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Etica no Servico Social 01

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Prévia do material em texto

AN02FREV001/REV 4.0 
 1 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
ÉTICA NO SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
ÉTICA NO SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 3 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
MÓDULO I 
1 INTRODUÇÃO 
2 FUNDAMENTOS E CONTRADIÇÕES DA ÉTICA NO SERVIÇO SOCIAL 
2.1 FUNDAMENTOS ONTOLÓGICOS 
2.2 A NATUREZA ÉTICA PROFISSIONAL 
2.3 SERVIÇO SOCIAL, MORAL E ÉTICA 
2.4 SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA 
2.5 ÉTICA E POLÍTICA 
2.6 FUNDAMENTOS E CONTRADIÇÕES 
 
 
MÓDULO II 
3 NORMAS ÉTICAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS PARA ASSISTENTES 
SOCIAIS 
3.1 CÓDIGO BRASILEIRO DE ÉTICA DO ASSISTENTE SOCIAL 
3.2 NORMAS GERAIS DE CONDUTA ÉTICA PARA ASSISTENTES SOCIAIS 
3.2.1 Normas do Serviço Social: relação com os usuários 
3.2.2 Normas do Serviço Social: instituições, serviços e organizações 
3.2.3 Normas do Serviço Social: relacionamentos entre profissionais 
3.2.4 Normas Relativas à Profissão 
3.3 DECLARAÇÃO INTERNACIONAL DOS PRINCÍPIOS ÉTICOS NO SERVIÇO 
SOCIAL 
3.3.1 Princípios 
3.3.2 Áreas Problemas e Zonas de Conflito 
3.3.3 Metodologia para a resolução de situações e problemas 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 4 
 
MÓDULO III 
4 ÉTICA, SERVIÇO SOCIAL E ÁREAS DE ATUAÇÃO 
4.1 FUNDAMENTAÇÕES SOBRE VULNERABILIDADE E RISCO SOCIAL 
4.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A INFÂNCIA E A ADOLESCÊNCIA 
4.3 PENSANDO A SITUAÇÃO DO IDOSO 
4.4 REFLETINDO SOBRE A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 
4.5 SERVIÇO SOCIAL E INTERDISCIPLINARIDADE 
4.6 ESTUDO SOCIAL, LAUDOS, RELATÓRIOS TÉCNICOS: IMPLICAÇÕES 
ÉTICAS 
 
 
MÓDULO IV 
5 ÉTICA NO SERVIÇO SOCIAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL 
5.1 O QUE É RESPONSABILIDADE SOCIAL? 
5.2 SERVIÇO SOCIAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL 
5.3 PROBLEMÁTICAS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL 
6 COMISSÃO PERMANENTE DE ÉTICA PROFISSIONAL: ASPECTOS DA 
DENÚNCIA 
6.1 DENÚNCIA ÉTICA 
6.2 DESAGRAVO PÚBLICO 
6.3 PROCEDIMENTOS PARA DENUNCIAR 
6.4 CÓDIGO PROCESSUAL DE ÉTICA 
6.5 MODELOS DE FORMULÁRIO DE DENÚNCIA 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ANEXOS 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 5 
 
 
MÓDULO I 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
Compatibilizar a instância dos direitos individuais de proteção do exercício 
profissional do assistente social com os deveres suscitados na relação com o 
usuário, instituição e profissionais com quem trabalham não é tarefa fácil. Isso 
requer, antes de tudo, uma conduta ética que está respaldada em diversas 
dimensões: teórica, técnica, política e prática. 
As atualizações e os estudos constantes sobre as questões éticas são 
indispensáveis para orientar a prática do assistente social em sua atuação, seja ela 
na área da saúde, da justiça, da educação, da política e de tantas outras em que sua 
presença se faz necessária. 
É muito comum pensarmos ou vermos alguém comentar que o estudo da 
ética é uma tarefa fácil. E sabe? Em termos teóricos podemos até supor que tal 
afirmação possa ser verdadeira. 
Para termos uma noção melhor, vamos responder a nós mesmos a seguinte 
questão: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Antes de entrarmos na faculdade e termos 
que estudar a disciplina sobre ética, 
quantas vezes discutimos o tema na 
nossa família? E com os nossos amigos? 
E no nosso trabalho? 
E após sairmos da faculdade? Quantas 
vezes paramos para discutir a nossa ética 
profissional? 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 6 
Não é muito comum inserirmos esse tema em nossas discussões do dia a 
dia. Na maioria das vezes, ela passa despercebida. Mantém-se discreta ou até 
invisível, mas está sempre ao nosso redor. 
 
