nos grandes centros urbanos uma vez que os poluentes ficam retidos e concentrados no ar inferior. Forma-se então uma nuvem poluída que envolve as cidades e impede a dispersão dos poluentes, já que não há ventos verticais por elevação do ar na superfície, até se formar ventos horizontais. Inversão térmica envolvendo a cidade de São Paulo. Inversão térmica envolvendo a cidade de Madri. Para eliminar o smog fotoquímico os níveis de emissão dos automóveis devem ser reduzidos, através, por exemplo, do uso de catalisadores que minimizem a formação de COV e NOx. Funções dos catalisadores: - oxidam os COV a CO2 e H2O - Reduzem os NOx a N2 e O2 Ainda não existem catalisadores 100% eficientes => rodízio de circulação de veículos em, por exemplo, São Paulo e Londres, que possivelmente será também proximamente implantado em Madri. MONÓXIDO DE CARBONO O CO é outro poluente das grandes cidades, fruto da combustão incompleta dos motores de combustão. É muito tóxico devido a sua afinidade pela hemoglobina do sangue, 210 vezes maior que a afinidade do oxigênio. Pequenas quantidades de CO inibem a formação do complexo Hb-O2 (oxihemoglobina), responsável pelo transporte de oxigênio às células dos organismos aeróbios, formando- se o complexo Hb-CO (carboxihemoglobina). Desta maneira, a capacidade de transporte de oxigênio desde os pulmões pelo organismo através do sangue fica prejudicada. Complexo Heme Hemoglobina MATERIAL PARTICULADO ATMOSFÉRICO Materiais particulados são partículas finas de sólidos e/ou de líquidos que se encontram suspensas no ar. Em geral são invisíveis, individualmente, ao olho nu, mas coletivamente podem formar uma neblina que restringe a visibilidade. Assim, no verão, em muitas cidades o céu não é azul, mas branco-leitoso devido ao espalhamento de luz pelas partículas suspensas no ar. As partículas podem ser de fonte natural ou antrópica, bem como de diâmetros de partícula muito variados. Em geral se classificam como: - partículas grossas: diâmetro > 2,5 µm - partículas finas: diâmetro < 2,5 µm A concentração de partículas se mede em µg/m3 (material particulado total em suspensão, MPTS) e os limites máximos permitidos são: Partículas Respiráveis de Alto Risco – MP2,5 • < 50 µg/m3 p/ 24 horas • < 15 µg/m3 – média anual As partículas grossas têm um tempo de residência curto na atmosfera, depositam-se no solo com bastante rapidez em locais pouco distantes da fonte emissora. Já as partículas finas, por serem muito leves, têm altos tempos de residência na atmosfera, podendo ser transportadas a locais muito distantes do foco emissor. São muito prejudiciais para a saúde, afetando olhos, pele, ouvidos e, principalmente, a função respiratória (MP10 ou menores). As partículas entre 0,1-10 µm são essenciais na formação de nuvens. Em geral, partículas grossas são de fuligem ou inorgânicas, enquanto as finas são fuligem e aerossóis de nitrato ou de sulfato. As finas têm caráter ácido devido à presença de ácidos não neutralizados e as grossas têm caráter básico, pois seu conteúdo assemelha-se ao solo. Aerossóis (Névoas de NOx e SOx da Figura Anterior) Os aerossóis são materiais particulados em suspensão muito finos, de diâmetrode partícula muito pequeno, que diminuem a visibilidade nas cidades. Formam-se por reação da chuva ácida com amônia, proveniente da decomposição de sustâncias orgânicas nitrogenadas (uréia, proteínas, etc.). H2SO4 + 2 NH3 → (NH4)2SO4 HNO3 + NH3 → NH4NO3 Tanto o sulfato de amônio quanto o nitrato de amônio são substâncias sólidas a temperatura ambiente, mas nas condições atmosféricas são produzidos em forma de partículas com diâmetros extremamente pequenos, formando, portanto, aerossóis.
Compartilhar