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12 AULA TIPO DOLOSO

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TIPO DOLOSO
I – DISPOSITIVO LEGAL.
Artigo 18 do Código Penal Brasileiro:
Art. 18 Diz-se o crime:
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
II – CONCEITO DE DOLO.
Dolo = vontade e consciência dirigida a realizar a conduta prevista no tipo penal incriminador.
“toda ação consciente é conduzida pela decisão da ação, quer dizer, pela consciência de que se quer – o momento intelectual – e pela decisão a respeito de querer realizá-lo – o momento volitivo. Ambos os momentos, conjuntamente como fatores configuradores de uma ação típica real, formam o dolo (=dolo do tipo)”. Welzel.
“dolo é a vontade determinada que, como qualquer vontade, pressupõe um conhecimento determinado”. Zaffaroni.
O erro de tipo (escusável ou inescusável) afasta o dolo.
O agente não precisa conhecer o tipo penal, mas se exige que conheça a situação social objetiva.
Ausência de vontade desestrutura o tipo doloso. Ex. coação física e moral.
 O dolo é a regra no CP. Parágrafo único do artigo 18 do CP. Ex. crime de dano (art. 163 CP), só cabe na modalidade dolosa. Na modalidade culposa, é ilícito de natureza civil.
III – TEORIA DO DOLO.
teoria da vontade = dolo é tão-somente a vontade livre e consciente de querer praticar a infração penal, isto é, de querer levar a efeito a conduta prevista no tipo penal incriminador.
teoria do assentimento = atua com dolo aquele que, antevendo como possível o resultado lesivo como a prática de sua conduta, mesmo não o querendo de forma direta, não se importa com a sua ocorrência, assumindo o risco de vir a produzi-lo. 
Segundo Juarez Tavares, é um conformar-se, aceitar ou assumir o risco da produção do evento.
teoria da representação = há de se falar em dolo toda vez que o agente tiver tão- somente a previsão do resultado como possível e, ainda assim, decidir pela continuidade de sua conduta. 
Obs. Para esta teoria não há distinção entre dolo eventual e culpa consciente, é tudo dolo.
teoria da probabilidade;
se o agente considera provável a produção do resultado estaremos diante do dolo eventual;
agora, se considerava que a produção do resultado era meramente possível, se daria a imprudência consciente ou representação.
IV – TEORIAS ADOTADAS PELO CÓDIGO PENAL.
Segundo Cezar Bitencourt, o CPB adotou as teorias da vontade e do assentimento. 
Somente a representação mental de um delito, não constitui dolo.
V - ESPÉCIES DE DOLO.
Dolo direto = quando o agente quer, efetivamente, cometer a conduta descrita no tipo. 1ª parte do inciso I, art. 18 do CPB.
Dolo direto de primeiro grau: fins propostos e meios escolhidos. Ex. A quer matar B.
Dolo direto de segundo grau: efeitos colaterais, representados como necessários. É a conseqüência necessária para se atingir um fim. Ex. Terrorista quer matar A, e matam tantos outros no avião.
Dolo indireto
2.1) dolo indireto alternativo = quando a vontade do agente se encontra direcionado de maneira alternativa, seja em relação resultado ou em relação à pessoa. 
a) em face do resultado, diz-se em alternatividade objetiva. Ex. agente dispara com a intenção tanto de matar ou ferir.
b) em face da pessoa, diz-se em alternatividade subjetiva. Ex. agente dispara se ferir A ou B, tanto faz.
* dolo eventual = “significa que o autor considera seriamente como possível a realização do tipo legal e se conforma com ela”. Jescheck.
“no dolo eventual, o sujeito representa o resultado como de produção provável e, embora não queira produzi-lo, continua agindo e admitindo a sua eventual produção. O Sujeito não quer o resultado, mas continua com ação e admite sua produção, assume o risco, etc.”. Muñoz Conde.
Para Bustos Ramires e Hormazábal Malarée, o dolo eventual não passa de uma espécie de culpa com representação, punida mais severamente.
VI - DOLO GERAL (hipótese de erro sucessivo).