“Ética: valores que definem o que eu quero, posso e devo. Porque nem tudo que eu 
quero eu posso; nem tudo o que posso eu devo e; nem tudo que eu devo eu quero”. 
Queiroz (2012, p. 1). 
 
 
2 FUNDAMENTOS E CONTRADIÇÕES DA ÉTICA NO SERVIÇO SOCIAL 
 
 
2.1 FUNDAMENTOS ONTOLÓGICOS 
 
 
Falar de fundamentos ontológicos significa nos remeter às origens, à 
natureza das coisas e de conceitos. Neste caso, vamos buscar entender melhor as 
origens da ética a partir de seus conceitos, de suas classificações e como não 
poderia deixar de ser, de sua evolução histórica. 
As discussões sobre ética têm início com grandes filósofos como Sócrates, 
Platão e Aristóteles. Isso porque, segundo Geisler e Feinberg (1996), o papel 
primário da filosofia está relacionado à moral, à virtude e à própria ética. 
Segundo Kant (1992), a filosofia se ocupa, enquanto disciplina, de quatro 
questões, sendo uma delas a ética: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
METAFÍSICA 
RELIGIÃO 
 
ÉTICA 
 
ANTROPOLOGIA 
 
O que podemos conhecer? 
O que devemos esperar? 
O que devemos fazer? 
O que é o ser humano? 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 7 
 
É comum, então, ao estudar a filosofia, encontrar diversos pensadores e 
pesquisadores que colocam a ética como sendo parte essencial de sua construção 
teórica. 
De forma geral, a ética pode ser definida como uma ciência com objetos e 
métodos próprios. Seu objeto é a moral e por isso, muitas vezes, é entendida como 
a ciência do comportamento moral dos seres humanos em sociedade (NEGRA, 
2011). 
Conforme Negra (2011), a ética seria uma ciência dos costumes que busca 
retirar dos fatos morais os princípios gerais que lhe são aplicados. Ele acrescenta: 
 
O que designaria a ética não seria apenas uma moral, conjunto de regras 
próprias de uma cultura, mas uma verdadeira “metamoral”, uma doutrina 
que vai além da moral. A ética aprimora e desenvolve seu sentido moral e 
influencia a conduta (NEGRA, 2011, p. 1). 
 
As noções sobre ética datam de logos períodos e têm como principais 
precursores Sócrates, Platão e Aristóteles, apresentados aqui conforme resumo 
apresentado por Egg (2012). 
Sócrates, ao estudar a ética, faz uma apresentação a partir de uma 
associação de outros conceitos. Citado por Egg (2012), Vázquez (1997, p. 231) 
coloca que: 
 
Bondade, conhecimento e felicidade se entrelaçam estreitamente. O homem 
age corretamente quando conhece o bem e, conhecendo-o, não pode 
deixar de praticá-lo; por outro lado, aspirando ao bem, sente-se dono de si 
mesmo e, por conseguinte, é feliz. 
 
Nesse sentido, observamos que a conduta ética está ligada, segundo 
Sócrates, em conhecer o bem e fazer o bem. A ética, no entanto, não significa 
apenas oferecer o melhor para o outro, mas buscar a própria felicidade. 
O que temos hoje é bem diferente do que propôs o filósofo. Muitos 
profissionais, independente de sua área de atuação, andam na contramão. Sendo 
assim, os comportamentos antiéticos servem para proveito pessoal ou de um 
número reduzido de pessoas. A ética que deveria servir para um bem-estar coletivo 
deixa de existir. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 8 
Platão trouxe contribuições particulares apesar de ser o principal discípulo 
de Sócrates. Na percepção deste filósofo, o mundo era dividido em dois. O primeiro 
era composto por ideias inalteráveis.As ideias eram, portanto, imutáveis, invisíveis e 
eternas, o que a diferenciava das coisas concretas. O segundo mundo era formado 
por cópias imperfeitas das ideias. Consistia, então, em réplicas de coisas sensíveis e 
mutáveis (EGG, 2012). 
De uma forma mais simples, o autor coloca que o mundo das ideias pode 
ser compreendido como o local das coisas verdadeiras. Já o segundo mundo, o 
mundo real, é o espaço das aparências e das sombras. 
Em um exemplo simples, podemos nos fazer algumas pesquisas e avaliar 
nossa reação. Veremos que a forma que nos expressamos para o meio externo, 
nem sempre é equivalente ao que sentimos verdadeiramente. 
Vamos ver alguns exemplos: 
 
 Chega o final do mês e temos, ainda, muitas contas para pagar. Quando 
vemos o saldo no banco, confirmamos que tem muito mais conta que dinheiro. 
Ficamos bravos, ansiosos, desesperados, angustiados. Podemos pensar em 
alternativas para solucionar o problema, mas nem por isso saímos ofendendo 
as pessoas que encontramos, nem por isso vamos reclamar com o chefe, 
afirmando que ele está nos pagando pouco. 
 Chegamos ao nosso trabalho e temos que atender, por exemplo, uma mulher 
que sofreu violência doméstica por parte do marido. Por mais que nos seja fácil 
racionalizar que esta mulher deve deixá-lo, jamais a colocaremos na parede e 
diremos: “O que é que você está fazendo com este homem ainda? Pegue suas 
coisas e saia de casa porque isso não é uma vida digna”. Nós teremos uma 
postura acolhedora e não acusatória. 
 
Escutamos diversas pessoas, em diferentes contextos, pronunciarem: “Eu 
queria matar (...)” ou “Eu morreria de amor”. O sentimento interno por mais sincero 
que este seja não pode ser externalizado de qualquer maneira. Há limites internos, 
sociais, culturais e legais para modelar muitos dos nossos comportamentos. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 9 
Um médico não pode se recusar a atender um paciente por ter preconceito 
racial, um profissional não pode deixar de ser contratado por preconceitos dos 
contrates sobre sua opção sexual. Apesar de o preconceito existir, questões éticas 
estão acima de uma aceitação pessoal, por exemplo. 
 
FIGURA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: acervo pessoal 
 
 
Na figura acima, temos a razão na intersecção entre os dois mundos. Para 
Platão, a razão serve de intermediário entre o mundo das ideias e o mundo real. 
Para o filósofo, a verdadeira realidade só pode ser atingida e compreendida de 
forma verdadeira quando fazemos uso da razão. O bem, neste caso, é “um molde 
sobre o qual deveria se processar toda a ação humana” (EGG, 2012, p. 7). 
Por fim, temos Aristóteles que foi aluno da Academia de Platão e ali definiu 
sua escolha pela Filosofia. Egg (2012) pontua que esse filósofo dedicou-se às 
reflexões sobre as formas que o homem teria para viver uma boa vida. 
De acordo com o mesmo autor, Aristóteles afirmou que a felicidade era 
objetivo fim de todo o ser humano que só era possível a partir do exercício pleno da 
razão. Para alcançar a felicidade então, a razão só poderia ser obtida por meio da 
virtude, da sabedoria ou do prazer. 
Esses então foram os precursores das reflexões éticas. 
1
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RAZÃO 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 10 
 
FIGURA 2 FIGURA 3 FIGURA 4 
 
FONTE: <http:// http://www. 
reidaverdade.com/filosofo-
socrates>. Acesso em: 20 nov. 
2012. 
 
FONTE: <http://http://www. 
reidaverdade.com/filosofo-
aristoteles>. Acesso em: 20 
nov. 2012. 
 
FONTE: <http://http://www. 
reidaverdade.com/filosofo-
platao>. Acesso em: 20 nov. 
2012. 
 
 
2.2 A NATUREZA ÉTICA PROFISSIONAL 
 
 
“Julgamentos não são precipitados, quando existe ética. Eles são automáticos no 
inconsciente humano. Precipitado é o veredito que atropela o julgamento e se 
manifesta precocemente, absolvendo ou condenando segundo preconceitos e 
simpatias pessoais mal administrados”. 
Sena (2012, p. 2). 
 
 
Quando falamos de natureza ética profissional, estamos falando de uma 
ética específica, de uma ética direcionada ao exercício da profissão de cada pessoa. 
De acordo com Glock e Goldim (2003), essa reflexão tem início assim que 
escolhemos nossa profissão, já que o conjunto de deveres profissionais passa a ser 
obrigatório. 
Não é por acaso que a disciplina sobre ética é mantida nos cursos de 
graduação antes dos estágios práticos, pois ele direciona a postura profissional que 
é sacramentada no juramento após a conclusão do curso. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 11 
FIGURA 5 
 
FONTE: <http://http://tribunademuriae.com.br/site/?p=6302>. Acesso em: 20 nov. 2012. 
 