Conhecido como dolus generalis:
“quando o autor acredita haver consumado o delito, quando na realidade o resultado somente se produz por uma ação posterior, com a qual buscava encobri o fato”. Hans Welsel.
“quando o agente, julgando ter obtido o resultado intencionado, pratica segunda ação com diverso propósito e sé então é que efetivamente o dito resultado se produz”. Nélson Hungria.
Conclusão: A desfere golpes de faca em B. B não morre. A joga seu corpo no rio, este vem morrer por afogamento. Aberratio causae.
1º Homicídio tentado. 2º Homicídio culposo.
Importante destacar que o agente agiu com o animus necandi (dolo em matar), independente do resultado morte (advir de uma forma ou de outra). O dolo acompanhará todos os seus atos até a produção do resultado, respondendo o agente por um único homicídio doloso.
VII – DOLO GENÉRICO E DOLO ESPECÍFICO.
Dolo Genérico: era aquele em que no tipo penal não havia indicativo algum do elemento subjetivo do agente ou, melhor dizendo, não havia indicação alguma da finalidade da conduta do agente. Ex: artigo 121 do CP.
Dolo Específico: era aquele em que no tipo penal podia ser identificado o que denominamos de especial fim de agir. Ex: artigo 159 do CP.
Com adoção da teoria finalista a distinção perdeu sua força. Toda conduta é finalisticamente dirigida à produção de um resultado qualquer, não importando se a intenção do agente é mais ou menos evidenciada no tipo penal.
VIII – DOLO NORMATIVO (DOLUS MALUS)
É o dolo mais a consciência da ilicitude (era adotado pela doutrina naturalista clássica);
No dolo haveria um elemento de natureza normativa, qual seja, a consciência sobre a ilicitude do fato. 
Teoria extremada do dolo: situa o dolo na culpabilidade e a consciência da ilicitude no próprio dolo.
Teoria limitada do dolo: substitui o conhecimento atual da ilicitude pelo conhecimento potencial; além disso, exige a consciência da ilicitude material, não puramente formal.
IX – DOLO SUBSEQUENTE (DOLUS SUBSEQUENS)
É conhecido como dolo consecutivo.
Hipótese: o agente tivesse produzido um resultado sem que, para tanto, houvesse qualquer conduta penalmente relevante, em face da inexistência de dolo ou culpa ou, mesmo diante de um fato inicialmente culposo, sendo que, após verificar a ocorrência desse resultado, o agente teria se alegrado ou mesmo aceitado a sua produção.
Ex. 01: A mata seu inimigo B por descuido e se alegra depois disso. Responde apenas por homicídio culposo.
Ex. 02: A não chama o médico para salvar seu inimigo B, só responde por omissão de socorro. Não há dolo, por conseqüência não há delito de homícidio.
X – AUSÊNCIA DE DOLO EM VIRTUDE DE ERRO DE TIPO.
Dolo, portanto, é a conjugação da vontade com a consciência do agente, isto é, vontade de querer praticar a conduta descrita no tipo penal com a consciência efetiva daquilo que realiza.
Erro é a falsa percepção da realidade, ou seja, é quem incorre em erro imaginando uma situação diversa daquela realmente existente. Não há dolo, pois há falta de tipicidade objetiva.
Conseqüência: afasta o dolo ou desclassifica para um delito culposo.
XI – DOLO E CRIME DE PERIGO.
crimes de perigo concreto são apresentados, como resultado, a um perigo efetivo, a ser demonstrado e provado (ex. perigo de contágio venéreo – art. 130 do CP). 
crime de perigo abstrato: não precisa ser demonstrado e provado, por ser presumido pela lei. (ex. omissão de notificação de doença – artigo 269 do CP; 311 do CTB, Lei 9.503/97).
A doutrina afirma, majoritariamente, que nessas infrações de perigo, o agente deverá agir com dolo, pois não existe ressalva segundo o artigo 18, parágrafo único.
CRÍTICA: em caso de acidente de trânsito, o agente deverá ser punido com dolo (crime de perigo) ou com culpa (homicídio culposo).
Confusão entre dolo de perigo e inobservância do dever objetivo de cuidado. 
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