 
O juramento profissional corresponde à formalização da adesão e do 
comprometimento do profissional recém-formado com a categoria profissional 
correspondente ao curso realizado (GLOCK; GOLDIM, 2003). Os autores 
acrescentam que esta adesão pode ser classificada como voluntária ao conjunto de 
regras estabelecidas como sendo mais adequadas ao seu exercício. 
Não se pode, então, por livre-arbítrio, criar novas regras para desenvolver 
um trabalho quando, na verdade, os códigos de ética utilizados são discutidos de 
forma ampla e aprofundados. 
A Universidade Castelo Branco (2012) dispõe sobre as seguintes 
considerações da ética profissional: 
a) As particularidades da ética profissional se inscrevem na relação entre o 
conjunto complexo de necessidades que legitimam a profissão na divisão 
sociotécnica do trabalho, conferindo-lhes determinadas demandas, e suas respostas 
específicas, entendidas em sua dimensão teleológica e em face das implicações 
ético-políticas do produto concreto de sua ação. 
b) A ética profissional pode ser defina como sendo o modo de ser constituído 
na relação complexa entre as necessidades socioeconômicas e ideoculturais e as 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 12 
possibilidades de escolha inseridas nas ações ético-morais, o que aponta para sua 
diversidade, mutabilidade e contraditoriedade. 
Tais considerações serão esmiuçadas em todo o conteúdo deste curso, 
principalmente, quando estudarmos os códigos nacional e internacional do serviço 
social. 
Avançaremos ainda neste módulo em conceitos base que são fundamentais 
para uma compreensão teórica da ética profissional. 
 
2.3 SERVIÇO SOCIAL, MORAL E ÉTICA 
 
Geralmente, não conseguimos falar de ética sem pensar em sua distinção 
do conceito de moral. 
Você sabe qual a diferença entre ética e moral? 
 
 
FIGURA 6 
 
FONTE: Disponível em: <http://http://superrafaapensar.blogspot.com.br/2010/05/o-que-e-etica-o-que-
e-moral.html>. Acesso em: 20 de nov. 2012. 
 
 
A charge é uma das muitas encontradas quando pesquisamos sobre ética e 
moral na internet, mas nem sempre conseguimos definir se este é um 
comportamento ético/antiético ou moral/amoral. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 13 
De acordo com Martinho (2009), a ética é um conjunto de valores e 
princípios universais que regem as relações humanas. É, segundo o autor, 
tradicionalmente definida como o estudo sobre os costumes ou ações humanas e 
podem ser divididas em dois campos: 
 
TABELA 1 
CAMPOS DA ÉTICA EXEMPLOS 
Problemas gerais e fundamentais 
Liberdade 
Consciência 
Valor 
Leis 
Problemas específicos e concretos 
Ética Profissional 
Ética na Política 
Ética Sexual 
Ética Matrimonial 
Bioética 
FONTE:acervo pessoal 
 
 
A moral, por sua vez, pode ser conceituada como um conjunto de normas e 
regras que regulam as relações dos indivíduos de uma comunidade (CARVALHO, 
2010). O autor clarifica que a moral está ligada ao conjunto de normas que 
regulamenta o agir específico ou concreto das pessoas. 
Carvalho (2010, p. 2) coloca ainda a seguinte afirmação: “Não se pode negar 
que a moral é uma espécie de freio da conduta das pessoas, que às vezes nem 
sabem o que é, mas se sentem bem quando notam a sua presença em seus atos”. 
Porém, mesmo com conceitos bem definidos, não é tão fácil distinguir ética 
de moral. Para facilitar vamos ver algumas comparações esboçadas nos quadros 
abaixo. Tais comparações permitem que tenhamos condições de diferenciar esses 
dois conceitos. 
 
TABELA 2 
ÉTICA MORAL 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 14 
Princípios Universais => Pressão Interna 
Regras para ações coletivas => Pressão 
Externa 
Reflexão e Valores Hábitos e Costumes 
Morada Humana Normas Sociais 
A ética pressupõe uma análise e 
reflexão antes do agir. 
A moral é o agir. 
FONTE: Adaptado de Martinho (2009). 
 
 
TABELA 3 
ÉTICA MORAL 
É princípio É conduta específica 
É permanente É temporal 
É universal É cultural 
É regra É conduta da regra 
É teoria É prática 
FONTE: Adaptado de Rodrigues (s/d). 
 
 
TABELA 4 
ÉTICA MORAL 
 Trata-se da reflexão filosófica 
sobre a moral; 
 Procura justificar a moral; 
 O seu objeto é o que guia a ação; 
 Seu objetivo é guiar e orientar 
racionalmente a vida humana. 
Tem um caráter: 
- Prático 
- Imediato 
- Restrito 
- Histórico 
- Relativo 
FONTE: Adaptado de Silva (s/d). 
 
A partir do que foi colocado nas tabelas podemos perceber que a ética é 
algo maior e universal, enquanto a moral é menor e específica. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 15 
Carvalho (2011) coloca que a ética faz parte do Serviço Social, já que ela 
sempre esteve associada aos princípios e valores que organizam a sociedade e que 
definem o que se deve fazer ou ao que é preciso ser feito. 
A ética, conforme apresenta a autora, não tem como função determinar a 
criação de normas, mas sim questionar o que acontece. É, então, uma análise da 
atitude do ser humano diante dos fatos que ocorrem no cotidiano: “a ética descreve, 
propõe, reflete a prática de condições determinadas, o melhor caminho a seguir” 
(CARVALHO, 2011, p. 240). 
Além disso, a ética pressupõe uma reflexão sobre a moral, ou seja, o que 
justifica as normas, regras, princípios e direitos de uma determinada realidade social 
(CARVALHO, 2011). 
 
 
2.4 SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA 
 
 
Sabiamente, Strieder (2010) afirma, em um de seus textos sobre ética, que a 
mesma não pode mudar a constituição ontológica do homem, mas podemos pensar 
o homem e a sociedade em sua evolução no tempo. 
Isso significa que a ética, como era pensada nos tempos de Sócrates, 
Aristóteles e Platão, mudou para acompanhar as novas demandas emergidas na 
sociedade. O autor afirma que “na medida em que este processo avança a ética 
assume forma e se solidifica. A ética é como que o cimento que une projetos, ideais, 
costumes, valores, símbolos de uma sociedade” (STRIEDER, 2010, p.1). 
No contexto contemporâneo, coloca Strieder (2010), os problemas éticos e o 
campo da ética foram ampliados em decorrência de questões trazidas pelas 
diversas ciências. Esse fato fez com que a ética se tornasse geral e mais necessária 
nos dias de hoje. 
Um exemplo dessa mudança é a criação de códigos de ética por várias 
áreas do saber, dentre elas o próprio Serviço Social, a criação de Comitês de Ética 
em Pesquisa, principalmente nos casos em que envolvem seres humanos. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 16 
Esses avanços nos fazem pensar que o próprio Serviço Social, enquanto 
precursor da ética social sofreu alterações e está muito mais definida, como veremos 
nos demais módulos. 
 
 
 
 
 
2.5 ÉTICA E POLÍTICA 
 
 
Você deve estar se questionando: por que temos que falar de política nesse 
momento? Não vamos nos alongar, mas a política tem sido um desencadeador 
importante nos dias de hoje para que a população de forma geral, e mesmo sem ter 
um respaldo teórico, reflita sobre a ética na nossa sociedade. 
A corrupção, em especial, tem sido alvo constante em diversos veículos de 
informação quando falamos em política. É fácil avaliarmos políticos, eleitos por nós, 
que desviam dinheiro público, que não cumprem sua tarefa. O que não pensamos é 
que ser político não é uma profissão, mas uma função que pode durar muito ou 
pouco tempo. 
Você já pensou que dentre os diversos políticos que criticamos existem 
psicólogos, advogados, assistentes sociais, advogados, médicos e outros? Será que 
se estivéssemos em uma função política conseguiríamos manter nossa ética 
profissional? 
A partir da análise da obra de Hannah Arent, Pinto (2006) ressalta que é na 
ação da política que podemos distinguir cada homem, já que suas ações definem 
quem ele é e como estabelece sua relação com a sociedade. 
Shuwartzman (1981, p. 6) afirma que o funcionamento da sociedade, 
portanto o papel político aí se inclui, depende de comportamentos éticos 
desenvolvidos a partir de instituições estáveis e permanentes e com 
relacionamentos confiáveis de longo prazo. Tais instituições são divididas em três: 
 Profissões: inicialmente na área do Direito (leis), mas que se expandem com 
o tempo para outras áreas, como o Serviço Social (códigos éticos). 
Você já imaginou como seria o mundo de hoje sem os códigos de ética? 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 17 
 Escolas e universidades: associadas às profissões, mas com uma função 
maior que é a de transmitir valores, competências, conhecimentos e, por fim, 
proporcionar caminhos legítimos e aceitos de mobilidade social. 
 Mercados permanentes: baseados em relações comerciais e empresariais 
estáveis, que substituem as formas predatórias de exploração econômica e 
usurpação militar que eram à base de sustentação de tantas economias do 
passado. 
 
Estas instituições, mesmo com especificidades, têm em comum o fato de 
que são instituições de longo prazo, estruturadas ao redor de valores e códigos de 
ética comuns, que servem de base tanto para o relacionamento entre seus 
participantes como para o relacionamento entre elas e a sociedade mais ampla 
(SHUWARTZMAN, 1981). 
 
 
2.6 FUNDAMENTOS E CONTRADIÇÕES 
 
 
Sarmento (2011, p. 211) ao refletir e problematizar os fundamentos éticos e 
políticos do serviço social considera três eixos como sendo fundamentais: 
 
a) a sociedade contemporânea está marcada pelo individualismo e apatia 
em que os valores parecem esgarçados e as causas que nos mobilizam, 
dispersas, gerando incertezas, diversidades e diferenças; 
b) a ética e a política estão diretamente relacionadas à história e à 
sociabilidade humana, mas expressas por meio de diferentes concepções, 
condicionando as diferentes visões de mundo, nosso modo de pensar e 
agir, nosso modo de ser; 
c) a coexistência de projetos distintos em permanente confronto faz 
reconhecer as diversidades, limites e contradições, que também se 
manifestam no Serviço Social. 
 
Considerando esses eixos de análise, Sarmento (2011) destaca pontos 
importantes para finalizarmos o estudo deste primeiro módulo. 
 
 Devemos reconhecer que existe e constitui marco histórico de referência à 
sua organização profissional. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 18 
 Reconhecendo o projeto ético-político profissional do Serviço Social estamos 
também reconhecendo que um movimento de ações, que apontam uma 
direçãosocial e que, por isso, precisa ser plural e democrática para 
reproduzir-se. 
 
 O projeto ético-político profissional do Serviço Social não garante a sua 
realização, mas delimita um trajeto a ser percorrido. 
 
 A compreensão do projeto ético-político profissional do Serviço Social 
pressupõe a percepção do processo e da história da própria profissão, bem 
como suas respostas às necessidades e às demandas da sociedade e seus 
vínculos teórico-práticos, éticos e políticos com os projetos sociais. 
 
 Devemos considerar que vivemos em uma sociedade capitalista que 
complexificam a ética e a política, sem que as mesmas sejam reduzidas ou 
ignoradas. 
 
 A complexidade mencionada anteriormente significa considerar as incertezas, 
as diversidades e as diferenças existentes na sociedade contemporânea que 
afetam e são afetadas por nossas concepções de ética e política. 
 
 A fragmentação que marca a sociedade contemporânea implica em 
reconhecer que essas condições também incidem sobre o sujeito profissional. 
Para isso, o autor lança a seguinte pergunta: “qual sua penetração nas 
diferentes concepções existentes, suas nuances e perspectivas no cotidiano?” 
(SARMENTO, 2011, p. 219). 
 
 A diversidade e as diferenças encontradas na sociedade contemporânea 
apresentam o reconhecimento positivo pelo fim das desigualdades e pela luta 
por justiça, igualdade e liberdade. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 19 
 O risco de uma idealização política é não contemplar a complexidade 
contemporânea, recaindo em formas tão tradicionais quanto qualquer 
autoritarismo, inclusive na própria profissão. 
 
 A diversidade de concepções das vertentes éticas e políticas, sinteticamente 
apresentadas em seus fundamentos, não podem ser simplificadas, como se 
fossem todas semelhantes, sem qualidades, e, muito menos, ignoradas. 
 
 
 
 
FIGURA 7 
 
FONTE: <http://jaquebalbys.blogspot.com.br/2011/07/retificando-os-
caminhos-tortuosos.html>. Acesso em: 20 nov. 2012 
 
 
 
FIM DO MÓDULO I 
Conhecer e reconhecer os fundamentos ontológicos da ética mostra o caminho 
que trilhamos para chegarmos às discussões a construção de um sólido projeto 
ético-político do Serviço Social. É olhar para trás e constatar que um longo 
caminho foi percorrido, mas também é olhar para frente e saber que muito ainda 
temos muitos outros a serem trilhados.

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